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O artigo discute práticas de letramento fora da escola e suas implicações no letramento escolar. A autora apresenta pesquisas sobre letramentos em comunidades quilombolas, jovens ativistas negros e alfabetizadores populares, mostrando como esses letramentos moldam a vida das pessoas e deveriam ser considerados no ensino formal.
O artigo discute práticas de letramento fora da escola e suas implicações no letramento escolar. A autora apresenta pesquisas sobre letramentos em comunidades quilombolas, jovens ativistas negros e alfabetizadores populares, mostrando como esses letramentos moldam a vida das pessoas e deveriam ser considerados no ensino formal.
O artigo discute práticas de letramento fora da escola e suas implicações no letramento escolar. A autora apresenta pesquisas sobre letramentos em comunidades quilombolas, jovens ativistas negros e alfabetizadores populares, mostrando como esses letramentos moldam a vida das pessoas e deveriam ser considerados no ensino formal.
Profa. Ana Lcia de Campos Almeida Alfabetizao e Letramento (2LET836)
KLEIMAN, Angela B. Trajetrias de acesso ao mundo da escrita: relevncia das prticas no escolares de letramento para o letramento escolar. In: PERSPECTIVA, Florianpolis, v. 28, n. 2, 375-400, jul/dez 2010. SNTESE DO TEXTO Neste artigo, a autora apresenta as duas linhas de pesquisa desenvolvidas pelo grupo de pesquisa Letramento do Professor, tendo a primeira como objetivo o desenvolvimento, anlise e documentao de projetos de letramento e seus efeitos no letramento escolar e, a segunda, o objetivo de focalizar prticas de letramento locais e seus impactos nas identidades de lderes e agentes comunitrios. Ambas visam contribuir para o desenvolvimento de programas de ensino favorveis aos alunos socialmente mais vulnerveis, cujo acesso ao mundo da escrita encontra mltiplos obstculos. Discute tambm os aspectos do letramento escolar, apontando implicaes dessa concepo para o ensino e a pesquisa, com base em uma concepo scio-histrica do letramento, que se ope a uma concepo instrumental dos usos da escrita. A premissa desse grupo que o letramento um processo identitrio, j que a insero na cultura da escrita equivale a um processo de aculturao, em que a violncia simblica est pressuposta. Para a perspectiva identitria, interessam tanto as trajetrias singulares de sujeitos que atuam como agentes de letramento em suas comunidades de origem quanto os esforos coletivos de insero na cultura letrada por parte de determinados grupos, movidos por finalidades polticas, econmicas, sociais e culturais, geralmente em trajetrias coletivas ou individuais de luta e resistncia. Examinar essas trajetrias relevante para entender o papel da coletividade, da resistncia, da subverso no letramento desses grupos, o que se ope a uma concepo instrumental, funcional da escrita, centrada nas capacidades individuais. Tais letramentos, denominados de resistncia, de colorao local e singulares, s margens da educao formal, que moldam a vida cotidiana das pessoas, so menos visveis e recebem menor apoio. O artigo traz os resultados de pesquisas sobre esses letramentos em trs grupos: comunidades quilombolas do Sul do pas; grupos de jovens ativistas negros do movimento hip-hop na cidade de So Paulo; e alfabetizadores populares, sem diploma, ensinando adultos a ler e escrever na periferia da cidade de So Paulo. Para Kleiman, o elemento-chave a escrita para a vida social, sendo necessrio sugerir prticas e atividades que de fato visem ao desenvolvimento do letramento do aluno, entendido como o conjunto de prticas sociais nas quais a escrita tem um papel relevante no processo de interpretao e compreenso dos textos orais ou escritos circulantes na vida social, contextualizando os objetos de ensino e proporcionando um marco para a atribuio de sentidos pelos alunos. A autora define o letramento vernacular como aquele no institucionalizado, menos prestigiado e visvel que as prticas escolares. Nesse processo de autoafirmao identitria, a interao determinante e, analisando prticas de lderes de movimentos populares, Kleiman aponta os conflitos daqueles que presenciam constantemente os abusos de poder infringidos por meio da escrita, mas que devem aderir a essas prticas, sem identificar-se ou ser identificado com grupos alheios aos interesses de suas comunidades de origem. As anlises realizadas ajudam a
compreender o dinamismo e a riqueza cultural dos eventos de letramento e mostram
a necessidade de ruptura com os pressupostos do currculo tradicional a fim de promover experincias de acesso, circulao e dinamizao das prticas de letramento para a vida social. Esses estudos permitem observar outros modos de acesso e distribuio dos bens culturais, de trajetrias de formao, de insero nas prticas culturais hegemnicas que culminam na apropriao das prticas de letramento. Esses projetos apresentados so um ponto de partida para formular experincias de letramento escolar que favoream alunos mais frgeis do ponto de vista social e econmico e diminuam as dificuldades e tenses no processo de acesso aos universos da escrita.