Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
s
ele
país, há uma certa e pontual influência estrangeira. A crise do papel, por exemplo,
que repercutiu no alto preço do papel importado e a extinção de subsídios para a
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
produção do papel nacional arrasaram a pequena imprensa, reduziram a circulação
dos jornais nacionais e os entregaram ao “controle das agências estrangeiras de
M
publicidade” (idem, p. 413). A política brasileira, na década de 60, arrasou as ilusões
dos jornais pequenos.
ira
[...] montou-se uma estrutura econômica, social e urbana em
função de petróleo a 50 centavos de dólar o barril, [...] quando o
ive
petróleo passou a 14 dólares o barril (preço médio no primeiro
trimestre de 1974) e o papel de imprensa pula de 171 dólares a
tonelada (preço em 1971) para 320 dólares, em 1974 (187% de
Ol
diferença), toda estrutura desaba. É a crise (DINES, 1986, p. 32).
estrangeiras. Além disso, a telegrafia do país não era eficiente. A imprensa brasileira
passou a utilizar o intenso e extenso serviço telegráfico pago pela imprensa norte-
americana. Assim os jornais brasileiros eram influenciados pelos estrangeiros,
fae
52
SODRÉ, 1999, p. 415
35
s
ele
pública e pedir a solidariedade de outros trabalhadores (ibidem, p. 420).
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
No entanto, a imprensa estava – ou está53 – a serviço do capital estrangeiro,
ou melhor, das agências estrangeiras de publicidade; do poder público (no caso de
M
fornecimento de papel, de financiamentos, de isenções de impostos etc.); dos
próprios proprietários; e das agências de notícias estrangeiras.
ira
A imprensa, realmente, torna-se o contrário do que era, e
particularmente do que deveria ser, na medida em que se
ive
desenvolve, na sociedade capitalista. O jornal é menos livre quanto
maior como empresa (SODRÉ, 1999, p. 448-449).
Ol
Enfim, falar da crise de imprensa, significa falar que a imprensa, apesar de ter
nascido da liberdade de expressão, não detêm tal liberdade. Vendeu-se para
de
sobreviver e será muito difícil angariar condições financeiras para voltar a ser a voz
da liberdade.
nio
nto
mais do que em certas fábricas na Europa e até 50% mais do que no Chile”. Somos
praticamente dependentes da matéria prima estrangeira: “o Brasil importa 70% do
seu consumo de países como Canadá, França, Noruega, Holanda e Chile”. 54
Ra
53
Sendo a moral um reflexo cultural, a Constituição Federativa Brasileira abriu, posteriormente, para
empresas de comunicação à possibilidade de terem 30% de participação de capital estrangeiro.
54
Instituto Brasileiro de Logística, on-line. Acessado em 25 de outubro de 2006.
36
s
empregados em embalagem. [...];
ele
c) Rigoroso inverno de 73 no Canadá, impedindo o transporte de
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
que prejudicou o abate de arvores;
M
d) A inflação nos paises desenvolvidos, gerando uma corrida para
o aumento dos estoques. Já que então, com os preços baixos e o
mercado vendedor, poucos se animavam a acumular;
ira
e) Crise do petróleo, provocando uma escassez e conseqüente
valorização dos meios de transporte;
ive
f) Controle do meio ambiente (as usinas de papel são grades
poluidoras de cursos de água) tornando impraticáveis inúmeras
fábricas e obrigando o fechamento de 134 pequenos e médios
Ol
estabelecimentos fabris, nos EUA, além de elevar o custo do papel
em 25 dólares/tonelada;
de
principais jornais [...]”56. Já, em 2005, foram importados 366,5 mil toneladas de
papel imprensa57. O volume foi 4,7% superior ao do ano anterior.58 Mesmo com
subsídios59 nas importações, o custo do produto jornal avulso é alto para boa parte da
fae
55
DINES, 1986, p. 33
56
QUEIROZ,1993 p.16
57
segundo levantamento preliminar da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa)
58
Instituto Brasileiro de Logística, on-line. Acessado em 25 de outubro de 2006.
59
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Art. 150. Sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: III - cobrar tributos: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
60
Valores obtidos em consulta dos sítios eletrônicos da Folha Online e do Estadao.com.br para a
assinatura dos respectivos jornais impressos. Acessados em 6 de novembro de 2006.
37
1,50 por dia. Valor três vezes superior ao que o público C e D tem com atrativo, ou
cinco vezes mais, se comprado avulso – por R$ 2,50.
O Expresso, no Rio de Janeiro, “vende mais de cem mil exemplares por dia”
a um custo de R$ 0,50. Segundo a Marplan, “as classes C e D [do Rio] têm juntas 5,8
s
ele
milhões de consumidores, dos quais apenas 2,6 milhões são leitores de jornais”. Por
meio deste valor acessível, O Expresso pretende expandir o número de leitores. Em
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
Brasília, com a mesma proposta, o Aqui-DF custa R$ 0,50 e o Agora-DF, R$ 0,25.61
Em São Paulo, o Destak é distribuído gratuitamente62.
M
tabela 1
ira
Custo de papel de imprensa
Ano 2000
ive
(custo médio por tonelada) – Papel Importado63
tabela 2
Exportação 22 14 8 3 1 1
fae
Fonte: Bracelpa
61
Disponível em: http://www.anj.org.br/jornalanj/?q=node/700&PHPSESSID=86c8ffc357c9d5e8b3f
110536a36335d. Acessado em 6 de novembro de 2006.
62
DE – Diário Económico, 26 de junho de 2006, on-line. Acessado em 6 de novembro de 2006.
63
Disponível em http://www.anj.org.br/?q=node/184&PHPSESSID=f534fff761534b9f4c5ab6456
099737e. Acessado em 24 de outubro de 2006.
64
Papel importado (45g/m2): preço base custo e frete para entrega em porto brasileiro, para
pagamento em 180 dias a partir do embarque.
65
Disponível em http://www.anj.org.br/?q=node/184&PHPSESSID=f534fff761534b9f4c5ab6456
099737e. Acessado em 24 de outubro de 2006.
38
s
70% das receitas proveniente de publicidade. Le Fiagro, França, e El País, Espanha,
ele
têm até 50%. As empresas americanas de publicidade gastam, anualmente, cerca de
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
Marshall (2003) lembra que nem sempre a publicidade foi onipresente.
M
Segundo Jurgen Habermas, do séc. XVIII ao XIX existia uma repulsa a partir dos
simples anúncios comerciais. “Os reclames eram considerados indecentes”66.
ira
Ressalta também que nos primórdios da imprensa jornalística, não havia uma
distinção clara sobre os limites do que era publicidade e do que era jornalismo.
ive
Os primeiro anúncios tinham principalmente uma função informativa, de
Ol
caráter noticioso, sem representar significativamente uma fonte de rendimento.
Somente nos “últimos 30 anos do séc. XIX os rendimentos da venda de espaço
de
das páginas dos jornais e revistas. Assim, a publicidade torna suportável “os tributos
fiscais impostos aos periódicos e a ela mesma, a publicidade, permitindo a
nto
66
Jurgen Habermas, 1984, p. 223 apud MARSHALL, 2003
67
Eulálio Ferrer, 1997, p. 109 apud MARSHALL, 2003
39
s
ele
admite que as empresas anunciantes são forças econômicas decisivas na
determinação da natureza, da qualidade e do conteúdo do produto jornalístico. Neste
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
caso, o jornal é vendido para as agências de publicidade antes de sê-lo para os
leitores.
M
Neste mundo capitalista, as empresas de comunicação chegam a
acatar determinações de empresas quanto ao conteúdo dos
ira
programas. Tal manipulação serve para cria um ambiente adequado
para os anúncios da empresa “patrocinadora”68
ive
Os maiores anunciantes, bem como os gastos com publicidade por veículo de
comunicação, podem ser verificados nas tabelas 3, 4 e 5. É possível perceber que o
Ol
jornal detém o segundo lugar em investimentos publicitários, perdendo apenas para a
televisão. Segundo Milton Correia Junior, o jornal é o meio mais consultado por
de
tabela 3
nto
2004 16,6 8,3 59,2 2,2 4,3 1,6 2,7 2,9 100
fae
68
Sader apud Halimi, 1998, p. 8 abud MARSHALL, 2003
69
Pesquisa feita pelo instituto Ipsos-Marplan, intitulada Quero comprar - A relevância dos meios de
informação no processo de compra. Jornal é que define compra. Agosto de 2003. Disponível em
http://www.anj.org.br/index.php?q=node/190&PHPSESSID=4ab6aab9b7f410e97df35f8e64d6ff9d.
Acessado em 24 de outubro de 2006.
70
Disponível em: http://www.anj.org.br/?q=node/185&PHPSESSID=e5ffb7c6b3d8c3dbfe56d26576
b317c1. Acessado em 24 de outubro de 2006.
40
tabela 4
Ano R$ (000)
s
ele
Jornais - 2004 2.315.316
eir
Jornais - 2002 1.918.818
M
Fonte: Projeto Inter-Meios
ira
tabela 5
Setor econômico
ive Investimento
em R$ (000)
Ol
Comercio Varejo 4.518.060
Mídia 577.726
nto
Telecomunicações 270.438
lA
Internet 110.759
71
Disponível em: http://www.anj.org.br/?q=node/185&PHPSESSID=e5ffb7c6b3d8c3dbfe56d26576
b317c1. Acessado em 24 de outubro de 2006.
72
Disponível em: http://www.anj.org.br/?q=node/173&PHPSESSID=11087365f21fe267cb72d1a4d8d
3fc25. Acessado em 24 de outubro de 2006.
41
s
ele
O meio Jornal brasileiro vem procurando atender antigas
reivindicações do mercado publicitário, tais como novas fórmulas
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
que permitam a veiculação de anúncios criativos, simplificação da
tabela de preços, reformulação dos classificados e cadernos
dirigidos a públicos específicos.74
M
O resultado pode ser conferido na campanha da Claro – Você vai ter muito
assunto para falar, que participou do “5º Prêmio ANJ de Criação” (figura 1).
ira
Em busca de um sentido para esta peça publicitária, ou discurso, analisaremos
ive
a cenografia através da formação discursiva do anúncio da Claro, que “por atribuir-se
a cena (grifo nosso) que sua enunciação ao mesmo tempo produz e pressupõe para se
Ol
legitimar. [...] A dêixis discursiva75 consiste apenas em um primeiro acesso à
cenografia de uma formação discursiva; esta última possui ainda um segundo ponto
de
73
Disponível em: http://www.anj.org.br/?q=node/37&PHPSESSID=6edc16eb2fd9a8c120a9e8adbce7
cb20. Acessado em 24 de outubro de 2006.
74
Disponível em: http://www.anj.org.br/?q=node/13&PHPSESSID=bab3f55200284cf9942d8fb20c1
3efe4. Acessado em 24 de outubro de 2006.
75
A deixis ( palavra importada do grego antigo, com o significado de “ação de mostrar” ) é uma
das formas de conferir ao seu referente a uma seqüência lingüística, situando um enunciado no espaço
e/ou no tempo em relação ao enunciador, ou seja, é um marcador indicativo das pessoas do discurso –
eu, tu, ele –, do tempo do discurso – agira – e do espaço determinado pelo discurso – aqui.
76
MAINGUENEAU, 1997
42
s
ele
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
M
ira
ive
Ol
de
nio
nto
lA
fae
Ra
Anunciante: Claro; Agência: F/Nazca (SP); Criativos: Airton Carmignani, Ricardo Jones,
Bruno Prosperi, Eduardo Lima e Fábio Fernandes; Mídias: Fernanda de Lamare e César
Nery; Veiculação: Jornal O Estado de S. Paulo (SP), em 06/10/2005; Vencedor Regional
2005: Região São Paulo.
77
Disponível em http://Pwww.anj.org.br/?q=node/623. Acessado em 24 de outubro de 2006.
43
s
ele
Para analisar esta peça publicitária, faremos uso da Semiótica, teoria das
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
representações, que considera os signos sob todas as formas e manifestações que
assumem (lingüísticas ou não), enfatizando, especificamente, a propriedade de
M
convertibilidade recíproca entre os sistemas significantes que integram.
ira
Na linguística de F. de Saussure, as relações sintagmáticas opõem-
se às relações associativas (Saussure não fala em relações
paradigmáticas). Os linguistas estruturalistas propuseram a
ive
distinção entre eixo sintagmático (eixo horizontal de relações de
sentido entre as unidades da cadeia falada, que se dão em presença)
e eixo paradigmático (eixo vertical das relações virtuais entre as
Ol
unidades comutáveis, que se dão em ausência). No primeiro eixo,
abrem-se as relações que pertecem ao domínio da fala, por
exemplo, os elementos que constituem o enunciado Estou a ler
estão numa relação sintagmática; a segunda, pertence ao domínio
de
torcida” – alude às notícias ruins do jornal, passando uma idéia de que jornal só
informa mazelas. Então, para a hora perdida no trânsito, o celular estará à disposição,
mas pode-se passar a frente de todos e rir de que quem fica para trás, como mostra a
foto, – basta ter o veículo apropriado. Quanto às torcidas divididas, é uma afronta a
concorrência.
78
Eixo Sintagmático/Eixo Paradigmático, on-line. Acessado em 27 de outubro de 2006.
44
Mas, para cada notícia ruim uma eqüipolente boa. A fim de harmonizar a
leitura, estrategicamente as manchetes são escolhidas valorizando o produto – em
meio a tanto caos, “Indústria do Estado é a que mais cresce”; “Exposição polêmica
chega em novembro em São Paulo”; e “Alimentação e exercício é receita de vida
saudável”.
s
ele
Dentro do eixo paradigmático, em que a palavra se situa em relação às
OLIVEIRA MEIRELES, Rafael Antonio de. Imprensa Brasileira - História e crítica do nosso jornalismo. São Paulo: 2006.
eir
demais em função da similitude, “Estado” pode ser substituído por “Claro”.
M
A partir do eixo sintagmático, em que a palavra se situa na relação com a
seguinte em função da contigüidade, exposição polêmica (de celulares) chega em
ira
novembro.
entediados.
O slogan, “Você vai ter muito assunto para falar” é, no primeiro campo de
fae