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Do autor ratura, Editora Vozes, 1966 ‘Mério, Drummond, Cabral lizagio Brasileira, Estruturalismo ¢ teotia da literatura, ‘Hditora Vores, 1973 (Orromance em Cornélio Penna), 4 Snot -Mimesis e modernidade (Formas das sombras);Graal, Rio, 1980 Dispersa demanda, Fraitisco Alves, Rio, 1981 O controle do imagi nos), Brasiliense, Sio Pa Sociedade e discurso fie a: Forense, Rio, 1989 Guanabara, Rio, 1986 Fingidor e 0 censor, Forense, Rio, 1988 A Aguarrds do tempo (estudos sobre a narrativa), Rocco, Rio, 1989 Tradugdes: Control ofthe imaginary (Reason and imagination in modern times), ‘Minnesota University Press, Minneapolis, 1988 Die Kontrolle des imagindren ( Vernunft und Imagination in der Moderne), Suhrkamp Verlag, Frankfurt a.M., 1990 The Dark side of reason. Fictionality and power. Stanford Univer- sity Press, Stanford, CA (no prelo) LUIZ COSTA LIMA DEDALUS - Acervo - FFLCH-LE cot Pensando nos roplcos (dspersa demanca MLL PENSANDO NOS TROPICOS (DISPERSA DEMANDA I) ‘TOMBO. :78880 Ci ‘SBD-FFLCH USPS, 4 Rio de Janeiro — 1991 3 PERSONA E SUJEITO FICCIONAL ‘Nenhum tema tem provocado maior interesse da critica literiria nacional do que o da meméria. Obj i teses, de simpésios, chegado ao ponto de, sem que se possa afirmar ser a critica brasileira ‘movida por uma alguma motivagao reflexiva, admitir mesmo seu desdobra- mento teérico, Tal interesse mantém noutto registro a continuidade da onda de depoimentos, autobiografias ¢ testemunhos surgida no fim do golpe de 664, Mas seria. enganoso tomé-lo tio-s6 como 0 efeito de um passado préximo. Embora em Casa-grande, Gilberto Freire lamentasse a aséncia, ‘entre nés, da pritica freqiente de didrios e rememoragdes, substituida pelos segredos do confessionitio, a verdade ¢ que a nossa literatura sempre foi chegada ao memorialismo. Um memorialismo, é certo, ‘menos declarado com todas as letras, do que presente sob a forma de matéria para lamentos, queixas e desabafos; 0 postico, ou o que se ‘supunha sé-10, substituindo ou velando a prosa do eotidiano, ‘A-constatagonada tem de excepcional, desde que o romantismo foi © tinico movimento literdtio que tocou a sensibilidade nacional eque seu legado, con como ditia a ironia de Machado, por pouco texto e muita vinheta, continua largamente preferido por um piblico, como © ‘nosso, que permanece sem conhecer uma parcela especializada. Dentro da permanéncia do legado romantico, a tinica novidade no 3 atual pelo mem ‘parece estar em sua articulagio com nal. Besta pois q ,8e no mesmo, no melhor dos casos, ‘impée, 0 desdobramento tedrico das anilises. Sem que propriamente me proponha seu exame, contento-me em. dizer que uma provivelfalha nelas observavel resulta da falta de melhor indagagao da figura mesina do memorialista. De modo mais explicito: ‘exceto para os tas tetardatérios, para os quais as memérias sio Go incontestavelmiente parte da literatura como sio os poemas © os romances, mesmo o analista nacional tende hoje a partir Ga afirmagso eos inteiros de revistas, sua demanda tem Persona e Sujet Ficcional 41 que o ficeional tem mareas préprias, constitutivas de um terrtério Esta aceitagdo, se bem que nada extraor concn icant ureter deixar de ser tida como atividade suntudtia, prépria dos que gostam de complicar as coisas, prova de eolonizagio, etc, ete. Contudo, para que essa brecha prospere, é necessério que ao reconhecimento de marcas do dedicado ao tema os capitulos 3 e 4 do ‘onde o documento e a meméria eram vistos do ponto de vista ivo do ficcional, agora oportuno voltar ‘questo pelo angulo oposto: aquele que procure sublinhar oterritérioda meméria. ; Serd oportuno comiegé-lo por um enunciado bastante simples: quer 1 ficgdo, quer a meméria remetem a um agente que, na maiotia dos casos, thes empresta o seu nome de batismo. Mas que significa apor seu nome tendem ser um romance. Ao contririo, o nome do autor é real, que nos ‘conta como pensa ter vivido o que relata. Neste caso assim direto, o que sentimento, sobre a qual o saber objetivo ni dominio reservado em que a evidéncia da sentimento percepgio tem o direito de prevalecer como verdade “pessoal” (Starobinski, J: 1982, 349) A entidade empirica que atende pela designagao de autor manifes- taria seus tragos singulares em qualquer que fosse a obra real qualquer que fosse o seu género, E verdade que mestno 0 tom concederia que, de acordo com o género, a linguagem receberia um {ratamento diferenciado — ser mais contida ou mais derramada, mais livre ou mais formal, mais inventiva ou mais descritiva, ete. A autoria 42. Pensando nos Trépicos contudo permaneceria coerente a seu perfil: a linguagem adotada no erturbaria a identidade da fonte. J no sera tempo de dar um basta aos convencionalismos que impedem de pensar? B de pdr a prova os clichés que perpetuam o vazio? Por que continuariamos a confundir o intelectual com o que toma fluente ‘senso comum? identidade do autor ¢ uma fabula do registro produtor de obras é uma fonte pela qual ¢ até admitir que, como diz 0 famoso guns”, Mas ao senso comum parece inact que, rolando pelo ‘mesmo rio e advindo da mesma origem, a 4gua sempre outra no seja Apesar da clareza da dores contemporiineos sem maiores cautelas 0 de Foucault ser um dos pensa- tes enlre nés, continua-se a afirmar ‘nome proprio. autor, diz-se entio, é bem uma pes ‘outras que participam de uma sociedade, Mas que é ser uma pessoa? Como toda pergunta trivial a0 ser levada a sétio, esta é uma pergunta incémoda, Se queremos desbanalizé-la, no resta outro meio senio cenfrentécla, Recorde-se de inicio, a singularidade da sociedade humana, entre as, outras soci com armas de que nio veio geneticamente provido, Costuma-se pensar nessa superagio pela capacidade humana de se investir de ferramentas de que nio estivera revestido; de por elas -/assungiio de pay Persona e Sujeito Ficcional 43, que 6, biologicamente, a persona, a partir da qual «es sociais. A persona nao nasce do titero sendo que dasociedade, Aotornar-me persona, assumoaméscara que me proteger de minha fra biolgica. Se nossa imaturidade biolégica nio nos entrega prontos para a vida da espécie, entio a convivéncia social serd direta e imediatamente mareada pela constituiglo vatiével da persona. Sem esta, aquela se torna impensivel. “Nao custa entender-se que a persona s6 se coneretiza e atua -E pelos papeis que persona se soe ‘mesma ¢ 20s outros como dotados de certo perfil; com “tatamento diferenciado. Pensemos um pouco sobre o significado do papel dispor de uma base bem esta 40 de papéis socialmente im es que levavam ao mesmo do estraiha que as sociedad campo privilegiado para a observagio, que Durkheim viria a propor a exist dquese celebram na Orito é por exceléncia o precipitado Este, como Durkheim m: i tanto as mutilagses e privagées séo objeto de um investimento ri constituindo a p 1, quanto o luto eas Hégrimas: 0 Iuto nao é« expresso espontinea de emoges: Temos nossa frente de alcance da comunicagio © da estabilidade comunais, o papel é 44 Pensando nos Trépicos obrigatério ¢ desnecesséria se toma a recorréncia a persona, Le., torna- se neste caso ocioso considerar que persona exerceré tal papel, pois a ida terizada pela presenga de uma fundamentais em tata entusiasmo que bahay cidadezinhas Brown, lugar, estrita de um espirtualismo, que comprometia a sobrevivéncia das epi que compr préprias comunidades patronos emuites membros estavam integrados & vida do Império. O louvor eristio da eastidade se punha is que possamos ‘Seus exemplos queatriade de categorias no tem um funcionamento sempre igual. A recorréncia a seguir. Mauss visa a reiterar o resultado desta combinatéria, Persona e Sujeto Fiecichal 45 Censaio a que nos referimos,na verdade uma pequena nota, no faz parte dos textes seminais do autor. Com efeito, do ponto de vista do conhecimento antropol6gico, suas observagdes apenas visam a reiterar 0 que Durkheim jé formulara. espontaneidade e da ob7 (Mauss, M.: 1921, 269, grifo meu) Se a passagem nio mais do que confirma o juizo de Durkheim, seu prosseguimento em troca nos reserva uma anotagao singular. (Formas nlads gu aan preendente cla nos importa porgu cidade da produsio discursiva. O agente, Ele assim assume um papel que ou o define neste instante ou, em marca para a vida — como 0 uso “a lo divino” da apenas neste lado Imente se transportam para outro espago: jd io de algo capaz de, na dependéneia dourras, indiretamente explicitada pela observacio de Mauss air apenas o seguinte: atriade de categorias que temos destacado nio se encerra em si mesma. O produto em que ela se precipita 46 Pensando nos Trpicos Personae SujcitoFiccional 47 Sem que deixe de ser banal é também importante acentuar que, na contendo elementos passiveis de se transformar na encenagao conjungao entre persona e papel, é este qu, de um ponto de vista, como que, por sua vez, preludia a inscrigdo do fiecional. (Se aqui praticassem ‘nosso, social e nio psicolégico, deve ser ressaltado. Pois que signifi da histrica, seria entdo 0 caso de indagar da presenga da 2 assungao de um papel fora da consttuigao de um foco que capta, de no mundo antigo. Néo dizemes nas sociedadesiletradas { Seleciona e entio direciona seu agente quanto 2o excesso cadtico de permanéncia de papeis obr agdes de que o mundo o sobrecarrega? (Esta seria com efeito a | idade de aparecimento do obrigndos a assumir 5 mente atespeito, “Ele certo um lugar apenas desonrosor "(..) Pot ficgao (plasma) quero dizer aguilo comportamento, mas nunca gerd um elogio. Nio deixc de ser cuioso 0 que 6 introduzido forgosamente para satisfazer uma fato de ser na seciedade em que oindividualisino se exacerbs onde mais M, 1082 b3)), rizao que nao sera wna conta ditada por papel. Deseoniados “” Bates s50 08 dados com que apresentamos 0 papel enquanto so- inte. imposto. Tratemos agora de sua segunda especie: o que & | dualmente modelado, Jé por contaste com as considerasges an- teriores é de se presumir que sua i 6 capaz de migrat ¢ entio ccupar outro espago — a encenagio sociedades menos rigidamente con: « 6 previamente enunciado por obri posta. \ ainda nfo aprendemos com i mo é um de- AA pergunta basica consiste em indagar por que, mesmo sem uma sempenho de papel. Ou, se quisermos uma fonte mais antiga, jé poderfamas a , permanece indispensivel a assungio ter aprendido com Montaigne: iediata & banal: a imaturidade biolégica humana independe da sociedade em que Ihe foi dado nascer. Isso lhe Hl A justiga, a coragem, & 6 impée o estabelecimento, durante seu processo de socializagio, de uma 1 ‘assim nomeadas pela consideragio do outro e pela apa lade fisica. Esta armadura, ne~ faz, no é de mods ‘menos constituida por ingredi- idos. E nio se at menos do que pela | assungdo de papéis. Apenas nio sendo eles socialmente impostos, hé do ativa entre a feitura da persona e a “escolha” de seus, | papéis. Le.,nioé porquea persona étimida, inibida, arroj ic «que 0s paptis se Ihe apresentam como se estivessem invés, posso comportar-me como destemido e exatamente > desempento de paps sea ua forma de os om: como eatodomundsem quesceariamonseators Em vpertas sls hones smpte heres chance desprenere ras cnarrn om oat com sua eels nda tem o homem se no-se-faz,homem senao pelo que nio- posed lnpungerd? Or acrnen homens aon eel oust pte nagem quem se Ba palavea do outro — como, em “The varidvel apenas diacronicamente. Um autor, que no queria originalidade senio a de se tomar a si mesmo como objeto de estudo e observacio, jé anotara: 1 Se estou bem de saide e faz um belo se tenho um ealo que: -me homem afivel; sabe quesua frenéticafreqientagio d ‘autores faz’: as delicias da “comédia f ‘Ante a lembranga de cantos anos passados, a antiga crianga, convertida em escritor famoso, Oimportantea considerar é que aarmadura da persona ésempre uma plistica argila, passivel de desenhos até mesmo contra Se sempre igual a si mesmo equivaleria a destruir a pr ba Pg ae | 48 Pensundonnos Trépicos confessa ndo saber o que havia de sinceridade ou cabotinismo em sua ‘eaga. Sabe 0 suficiente contudo para reconh cexpectativa dos mais velhos moviam: / | desonestidade ni |) com a imagem da al ‘A conduta honesta/desonesta niose: i desempenho de um papel. A recuse absoluta de desempenhar qualquet papel niio nos devolveria fossa pretensa aut I ‘aria a opgio ou de renunciara todo comérci tivo do homem, 0 exercicio de papel ( dependéncia da alteridade. Hd algo de. cionamento perante a desordenada movénciaintemae extema. Seja por exemple o caso da persona que seleconae interpreta os acontecimestos do ponta de vista do revoltadoe perseguido. A medida que a persona se Seine definir por vas dos conhecides, .)Poiso papel é uma faca de dois gumes. Se, por um fentos, a uns desprezando ea outros emprestando um especial colorido, descomplexificando pois 0 ‘ou mével, é proprio contudo do desempenho de um papel que, agente antes sonha que percebe o mundo, Porque nao é um © instrumento dire reflexivo, porque, a0 invés, tende a convencet, seu agente que ele ¢ Seu desempenho, o papel seleciona o mundo como \ Persona e Sujeito Fiecional 49° a, ic., conforme a ética com que o enfrentamos. E transforma em fantasia o que o agente pensa de si mesmo. Svidrigailov, personagem menor do Crime e castigo, agia ¢ era reconhecido de acordo com a stica do velho depravado. Serd preciso uma situagio extrema — havendo preparado a sedueéo de Dunia, no momento em que pode t@-la sua cisposito,preferedexi-a escapar — para que se dé conta ¢ ela que Tegado que Ihe fizera, quando jé ormeios escusos — acompra,a chantagem, mesmoa violentago — ou jalmente ac — a proposta de casamentoa Dunia — é sob a forma de heranga, daquela a quem mordazmente, as motivagdes da jento de Lutchin; de filantropo ext de fracassado candidato ao posto de st dade em acatar todo pensamento, seja rel filoséfico, que separe dasticamente o sonhar o mundo do desperta ele, como se este, pudesse ser o completo despojar-se daquel possibilidades de nos desprendermos do puro exerei seria preciso que a verdade fosse absolutamente dizivel, i., 4 \ i 50 Pensando nos Trépicos correspondesse descoberta de um estado de coisas, cuja nomeagio in- dependesse do proprio nomeador. Sé6 assim ser hhumano deseartar-se de sua prépria persona. enquanto preenchimento resultante de nossa earéncia biolégica, e inevitivel contribuigao do agente no que tomard pot verdade sio a face © a contraface da mesma moeda. O que nao tem nada de estranho, visto aque tal moeda é fundida na linguagem. A reflexio, propiciadora de uma margem de resgate do sonhat mundo, pode ser de caréter abstrato ou sensivel. Destes, pode-se dizer que, em comum, sio formas obliquas quanto & hibito, torna: imagem desa ‘confortante que “eu, 0 iyel, mesmo que o igradiivel —6 “pobre de mim" a com a janela propi- ciadora do sonho. Estranha porque, por um lado, o conceito pode funeionar como um reforgo da visio da janela, oferecendo-lhe um lastro '0", por outro, porque o conceito é a ferramenta apropriada para balho de sapa das construges pessoais. Tendo em seu horizonte a idéia de verdade — da verdade, observe-se no necessariamente como ccaptura de uma substineia — é um dos: itadoe ndos6 pelo ‘mas sobretudo porque, nio sendo a uma coisa ¢ 0 que invés produto da interferéneia de um ‘Se ao menos hoj seja 0 operacional no se poderia dizer do “cottelato objetivo”. Porque é um correlato, a obra ficcional nao disp3e do operador conceitual; a abstragio compreen= ubstituida por uma organizacio f aparentemente, se pbe no mesmo plano da “janela subsume as experiéncias da persona em uma formulagao que vi descobrir o sentido das significagdes por ela emprestadas. Ao contrério, Persona e Sujeito Fie porque as reapresenta em sua condigio de sensiveis, nfo parece senio repeti-as ou i ‘passagens, no inicio da modernidade, pressionado pela me progressiva, o artista ndo pensava poder manter sua iden pelo cultivo da obra como decoragio. ‘Ao pensar-se a obra ficcional como r _Sgparem a propria mudana de espa im indo que ele se vejaa distincia, Nietzsche dissera que a fungio do coro grego em sua tragédia era apontar para outro espago, 0 espaco da cena. A consciéneia deste desloeamento, pelo qual provisoriamente se janela da persona para que se ganhe distancia quanto a ela, sdvel. (Mais do que isso, nio é indicador de inevitivel posso deseolar-me de meu papel para que seja meu proprio istancfamento provoce o voyant.) Seu roximidade com a experiéncia genérica wramao esquerda, como-sediz no poema demasiado sabida, da persona-papel. O° de Cabral, porque a ard isso dizer que oficcional abole a questo da verdade? Absolutamente, nfo. Apenas se diz.que sua contribuigao é ai diversa da esperdvel quanto ao cientista¢ a0 fildsofo. O operador destes, o.conceito, tem por certo ina fungdo critica, auxiliar de sua “vocagio": em seu , estabelecer outra concepeio e outra forma de atuagio sobre 0 |, “correlato objetivo” tem por limite a impos de de propor outra | verdade; mesmo que seja esta a mais rotineira — otexto ficcional ndonos | ensina outras ou melhores maneiras de convivéncia. Em troca, porém, fe é também o seu mérito: nunca opera tendo a verdade como seu horizonte, questio. Ea vida das personae que se poe em questio. Esta, observe-se, 7 ide do romance, mas resultante do proprio distancia: | 0 ficeional supde.O ficcional se encontra com a verdade | xde-do que aqui esbogamos jd estava presente na reflexio fmpar de um Henry James. 52. Pensando nos Trépicos Certos romancistasrealizados tém o hibito de se presentestem com o que deve trazer ligrimas aos olhos dos que ‘muitas piginas de Anthony Tre disctiglo a respeito. Numa digressfo, num ps apatte, concede ao leitor que ele e seu amigo de confianga estio apenas “fazendo de conta". Admite que os acontecimentos que narra de fato nfo sucederam e que pode dar sua narrativa a ta que letor prefita (James, H.: 188: Mas, continua o autor, este “faz de conta” é apenas parcial, E, diriamos de nossa parte, a indicago de uma mudanga de clave, pela qual se indica o valor que as notas, embora sejam as mesmas, asstimirao, Implica que o romaneista esti menes acupado em procurar a verdade (..) do que o historiador(..). Representare iustrar © passado, as agdes dos homens, & a tarefa de ambos ea tinice diferenga que posso ver, & que tem éxito, para a honra do romancista,consiste fe em a seu favor uma maior dificuldade em mostrar sua que esti longe de ser Puramente ltertia (i ‘Trabalhar com operacionalizadores conceituais significa dispor de ‘um lastro que serviré de guia na analise do objeto, Deles néo dis um despojamento que ainda inelui o poeta e ndo s6 o prosador, implica tatefa mais érdua. Para seu éxito, o ficcionista: dispor Sendo da distancia relativa em que monta.o “correlato obj €., ele nao conta seniio com sua capacidade de perspect ias personae, tornando em questio o que era habitual e confortével "T= Muito embora tudo que foi dito acima pudesse ser mais detalhado, 6 conveniente retomar seu argumento bisico, Ele consiste na proposta de esbogar uma topografia das regides discursivas, criada nas proxi- midades do sujeito empiric indo-se entio do discurso engen- neira como 6 interpretado o mundo que assim se seleciona passam # conter um sentido exclusive. A medida que a persona se convence de seu papel, melhor, se convenee que o que exibe é mais do que um papel, passa a ver 0 mundo de acordo com as coordenadas deste 36 de acordo com elas (tomar-me como timido ou arrogante ou _ ou revoltado, ica considerar os acontecimentas de uma cer- ta maneira). do papel cria uma estrada de mio tiniea. Dian- te dela, dena de tafegar 0 que iio entra em seu ingulo de visio; Persona e Sujet Ficcional 53 (© assim sendo, o mundo da persona é antes um mundo sonhado do que visto; potencialmente, nele nao ha contradigao; no maximo, o desacordo, osurpreendent rado. A luz que vem da janela banha a tudo.com seu foco e © torna visivel de acordo com ele. Por este foco, por scurso memoralisa, Nos lades du sere persona — papel elon gat le Sento da persona, dele se distinguem pela quebra de sua unanimidade © or de, Sto. estradas do ica da persona, o mem io naturalizada, ie., uma fiegdo (sobre a prépria vida) que entende como registro da verdade. Ele é, conforme a i a leste sentido, as memérias. as para o exame de sua ‘promove para adogdo do cescrevia suas memérias segundo a entretanto no se depara, no Dom Casmurro, com 0 género memoti Porque, como poucos, Machado soube aproveitar o intervalo que the Jo para fornecer pistas desconstrutoras da auto-imagem sri navam elemento para 0 seurso desta portanto se ta por apresenté-la a nu, pelo “desnudamento” de sua propria fi idade. ‘Oconceitode desnudamento (Entbléssung), que devemos a W. Iser, do ficeional e no do advogado que era. deve, contudo, set tomado como umm conceit tempos modernos, cocultem e tortiem palativel o escandalo da ficeio que se reconhece como ia, Recorre-se de passage la na topografia dos discursos, do que para acentuar-se a dinai 54 Pensandonos Trépicos cidade, a tensGo ¢ as resistencias que cireulam em cada uma das configuragées diseursivas, Por seu cariter introdutério, este texto antes se concentrow na

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