Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Provas Bíblicas
Michael Sours
Adaptado do original inglês com autorização de Oneworld Publications, 185 Banbury Road, Oxford,
England, © Michael Sours
Compreender as Provas Bíblicas
SUMARIO
Cap. 1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................5
1.1 - PROPÓSITO DESTE DOCUMENTO....................................................................................5
1.2 - TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS: .............................................................................................5
Enfatizar as áreas de acordo ...............................................................................6
Escutar e entender os pontos de vista..................................................................6
Adaptar a terminologia e a apresentação.............................................................6
Cap. 2 - RACIOCINAR A PARTIR DA BÍBLIA..............................................................7
2.1 - ADAPTAR A NOSSA APRESENTAÇÃO A NOSSA AUDIÊNCIA .....................................7
2.2 - O MÉTODO DO Kitáb-i-Íqán ................................................................................................8
2.3 - AS LIMITAÇÕES DESTE MÉTODO ...................................................................................9
Cap. 3 - ACEITAÇÃO MÚTUA.....................................................................................10
3.1 - A BÍBLIA COMO PALAVRA DE DEUS..............................................................................10
3.2 - BAHÁ'U'LLÁH DEFENDE A BÍBLIA..................................................................................11
3.3 - PONTO DE VISTA DE 'ABDU'L-BAHÁ ..............................................................................12
3.4 - INTERPRETAÇÃO DE 'ABDU'L-BAHÁ SOBRE O PONTO DE VISTA DO ALCORÃO A
RESPEITO DA BÍBLIA ................................................................................................................12
3.5 - O SIGNIFICADO DA PALAVRA "EVANGELHO"..............................................................13
3.6 - USAR A BÍBLIA EM DIÁLOGOS COM CRISTÃOS...........................................................14
Cap. 4 - CRITÉRIOS COMUNS......................................................................................15
4.1 - A BASE DAS NOSSAS CONVICÇÕES................................................................................15
4.2 - PADRÕES HUMANOS E PADRÕES DIVINOS...................................................................16
4.3 - CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DA BÍBLIA ..............................................................................16
4.4 - CONFIAR NA BÍBLIA .........................................................................................................18
Cap. 5 - MÉTODOS E MATERIAIS ...............................................................................19
5.1 - MATERIAIS QUE NECESSITAMOS ...................................................................................19
5.2 - RELACIONAR OS VERSÍCULOS DE ACORDO COM OS TEMAS ...................................19
5.3 - SUGESTÕES PARA ESTUDAR EFICIENTEMENTE A BÍBLIA.........................................20
Cap. 6 - INTERPRETAR AS ESCRITURAS...................................................................22
6.1 - ENTENDER O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DAS ESCRITURAS ......................................22
6.2 - A LINGUAGEM DUPLA......................................................................................................23
6.3 - O PROPÓSITO DA LINGUAGEM SIMBÓLICA..................................................................24
6.4 - PRÉ-REQUISITO PARA ENTENDER AS ESCRITURAS ....................................................25
6.5 - A CHAVE PARA O SIGNIFICADO SIMBÓLICO DAS ESCRITURAS ...............................26
Cap. 7 - RESPONDER AOS ARGUMENTOS DA INTERPRETAÇÃO LITERAL ..29
7.1 - O ARGUMENTO CRISTÃO EM FAVOR DA INTERPRETAÇÃO LITERAL .....................29
7.2 - RESPONDER AOS ARGUMENTOS CRISTÃOS.................................................................29
7.3 - O LITERALISMO E AS PALAVRAS DE JESUS .................................................................30
7.4 - AS INTERPRETAÇÕES ALEGÓRICAS DE S. PAULO.......................................................31
7.5 - COMO ALGUNS LITERALISTAS CONTRARIAM S. PAULO ...........................................32
7.6 - O PAPEL DA CIÊNCIA CONTEMPORÂNEA E DA RAZÃO..............................................33
7.7 - A INTERPRETAÇÃO É UM ASSUNTO COMPLEXO.........................................................35
7.8 - REFERÊNCIAS BÍBLICAS ..................................................................................................35
Cap. 8 - DEMONSTRAR QUE BAHÁ'U'LLÁH É UM MANIFESTANTE DE DEUS ...37
8.1 - A PROVA DAS AFIRMAÇÕES DE BAHÁ'U'LLÁH............................................................37
8.2 - DEFINIÇÕES DOS TERMOS "PROFETA" E "MANIFESTANTE"......................................38
8.3 - TODAS AS COISAS SE CONHECEM PELAS SUAS QUALIDADES .................................39
Cap. 9 - IDENTIFICAR E EXAMINAR AS PROVAS ....................................................41
9.1 - IDENTIFICAR AS PROVAS.................................................................................................41
9.2 - EVITAR UM RACIOCÍNIO VICIADO.................................................................................42
Pag. 2
Compreender as Provas Bíblicas
Pag. 3
Compreender as Provas Bíblicas
1ª Parte
A BÍBLIA E A FÉ BAHÁ'Í
Pag. 4
Compreender as Provas Bíblicas
CAP. 1 - INTRODUÇÃO
Além da informação aqui contida, devemos ter presente que, a maneira como
transmitimos essa informação é um factor determinante na receptividade dos Cristãos.
Sempre que estejamos a falar de religião com os Cristãos, devemos ter presente que
Bahá'u'lláh nos incita a conviver "com os seguidores de todas as religiões em espírito
amistoso e fraternal"[EB, 30].
Gostaríamos também de chamar a atenção que este texto não foi elaborado para
ser apresentado a contactos ou pessoas interessadas na Fé.
Pag. 5
Compreender as Provas Bíblicas
Também existem termos que os Cristãos usam para explicar certos conceitos ou
crenças e com os quais os Bahá'ís não estão familiarizados, tais como "arrebatamento",
"pré-milenarismo" e "relação pessoal com Cristo".
Deste modo, se desejamos ser persuasivos quando falamos com Cristãos devemos
conhecer a Bíblia para apoiar aquilo que dizemos.
Pag. 7
Compreender as Provas Bíblicas
Noutro capítulo do mesmo livro dá-se uma descrição mais detalhada do método de
S. Paulo:
Estes aspectos ilustram que 'Abdu'l-Bahá considerava a Bíblia como uma boa base
de apoio para a Fé Bahá'í. Além disso, nunca se atrapalhava com a Sua firme fé em Cristo e
na Bíblia. Quando 'Abdu'l-Bahá foi convidado a falar numa sinagoga em Washington D.C.,
Ele até instou a audiência judaica a aceitar Cristo!8
Devemos ter presente que não existe um "Cristão típico". Também é importante
que não se crie um estereótipo do Cristão de acordo com a corrente ou congregação a que
ele possa pertencer.
Pag. 9
Compreender as Provas Bíblicas
Uma dessas perspectivas procura explicar as diferenças dizendo que a Bíblia não é
fidedigna e está cheia de erros, omissões e acrescentos, e, portanto, não pode ser
considerada Palavra de Deus.
Shoghi Effendi
Lights of Guidance, nº 1033
Pag. 10
Compreender as Provas Bíblicas
Pag. 11
Compreender as Provas Bíblicas
Noutra ocasião, 'Abdu'l-Bahá cita a frase de Maomé que "a Bíblia é a Palavra de
Deus":
Evangelho é uma palavra que provém do grego e que significa «boa notícia» ou
«boa nova». Esta palavra refere-se à mensagem de Cristo ou ao texto contido nessa
mensagem. Este termo não é usado na forma plural - Evangelhos - no Novo Testamento.
Jesus usou o termo Evangelho numa ocasião em que não existia nenhum Evangelho escrito
[Mc 1:14-15]. O Apóstolo Paulo sugere que «Evangelho» significa a mensagem trazida por
Cristo que revela a rectidão de Deus e conduz à salvação [Rom 1:16-17]. Em parte alguma
do Novo Testamento existe algum uso do termo «Evangelho» que sugira que se trata
apenas das palavras de Cristo ou qualquer outra parte restrita Novo Testamento.
A este propósito, 'Abdu'l-Bahá deixou bem claro que, do ponto de vista Bahá'í, os
Apóstolos estão em harmonia com Cristo e por isso os seus Escritos devem ser
respeitados10. Compreender que existe essa harmonia é extremamente importante,
sobretudo em relação a S. Paulo, pois os escritos de S. Paulo constituem uma grande parte
do Novo Testamento.
Pag. 13
Compreender as Provas Bíblicas
Aceitar a Bíblia como Palavra de Deus permitirá um acordo mútuo sobre a fonte
dos critérios que vamos utilizar nos nossos diálogos com Cristãos. Se os Bahá'ís deixarem
de reconhecer a Bíblia como Palavra de Deus, não poderão apresentar os ensinamentos da
Fé Bahá'í com a perfeição desejada, e terão abdicado de uma grande quantidade de provas
em que a sua religião se pode basear.
Deve-se ter em mente que quando falamos em aceitação pretendemos dizer algo
mais do que aceitar a Bíblia como livro divinamente inspirado. Devemos tentar
compreender qual o significado e o propósito da Bíblia se de facto queremos estabelecer
bases de acordo mútuo com os Cristãos. A Bíblia ensina, entre outras coisas, que o nosso
propósito é amar Deus, amar-nos uns aos outros, auxiliar o próximo e sermos humildes.
Pag. 14
Compreender as Provas Bíblicas
A aceitação da Bíblia como a Palavra de Deus dá-nos uma base muito ampla e
positiva para iniciar o nosso diálogo com Cristãos. Mas por onde devemos começar? Está
claro que a Bíblia é para nós uma espécie de "aliado", mas necessitamos de saber como
utiliza-la de um modo inteligente e adequado nos nossos diálogos.
Neste capítulo, onde vamos seguir o modelo do Kitáb-i-Íqán (ver capítulo 2),
examina-se alguns critérios bíblicos específicos que apoiam a verdade das pretensões de
Bahá'u'lláh. Mas primeiramente devemos examinar porque é que a Palavra de Deus deve
ser a base das nossas convicções, e o que é que diferencia os padrões humanos dos padrões
divinos quando procuramos a verdade.
Nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que sai da boca do Senhor
[Dt 8:3, cf. Lc 4:4]
Esta passagem sugere que a nossa vida espiritual depende da Palavra de Deus.
Muitas vezes Bahá'u'lláh enfatizou que a humanidade necessita constantemente da Palavra
de Deus. De facto, é por este motivo que Deus envia Manifestantes de tempos a tempos.
Pag. 15
Compreender as Provas Bíblicas
Não devemos julgar as Escrituras apenas pelo que outros pensam destas, ou pelo
seu estilo gramatical ou pelo facto de explicarem ou não certos aspectos que nos interessam
mais. Nem a devemos desconsiderar em função de aspectos culturais ou históricos, ou
porque a nossa interpretação não coincide com uma teoria científica.
Vamos agora ver alguns excertos do Novo Testamento que ilustram quão eficiente
pode ser a Palavra de Deus para nos ajudar a identificar ou estabelecer uma verdade. Mais
concretamente, os versículos seleccionados permitem-nos demonstrar a origem divina de
Bahá'u'lláh.
O autor da primeira epístola de João distingue entre o que é "o Espírito de Deus" e
o que "não é de Deus"[I Jo 4:2,3]. Ele começa por aconselhar a procurar uma verdade antes
de acreditar:
Os dois versículos seguintes sugerem um teste que se faz com a distinção entre o
que é de Deus e o que não é de Deus. Também define o «Anti-Cristo»:
Reflecti como foi tratado pelos Seus inimigos Jesus, o Espírito de Deus,
não obstante Sua humildade extrema e Sua perfeita ternura de coração.
Tão veemente foi a oposição à qual Ele, a Essência do Ser e Senhor do
visível e do invisível, teve de enfrentar, que não tinha Ele onde deitar a
cabeça. Vagava continuamente de um lugar para outro, privado de uma
morada permanente. [SEBh, XXIII, p. 45]
Por isso, faço-vos saber: ninguém que fale sob a acção do Espírito de
Deus pode dizer: «Jesus é maldito»; e ninguém pode dizer «Jesus é
Senhor», senão por influência do Espírito Santo. [I Cor 12:3]
«frutos» para se referir aos Cristãos que vivem de acordo com o Espírito e não de acordo
com a carne:
Para aplicar o conselho de Jesus de que «pelos seus frutos os conhecereis» [Mt
7:20] temos de saber se a vida e ensinamentos de Bahá'u'lláh reflectem o «fruto do
Espírito». Se descobrirmos em Bahá'u'lláh «bondade, justiça e verdade» [Ef 5:9], então Ele
é de Deus.
Um Cristão pode dizer: «Não posso acreditar que Bahá'u'lláh seja quem Ele diz
que é, se Ele não se chamou Jesus Cristo» ou «Não posso acreditar em Bahá'u'lláh se ele
ensinou qualquer coisa que não esteja na Bíblia».
Pag. 18
Compreender as Provas Bíblicas
Muitos Cristãos utilizam um método muito simples que lhes permite localizar
certos versículos da Bíblia por ordem sequencial. Trata-se de um método que pode ser
muito útil para os Bahá'ís que desejam encontrar os versículos mais relevantes para os seus
diálogos com Cristãos. Neste capítulo vamos descrever esse método e apresentar algumas
sugestões para um estudo mais eficiente da Bíblia.
Vamos agora ver como poderemos ligar os versículos mais relevantes de modo a
que os possamos localizar facilmente quando falamos com Cristãos.
Pag. 19
Compreender as Provas Bíblicas
4. Ao lado dos versículos indicados escreva abreviadamente uma nota que lhe
permita associar esse versículo com algum excerto das Escrituras Bahá'ís. Por
exemplo, ao lado do versículo [I Jo 4:1-3] podemos escrever [SEBh XXXVI,
XXIII] (significando Selecção dos Escritos de Bahá'u'lláh, secções XXXVI e
XXIII).
4. Devemos falar frequentemente com Cristãos, falar com outros Bahá'ís que
também se interessam por estudar o Cristianismo, e ler atentamente livros e
revistas cristãs.
Pag. 20
Compreender as Provas Bíblicas
2ª Parte
COMPREENDER
AS
ESCRITURAS
Pag. 21
Compreender as Provas Bíblicas
Na Bíblia podemos ler como S. Paulo enfatizava o facto das Escrituras serem
compreendidas espiritualmente:
Mas outras existem frases da Bíblia que têm apenas um significado espiritual e
não devem ser tomadas literalmente. Por exemplo, Cristo disse:
Este versículo não significa literalmente que sairá água dos corações dos que
acreditam em Cristo. Cristo utiliza uma realidade material para representar uma realidade
espiritual. Neste caso, a água viva simboliza, provavelmente, a graça e o conforto que
advém de conhecer a verdade de Cristo.
Pag. 22
Compreender as Provas Bíblicas
Numa passagem que se refere à Sua segunda vinda, Cristo afirma: "Logo após a
aflição daqueles dias, o Sol obscurecer-se-á, a Lua não dará a sua luz, as estrelas caírão
do céu e as forças do céu serão abaladas" [Mt 24:29]. Os Cristãos discordam entre si sobre
o significado deste versículo, demonstrando com isso, tal como disse Bahá'u'lláh - que o
seu significado está oculto e velado. É impossível aceitar um significado literal, a menos
que deixemos de acreditar na ciência. Mas mesmo que um Cristão reconheça que estas
palavras são simbólicas, não é fácil determinar com absoluta certeza o que elas significam.
As Escrituras não explicam o que Cristo queria dizer com estas palavras. Somos
forçados a admitir que aqueles que estava espiritualmente mortos podiam sepultar o pai do
discípulo, enquanto o discípulo seguia Jesus. Isto parece ser uma interpretação aceitável,
pois ao usar a morte física como símbolo da descrença, Jesus dá uma grande ênfase à
privação e perda resultante da descrença.
Repare-se que Jesus não explicou o significado deste símbolo, e por isso somos
forçados a raciocinar a a fazer um esforço para compreender qual o seu significado.
Este exemplo não é difícil de entender, mas há simbolismos que são difíceis de
detectar e compreender.
Pag. 23
Compreender as Provas Bíblicas
O senso comum diz-nos que Jesus não se referia a pessoas mortas que deviam
enterrar outras pessoas mortas. Do mesmo modo, alguns argumentam que o conhecimento
científico comum nos diz que a história de Adão e Eva é simbólica. No entanto, como a
Bíblia não diz que essa história é simbólica, muitos Cristãos continuam hoje a aceita-la
literalmente.
Cristo também afirmou que falava em parábolas para que aqueles que têm
sensibilidade espiritual e aqueles que procuram possam descobrir o seu significado, e
aqueles que não são receptivos ou não procuram conhecimento espiritual não consigam
apreciar o significado dos Seus ensinamentos [Mc 4:10-12; Mt 13:13- 16]. Por outro lado,
o autor da Epístola aos Hebreus assegura que existe um propósito no modo como a
Escritura é apresentada, isto é, mostrar as intenções do coração:
Pag. 24
Compreender as Provas Bíblicas
Talvez fosse à Palavra de Deus - esta linguagem dupla - que Jesus se referiu
quando afirmou: "Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a
espada" [Mt 10:34].
O termo "espada" é uma metáfora, pois a Palavra de Deus separa "os corações
iluminados" do "solo estéril".
Bahá'u'lláh garante-nos que Deus "cada alma foi dotada de capacidade para
reconhecer os sinais de Deus"15. No entanto estas capacidades podem ser obscurecidas por
mundanismos ou limitações humanas. Ao longo do Kitáb-i-Íqán, Bahá'u'lláh salienta a
importância do desprendimento como requisito fundamental para a verdadeira
compreensão:
.os que trilham o caminho da fé, os que têm sede do vinho da certeza,
devem purificar-se de tudo o que é terreno - os ouvidos devem eles
purificar de palavras fúteis, as mentes de vãs fantasias, os corações do
apego às coisas do mundo, os olhos daquilo que perece. [KI, 7]
Muito lideres religiosos passam vários anos a estudar e frequentemente são muito
instruídos. No entanto, Bahá'u'lláh informa-nos que, por vezes, os lideres da religião não
conseguem entender a verdade porque se tornam muito apegados aos seus próprios
conceitos e às suas posições de liderança:
O Livro que maior auxílio pode dar nos nossos esforços para compreender as
Escrituras é o Kitáb-i-Íqán. Este Livro apresenta linhas gerais de orientação para interpretar
as Escrituras e explica especificamente muitos assuntos que nos ajudarão a falar sobre a
Bíblia com Cristãos.
Pag. 26
Compreender as Provas Bíblicas
Porque o Kitáb-i-Íqán foi escrito para um muçulmano, poder-se-ia pensar que tem
pouca aplicação a temas cristãos. Mas um exame mais cuidadoso mostra-nos o contrário.
De facto, grandes partes do texto elucidam o significado de passagens do Novo Tes-
tamento, e abordam temas muito semelhantes a importantes questões e temas cristãos.
3. A Interpretação dos textos sagrados. Esta Causa não parece estar de acordo
com as crenças mantidas ao longo dos anos. Não se pode ignorar o significado
literal dos textos e Escrituras Sagradas. Como se explica isto?
Pag. 27
Compreender as Provas Bíblicas
Nem todas estas questões serão importantes para todos os Cristãos, nem serão as
únicas que um Cristão poderá colocar. No entanto, o vasto leque de temas do Kitáb-i-Íqán
permitir-nos-á responder a muitas dificuldades que tenhamos nos nossos diálogos com
Cristãos.
Pag. 28
Compreender as Provas Bíblicas
Os literalistas assumem que a maior parte das Escrituras deve ser entendida
literalmente e que as excepções são apenas aquelas que o próprio texto indica.
Argumentam que Deus deseja que a humanidade compreenda a Sua mensagem e portanto
preferiu dá-la de uma forma clara e em linguagem normal. Acreditam que o se a Escritura
tivesse significados ocultos isso contradiria o desejo de Deus de que se conhecesse as Suas
palavras. Além disso, objectam à interpretação simbólica e alegórica porque acreditam que
esta dará azo a uma multiplicidade de significados e consequentemente criará confusão.
Por outro lado, as interpretações simbólicas também dão azo a muitas conclusões
diferentes e a uma multiplicidade de significados.
Mas esta multiplicidade de significados não é confusa, a menos que cada pessoa se
convença que o seu ponto de vista é o único correcto. Bahá'u'lláh escreveu:
Sabe, com certeza, que assim como crês firmemente que a Palavra de
Deus - exaltada seja a Sua glória - perdura para sempre, deves do
mesmo modo acreditar, com fé inabalável, que o seu significado nunca se
poderá esgotar. [SEBh, LXXXIX, pag. 144-145]
Pag. 29
Compreender as Provas Bíblicas
Podemos agora citar alguns exemplos da Bíblia para mostrar como, durante o
ministério de Jesus, o literalismo impedia as pessoas de ver o verdadeiro significado das
palavras de Jesus.
Em verdade, te digo: «Quem não nascer de novo não pode ver o Reino
de Deus». Disse-Lhe Nicodemos: «Como pode nascer um homem sendo
velho? Poderá entrar segunda vez no seio de sua mãe e voltar a nascer?»
[Jo 3:3-4]
Outro exemplo:
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Se alguém comer deste pão
viverá ternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a Minha carne pela vida
do mundo. Discutiam então os judeus uns com os outros, dizendo:
«Como pode Ele dar-nos a comer a Sua carne?» [Jo 6:51]
O espírito é que dá vida, a carne não serve para nada. As palavras que
Eu vos disse são espírito e vida [Jo 6:63]
Não obstante esta explicação, o Evangelho relata que muitos deixaram de seguir
Cristo por causa destes ensinamentos [Jo 6:66]. Isto mostra, claramente, como Cristo usava
as palavras de um modo simbólico, ao ponto das pessoas se afastarem d'Ele por não as
compreenderem. Estes exemplos são um claro desafio aos literalistas que argumentam que
a Bíblia utiliza linguagem comum de modo a que a humanidade possa compreender os
ensinamentos de Deus. No entanto, quando falamos com Cristãos devemos ter o cuidado de
não confundir as parábolas de Jesus com outros tipos de símbolos do género «nascer de
novo» ou «pão do Céu».
Pag. 30
Compreender as Provas Bíblicas
Ao longo do Evangelho, Jesus expôs grande parte da Sua mensagem por histórias
alegóricas que ilustram verdades espirituais. Em alguns casos é-nos apresentada uma
explicação sobre o significado da parábola, como é o caso do semeador e do joio [Mt
13:18-23, 36-43], e da rede de pesca [Mt 13:47-50]. Sobre outras, como os vinhateiros [Mc
12:1-12], das bodas do filho do rei [Mt 22:1-14] e do grande banquete [Lc 14:16-24], não
nos é dada qualquer explicação. Apesar do significado de cada parábola estar oculto no
símbolo que a parábola usa, na maioria dos casos, o símbolo não é difícil de entender.
A maioria dos Cristãos reconhece prontamente que Jesus usou símbolos quando
falava em parábolas. No entanto, para os Cristãos, isto não justifica que outras partes do
Evangelho também sejam simbólicas. Devemos compreender que as parábolas não são uma
prova suficiente de que a Bíblia deve ser interpretada simbolicamente. Não obstante, do
ponto de vista Bahá'í, as parábolas são uma indicação clara de que Jesus usava símbolos
para explicar realidades espirituais.
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos: um da escrava e outro da
mulher livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne, e o da mulher
livre, em virtude da Promessa. Isto foi dito por alegoria, pois as duas
mulheres representam as duas alianças: Uma, a do monte Sinai, que
gera filhos para a escravidão, é Agar. Ora, o Sinai é um monte da Arábia
e corresponde a Jerusalém actual, que é escrava com seus filhos. Mas a
Jerusalém, lá do alto, é livre, e esta é nossa mãe. [Gal 4:22-26]
Outro exemplo:
Pag. 31
Compreender as Provas Bíblicas
Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos
debaixo da nuvem e que todos passaram através do mar. Todos foram
baptizados em Moisés, na nuvem e no mar: todos comeram do mesmo
alimento espiritual e todos comeram da mesma comida espiritual. De
facto, todos bebiam de um rochedo espiritual que os seguia, que era
Cristo. [I Cor 10:1-4]
S. Paulo vê Cristo neste relato do Exodo, apesar do autor do Livro do Exodo não
dar qualquer indicação de que aquelas frases são simbólicas ou que não devem ser
entendidas num sentido exclusivamente literal.
Tendo, pois, esta esperança, agimos com plena segurança. Não fizemos
como fazia Moisés, que punha um véu sobre o Seu rosto, a fim de que os
filhos de Israel não fixassem o fim que era passageiro. Mas o seu
entendimento ficou obscurecido, e ainda hoje quando lêem o Antigo
Testamento, esse mesmo véu permanece por levantar, porque é só em
Cristo que ele deve ser levantado. Por isso esse véu persiste até hoje nos
seus corações, todas as vezes que lêem Moisés. Quando, porém, se
converterem ao Senhor, então o véu será tirado. [II Cor 3:12-16]
Pag. 32
Compreender as Provas Bíblicas
Uns dizem que ele apenas utilizou este método porque os Judeus a quem ele se
dirigia respeitavam esta abordagem e não porque ele acreditasse que tal abordagem fosse
válida. Esta ideia é irónica, pois as Escrituras não dão qualquer indicação que S. Paulo usa
a alegoria apenas para defender o seu ponto de vista, e os literalistas apenas aceitam o
significado literal das Escrituras a menos que o contrário seja especificamente indicado.
Deve-se salientar que S. Paulo nunca nega o sentido histórico ou literal quando faz
as suas interpretações. Estes exemplos das cartas de S. Paulo não podem ser usados para
demonstrar que passagens ou versículos que os Bahá'ís acreditam ser simbólicos não têm
também significados literais. Estes exemplos indicam que o texto pode ser simbólico
mesmo quando não é dada nenhuma indicação de simbolismo, que as Escrituras podem ter
mais de um significados, e que estes significados estão ocultos ou não são evidentes no
sentido literal das palavras
O ponto de vista Bahá'í sustenta que o intelecto e a razão são o "supremo emblema
de Deus"16 e por isso devem ser utilizados no estudo da religião17. Este ponto de vista
pode ser observado em muitas das explicações de 'Abdu'l-Bahá sobre os Livros Sagrados
que reflectem o pensamento científico contemporâneo.
'Abdu'l-Bahá não rejeita a profecia nem discute sobre a Palavra de Deus; antes,
Ele rejeita que seja interpretada literalmente. É evidente que o ponto de vista Bahá'í
valoriza o conhecimento científico como factor a considerar quando se interpreta as
escrituras.
Alguns Cristãos que mantêm uma perspectiva literalista rejeitam este ponto de
vista; argumentam que a Bíblia descreve muitos casos em que Deus interveio nas leis da
natureza para mostrar a Sua vontade. Argumentam, por exemplo, que Deus permitiu que
Moisés afastasse as águas do mar. Não é cientificamente possível que um homem tenha tal
poder, mas Deus deu a Moisés esse poder. De igual modo, Deus pode alterar certas
características do universo, tais como, a dimensão das estrelas, para fazer cumprir as
profecias das Escrituras de um modo literal. Usando este tipo de raciocínio a ciência
moderna não é um factor importante para os literalistas que interpretam a Bíblia.
A Fé Bahá'í concorda que Deus é todo poderoso e pode fazer o que Lhe apraz,
mas não existe evidência clara na Bíblia de que Deus tenha alterado as leis da natureza de
um modo radical no passado, e que o venha a fazer no futuro.
As interpretações literais não são uma prova suficiente que nos indique que
devemos fazer mais interpretações literais. Muitos episódios registados no Antigo
Testamento parecem tratar-se de história real, e podem-se até, apoiar em provas arqueoló-
gicas, mas é impossível determinar se tudo aconteceu de acordo com a interpretação literal.
Isto aplica-se sobretudo a acontecimentos milagrosos. A Bíblia junta simbolismos e
narrativas históricas para transmitir verdades espirituais. Deste modo, os Profetas e autores
da Bíblia transmitiram a inspiração de Deus aos seus relatos.
Alguns adeptos mais ferrenhos do literalismo nas suas tentativas para reconciliar
as contradições entre as suas crenças e as leis da natureza, advogam que as descobertas que
contradigam as suas interpretações literais da Bíblia são invenções de Satanás.
Quando falamos com Cristão que têm uma imagem negativista da ciência, é
melhor evitar abordar directamente o assunto. Existem pontos positivos que podemos
abordar, tais como o modo como a ciência ajudou a espalhar a Bíblia por todo o mundo,
como permitiu que investigadores descobrissem provas que apoiam a verdade da Bíblia, e
proporcionam testes que permitem datar os textos bíblicos.
Pag. 34
Compreender as Provas Bíblicas
Pag. 35
Compreender as Provas Bíblicas
3ª Parte
PROVAS
Pag. 36
Compreender as Provas Bíblicas
No tempo de Jesus muitas pessoas pensavam que o Messias seria um rei que os
libertaria dos romanos. Mas Jesus não apresentou essa prova porque o Seu verdadeiro
poder estava em na Sua capacidade de libertar os que O aceitavam da verdadeira
escravidão - não a escravidão de Roma, mas antes a escravidão do pecado. O Seu sacrifício
é um testemunho que Ele não estava a vencer uma batalha militar contra Roma que levaria
ao Reino de Deus, como os Judeus esperavam, mas sim a vencer uma batalha espiritual.
Tal como o poder de Cristo se revelou através do Seu triunfo sobre a cruz, o poder
e glória de Bahá'u'lláh revelaram-se através do Seu triunfo sobre os Seus exílios e
encarceramentos. No entanto, hoje muitos Cristãos esperam que Cristo regresse
literalmente por cima das núvens, que derrote todos os povos que se levantem contra Ele, e
estabeleça o Reino de Deus na terra para aqueles que acreditam n'Ele. Assim para os
Cristãos, os exílios e encarceramentos de Bahá'u'lláh são frequentemente vistos como não
tendo qualquer relação com a Bíblia, mas antes como um sinal de fraqueza, tal como os
judeus entenderam a morte de Cristo.
Pag. 37
Compreender as Provas Bíblicas
O termo "Profeta" foi inicialmente aplicado para Abraão [Gen. 20:7], mas Moisés
é considerado por muitos Cristãos como um protótipo de Profeta de Deus. Na Bíblia,
Moisés é o primeiro a ser descrito de maneira que exemplifica todas as características que
se muitas pessoas associam com o termo "Profeta".
Estas características são também típicas de outros Profetas Bíblicos que surgiram
depois de Moisés, tais como Isaías, Jeremias e Zacarias.
Pag. 38
Compreender as Provas Bíblicas
Jesus, tal como Moisés, foi o mediador de uma nova aliança. Alguns Cristãos
consideram que Jesus está numa categoria única e acima de qualquer outro Profeta. No
entanto, também reconhecem que Jesus é um Profeta, tal como Moisés, pois ambos foram
mediadores de novos convénios.
Uma vez que Bahá'u'lláh estabeleceu um novo convénio, os Bahá'ís acreditam que
Ele é um Profeta do tipo Messiânico. Assim:
Com estas palavras Cristo enfatiza que as coisas se conhecem pelas suas
qualidades ou "frutos" e afirma que essas qualidades devem ser consistentes com a
realidade com que se identificam.
Profeta ou Manifestante de Deus, devemos perguntar: será que essa pessoa se caracteriza
por perfeições divinas que atribuímos a Deus?
Este princípio aplica-se a todas as coisas, isto é, todas as coisas se conhecem pelas
suas qualidades19. Este é o princípio que Bahá'u'lláh aplica quando afirma que um
Manifestante deve ser conhecido pelos Seus ensinamentos20.
Esta abordagem é sugerida por Bahá'u'lláh, quando Ele definiu o que constitui a
prova, ou testemunho, que estabelece a verdade de um Manifestante:
Uma vez que a vida terrena de Bahá'u'lláh terminou com o Seu falecimento em
1892, nenhum dos dois primeiros testemunhos existem hoje: não podemos ver Bahá'u'lláh,
"Ele próprio", nem podemos escutar a Revelação pessoalmente. Consequentemente, temos
de ler e estudar o que foi registado sobre as duas primeiras. Assim, "as palavras que [Ele]
revelou", - os Seus ensinamentos - são o principal testemunho para o mundo de hoje. Sobre
isto Bahá'u'lláh escreveu:
Para usar as Escrituras como prova, devemos compreender claramente como é que
elas constituem um tipo específico de prova necessária para demonstrar as afirmações de
Bahá'u'lláh.
Devemos ter em mente que as palavras em si não constituem uma prova, mas
antes que a prova são os significados espirituais que estas transmitem. Assim quando
dizemos que as palavras são a maior evidência, estamos, na verdade, a referir-nos aos
significados contidos nestas palavras.
Por outro lado, quando dizemos que as palavras das Escrituras são uma prova, o
termo "palavra" pode ser usado para significar tanto os ensinamentos como as vidas dos
Manifestantes. Uma vez que não podemos testemunhar directamente a vida de Bahá'u'lláh,
Pag. 41
Compreender as Provas Bíblicas
Por exemplo, se dizemos que a Bíblia é a Palavra de Deus porque a Bíblia diz ser
a Palavra de Deus, isto é uma ilusão. A premissa "a Bíblia diz ser a Palavra de Deus" tem
sido usada para apoiar a conclusão "a Bíblia é a Palavra de Deus". Tanto a premissa como a
conclusão são verdadeiras, mas a premissa não é logicamente relevante para provar a
conclusão, nem constitui uma prova adequada para esta.
Assim, quando dizemos que as Palavras dos Profetas são a Sua maior prova, não é
por causa dos Profetas dizerem que as Palavras são o seu maior testemunho. É porque as
palavras revelam atributos divinos que nos indicam que se tratam de palavras de Deus, ou
reflectem aquilo que atribuímos a Deus. Num outro capítulo deste documento vamos
examinar o modo como as palavras que Bahá'u'lláh revelou reflectem atributos divinos.
Quando estudamos a vida dos Profeta, não nos devemos limitar a ouvir os vários
acontecimentos das Suas vidas. Temos de saber como é que estas acções e ensinamentos
revelam os atributos de Deus. Bahá'u'lláh afirma:
Também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados, o justo pelos
injustos para nos conduzir a Deus. [I Ped 3:18]
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus
amigos. [Jo 15:13]
Cristo, o Báb, Bahá'u'lláh e outros Profetas ofereceram as Suas vidas por toda a
humanidade, tanto amigos como inimigos; este sacrifício representa o máximo que
podemos conceber como prova de amor. S. João escreveu:
Nisto consiste o Seu amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi
Ele que nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados. [I Jo 4:10]
Pag. 43
Compreender as Provas Bíblicas
Uma vez que não somos capazes de conceber um grau de amor maior do que o
amor dos Profetas pela humanidade, atribuímo-lo, naturalmente, a divindade. 'Abdu'l-Bahá
explica:
É um axioma que Deus é Todo-Poderoso, e que a Sua soberania subsiste por toda
a eternidade. De igual modo, não existe maior prova do poder e soberania existente no
mundo do que aquela que os Manifestantes de Deus exercem sobre os corações e
consciências da humanidade.
Pag. 44
Compreender as Provas Bíblicas
Por exemplo, S. Paulo diz-nos que nós somos "salvos mediante a fé" [Ef 2:8], e
que "a fé vem da pregação, e a pregação pela palavra de Cristo" [Rom 10:17]. Cristo
afirma:
Além disso Cristo diz que devemos "nascer de novo" [Jo 3:3], e S. Pedro escreveu
que nascemos de novo "pela palavra de Deus" [I Ped 1:23].
Uma vez que alcançamos fé [Rom 10:17], renascimento [I Ped 1:23] e vida
eterna [Jo 5:24] através da Palavra de Deus, a capacidade para transmitir a
Palavra de Deus deve ser a primeira qualidade de um verdadeiro Manifestante
de Deus.
Pag. 45
Compreender as Provas Bíblicas
Por exemplo, se somos salvos pela Palavra de Deus, então para Jesus ser o nosso
Salvador Ele deve ser capaz de transmitir a Palavra de Deus. Se Jesus transmitiu a Palavra
de Deus, Ele então deu-nos, aquilo que é essencial para a nossa salvação. A prova de que
Ele é um Salvador é o facto de ter transmitido a Palavra de Deus através da qual as almas
se salvaram.
Todos estes pontos mostram-nos como a Palavra de Deus, que se expressa através
da vida e ensinamentos de Cristo, foi o principal instrumento com o qual Cristo realizou a
Sua missão de "salvar o povo dos seus pecados" [Mt 1:21] e trazer-nos a "vida eterna" [Jo
3:16]. Isto mostra-nos a natureza proeminente da Palavra de Deus e a sua inseparabilidade
de Cristo e de qualquer verdadeiro Manifestante de Deus.
Pag. 46
Compreender as Provas Bíblicas
Os Judeus pensavam que o poder de Deus se via em milagres, mas S. Paulo sabia
que os puros de coração veriam o poder de Deus revelado no triunfo de Jesus apesar da Sua
crucificação. Os gregos procuravam filosofias através das filosofias dos homens, mas S.
Paulo sabia que os puros de coração veriam no sacrifício de Jesus uma sabedoria maior,
uma sabedoria que conduziria ao conhecimento de realidades espirituais, o conhecimento
de Deus. Assim, S. Paulo pregava a "mensagem da cruz" [I Cor 1:18]. Esta mensagem
assinalava as qualidades de poder divino e sabedoria espiritual que se revelaram através do
sacrifício de Jesus.
Pag. 47
Compreender as Provas Bíblicas
Se por um lado podemos procurar provas nas Escrituras, por outro também
podemos sentir essas provas, permitindo que a sua mensagem influencie as nossas vidas e
praticando os ensinamentos prescritos.
A maioria das pessoas poderá ver poucas razões para aceitar Bahá'u'lláh se não
conseguirem ver como é que Bahá'u'lláh poderá mudar as suas vidas para melhor, ou
beneficiar o mundo. Assim, quando falamos com Cristãos devemos estar preparados para
explicar como é que Bahá'u'lláh está a transformar a vida das pessoas e como é que a Sua
mensagem beneficiará o mundo.
Para estarmos preparados para apresentar este tipo de prova temos de reflectir
sobre como é que as nossas vidas seriam se não tivéssemos conhecido a Fé Bahá'í.
Devemos reflectir nas mudanças espirituais que ocorreram nas nossas vidas desde que
aceitámos Bahá'u'lláh.
Pag. 48
Compreender as Provas Bíblicas
Vamos agora ver alguma perguntas típicas que podem surgir a respeito de
profecias, milagres e doutrinas.
Pergunta: O Antigo Testamento afirma que um verdadeiro teste para Profeta é quando as
Suas profecias se cumprem. As profecias de Bahá'u'lláh já se cumpriram? Se as profecias
são um verdadeiro teste para um Profeta, não nos estamos a desviar dos critérios correctos
ao investigarmos a Sua vida e ensinamentos, em vez de verificarmos primeiro se as
profecias de Bahá'u'lláh se cumpriram?
Pag. 49
Compreender as Provas Bíblicas
Pergunta: Mas em vez de examinar a vida e ensinamentos de Bahá'u'lláh, não seria melhor
apenas averiguar se Ele cumpriu ou não as profecias bíblicas?
Resposta: Bahá'u'lláh, de facto, cumpriu as profecias bíblicas. Mas antes de vermos como
a Sua vida se relaciona com a profecia devemos primeiramente examinar e compreender o
seu significado espiritual. Devemos ter em mente que os Judeus não compreenderam que
Cristo tinha cumprido as profecias porque não compreenderam o significado real da Sua
posição. Este problema é apenas uma das muitas razões porque a profecia não é uma prova
conclusiva.
Resposta: Segundo os ensinamentos Bahá'ís todos os Profetas fazem milagres [EV, cap.
XXII, p. 97-99], e de facto, uma prova de Bahá'u'lláh são os milagres que Ele fez [SWAB,
pag. 16]. No entanto, Bahá'u'lláh aconselha-nos a não relatar milagres [ESW, 33]. 'Abdu'l-
Bahá afirma:
Pag. 50
Compreender as Provas Bíblicas
Obviamente que é preferível que a nossa fé tenha uma base mais sólida. 'Abdu'l-
Bahá assinala que não é possível considerar nenhum desses acontecimentos que nenhum de
nós teve a possibilidade de testemunhar pessoalmente, como prova incontestável. Somos
incapazes de provar que os milagres descritos nos Textos Sagrados são acontecimentos que
contrariam as leis da natureza e não relatos simbólicos que pretendem transmitir verdades
espirituais. Além disso se aceitarmos esses milagres como prova, como é que os podemos
distinguir dos milagres atribuídos a outras pessoas?21
Existem pelos menos duas ocasiões em que a Bíblia nos indica que os milagres
não são frutos.
1. Jesus indica que não devemos procurar ou pedir sinais (i.e. milagres)
quando afirmou: "Esta geração má e adúltera exige um sinal!" [Mt
16:4]
Pergunta: Isso significa que os Bahá'ís não acreditam que os milagres e as profecias
constitui uma prova para estabelecer a verdade de um Profeta?
Resposta: Segundo o ponto de vista Bahá'í, profecias e milagres constituem uma prova de
um verdadeiro Profeta , mas não se trata de uma prova conclusiva. Problemas como a
verificação da realização dos milagres e o cumprimento das profecias, fazem os milagres e
as profecias pouco fidedignos. Por outro lado, os ensinamentos dos Profetas podem ser
ouvidos por todos. Uma vez que os ensinamentos reflectem as perfeições divinas de Deus,
e todos podem ouvir e ler os ensinamentos, os ensinamentos são a prova mais fidedigna e
verificável de que um Profeta é um Manifestante de Deus. Por isso dizemos que os
ensinamentos são a "maior prova".
Como é que os milagres podem ser recusados como prova como prova se S. Pedro
os apresenta como prova?
Resposta: S. Pedro fala dos milagres de Cristo no seu "meio". S. Pedro falava para uma
audiência que tinha visto estes milagres, para eles estes constituíam uma prova. O texto não
Pag. 51
Compreender as Provas Bíblicas
sugere que nos devemos guiar exclusivamente por milagres. Muitos milagres de Cristo
podem ser assumidos no sentido literal ou simbólico. A própria Bíblia sugere muitos
significados simbólicos. Por exemplo, no Evangelho de S. Mateus está escrito que Jesus
alimentou uma multidão apenas com sete cestos de pão [Mt 15]; no entanto, logo depois,
Cristo compara o fermento do pão com as doutrinas [Mt 16:5-22]. Assim, o milagre do pão
pode ser entendido como Jesus transmitindo a Palavra de Deus. A Bíblia compara Jesus
com a Palavra de Deus [Jo 1:1-14] e com o "pão de Deus" [Jo 6:33]. Enquanto houver uma
explicação racional e espiritual, não há motivo para insistir que houve um milagre contrário
às leis da natureza. Além disso, uma vez que a maioria dos milagres são símbolos dos
ensinamentos de Deus, a referência de S. Pedro a esses milagres espirituais pode ser vista
como outra forma de falar dos ensinamentos.
Pergunta: O sofrimento de Bahá'u'lláh foi mencionado como uma prova de que Ele é um
Manifestante de Deus. No entanto, Cristo sofreu "uma só vez no fim dos séculos" [Heb
9:23-28] o que parece indicar que não há necessidade para surgir outro Manifestante de
Deus. Por outro lado, os Cristãos não acreditam que Cristo sofra novamente quando
regressar. Assim, porque é que a humanidade necessita de Bahá'u'lláh, e como é Ele pode
ser o Cristo se Ele sofreu?
Resposta: É verdade que Cristo Se ofereceu como um sacrifício "uma vez só no fim dos
séculos". Esse sacrifício foi completamente suficiente. Segundo a Fé Bahá'í não é a
insuficiência dos Profetas dos passado que provoca o surgimento de uma nova Revelação,
mas sim a incompetência e teimosia da humanidade22 [22]. O facto de Bahá'u'lláh ter
sofrido é mais um sinal da infalível graça de Deus para com a humanidade. Sobre a
renovação da religião, 'Abdu'l-Bahá disse:
22 "No Bayan o Báb afirma que todas as religiões do passado estavam destinadas a
tornarem-se universais. A única razão porque não conseguiram atingir esse objectivo
foi a incompetência dos seus seguidores. Ele então continua explicando que este não
seria o destino da revelação d'"Aquele que Deus tornará Manifesto", que se tornaria
universal e incluiria todo o povo do mundo. Isto mostra que no fim venceremos. Mas
não poderemos nós, devido aos nossos defeitos, hesitações em sacrificarmo-nos e
relutância em concentrar os nossos esforços na disseminação da Causa, retardar a
realização desse ideal? E que significado teria isso? Significará que seremos
responsáveis perante Deus, e que a raça humana permanecerá mais tempo no seu
estado de obstinação, que as guerras não terminarão tão cedo, e que o sofrimento
humano durará mais tempo." (De uma carta datada de 20 de Fevereiro de 1932,
escrita em nome de Shoghi Effendi à Assembleia Espiritual Nacional dos Estados
Unidos e Canadá.)
Pag. 52
Compreender as Provas Bíblicas
Sobre o regresso de Cristo, a Bíblia afirma que Ele voltará para derrotar os
exércitos das trevas que Lhe farão guerra [Ap. 19:19-20]. Esta profecia afirma que Cristo
enfrentará oposição, mas vencerá. Interpretada literalmente temos: Cristo destrói os Seus
opositores militarmente. Mas se interpretarmos estas passagens simbolicamente, podemos
compreender que elas nos indicam que Ele será perseguido, sofrerá novamente, e através
do Seu sacrifício sairá novamente vitorioso sobre os seus inimigos.
Pergunta: Como é que o sofrimento de Bahá'u'lláh pode ser comparado à morte de Jesus
na cruz? Bahá'u'lláh sofreu, mas Cristo foi crucificado!
Resposta: Tanto Cristo como Bahá'u'lláh sofreram pelo mesmo motivo: "a remissão dos
pecados" [EV, cap. XXX, p. 114]. A dimensão ou o tipo de sacrifício não é o factor mais
importante. O que é importante são os motivos para o sofrimento e a posição do Profeta
que sofre. Esta é a diferença essencial entre o sofrimento sentido pelos Profetas e os
sofrimentos sentidos por outras pessoas. Tanto Cristo como Bahá'u'lláh sofreram, apesar de
serem inocentes, para transformar as vidas dos povos que eram culpados de muitos
pecados. Os Seus sofrimentos podem ser comparados porque em ambos são-nos reveladas
qualidades divinas.
Pergunta: Mesmo que Bahá'u'lláh manifeste atributos de Deus, porque é que uma pessoa
deve deixar de seguir apenas Cristo, se Cristo permanece perfeito para todo o sempre?
Resposta: É verdade que Cristo permanece perfeito para todo o sempre. "Jesus Cristo é
sempre o mesmo ontem e hoje e por toda a eternidade" [Heb 13:8]. Voltando-nos para
Bahá'u'lláh não nos estamos a afastar de Cristo, mas sim reconhecer o cumprimento das
promessas e profecias de Cristo. Nunca nos afastamos de Cristo. Se Cristo regressou, é
reconhecendo esse regresso que nos mantemos voltados para Cristo. Isto é de extrema
importância na Fé Bahá'í.
Mt 7:16-17 - Critério
Rom 10:17, Jo 5:24 3:3, I Ped 1:23 - Significado da Palavra de Deus (i.e., o propósito
de Cristo é alcançado através da Palavra de Deus)
Pag. 53
Compreender as Provas Bíblicas
Pag. 54
Compreender as Provas Bíblicas
4ª Parte
A REVELAÇÃO
PROGRESSIVA
Pag. 55
Compreender as Provas Bíblicas
Nem por um momento sequer, foi a Sua graça recusada, nem as chuvas da
sua amorosa generosidade cessaram de cair sobre a humanidade. [SEBh,
XII, p. 23-24]
Pag. 56
Compreender as Provas Bíblicas
Pag. 57
Compreender as Provas Bíblicas
A posição dupla dos Manifestantes pode-se ver no plano profético de Deus que
nos é mostrado na Bíblia. Segundo a Bíblia, Cristo regressará. A segunda vinda de Cristo
será diferente da primeira. Anunciará o início da tão esperada paz, o estabelecimento do
Reino de Deus na terra, em que "todas as nações" se dirigirão para "ao Monte do Templo
do Senhor" [Is 2:2]. Neste aspecto, a segunda vinda de Cristo será uma nova e maior
emanação da Revelação de Deus na terra do que foi a primeira. No entanto, Cristo é ainda
"o mesmo ontem e hoje e por toda a eternidade" [Heb 13:8].
Por vezes, enfatizar esta posição de "unidade essencial" nos nossos diálogos com
Cristãos poderá evitar o mal-entendido de que a Fé Bahá'í rebaixa a posição de Cristo. Isto
é particularmente verdade se começarmos por explicar a relação entre Cristo e Bahá'u'lláh.
*****
Segundo o Livro do Genesis, Adão pecou e desobedeceu a Deus. Por outro lado, o
Alcorão e as Escrituras Bahá'ís mencionam o nome Adão entre os Manifestantes enviados
por Deus. No entanto, segundo os ensinamentos Bahá'ís, o relato do livro do Genesis não
foi uma ocorrência histórica literal; trata-se de uma descrição simbólica que pode ser
interpretada de muitas maneiras [EV, cap. XXX].
Pag. 58
Compreender as Provas Bíblicas
Abraão afirma "ela é filha de meu pai, mas não é filha da minha mãe" [Gen.
20:12]. Isto pode significar que ela era filha do Seu Pai Espiritual (Deus), e não da Sua mãe
biológica. A sabedoria de um Profeta é frequentemente mal compreendida. Uma com-
preensão literal pode parecer confusa e mesmo decepcionante se não se entender o sentido
espiritual da mensagem.
Os Cristãos acreditam que Moisés pecou por ter assassinado um egípcio e noutra
ocasião por ter desobedecido a Deus. A Bíblia relata que Moisés "viu um egípcio a açoitar
um dos seus irmãos hebreus" [Ex. 2:11]; então, Moisés "matou o egípcio e enterrou-o na
areia" [Ex. 2:12]. "O Faraó soube do que se tinha passado, e mandou prender Moisés para
O matar. Moisés, porém, conseguiu fugir do Faraó e refugiar-se na terra de Midian" [Ex.
2:15].
23 Existem muitos escritos apócrifos antigos e lendas judaicas atribuídas a Adão, ou que pretendem relatar a
sua vida. Em algumas ocasiões lendas semelhantes são citadas por Bahá'u'lláh e 'Abdu'l-Bahá, tal como o
Antigo Testamento e Jesus parecem fazer referências a histórias antigas para transmitir ensinamentos. Nem
sempre é possível ou importante distinguir quais destas histórias (ou partes de histórias) têm um conteúdo
histórico ou se são utilizadas apenas para ilustrar uma verdade espiritual.
Pag. 59
Compreender as Provas Bíblicas
Deste ponto de vista, os motivos de Moisés eram puros e justos. Este incidente é
um símbolo de todo o Ministério de Moisés em que Ele se dedicou à libertação dos
hebreus.
Mas este incidente pode ter a aparência de um assassínio. Se isto faria com que os
egípcios, que eram muito ligados às suas tradições e modo de vida, rejeitassem Moisés,
porque é que Deus permitiu que este incidente tivesse ocorrido? Além disso, porque é que
Moisés não negou a Sua culpa, mas sim admitiu-a? [KI, 37; Alcorão 26:19]
Bahá'u'lláh explica que no tempo de Jesus, o nascimento virginal foi uma prova
semelhante ordenada por Deus. Exteriormente parecia que Jesus era filho ilegítimo. Por
isso, para compreender a verdade da posição de Jesus era necessário que não seguir os
padrões humanos tão falíveis. O mesmo se aplica a Moisés.
Os padrões egípcios tinham sido abalados por Deus, e Moisés apelava aos que
podiam ver justiça no acto cometido por Ele. Quem percebesse esta justiça seria libertado.
Deste modo os puros distinguiam-se dos corruptos. É fácil ver a magnitude do teste quem
poderia acreditar numa pessoa que as autoridades consideravam como assassino?
Bahá'u'lláh escreve:
Pag. 60
Compreender as Provas Bíblicas
********
Nesse lugar, que está nas fronteiras da terra de Edom, o Senhor disse a
Moisés e Araão: "Araão vai reunir-se aos seus porque Ele não entrará na
terra que destino aos filhos de Israel, visto terdes sido rebeldes à Minha
ordem nas águas de Meriba". [Num 20:23-24]
Porque pecaste contra Mim no meio do filhos de Israel, por ocasião das
Águas de Meriba, em Cades, no deserto de Sin, não Me santificando no
meio dos filhos de Israel. Somente verás, de longe, a terra que darei aos
israelitas, mas não entrarás nela. [Dt 32:51-52]
'Abdu'l-Bahá explica que as repreensões dirigidas por Deus aos Profetas, são, na
verdade, repreensões dirigidas ao povo:
'Abdu'l-Bahá faz ainda a analogia do Profeta com um Rei. Tudo o que um Rei
afirme é visto como uma afirmação do povo que ele representa.
Assim, segundo este ponto de vista, as Escrituras não mostram qualquer pecado da
parte de Moisés. Mas devemos examinar cuidadosamente o episódio das águas de Meriba,
de modo a podermos compreender a validade da explicação apresentada por 'Abdu'l-Bahá.
Pag. 61
Compreender as Provas Bíblicas
Mas o povo que lá estava, excitado pela sede que os queimava e sem
água para beber, murmurava contra Moisés e dizia: "Porque nos
persuadiste a sair do Egipto? Para morrermos de sede com os nossos
filhos e rebanhos?" Então Moisés, dirigiu esta súplica ao Senhor: "Que
hei-de fazer a este povo? Dentro em pouco irão apedrejar-me". O
Senhor respondeu a Moisés: "Coloca-te à frente do povo e leva contigo
alguns anciãos de Israel, segura na tua mão a vara que feriste o rio, e
caminha. Eu estarei diante de ti sobre o rochedo de Horeb. Baterás no
rochedo e dele jorrará água: então, o povo poderá beber". Moisés assim
fez na presença dos anciãos de Israel. Deu a esse lugar o nome de
Massa [literalmente: tentação] e Meriba [literalmente: desavença],
devido à altercação dos filhos de Israel e por terem provocado o Senhor,
dizendo: "O Senhor está ou não no meio de nós?" [Ex. 17:3-7]
Segundo este relato, Moisés seguiu o mandamento de Deus, e não foi Ele, mas o
povo de Israel que ofendeu e desacreditou no Senhor. Um episódio semelhante decorreu
em Cades:
Tomou Moisés a vara que estava diante do Senhor, como Ele lhe tinha
dito. Em seguida, Moisés e Araão convocaram a assembleia diante do
rochedo e Moisés disse-lhes: "Ouvi, rebeldes. Acaso faremos nós brotar
água deste rochedo?" Moisés levantou a mão e feriu o rochedo duas
vezes; as águas jorraram em abundância, de sorte que bebeu o povo e os
animais. Depois o Senhor disse a Moisés e Araão: "Porque não tivestes
confiança em Mim e não glorificastes a Minha santidade aos olhos dos
israelitas, não introduzireis esta assembleia na terra que lhes destino".
Estas são as águas de Meriba onde os israelitas discutiram com o
Senhor, que manifestou entre eles a Sua santidade. [Num 20:9-13]
Mais uma vez se vê que foram os filhos de Israel que "discutiram com o Senhor",
enquanto que Moisés nunca deixou de ter fé, nunca Se revoltou nem deixou de obedecer às
ordens de Deus. Eis mais um testemunho de Moisés:
Note-se que Moisés diz "o Senhor irritado comigo por vossa causa". Tal
como todos os Profetas, Moisés deve sofrer para bem do povo, e mesmo suportar o
castigo que o povo merecia. 'Abdu'l-Bahá explica:
Pag. 62
Compreender as Provas Bíblicas
Assim, segundo este ponto de vista, Moisés não pecou. Alguns Cristãos
interpretam incorrectamente o texto e sugerem que Moisés não acreditou que Deus faria
sair água do rochedo porque o povo não merecia. Por este motivo, pensam que Moisés
pecou ao desobedecer a Deus.
Pag. 63
Compreender as Provas Bíblicas
Alguns Cristãos poderão reagir mal por ver Cristo referido como apenas um
Profeta entre outros Profetas; outros poderão questionar se Buda ou Krishna eram Profetas,
pois a Bíblia não os refere.
Uma abordagem alternativa será: "Os Bahá'ís acreditam que Deus sempre guiou a
humanidade ao longo da história. Por exemplo, Deus enviou os Profetas Abraão, e Moisés,
e depois Jesus Cristo - o Filho de Deus - e depois Maomé - o Profeta - e agora enviou o
Báb e Bahá'u'lláh". Esta abordagem também levantará muitas questões, mas por não
referirmos Cristo como sendo um "Profeta" evitaremos muitos mal entendidos e objecções.
Também não devemos falar de Bahá'u'lláh de um modo que dê a entender que Ele
é superior a Cristo, criando assim uma falsa impressão que estamos a negar a soberania de
Cristo. Devemos, antes, enfatizar que são ambos o mesmo Espírito e Realidade Divina;
devemos centrar-nos no aspecto da Sua unidade essencial.
Pag. 64
Compreender as Provas Bíblicas
Referir Buda entre Moisés e Cristo poderá parecer muito estranho aos Cristãos.
Para ilustrar a revelação progressiva será sempre melhor utilizar exemplos da Bíblia. Note-
se que Bahá'u'lláh não menciona especificamente nenhum Manifestante Oriental no Kitáb-
i-Íqán. O destinatário era um muçulmano, e por isso Bahá'u'lláh falava do modo que
pudesse ser melhor compreendido por ele.
Existem certas coisas que devemos evitar dizer e outras que vale a pena enfatizar:
**********
Bahá'u'lláh insta-nos a "ensinar o povo com completa sabedoria" [EB, 24]. Será
natural pensarmos que, entre outras as coisas, por vezes nem sempre será prudente
dizermos tudo o que sabemos. E aquilo que dizemos deve ser dito de uma maneira -
cuidadosa. Podemos ver este exemplo no Evangelho. Logo depois de S. Pedro reconhecer
que Jesus era o Cristo, o Evangelho relata-nos que Jesus "ordenou-lhes, então, que não
dissessem isto a ninguém" [Mc 8:27-30]. Claramente, nem todas as pessoas estavam
preparadas para ouvir as boas novas.
O facto de Buda não enfatizar o assunto, não indica ateísmo ou mesmo falta de
importância. Por outro lado, será presunçoso da nossa parte tentar julgar a sabedoria da
atitude de Buda. Isto pode ser ilustrado com uma comparação com o Judaísmo. Moisés
nunca fez nenhuma referência directa ou específica à vida depois da morte, mas isto não
significa que isso não seja importante.
Uma vez que o Antigo Testamento é a Palavra de Deus - facto reconhecido pelo maioria
dos Cristãos - deve-se reconhecer que há alguma sabedoria na omissão de ensinamentos
claros a respeito da vida depois da morte. Este exemplo do Antigo Testamento sugere que
não nos é possível, devido às nossas limitações, julgar porque é que Buda deu mais ênfase
a uns ensinamentos e não a outros.
Os Cristãos que rejeitam a unidade das religiões com base nestas diferenças
aparentes ficam assim perante um dilema. Os Cristãos reconhecem o Antigo Testamento,
mas acreditam na Trindade, na Encarnação e na vida depois da morte, enquanto que os
Judeus também reconhecem o Antigo Testamento mas rejeitam a Trindade, a Encarnação e
têm dúvidas sobre a vida depois da morte. Como é que estas diferenças podem existir se as
duas religiões provêm do mesmo Deus? A resposta a esta pergunta é a resposta a todas as
outras perguntas.
A verdade é só uma, apesar disso nem sempre ser aparente. Cristãos, Judeus,
Hindus e Budistas diferem uns dos outros e entre si próprios. Mas essas diferenças não
constituem um argumento conclusivo contra a unicidade da religião. Na verdade, essas
diferenças podem ser atribuídas a duas causas:
religioso. As sugestões de leitura aqui apresentadas têm uma importância especial para
compreendermos como é que os Cristãos vêm as outras religiões.
Jesus in the Qu'rán, de Geoffrey Parrinder, levanta algumas das barreiras que
tem impedido os Cristãos de apreciar Maomé e o Alcorão. Parrinder é professor de
Religiões Comparadas na Universidade de Londres. Avatar and Incarnation, também de
Geoffrey Parrinder, apresenta-nos uma interessante comparação entre algumas doutrinas
Hindus e Cristãs. Os livros de pessoas como Hans Küng e Geoffrey Parrinder fornecem-
nos informações que permitem apoiar o ponto de vista Bahá'í.
Outro livro interessante é The Islam Debate, de Josh McDowell e John Gilchrist.
Também não advoga uma posição compatível com os ensinamentos Bahá'ís, mas mostram-
nos argumentos o objecções que poderemos encontrar com alguma frequência.
Pag. 68
Compreender as Provas Bíblicas
5ª Parte
CONCLUSÃO
Pag. 69
Compreender as Provas Bíblicas
A base mais firme sobre a qual se pode construir este espírito amistoso e fraternal
com os Cristãos é o facto da Fé Bahá'í aceitar a Bíblia como Palavra de Deus. Esta
aceitação também é importante por que a Bíblia é parte integrante da herança da Fé Bahá'í
e parte da "indivisível"[WOB, 114] religião de Deus. Depois de estabelecer este espírito de
amizade, podemos utilizar os critérios bíblicos nos nossos diálogos.
Pag. 70
Compreender as Provas Bíblicas
sucesso. Por outro lado, é importante salientar que devemos ter tacto e moderação. É
possível ter as respostas correctas e, no entanto, não ser persuasivo devido ao modo
incorrecto de apresentação. 'Abdu'l-Bahá deu-nos o seguinte conselho:
Se compreendermos que os nossos argumentos não estão a ser bem recebidos, se,
por exemplo, não nos deixam expressar o nosso ponto de vista sem sermos interrompidos,
então devemos tentar mudar o espírito da discussão. Para isso, pode ser necessário que
tenhamos de deixar falar a(s) outra(s) pessoa(s) durante longos períodos de tempo de modo
que possa(m) sentir que disse tudo o que é relevante para o seu ponto de vista. Podemos
mesmo ficar sem tempo para falarmos sobre o nosso ponto de vista. No entanto, é melhor
mostrar um espírito de abertura e tolerância perante as opiniões dos outros do que discutir
sobre um qualquer assunto, por muito importante que este seja.
Pag. 71
Compreender as Provas Bíblicas
Nem sempre é fácil manter a atitude que Bahá'u'lláh descreve. O nosso desejo
entusiástico de partilhar aquilo que está mais próximo dos nossos corações pode levar à
impaciência e a um zelo excessivo. Poderá ser útil para os nossos esforços seguir o
conselho de Bahá'u'lláh que, a falta de desprendimento e de moderação nas nossa palavras
podem derrotar as nossas intenções:
Pag. 73
Compreender as Provas Bíblicas
SEBh - Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh. Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1977.
SEBa - Seleção dos Escritos do Báb. Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1978.
ESW - Epistle to the Son of the Wolf. 3ª Ed. Wilmette, Bahá'í Publishing Trust, 1976.
SWAB - Selections from the Writings of 'Abdu'l-Bahá. Haifa, Bahá'í World Centre, 1978.
PP - Palestras de 'Abdu'l-Bahá; Paris 1911. Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1979.
WOB - World Order of Bahá'u'lláh: Selected Letters from Shoghi Effendi. 2ª Ed.
Wilmette. Bahá'í Publishing Trust, 1974.
LG - Lights of Guidance: A Bahá'í Reference File. Nova Dehli, Bahá'í Publishing Trust,
1983. (comp. Helen Hornby).
Pag. 74
Compreender as Provas Bíblicas
ANEXOS
Pag. 75
Compreender as Provas Bíblicas
A primeira coisa importante que se deve dizer sobre as narrativas dos Evangelhos
sobre a ressurreição (ver Mt 27:57ss; Mc 15:42ss; Lc 23:54ss; Jo 19:38ss;) é que nenhuma
descreve o acontecimento da ressurreição de Jesus directamente, nem dá um relato global
consistente dos acontecimentos que levaram à ressurreição da fé entre os discípulos de
Jesus. O moderno teólogo católico, Hans Küng, escreveu sobre esta natureza contraditória e
confusa do Novo Testamento, as palavras que se seguem:
"As dificuldades não foram inventadas por teólogos críticos, tal como
alguns críticos ingénuos, e por vezes maliciosos, da moderna teologia
frequentemente pensam. Estas encontram-se não apenas no próprio
assunto, mas também, e mais exactamente, nos relatos, na
documentação original, do acontecimento".26
O que é que elas viram ali? Um anjo (Mateus, Marcos) ou dois (Lucas,
João)? No exterior do túmulo (Mateus) ou no interior (Marcos, Lucas,
João)? Como é que estes anjos não eram visíveis quando o túmulo foi
visitado ao mesmo tempo por Pedro (Lucas) e João (João)? As mulheres
entraram no túmulo antes de ouvirem a mensagem do anjo (Marcos,
Lucas) ou depois (Mateus)? Qual era a mensagem que elas tinham de
entregar aos discípulos - que o Jesus ressuscitado iria, muito em breve,
aparecer perante eles (Lucas, João), ou apenas mais tarde, na Galileia
(Mateus, Marcos)? Com estas notícias eles ficaram cheios de medo e
não disseram a ninguém (Marcos) ou ficaram cheios de alegria e
disseram imediatamente a todos os discípulos (Mateus, Lucas, João)?"27
27 RICHARDS, H. J. The First Easter. What Really Happened?, Fontana Books, 1976, pags. 15-16. Richards
não coloca estas questões para "ridicularizar o texto" mas para permitir aos cristãos descobrir o verdadeiro
propósito das narrativas.
Pag. 77
Compreender as Provas Bíblicas
É dito que os Cristãos individuais que estão "em Cristo" formam o "corpo de
Cristo" ressuscitado (ver I Cor 6:15, 12:27, Rom 7:14, Gal 2:20ss). Faz-se referência a
Cristo "ressuscitado" e a várias aparições (I Cor 15:4-9, escrito nos anos 55-56 d.C.), mas
não é mencionado o túmulo vazio nem nenhum dos detalhes que se encontram nos
Evangelhos. A natureza do corpo ressuscitado de Jesus como oposto ao corpo espiritual dos
Cristãos não é afirmado detalhadamente. Afirma-se claramente que a "carne e o sangue
não podem herdar o reino de Deus" (I Cor 15:50).
Aqui surge pela primeira vez a descrição do "túmulo vazio". A história simbólica
assinala a ausência do corpo, tendo em conta a ascensão de Jesus ao céu. Não se afirma que
o corpo tomou vida e saiu do túmulo; não é descrita a ressurreição física. A história do
túmulo vazio é uma interpretação de fé, e não uma afirmação evidente de como surgiu a fé.
É um modo de dizer "Jesus ressucitou" em termos concretos. A história tornou-se um
elemento de apoio da fé na Ressurreição, e foi criada e elaborada no começo da Igreja. No
campo linguístico e textual é um facto estabelecido que o Evangelho original terminava em
16:8; os versículos 9-20 foram acrescentados no século II. As aparições após a ressurreição
estão ausentes.
28Os detalhes dos relatos do Evangelhos não podem ser resumidos aqui. As referências destes relatos estão
no 3º parágrafo deste artigo.
Pag. 78
Compreender as Provas Bíblicas
Desde o século II, a florescente ortodoxia cristã seguiu a tendência mais evidente
do livro dos Actos (S.Lucas) acreditando na ressurreição do corpo crucificado de Jesus.
Um importante factor que se deve ter em conta na aceitação destes pontos de vista
materialistas, é a noção do Antigo Testamento de que o homem é um organismo psico-
físico: uma entidade múltipla, mas única (não se trata de uma dualidade corpo-alma). A
doutrina segundo a qual a alma espiritual do homem tem vida sem o corpo após a morte era
uma doutrina estranha ao Judaísmo, e desconhecida ou absurda para a maioria dos Judeus
no tempo do Novo Testamento. Paulo, conforme referido, sentiu ser necessário falar da
vida eterna em termos de ressurreição e de "corpo espiritual", apesar de ter salientado o seu
"mistério" (I Cor 15:42ss).
29 Lucas 24:12 provavelmente não fazia parte do Evangelho original. Refere-se a um homem chamado
Pedro, que descobriu o túmulo vazio; à luz da antiga crença Judaica, o testemunho as mulheres era de pouco
ou nenhum valor.
30 Tablets of 'Abdu'l-Bahá Abbas, Vol I, Bahá'í Publishing Trust, New York, 1930, pags. 193-4
Pag. 79
Compreender as Provas Bíblicas
ENSINAMENTOS BAHA'IS
"Quanto à ressurreição do corpo de Cristo três dias após a Sua morte, isto
significa os ensinamentos divinos e a religião espiritual de Sua Santidade
Cristo, que constitui o Seu corpo espiritual, que está vivo e é perpétuo por
toda a eternidade.
Por «três dias» da Sua morte pretende-se significar que após o grande
martírio, a propagação dos ensinamentos divinos e divulgação da lei
espiritual abrandou devido ao relato da crucificação de Cristo, pois os
discípulos estavam preocupados com a violência dos testes divinos. Mas
eles tornaram-se firmes, aquele espírito divino ressuscitou e aquele corpo -
que simboliza o mundo divino - ergueu-se"34.
31 McGREGOR, G. The Growth of the Ressurection Faith. Expository Times. Vol 50, s.e., 1939, pag. 220.
32 Palavras de R. Neibuhr (1939) citadas em GEERING, L. Ressurection: A Symbol of Hope, Hodder &
Stoughton, 1971, pag. 60.
33 Para alguns detalhes veja-se, por exemplo, o programa de palestras do Credo dos Bispos (feitas em 29 de
Abril de 1984) em HARRISON, T. The Durham Phenomenon, Darton, Longman & Tod, 1985, e SCOTT, J.
The Authentic Jesus, Marshalls, 1985, pags 36-37.
34 Tablets of 'Abdu'l-Bahá Abbas, Vol I, pag. 192. Para mais detalhes ver também Esplendor da Verdade,
CXXIII.
35 De uma carta de Shoghi Effendi citada em High Endeavours, Messages to Alaska, s.e., 1976, pags.69-70
Pag. 80
Compreender as Provas Bíblicas
36 Não nos foi possível apurar se as obras de H.J. Richards e de Geering se encontram disponíveis nas
livrarias do nosso país.
Pag. 81
Compreender as Provas Bíblicas
**********
37 Lawh-i-Aqdas, in Epístolas de Bahá'u'lláh. Editora Bahá'í do Brasil, Rio de Janeiro, 1983, pag. 21,
aludindo a João 16:14.
38 O Dia Prometido Chegou, Editora Bahá'í do Brasil, Rio de Janeiro, 1960, pag. 21.
Pag. 82
Compreender as Provas Bíblicas
A TRINDADE
A palavra trindade ("ser três") não é bíblica. As suas formulações clássicas foram
largamente interpretadas no texto bíblico com vista a repelir ou confrontar um grande
número de alegadas heresias. Muitos teólogos modernos consideram esta doutrina como
sendo difícil ou um "mistério divino" ilógico. Outros rejeitam-na completamente. Os
Bahá'ís rejeitam a consubstancialidade ("da mesma substância") das três «Pessoas» (Pai,
Filho e Espírito Santo) da Trindade, mas encontram nela verdades simbólicas profundas.
'Abdu'l-Bahá apresentou frequentemente imagens positivas da "Trindade"39.
A ENCARNAÇÃO
Esta doutrina afirma que Jesus não está subordinado a Deus, mas é uma Pessoa
igual na unidade com a Divindade que, tendo corpo humano e alma, viveu uma vida
humana. «Encarnação» não é um termo do Novo Testamento. Nas últimas décadas, a
teologia segundo a qual Jesus é Deus encarnado, tem sido cada vez mais criticada e
também negada.
39 Para exemplo, ver O Esplendor da Verdade(Respostas a Algumas Perguntas) Cap. 27; Tablets of 'Abdu'l-
Bahá Abbas, Vol. I, Bahá'í Publishing Trust, New York, 1930, pags. 117-118.
40 I a Timóteo 2:5
41 Ed. John Hick. SCM Press Ltd, London.
42 Os muitos livros e artigos não podem ser todos referidos aqui, mas Incarnation and Myth, the Debate
Continued (Ed. M. Goulder, SCM 1979) e God Incarnated: Story and Belief (Ed. A.E. Harvey SPCK London
1981) merecem um estudo cuidadoso. Um outro trabalho importante é Avatar and Incarnation de G.
Parrinder's (Faber & Faber, London 1970).
43 Nos séculos passados incontáveis Cristãos ufanaram-se da sublime incompreensibilidade de Deus, o Pai.
Alguns santos eruditos e místicos consideravam a "experiência interior" da incognoscibilidade de Deus como
sendo o cume da realização mística.
Pag. 83
Compreender as Provas Bíblicas
A DIVINDADE DE JESUS
Do ponto de vista Bahá'í, Jesus poderia ter revelado "Eu sou Deus", pois esta
afirmação é a prerrogativa dos Manifestantes de Deus, o "espelho" puro que reflecte do
modo mais perfeito o "Sol" da Divindade.
44 Para exemplo, ver Mateus 10:40, 19:17; Marcos 10:10, 13:21 & 32, 15:34; Lucas 10:16, 18:19; João 5:30,
7:16, 10:30, 12:44, 14:28, 17:3 & 21; I aos Coríntios 8:6; Efésios 1:2
45 Para exemplo, ver João 1:1, 20:28; I João 5:20; Tito 2:13; Hebreus 1:8-9; II Pedro 1:1; Cf. Marcos 2:7
46 The Theology of the New Testament, Vol I, de R. Bultmann (SCM, London, 1965), pag. 129. Nas suas
controvérsias cristológicas alguns dos primeiros Cristãos cometeram o erro de não fazer distinção entre o
Jesus "Divino" e a própria Essência de Deus.
47 Bahá'u'lláh, Kitáb-i-Iqán, Editora Bahá'í do Brasil, 2ª Ed, pag. 110.
48 Segundo Exodo 4:16, Moisés era como "Deus" em relação a Aarão, e na sua sua missão ao Faraó.
49 Ver The Promulgation of Universal Peace, Bahá'í Publishing Trust, Willmette, Illinois, 1982, pags 154-
155. Em João 20:28, Tomé atribui Divindade ao Cristo erguido ao exclamar "Meu Senhor e Meu Deus",
apesar de Jesus ter dito que Deus, o Pai, era maior que Ele (João 14:28).
50 Filipenses 2:6-11 é um hino litúrgico e cristológico primitivo. Jesus "sendo em forma de Deus" («en
morphé theou») não indica a sua identidade pré-existente com a Essência da Divindade. Pelo contrário, Ele
é identificado com o Lugar pré-existente da Imagem Divina.
Pag. 84
Compreender as Provas Bíblicas
A ideia de que Jesus não teve um pai terrestre e por isso era Filho de Deus, não é
única na Bíblia. No Novo Testamento, Melquisedec é referido como "sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias, nem fim de vida, mas sendo feito semelhante
ao Filho de Deus"58. Nem a ideia de que Jesus foi gerado por Deus se aplica unicamente a
Jesus59.
Segundo John Hick: "... este título (Filho de Deus)...era metafórico e honorífico, e
não uma descrição literal. Não há dúvida que Jesus falou do mesmo modo poético sobre
Deus como nosso Pai e os homens como Seus filhos. Mas com o decorrer do tempo, à
medida que os teólogos latinos trabalhavam, o simbolismo transformou-se em dogma, e o
filho metafórico de Deus tornou-se o filho metafísico de Deus, a Segunda Pessoa da
Trindade"60.
O título Filho de Deus expressa a relação especial de Cristo com Deus, o Pai,
através do Espírito Santo. Tal como com todas as Manifestações de Deus, Ele era um Filho
de Deus "ímpar" ou "único" (monogénese)61. A Sua Filiação não deve ser interpretada
literal ou fisicamente.
51 Cf. 'Abdu'l-Bahá, O Esplendor da Verdade (Respostas a Algumas Perguntas), Editora Bahá'í do Brasil,
Rio de Janeiro, 4ª Ed., pag. 107.
52 Idem, pag. 69
53 Genesis 6:2; Hoseias 1:6 Job 1:6
54 Salmos 2:7; II Samuel 7:14
55 João 1:12
56 Mateus 5:9
57 Lucas 20:36
58 Hebreus 7:3
59 Salmos 2:7
60 The Second Christianity (SCM Press, London, 1983), pag. 31.
61 A monogénese grega é bastante inadequada para traduzir "unigénito" (Cf. João 1:14 & 18, 3:16 & 28; I
João 4:14. No antigo Judaísmo este adjectivo era aplicado a todo o povo de Israel ou noutras formas que não
geneológica.
Pag. 85
Compreender as Provas Bíblicas
Bahá'u'lláh mencionou que os crentes em geral são chamados "filhos de Deus" nos
Livros Sagrados do passado62. No Antigo Testamento, os Israelitas são referidos como os
"filhos de Deus" (por adopção, não por procriação), tal como vários reis, anjos e outras
personagens63.
62 Exemplo: Mateus 5:9. Epístola não traduzida publicada em Iqtidarat (1310 AH), pag. 3.
63 Exodo 4:22. Ver as palavras de 'Abdu'l-Bahá em Star of the West, Vol 5, nº8, pag. 122. Para "membros da
corte celestial" ou "anjos" ver Génesis 6:2, 2:1, 38:7; Salmos 29:1; 89:7. Para mais detalhes ver The Son of
God de M. Hengel (London SCM Press Ltd, 1976).
64 Lawh-i-Hirtik, revelada em 1878.
Pag. 86