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Vinte anos se passaram após a queda do Muro de Berlim (1989). Um muro que
não dividiu apenas uma cidade; dividiu o mundo. O simbolismo da queda do muro, e o
posterior esfacelamento da União Soviética (1991), à primeira vista, marcavam a
derrota do socialismo para o neoliberalismo ocidental. A bipolaridade, ou seja, a
dicotomia de dois pólos de poder no planeta (EUA e URSS, capitalismo e socialismo),
teria dado lugar à supremacia de Washington.
No entanto, a queda do Muro, antes de fixar o início de uma Nova Ordem, é, em
realidade, a representação da transição de um arranjo mundial para outro, que desde a
década de 1970 já se vinha configurando. Os novos atores mundiais (União Europeia,
NAFTA, China, etc.), as novas organizações sociais (como as Organizações Não-
Governamentais, ONGs), as crises financeiras (México, 1994, Leste Asiático, 1997,
Rússia, 1998, Brasil, 1999), o desmembramento da Iugoslávia (1991-2008), entre
outros, configurariam um ambiente de indefinição quanto a esse novo ordenamento
(unipolaridade ou multipolaridade?) que ainda hoje, num período pós-11 de setembro,
não é claro.
Nesta seção, estudaremos a chamada Nova Ordem Mundial, ordem essa que se
estabelece a partir do declínio relativo do poderio norte-americano, aproximadamente
na década de 1970, e da dissolução do regime socialista soviético nos anos 90.
1 Material elaborado por Aírton Martins, Ana Júlia Possamai e Joana Oliveira (alunos de Relações
Internacionais da UFRGS) com base em “VISENTINI, Paulo Fagundes. Dez Anos que Abalaram o Século XX
– da Crise do Socialismo à Guerra ao Terrorismo. Porto Alegre: Leitura XXI, 2002”.
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2 Durante a Conferência de Ialta (também conhecida como Conferência da Criméia), ocorrida no ano de
1945, encontraram-se os chefes de estado dos Estados Unidos da América, da União Soviética e da Grã-
Bretanha, numa tentativa de acordar sobre a reorganização dos territórios europeus após a Segunda
Guerra Mundial. Diversos pontos foram selados, entre eles a divisão da vencida Alemanha em quatro
zonas de influência.
3 Expressão primeiramente utilizada pelo então Primeiro Ministro do Reino Unido Winston Churchill, em
uma fala em 1946, referindo-se à barreira político-ideológica que separava a Europa em duas zonas de
influência (capitalista e socialista), onde cada potência desenvolveu alianças militares e econômicas.
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escalada a uma nova guerra mundial – a qual, nestas condições, teria proporções
catastróficas. Foram as guerras localizadas, na periferia do planeta, que marcaram esse
período, como a Guerra da Coréia (1950-53), a Guerra do Vietnã (1959-75), a Guerra do
Afeganistão (1979-89), entre outras.
Esse estado de relativa détente4 entre as superpotências só viria a ser abalado
com a Crise dos Mísseis em Cuba (1962), quando os interesses de EUA e URSS chocaram-
se fortemente.
Para os Estados Unidos, a Crise dos Mísseis, aliada ao seu esforço despendido no
Ataque à Baia dos Porcos (1962), às perdas no Vietnã, e às duas crises de petróleo (1973
e 1979) acabou implantando um estado de crise e fraqueza no modelo fordista5 e
keynesiano6 que sustentava o capitalismo ocidental. Buscando fazer frente a essa crise,
os países capitalistas (EUA, países europeus e Japão, sobretudo) se veem engajados na
chamada Revolução Científico-Tecnológica, cujo objetivo era a busca por maior
produtividade através do uso de tecnologias e da redução de custos da matéria-prima e
da mão-de-obra. A sua consequência é a cada vez maior competitividade intercapitalista
– competitividade essa que passaria a ser o motor do processo de globalização.
Ao mesmo tempo, a crise econômica, a reestruturação do capitalismo e as
derrotas estadunidenses em regiões estratégicas do Terceiro Mundo (principalmente no
Vietnã) geraram inúmeras tensões sociais esquerdistas e nacionalistas. Diante dessa
situação de caos, a reação da Nova Direita nos países centrais é forte. A década de 1980
viria a assistir a ascensão da Primeira Ministra Margareth Thatcher na Grã-Bretanha e
do Presidente Ronald Reagan nos EUA, ambos com visões neoliberais7 e conservadoras.
Reagan lançou a mais ousada estratégia militar do país à época: a Guerra das Estrelas8 –
que muito lhe custaria, mas à qual o outro pólo (a URSS) não conseguiria fazer frente.
Por sua vez, na União Soviética a crise não se limitaria à esfera econômica,
atingindo a institucional. Durante os anos 1960, no começo do governo de Brejnev, o
4 Situação internacional em que nações que tinham anteriormente um relacionamento hostil (sem, no
entanto, estarem em um estado de guerra declarada) passam a restabelecer relações diplomáticas e
culturais, apaziguando seu relacionamento e diminuindo o risco de conflito declarado.
5 O fordismo é um modelo de produção em massa que revolucionou a indústria automobilística. Uma das
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contaram com as mesmas fronteiras administrativas que lhe definiam aos tempos da ex-
URSS. Dito isso, não é difícil imaginar que tenham surgido inúmeros problemas de cunho
fronteiriço e migratório na região. Com os novos limites territoriais, e visto o vasto fluxo
migratório que ocorreu durante a União, da noite para o dia milhões de pessoas
tornaram-se estrangeiras dentro de seus próprios países.
Porém, a maioria dessas jovens nações carecia de quadros tecno-burocráticos e
estruturas político-administrativas para as novas tarefas de autogoverno – situação
agravada com o vazio político que se criara com a interdição do Partido Comunista na
região. Nesse vácuo, as máfias se consolidaram; a criminalidade generalizada trouxe
violência, roubo, prostituição e tráfico de drogas; cresceram a pobreza, a marginalização
e a taxa de mortalidade; até mesmo os níveis de educação e saúde, comparáveis ao
Primeiro Mundo noutros tempos, rapidamente regrediram aos do Terceiro Mundo9.
Face a essa realidade na antiga esfera de poder soviética, no princípio da última
década do século XX, os Estados Unidos tornam-se a única superpotência e, dessa forma,
precisavam reorganizar o sistema mundial para garantir sua hegemonia.
No entanto, há de se lembrar que o poder que Washington havia construído nas
últimas décadas tinha sustentação sobre a oposição que a URSS lhe fazia. Nesse novo
contexto, faltava-lhe um “competidor estratégico”. Assim, tão logo os EUA sentiram a
necessidade de pôr em ação uma série de instituições e práticas que legitimassem sua
posição superior no sistema mundial. Essas “estruturas hegemônicas de poder” visariam
a afirmar seus valores universais (de democracia liberal, economia de mercado, abertura
à globalização, defesa dos direitos humanos e das minorias e ambientalismo) através de
organismos e regimes internacionais.
Apesar de o prestígio dos EUA ter, em parte, diminuído no apagar do frio conflito,
o gigante do Ocidente ainda conservava a primazia militar e a ascendência sobre as mais
importantes organizações internacionais da esfera econômica e política. Com esse poder
de barganha em mãos, os EUA atuam de forma pontual através dos instrumentos
internacionais sobre os quais detêm expressiva influência no intuito de refrear a
ascensão de uma força que contrarie a lógica concebida por Washington.
Dentro desse raciocínio, por exemplo, nas zonas onde os EUA sofreriam maior
desgaste (sobretudo regiões de tensão social e política, como o Oriente Médio), o país dá
suporte a intervenções do Conselho de Segurança das Nações Unidas10, contando com o
9 No espaço da antiga URSS, surge a Comunidade de Estados Independentes – articulada por Bóris Ieltsin.
Dela fazem parte Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Armênia, Azerbaijão, Moldova, Cazaquistão, Quirguistão,
Tadjiquistão, Uzbequistão, Geórgia (até 2009) e Turcomenistão (como membro associado).
10 O Conselho de Segurança das Nações Unidas com responsabilidades sobre a segurança mundial. O órgão
tem o poder de autorizar uma intervenção militar em algum país, quando julgado necessária. O Conselho
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envolvimento de seus aliados locais – o que lhe permite redistribuir os custos das suas
iniciativas internacionais. Da mesma forma, faz-se uso do Banco Mundial, do FMI11 e das
Cúpulas do G-712 para impor uma política econômica mundial.
Ademais, neste novo cenário, a velha OTAN aparece como modelo ideal de
instrumento para a manutenção e expansão da supremacia norte-americana sobre a
Europa. Há de se observar que a Aliança permitia aos Estados Unidos não apenas
repartir os custos de defesa de um novo sistema com os aliados, mas também submeter
os membros europeus a uma estratégia geral formulada por Washington.
No entanto, a superpotência também tinha o dever de reconhecer que o cenário
internacional estava se reorganizando, e antigos jogadores ganhavam forte e renovado
papel. A Alemanha e a França lideravam o processo de criação da União Europeia
(através do Tratado de Maastricht, 1992), o Japão há muito vinha crescendo (baseado na
indústria de tecnologia de ponta) e a China socialista começava a despontar de
sobremaneira. Além disso, o excesso de desregulamentação financeira, promovida desde
o neoliberalismo de Reagan e expandida com a globalização, logo mostraria seus efeitos
na sequência de crises econômicas que assolaram a década de 1990. A Nova Ordem não
prometia ser um ambiente estável.
de Segurança é composto por quinze membros, sendo cinco membros permanentes: os Estados Unidos, a
França, o Reino Unido, a Rússia (ex-União Soviética) e a República Popular da China.
11 O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional que visa a assegurar o bom
Unidos, do Reino Unido, da Alemanha, do Japão, da Itália e do Canadá. A partir de 1997, a Rússia
formalmente começou a participar do grupo, dando origem ao G-8.
13 O Pentágono é a sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
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14 O Movimento dos Países Não-Alinhados teve sua primeira conferência realizada em Bandung, na
Indonésia, em 1955, e tinha como objetivo criar a possibilidade de uma posição de neutralidade, no
contexto do mundo bipolar da Guerra Fria.
15 Apesar desse processo em 1992, a Macedônia enfrenta até hoje dificuldades com seu reconhecimento
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Sérvia, Montenegro e Kosovo são bombardeados sem parar. Uma força de paz é enviada
para a província de Kosovo, que passa a ser administrada de fato pela ONU16.
Neste contexto, o que se deve ter em mente é que, ao ocupar Kosovo e mais tarde
fomentar a independência da região de Montenegro17 na Sérvia, as forças da OTAN – que
já possuíam tropas na Hungria, na Bósnia, na Albânia e na Macedônia – planejavam
engrossar sua presença na região e sufocar a Iugoslávia, cortando seu acesso ao mar.
Como Samuel Huntington (1996) ressaltou, a região é considerada ao mesmo tempo: a)
a fronteira entre o Ocidente e a religião ortodoxa, b) o limite da União Européia e da
OTAN expandidas, e c) a retaguarda da Turquia, entre Europa, Ásia e Oriente Médio. A
presença na Iugoslávia serviu como pretexto dos Estados Unidos para demonstrar à
Europa a necessidade de manutenção da OTAN, além de servir-lhe para fincar pé nessa
região geopolítica estratégica.
Além disso, a guerra “tratou-se também de uma política destinada a destruir uma
economia diferente da globalização capitalista e do neoliberalismo ou, ao menos, o que
resta dela” (VISENTINI, 2002). Uma vez que historicamente a Iugoslávia se negou à
submissão ao Ocidente, pode-se arguir que a estratégia da OTAN nos Bálcãs foi mais
uma parte de um longo plano para enquadrar o país eslavo à “Nova Ordem Mundial”. Ao
final, a Iugoslávia passa de um país soberano a um conglomerado de seis repúblicas
regionais e duas províncias autônomas, divididas em linhas étnicas e reduzidas à
pobreza e persistente instabilidade.
Globalização e regionalização
Como fruto da Revolução Científico-Tecnológica da década de 1970 e da lógica
neoliberal inaugurada por Reagan a Thatcher no mundo ocidental nos anos 1980, tão
logo se daria margem para o desencadeamento de um processo conhecido como
globalização.
O termo globalização está longe de ter uma definição única, mas nos
aproximamos da sua compreensão ao vislumbrar um ambiente de liberalização do
comércio internacional, extrapolação das fronteiras nacionais pelas empresas
capitalistas (transnacionais), ampliação da competição intercapitalista, interpenetração
das indústrias a nível global (cadeias de produção desterritorializadas, com peças
Estados Unidos (entre outros), mas não pela Rússia (que teme que o exemplo kosovar possa vir a
incentivar levantes separatistas na região, como na Chechênia).
17 A independência de Montenegro foi consolidada em 2006, após plebiscito.
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Empresas que importam peças e componentes de suas matrizes estrangeiras para que os produtos
sejam manufaturados (montados) e depois exportados de volta para o país de origem da empresa ou para
outros países em que o produto seja competitivo.
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única comum, o euro19. Além de questões econômicas, o bloco passou a tratar, de forma
conjunta, importantes temas como migrações, conflitos, narcotráfico, instabilidade
financeira, segurança, etc. Sobre esse último tema, o questionamento sobre a
permanência ou não na OTAN ainda está em pauta – já que a Aliança, criada num
ambiente totalmente distinto do atual, pode ser considerada um entrave à maturidade
político-institucional do bloco europeu.
Em 1995, o bloco iniciou seu processo de alargamento com a entrada da Áustria,
Suécia e Finlândia. Hoje, conta com vinte e sete países20. Nesse estágio, o bloco conta
com a terceira maior população mundial (atrás apenas da China e da Índia) e um
Produto Interno Bruto (PIB)21 equivalente ao dos Estados Unidos.
A Turquia e Croácia começaram negociações em 2005 para compor o bloco. Vale
notar que Albânia, Bósnia-Herzegóvina, Kosovo, Montenegro e Sérvia (ou seja, as
províncias da ex-Iugoslávia) já declararam interesse em fazer parte da UE. Entretanto, o
debate sobre a expansão do bloco não é tranquilo, uma vez que se trata da incorporação
de países com economias relativamente débeis que dependerão de fortes investimentos
do bloco para se enquadrarem dentro da economia liberal. O exemplo da Grécia neste
ano de 2010 é emblemático desta situação.
Lado a lado a esse processo de regionalização, a globalização e a abertura de
mercado permitiram a ascensão de uma nova potência econômica (e, a que tudo indica,
militar): a China. Na década de 1990, no pós-Guerra Fria, a promessa asiática recaía
sobre o Japão. O crescimento acelerado da China não era visto como sustentável. No
entanto, após a forte recessão que atacou Tóquio em no final da década de 1990, o
quadro atual vê voar o dragão chinês.
A economia chinesa tem se destacado quando comparada com as demais
economias emergentes e em desenvolvimento, no que tange às elevadas taxas de
crescimento verificadas no período pós-reforma, que se inicia a partir do final dos anos
70. O líder Deng Xiaoping, que viria a suceder Mao, transformou o país comunista de
uma economia planificada em uma economia mista. Através da abertura do país ao
mercado externo, pela criação de Zonas Econômicas Especiais junto ao litoral Ocidental
do país, a China tornou-se uma das economias com mais rápido crescimento, sendo o
maior exportador mundial da atualidade.
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22 A Organização Mundial do Comércio, criada em 1994 na Rodada do Uruguai do Acorde Geral de Tarifas
e Comércio (GATT), trata das regras sobre o comércio entre as nações. A China entrou na OMC em 2001.
23 Interligando o Ocidente ao hemisfério Oriental, a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC),
França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do
Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia.
25 A Organização para Cooperação de Xangai é um organismo internacional fundado em 2001 por China,
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27 Em 2000, Bush havia perdido as eleições na contagem do voto popular, vencendo apenas nos colégios
eleitorais.
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A cidade de Nova York é símbolo do American way of life, e, igualmente, trata-se de uma cidade
internacional, centro do poder financeiro mundial e das Nações Unidas. Washington, particularmente o
Pentágono, alvo dos ataques terroristas, constitui o núcleo e o ícone do poder político-militar da grande
potência do século XX.
29 Osama Bin Laden está longe de ser um camponês afegão. É um multimilionário saudita e
fundamentalista que vive no Afeganistão, e que estaria entre os mentores de anterior ataque ao World
Trade Center e a embaixadas americanas na África. Este homem, que já trabalhou para a CIA durante a
guerra contra os soviéticos em 1979, e possui recursos necessários para as ações terroristas.
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30 Organização político-militar criada pelo Estado Islâmico do Afeganistão em 1996, com o fim de unir
diversos grupos demográficos afegãos que vinham combatendo uns aos outros para lutarem juntos contra
o Talibã.
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nucleares e afirmou que, se a ONU não tomasse nenhuma atitude, os Estados Unidos o
fariam.
Em fevereiro de 2003, os delegados da ONU chegaram à conclusão que não havia
nenhum tipo de arma de destruição em massa no Iraque. Contudo, contrariando o
Conselho de Segurança da ONU, o presidente George W. Bush formou uma coalizão
militar e, em março de 2003, contando com o apoio de tropas britânicas, italianas,
espanholas e australianas, os deram início à Operação Iraqi Freedon, atingindo o Iraque
com um intenso bombardeio.Em pouco tempo, a força de coalizão conseguiu derrubar o
governo de Saddam Hussein e instituir um governo de natureza provisória.
Após eleições e o estabelecimento de uma nova constituição no país, o
restabelecimento da soberania política do país era esperado, bem como o fim do
processo de ocupação das tropas norte-americanas. No entanto, o cenário político
iraquiano esteve longe de uma estabilização. Os grupos políticos internos, sobretudo
dominados por facções xiitas e sunitas31, enfrentam-se em diversos conflitos civis. Ao
longo desses anos de ocupação, os Estados Unidos vêm empreendendo uma batalha que
não parece ter fim. Em 2008/09, com o fim da era Bush e o novo governo Obama, existe
uma grande expectativa sobre o fim da presença militar dos EUA no Iraque.
31 Xiitas e sunitas são as duas correntes predominantes do Islã, que se diferenciam em relação ao profeta
Maomé e sua descendência. Os Sunitas consideram os sucessores diretos do profeta Muhammad Maomé,
já os Xiitas acreditam que o sucessor deveria ser Ali, genro do profeta. Os Sunitas correspondem a 85% de
todos os adeptos da região islâmica do mundo, com uma grande maioria em países como Arábia Saudita,
Egito e Indonésia, enquanto os Xiitas predominam em países como Irã e Iraque. De um modo geral, os
Xiitas correspondem à ala mais conservadora do Islã.
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32Embora a China venha despontando como o grande ator do século XXI e venha investindo em matéria
militar e econômica, ainda não assumiu o perfil de grande ator político no sistema internacional.
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LEITURAS COMPLEMENTARES33
Leitura obrigatória
VISENTINI, Paulo Fagundes. De Berlim a Nova Iorque, 1989-2009: a queda do muro
socialista e do muro financeiro (Wall Street). Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 46, p.
51-71, jul./dez. 2009.
Leitura complementar
VISENTINI, Paulo Fagundes. O sistema global 20 anos após a queda do Muro de Berlim:
entre as realizações e o desencanto. Cadernos Adenauer, Rio de Janeiro, v.2, p. 111,
nov. 2009.
LINKS ÚTEIS
1. Geografia Geral e do Brasil
Site com artigos e questões de vestibular.
Disponível em <http://www.geografiaparatodos.com.br/>.
3. Correio Internacional
Blog de notícias nacionais e internacionais, voltado para o público jovem brasileiro.
Disponível em <http://www.correiointernacional.com/>.
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FILMES
Adeus, Lenin (2003), de Wolfgang Becker.
Resenha disponível em <http://migre.me/EH3m>.
LEITURAS SUGERIDAS
ALBUQUERQUE, José Augusto Guilhon. Relações Internacionais Contemporâneas: a
ordem mundial depois da Guerra Fria. Petrópolis: Vozes, 2005.
HALLIDAY, Fred. Repensando as relações internacionais. Porto Alegre: Ed. da
Universidade, UFRGS/FAPA, 1999.
HUNTINGTON, Samuel. O choque de civilizações e a recomposição da ordem
mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.
KENNEDY, Paul. Preparando para o Século XXI. Rio de Janeiro: Campus, 1993.
PECEQUILO, Cristina Soreanu: A Política Externa dos Estados Unidos: mudança ou
continuidade? Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 2003.
SANTOS, Milton, e outros (Orgs.). Fim de século e globalização. São Paulo:
HUCITEC/ANPUR, 1993.
VISENTINI, Paulo Fagundes. Dez Anos que Abalaram o Século XX – da Crise do
Socialismo à Guerra ao Terrorismo. Porto Alegre: Leitura XXI, 2002
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