Gestão financeira escolar como política pública
Mariana Peleje Viana ¹ e Leandro Tadiello Comarin ¹
¹ Faculdade de Educação, USP, SP
1. Objetivos
Buscar elaborar e aplicar instrumentos para
levantamento de aspectos sobre a gestão
financeira realizada em escolas e redes de
ensino, além de desenvolver contribuições
(legais, administrativas e políticas) para uma
melhor gestão financeira escolar e educacional,
com vistas à implementação de uma gestão
democrática escolar para viabilizar uma
melhoria na qualidade educacional. Consiste
na elaboração e aplicação de instrumentos
metodológicos para levantamento de dados
junto a duas unidades escolares, uma da rede
municipal e outra da rede estadual de São
Paulo, de forma a compreender as origens dos
recursos financeiros que chegam à escola, os
montantes e os destinos que serão por ela
aplicados, além dos processos de participação
e decisão envolvidos em sua execução
financeira.
2. Material e métodos
A pesquisa tem sido desenvolvida em uma
escola municipal de ensino fundamental (830
alunos) – localizada na periferia de São Paulo –
e será estendida para uma escola estadual da
rede de São Paulo, abrangendo também seus
respectivos órgãos intermediários da Secretaria
de Educação, em que se tem realizado a (re)
elaboração e aplicação de pré-testes de
instrumentos metodológicos para obtenção e
sistematização de dados, verificando extratos
bancários, Notas Fiscais, registros e atas de
reuniões dos Conselhos de Escola (CEs) e das
Associações de Pais e Mestres (APMs), além
de realizar entrevistas – pautadas em
instrumentos especialmente construídos – com
diretores, pais, professores e participantes dos
CEs ou de APMs, levantando as dificuldades e
os avanços realizados nas escolas por meio da
utilização de recursos financeiros em seu
âmbito, assim como os processos participativos
e decisórios e as destinações dos recursos
financeiros no âmbito da escola.
3. Resultados parciais
Os recursos financeiros descentralizados nos
anos de 2007 e 2008 disponibilizados à escola
municipal pesquisada representam um
montante de aproximadamente R$ 80 mil, a
cada ano, para aplicação em materiais de
consumo, materiais permanentes, serviços de
terceiros, manutenções emergenciais, entre
outras despesas. Foram levantados
procedimentos sobre a gestão (pelo CE e pela
APM) e a movimentação de cada um dos
recursos transferidos às escolas públicas, sua
aplicação e prestação de contas, além de
dados sobre recursos próprios arrecadados
pela própria escola.
4. Conclusões parciais
Tomando contato com a realidade financeira e
gestora da escola pública pode-se concluir que
a disponibilização de recursos e as pré-
delimitações oficiais das aplicações das verbas
transferidas às escolas poderiam ser mais
descentralizadas e flexíveis, pois se constata
que muitas vezes as regulamentações oficiais
limitam ou vedam, de maneira arbitrária, a
aplicação de recursos em despesas que se
demonstram necessárias para o bom
funcionamento da escola. Ressalta-se também
que a gestão democrática dos recursos da
escola pode vir a favorecer o envolvimento e a
participação da comunidade escolar nos
processos da escola, o que promove o
exercício de participação política, essencial
para a cidadania e o convívio em sociedade,
além de criar um vínculo entre a escola e a
comunidade que reflete também nas ações
pedagógicas da escola e seus sujeitos.
5. Referências bibliográficas
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre
educação. São Paulo: Xamã, 2001.
PARO, Vitor Henrique. Administração escolar:
introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2006.