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O que a nova Lei n. 12234/2010 fez foi eliminar um desses intervalos, aquele
que vai desde a data do fato até o recebimento da denúncia, que passa a ter seu
prazo prescricional exclusivamente definido em função da pena máxima
abstratamente cominada ao fato pela norma penal incriminadora.
Embora pareça, à primeira vista, que a modificação foi tímida demais, não
posso concordar com isso. Na verdade, se levarmos em conta a série de iniciativas
atuais com relação ao controle das atividades judiciais com relação à celeridade
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O intervalo de tempo que não conta mais para a prescrição pela pena
aplicada concretamente na sentença era justamente aquele sobre o qual o poder
judiciário não tinha como interferir de forma decisiva. Trata-se do intervalo de tempo
apropriado para os trabalhos de investigação criminal a serem desenvolvidos pela
polícia e para a formação do convencimento do representante do Ministério Público
sobre o ajuizamento da ação penal. Nesse momento, tem lugar o inquérito policial
ou a apuração administrativa do fato pelos órgãos de controle interno ou externo da
Administração Pública. Não há como o juiz controlar o tempo necessário para que os
órgãos respectivamente competentes terminem os trabalhos de investigação.
Por tudo isso, aquilo a que me referi acima como mora judicial é um
fenômeno hoje em dia extremamente combatido por diversas vias e instrumentos, de
forma que a prescrição da pretensão punitiva com base na pena em concreto –
prescrição retroativa – a partir do recebimento da denúncia ou da queixa tende a ser
um fenômeno em extinção. Quanto ao intervalo anterior à denúncia ou queixa,
cuidou a Lei n. 12234/2010 de impedir que seja levado em conta para efeito de
prescrição retroativa, sempre se lhe aplicando a prescrição de acordo com a pena
máxima abstratamente cominada para o crime.