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Centro Universitário Vila Velha

MBA em Comunicação Integrada e Novas Mídias

Disciplina: Redes de Comunicação e Sociabilidade

Professor: Orlando Lopes

Aluna: Lídia da Mata Travassos

MATTELART, Armand e Michèle. História das Teorias da Comunicação. 2ª Ed.


São Paulo: Edições Loyola, 1999.

CAPÍTULO VII – O DOMÍNIO DA COMUNICAÇÃO

O retorno da teoria ao vínculo social construído na comunicação comum efetua-se


num momento em que os sistemas tecnológicos complexos de comunicação
exercem um papel estruturante na organização da sociedade e da nova ordem
mundial. A sociedade é definida em termos de comunicação, que é definida em
termos de redes. A cibernética substitui a teoria matemática da informação.

1- A figura da rede

Crítica do difusionismo

Nos ano 60, Everett Rogers limitara a definição da inovação ao que é “é


comunicado, por certos canais, num tempo determinado, entre membros de um
sistema social”. A inovação consistia em transmitir um dado de cuja utilidade era
preciso persuadir os futuros usuários. A estratégia difusionista confundia-se, na
prática, com a da mercadologia de produtos.

Cerca de vinte anos depois, Rogers revia essa teoria. Julgando-a demasiado ligada à
teoria matemática da informação, criticava-a por sua tendência a esquecer o
contexto, a definir os interlocutores como átomos isolados e, sobretudo a basear-se
numa causalidade mecânica, de sentido único. Em seu lugar, definia a comunicação
como “convergência”, “processo no qual os participantes criam e partilham a
informação para alcançar uma compreensão mútua” [Roger e Kincaid, 1981].
Substituía o antigo modelo difusionista pela “análise de rede de comunicação”
(communication network analysis). A rede compõe-se de indivíduos conectados
entre si por fluxos estruturados de comunicação.

A evolução das técnicas leve de comunicação (vídeo, microinformática), que se


propagava, parecia favorecer esse modelo horizontal, que Rogers contrapunha ao
dispositivo pesado da mídia centralizada, a partir da qual o difusionismo construíra
um esquema vertical de persuasão.
Em 1982, Rogers considera que daí por diante se encontraram reunidas as
condições para uma aproximação entre a “pesquisa crítica” e o que ele denominava
“pesquisa empírica” (...). Rogers justificava essa aproximação, impensável alguns
anos antes, pelo fato de que a escola empírica compreendera ser preciso integrar
em seu quadro de análise a questão do contexto da comunicação, os aspectos
éticos do processo de comunicação e métodos plurais.

O desejo — compartilhado por Katz — de fazer convergir pesquisa empírica e


pesquisa crítica indicava um novo estado de espírito. A rede serve para fazer
esquecer uma sociedade profundamente segregada e para dela propor uma visão
harmônica. No momento em que as exclusões se manifestam com força, “a
ideologia da comunicação, o novo igualitarismo pela comunicação cumpre sua
função de legitimação” [Mattelart, A. e M., 1986].

Nos anos 80, Bruno Latour e Michel Callon elaboravam também uma problemática
da rede, contrapondo ao modelo difusionista o modelo da “tradução” ou da
construção sociotécnica [Callon, 1986; Latour, 1987]. Contra idéia de que a técnica
e a ciência são dadas, propõem apreendê-las em ação, estudar como elas se
constroem. “Traduzir” é unir em rede elementos heterogêneos; pela tradução são
captados e articulados elementos heterogêneos num sistema de interdependência.
Os inovadores devem conquistar aliados, tornar-se porta-vozes, com táticas para
suscitar interesse, conduzindo seus interlocutores, humanos e não-humanos, a
essas novas redes, novas séries de alianças. Assim se torna digno de crédito
determinado enunciado científico.

Esse método recusa a concepção de um “social puro”, limitado às relações entre


humanos, e postula a interpenetração das relações dos homens com natureza e os
objetos técnicos. O vínculo social penetra na máquina.

Certos sociólogos da comunicação dirigem-lhe dois tipos de crítica. Aponta o risco


de superestimar a liberdade de manobra do ator e do ator-rede, obliterando as
dimensões normativas do vínculo social, ou seja, a idéia de que o vínculo social não
se estabelece numa base arbitrária e casual. “Ao nos livrar de uma essência da
técnica, corremos o risco de excluir também o princípio de um funcionamento
operatório da máquina, implicando um encadeamento regrado de mediações
organizadas, mais do que alguns princípios sem importância, arbitrários” [Quéré,
1989; Simondon, 1969].

As ciências cognitivas

Elas estudam os processos de formação de conhecimento, processos encontrados


tanto no mundo vivo como nas máquinas “inteligentes”. Seu surgi não pode ser
separado da tecnologia cognitiva, das máquinas de pensar que reproduzem as
atividades mentais (da ordem da compreensão, da percepção ou da decisão).

As ciências cognitivas formaram-se nos Estados Unidos nos anos 40, com o
movimento cibernético, contemporâneo do advento da teoria da informação, e com
o progresso da lógica matemáticana descrição do funcionamento do sistema
nervoso e do raciocínio humano. Elas tiveram continuidade, a partir da segunda
metade dos anos 50, com a hipótese cognitivista segundo a qual a inteligência
(incluindo a humana) de tal modo se assemelha a um computador, que a cognição
pode ser definida pela computação de representações simbólicas, os símbolos já
definidos como “elementos que representam aquilo a que correspondem”. A
inteligência artificial (IA) será sua projeção literal. No centro da hipótese
cognitivista, está a noção de representação. Ela induz uma maneira de
compreender o funcionamento do cérebro como dispositivo de tratamento da
informação, que reage de maneira seletiva ao meio, à informação proveniente do
mundo exterior. A IA pensa a organização como um sistema aberto em constante
interação com esse meio, com inputs e outputs.

Dois biólogos chilenos, Humberto Maturana e Francisco J. Verela, refutam essa


concepção de sistema aberto (...). “Um sistema autopoiético organiza-se como uma
rede de processos de produção cujos componentes a) regeneram continuamente
por suas transformações e interações a rede que os produziu e b) constituem o
sistema como unidade concreta no espaço em que ele existe, especificando o
domínio topológico no qual se realiza como rede” [Maturana e Varela, 1980].

“Uma máquina autopoiética engendra e especifica continuamente sua própria


organização. Realiza esse processo incessante de substituição de seus
componentes por estar continuamente submetida a perturbações externas e
constantemente forçada a compensar essas perturbações. Desse modo, uma
máquina autopoética é um sistema homeostático (ou melhor, de relações estáveis)
cuja variante fundamental é a sua própria organização (a rede de relações que a
define)” [Varela, 1979]. A noção de representação faz às vezes da crítica: para as
escolas representacionistas, uma entidade cognitiva sempre se refere a um mundo
preexistente. Em contrapartida, a informação, na perspectiva autopoética, não é
preestabelecida como ordem intrínseca, mas como ordem que emerge das próprias
atividades cognitivas.

A teoria da autopoiesis e da enação pretende assinalar uma ruptura com uma


ciência ocidental que se construiu em ruptura com a experiência humana, com a
maneira pela qual o indivíduo percebe as coisas. “Pensadores que se preocuparam
com o fenômeno da interpretação como um todo, em seu sentido circular de vínculo
entre a ação e saber, entre o que sabe que é sabido”. É essa circularidade
ação/interpretação que pretende dar conta a expressão “fazer emergir”.

2- Um mundo e várias sociedades

O planeta híbrido

Novas configurações transdisciplinares se formam e cada uma dessas


especialidades contribui para isso em graus bastante variados, à medida que não
experimentam do mesmo modo a necessidade de estabelecer alianças para
apreender a nova importância das reder de comunicação. As grandes redes de
informação e comunicação, com seus fluxos “invisíveis”, “imateriais”, formam
“territórios abstratos”, que escapam às antigas territorialidades.

Essa tensão entre micro e macro, experimentam-na também os criadores das novas
“firmas globais”, ou transnacionais, esses “intelectuais orgânicos” do pensamento
empresarial. Tornados produtores de teorias e doutrinas, confundem o campo
conceitual da comunicação na era da mundialização: a amplitude da noção de
“globalização” é um de seus exemplos mais claros.

A consagração desse termo saído de uma concepção empresarial da organização da


economia mundial coincide com o processo de desregulamentação e privatização
das redes de comunicação. Esse processo iniciou-se com desregulamentação, nos
Estados unidos nos anos 70, o virtual monopólio privado das telecomunicações;
desde então passou a adquirir, em ritmo crescente, uma dimensão planetária,
atingindo os mais diversos setores de atividade econômica. A desregulamentação
significa o deslocamento do centro de gravidade da sociedade, pondo-o em direção
ao mercado, que passa a ser o principal fator de regulação.

O modelo empresarial de comunicação foi promovido a tecnologia de administração


das relações sociais, impondo-se como único modo “eficaz” para estabelecer o
vínculo com os diversos componentes da sociedade.

Esse sistema tem seus nós de rede, as novas megaunidades econômicas, cuja
súbita vocação cívica, proclamada com a ajuda de grandes campanhas de criação
de imagem, não pode fazer esquecer a lei que as funda: a busca do lucro e o
interesse exclusivo para os setores sociais solvíveis. A lógica pesada das redes
imprime sua dinâmica integradora, ao mesmo tempo em que produz novas
segregações, novas exclusões, novas disparidades [Mattelart A, 1992, 1994]. O
mundo “global” é o global marketplace; define-se a partir dos pólos que irradiam
esse poder. A despeito de seus próprios desequilíbrios sociais, os grandes países
industriais continuam a servir de referência única. A teoria difusionista, expulsa por
microssociologias que podem se revelar ingênuas diante dessas relações de força
retorna sub-repticiamente.

Os anos 70 foram marcados pelo estudo das lógicas de desterritorialização, com


ênfase nas estratégias dos macrosujeitos (Estados Unidos, grandes organismos
internacionais, firmas multinacionais). As problemáticas das décadas seguintes são
mais atentas às lógicas de reterritorialização, aos processos de mediação e
negociação entre as exigências externas e as realidades singulares. O
questionamento da concepção essencialista do “universal” e do “logos” ocidental
suscita outros atores na produção de conceitos e teorias.

A multiplicação das formas de comunicação, acionadas pelas organizações não-


governamentais ou por outras associações da sociedade civil, constitui outra
realidade inédita do processo de mundialização; essas novas redes sociais passam
a fazer parte do debate sobre a possibilidade de um espaço público em escala
planetária.

Isso ocorre num contexto em que os termos da questão do desequilíbrio do fluxo de


comunicação mudaram de tal forma que alguns chegaram a negar a persistência de
um comércio desigual. O mercado planetário sem barreiras põe em conflito a
“liberdade de expressão comercial” e a liberdade de expressão do cidadão.

De que modo as inúmeras ramificações das redes que constituem a trama da


mundialização adquirem sentido para cada comunidade, para cada cultura? De que
modo resistem, adaptam-se, sucumbem a ela? A tensão e as defasagens entre a
pluralidade de culturas e as forças centrífugas do cosmopolitismo comercial
revelam a complexidade das reações ao surgimento de um mercado único em
escala mundial.

No próprio momento em que se assinalam as potencialidades abertas por essa


atenção às interações e fragmentações, é preciso apontar sua ambivalência. Essa
atenção precipita o questionamento crítico sobre a relação entre as lógicas
unificantes e a organização cotidiana da vida democrática. Mas ela também pela
retração identitária e étnica

Rumo a um novo estatuto do saber

Considerando a base social do princípio de divisão, a luta de classes atenua-se a


ponto de perder toda sua radicalidade. Lyotard deduz daí o fim da credibilidade das
grandes narrativas e sua decomposição. “As ‘identificações’ com grandes nomes,
com heróis da história contemporânea fazem-se mais difíceis”. No campo da
sociologia política, o advento do conceito de “sociedade pós-industrial” foi
amplamente preparado pelas teses nitidamente partidárias, como por exemplo a do
fim das ideologias. Outro exemplo é o crítico americano Fredric Jameson, propõe
situar o pós-modernismo como etapa historicamente bem determinada da evolução
dos regimes de pensamento, analisando a ruptura em relação ao pensamento
modernista.

O pós-modernismo, como dominante cultural da lógica do capitalismo avançado,


caracteriza-se pela crítica aos “modelos de profundidade”: o modelo dialético da
essência e da aparência e seus conceitos de ideologia e falsa consciência; o modelo
existencial da autenticidade ou da falta de autenticidade, com a oposição entre
alienação e desalienação que o funda. Finalmente, a grande oposição semiológica
entre significante e significado, que reinou nos anos 60 e 70.

Em seu lugar propõe um “modelo de superfície”, ou melhor, um “modelo de


superfícies múltiplas”. Celebrando a apoteose do espaço em relação ao tempo e o
desaparecimento do referente histórico, esse modelo de superfície está de acordo
com a nova superfície de expansão global do capital transnacional, com sua
circulação em tempo real nas redes telemáticas, com os fluxos de imagens
simultaneamente universais e fragmentados.

Em um contexto marcado pela multiplicação das máquinas informacionais e pela


“hegemonia da informática”: crise da metafísica, crise dos discursos de verdade;
ascensão de critérios operatórios, de critérios tecnológicos que não permitem julgar
o verdadeiro e o justo; crise dos grandes sistemas teóricos, triunfo de uma
pragmática dos jogos de linguagem. Nessa obra, Lyotard introduzia uma
problemática que desde então só fez cresce, a respeito do estatuto do saber e
sobre os processos que afetam os modos de pensar, de ensinar e de tratar a
informação, na era da digitalização do signo e da nova aliança entre som, imagem e
texto. Exemplo disso é o percurso de Pierre Lévy que, apostando no surgimento de
novos modos de escrita comandados pela “plasticidade digital”, deposita suas
esperanças no advento de uma “inteligência coletiva” graças às “infovias” da era
pós-mídia, que se tornam o suporte de uma derradeira utopia da comunicação, a da
“democracia em tempo real” [Lévy, 1990, 1994].

Rejeitando a ideologia da pós-modernidade como “paradigma de todas as


submissões de todos os compromissos com o status quo”, militava por uma
reapropriação e uma ressingularização da utilização das máquinas de comunicar,
numa perspectiva de experimentação social, de “constituição de complexos de
subjetivação: indivíduo-grupo-máquina-trocas múltiplas” [Guattari, 1992].

É a possibilidade dessa utilização “para fins convenientes” que é contestada por


pensadores como Paul Virilio, que privilegiam a citação e o aforismo, marcam sua
desconfiança em relação à própria possibilidade de uma teoria da tecnologia. É a
aceleração das mudanças sofridas por ela que motiva um pensamento situado sob
o signo de uma “dromologia” (de dromos, velocidade). Uma aceleração
inversamente proporcional à inércia que se torna o horizonte da atividade humana.
O que até então parecia ser signo de deficiência e debilidade (a incapacidade de se
mover para agir) torna-se símbolo de progresso e de domínio do meio. A inércia
domiciliar, o confinamento e de domínio, por intermédio do complexo de telas que
permite fazer tudo o que se precisa em casa, são a outra face da busca da
ubiqüidade, da instantaneidade e da hiperpercepção. O que se perde é a noção de
duração, é o movimento do corpo e também a vida social. “Quando não mais se
dispões de tempo em comum, não há mais democracia possível” [Virilio, 1990].

A idéia de comunicação e transparência acompanhou a crença das Luzes no


progresso social e na emancipação dos indivíduos. Essa idéia é hoje suspeita: a
comunicação é vítima de um excesso de comunicação (Baudrillard). Tal excesso
produziu a implosão do sentido, a perda do real, o reino dos simulacros. Para o
filósofo italiano Gianni Vattimo, a sociedade da mídia está longe de ser uma
sociedade “mais esclarecida, mais educada, mais consciente de si”. Em
contrapartida, é mais complexa, quando não caótica, e “nossas esperanças de
emancipação residem nesse ‘caos’ relativo”.

Na sociedade midiática, “no lugar de um ideal emancipador modelado na


autoconsciência difundida, no perfeito discernimento do homem que sabe como são
as coisas [...] instala-se um ideal de emancipação baseado, pelo contrário, na
oscilação, na pluralidade e, em definitivo, na erosão do próprio ‘princípio de
realidade’” [Vattimo. 1989].

Baudrillard não partilha esse otimismo relativo. Vê nas escalas tecnológicas e no


aumento de sua sofisticação, tanto em dimensão planetária, como na intimidade
doméstica, o avanço de um sistema de controle que é exaltado em nossa “fantasia
de comunicação”: a compulsão geral por existir em todas as telas e no interior de
todos os programas. “Sou um homem, sou uma máquina? Não há mais resposta
para essa questão antropológica” [Baudrillard, 1990].

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