Вы находитесь на странице: 1из 11
Unidade e disperséo: Uma questdo do texto e do sujeito* ‘A heterogeneidade Vamos partir da afirmagéo de que o discurso ¢ uma dispersio de textos € texto ¢ uma dispersio do sujeto.' Assim sendo, a constituigio do texto pelo sueito€ heterogénea, isto, ele ocupa (marca) véras pos: sees na texto Podemos entéo dizer que o discurso ¢ caracterizado duplamente pela dispersao: a dos textos ea do sujeito, Uma outra maneira de afirmar essa heterogeneidade, inscrita na nogdo de discurso, € defiir 0 sueito como descontinidade e o texto ‘como espaco de dissensbes maltiplas (Foucault, 1969) ssasreflesdes nos levam a afirmar que o texto ¢ atravessado por virins posigbes do suit, Resta perguntar: 0 que revelam esas véras posicoes? (© que procuraremos mostrar nesse estudo e que essas diferentes posicbes do sujeito no texto crrespondem a diversas formagées discursi Teta apresentado em Seminario na PUC-SP (Psicologia Social) em 1985. Este fete ¢ em eoravtr com Eduardo Guimarbes, Publicado orginalmente (Cademos PUC, m3, S80 Paul, EDUC, 1988, 1A pave sujet usede em nosto tabs referindo ao que Pcheux (1975) chama forms sujet, ou Sj, «suet aetado pel decogi. a, Isto se dé porque em um mesmo texto podemos encontrar enuncia dos de discursos diversos, que deivam de vérias formacbes discursivas. ‘A constituigSo do texto, do ponte de vista da ideologia, nao & ho- rmogénea, 0 que & previsive, |& que 2 ideologia no é uma mSquina log a, sem descontinuidades, contradigées etc isto que as diferentes pos- bes do sujeito representam no texto Enunciagioe ideclogia ‘Acutra afirmagio que nosinteressa, e que deriva de Foucault (1968), a de que s80 as formas de asujetamento ideoligias que governam os rmecanismos enuncatvos. ‘Dai que estes iltimos so ifiitamente mais complexos que aqueles postulados pela liberdade do "sujetofalente” das teorias da enunciagSo. ‘Segundo essas teorias — que tém como autor fundamental E Benveniste, postulando @ necessidade de se considerar 0 ato de produ: ‘0 da linguagem —, 0 sueito-locutorcentraliza esse ato de produsso @ ‘parece como fonte da inguagem. Além disso, hi nos textos, segundo ‘seas teorias, marcas que atestam a reacao do sueito com seu dizer e através dele, com 0 mundo, Na constituigio da subjetvidade, que é se- {gundo a teoria da enunciagéo a propriedade principal da linquagem, © Sujeito dela se apropria“detinindo-se 20 mesmo tempo a si mesmo como ‘eu’ € 2 um parcsira como ‘tu (Benveniste, 1976). As marcas da enun: cagio manifestam o jogo da intersubjetividadk Nas teorias da enunciacio & como se o universo da enunciagio se tomasse 0 ultimo refugio da problematica ideolégica da liberdade (Waldiier, 1972) Na perspectiva da andlise de discurso, 20 contro, nao hi essa Tiberdade's 22 marcas que atortam 2 rlacia entre 0 sujita @ linge gem, na testo, no s8o detectaveis mecanica empiricamente, Os meca- Fismos enunciativos ndo so univocos nem auto-evdentes. SSo consti (hes discursivas com seus efeitos de carder ideolégico. [As marcas io pistas (Ginsburg, 1980). Nao sto encontradas die tamente, Para se ating-las€ preciso teoriar.Além disso, a relagdo entre 235 marcas ¢ 0 que elas signficam ¢ t8o indieta quanto ¢ indirota a Felacio do texto com as suas condigdes de producio. No dominio dis- Cursivo nao se pode, pos, tatar as marcas ao modo “postivista", como fa linguistics (0 discuso como prin ‘As duas afirmagées dos pardgraos inicais dizom respeito & unida- de do dizcurs frente & comglesidade (dversidade de processos) da sua constituigé. Para entender essas colacacoes tlvezseja preciso explorar em pro= fundidade a define de dscurso como “regulaidade de uma pritca” definigao em que a unidade do discurso nao esté na “coeréncia viel © horizontal dos elementos formades, ela reside bem aquém, no sistema {que torna possvele rege uma formacao” (Foucault; 1968). Ou sea, para ‘aracterzar um discurso é menos importante (e possivel) remeter a um Conjunto de textos efetvos do que a um conjunto virtual, © des enuncia- dos produzivess conforme ds coergoes da formagio discursive 0 discurso no € um conjunta de textos, 6 uma pratica. Para se ‘encontrar sua regularidade nto se analisam seus produtos, mas os pro eess0s de sua produ. “Enfim, ha um sistema de regras que define a especifcidade da enun agio: ha uma depersso de textos, mas 0 seu modo de inscrcio histér- ca permite defini-ia como um espaco de regularidades enunciativas (Maingueneau, 1984), Resta dizer que, como vemos, false sempre em discurso e enun- lado de modo a expicitar as suas relagées, mas a nogSo de texto vem ‘sempre pressuposta indefinda, Dado o fato de sero texto uma unidade ccomplexa, tem sido difcimente asimilada pelas diferentes teorias que tratam do discurso. Um dos nossos propbsits nesse trabalho & escarecer tum pouco mals essa nogio e suas relagées com a de discurso. A produ do sujetoe do sentido na mecma forma que pensar as marcas em si é uma oostura que revela 0 mecanismo e o empirismo de uma certa tendéncia lingustca também e ezsa mesma postura que se mostra quando se pensa a relagso ‘utomstica do ciscurso com a stuagfo. O discurso ndo é um reflaxo da Situagio, nem extd mecanicamente determinado por ela ‘Alem disso, o discurso no tem como fungdo constituir a “represen ‘acto fel de uma reaidade mas assegurar a permanéncia de uma certa representacao” (Vignaux, 1919) Por so ha, na génese de todo discurso, ‘oprojeto totalizante de um sueto,projeto este que o converte em autor. Este projeto 60 de "arsegurar a coerénciae a completude de uma repre: santacio” (Vignaux, 1978). 0 sujet se constitui como autor 20 const {uiro texto, O autor éo lugar em que se const6i a unidade do suit. € ‘onde se realiza 0 seu projet totalizante Esta € uma das dimensdes em que se revela a “interpelagéo do ind ‘iduo em sueito” (Althusser, 1970), interpelacdo que traz consigo, neces Jariamente, a aparéncia de unidade que a dspersio toma, Podemos observa, dessa forma, os efeitos da ideologia ela produz a aparéncia da unidade do sujeto © a da transparéncia do sentido. Estes {eitos, por sua vez, funcionam coma "evidéneiae” que, na telidade, 80 broduridas pela ieologia. Torlos como uma realidade & ficar submerso na ideologia, na sua construgio enquanto evidéncias. Para nfo fanto, isto 4 para exercer uma fungio tia, € preciso levar em conta dos fatos: 2} 0 processo de constituicdo do sujeito; ¢ ba materialidade do sentido. Autonomia¢ unidade de syeto como efets ideoigicos (0s fundamentos de uma teoria nSo-subjetiva do sujeito 6 que po: dem dar conta da luséo da autonomia e unidade enquanto efeitos ide: WWaicos da “iterpelacéo do individuo em sujeto” Vale resaltar que ¢ em relacio a tal consttuigao do sujeito que também se pode pensar aelaggo entre inconsciente eideologia:orecalque inconsciente 0 assujeitamento ideolégico estéo materialmente ligados, ‘segundo Pécheux (1975), no interior do que se poderia designar como processo do significante na interpelagio e identificacio do sujeito. Pro ‘cess0 pelo qual se realizam 5 condicbes ideolbicas. Para compreender este processo comecemos por dizer que a cate- goria do sujeito¢ a categoria constitutive de toda ideologia:nio hi ideo: logla sem sueito, ‘A evidéncia de que “eu e "tu" somos sujeitos, tal como a certeza da signticago, isto e, a evidéncia da transparéncia da linguagem, €, como dlissemos, um efeito ideotbgico (elementar. CObservar 0 proceso de constituic do sentido edo sujeito€ observa ‘0 "teatro da conscincia.Paraetamente, podemos dizer que a unidade do sscuro também 6 um espetécule, 6 uma cena de teatro, em do's atos 1. A.evidéncia do sujeito, ou melhor, sua identidade, esconde que festa resulta de uma identficacio, que & 0 que constitui sua in terpelagto, Essa interpelacio — que se pela ideologia — pro- uz 0 sujeito sob a forma de sujeito de direto Guridico) que, historicamente, corresponde & forma-sueito do capitalismo: su- jeito 20 mesmo tempo auténoma (e, logo, responsivel e deter- ‘minado por condigbes externas. 2. A-evidéncia do sentido, de sua part, esconde seu caréter mate Fil, a historiidade de sua construgs. Dispersso, unidadee tertualdede £ a relagdo do sujeito como texto, deste com o discurso, ea insergéo 4o ciscurso em uma formacso discursva determinada que produz 9 im: pressSo da unidade, a transparéscia, em suma, a completude do seu dizer. ‘Com os conceitos de parstasee polissemia, Orland (1983) procurou ) X. Mais especificamente: Y sustenta o ‘modo de enunciagio seb o qual se diz X (no e280, ninguém contest). Consideramos também que bem como, ao articulerargumentos, orienta: ‘05 na mesma direc3o e com igual frca. ‘Tomemos 0 Recorte 8 (nie écompreensivs. ;(=bancérios) — democracia sem ordem € respeito a leis inus: tas édemocracia Arelacio argumentativa etre 8 €8; 63 depo 0, como comen- tamos ames A cuptiade de uncares em yet aioe paliona dx nego Pela andi de Recor 3 se pode obser que o focitor impede a yrutibaseses condor ey tam siestees eee tra gree na vor dem enunciador universal) ou se, ha pespet va dea wor inuerbonavel € eta vor que grane 8, comm sg meno favor da legtimiade do reve Eta vo unr sistent, em psi & var dos banc, ou trabahadoes en gral, qe lemocraca ¢ dem ¢ et €& esta perspectna Vive que gran 9 argumentago contra 2 opniso geneaizada a aver Go reve. extrema mente note! que par oat representa es opin gneaenda tle intla uma outa vor a ela oporta que mosta que ha pesos, inst {ues ete quedo querem a mudanc'na le d sal, Eapapaa cate gorla socal de onde Se prod eta vor pela conrapesio de ums woe Jmpessoat (a perspectiva de L), segundo a qual ninguém ¢ contra as mux Cangas. Em seguida, porém, se contrapee a esta vor que ainda favorece- fia a greve. Asim, © uso da perspectiva do locutor impessoal, inclusive ‘stentada em E90 Recorte 3, ¢ uma forma de apagar a vor de E; (dos poncirios), que sea eno um forte argumento para a greve, Apagando testa vo2, apresenta um argumento a favor da greve, mas a ele ainda se ‘ontrapée apoiando-se numa voz universal cujo conteido ¢ 0 slogan do Iberatsmo: Democracia € ordem, & fi, mesmo que a lei sea ijusta. O fhuc see, ent, eque a perspectiva de E, (=L-) mobiliza a perspective de fev a seu favor. Ea vor de E,. que sustenta a voz de E, que se opbe 30 argumento favorsvel 8 greve ‘Uma outta questéo importante: 0 fato dea perspectiva de arog fier ada no interior da perspectiva de E(=L-) no primero cas, ‘Gro interior de E, no segundo, mostra que o locutor constitu 0 texto {de modo 2 apagar estas vozes. Notase, endo, que o locutor apaga esta perspective [a de E, (-bancérios)] pela organizagdo que o ao texto: a Derspectiva de , r30 conta para a progressio do texto, nem como pressu- posto, que daria oquadro do discurso, nem como posto que se articularia fo encadeamente textual, {Quanto aeste apagamento de E, vemos que é mais um apagamen- ‘to da pluralidade possivel de vores da enunciagéo. Assim, ese texto vai Sereduzindo a uma perspecta Unica eimpessoal que silencia a polifonia da enunclagéo, Ou seo, discursivamente ele estabelece osiéncio de to- das as vores alterativas Ha uma cota especial nisso tudo. Das pluralidades encontradas € {que sio articuladas no dizer estdo a perspectiva de um E., que sustenta 1B perspectiva de L- (Ed e ainda a incursdo da perspectva de Lp nesta perspectiva impessoal.E iso mostra, entdo, que a perspectva impesso- cre miscara do perspectiva de Lp (0 banquero, o representante dos Dbanqueiros). Sobre 0 recortecarrelato 20 sexto parsarafo, sera interessante res- saltar que & 28 neste recorte que o locutorcoloca uma marca to deta de primeira pessoa (primeira pessoa do plural), Deste modo, o locutor fepresenta um enunciador que néo correspond mas inci tp (o locuto tenquanto- pessoa), © banquei, que assim se apresenta junto com todos ts demas brasileros. Por esta via lacutor apaga, neste fre, as diferen Gas socials « idenl6gicas que seu propo texto representou para poder Sesenvolver @arqumentagio , mais uma vez, mascara a perspectiva do- minante do texte a de Uo. COrganizaéo textual e mecanismos discursivos Dissemas que um texto se constitul de enuncados.Diremes, agora, por cutro lado, que o texto se organiza segundo os recortes constituidos pla enunciagSo daqueles (Orlandi, 1984). E estes recorts tém o seu ser- tide constituido segundo instrugdes semsntico-pragmatices. As instrucbes para a interpretacio dos sentidos dos recortes sto Instrugées para se explicar a intengBo atestada no: enunciados. E possivelconsiderar a consttuicbo dos sertidos dos recortes em sou aspecto discursivo, Tomaremos assim a questio da intengao e das instrubes como o lugar em que se pode observa’ a aticulagio entre 0 dominio discursive e os mecanismos enuncatvos. Antes de nos atermos a essa artculagio,traremos para essa refle- 80 0 foto de que, na anslise de dscurso, se operacom a aistingSo entre semntica lingUistica e seméntca discursva (Pacheux & Fuchs, 1975). ‘Ao manter essa distingao, a analise de discuso visa ating 0 lugar ‘specifica da lingua que corresponde & construcio do efeto-syeito. 0 efeito-sueito & 0 efeto ideoligico necessaiamente inscrito na lingue- ‘Gem, pelo qual o sueito tem a impress2o 1°) de seta fonte do sentido do {que diz (quando na verdade retoma sentidos preestentes):e 2°) da rea- lidade de seu pensamento jd que, para ele, o que diz sé poderia ser dito ‘do mado coma diz. Em suma, 0 efeto-sujeto colea o sueito como or- ‘gem de seu dizer e representa 0 sentido como transparente, ‘Aandlise de discurso, 20 levar em conta aditingao entre a seman tic lingisticae a discursiva, 20 mesmo tempo que reconhece a exist

Вам также может понравиться