Imperatriz Não é difícil compreender como a figura da mulher, como um dos
aspectos integrantes da Divindade, teve subtraída essa posição através da histó ria da civilização. Esses seres que devem ter causado uma impressão profunda no homem primitivo, primeiro com o sangue menstrual, depois com o seu ventre se dil atando para, após determinado período, sofrendo dores e esvaindo-se em líquidos ainda sem nomes, colocarem um novo ser vivo na superfície da terra. Tudo exatame nte igual, em termos de mistério, aos frutos que a cada estação se apresentavam nas árvores, o surgimento de espécies vegetais vindas, sem aparente razão, do so lo ou aos animais que se multiplicavam nas estepes. Além disso, como verdadeiras primeiras alquimistas, eram elas que preparava m a caça abatida, descobrindo maiores utilidades para o fogo e inventando os ute nsílios que lhes permitiam o preparo dos alimentos. Também a elas cabia o exercí cio de, com ervas, raízes e folhas diversas, cuidarem dos ferimentos e preparare m beberagens e infusões diversas para a cura de doenças. Com a compreensão de que havia uma participação efetiva do elemento masculi no no ato da concepção, e que portanto ele também era parte daquele misterioso e vento, o homem começa a perder grande parte da reverência que lhes dedicava e in icia-se, então, a transição do matriarcado para um patriarcado baseado em ação, conquistas, lutas, apagando, com o passar do tempo, grande parte das referências ao poder do feminino. Isso acabou sendo especialmente na Idade Média quando os religiosos, que supostamente muito pouco conheciam das mulheres passaram a vê-la s como descendentes diretas de Eva, seres feitos unicamente de carne e sentidos, sendo portanto a causa da Grande Queda, da perda do Paraíso, pois nada mais era m do que a própria Tentação materializada. Por ter sido criada da costela de Adã o, conforme os ensinamentos bíblicos, era vista como um ser exclusivamente mater ial, criada exclusivamente para a procriação, e que deveria ser mantida virgem a té casar-se, quando passaria a ser posse exclusiva de seu marido, a ele devendo fidelidade e submissão. O cristianismo deu às mulheres alguma esperança de salvação e de construção de uma nova imagem, pois afinal, Maria, a mãe virgem de Jesus, era também consi derada a mãe de todos aqueles que abraçavam a nova fé, liberando-os da maldição que Eva tinha lhes angariado. A castidade deveria ser mantida, sob qualquer cust o, caso desejassem casar. Se preferissem adotar uma vida de reclusão, uma vida r eligiosa, isoladas nas abadias e “casadas” com Cristo, então a idéia da virginda de era considerada fundamental. Maria passa a ser um ideal de santidade que se c ontrapõe à materialidade, à realidade representada por Eva. Mas, o que fazer com aquelas, que não resistindo aos seus impulsos naturais , abriam mão da tão preciosa virgindade para depois se arrependerem? Para essas um novo modelo a ser imitado foi criado com a figura de Maria Madalena, a pecado ra arrependida, que apesar de seus erros, encontrou a salvação ao abandonar a vi da pregressa e submeter-se unicamente à paixão e os êxtases da fé. Assim a Igreja, durante os séculos, nos apresentou três modelos de mulher: Eva, a que representava os instintos mais baixos e que por eles pactuara com o D emônio tramando enganar o Homem; A Virgem Maria, a mãe do Salvador e de todos nó s, cuja adoração baseava-se na aceitação do fato da sua concepção ter sido divin a, sem intercurso carnal, de ter gerado o Redentor e ter ascendido aos céus, nas mesmas condições do Filho; e, finalmente, Maria Madalena, o exemplo de que a mo rtificação da carne através de exercícios espirituais e da recusa e desprezo pel o físico, além da submissão aos homens da Igreja, eram o caminho da salvação per dida por aquelas que haviam pecado, tais como Eva, usando o corpo para o prazer. Quando nós pensamos em maternidade e sexo nos parece que são coisas opostas, como se para uma mulher engravidar não tivesse que haver sexo, existir uma rela ção carnal. Ainda assim nos recusamos a pensar nas mães, e em especial na nossa, como puras, assexuadas. Essa atitude pode ser encarada como uma forma de ciúme possessivo da criança que não quer admitir que sua mãe divida seu corpo com outr o. Mas também é fruto de quase dois mil anos de uma cultura cristã, que divide a s mulheres em dois tipos: a santa, representada pela Virgem Maria, e a prostitut a, representada por Maria Madalena. Essa mesma tradição nos ensinou que as mulhe res que praticam sexo, que obtém prazer dele e gostam de si e de seu corpo, são fiéis representantes da demoníaca Eva, que na falta de qualquer virtude, colecio na todos os chamados vícios femininos, tais como a gula, a luxúria e a sexualida de. E por falar em luxúria, sensualidade e sexualidade, há quem goste da Madon na (a cantora, por favor). Eu, nem tanto. Mas isso não impede que eu reconheça o seu trabalho como importante especialmente no que se refere à estética dos show s, dos vídeo-clipes, na maneira de se auto-promover e na sua capacidade, quase i limitada, de renovar-se (ou melhor, “repaginar-se” ), sem necessariamente altera r o seu estilo musical. Madonna, hoje uma senhora, vendendo menos discos e excur sionando muito menos pelo mundo do que fazia há, digamos, dez anos, ainda conseg ue manipular a atenção da mídia, evidentemente a seu favor, seja adotando a caba la como foco de interesse espiritual, ou adotando, além de crianças de raças e n acionalidades diferentes, um jovem consorte com idade para ser mais um de seus filhos e também utilizando-se da sua fama para ajudar algumas organizações assi stenciais. Madonna finalmente tornou-se uma matriarca. Versace4 Da exuberante, transgressora e sexualmente liberada figura que uso u para imprimir sua marca no mundo competitivo das celebridades, evoluiu para um a persona pública que assume um caráter muito mais humanitário e bem menos hedon ista do que a sua imagem, meticulosamente construída, vendia. É a mãe de muitos filhos que necessariamente não precisa ter gerado; emprega muita gente, criando condições de sobrevivência para um grupo enorme de assessores, estilistas, maqu iadores, cabelereiros, personal trainers, coreógrafos, bailarinos, videomakers, músicos, produtores musicais, iluminadores, cenógrafos, fotógrafos, ilustradores , divulgadores, assessores de imprensa, guarda-costas, etc. Nutre, enfim, com o seu trabalho toda uma indústria de entretenimento, toda uma indústria cultural, que é, também, uma importante característica da arquetípica figura da Imperatriz , afilhada direta de Vênus/Afrodite, em sua incansável busca pelo belo. Madonna vendeu cultura e sexo na mesma medida. Utilizou-se de ambos para co nstruir uma carreira extremamente bem sucedida, cuidadosamente planejada e basta nte longa. Sempre atual com as tendências da moda, de estilo e da cultura, evolu iu através dos anos como uma verdadeira camaleoa, criando uma nova identidade pa ra cada novo ciclo, para cada nova estação ou temporada de concertos e shows. Ch ocou propositadamente alguns segmentos da sociedade com as sequências altamente erotizadas de seus vídeos, das coreografias de seus shows, das letras de suas m úsicas, das fotos das centenas de editoriais e capas de revistas, tendo-se valid o dos mais diversos aspectos fetichistas para estimular a imaginação de seus mil hões de fãs, falando uma linguagem que não necessita de tradução: o sexo. Finalm ente, mais madura, encarnou a personagem da mulher que é dona de si mesma, que s abe o que quer, que não depende de ninguém, que sabe como, onde e com quem encon trar seu prazer. Dona de seu corpo e de seu destino, Madonna é uma assumida Impe ratriz Quando a carta da Imperatriz aparece numa jogada de tarot, dependendo da su a posição entre as demais cartas e do assunto abordado pelo consulente, ela pode significar, também, que é chegado um tempo na vida da pessoa em que ela está ex perimentando o mundo com bastante prazer, satisfação sensorial e de uma maneira maternal; pode ser a chegada de uma época de riqueza, de abundância, de saúde e de muita criatividade. Pode ser também o prenúncio de casamento ou de gravidez, de amor, de romance e de grande e satisfatória atividade sexual. Pode também sig nificar uma grande paixão pela Natureza, pela vida ao ar livre, pelo campo, pela s plantas; uma consciência ecológica e uma tomada de atitudes que possam favorec er as condições de vida do planeta. É a gestação e o dar a luz a novas idéias e projetos, coisas que enriqueçam e tragam mais beleza para o mundo. É um aviso qu e o processo de maturação está se completando e que o momento da colheita está p róximo.´Pode representar uma tomada de consciência do próprio feminino, do seu p oder de sedução e da sua capacidade de realização. Pode, quando mal dignificada numa leitura, a carta desse Arcano representar desperdício de potencial, falta de criatividade; vaidade excessiva e gastos des necessários. Pode estar alertando para problemas em relação à própria sexualidad e, tais como frigidez, ninfomania, promiscuidade, esterilidade. Simboliza, negat ivamente, o bloqueio da paixão, seja emocional ou sexual, dificultando-lhe a aut o-expressão. Pode também estar indicando problemas com a mãe do consulente, seja na forma de ressentimentos passados ou de carência afetiva; ou então o problema diz respeito à sua relação maternal com seus próprios filhos (se os tiver), por sentir-se distante deles naquele momento da vida. Se, por exemplo, uma carta c omo o Eremita ou a Sacerdotisa (Papisa) aparecer próximo, pode estar sugerindo q ue este não é o momento adequado para o consulente envolver-se numa paixão, reco mendando-lhe que talvez devesse retirar-se e concentrar-se em si mesmo. 03-Major-Empress Nesta segunda-feira, a Lua está em Gêmeos e isso é indicaç ão que haverá um possível aumento na nossa produção de idéias, de sugestões para novos projetos e atividades, ou seja, nossa criatividade estará em alta. Além d isso, atividades como cinema, teatro, shows, exposições, visitas a museus e gale rias são altamente recomendadas e provocarão um estímulo extra no nosso potencia l criador. Não nos esqueçamos que estamos vivendo um ano que numerologicamente n os remete à Imperatriz, portanto suas energias deverão serem sentidas através de uma busca pela criação de algo belo, pela dedicação à uma causa humanitária, pe lo trato amoroso dedicado à família e aos amigos, pelo cuidado e carinho com que administramos nossos relacionamentos. Além disso, cabalisticamente, a Imperatri z ocupa o 14 Caminho na Árvore da Vida, unindo Binah (Compreensão, Oceano da In consciência) a Chokmah (Sabedoria que domina o Zodíaco e todos os Mundos), que é chamado o Caminho da Inteligência Luminosa. A Imperatriz é, então, uma grande p orta de entrada do Sol, um grande e fértil delta, o útero cósmico Tenham todos um excelente início de semana e lembrem-se que o Amor é o gran de poder da Imperatriz. Nada resiste a ele. Tudo a ele se submete. Imagem: TAROT NAMUR, por Prof. Namur Gopalla e Marta Leyrós (Academia de Cultura Arcanum) WWW.ELEMENTOSDOTAROT.COM.BR