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I – Introdução
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Advogado, formado pela Escola Superior Dom Helder Câmara em 2007, militante de direitos humanos nas
ONG Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS de Minas Gerais (GAPAMG) e Davida Prostituição, Direitos
Civis e Saúde.
Nesse sentido, se faz urgente discutir a legitimidade dessas posições tendentes à
produção normativa, bem como o cenário que delineiam decisões que ainda estão por vir, que
atendem à maioria da população claramente inspirada pelos dogmas cristãos em detrimento de
argumentos técnicos ou científicos sustentados por uma minoria.
O pluralismo religioso, ao que parece, passa a ser amalgamado em um bloco, ainda que
diverso em sua constituição, apresentando Deus como argumento principal numa sociedade
dita complexa e plural. Nesse cenário, como se daria a formação da identidade do sujeito
constitucional pátrio, cujo desafio fático aponta para a harmonização do imperativo extraído
da Constituição da República no que tange à questão da laicidade do Estado em uma nação
composta por uma maioria claramente religiosa?
Objetivando construir respostas possíveis a esta indagação, buscou-se articular a
questão do Estado Laico e a formação da identidade do sujeito constitucional tendo em
perspectiva o projeto democrático pátrio, identificando as tensões necessárias presentes no
campo discursivo capazes de forjar argumentos idôneos e aptos a influenciar decisões
baseadas no entendimento entre aqueles que participam de sua elaboração e são afetados por
elas.
A primeira seção aborda, por meio de breves apontamentos, a formação da identidade
do sujeito constitucional tomando-se como base a teoria de Michel Rosenfeld (2003). Como
um processo cujo termo final nunca é alcançado, a formação da identidade do sujeito
constitucional pressupõe a existência de um campo discursivo dinamicamente tensionado por
interesses contrapostos, sustentados por grupos com idéias e concepções de mundo distintas
que deverão ser trabalhados e, na medida do possível, harmonizados, tendo em vista a co-
existência pacífica de todos sob o manto de uma lei única.
A segunda seção visa a discutir a laicidade estatal como comando constitucional
inafastável, cuja positivação constitucional remonta ao início da República no Brasil. Não
obstante a força normativa deste comando, especialmente em razão de sua localização
topográfica hierarquicamente superior, percebe-se a necessidade de sua afirmação constante e
permanente, tendo em vista as recorrentes violações sofridas sejam essas fáticas e concretas,
sejam simbólicas, porém não menos efetivas.
A terceira seção opera com o perfil religioso da população brasileira buscando analisar a
extensão de seus efeitos na formação da identidade do sujeito constitucional pátrio, a partir da
função atribuída ao sentimento religioso ao longo do processo de civilização de dada
sociedade.
A quarta e última seção apresenta o propósito de articular os conceitos de Estado
Democrático, laicidade e religiosidade visando problematizar o impacto do discurso moral-
religioso na concretização do princípio da laicidade do Estado e na consecução do projeto
democrático propugnado pelo texto constitucional de 1988.
VI – Conclusão