A FABRICAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA
Wladmir Coelho
O movimento grevista de 2010, de forma
evidente, não proporcionou ganhos
financeiros imediatos aos professores de
Minas Gerais, mas contribuiu para o
aprendizado e amadurecimento político da
categoria formada por mais de 100 mil
pessoas. Este aprendizado, para os mestres
mineiros, ocorreu de forma violenta durante a
convivência, por 47 dias, com as distorções
absurdas da verdade publicadas
despudoradamente nas páginas dos jornais e
repetidas nas emissoras de rádio e televisão
possibilitando um contato imediato dos
profissionais da educação com o método de
fabricação da chamada
“opinião pública”.
A grande imprensa,
perceberam todos os
professores, existe como
espécie de braço do poder
econômico – chamado “choque de gestão”
consubstanciado em
político – e sua principal
missão é fabricar uma
verdade transformando esta
em opinião geral através da
asfixia ou desqualificação
dos grupos em desacordo
com a ordem estabelecida
para o deleite das alianças
dominantes.
Na prática, durante a greve, a crença
nos conceitos de democracia, amparados nos
princípios liberais burgueses ensinados
diariamente em sala de aula, foram abalados
quando a básica separação entre os poderes
foi jogada pelo ralo no episódio da submissão
do poder judiciário aos ditames e
necessidades do executivo em manter o
superávit das contas públicas nas costas dos
professores. Esta prática, de forma clara,
buscou preservar mais espaço para o
endividamento do estado em função do
financiamento dos setores exportadores de
matéria prima – sobretudo e quase
exclusivamente a extração mineral -
mantendo viva nossa tradição colonial.
A dita ilegalidade da greve resultou da
pressão econômica e foi a senha oferecida à
grande imprensa para a criminalização do
movimento e criação de uma “opinião
pública” assustada com professores
desrespeitando a lei invertendo os órgãos de
comunicação, através da hipocrisia de sempre,
a verdade. O movimento foi mostrado para o
grande público como fruto do radicalismo de
uma categoria que não entendia um
governador preocupado em preservar as
contas públicas impedido legalmente de
oferecer um centavo de
aumento. Sim, esta - a
juridização - e somente esta
poderia ser a explicação, pois
dinheiro em Minas Gerais
não faltaria em função do
ou estaríamos no limite? Não
li nada a respeito nos jornais.
Os professores mineiros
bem sabem agora a
importância do
questionamento deste
modelo de democracia
meramente nominal
amparado na fabricação de
uma “opinião pública”
funcionando esta como elemento de pressão
conservadora acrescido de uma representação
parlamentar assistencialista, em sua quase
totalidade, escolhida a partir do gasto de
elevadas somas durante as campanhas
eleitorais.
Professores de Minas Gerais não é
mais possível aceitar o controle das opiniões
por parte de uma imprensa contrária a
liberdade e representante do atraso. Desta
forma é preciso fortalecer a unidade da
categoria através da criação de uma rede de
comunicação alternativa reunindo, de forma
critica, o pensamento da categoria cuja
mobilização resultou em evidente abalo das
verdades estabelecidas.
Blog do COREU 30/05/2010