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REVISTA DO INSTITUTO DO CHARA 18 O Comendador José Anténio Machado e sua descendéncia (Pequena contribuicdo para a genealogia cearense) Raimundo Giréo Naquela tarde de sdbado, dia 2 de Maio, do ano de 1807, povo, nobreza e clero da. pequena e monétona vila da Fortaleza de N. Se nhora da Assungdo, sede da capitania do Ceard-Grande, davam-se conta dum acontecimento de desusada ressondncia sozial. O opulento negociante Anténio José Moreira Gomes reunira na sua casa de residéncia, & ruazinha do Rosdrto, os seus melhores ami- gos, as autoridades e pessoas de maior representagio da terra, para oferecer-lhes faustoso banquete, servido de infinitas iguarias ¢ espiri- tualizado pelos afamados vinhos jamais aqui trazidos das velhas ade- gas do Porto e de Lisboa. Motivava tamanha festa o casamento de sua filha Anténia Mo- reira da Conceigio com o mogo lusitano José Anténio Machado, que ele trouxera rapazinho de Portugal, como se tambem filho fora, «tra- tando-o com agrados e caricias de pai». Realizara-se o ato As duas horas da tarde, ¢feitas as denuneia- ges do estilor, na modesta e quase arruinada matriz da vila, oficiado pelo vigério da vara Ant6nio José Moreira, padre que se impés & consideragio e estima dos seus jurisdicionados e dirigiu_os negécios eclesidstieos da freguesia por muitos anos, tendo feito parte do Go- yerno Provisional que se sucedeu & deposigio de Francisco Alberto Rubim, em Novembro de 1821, e sendo eleito, no mesmo ano, depu- tado ao Supremo Congresso das Cortes Gerais Extraordindrias ¢ Constituintes, Foram testemunhas, ilustres e dignas, Marcos Anténio Bricio, membro da Junta da Real Fazenda, e 0 capitéo-mor Gregério Alves Pontes, chomem da inaior nobrega, eristandade e desinteresee, manso, quieto e pacifico», de destacada atuagdo pelos cargos que ocupou, en- tre os quais os de vereador da cémara e juiz de orfaos, e cujo fale- cimento o Barfio de Studart anota como verificado em 1803 (Rev. do 14 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA Instituto do Ceard, vol. 37, 1923, pag. 295), 0 que evidentemente niio & certo, pois somente acontecex em 1809. (1) A noiva nascera em 1785 na vila de Arronches, produto tinico dos amores do entéo sargeuto-mor Moreira Gomes com d, Ana Rosa de Melo, que ali morava com sua avé. O noivo, rebento da gente lusa, era natural da Freguesia de S.-Martinho-do-Couto, filho do ca- pitiio Luiz Manuel da Guerra e Luisa Maria Engrécia Machado, e nascido a 25 de Marco de 1782, e néo 1772, como esté na Rev. do Instituto, vel. 37, pag. 308. Viera Anténio José Moreira Gomes para o Ceard nos comegos do dltimo quartel do século 18 e cedo conseguiu grande patriménio e enorme projegio no coméreio e na politica da colénia: (item 9). Dele refere Joao Brigido que «era o portugués mais rico e in- fluente da terra, e foi capitéo-mor de ordenanga do termo», cargo para que foi escolhido dentre trés disputantes, por Barba Alardo, em cuja administragéio fruiu preponderante aprego. Na gestéo administrativa seguinte, de Manuel Inécio de Sam- paio, viu-se Moreira Gomes as voltas com a animosidade do Gover- nador, em virtude de ndo ter querido submeter-se a uma derrama imposta os criadores de gado, ou, talvez, como conjectura Jodo Bri- gido, «por despeito para com o juiz de fora José da Cruz Ferreira, que tinba anulado um contrato firmado pela edmara com um seu amigo, para talhar carne a 1$200 por arroba>. (Homens e Fatos, 1919, pag. 224). Sampaio acusou-o até de conivente com o movimento de 1817 e chegou a . (Jodo Brigido, idem, pg. 236.) A riqueza de Moreira Gomes era enorme e se compunha de casa de comércio e prédios na vila, de escravaria, de muito gado e fazen- das nas proximidades de Fortaleza e nos sertées do Canindé. Conforme se vé do seu inventdrio, iniciado, aos 12 de Marco

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