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Para o terico francs, Jacques Rancire (2009), a arte literria pode ser
definida como uma expresso daquilo que est no horizonte da democracia: a
igualdade.
No seu livro A partilha do sensvel (2009), Rancire define a democracia como
um processo sem fim de destituio de identidades hierrquicas, de
deslegitimao de posies de fala ( o famoso sabe com quem est falando?) e
de desregulao de hierarquias entre espao e tempo;processos que
produzem, igualdades, compreendidas como condio indispensvel para a
realizao de singularidades subjetivas, culturais, polticas, expressivas.
Rancire apresenta dois regimes para a arte: o esttico e o potico.
Para defini-los, faz-se necessrio compreender o que o autor de Inconsciente
esttico (2009) chamou de partilha do sensvel: as partes econmicas,
estticas, subjetivas, polticas de um socius.
O regime esttico da arte reparte as partes do socius, destituindo suas partes
desiguais. Por sua vez, o regime potico tende a se adaptar partilha desigual
do sensvel, seja por meio da crena na autonomia da arte, seja, por
consequncia, por meio da diferenciao entre arte e poltica.
Para Rancire, no entanto, ambos os regimes so polticos. A diferena
entre eles est no uso efetivamente realizado da dimenso poltica:o primeiro,
o regime esttico, assume a prxis poltica produzindo uma arte esteticamente
poltica ao reembaralhar a partilha desigual do sensvel; o segundo, por sua
vez, dissimulando-se no ser poltico, o da pior forma possvel, pois ratifica a
partilha desigual do sensvel, no ato mesmo de se crer como arte separada,
autnoma, hierarquizada.
O regime esttico identifica a arte visibilidade do trabalho, razo pela qual
Rancire, diz,em A partilha do sensvel:
preciso sair do esquema preguioso e absurdo que ope o culto
esttico da arte potncia ascendente do trabalho operrio. com o
trabalho que a arte pode adquirir o carter de atividade exclusiva [...]. O
culto arte supe uma revalorizao das atividades ligadas prpria
ideia de trabalho. Mas esta menos a descoberta da essncia da
atividade humana do que uma recomposio da paisagem do visvel, da
relao entre o fazer, o ser, o ver e o dizer. Qualquer que seja a
especificidade dos circuitos econmicos nos quais se inserem, as
prticas artsticas no constituem uma exceo s outras prticas.
Elas representem e reconfiguram as partilhas dessas atividades
(Rancire, 2009 p. 68-69).