Вы находитесь на странице: 1из 13

REQUIÃO, Roberto 

*gov. PR 1991‐1994; sen. PR 1995‐2002; gov. PR 2003‐  

  

Roberto Requião de Melo e Silva nasceu em Curitiba no dia 5 de março de 1941, filho de Wallace 
Tadeu de Melo e Silva e Luci Requião de Melo e Silva. Seu pai foi prefeito nomeado de Curitiba durante a 
gestão do governador Bento Munhoz da Rocha (1951‐1954) e derrotado pelo então chefe de polícia, Nei 
Braga, nas eleições diretas para a prefeitura da mesma cidade em 1954. Seu irmão, Maurício Requião, foi 
deputado federal pelo PMDB do Paraná (1995‐1999). 

Cursou o ginásio e o secundário no Colégio Estadual de Curitiba. Formou‐se em jornalismo pela 
Faculdade  de  Filosofia,  Ciências  e  Letras  da  Pontifícia  Universidade  Católica  do  Paraná  (PUC)  em  1964, 
concluindo em seguida o curso superior de direito pela Universidade Federal do Paraná (Ufpr) em 1966. 
No mesmo ano começou a freqüentar a pós‐graduação em Planejamento Urbano no convênio realizado 
entre a Comissão de Desenvolvimento Municipal de Curitiba (Codem) e a Fundação Getulio Vargas (FGV), 
concluindo o curso no ano seguinte. Iniciou suas atividades políticas no movimento estudantil, tendo sido 
eleito  orador  do  Centro  Acadêmico  Hugo  Simas,  da  Faculdade  de  Direito  da  Ufpr.  Após  concluir  a  pós‐
graduação, exerceu a advocacia trabalhista em São Paulo e em Curitiba e administrou as propriedades da 
família  no  Paraná.  Nos  anos  1970,  influenciado  pelas  idéias  urbanísticas  de  Manuel  Castells  e  Henri 
Lefebvre,  militou  em  diversos  movimentos  sociais  de  Curitiba,  exercendo  a  advocacia  em  sindicatos  e 
associações  de  moradores  da  cidade.  A  partir  dessa  sua  atuação  em  movimentos  sociais  ingressou  na 
política  partidária  filiando‐se  ao  Partido  do  Movimento  Democrático  Brasileiro  (PMDB)  no  início  da 
década de 1980. 

Conquistou seu primeiro mandato elegendo‐se deputado estadual pelo PMDB em novembro de 
1982 com 33 mil votos, sendo o segundo candidato mais votado em Curitiba, assumindo o mandato em 
março do ano seguinte. Durante sua gestão destacou‐se por seu estilo polêmico e incisivo de atuação e 
por ter entrado em conflito com as empresas de ônibus de Curitiba ao apresentar projeto de lei propondo 
a estatização dos transportes coletivos e de todos os serviços públicos da capital paranaense. No pleito de 
15 de novembro de 1985 elegeu‐se prefeito de Curitiba nas primeiras eleições diretas realizadas na cidade 
após a implantação do Ato Institucional nº 2 em 1965, derrotando por curta margem de votos o candidato 
do Partido Democrático Trabalhista (PDT) Jaime Lerner, o qual foi apoiado pelo Partido da Frente Liberal 
(PFL)  liderado  pelo  ex‐governador  Nei  Braga.  Sua  vitória  teve  influência  decisiva  do  então  governador 
peemedebista José Richa, cuja gestão apresentava um dos maiores índices de aprovação em todo o Brasil. 
Tomou  posse  em  1º  de  janeiro  do  ano  seguinte,  em  substituição  ao  peemedebista  Maurício 
Fruet.  Durante  sua  gestão  procurou  implementar  um  estilo  administrativo  que  se  diferenciasse  das 
concepções  urbanísticas  da  equipe  de  gestores  ligada  a  Jaime  Lerner  e  ao  Instituto  de  Pesquisa  e 
Planejamento  Urbano  de  Curitiba  (IPPUC),  concentrando  seus  investimentos  nas  áreas  periféricas  do 
município  e  em  iniciativas  de  cunho  social,  tais  como  a  criação  das  secretarias  de  Abastecimento  e  do 
Bem‐Estar Social, da Associação dos Meninos e Meninas de Rua de Curitiba (Assoma) e a implementação 
de  um  amplo  programa  de  construção  de  creches  e  postos  de  saúde,  sendo  em  sua  administração 
inaugurado o maior número de creches em toda história da cidade. Entrou ainda em novos conflitos com 
empresas concessionárias de transporte urbano de Curitiba ao criar a primeira frota pública de ônibus e 
ao  requerer  judicialmente  a  anulação  de  concessões  outorgadas  a  empresários  após  a  apuração  de 
irregularidades  em  diversas  firmas,  tendo  sido  ainda  um  dos  lideres  do  movimento  dos  prefeitos  de 
capitais que solicitavam maiores recursos ao governo federal. Exerceu a prefeitura de Curitiba até 1º de 
janeiro  de  1989  quando  passou  o  cargo  para  seu  sucessor  Jaime  Lerner,  então  eleito  pela  primeira  vez 
diretamente para a prefeitura da cidade. 

Em 1989, após o término de seu mandato na prefeitura de Curitiba, Requião tornou‐se secretário 
estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano na gestão do governador Álvaro Dias (1987‐1991), 
permanecendo no cargo até o início do ano seguinte, quando licenciou‐se para concorrer à sucessão no 
governo  estadual.  Em  sua  curta  gestão  na  secretaria  implantou  o  Plano  Estadual  de  Desenvolvimento 
Urbano (PEDU), financiado pelo Banco Mundial, visando a dar condições de crescimento e qualidade de 
vida às cidades médias e potencialmente médias do interior e objetivando transferir para estas cidades as 
técnicas de planejamento urbano já utilizadas na capital do estado. 

Roberto Requião começou a ter maior projeção nacional nas eleições para o governo do Paraná, 
ao derrotar o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e uma das principais lideranças 
políticas  paranaenses,  José  Richa,  ainda  no  primeiro  turno  das  eleições  em  outubro  de  1989,  e  o 
candidato  do  Partido  da  Renovação  Nacional  (PRN),  José  Carlos  Martinez,  no  segundo  turno,  em 
novembro  do  mesmo  ano,  este  último  apoiado  pelo  então  presidente  da  República  Fernando  Collor  de 
Melo.  No  segundo  turno  das  eleições,  Requião  queixou‐se  do  comportamento  da  Justiça  Eleitoral 
paranaense  e  criticou  duramente  a  decisão  do  juiz  do  Tribunal  Regional  Eleitoral  (TRE)  do  Paraná,  que 
mandara  suspender  seu  programa  eleitoral  por  causa da  exibição  de  uma  entrevista  com  “Ferreirinha”, 
suposto pistoleiro que teria assassinado posseiros e trabalhadores rurais em fazendas da família Martinez 
na  região  de  Assis  Chateaubriand  (PR),  durante  o  processo  de  colonização  de  terras  no  interior 
paranaense  na  década  de  1960.  De  acordo  com  alguns  observadores,  este  episódio  teve  papel 
determinante  na  inversão  das  preferências  eleitorais  e  posterior  vitória  de  Roberto  Requião  sobre 
Martinez,  que  liderava  as  pesquisas  de  opinião  pública  para  o  governo  do  estado  até  pouco  antes  da 
realização do pleito. Após sua posse no governo, o caso foi à Justiça e custou a cassação temporária do 
mandato  de  Requião,  que  obteve  uma  liminar  no  Tribunal  Superior  Eleitoral  (TSE)  para  permanecer  no 
exercício do restante do mandato. Na ocasião, Requião defendeu‐se afirmando ser secundário o fato de 
“Ferreirinha”  ser  ou  não  autêntico  já  que  haviam  outros  oito  pistoleiros  envolvidos  nas  acusações  não 
desmentidas  de  assassinato  de  lavadores  e  que  o  episódio  não  foi  determinante  para  a  derrota  de 
Martinez  no  pleito,  mas  sim  a  política  de  arrocho  creditício  e  retirada  de  subsídios  à  agricultura 
implementada  por  Collor,  e  a  perda  de  apoio  político  do  presidente  da  República,  já  envolvido  em 
suspeitas de corrupção que posteriormente o levariam à renúncia. A veemência e agressividade do estilo 
político de Requião o projetaram com uma das principais lideranças políticas estaduais, ao lado do então 
prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, ao mesmo tempo em que o tornaram conhecido nacionalmente. 

Governador do Paraná (1991‐1994) 

Roberto  Requião  tomou  posse  no  governo  do  estado  em  15  de  março  de  1991,  recebendo  o 
cargo de seu antecessor Álvaro Dias. Logo após tomar posse, entrou em conflito com o ex‐governador de 
São Paulo Orestes Quércia ao lançar a candidatura de Álvaro Dias à presidência do PMDB. Nesse período, 
intensificou as denúncias de corrupção contra o ex‐governador de São Paulo e criou o “Disque‐Quércia”, 
número  telefônico  destinado  a  receber  denúncias  de  corrupção  contra  o  político  paulista.  Na  ocasião, 
chegou a ser afastado do PMDB pela Comissão Executiva do partido, em virtude de sua conduta política e 
pela  insistência  e  veemência  de  suas  acusações  contra  Quércia,  sendo  reintegrado  mais  tarde  na 
agremiação.  Durante  sua  gestão  implementou  os  programas  Panela  Cheia  e  Bom  Emprego,  visando  a 
atingir a população de baixa renda, tendo ainda aberto uma linha de crédito subsidiado para pequenos e 
médios empresários, fato que, segundo declarou na época, foi o motivo de seu intenso confronto com o 
então proprietário do Banco Bamerindus e senador José Eduardo Andrade Vieira, a quem denominava “Zé 
do  Banco”.  Enfrentou  ainda  conflitos  com  o  Judiciário  paranaense  ao  estabelecer  a  isonomia  salarial  e 
reduzir os vencimentos e benefícios dos juízes, e ao negar‐se ao cumprimento de várias ordens judiciais, 
tais como o desalojamento de manifestantes sem‐teto e sem‐terra e o aumento de tarifas dos transportes 
urbanos. Esses conflitos chegaram ao auge quando a Associação dos Magistrados Paranaenses requereu 
ao governo federal a intervenção no estado do Paraná, que não veio no entanto a se consumar. Durante 
seu governo, tornou públicos os arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Paraná, 
contendo fichas de vários perseguidos e presos políticos. 

Por ocasião do plebiscito sobre sistemas e formas de governo realizado em 21 de abril de 1993, 
Roberto Requião participou ativamente da campanha a favor da República e do presidencialismo. Em 16 
julho do mesmo ano, quando estava participando de um simpósio com ex‐presidentes latino‐americanos 
no  Equador,  Requião  foi  afastado  do  cargo  por  decisão  do  TRE  do  Paraná  sob  a  acusação  de  fraude 
eleitoral  no  episódio  envolvendo  “Ferreirinha”  nas  eleições  anteriores,  chegando  a  ser  substituído  no 
posto pelo vice‐governador Mário Pereira. Uma semana depois, no entanto, o Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE)  deu  parecer  favorável  a  uma  liminar  dos  advogados  de  Requião,  reimpossando‐o  no  cargo  de 
governador logo a seguir. Quatro anos depois, em abril de 1997, o TSE determinaria o arquivamento do 
processo contra Requião referente ao episódio envolvendo “Ferreirinha”. 

Permaneceu no governo estadual até o início de abril de 1994 quando se desencompatibilizou do 
cargo para disputar as prévias que escolheriam o candidato peemedebista às eleições presidenciais e para 
concorrer a uma vaga ao Senado Federal nas eleições de outubro do mesmo ano, passando o cargo para 
seu  vice  Mário  Pereira.  Em  maio  de  1994  disputou  com  Orestes  Quércia  a  convenção  do  PMDB  que 
escolheu o candidato do partido à presidência da República, sendo derrotado por ampla margem de votos 
pelo  ex‐governador  paulista.  Após  a  derrota  nas  prévias,  Requião  anunciou  seu  apoio  à  candidatura  de 
Luís Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT) para a presidência da Republica. No pleito de 3 
de  outubro  de  1994  elegeu‐se  senador  pelo  PMDB  paranaense  com  2.301.209  votos,  assumindo  o 
mandato em março do ano seguinte. No mesmo pleito, o ex‐prefeito de Curitiba Jaime Lerner elegeu‐se 
governador  do  estado  pelo  PDT  com  2.070.970  votos,  derrotando  o  candidato  do  Partido  Progressista 
(PP), o ex‐governador Álvaro Dias. 

Relator da CPI dos Títulos Públicos, 1996‐1997 

Durante o exercício de seu mandato de senador foi membro titular da Comissão de Educação e 
da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e suplente da Comissão de Serviços de Infra‐Estrutura e 
da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. No início de seu mandato foi aprovado um projeto de 
lei de sua autoria permitindo a quebra do sigilo bancário de todos os agentes públicos dos três poderes da 
República  (Executivo,  Legislativo  e  Judiciário).  Em  novembro  de  1996  envolveu‐se  novamente  num 
processo de cassação de mandato quando o TRE do Paraná julgou procedente por unanimidade uma ação 
de impugnação proposta pelo deputado federal Hélio Duque (PSDB‐PR), candidato derrotado por Requião 
na  eleição  ao  Senado.  Entretanto,  logo  a  seguir  um  recurso  junto  ao  TSE  julgou  improcedentes  as 
alegações do TRE paranaense recusando a solicitação de cassação de seu mandato. 

Roberto Requião polarizou a atenção da opinião pública nacional ao ser nomeado em dezembro 
de  1996  para  o  posto  de  relator  da  Comissão  Parlamentar  de  Inquérito  (CPI),  presidida  pelo  senador 
Bernardo  Cabral  (PFL‐AM),  destinada  a  apurar  irregularidades  relacionadas  à  autorização,  emissão  e 
negociação de títulos públicos, estaduais e municipais para pagamentos de dívidas judiciais (os chamados 
precatórios)  nos  exercícios  de  1995  e  1996.  Sua  atuação  durante  a  CPI  dos  títulos  públicos  (ou  dos 
precatórios,  como  veio  a  ser  denominada)  deu‐lhe  ampla  projeção  nacional,  tendo  seu  nome  inclusive 
sido cogitado por várias correntes políticas como potencial candidato à presidência da República em uma 
frente  de  oposição  ao  governo  Fernando  Henrique  Cardoso.  Pela  primeira  vez  desde  a  regulamentação 
das  CPIs  nos  anos  1950  suas  sessões  foram  transmitidas  ao  vivo  pela  TV  Senado,  atingindo 
aproximadamente  1,6  milhão  de  residências  em  todo  o  país  e  obtendo  ampla  audiência.  Durante  seu 
funcionamento,  foram  ouvidas  dezenas  de  autoridades  federais,  estaduais  e  municipais,  além  de 
banqueiros e executivos de várias instituições financeiras envolvidos na negociação de títulos públicos. Os 
trabalhos  da CPI  duraram  nove  meses  e  seu  relatório  final,  redigido  por  Roberto  Requião,  foi  aprovado 
por  unanimidade  no  plenário  do  Senado  Federal  em  22  de  julho  de  1997,  sendo  posteriormente 
homologado  sem  modificações  pela  CPI  em  20  de  agosto,  contrariando  a  tentativa  feita  por  alguns 
parlamentares  de  atenuar  as  acusações  contidas  no  relatório  a  diversas  instituições  financeiras  e 
personalidades  políticas  importantes.  Após  a  aprovação,  o  documento  foi  enviado  para  o  Ministério 
Público para a abertura de processos judiciais. 

No  relatório  final  da  CPI,  de  cerca  de  1.200  páginas,  foi  definido  o  prejuízo  total  causado  pela 
emissão  irregular  de  títulos  para  o  pagamento  de  ações  judiciais  (os  precatórios)  em  237,9  milhões  de 
reais.  Além  disso,  o  relatório  responsabilizou  e  identificou  os  governadores,  prefeitos  e  secretários  de 
Fazenda dos estados e municípios investigados, assim como as instituições financeiras que participavam 
ativamente  do  esquema  (chamado  de  “cadeia  da  felicidade”).  Entre  os  políticos  citados  estavam  os 
governadores  de  Santa  Catarina  Paulo  Afonso  Vieira  (PMDB),  de  Pernambuco,  Miguel  Arrais  (PSB),  de 
Alagoas, Divaldo Suruagi (PMDB) e os prefeitos de São Paulo, Paulo Maluf (PPB) e Celso Pitta (PPB). Entre 
as instituições financeiras citadas estavam os bancos Vetor, Maxi Divisa e Bradesco, além de vários fundos 
de pensão. O relatório responsabilizou ainda o Banco Central, o Senado e o Poder Executivo por “leniência 
e  omissão”  no  controle  do  endividamento  de  estados  e  municípios  e  sugeriu  o  enquadramento  dos 
envolvidos  por  crime  de  falsidade  ideológica,  formação  de  quadrilha,  induzimento  à  especulação  e  ao 
estelionato, recomendações válidas tanto para chefes de governo quanto para as instituições financeiras 
que  fizeram  parte  do  esquema.  Além  disso,  o  relatório  reiterou  a  idéia,  já  sustentada  por  Requião  no 
Senado,  da  criação  de  uma  CPI  para  investigar  operações  do  mercado  financeiro,  solicitando  ainda  ao 
Banco Central a investigação do destino dos lucros auferidos pelos participantes do esquema e a feitura 
de uma profunda auditoria nos fundos de pensão que atuam no país. Por fim, pediu a união de esforços 
para  coibir  o  crime  organizado  e  a  criação  de  legislação  específica  para  evitar  a  lavagem  de  dinheiro. 
Como resultado das irregularidades apuradas pela CPI foram fechadas pelo Banco Central 22 instituições 
financeiras  envolvidas  com  operações  de  comercialização  de  papéis  de  estados  e  municípios  para  o 
pagamento  de  precatórios.  Na  ocasião,  Requião  defendeu  a  necessidade  da  ampliação  da  investigação 
para todo o sistema financeiro, a fim de se aprofundar a apuração das irregularidades com a negociação 
dos títulos verificadas pela CPI. 

Após  o  término  da  CPI  dos  títulos  públicos,  Requião  dedicou‐se  à  articulação  de  uma  frente  de 
oposição  visando  às  eleições  presidenciais  de  outubro  de  1998.  Na  ocasião,  reconciliou‐se  com  seu 
histórico  adversário  no  seio  do  PMDB,  Orestes  Quércia,  a  fim  de  fortalecer  a  tese  do  lançamento  da 
candidatura própria à presidência da República pelo partido. Continuou ainda na oposição ao governador 
Jaime Lerner, bloqueando no Senado a liberação dos empréstimos necessários ao financiamento de obras 
no estado e tornando públicos os termos do acordo com a empresa automobilística francesa Renault, em 
São José dos Pinhais (PR), então conduzido de maneira sigilosa pelo governo paranaense. Na convenção 
do PMDB realizada em 8 de março de 1998, Requião lançou‐se pré‐candidato à presidência da República 
pelo  partido  e  foi  um  dos  principais  articuladores  da  proposta  de  lançamento  da  candidatura  própria 
peemedebista, que acabou sendo derrotada na convenção. 

Após a derrota da tese da candidatura própria, Requião lançou‐se pré‐candidato ao governo do 
Paraná e passou a articular uma frente de oposição que incluía o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo 
em  vista  as  eleições  presidenciais  de  outubro  de  1998.  Sua  candidatura  ao  governo  do  estado  foi 
homologada pela convenção estadual do partido realizada em junho do mesmo ano. 

Em  outubro  de  1998,  disputou  o  governo  estadual  por  coligação  formada  pelo  PMDB,  pelo 
Partido  dos  Trabalhadores  (PT),  pelo  PDT,  pelo  Partido  Comunista  do  Brasil  (PCdoB),  pelo  Partido 
Comunista  Brasileiro  (PCB)  e  pelo  Partido  Verde  (PV),  além  de  agremiações  menores.  Foi,  contudo, 
derrotado por Jaime Lerner (PFL), já no primeiro turno, recebendo 1.786.149 sufrágios (45,91% dos votos 
válidos) contra 2.031.290 votos (52,21%) dados a seu oponente. 

No exercício de seu mandato, além das atividades citadas, foi um crítico ferrenho dos governos 
de Fernando Henrique Cardoso, no plano federal, e de Jaime Lerner, no plano estadual, denunciando as 
diretrizes “neoliberais” de ambos os governos e opondo‐se veementemente ao processo de privatização 
das  empresas  estatais  e  de  reformas  da  Constituição  conduzido  pelo  presidente  da  República.  Nas 
eleições  de  municipais  de  outubro  de  2000  teve  papel  decisivo  na  escolha  de  seu  irmão,  Maurício 
Requião, como candidato ao cargo de prefeito de Curitiba derrotando o candidato preferido pelas bases 
partidárias, o então deputado federal peemedebista Gustavo Fruet. O fraco desempenho de Maurício nas 
urnas  causou  forte  descontentamento  em  seu  partido,  sendo  determinante  para  o  progressivo 
afastamento da facção liderada por Gustavo Fruet do PMDB paranaense nos anos seguintes. No segundo 
turno das mesmas eleições foi eleito prefeito de Curitiba o candidato Cássio Taniguchi (PFL), apoiado pelo 
governador  Jaime  Lerner,  derrotando  o  candidato  do  Partido  dos  Trabalhadores  (PT)  Ângelo  Vanhoni, 
apoiado por Requião.  

Em maio de 2001 Requião foi reeleito presidente estadual do PMDB por dois anos, cargo que já 
exercia  desde  maio  de  1998.  Nesse  período,  também  participou  ativamente  de  várias  mobilizações 
ocorridas no estado contra as privatizações de empresas estatais tendo sido um dos principais líderes do 
Fórum Contra a Privatização da Companhia Paranaense de Energia (COPEL), no contexto da luta travada 
contra a privatização da empresa no Paraná em decorrência da tramitação do projeto de lei de iniciativa 
popular que impedia a venda da empresa pelo governo de Jaime Lerner. O movimento culminou com a 
realização de uma grande marcha contra a venda da Copel, em junho de 2001, que reuniu cerca de 3 mil 
pessoas e resultou na entrega do projeto de iniciativa popular ─ com cerca de 140 mil assinaturas ─ ao 
presidente  da  Assembléia  Legislativa  do  Paraná  (ALEP),  Hermas  Brandão  (PTB).  Apesar  da  intensa 
mobilização  ocorrida  em  torno  da  coleta  das  assinaturas  necessárias  ao  envio  da  proposição  para  o 
legislativo estadual paranaense, o projeto acabou sendo derrotado em tumultuada votação realizada na 
Assembléia Legislativa, em 20 de agosto de 2001, por 27 votos contra 26. Entretanto, apesar da derrota 
do  projeto,  a  privatização  da  empresa  estatal  paranaense  acabou  não  se  consumando  em  virtude  dos 
atentados de 11 de setembro de 2001 e a subseqüente falta de compradores para a companhia, o que 
acabou sendo interpretado pela opinião pública como uma vitória do movimento contra a privatização da 
Copel que culminou na votação do projeto de iniciativa popular pela ALEP.  

No  restante  de  seu  mandato  de  senador  tornou‐se  membro  titular  da  Comissão  de  Assuntos 
Econômicos do Senador Federal e em setembro de 2001 foi eleito presidente da Comissão Parlamentar 
Conjunta do Mercosul. Concentrou sua atuação em questões referentes à inserção do Brasil na economia 
internacional  e  na  crítica  ao  modelo  de  desenvolvimento  implantado  durante  os  dois  mandatos  de 
Fernando  Henrique  Cardoso,  utilizando  ainda  a  tribuna  do  Senado  para  intensificar  sua  oposição  ao 
governo de Jaime Lerner no Paraná à medida que se aproximavam as eleições de outubro de 2002. Nesse 
período,  ocupou  freqüentemente  a  tribuna  para  manifestar‐se  sobre  estes  e  outros  assuntos 
posicionando‐se contra a adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), considerando 
ser  esta  uma  proposta  que  favorecia  predominantemente  os  interesses  econômicos  estadunidenses,  e 
contra a abertura das empresas de comunicação brasileiras para o capital estrangeiro. 

Dentre  as  proposições  que  apresentou  na  legislatura  destacam‐se  os  projetos  obrigando  que 
todas  as  questões  deliberadas  no  plenário  das  duas  casas  do  Congresso  Nacional  fossem  objeto  de 
votação nominal, o projeto que determinava a extinção do jogo do bingo no Brasil, o projeto que obrigava 
a quebra do sigilo bancário de todas as autoridades com cargos públicos e com mandatos eletivos nos três 
níveis de governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), e o projeto de lei tornando obrigatória a impressão 
do  voto  nas  urnas  eletrônicas  por  ocasião  da  realização  das  eleições.  Este  última  proposta  de  Requião 
provocou grande debate no Congresso Nacional, sendo aprovada com várias modificações e transformada 
na Lei nº 10.408/02, regulamentando o voto eletrônico, também denominada de “Lei Jobim” em virtude 
das  modificações  introduzidas  na  proposição  através  de  sugestões  do  então  presidente  do  Tribunal 
Superior  Eleitoral  (TSE),  Nelson  Jobim,  visando  a  colocar  obstáculos  à  implantação  de  dispositivos  do 
projeto original de Requião. Tal estratégia acabou por revelar‐se bem sucedida pois, passadas as eleições, 
o  senador  Eduardo  Azeredo  apresentou  novo  projeto  de  lei  eliminando  a  necessidade  de  impressão  do 
voto  eletrônico.  Nessa  legislatura,  Requião  teve  ainda  aprovado  outro  um  projeto  de  sua  autoria 
garantindo o direito de resposta a todo cidadão quando atacado por meios de comunicação. 
Em  2002  o  Departamento  Intersindical  de  Assessoria  Parlamentar  (DIAP)  elegeu  Requião  como 
um  dos  “cabeças  do  congresso”,  qualificando‐o  com  um  dos  parlamentares  mais  articulados  e  bem‐
preparados do Congresso Nacional. 

Em  maio  do  mesmo  ano  juntamente  com  outras  lideranças  da  facção  oposicionista  do  PMDB, 
lançou um manifesto opondo‐se a que o partido decidisse pelo apoio a José Serra na convenção que seria 
realizada em junho, preconizando o lançamento de uma candidatura própria pelo partido ou, na pior das 
hipóteses,  uma  coligação  eleitoral  com  o  PT.  Na  ocasião,  Requião  chegou  a  registrar‐se  como  pré‐
candidato à presidência da República pelo PMDB para tentar impedir o apoio da legenda a Serra e entrou 
com uma ação no STF tentando impugnar a convenção do partido que deliberou pelo apoio ao candidato 
tucano.  Entretanto,  ambas  as  suas  tentativas  de  impedir  a  coligação  com  o  PSDB  não  foram  adiante, 
tendo a ação sido arquivada pelo STF e sua candidatura derrotada na convenção do partido que, por 433 
votos  contra  e  281  favoráveis  à  posição  de  Requião,  deliberou  pelo  lançamento  da  candidatura  da 
deputada Rita Camata (PMDB) como vice‐presidente na chapa de José Serra (PSDB).

Após  a  derrota  de  sua  posição  na  convenção  do  partido,  Requião  declarou  apoio  ao  candidato 
presidencial  do  PT,  Luís  Inácio  Lula  da  Silva,  e  dedicou‐se  a  sua  campanha  eleitoral  ao  cargo  de 
governador do Paraná para o pleito de outubro de 2002. Durante boa parte da campanha o candidato do 
Partido Democrático Trabalhista (PDT), Álvaro Dias, liderou as pesquisas eleitorais, tendo sido vitorioso no 
primeiro turno das eleições com 1.616.047 sufrágios (31,4% dos votos válidos), contra 1.347.353 (26,2%) 
obtidos  por  Requião.  Entretanto,  no  segundo  turno  das  eleições  Requião  conseguiu  utilizar‐se  dos 
debates na televisão para reverter a situação e terminou o pleito com 2.681.811 votos (55,15%) contra 
2.180.922 (44,85%) dados a seu adversário. Após as eleições, criticou duramente setores majoritários da 
cúpula  de  seu  partido  que  haviam  apoiado  a  candidatura  de  José  Serra  à  presidência  da  República  e 
defendeu  o  apoio  do  PMDB  ao  governo  do  candidato  eleito  no  segundo  turno  das  eleições,  Luís  Inácio 
Lula da Silva. 

Novamente no governo do estado

Empossado no dia 1° de janeiro de 2003, Requião assumiu pela segunda vez o governo do estado 
do  Paraná.  Logo  em  seu  discurso  de  posse  proferido  no  plenário  da  Assembléia  Legislativa  do  Paraná, 
atacou  duramente  o  conjunto  das  políticas  governamentais  implementadas  durante  o  governo  Lerner 
qualificando‐as  de  “neoliberais”  e  apresentou  detalhadamente  as  principais  diretrizes  de  seu  governo, 
radicalmente  opostas  às  de  seu  antecessor.  Assim,  prometeu  reestatizar  as  empresas  estatais  em 
processo  de  privatização  durante  o  governo  Lerner  e  baixar  os  preços  dos  pedágios  nas  estradas 
paranaenses, sob pena de cassar as concessões das empresas que administravam as rodovias pedagiadas. 
Assumindo o cargo num contexto de forte crise da segurança pública no estado, seu primeiro ato 
de  governo  foi  ocupar  interinamente  por  sessenta  dias  a  secretaria  de  Segurança  Pública  do  Paraná 
modificando o estatuto da Política Civil e nomeando dois membros do Ministério Público para o conselho 
da corporação. Além disso, decretou moratória por 90 dias para apuração dos gastos e contratos firmados 
pela  gestão  de  Jaime  Lerner.  Como  resultados  da  auditoria  foram  anulados  os  contratos  firmados  pelo 
governo anterior com várias agências de publicidade e empresas terceirizadas, em virtude dos elevados 
valores  a  serem  pagos  pelo  poder  público  estipulados  nesses  contratos.  Nos  meses  subseqüentes, 
Requião lançou ainda várias políticas sociais e de estímulo a micro e pequenos empresários que, segundo 
suas  declarações,  modificavam  radicalmente  as  diretrizes  do  governo  anterior.  Dentre  estas  medidas, 
destaca‐se  a  isenção  do  ICMS  para  pequenas  e  médias  empresas  paranaenses  que  aumentassem  as 
ofertas  de  postos  de  trabalho,  o  programa  “Luz  Fraterna”,  isentando  as  famílias  de  baixa  renda  do 
pagamento da taxa de energia elétrica, e o programa “Energia  Barata” que colocou o Paraná  como um 
dos estados com tarifa de energia elétrica mais barata de todo o país. Além disso, conforme prometera na 
campanha eleitoral, implementou o programa “Leite das Crianças” que chegou a beneficiar quase 200.000 
crianças que recebiam diariamente um litro de leite do governo do estado.

Em  abril  de  2003,  logo  no  início  de  sua  gestão,  Requião  baixou  decreto  determinando  o 
fechamento das casas de bingo, vídeo‐loterias e jogos de azar em todo o estado, revogando as resoluções 
do governo anterior que haviam possibilitado grande expansão destas atividades.

Desde o início de seu governo Requião também procurou aproximar‐se dos movimentos sociais, 
especialmente do Movimento Rural dos Trabalhadores Sem‐Terra (MST). Nesse sentido, determinou que 
as  desocupações  realizadas  a  partir  de  então  no  estado  por  ordem  judicial  fossem  realizadas  sempre 
durante  o  dia  e  supervisionadas  por  um  representante  do  Tribunal  de  Justiça  e  do  Ministério  Publico. 
Também  obteve  o  apoio  dos  movimentos  sociais  quando,  a  partir  de  outubro  de  2003,  sancionou  lei 
aprovada  pelo  legislativo  paranaense  proibindo  o  embarque  de  soja  transgênica  e  Organismos 
Geneticamente  Modificados  (OGM)  pelo  porto  de  Paranaguá.  Requião  foi  um  dos  principais 
propugnadores  da  medida  sob  a  alegação  de  que  as  empresas  de  biotecnologia  ainda  não  tinham 
respostas  concretas  para  os  possíveis  impactos  das  mudanças  genéticas  no  meio  ambiente  e  nos  seres 
humanos,  afirmando  que  o  cultivo  de  soja  transgênica  deixaria  os  produtores  à  mercê  das  grandes 
empresas que comercializavam as sementes em regime de oligopsônio. A decisão de Requião proibindo a 
comercialização e a exportação de soja transgênica nos portos paranaenses provocou forte oposição das 
principais associações do agronegócio no Paraná, e gerou uma ampla controvérsia política e jurídica que 
se prolongou por quase todo o seu primeiro mandato. Em dezembro de 2003 o Supremo Tribunal Federal 
concedeu por unanimidade liminar a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) movida pelo PFL 
contra a proibição do cultivo, da manipulação e da comercialização de produtos transgênicos no Paraná. 
Além de várias medidas na área social, Requião executou políticas de impacto em diversas outras 
áreas da administração pública com vistas a diferenciar‐se de seu  antecessor. Assim, na área financeira 
rompeu  o  monopólio  da  movimentação  dos  recursos  financeiros  do  estado  anteriormente  detido  pelo 
Banco Itaú, principal beneficiário do processo de privatização do Banco do Estado do Paraná (Banestado) 
durante o governo de Jaime Lerner, transferindo a movimentação financeira das contas do estado para 
empresas  estatais  federais  tais  como  o  Banco  do  Brasil  e  para  a  Caixa  Econômica  Federal.  Além  disso, 
promoveu  o  fortalecimento  das  empresas  estatais  paranaenses  que  haviam  sido  enfraquecidas 
financeiramente  ou  ameaçadas  de  privatização  durante  os  governos  anteriores,  saneando  e 
reorganizando  a  Copel,  anteriormente  posta  em  processo  de  privatização  pelo  governo  Lerner, 
empreendendo  a  reestruturação  acionária  e  a  retomada  do  controle  estatal  da  Companhia  de 
Saneamento  do  Paraná  (Sanepar),  anteriormente  sob  controle  acionário  de  empresas  privadas, 
determinando  ainda  a  re‐estatização  pela  Estrada  de  Ferro  Paraná  Oeste  (Ferroeste)  de  trechos  de 
ferrovias pertencentes à Ferropar Sociedade Anônima. Além disso, procurou intensificar os investimentos 
públicos  no  Porto  de  Paranaguá,  revertendo  a  abertura  ao  capital  privado  para  investimentos  no  Porto 
que também ocorrera durante o governo Lerner. 

Outro  segmento  empresarial  com  o  qual  Requião  teve  sucessivos  atritos  durante  seu  mandato 
foram as empresas concessionárias de estradas estaduais. Assim, cumprindo promessa de campanha em 
janeiro  de  2004  Requião  baixou  decreto  determinando  a  diminuição  imediata  dos  preços  das  rodovias 
pedagiadas  no  Paraná  e  declarando  “de  utilidade  pública  para  fins  de  desapropriação  e  aquisição  de 
controle acionário” cinco das seis concessionárias de rodovias do Estado ─ Ecovia, Rodonorte, Econorte, 
Rodovia das Cataratas e Viapar. O conflito de Requião com as empresas pedagiadas também permaneceu 
insolúvel  ao  longo  de  sua  gestão,  acumulando‐se  um  total  de  38 ações  do  governo  contra  as empresas 
concessionárias de estradas ao longo de seus dois mandatos, que não conseguiram no entanto reverter os 
termos  dos  contratos  firmados  com  governos  anteriores.  Como  reação  ao  impasse  jurídico  gerado  por 
suas  medidas  e  à  conseqüente  impossibilidade  de  resolução  do  problema  dos  excessivos  custos  do 
pedágio no estado, Requião determinou a construção das “Estradas da Liberdade”, visando a criação de 
rotas alternativas com desvios das estradas pedagiadas. 

Para divulgar as ações de seu governo criou um programa semanal transmitido ao vivo pela TV 
Educativa  do  Paraná,  a  “Escola  de  Governo”,  onde  Requião  e  seus  auxiliares  expunham  as  principais 
políticas  governamentais  para  um  público  formado  basicamente  por  funcionários  do  estado.  Também 
conhecida  como  “Escolinha  do  Requião”,  o  programa  foi  regularmente  realizado  às  terças‐feiras  e 
reprisado  nos  sábados  ao  longo  de  todo  o  seu  mandato,  tendo  sido  veículo  para  várias  declarações 
polêmicas ao longo de sua gestão. 
No pleito de outubro de 2006 Requião defendeu novamente a candidatura própria do PMDB nas 
eleições  presidenciais,  sendo  mais  uma  vez  derrotado  pelas  cúpulas  de  seu  partido  que  optaram  por 
apoiar o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva. Durante a campanha eleitoral enfrentou uma acirrada 
disputa  ao  concorrer  à  reeleição,  contrariando  as  expectativas  geradas  pela  divulgação  das  primeiras 
pesquisas que davam como certa sua recondução ao cargo. Nesse sentido, enfrentou forte oposição das 
forças agrupadas em torno da candidatura do senador pelo PDT e seu ex‐secretário da Agricultura, Osmar 
Dias,  ao  governo  do  estado,  que  conseguiram  levar  a  disputa  para  o  segundo  turno  revertendo  a 
vantagem  inicial  de  Requião  nas  primeiras  sondagens  eleitorais.  Apuradas  as  urnas  no  segundo  turno, 
realizado  no  final  de  outubro  de  2008,  Requião  venceu  a  eleição  por  estreita  margem  de  votos, 
perfazendo um total de 2.668.611 votos (50,1% dos votos válidos) contra 2.658.132 (49,9%) dados ao seu 
adversário Osmar Dias. Na ocasião, analistas políticos apontaram como determinante para sua vitória o 
apoio dado pelo presidente Lula na reta final do pleito, assim como o excelente desempenho eleitoral de 
Requião  em  cidades  com  menor  Índice  de  Desenvolvimento  Humano  (IDH)  dado  que  nos  colégios 
eleitorais com maior IDH Osmar Dias foi vitorioso. Por sua vez, Requião atribuiu sua vitória por estreita 
margem  de  votos  a  uma  suposta  campanha  que  movida  contra  si  pelas  grandes  redes  de  comunicação 
paranaenses, em especial a Rede Paranaense de Comunicação (RPC), afiliada da Rede Globo de Televisão 
no estado, e o jornal Gazeta do Povo. 

Pela terceira vez governador do Paraná

Ao assumir o mandato em 1° de janeiro de 2007 Requião tornou‐se o primeiro político na história 
do Paraná a ser eleito para três mandatos de governador. Em sua segunda gestão, continuou a enfrentar 
intensos  conflitos  com  o  Judiciário  e  com  a  imprensa  paranaense,  sofrendo  sucessivas  acusações  de 
nepotismo, ao empregar sua esposa, Maristela Requião, para a presidência do Museu Oscar Niemeyer, e 
três de seus irmãos para cargos importantes no primeiro escalão do governo, tais como Maurício Requião, 
na  secretaria  estadual  de  educação,  Eduardo  Requião  na  superintendência  dos  portos  de  Paranaguá  e 
Antonina,  e  Lúcia  Arruda  na  direção  do  Programa  do  Voluntariado  Paranaense  (Provopar).  Além  disso, 
vários  sobrinhos  e  primos  do  governador  ocuparam  cargos  de  segundo  escalão  ao  longo  de  seus  dois 
mandatos.   Posteriormente,  com  a  expedição  de  uma  súmula  pelo  STF  proibindo  a  contratação  de 
parentes  até  o  terceiro  grau,  em  agosto  de  2008,  Requião  modificou  o  estatuto  administrativo  de  seus 
parentes  no  cargo,  transformando‐os  em  secretários  especiais,  o  que  possibilitou  sua  continuidade  na 
equipe governamental. 

Em  agosto  de  2007  o  Ministério  Público  do  Paraná  entrou  com  um  pedido  à  Justiça  do  estado 
solicitando  a  demissão  de  todos  os  parentes  de  Requião  que  ocupavam  cargos  comissionados  no 
governo.  Em dezembro do mesmo ano o Ministério Público Federal entrou com outra ação civil pública 
contra Requião e o presidente da Rádio e TV Educativa do estado, Marcos Batista, por uso indevido da 
emissora.  De  acordo  com  a  procuradoria,  Requião  utilizava  a  tevê  educativa  de  seu  estado  para  fazer 
promoção pessoal e atacar a imprensa, adversários e instituições públicas. Na ação a procuradoria pedia 
também que, em caso de reincidência das irregularidades, a TV estatal tirasse do ar o programa “Escola 
de Governo”, veiculado ao vivo às terças‐feiras. No mês seguinte, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região 
(TRF‐4)  proibiu  o  governador  de  usar  a  TV  Educativa  do  Estado  para  promoção  pessoal,  ofensas  à 
imprensa, a adversários políticos e instituições. Em resposta à decisão do TRF, Requião distribuiu nota à 
imprensa acusando o tribunal de instituir a censura prévia no Paraná e cercear o livre direito de opinião 
de  representantes  do  povo.  Em  seguida,  Requião  foi  multado  diversas  vezes  por  descumprir  a  decisão 
judicial e a TV Educativa obrigada a veicular a cada 15 minutos nota emitida pela Associação dos Juízes 
Federais  do  Brasil  acusando  Requião  de  “debochar”  de  decisões  judiciais  e  de  “maltratar  o  regime 
democrático”.  A  controvérsia  prolongou‐se  por  todo  o  ano  seguinte,  inclusive  com  Requião  tendo  seus 
bens bloqueados por um período em virtude do não pagamento das multas. 

Em fevereiro de 2008 Requião envolveu‐se em novas polêmicas ao afastar‐se por 30 dias do cargo 
de  governador  para  participar  da  campanha  do  candidato  presidencial  às  eleições  paraguaias,  o  bispo 
Fernando  Lugo  Mendes.  Na  ocasião,  deputados  oposicionistas  na  Assembléia  Legislativa  levantaram 
suspeitas  de  que  Requião  estivesse  repassando  recursos  irregularmente  para  o  candidato  paraguaio  e 
chegaram a ameaçar com a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as 
relações  entre  ambos,  que  acabou  não  sendo  instalada  devido  à  forte  maioria  governista  no  legislativo 
paranaense.  A  participação  de  Requião  na  campanha  presidencial  do  Paraguai  repercutiu  inclusive  no 
Senado  daquele  país,  com  oposicionistas  de  Fernando  Lugo  acusando  Requião  de  ser  um  intermediário 
entre  o  presidente  da  Venezuela,  Hugo  Chávez,  e  o  candidato  que  posteriormente  venceria  as  eleições 
presidenciais de abril de 2008. 

Nas eleições municipais de outubro de 2008, Requião mais uma vez sofreu críticas em seu partido 
ao patrocinar a candidatura do ex‐reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, à prefeitura da Curitiba 
preterindo  outros  importantes  pré‐candidatos  peemedebistas  tais  como  o  ex‐prefeito  Rafael  Greca,  o 
deputado federal Marcelo Almeida e o deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior.  Apuradas as urnas 
das  eleições  municipais  o  prefeito  de  Curitiba,  Beto  Richa  (PSDB),  foi  reeleito  no  primeiro  turno  com 
77,27% dos votos válidos, tendo Moreira obtido um fraco desempenho nas urnas com apenas 1,9% dos 
votos  válidos,  provocando  forte  desgaste  político  de  Requião.  Após  a  derrota  nas  urnas,  Requião 
promoveu uma reforma em seu secretariado, nomeando o candidato derrotado para a chefia do gabinete 
de seu governo e seu irmão, Eduardo Requião, como secretário especial do Escritório de Representação 
do Paraná em Brasília.

No  final  de  2009  sua  tentativa  de  nomear  seu  outro  irmão  caçula,  Maurício  Requião,  como 
conselheiro  do  Tribunal  de  Contas  do  Paraná  foi  suspensa  pelo  STF.  Maurício  havia  chegado  a  tomar 
posse no cargo em julho de 2008, após ter sido eleito pela maioria governista da Assembléia Legislativa do 
Paraná.  Permaneceu  no  cargo  até  março  de  2009,  sendo  no  entanto  afastado  do  posto  devido  ao 
entendimento do STF de que a presença de Maurício no TCE feria a Súmula Vinculante n.º 13, que proibia 
o nepotismo. Em novembro do mesmo ano o STF referendaria a decisão, impedindo novamente Maurício 
Requião  de  tomar  posse  no  cargo,  não  obstante  os  recursos  impetrados  por  seus  advogados.  Nesse 
período,  Requião  lançou‐se  pré‐candidato  ao  Senado  Federal  pelo  PMDB  às  eleições  outubro  de  2010, 
participando ativamente das articulações políticas relacionadas à escolha de seu sucessor no governo do 
estado. 

Casou‐se  com  Maristela  Quarenghi  de  Melo  e  Silva,  com  quem  teve  dois  filhos.  Publicou 
discursos, relatórios e artigos em revistas especializadas, dentre os quais O direito à cidade (1986). 

Sérgio Soares Braga 

FONTES: CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1995‐1999); Folha de S. Paulo (31/1/95, 14/1/96, 
30/1/97,  5/2,  29/9,  10/10,  6/11/98  e  9/8/99);  http://www.senado.gov.br/  (último  acesso  em 
12/10/2009); http://www.tse.gov.br/ (último acesso em 12/11/2009); http://www.parana‐online.com.br/ 
(último  acesso  em:  12/11/2009);   http://www.folha.uol.com.br/  (último  acesso  em:  12/11/2009); 
http://www.bonde.com.br/folhadelondrina/  (último  acesso  em:  14/11/2009);  http://veja.abril.com.br/ 
(último  acesso  em:  14/11/2009);  http://www.terra.com.br/istoe/   (último  acesso  em:  14/11/2009); 
http://www.vigilantesdademocracia.com.br/ (último acesso em: 14/11/2009).

Вам также может понравиться