Fitoterapia Aplicada
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Fitoterapia Aplicada - Eugenia Gomes
FITOTERAPIA
EUGENIA GOMES
FITOTERAPIA APLICADA
NOÇÕES DE FITOTERAPIA
APRESENTAÇÃO
Fitoterápicos são utilizados por automedicação ou por prescrição médica a maior parte não tem o perfil tóxico bem conhecido. Atualmente estão incorporados aos vários Programas de Fitoterapia como opção terapêutica eficaz e pouco custosa. A importância da inclusão dos fitoterápicos nos programas de farmacovigilância vem sendo reconhecida nos últimos anos por vários países da Europa, Reino Unido e Alemanha, onde várias plantas foram submetidas à farmacovigilância e muitas delas foram retiradas do mercado devido a importantes efeitos tóxicos e risco para uso humano. O aumento no número de reações adversas reportado é possivelmente justificado pelo aumento do interesse populacional pelas terapias naturais observado nas últimas décadas. A farmacovigilância de plantas medicinais e fitoterápicos é uma preocupação emergente e através do sistema internacional será possível identificar os efeitos indesejáveis desconhecidos, quantificar os riscos e identificar os fatores de riscos e mecanismos, padronizar termos, divulgar experiências, entre outros, permitindo seu uso seguro e eficaz.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................8
CAPÍTULO 1
FITOTERAPIA....................................................................................13
CAPÍTULO 2
USO DA FITOTERAPIA......................................................................20
Conceitos da Fitoterapia..................................................23
CAPÍTULO 3
LITERATURA ESPECIALIZADA E A PRODUÇÃO FITOTERÁPICA........27
CAPITULO 4
MATÉRIA PRIMA................................................................................30
CAPÍTULO 5
QUALIDADE DA MATÉRIA PRIMA......................................................36
CAPÍTULO 6
PLANTAS MEDICINAIS MAIS COMUNS.......................................41
Plantas Medicinais e Fitoterápicas...................................43
CAPÍTULO 7
FITOTERAPIA E A CULTURA ANTIGA.................................................45
Princípios Ativos..............................................................................45
Atenção ao Uso................................................................................46
Derivados de Drogas Vegetais..........................................................47
CAPÍTULO 8
IDADE CONTEMPORÃNEA.................................................................50
Século XVI – XX...............................................................................51
Dias Atuais......................................................................................51
CAPÍTULO 9
VANTAGENS E RISCOS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTI
COS FITOTERÁPICOS........................................................................53
CAPÍTULO 10
FITOTERAPIA E ÓLEOS ESSENCIAIS.................................................56
CAPÍTULO 11
ÓLEOS ESSENCIAIS..........................................................................70
CAPÍTULO 12
FITOTERAPIA HISTÓRICO SEUS USOS.............................................75
CAPÍTULO 13
FITOTERAPIA E EREGULARIZAÇÃO..................................................80
CONCLUSÃO.....................................................................................84
BIBLIOGRAFIA..................................................................................85
NOTAS...............................................................................................86
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INTRODUÇÃO
Fitoterapia, (do grego therapeia = tratamento e phyton = vegetal) é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças.
Ela surgiu independentemente na maioria dos povos. Na China, surgiu por volta de 3.000 a.C., quando o imperador Cho-Chin-Kei descreveu as propriedades do Ginseng e da Cânfora.
Deve-se observar que a definição de medicamento fitoterápico é diferente de fitoterapia pois não engloba o uso popular das plantas em si, mas sim seus extratos. Os medicamentos fitoterápicos são preparações elaboradas por técnicas de farmácia, além de serem produtos industrializados. Há uma grande quantidade de plantas medicinais, em todas as partes do mundo, utilizadas há milhares de anos para o tratamento de doenças, através de mecanismos na maioria das vezes desconhecidos.
O estudo desses mecanismos e o isolamento do princípio ativo (a substância ou conjunto delas que é responsável pelos efeitos terapêuticos) da planta é uma das principais prioridades da farmacologia.
Enquanto o princípio ativo não é isolado, as plantas medicinais são utilizadas de forma caseira, principalmente através de chás, ultra diluições, ou de forma industrializada, com extrato homogêneo da planta.
Ao contrário da crença popular, o uso de plantas medicinais não é isento de risco.
Além do princípio ativo terapêutico, a mesma planta pode conter outras substâncias tóxicas, a grande quantidade de substâncias diferentes pode induzir a reação alérgica, pode haver contaminação por agrotóxicos ou por metais pesados. Essa grande quantidade de substâncias que também podem ser tóxicas é originada da evolução das plantas, pois estas são seres vivos e como tal, não possuem vantagens em serem predadas ou danificadas.
Desta forma, como não possuem meios de se defenderem de animais herbívoros e fitófagos, desenvolveram diferentes defesas químicas ao lon
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go de sua evolução. Algumas dessas substâncias podem ser úteis para as pessoas, outras prejudiciais, como oxalatos e ácido cianídrico, ambos tóxicos. Um exemplo clássico é a cafeína, que em um animal de grande porte como o ser humano é estimulante, mas em um inseto que tenta predar a semente do café pode ocorrer uma reação muito forte, podendo levá-lo a morte.
Além disso, todo princípio ativo terapêutico é benéfico dentro de um intervalo de quantidade - abaixo dessa quantidade, é inócuo e acima disso passa a ser tóxico. Na forma industrializada, o risco de contaminações pode ser reduzida através do controle de qualidade da matéria prima, mas mesmo assim a concentração do princípio ativo em cápsulas pode variar. Nas ultradiluições, como na homeopatia, não há o princípio ativo na apresentação final, o que elimina os riscos anteriores, entretanto não há nada que indique que haja qualquer efeito benéfico.
À medida que os princípios ativos são descobertos, eles são isolados e refinados de modo a eliminar agentes tóxicos e contaminações, e as doses terapêutica e tóxica são bem estabelecidas de modo a determinar de forma precisa a faixa terapêutica e as interações desse fármaco com os demais. No entanto, o isolamento e refino de princípios ativos também não é isento de críticas porque pretende substituir o conhecimento popular tradicional e livre, testado há milênios, por resultados provindos de algumas pesquisas analítico científicas que muitas vezes são antagônicas.
Com a maior biodiversidade do mundo, sendo responsável por aproximadamente 20% da flora mundial, o Brasil exibe notoriedade no que diz respeito ao desenvolvimento de novas metodologias terapêuticas baseadas em produtos naturais (Calixto, 2003). Entre esses produtos, estão às plantas medicinais, que segundo a Organização Mundial de Saúde correspondem a todas as espécies vegetais que apresentam em uma ou mais partes, substâncias químicas capazes de desempenhar atividades farmacológicas, auxiliando na cura e/ou tratamento de várias doenças (OMS, 1998). A atividade farmacológica em plantas deve-se a presença de princípios ativos capazes de desempenhar inúmeras atividades biológicas, exercendo um papel fundamental frente ao processo de saúde-doença. (Filho & Yunes, 1998; Phillipson, 2001).
No contexto da utilização de plantas medicinais, a abordagem etnodirigida, ou seja, aquela em que a seleção das espécies se baseia no conhecimento popular, têm contribuído com a síntese de novos produtos farmacêuticos, uma vez que este atual como facilitador no processo de bioprospecção em plantas (Albuquerque & Hanazaki, 2006; Brandão et al, 2010). Estima-se que apenas nos últimos 25 anos, 77,8% de todos os
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medicamentos anticancerígenos descobertos são provenientes de produtos naturais (Nogueira; Cerqueira & Soares, 2010). Com registros datando desde 60.000 anos a.C., estando presentes em diversas culturas, como a Egípcia, Hindu, Persa, Grega e os povos da américa pré-colombiana as plantas medicinais podem ser consideradas uma das formas mais antigas de práticas terapêuticas, sendo o somatório de todas essas contribuições culturais às responsáveis pelos avanços científicos atuais na área de produtos naturais (Viegas; Bolzani & Barreiro, 2006).
A associação dos conhecimentos indígenas, europeus e africanos no Brasil, foi responsável pela transformação da fitoterapia em uma prática sociocultural, integrando-a a cultura popular brasileira (Ibiapina et al, 2014). A facilidade na absorção dos conhecimentos fitoterápicos pelos povos brasileiros deve-se principalmente ao alto custo e alta toxicidade dos medicamentos sintéticos e inacessibilidade de acesso aos serviços de saúde pelas comunidades, o que promove uma maior busca pelos medicamentos de origem vegetal.
Desde a pré-história, o homem já fazia uso dos recursos naturais para realização de suas atividades básicas, como a alimentação. Entre esses recursos estão as plantas, que sempre foram utilizadas com essa finalidade, que ao longo do tempo passaram a ser utilizadas na confecção de roupas, em construções, como abrigo, ferramentas, entre outros (Braga, 2011). Acredita-se que o uso medicinal das plantas tenha tido início mediante observações de suas características únicas, como modificações estruturais durante às estações do ano, e seu poder de regeneração mediante injúrias (Rocha Et al, 2015).
A utilização das plantas na pré-história baseia-se em uma perspectiva mágico-simbólica, atribuindo aos espíritos e aos elementos naturais a responsabilidade pelas doenças. Nesse período era comum a utilização das plantas medicinais em rituais religiosos que buscavam aproximar o ser humano do divino, almejando à cura as inúmeras moléstias. Cabe ressaltar que na pré-história a religião era um ponto importante na determinação do cuidado (Barros, 2002; Cruz, 2014). Supõe-se que a utilização das plantas com finalidade terapêutica durante a pré-história tenha sido transmitida oralmente, sendo difundida aos povos antigos.
Escrituras arqueológicas confirmam a utilização de espécies psicoativas no Timor (Indonésia), com cerca de 11.000 anos a.C. (Pelt, 2004). Na América do Sul existem registros do uso de coca (Erythroxylum coca Lam) datando 5.000 anos a.C. (Pinto Et al, 2002).
O uso