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Metrõpole
parapoucos
SÃOPAULO1 Agredido pelo trânsito,
I
ARAISÓPOLIS, localiza- Os moradores de Paraisópolis, contu- pulação estimada em 120 mil habitantes.
da no rico bairro do Mo- do, não se sentem tão privilegiados assim. "Aqui temos quase tudo. Supermercados,
rumbi, zona sul de São "Ninguém tem dinheiro para frequentar farmácias, academias de ginástica, pizza-
Paulo, é considerada uma esses lugares. Quando muito, vai de vez em rias, bares com música ao vivo, lan hou-
favela privilegiada. Boa quando ao cinema. A maioria prefere pa- se e até um parque de diversões", comen-
parte dos seus 80 mil ha- gar 1real pelo DVD pirata e ver um filme ta Juliana, sorriso orgulhoso. "E tudo is-
bitantes, segundo o últi- por aqui mesmo", comenta Juliana Olivei- so construido pelos próprios moradores,
mo Censo do IBGE,não precisa enfren- ra, 24 anos, supervisora de um telecentro que criaram pequenos comércios e pro-
tar longostrajetos para chegar ao traba- da favela e estudante de Gestão Ambiental grediram. Está vendo aquele supermer-
lho. Asoportunidades de emprego estão da Universidade Bandeirantes (Uniban). cado?", aponta. "Faço as minhas com-
na vizinhança abastada. Ao redor da fa- "Diversão fora da favela é privilégio." pras do mês ali. É praticamente o mesmo
vela, uma extensa rede de restaurantes, Nem por isso ela se queixa de morar preço de um hipermercado e economizo
shoppings, salas de cinema, hipermer- na segunda maior favela de São Paulo, uns 30 reais que gastaria de táxi para tra-
cados, parques, casas de espetáculo. atrás apenas de Heliópolis,com uma po- zer as compras até em casa."
20 WWW.CARTACAPITAL.COM.BR
Sem espaços
públicos, a cidade
se divide em guetos.
Pobres e ricos não
se misturam. Todos
tentam improvisar
o que o governo
deixa de oferecer
Origens. Em Paraisópolis ou na
Vila Nova Conceição, o retorno
ao vi/arejo, como observa Fuksas
Paraisópolis exemplifica uma tendência e a cultura de seus habitantes e promovi- dustriais próximas do centro. São Paulo
apontada por arquitetos e urbanistas de re- do ao velho e eterno conceito de 'vilarejo"', se faz de bairros múltiplos e variados, nos
nome. Em uma cidade agredida pelo trân- completa Fuksas, em artigo publicado na quais sentimos uma forte autonomia."
sito e com escasséz de espaços públicos edição 577de CartaCapital. A existência no bairro, contudo, não
de convivência, a população naturalmen- garante qualidade de vida para a maioria
te orienta-se para a vida de bairro. '~quilo A opinião é compartilhada pelo antro- da população. Na cidade que concentra
que os urbanistas e os políticos não foram pólogo francês Olivier Mongin, que nar- isoladamente 12% do PIB brasileiro, a ge-
capazes de fazer, isto é, uma mistura de re- rou sua experiência ao desbravar São ografia de oportunidades é extremamen-
sidências e escritórios, serviços e verde, os Paulo recentemente, após ser "iniciado" te desigual e perversa. O distrito de Mo-
cidadãos construíram sozinhos", afirma o por paulistanos. "Não vi uma Trinidad, ema, que abriga a Vila Nova Conceição,
arquiteto italiano Massimiliano Fuksas, uma Kinshasa ou um Cairo em São Pau- bairro com o metro quadrado mais caro
autor, entre outros projetos, do Centro da lo. Vi parques, jardins, espaços abando- de São Paulo, possui uma renda per capita
paz em Jafa, Israel. "Este espaço (obairro) nados, pichações, muros sem publicida- média de 5,5 mil reais e um Índice de De-
foi promovido para abrigar o tempo livre de, tive a oportunidade de ir a áreas in- senvolvimento Humano (IDH) de 0,961,
CARTACAPITALI 27 DEJANEIRODE2010 21
Seu País São Paulo 1
Umacidade emapuros
Legislação,investimentospúblicos
SÃOPAULO2 I
O bravo DeSanctis
JUSTiÇA? INFLAÇÃOBastaum soluço
pagapor suabravura do dragão para assustar