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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

Especialização em Direito Civil e Processo Civil

Tema: OBRIGAÇÕES

Prof. LUIZ FERNANDO DO VALE DE ALMEIDA GUILHERME

Advogado sócio de Almeida Guilherme Advogados1. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
Mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Doutorando pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUC-SP. Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, nos cursos de graduação e pós graduação, e da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP (Cogeae). Professor no curso de graduação da FMU. Professor da Escola Paulista
da Magistratura (EPM) nos cursos de Família e Meios Alternativos de Soluções de Conflitos. Professor do curso de Especialização de Direito
Civil e Processo Civil da FAAP. Ex - Coordenador e Professor do curso de Mediação, Conciliação e Arbitragem na Escola Superior de
Advocacia de São Paulo – núcleo Pinheiros. Professor convidado nos cursos de LLM do Ibmec-SP.

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OBRIGAÇÕES (arts. 233 – 420 do CC) – Tema:

• Classificação das Obrigações: (i) dar, (ii) fazer, (iii) não fazer

• Obrigações relativas ao modo de execução: (i) obrigação alternativa, (ii) obrigação


facultativa

• Das Obrigações Solidárias

• Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis

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Classificação das Obrigações

Noção Introdutória

Conforme a prestação exigida ao devedor, a obrigação pode ser: de dar, de fazer e de não fazer
(dare, facere ou non facere)

Coisa certa é o bem determinado pelo seu gênero e espécie, por sua qualidade e quantidade.

Coisa incerta vem a ser o bem determinado unicamente por seu gênero assim como a sua
quantidade ou sem predeterminação de sua extensão.

1
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Fazer e não fazer são comportamentos exigidos do devedor, por lei ou pela vontade do indivíduo,
para a satisfação dos interesses do credor.

1. Obrigação de DAR

A obrigação de dar é aquela cuja prestação é a entrega de uma coisa móvel ou


imóvel.

Na prática, não importa se a entrega é definitiva ou temporária. Porém, se a entrega


do objeto for de caráter temporário, cria-se o expediente da necessidade de devolução ou da
restituição da coisa por parte do devedor.

É importante dizer que pelo nosso sistema de fundamentação romana, a obrigação de


dar não constitui especificamente a entrega da coisa, mas sim um compromisso de entrega da coisa.
Assim, a obrigação de dar gera apenas um crédito e não um direito real. Ou seja, a transferência da
propriedade de bens imóveis só se dá pela transcrição do título no Registro de Imóvel e a
transmissão dos bens móveis se efetiva pela tradição, ou seja, pela entrega da coisa em si.

1.2 Obrigação de DAR COISA certa

A obrigação de dar coisa certa consiste na disponibilização de um bem


individualizado e determinado, fazendo-se distinto dos demais. Poderá, entretanto, a entrega ser de
natureza não específica, mas sim genérica, isto é, com o objeto da entrega recaindo sobre a
quantidade e não sobre a qualidade da coisa, como exemplo, na entrega por parte do devedor de
100 sacas de café ou de 500 açúcar. Em sentido oposto, será genuinamente específica quando
incidir sobre um objeto certo e determinado, como exemplo, um cavalo de corrida Faraó ou um
quadro “X”, de um renomado pintor.

O objeto da obrigação, a coisa certa, servirá para o adimplemento da obrigação.


Dessa maneira, como informa o art. 313 do CC: “o credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. Do mesmo modo, o credor não pode exigir
outra prestação, ainda que menos valiosa. Esse ideário sustenta o princípio pelo qual os contratos
devem ser cumpridos como ajustados.

Também não pode o devedor extinguir a obrigação, substituindo a coisa que é seu
objeto por dinheiro uma vez que esse procedimento significaria a mudança arbitrária e unilateral de
uma obrigação simples para uma obrigação alternativa.

1.2.1 Conseqüências da perda ou deterioração da coisa certa.

O devedor deverá zelar pela conservação da coisa, mas ainda que assim o proceda,
de modo prudente e diligente, pode o objeto se perder. Nesse sentido, não havendo então a culpa
do devedor e perdida a coisa antes da tradição, encerra-se a obrigação para ambos e o prejuízo fica
adstrito ao dono do bem. Se já houver sido efetuada a tradição e os danos ocorrem em seguida
recairão ao novo proprietário os prejuízos.

De outro modo, se existir a culpa por parte do devedor e a coisa se deteriorar,


sofrendo diminuição de seu valor, o credor escolherá se prefere a coisa nas condições em que se
encontrar, com o abatimento do preço do estrago, ou se considerará desfeita a relação.
Nas obrigações de dar se incluem as prestações de índole diversa: de restituir

1.3 Obrigação de restituir

Caracteriza-se por envolver uma devolução, como no caso do locatário, do mutuário,


do comodatário, do depositário e do mandatário. O devedor, por ter recebido coisa alheia deve
devolvê-la ao seu proprietário, uma vez que houve apenas a cessão da posse da coisa.

1.3.1 Perda ou deterioração na obrigação de restituir coisa certa


Art 238: “se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes
da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o
dia da perda”.

Logo, se for provada a perda total do bem, sem a culpa do devedor, o credor, isto é, o
proprietário, assume todos os prejuízos e a obrigação acaba, assim como ocorre na hipótese da
perda ou deterioração da coisa certa. PORÉM, uma vez provada a culpa do devedor, este
responderá pelo valor equivalente, mais perdas e danos (CC, arts. 239, 583 e 1995). (Diniz, Maria
Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, p. 74)

Se o bem sofrer deterioração sem culpa do devedor, o credor o receberá no estado


que estiver, sem direito a indenização. Se houver culpa do devedor, poderá o credor exigir o
equivalente, acrescido de perdas e danos. Pode ainda optar por receber o bem no estado em que se
encontrar, mais as perdas e danos (CC, arts. 240 c/c os arts. 239 e 1.435, IV).

1.4 Lucros

Se a coisa restituível se valorizar em virtude de frutos, benfeitorias, melhoramentos e


acréscimos, SEM a despesa ou trabalho do devedor, LUCRARÁ o credor SEM pagar indenização,
pelo simples motivo de que a coisa a ele pertence (241, 629, 1.435, IV), já que o acessório segue o
principal. TODAVIA, se os melhoramentos, em geral, vieram em função de trabalho do devedor,
deverá o credor ressarcir aquele. Mas a questão não se encerra! Importante é saber se o devedor
agiu de boa ou de má-fé quando dos gastos com os melhoramentos da coisa. Se ele procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização pelos melhoramentos necessários (feitos para a conservação) e
úteis (feitos para facilitar o uso), “podendo, sem detrimento para a coisa, levantar os voluptários
(efetivados para embelezamento ou recreação), se não for reembolsado da respectiva importância,
tendo, ainda, o direito a retenção no que concerne ao valor dos acréscimos úteis e necessários
(DINIZ, 75) . Entretanto, se estiver de má-fé, terá direito a indenização apenas pelos gastos
necessários, não podendo levantar os de mero deleite (CC 1.220).

1.5 Obrigação DE DAR coisa incerta

Sua prestação é indeterminada mas suscetível de determinação, pois seu pagamento


é precedido de um ato preparatório de escolha que individualizará a prestação. Nesse momento a
obrigação deixa de ser “dar coisa incerta” para se tornar “dar coisa certa”. Essa escolha acarreta na
entrega nem do bem de pior nem do de melhor qualidade (CC, art 244), mas sim na seleção daquele
com os atributos medianos.

É importante que uma vez que a priori não exista a determinação da coisa em si seja
feita a determinação genérica e em quantidade. Essa indeterminação é finalizada em um momento
conhecido como concentração, no qual existe a efetiva escolha e individuação da coisa.

2. Obrigação de FAZER

A obrigação de fazer vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato


positivo, imaterial ou material, podendo ser seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de
terceira pessoa.

Muitas vezes há confusão quando da distinção entre as obrigações de dar e de fazer.


Ambas são obrigações positivas. Deve-se ponderar que se o devedor tem de dar ou de entregar a
coisa, sem previamente ter que fazê-la, a obrigação é de dar. Contudo, se primeiramente tem ele de
confeccionar a coisa para depois entregá-la, tendo de realizar algum ato, do qual será mero
corolário, tecnicamente a obrigação é de fazer.

 Espécies de obrigação de fazer: fungível e infungível.

2.1 Obrigação de FAZER Infungível

É uma obrigação de natureza individualizada que leva em consideração as


habilidades específicas, os conhecimentos técnicos, culturais, artísticos e a capacidade de um
determinado agente ante os demais, de maneira que a sua substituição se faz impossível. O devedor
é insubstituível.

Interessa ver que em muitas ocasiões a infungibilidade não está expressa, visto que a
natureza da operação é personalíssima: se “A” procura “B” pois este é um renomado cirurgião ou
um renomado advogado, pondo suas esperanças na atividade laboral deste, é natural de se esperar
que B não possa ser substituído por outro médico ou advogado.

2.2 Obrigação de FAZER Fungível

Trata da obrigação em que a pessoa do devedor não é essencial, fazendo-se com


que ela possa ser substituída por terceiro para a realização da obrigação. Se o credor quer apenas o
reparo em um determinado bem como um relógio ou um carro, por exemplo, pode não importar a
ele se será efetuado o conserto por “A”, “B” ou “C”. No caso podem ser fungíveis já que para as
prestações não são necessárias habilidades, conhecimentos ou aptidões individuais específicas.

2.3 Conseqüências do inadimplemento da obrigação DE FAZER

Por vezes ocorre de a obrigação não poder ser adimplida. Será necessário no caso se
averiguar a culpa ou as hipóteses de força maior ou caso fortuito.

Se a prestação não ocorrer com o devedor NÃO tendo culpa para tanto, assim como
na obrigação de dar, resolve-se a obrigação, voltando as pessoas ao estado anterior a ela e com a
devolução do que possam ter recebido. Exemplos são muitos, como no caso de um cantor não poder
cantar em um concerto por conta de um acidente com a sua voz, do qual ele não teve culpa; ou um
cirurgião que não realiza sua atividade porque sofreu um derrame cerebral.
De todo modo, para que se exonere da prestação o devedor deverá provar que não
teve participação nos fatos e que houve a impossibilidade de prestar a dita obrigação, como nos
moldes do art. 393, CC.

No entanto, se o devedor não prestou a obrigação por conta de seus procedimentos


deverá ele responder por perdas e danos. Exemplo: cantor que deveria se apresentar em um show
musical e que decidiu por prolongar as suas férias, permanecendo em outra localidade quando da
apresentação. Dessa forma, paga ele por perdas e danos, convertendo-se a obrigação de fazer em
obrigação de dar.

Se a prestação for de caráter fungível e o devedor agir de maneira morosa ou


simplesmente não cumprir com a sua incumbência, pode o credor mandar executar o fato, à custa do
devedor, sendo a prestação realizada por terceiro e ainda cobrar do devedor original as perdas e
danos (249, CC).

3. Obrigação de NÃO FAZER

As obrigações de dar e de fazer são obrigações positivas. A modalidade da obrigação


de não fazer é de natureza negativa, ou seja, se nas primeiras o devedor se compromete a realizar
uma atividade, nas obrigações de não fazer o devedor se compromete a uma abstenção. Isso se
verifica quando o locador, por exemplo, propõe-se a não incomodar o locatário na relação que os
envolve; ou então a obrigação de um artista de não se vincular a um empresário específico; ou ainda
quando um estabelecimento comercial informa que não manterá atividades em uma região em que
já existe um concorrente.

3.1 Conseqüências do inadimplemento da obrigação de NÃO FAZER

Novamente se deve ponderar acerca da culpa ou não do devedor. Se este não se


absteve de sua obrigação, sem ter culpa no episódio, resolve-se a obrigação ao se exonerar o
devedor (art. 250, CC). Serve de exemplo caso em que uma pessoa assume a responsabilidade de
não impedir a passagem de pessoas em sua propriedade, porém, por meio de uma determinação do
poder público para que se feche a passagem, é ela obrigada a agir dessa maneira, ferindo o que antes
havia convencionado.

Em sentido oposto se verifica a situação em que a pessoa se compromete a uma


postura negativa, ou seja, de abstenção, “DE NÃO FAZER”, e contraria essa máxima, agindo de
modo positivo, seja voluntário ou apenas negligente, denotando o elemento CULPA. Assim se
consolida a possibilidade de o credor mandar desfazer o ato (CC, art. 250), sob pena de se desfazer
à custa do devedor e de o credor obter ainda perdas e danos.

4. Obrigação Simples e Cumulativa

A primeira se refere às prestações que recaem somente sobre uma coisa (certa ou
incerta) ou sobre um ato (fazer ou não fazer), destinando-se a produzir apenas um efeito, liberando-
se assim o devedor após seu cumprimento.

Pode, entretanto, a obrigação ser cumulativa: vende-se um quadro e um cavalo. Mais


de uma prestação é devida conjuntamente, tendo o credor o direito de exigir todas elas do devedor.
5. Obrigação ALTERNATIVA

É aquela em que existem duas ou mais prestações com objetos distintos, da qual o
devedor se libertará mediante o cumprimento de uma delas. A escolha de qual será exercida
normalmente fica adstrita ao devedor (art. 252, CC), se outro formato não se pactuou. De todo
modo, pode ser feita a escolha pelo credor ou mesmo por terceiros.

Ilustração da obrigação alternativa é vista quando, por exemplo, o devedor se obriga


a construir uma casa OU a pagar quantia equivalente ao seu valor ao credor. Ele se liberta da
obrigação quando efetua uma das prestações convencionadas.

Caracteriza-se então por: (i) haver dualidade ou multiplicidade de prestações


heterogêneas e (ii) exonerar o devedor da obrigação pela satisfação de uma das prestações para com
o credor.

 Ela é vantajosa a ambas as partes em virtude do fato de que o devedor pode escolher a
prestação que lhe trouxer menor prejuízo; e também é interessante ao credor pois com mais
possibilidades de adimplemento, tem ele elevada a chance de ver a obrigação cumprida.
Sendo assim, se um dos objetos perecer não será finalizada a obrigação, pois o credor pode
reclamar o pagamento da prestação que ainda subsiste (art. 253, CC).

 Porém, importa dizer também que não pode a obrigação ser executada com o devedor dando
parte de uma e depois parte da outra prestação (art. 252, § 1º).

 Frise-se que decidirá o juiz a respeito de qual prestação será cumprida se credor e devedor
não a reconhecerem em comum acordo (art. 252, § 3º, CC).

 Ademais, vale lembrar que antes da concentração, ou seja, do momento da escolha do


objeto, a obrigação é realmente alternativa, mas conforme ocorre a indicação do bem esta
transmuta para uma obrigação simples.

 Também é interessante mencionar que não se aplica à escolha da prestação o princípio do


meio-termo ou da qualidade média, uma vez que o titular desse direito pode optar por
qualquer das obrigações.

5.1 Inexeqüibilidade das prestações

5.1.1 Impossibilidade em razão de perecimento ocasionado por força maior ou caso


fortuito

Refere-se ao episódio há pouco destacado quando existe uma concentração


automática uma vez que, sem culpa do devedor, uma das prestações é perdida. Então, usa-se
automaticamente a segunda hipótese para liqüidar a obrigação.

5.2 Inexeqüibilidade por culpa do devedor

Se a escolha for do credor e uma das prestações se tornar impossível por culpa do
devedor, o credor poderá exigir a prestação que resta ou o valor da outra, com perdas e danos (art.
255, 1ª parte, CC).
Se por culpa do devedor não for possível cumprir nenhuma das duas, não havendo
mais escolha ao credor, ficará o devedor obrigado a pagar o valor da última pois nela se concentrou
a obrigação, além de perdas e danos (art. 254, CC).

5.3 Impossibilidade da primeira prestação, por caso fortuito e força maior, e da


segunda, por culpa do devedor, ou vice-versa

Se houver perecimento da primeira sem qualquer culpa do devedor, e da segunda, já


com culpa dele, aplicam-se os artigos 253 e 234, 2ª parte, isto é, subsistirá a dívida quanto a
obrigação remanescente, respondendo o devedor em relação àquela que se impossibilitou por sua
culpa, pelo equivalente, mais perdas e danos.

Já se perecer a primeira por conta do devedor e a segunda, sem culpa dele, olha-se
para o Código, em seu 255º artigo, 1ª parte, situação em que assistirá ao credor o direito de optar
entre a que ainda existe ou o valor da outra, com perdas e danos.

6. Obrigação FACULTATIVA

A obrigação facultativa tem por objeto apenas uma obrigação principal e confere ao
devedor a possibilidade de se liberar a partir do pagamento de outra prestação prevista na avença,
com caráter subsidiário. Ex: vendedor se compromete a entregar 50 sacas de açúcar, mas o contrato
permite que ele se libere entregando a cotação do produto em ouro.

Não se confunde com a obrigação alternativa. Na facultativa há uma obrigação


principal e uma acessória e é a principal que determina a natureza do contrato. Na alternativa, as
duas ou mais prestações estão no mesmo nível e o desaparecimento de uma não finaliza a relação.
Na obrigação facultativa não se fala em uma pluralidade de objetos; há uma unidade contraída que
pode vir a ser substituída.

Outra diferença é o fato de que a escolha, na obrigação alternativa, poderia competir


ao credor ou ao devedor, mas na obrigação facultativa a faculdade recai exclusivamente sobre o
devedor. Aliás, na obrigação facultativa não existe uma escolha propriamente dita, ou seja, a
concentração, mas sim o exercício de uma opção.

E contrariando a obrigação alternativa, no caso de erro, não pode existir retratação se


o devedor cumpre a obrigação principal, porque esta é que gera a natureza da obrigação. Já se o
devedor cumpre a subsidiária por erro, poderá repetir, pela mesma razão pela qual pode repetir nas
alternativas.

6.1 Efeitos da Obrigação FACULTATIVA

Se a coisa principal se perde, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação. Se a


perda ou impossibilidade ocorre por fato ligado ao devedor, o credor pode pedir o preço referente a
coisa que pereceu, acrescido de perdas e danos. Se o perecimento foi do objeto principal, é justo que
o credor possa exigir o pagamento da coisa acessória - se não quiser pedir a indenização.

Ainda, a nulidade da obrigação principal finaliza também a acessória. No entanto, a


perda ou a deterioração do objeto da prestação acessória, com um ou sem culpa do devedor, não
influencia em nada a principal.
A obrigação alternativa é uma obrigação comum, que tem por objeto uma só
prestação, com uma faculdade atribuída ao devedor.

7. Obrigações DIVISÍVEIS e INDISÍVEIS

Em linhas gerais, divisíveis são as obrigações possíveis de cumprimento fracionado e


indivisíveis são as que só podem ser cumpridas em sua integralidade.

Sob o ponto de vista material, tudo pode ser fracionado. Mas não é isso que está em
tela. O que importa é ver se algo será divisível e se não perderá as propriedades do todo. Sob este
prisma que se pontua a prestação.

A indivisibilidade decorre da natureza de um objeto: um cavalo não será passível de


fracionamento. A indivisibilidade pode vir da natureza jurídica: todo imóvel normalmente pode ser
dividido, mas a lei pode proibir esse tipo de iniciativa, por restrições de zoneamento e afins. Nota-
se, então, a indivisibilidade por força da norma positivada.

Objetivamente, “a obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma


coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por natureza, por ordem econômica ou dada a
determinante do negócio.” (art. 258, CC).

As obrigações de dar podem ter por objeto prestação divisível ou indivisível.


Consistem na entrega da coisa. Será considerado divisível quando cada uma das parcelas separadas
guardar as características do todo. Em contraponto, se o objeto da prestação é corpo certo e
determinado, móvel ou imóvel, não se fala em divisibilidade, ainda que materialmente as coisas
permitam fracionamento.

As obrigações de restituir, geralmente são indivisíveis, já que o credor não pode ser
obrigado a receber coisa por partes, não ser que o acordo disponho de forma contrária.

A obrigação de fazer pode ser divisível ou indivisível. Um determinado trabalho a ser


realizado pode ser cumprido em partes ou não. Já na obrigação de não fazer, normalmente a
obrigação é indivisível. A abstenção costuma ser uma e indivisível, não sendo possível seu
parcelamento.

8. Obrigações SOLIDÁRIAS

A solidariedade na obrigação é um artifício utilizado com o intuito de reforçar a


avença, facilitando o cumprimento ou a solução da dívida.

De antemão, importa dizer que “a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da


vontade das partes.” (art. 265, CC). Não havendo expressão menção no título constitutivo e sem
previsão legal, prevalece a presunção contrária à solidariedade.

Verifica-se a existência da obrigação solidária quando a totalidade de seu objeto


pode ser reclamada e satisfeita por qualquer dos credores ou qualquer dos devedores. Assim,
por exemplo, cada credor pode demandar e cada devedor é obrigado a satisfazer o pagamento em
sua integralidade, com a particularidade de que tal pagamento extingue a obrigação quanto aos
outros devedores.
Há casos, no entanto, em que a solidariedade não é discutida entre as partes e que
ocorre pela repercussão dos fatos. Observa-se isso como quando um motorista particular, por
exemplo, agindo com culpa, atropela e ere um pedestre. Na ocorrência, motorista e o proprietário do
veículo respondem, sendo o segundo por culpa indireta. O mesmo se percebe quando existe um
incêndio numa propriedade segurada, ocasionado por terceiro. Dessa forma, pagam terceiro e
seguradora, o agente pela totalidade e a seguradora nos limites do contrato. A vítima pode então
reclamar a indenização a ambos, sendo que o pagamento de um libera o outro.

8.1 Solidariedade ATIVA

Na modalidade ativa existe mais de um credor, com todos podendo cobrar a dívida
por inteiro, e, como afirmado, qualquer devedor, cumprindo com a obrigação, libera-se da
obrigação (269, CC). O que de certa forma coloca em desuso a solidariedade ativa é o fato de que,
ao se exonerar o devedor da prestação, a partir de seu pagamento, o credor recebedor do crédito
deve se entender com os demais credores pois a relação deles não foi extinta.

8.1.2 Efeitos da Solidariedade ATIVA

O devedor não pode procurar pagar a prestação em parcelas, lançando-se mão do


argumento de que há mais de um credor;

A constituição feita em mora por um dos co-credores favorece a todos os demais;

A constituição em mora do credor solidário, pela oferta de pagamento feita pelo


devedor comum, prejudicará a todos os demais, que passarão a responder todos, pelos juros, riscos e
deterioração da coisa;

A incapacidade de um dos credores não obsta que a obrigação mantenha seu caráter
solidário a respeito dos demais;

O artigo 270 do CC apresenta: “se falecer um dos credores solidários, deixando


herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.”;

E como afirmado, a relação interna entre credores é irrelevante ao devedor. O


devedor que cumpre com a sua parte se exime da obrigação. O credor recebedor deve prestar conta
com os demais para satisfazer o liame que os une (272, CC). Assim, o outros credores podem entrar
com ação regressiva contra os demais pela parte que lhes cabe.

8.1.3 Extinção da solidariedade ATIVA

A extinção da solidariedade ativa não é observada apenas com o pagamento a


qualquer dos credores. Pode haver por novação (conversão de uma dívida em outra, extinguindo-se
a primeira, arts. 360 a 367), por compensação (significa o encontro de dívidas, em uma extinção
recíproca de obrigações – arts. 368 a 380), a remissão (“perdão da dívida”, arts. 385 a 388) e o
pagamento por consignação, que também libera o devedor (arts. 334 a 345).
8.2 Solidariedade PASSIVA

A solidariedade passiva é aquela que obriga a todos os devedores ao pagamento total


da dívida. Para que o credor fique insatisfeito, então, é necessário que todos os devedores fiquem
insolventes.

Importa dizer que, externamente, todos os devedores são coobrigados na relação


passiva, mas internamente cada devedor poderá ser responsável por valores distintos na obrigação
ou até mesmo, ter apenas a responsabilidade, sem que exista débito.

8.2.1 Principais efeitos da obrigação solidária

Cada credor tem seu direito de cobrar de qualquer devedor a totalidade da dívida
(275, CC), mas não é aconselhável que o credor demande a mais de um devedor em processos
distintos, ao mesmo tempo, pois processualmente é inconveniente. Podem haver decisões
contraditórias. Devem então ser reunidas ações para um único julgamento;

O pagamento parcial pode ser efetuado, bem como a remissão, mas “o pagamento
parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam os outros devedores,
senão até à concorrência da quantia paga, ou relevada”. (277, CC)

A morte de um dos devedores não extingue a obrigação solidária. O preceito deve ser
mais bem visto, olhando-se para o artigo 276:
Art. 276. “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será
obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a
obrigação for indivisível, mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores”.

Já pelo artigo 278 fica claro que ninguém pode ser obrigado a mais do que desejou, a
não ser que concorde expressamente.
Art. 278. “Qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros, sem consentimento
destes”.

Ademais, diz o artigo 279 que “tornando-se inexeqüível a prestação, por culpa de
um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas pelas
perdas e danos só responde o culpado”.

8.2.3 Extinção da solidariedade PASSIVA

O art. 282 é um bom exemplo: “O credor pode renunciar à solidariedade em favor


de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos
demais.”.

No entanto, se existir rateio entre os co-devedores, para reembolso do devedor que


pagou a prestação, todos vão contribuir, mesmo aqueles que tiveram a dívida remitida.

No geral, a renúncia quanto a obrigação solidária deve ser cabal. Pode ser expressa,
na hipótese do credor declarar que não deseja mais receber o crédito, ou que, no caso, abre mão da
solidariedade. Pode também ser tácita se faltar na atitude do credor, elemento que subentenda a
permanência da solidariedade.

9. Obrigações FRACIONÁRIAS

Nesta modalidade a prestação se dividirá em tantas partes quanto forem os sujeitos,


seja no pólo passivo seja no ativo, constituindo-se deste modo várias obrigações autônomas (as
ações de um sujeito não influi sobre os direitos dos demais) e conexas, na qual, do lodo ativo
existirão vários direitos de crédito independentes entre si, e, no passivo, vão se coligar a tantas
obrigações distintas quanto aos devedores, dividindo-as entre eles.

Somente se constituirá este tipo obrigacional em negócios intervivos ou nos casos de


sucessão hereditária.

Por disposição legal há a presunção juris tantum de que cada parte da prestação será
dividida igualmente entre os sujeitos (concursus partes fiunt), porém não se veda a hipótese de
serem estipuladas prestações desiguais.

Há também duas regras básicas decorrentes lógicas do conceito: (i) cada credor não
pode exigir mais do que a parte que lhe corresponder, e, cada devedor, do mesmo modo, não está
obrigado senão a fração que lhe é cabida pagar; (ii) e, para efeitos da prescrição, do pagamento de
juros moratórios, da anulação ou da nulidade da obrigação, e ainda do cumprimento da cláusula
penal, as obrigações são consideradas autônomas, não influindo a conduta de um dos sujeitos, em
princípios, sobre o direito ou o dever dos outros.

Para se classificar, contudo, como fracionária uma obrigação com vários devedores
ou credores, torna-se necessário verificar a intenção das partes na relação jurídica concreta.
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