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terrvel contra a burguesia tornou-se o sal das crnicas dominicais nos jornais
burgueses.
1923/2903
A burguesia o objeto do dio de Ea de Queirs; sobretudo aquela
burguesia que usa as frases-feitas e trajes da Monarquia e da Igreja, do
tradicionalismo, para cobrir as suas misrias permanentes. A indignao de
Ea de ordem esttica; da a aparncia da superficialidade. Como seu
Fradique Mendes, Ea um cptico blas, abusando de leituras de Renan e
usando bigode, bengala e monculo. Os dandys de 1880 eram todos assim;
mas entre eles havia s poucos artistas. E Ea de Queirs foi um grande
artista.
O esteticismo de Ea de Queirs explica a sua pouca fidelidade aos
ideais do radicalismo. Nas suas ltimas obras aparece como regionalista
portugus, com pruridos tradicionalistas. Tinha visto e experimentado tudo
o que Paris ofereceu, e voltou-se para Portugal como um turista, vido de
novas sensaes exticas. Por isso, a ltima fase de Ea de Queirs no
constitui base suficiente para a reinterpretao de Antnio Sardinha2259, que
teria gostado de poder apresentar Ea e a escola coimbrense inteira como
nacionalistas renovadores . Nem basta para isso a referncia a Cames e
glria perdida de Portugal naquela cena final do Crime do Padre Amaro;
nem o parentesco puramente literrio de Ea com Balzac. Mas, por mais arbitrria
que seja aquela reinterpretao, no deixa de conter um gro de verdade:
Ea de Queirs era uma natureza aristocrtica; e todos aqueles coimbrenses
eram aristocratas intelectuais e nacionalistas.