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Direito Penal III___________________________________________________________________Aula 01

CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL III
UNIDADE I – CRIMES CONTRA A PESSOA.
1.1. Dos crimes contra a vida Data____/02/2010.

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

- Os crimes contra vida estão descritos no Título I – Dos crimes contra a pessoa – Capitulo I, da
Parte Especial do Código Penal. São eles: homicídio; induzimento, instigação ou auxílio do
suicídio; infanticídio; aborto.

- O objeto mais relevante da tutela penal deve ser a vida.

- A morte, no ramo das ciências, é estudada pela tanatologia. Nesse sentido são estudados
causas, circunstâncias, fenômenos e repercussões jurídico-sociais, sendo amplamente utilizados
na medicina legal.

- Conceito de morte: é a cessação da atividade encefálica (Lei n.º 9.434/97). A morte cerebral
consiste na parada das funções neurológicas segundo critérios da inconsciência profunda sem
reação a estímulos dolorosos, ausência de respiração espontânea, pupilas rígidas, pronunciada
hipotermia espontânea e abolição dos reflexos (morte encefálica).

- Legalmente o que define a morte é o atestado de óbito.

Classificação Científica da Morte:

- morte anatômica, ocorre o cessamento total e permanente de todas as funções principais do organismo e sua
interação com o meio ambiente.

- morte histológica igual à anterior, porém com extinção gradativa de todos os tecidos e células orgânicas.

- morte aparente na vigência da persistência da atividade circulatória do sangue, o indivíduo está aparentemente
morto, como costuma ocorrer nos casos de afogamento e nos recém-nascidos com índice de Apgar baixo, razão
pela qual a lei exige um período de 24 horas antes da inumação (sepultamento) do corpo.

- morte relativa seria a parada cardiocirculatória antes das manobras de reanimação cardiorespiratória que são
rotineiramente empregadas, por exemplo, durante cirurgias, anestesias ou após um evento cardíaco agudo (infarto
do miocárdio).

- morte real é a verdadeira morte quando cessa totalmente a personalidade e qualquer tipo de energia vital,
passando a se processar a decomposição da matéria orgânica do corpo em água, gazes e sais minerais.

Fenômenos Cadavéricos:
Fenômenos Abióticos Imediatos:
o parada cardio-respiratória,
o inconsciência,
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o imobilidade;
o insensensibilidade;
o palidez;
o midríase ou dilatação pupilar;
o abolição do tônus muscular.
Fenômenos Abióticos Mediatos (Consecutivos):
o Desidratação Cadavérica;
o Esfriamento do Cadáver;
o Livores Hipostáticos;
o Rigidez Cadavérica.

Fim da Personalidade da Pessoa Natural: Como consta no art. 6° do Código Civil brasileiro, o marco da extinção da
personalidade é a morte, ou seja, a personalidade da pessoa natural termina com a sua morte.
 Quanto aos ausentes, presume-se a morte, nos casos autorizados pela lei, abrindo-se, inclusive, a sucessão definitiva.
• Morte real, quando há cessação da atividade cerebral, atestada por profissional médico, como consta no art. 3° da Lei
9.434/97 (a prova direta da morte é o atestado de óbito).
• Morte presumida, sem declaracão de ausência, nos termos do art. 7º do Código Civil brasileiro, nas seguintes
hipóteses:
Morte Presumida: o término da personalidade dá-se também pela morte ficta, reconhecida em processo judicial de
ausência no qual se verifica a decretação da sucessão definitiva, conforme prescrito na parte final do art. 6º do Código Civil.
Conceitua-se ausência como o desaparecimento da pessoa do seu domicílio, sem qualquer notícia, por um longo período de
tempo. Admite-se, ainda, a morte presumida do ausente que, na data do seu desaparecimento, contava oitenta anos de idade e que
há pelo menos cinco não envia notícias suas.
O Novo Código Civil (Lei n.º 10.406/02), em seu art. 7º, previu, de forma inovadora, a decretação da morte
presumida, independentemente do reconhecimento da ausência, nos seguintes casos: for extremamente provável a morte de
quem estava em perigo de vida; se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 anos
após o término de guerra.
O art. 7º do Novo Código Civil está em consonância com o art. 88 da Lei n.º 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), que
admite o registro do óbito, mediante decisão judicial, nos casos "... de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio,
terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o
cadáver para exame", e do desaparecimento em campanha...".
Nessas duas hipóteses, a lei dispõe que a declaração da morte presumida deve ser requerida somente depois de esgotadas
buscas e averiguações, cabendo à sentença estabelecer a data provável do falecimento. Aqui, tem-se a prova indireta da morte.
A morte presumida da vítima e a consumação dos crimes contra a vida
Pergunta: É possível aceitar, no processo penal, como prova da materialidade de delito contra a vida, a certidão de óbito lavrada
em razão de declaração de morte presumida, com fundamento no artigo 7º do Código Civil?

CRIMES CONTRA A VIDA: São quatro:

a) Homicídio;
b) Auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio;
c) Infanticídio;
d) Aborto.
- Esses crimes, na forma dolosa, são julgados pelo Tribunal do Júri.

a) HOMICÍDIO SIMPLES - art. 121 CP:

- O art. 121, “caput” (cabeça), tipifica o crime de homicídio simples. O núcleo do tipo, que é o
verbo descreve a conduta, no presente caso é matar.

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- A objetividade jurídica do tipo penal é a proteção do direito à vida, ou seja, o bem jurídico
tutelado é a vida humana extra-uterina.

- Objeto material (onde recai a conduta): a vítima (ser humano: crime contra a pessoa)

- O sujeito ativo, ou seja, aquele que pode praticar o delito, nesse caso pode ser qualquer
pessoa. Por esse motivo classifica-se de crime comum.

- Admite-se a co-autoria e participação; autoria colateral e autoria incerta.

- O sujeito passivo, ou seja, a vítima pode ser qualquer pessoa também, desde que viva.

- O homicídio pode ocorrer por ação ou omissão do agente. Ex: “A” esfaqueia “B” como
intenção de matar. “B” morre pela ação de “A”. Já na omissão, “A” quer matar “B” que está
sob sua guarda e para isso deixa de alimentá-lo. “B” morre de inanição. “A” responde por
homicídio por omissão.

- A lei 9434/97- Lei transplante de órgãos- estabeleceu o conceito de morte como sendo o
momento em que cessa atividade encefálica.

Prova da morte: a morte da vítima é provada processualmente pelo laudo de exame


necroscópico, também chamado de laudo cadavérico.

- O elemento subjetivo (a vontade que está dentro da cabeça do agente) no crime de homicídio
é a intenção de matar, o dolo, conhecido como “animus necandi”. Esse dolo pode ser direto
(com intenção de matar) ou pode ser dolo eventual (quando o agente assume o risco de com a
sua conduta produzir o resultado morte).

- CRIME DOLOSO: Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo; constitui elemento subjetivo do
tipo (implícito).
- Elementos do dolo:
a) consciência da relação de causalidade objetiva entre a conduta e o resultado;
b) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.

- Tipos de dolo:
a) dolo direto: o sujeito visa a certo e determinado resultado;
b) dolo indireto: quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado; possui duas
formas:
- dolo alternativo: quando a vontade do sujeito se dirige a um outro resultado;
- dolo eventual: ocorre quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, a aceita o risco de
produzi-lo.
c) dolo de dano: o sujeito quer o dano ou assume o risco de produzi-lo (dolo direto ou eventual);
d) dolo de perigo: o agente quer apenas o perigo, não quer o dano e nem assume o risco de produzi-lo.

- PRETERDOLO: é aquele em que a conduta produz em resultado mais grave que o pretendido pelo sujeito; o agente quer
um minus e seu comportamento causa um majus, de maneira que se conjugam o dolo na conduta antecedente e a culpa no
resultado (conseqüente). O resultado qualificador; este só é imputado ao sujeito quando previsível (culpa); no caso de lesão
corporal seguida de morte, a lesão corporal é punida à título de dolo; a morte, a título de culpa.

- Qualificação Doutrinária:
 Crime Comum;
 Simples;
 De dano;
 De ação livre;
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 Instantâneo;
 Material.
- Consumação: com o resultado morte (Crime consumado: quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal (Inter Criminis).

Inter Criminis e Tentativa:

- Na realização do crime há um caminho, um itinerário a percorrer entre o momento da idéia da sua realização até aquele em
que ocorre a consumação. A esse caminho se dá o nome de inter criminis, que é composto de uma fase interna (cogitação) e
de uma fase externa (atos preparatórios, atos de execução e consumação).
- A cogitação não é punida, segundo a lei: cogitationis poenan nemo patitutur. Nem mesmo a cogitação externada a terceiros
levará a qualquer punição, a não ser que constitua, de per si, um fato típico, como ocorre no crime de ameaça (art. 147), de
incitação ao crime (art. 286), de quadrilha ou bando (art. 288) etc.
- Os atos preparatórios são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva, como aquisição da arma para pratica
de um homicídio, ou a de uma chave falsa para o delito de furto, o estudo do local onde se quer praticar um roubo, etc.
Também escapam, regra geral, a aplicação da lei penal.
- Atos de execução (ou atos executórios) são os dirigidos diretamente à pratica do crime, “quando o autor se põe em relação
imediata com a ação típica. A distinção entre atos preparatórios - usualmente impunes - e atos de tentativa é um dos
problemas mais árduos da dogmática e, seguramente, o mais difícil da tentativa. Vários critérios são propostos para a
diferenciação.
- Os critérios mais aceitos são os de ataque ao bem jurídico, critério material, quando se verifica se houve perigo ao bem
jurídico, e o do início da realização do tipo, critério formal, em que se dá pelo reconhecimento da execução quando se inicia
a realização da conduta núcleo do tipo: matar, ofender, subtrair etc.
- O código brasileiro adotou a teoria objetiva (formal) e exige que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da
própria conduta típica, penetrando, assim, no “núcleo do tipo”.
- A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei penal com o dispositivo que a define e prevê
sua punição.

- Admite-se a tentativa de homicídio, quando iniciada a execução do crime, esta não se


consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. Ex: “A” esfaqueia “B” em região de
alta letalidade, somente não vem a óbito devido a pronto atendimento médico. “A” responderá
por tentativa de homicídio (Art. 14, II do CP).
- Tentativa ≠ Desistência voluntária (Art. 15 do CP).

- Desistência voluntária da prática de delito: Exclusão da tipicidade de delito, na qual o agente desiste, voluntariamente, da
prática da ação criminosa. Tendo iniciado a execução desta, acaba por desistir, sem concluí-la. Vale lembrar,
conseqüentemente, que não há desistência voluntária, mas tentativa punível se, p. ex., a vítima resiste ao criminoso ou
ocorre intervenção de um terceiro para impedir o crime. O agente responderá, em qualquer caso, pelos atos já praticados que
tipifiquem condutas criminosas, p. ex., o ladrão que, adentrando uma residência, não consegue consumar o furto, pratica,
desde logo, violação de domicílio.

- Arrependimento eficaz: Exclusão da tipicidade do delito, pela qual o agente arrepende-se eficazmente, impedindo que
ocorra o resultado da ação criminosa. No arrependimento eficaz, a ação deve ser voluntária, como ocorre na desistência
voluntária; entretanto o agente desenvolve uma ação para evitar o resultado.
Indispensável lembrar que a ação desencadeada pelo arrependimento deve ser frutífera, eficaz, pois a
consumação do delito desnaturaliza o arrependimento. A exemplo da desistência voluntária, no arrependimento eficaz o
agente responde pelos atos já praticados. Exemplos de arrependimento eficaz: o agressor leva para o hospital sua própria
vítima para ser medicada; o envenenador ministra à sua vítima o antídoto que irá salvá-la; o ladrão restitui à vítima a coisa
furtada antes que seja percebida a subtração.

- Tentativa de homicídio ≠ Lesão corporal (observar o elemento subjetivo: dolo e culpa).

- O homicídio simples pode ser considerado hediondo (art. 1º, I, da Lei nº. 8072/90), quando
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só executor.

- A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.

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b) HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (causa de diminuição de pena):

- Art. 121-(...)
- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a
1/3 (um terço).

- Nesse tipo penal o legislador previu uma causa especial de diminuição de pena. São três as
figuras alternativas previstas no § 1º:

- Relevante valor social: relevante valor é um valor importante para a vida em sociedade. O
relevante valor social é aquele que leva em consideração interesses não individuais. Ex: o
cidadão que mata o traficante da localidade em que mora, para evitar que ele faça mais
viciados; o homicídio praticado contra um traidor da pátria.

- Relevante valor moral: conforme já mencionado, relevante valor é um valor importante para
a vida em sociedade, nesse caso diz respeito a interesses particulares, individual do agente. Ex:
Eutanásia, que é o homicídio misericordioso ou piedoso. (elimina o agente a vida da vítima
com o intuito de poupá-la de intenso sofrimento, abreviando-lhe sua existência).

- Agir sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima:
estar sob o domínio de violenta emoção é estar sob emoção intensa, absorvente, atuando o
agente em verdadeiro choque emocional. Costuma-se dizer que o agente fica “cego” de emoção
no momento da ação. É necessário que a reação seja logo em seguida a injusta provocação da
vítima, ou seja, não podendo existir espaço de tempo entre a provocação e o crime. Ex: duas
pessoas conversam tranquilamente, em determinado momento a vítima desfere um soco no
rosto do agente, este esfaqueia a vítima “cego” de raiva. O homicídio é reação desproporcional
ao soco, porém provocada injustamente pela vítima. Presente assim, a causa de diminuição.

Emoção e Paixão: A emoção é um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação de sentimento,
sendo passageira. Já a paixão, é emoção em estado crônico, perdurado por um sentimento profundo e monopolizante, sendo
duradoura. Ambas, não excluem a culpabilidade, porém, caso seja de cunho patológico, aplica-se o caput do art.26 e parágrafo
único. Possuem atuação como circunstância genérica atenuante (art.65, III, “c”), todas as vezes que influenciarem na prática de
um crime. Não confundir com a causa de diminuição de pena do § 1º do art. 121 que possui três requisitos (emoção intensa;
injusta provocação da vítima e reação imediata).

- O privilégio exige reação imediata, a atenuante não.

- Todas as formas de privilégio são de caráter subjetivo, não se comunicam aos co-autores ou
partícipes.

- Se a provocação for em forma de agressão, poderá o agredido agir em legítima defesa (Art.
25, CP).

Legítima defesa: nos termos do art. 25 do CP, entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente os meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
1) São requisitos para a existência da legítima defesa:
1.1) a reação a uma agressão atual ou iminente e injusta;
1.2) a defesa de um direito próprio ou alheio;
1.3) a moderação no emprego dos meios necessários à repulsa;

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1.4) o elemento subjetivo.

Importante: No que pese a expressão “o juiz pode reduzir” é direito subjetivo do agente a
referida redução prevista. Assim reconhecido o privilégio pelos jurados, o juiz ao aplicar a pena
deverá reduzi-la de 1/6 a 1/3.

c) HOMICÍDIO QUALIFICADO:

- Art. 121-(...)
- § 2º Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga (prévia) ou promessa de recompensa (posterior), ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena -. reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

- Tem-se o homicídio qualificado naqueles casos em que os motivos que o determinarem, os


meios ou os recursos empregados pelo agente tornam o crime mais grave que o simples e
demonstram maior periculosidade do agente, fazendo com que a vítima tenha menor
possibilidade de se defender. O homicídio qualificado é crime hediondo, conforme art. 1º, I da
Lei 8072/90.

- Existe a possibilidade jurídica do reconhecimento do homicídio privilegiado - qualificado,


quando a qualificação do crime for objetiva, ou seja, de meio ou modo de execução. Nesse
caso o privilégio afasta a hediondez do crime.

- No inciso I temos na 1ª parte o homicídio mercenário. Responderá pelo crime qualificado


tanto aquele que pagou ou prometeu a recompensa quanto aquele que executou o crime, ou
intermediou pela vantagem. Essa vantagem não precisa necessariamente ser econômica. A 2ª
parte do inciso elenca qualquer outro motivo torpe, esse motivo é aquele motivo repugnante,
inaceitável socialmente, imoral, desprezível, vil. Ex: o agente mata a vítima por causa de uma
dívida de drogas; por herança; por rivalidade...

- Mesmo não cumprida a promessa, incide a qualificadora.

- Trata-se de concurso necessário de agentes, que pressupõe o envolvimento de no mínimo duas


pessoas: o mandante e o executor.

- No inciso II há previsão da qualificação pelo motivo fútil. O motivo fútil é aquele


desproporcional ao crime praticado, é matar por motivo de pequena importância. Ex: O agente
mata a vítima porque esta pisou em seu pé. Percebe-se a desproporcionalidade entre a ação da
vítima e a reação do agente.

- Para incidir essa qualificadora é necessário que haja prova do motivo fútil, pois a ausência de
um motivo não equivale a motivo fútil. Entretanto, se o agente alegar que matou sem nenhum
motivo, se enquadrará no motivo torpe.

- No inciso III temos os meios empregados para a execução do crime de homicídio. Vale
esclarecer cada um deles:

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- Veneno - é a substância que, introduzida no organismo, altera momentaneamente ou suprime


definitivamente o metabolismo humano. O homicídio praticado com esse meio é chamado de
venefício. A substância pode ser química ou biológica. Essa qualificadora somente se aplica se
o veneno for inoculado sem que a vítima perceba, pois, caso haja violência ou ameaça, incidirá
a qualificadora de meio cruel.

- Fogo/ explosivo - matar com fogo ou explosivo, pela intensa dor que causa a vítima e pela
demonstração de crueldade do agente qualifica o homicídio. Não confundir com o crime do art.
163, Parágrafo Único, inciso II, do CP (dano com emprego de substância inflamável ou
explosivo), que fica absorvido pelo crime mais grave.

- Asfixia - é a supressão da respiração humana. Pode ser originado por processo mecânico ou
tóxico.

- Impedimento da função respiratória:

• Mecânica:
- esganadura
- estrangulamento
- enforcamento
- sufocação
- afogamento / soterramento

• tóxica:
- uso de gás
- confinamento

- Tortura – quando o agente sujeita a vítima a graves e inúteis sofrimentos físicos ou mentais.

- Homicídio qualificado pela tortura = tortura como meio de causar a morte;


- Crime de tortura (Lei 9.455/97) = tortura para outra finalidade que não a morte.

- A Convenção da Organização das Nações Unidas, Nova York, aprovada pelo Decreto 40/91,
em seu art. 1º define o termo tortura como sendo “o ato pelo qual dores e sofrimentos agudos,
físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela, ou de
uma terceira pessoa, informações ou confissões, de castigá-la por ato que ela ou uma terceira
pessoa tenha cometido, ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou
outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; (...)”.
Assim o agente deve ter a intenção ou que assuma o risco de matar a vítima, mediante tortura,
pois se a intenção for apenas de torturar e ocorrer por culpa estrito senso a morte, o agente
responderá pelo crime de tortura seguida de morte, constante na Lei n.º 9.455/97, art. 1º, § 3º.

- Outro meio insidioso (uso de armadilha) ou cruel - o meio insidioso é aquele meio
dissimulado que o agente utiliza sem que a vítima possa perceber a tempo de se defender. Ex:
sabotar o freio do carro da vítima. O meio cruel é aquele que aumenta o sofrimento da vítima
além do necessário para a perpetuação do crime. Ex: o agente pretende matar a vítima e com
uma cadeira desfere 50 golpes, sendo a maioria deles após a vítima estar caída ao chão.

- Ou possa resultar perigo comum - nesse caso, além de causar a morte da vítima, o meio
usado tem o potencial de causar situação de risco à vida ou integridade física de número

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elevado e indeterminado de pessoas. Ex: provocar um desabamento para causar a morte da


vitima. A qualificadora se aperfeiçoa com a mera possibilidade de causar risco a outras pessoas.

- Concurso formal com o crime do art. 250; divergência doutrinária (bis in idem).

- No inciso IV está prevista outra qualificadora que descreve meios utilizados, em todas as
formas previstas, o agente diminuía a capacidade de defesa da vítima, senão vejamos:

- Traição - é a deslealdade, ou seja, existe uma relação prévia de confiança da vítima para com
o agente (amizade, parentesco, casamento...), e este aproveita dessa confiança (que diminuí a
capacidade de defesa) para executar o homicídio. Ex: matar a esposa que está dormindo ao seu
lado. OBS: a relação de confiança já existe e o agente dela se aproveita para matar a vítima.

- Emboscada - é a conhecida tocaia. O agente espera a vítima em local dissimulado, onde


possa diminuir a sua capacidade de defesa.

- Dissimulação - é a utilização de um recurso qualquer pelo agente para aproximar-se da


vítima, e com mais facilidade perpetrar o homicídio. Ex: agente que finge ser amigo da vítima
para matá-la desprevenida.

- Diferencia-se da traição pelo fato de ainda inexistir uma relação de confiança. O agente
utiliza-se de um recurso qualquer para enganar a vítima, visando uma aproximação para
executá-la.

- A dissimulação pode ser: - material: ex: uso de disfarce;


- moral: ex: falsa demonstração de interesse ou amizade.

- Ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido – trata-se de uma
fórmula genérica aplicável quando não verificada as outras hipóteses do inciso IV. Esse outro
meio deve ser apto a dificultar ou tornar impossível a defesa da vítima. Ex: a surpresa quando o
agente efetua disparo pelas costas da vítima.

- Por fim, o inciso V descreve uma qualificadora relacionada à conexão de crimes, ou seja,
vínculo entre dois ou mais delitos. Essa conexão pode ser: teleológica – para assegurar a
execução de outro crime, ex: matar o marido para estuprar a esposa; conseqüencial - para
assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime, ex: agente mata testemunha
que sabia que este vinha furtando o patrão; ocasional - é quando o agente pratica um crime no
mesmo cenário em que se comete outro, ex: rouba a vítima e depois resolve matá-la porque não
foi com a sua cara.

- As qualificadoras somente se comunicam aos partícipes que, no caso em concreto, tenham


tomado conhecimento a seu respeito.

e) HOMICÍDIO CULPOSO:

- Art. 121-(...)
- § 3º Se o homicídio é culposo:
Pena -. detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

- O § 3º trata do homicídio culposo, aquele que o agente não tem a intenção de matar e nem
assume o risco de produzir o resultado morte. A culpa em sentido estrito, para o direito penal, é
aquela que o agente age ou deixa de agir sem a devida atenção ao dever de cuidado objetivo.

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São as regras sociais e morais mínimas que são adotadas pelas pessoas para evitar que os
crimes aconteçam.

- CRIME CULPOSO:

- Elementos do fato típico culposo:


a) a conduta humana e voluntária, de fazer ou não fazer;
b) a inobservância do cuidado objetivo (imprudência, negligência ou imperícia);
c) resultado lesivo involuntário;
d) relação de causalidade;
e) previsibilidade objetiva do resultado;
f) tipicidade.
- Culpa própria e imprópria: culpa própria é a comum, em que o resultado não é previsto, embora seja previsível;
nela o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo; na imprópria, o resultado é previsto e querido pelo
agente, que labora em erro de tipo inescusável ou vencível, vem tratado no art. 20 § 1o CP;
- Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera sinceramente que isso não ocorra;
- Culpa inconsciente: ele não prevê o resultado, que se manifesta através da:
- a) Imprudência: é a prática de um fato perigoso;
- b) Negligência: é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado;
- c) Imperícia: é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.

- Noção: quando se diz que a culpa é elemento do tipo, faz-se referência à inobservância do dever de
diligência; a todos no convívio social, é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não
produzir danos a terceiros; é o denominado cuidado objetivo; a conduta torna-se típica a partir do instante
em que não se tenha manifestado o cuidado necessário nas relações com outrem, ou seja, a partir do
instante em que não corresponda ao comportamento que teria adotado uma pessoa dotada de
discernimento e prudência, colocada nas mesmas circunstâncias que o agente; a inobservância do cuidado
necessário objetivo é o elemento do tipo.

- A culpa em sentido estrito se manifesta de três formas:

- Imprudência: é a prática de um fato perigoso. É o fazer algo sem observar o devido cuidado
objetivo. Ex: O agente limpa uma arma carregada, e ela vem a disparar e matar alguém. O
agente responde por homicídio culposo.

- Negligência: é o não fazer algo que deveria ser feito em observância do dever de cuidado,
com ausência de precaução. É uma omissão que resulta no resultado não intencional do agente.
Ex: deixar uma arma de fogo ao alcance de uma criança. O agente não a guardou em lugar
seguro, deixando de observar o cuidado objetivo. Essa arma dispara e mata a criança. Aquele
que descuidou de sua arma responderá por homicídio culposo.

- Imperícia: é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Ex: o médico que mata
durante uma cirurgia o paciente por não ser apto para a realização desta.

- Importante: A competência para processar e julgar o homicídio culposo é do juiz criminal


comum e não do Tribunal do Júri. Não há concorrência de culpas no direito penal, se a vítima
agir com culpa também, não exclui a culpa do agente.

OBS: No direito penal não existe compensação de culpas, de modo que se o agente e a vítima
atuam com imprudência e esta vem a morrer, o fato da vítima ter agido com culpa não exclui a
responsabilidade do primeiro. Só será excluída a responsabilidade se a culpa for exclusiva da
vítima.

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- Art. 121 (...)Aumento de pena:

§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de


inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(catorze) anos.

- O § 4º do art. 121, na 1ª parte, prevê uma causa especial de aumento de pena de 1/3 para o
homicídio culposo se o agente não observa regra técnica de profissão, arte ou ofício. Nesse
caso o agente conhece a técnica, mas não a aplica por culpa. Ex: o dentista que mata o paciente
de infecção generalizada por falta de esterilização dos instrumentos.

- É diferente da imperícia porque nesta o sujeito não tem aptidão para uma determinada função.

- Ainda na 1ª parte há aumento de pena quando o agente não socorre a vítima de imediato,
nesse caso o agente tem dever legal de prontamente prestar assistência à vítima; se ele não agiu
culposamente e não presta o socorro, responde pelo crime do art. 135, Parágrafo Único; se a
vítima é socorrida por terceiro, não incide o aumento; se o agente não tem condições de prestar
o socorro, não incide o aumento.

- Se o agente não procura minorar os efeitos do crime culposo;

- Quando o agente foge para não ser preso em flagrante, hipótese normalmente aplicada
juntamente com a primeira (ausência de socorro).

- No concurso de causas de aumento de pena, o juiz se limitará a um só aumento (art. 68,


Parágrafo Único).

- Art. 121 (...)Perdão Judicial:

- § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da


infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

- Conforme já mencionado, o perdão judicial é causa de extinção de punibilidade, e poderá ser


reconhecido pelo juiz quando a lei permitir. É o caso desse parágrafo. O exemplo clássico é o
pai que em acidente de trânsito mata sua família. Não é necessário o vínculo de parentesco,
pode ser, por exemplo, um amigo muito querido que morre e vem a causar profunda depressão
no agente. A pena nesse caso perde sua função de retribuição, visto que o agente sofreu mal
interno maior que a aplicação de qualquer pena.

- O perdão judicial só pode ser aplicado por ocasião da sentença, tendo em vista a necessidade
de análise do mérito da causa.

EXERCÍCIO:

1. (OAB/RS-2006-3) Jerônimo paga o pistoleiro Odivan para que este mate Juan, um desafeto de longa data.
Preparada a emboscada, o pistoleiro, depois de efetuar o primeiro tiro, que produz lesões leves em Juan, resolve,
atendendo à súplica deste pela própria vida, abandonar a execução e fugir com o dinheiro de Jerônimo. Qual crime
praticou Jerônimo? Qual crime praticou Odivam?

2. Um indivíduo está sendo processado por ter participado de jogo do bicho, que é uma contravenção, e mata uma
testemunha que ia depor contra ele no processo. Qual crime ele praticou ao matar a vítima?

Prof(a). Shelley Primo | 10

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