Вы находитесь на странице: 1из 10
Seré @ unio de duas autarquias de tal modo que cada uma seja ela mesma e a outra, de maneira que uma se perca.nos devaneios da outra ou se ancore nas suas determinagdes. Mal se inicia um novo ciclo de experiéncias, a consciéncia pre- sente a natureza contradit6ria do olh medida mesma em que ele € Ansia de preenchimento de seu vazio, ele desnatura o objeto de sua busca, metamorfoseando a espontaneidade do para-si em enrige- cimento do em-si, transformando a liberdade em necessidade. £ a sindrome da objetivacéo! & a transformagdo do outro em coisa! A loquaz liberdade do outro a distincia, mumifica-se, emude- cida sob as garras do olhar. O tabuleiro das relagées humanas ganha novos complicadores. Quero 0 outro livre, mas quando 0 toco con- Yerto-o em escravo, E 0 prego objetivante do olhar! Procuro espirito, quando acho, € corpo que encontro. Novas ligdes vao se desprendendo desta experiéncia diaspérica: primeiro, que duas liberdades sao inas- similéveis. Nao hé totalidade que as subsuma; segundo, uma espécie de ser hibrido se instala em:mim diante do olhar do outro: sou a um. 86 tempo espontaneidade e constrangimento sem que eu possa me definir satisfatoriamente por um ou por outro lado; terceiro, a ver- gonha ¢ 0 orgulho assumem 0 comando ontolégico de minha presenca sem que eu vislumbre uma sintese. De ido pela trama dos olhares, as relagdes| amor, 0'desejo, 0 6di ferenga serio as categorias da linguagem, na estruturagao deste so que € a existéncia humana CONCLUSAO © olhar é apreendido como a experiéncia paradigmatica a partir da qual estabelecem todas as relagdes humanas. A ele se assimila experiéncia da interrogago, do ‘cuidado, onde o homem se experi- menta como angiistia. Esta por sua vez 6 superdvel jienagao, pela diéspora, pelo envolvimento com as coisas. A alienacdo aparece como uma tébua de salvagdo ¢ termina por afogar a consciéncia no esquecimento de si mesina. A afetividade humane se constréi sob este fundo de conflito, onde nenhuma vitéria € permanente. 22 Cadernos ABESS Fenomenologia; tendéncias hustéricas eatuais (Creuza Capalbo* 1. A fenomenologia a partir de Edmund Husser! E com satisfacdo que estou aqui, hoje, com vocés, neste Encontro das Escolas de Servico Social, porque, de longa data, temos tido oportu- nidade de ter contato com.o Servigo Social numa tentativa de dis- cutir questdes de teorizagio do Servico Soci inha de abordagem da fenomenologia em Servigo Social, para vocés nenhum exemplo concreto de aplicagao da fenomenologia, do ponto de vista do seu método, no Servico Social, porque nfo sou assistente social. Esse trabalho vem sendo realizado por pessoas — muitas deles aqui presentes — que vém desenvolvendo suas pesquisas, suas disser- tages de mestrado, suas teses, dentro deste enfoque de aplicasio do método fenomenolégico em Servigo Soci Gostaria de iniciar, porém com uma colocagéo geral da feno- menologia, lendo para voo8s uma introdugao de um ‘qué publi- quei na revista Debates Sociais, intitulada “Fenomenologia em Servigo Sox Vou-ler e, depois, desenvolver o texto que trouxt para dar infcio a nossa reflexfo. Paradigmas teGricos do positivismo, vigentes em nosso século, esto sendo questionados e interpelados, pois vém demonstrando sin- * Professora de Filosofia da UFRJ e UERT. ‘Cadernos ABESS 3 tomas de limitagdo © esgotamento em sua capacidade explicativa, em face das situacdes vividas, das transformagdes sociais e das necessi- dades crescentes de produzir agdes sociais de transformagao, envol- vendo a participacdo atuante do sujeito dessa transformacéo. Tudo isso se expressa na desarticulacgo entre teoria ¢ prética, € na busca de alternativas metodoldgicas pata a pesquisa € @ agao que articulam teorie © prética. - as que se insere a feno- E nesse contexto de busca de alternat iéncia do vivide, ou fenomenologia existencial. menologia, como Essa teoria social de modelo positivista surgiu da generalizagao do modelo das Ciéncias Naturais ou do método experimental, o qual procura submeter, metodicamente. as idgias & experiéncia de fatos. ‘Assim, todo 0 Servigo Social, na busca de se constituir uma teoria da agio social, buscou, na sua histéria, certas informagées ¢ modelos tedricos em outras ciéneias de inspiragao experimental e positivista Justamente é este modelo que questionamos, a partir da fenome- nologia, dado que a questio — como aqui foi brilhantemente colocada pelo Sebastiéo Trogo — da alteridade, do outro, na sua subjetividade, Resea perspectiva da ciéncia positiva, foi trabalhada como um dado Ge fato, como um objeto, portanto, perdendo a sua substincia prépria de subjetividade. ~ Todas essas teorias, que recolocam a subjetividade como objeto de investigacdo, como um dado que ai esté para ser analisado, quenti- ficado, medido, observado, com tratamento dado a ele de modo esta- stico, fazem perder a propria substancia do que € a sua idéia de subjetividade E af deverfamos, inicialmente, dizer: mas de que subjetividade estamos falando? Seria a-subjetividade entendida no sentido de indi- viduo, apenas como individualidade? Néo caberia a pergunta sobre 0 que € ou o que deve ser com- preendido por subjetividade social? Seria essa subjetividade social, esse sujeito social, um sujeito qualquer, um sujeito anénimo,"um sujeito’ que se aproximaria da idéia, que vocés conhecem téo bem, de ator social do funcionalismo, onde 0 que importa 6 analisar o seu desempenho, medir sua produtividade @ saber de que maneira essés-sujeitos poderiam ser investigados em termos de desempenho? eee 24 Cadernos ABESS (Ou seré que essa nogéo de subjetividade ainda seria, como alguns querem, o sltimo resquicio do. pensamento burgués ¢ do liberalismo individualista? . 5 Seré que recolocar a questio da subjetividade néo seria nove- mente cair nesse individuslismo? ‘Ora, nessa colocagéo da subjetividade, nfo apenas na perspectiva individualista do liberalismo cléssico, mas de uma subjetividade social {gue recoloca o homem como centro do proceso, ela vem sendo justa- frente @ busca que se faz cruzar no pensamento contempordneo de pessoas to diferentes conio so, por exemplo, AntOnio Gramsci, Garraudy, Enzo Pacci ou, na linha da fenomenologia, Alfred Schutz, Merleau-Ponty, dentre outros. Portanto, colocer a fenomenologia, pata nés, néo € colocé-la apenas sob um enfoque de uma reflexiio que pudesse interessar s6 & Peicologia ou & terapia ou entdo exclusivamente & area do individuo na sua visio individualista. A nogdo de subjetividade, de pessoa, na sua totalidade, ndo é sindnimo de individualismo. Por isso, vou prosseguir, agora, mostrando por que tazio a feno- menclogia, a partir de Edmund Husserl, recoloca, para © pensamento contemporineo, no inicio do século, na Alemanha — ¢ vem se desen- Volvendo na histérie do movimento fenomenolgico — uma influéncia Considerével no pensamento filoséfico cientifico, notadamente nas Ciéneias Humanas Sociais, e querem se distanciar desse modelo naturalista aplicado as Ciéncias Sociais, para encontrar um verdadeiro, modelo que pudesse servir para as Ciéncias Humanas ¢ Sociais, que erla aquele que coldta a subjetividade como tal, ou seja, na sua testncia, na sua dimensio, de uma ciéncie do espitite, conforme pre- terideu, por exemplo, Dilthey, antes de Husserl ‘A contribuigéo da fenomienologia se ‘fez sentir em Husserl na busca da fundamentacdo do conhecimento e na afirmativa de qe este pressupde a experiéncia do mundo vivido, que necessita ser tema tizada, u Portanto, todo conhecimento, até mesmo 0 cientifiee, tem por base uma experiéncia vivida que 0 antecede. E é a tematizacdo dessa vida pré-reflexiva, jé yivida, que vai se constituir num momento se- undo de busca, de reflexo, para a Ciéncia ou para a propria Filo- sofia a B Cadernos ABESS A primeira tentativa sistemética de exposigo dos problemas e método fenomenolégico vamos encontrar na obra de Husserl Idéias ¢ Ditanizes para wna Fenomenologia e uma Filosofia Fenomenoldgi- ca Pura. E daf que vamos destacar algumas idéias iniciais. Primeiro: @ fenomenologia visa mostrar ¢ descrever, com rigor, negando-se, pois — como na tradicio racionalista —, a set demonstrativa ou recons- trutivista dos fenémenos. Visa a descrever os fenémenos tais.como jos, tais como se mostram em si mesmo no mundo da_vida. estruturas em que a experiéncia se verifica, deixando transparecer, na descrigdo da experincia, as estruturas universais Portanto, ela nfo fica numa pura descric&o, mas busca nessa descrigao encontrar aquilo que seria o niicleo fundamental, essencial — que Husserl chama de eidético —, que possibilitaria dar a esse jéado. E, pelo seu significado, ganhar 0 ista. Nao seria, portanto, uma ci ‘matemética. Seria uma ciéncia rigorosa. ___ Mais tarde, essa idéia de fazer da fenomenologia uma ciéncia rigorosa foi abandonada por Husserl. Ele nfo quer mais que # feno- menologia seja ciéncia, mas que ela continue sendo #ferosa. Por qué? Porque na sua obra inacabada — Crise da Ciencia da Humanidade Européia —, Husserl discute que a crise da ciéncia — j4 numa’dimensio mais critica do seu proprio pensamento — ¢ a crise de toda°a humanidade européia consistiriam em descobrir que ‘0 sonho de uma ciéncia a servigo do homem teria acabado. E, com ele, © sonho de fazer da Filosofia uma ciéncia rigorosa teria acabado também. Ficaria, apenas, uma filosofia fenomenoldgica qué, do ponto de vista tedrico, teria um tipo de saber, mas nao seria um saber cientifico. Por que isto? Porque a ciéncia, toda ela, tinha perdido de vista — diz Husserl — aquilo que era a sua finalidade, Ou seja, ela deixou de estar a serviso do homem. Colocou-se como um fim em si mesma. ee 26 Cadernos ABESS Ora, @ fenomenologia néo pode, portanto, ser esta ciéncia que perde de vista o homem, a quem ela deve servir, pois ela quer pensar e tefletir sobre o homem. Portanto, tenho de abandonar nfo 96 0 sonho de uma ciéncia positiva, mes uma fenomenologia com cardter de ciéncia. E retoma, nessa dltima obra, a obra péstuma — porque ficou inacabeda —, a questo do mundo da vida como sendo 0 fundamento de todo o conhecimento. © tema do mundo da vida permaneceu, praticamente, em todos os trabalhos de Husserl, por mais éridos que sejam — e 0 so de fato —, de dificil leitura. Endo seriam esses os textos que, efetiva- mente, servitiam para o Servico Social, pois sio obras mais voltadas para discussGes da fundamentacéo da consciéncia, do ponto de vista da andlise da l6gica. ‘Mas nessa obra inacabada, de 1936, encontramos (pégina 128) ima observagdo de Husserl que endossa essa idéia, desde & primeira ‘obra do inicio do século, de que a fenomenologia se volta para a compreensio daquilo que € vivido e néo daquilo que € trabalhado como fato que vai ser considerado em termos quantitativos. Diz ele nesta obra: “Quando Einstein faz certos estudos de Fisi- ca, em Jaboratério, ele pressupde um saber vivido, um saber pré- Cientifico, como o seu conhecimento de que os homens realizam agGes que produzem cultura, ciéncia, técnica. De que criam, pelas suas agbes, instituigdes que sfo a base e o sustentéculo de suas atividades cient ficas e de pesquisador. Este pressuposto sécio-cultural, econdmico ¢ p t6rico € educacional, é 0 mundo da vida. £ 9 fundamento da vida que foram esqué Jas fisico-mateméticas, pelas ciéncias exatas ¢ pela ciéncia da natureza, em geral. ‘© miindo da vida é expresso subjetiva ¢ selativa, que nfo é 86 do indivfduo isolado, mas da subjetividade universal. Ou seja, de todo © qualquer sujeito na estrutura — digo eu, agora — “Bntico-ontolé- gica de sua subjetividade”. £ preciso que a gente nio confunda subjetividade com subjeti- 10, nem relativo com relativismo. A subjetividade diz respeito a essa estrutura de universalidade do sujeito, qualquer que ele seja. Subjetivismo seria a dimensio, ee 27 Cadernos ABESS ‘como todo sufixo “‘ismo” indica, um sentido um tanto pejorativo, de ‘algo que diz respeito apenas a mim, na minha singutaridade, na minha individualidade. Da.mesma maneira que relativo nao é relativismo. Quando digo que a verdade para a fenomenologia é a busca de um conhecimento que quer ser universal, mas que se encontra relative, 0 que’ estou dizendo é que ela se encontra sempre em situagdo, situago de relagio. Ela é dada em perspectivas, numa aproximagdo crescente daquele objeto que ele vai de uma certa mancita, querer compreender. Ela néo 6, portanto, absoluta. Els é relativa. Mas nfo digo que ela é um relativismo, porque, se fosse um relativismo, o que eu dissesse que era verdade, podia ser s6 para mim e nfio para o outro. Ela nfo poderia ter foro, portanto, de univer- salidade, Ento, no confundir subj ‘0 com relativismo. ividade com subjetivismo, nem rela- Esse mundo da vida é 0 dominio de evidéncias originérias, que slo verdades, para nés, e que slo passtvei reconhecidas por todos nés em sua obj Husserl acrescenta essa expressfio, que acabei de ler, na obra A Crise da Ciéncia (pagina 130). © mundo da vida é, pois, 0 mundo do ser dos entes, que somos a consciéncia de todos nés. Somos, portanto, o ser que af esté em situacfo, em face do mundo, dos outros, ¢ que se coloca para a nossa acdo de transformacao histérico-social. Portanto, somos um ser, situado no mundo, mas que, nessa situago, busca, na sua a¢do, uma transformacio hist taundo da vida, portanto, € 0 horizonte universal, que abarca fa totalidade da vida, e que € 0 fundamento de significagdes inter- subjetivas. Segunda observagio que podemos tirar daquela obra, de 1913, @ Diretrizes para uma Fenomenologia, e que vao, de uma certa perdurar no pensamento de Husserl, até a altima obra, de 1936, A Crise da Ciéncia e da Humanidade Européia — a questéo 28 Cadernos ABESS ‘ ‘A consciéncia, diz ele, ¢ intencional. Ou seja, toda consciéneia € consciéncia de algo, voltada para algo. Este algo, para o qual a cons- cigncia se volta, é desprovido de sentido. buigdo que o sujei é, portanto, um ato de atribuicao realizado pelo sujeito. ‘A consciéncia s6 pratica esse ato de atribuigio de sentido porque 4 coisa, nela mesma, desprovida de sentido, no entanto af esté posta, se mostrando para nés. B essa presenga da coisa nela mesma que Husserl denomina de © que aparece, que af esté, no sett ser, se mostra. para nés como tal, ou seja, se faz fendmeno para nds Por isto, essa nossa relagio com a coisa nela mesma, nessa incli al da conscincia para a coisa qué af esté, nos dé uma com a coisa nela mesma imedjata, que Husserl chama de intuigao. 10 da consciéncia, é um ato universal de todo £ essa relagio Portanto, intuigao é um ilégio da mulher que nfo raciocina, Como se 0 homem, por racio- inar, nfo pudesse ter intuigao. A intuigéo é uma modalidade de conhecimento ¢ ¢, portanto, passivel de ser do homem ou da mulher, se nés quisermos fazer essa distingGo, do ponto de vista da sexualidade. ‘Acredito que a sextialidade ndo tem nada a ver com inteligéncia, is inteligente porque tem mais poder sexual ou menor poder sexual. ‘A inteligéncia é um ato de universalidade do homem, que se pratica em diversas modalidades, das quais a intuigéio ¢ uma delas. A intuicao, do ponto de vista filoséfico, nos coloca ante esta presenga origindria da coisa nela mesma. A intuigéo na qual se dé, otiginariamente, algo, ¢ fonte auténtica e legftima de conhecimento. Tudo 0 que se mostra a intui¢sio, em sua realidade prépria pessoal, deve ser por nés tomado tal como se dé em sua plena pre~ 5 ou na situaglio em que ele nos € dado. Daf o lema de Husserl: voltar as coisas nelas mesmas, tais como elas se mostram em sua presenga, eee ieee eeseeee eee eee ee Cadernos. ABESS 29 para as coisas, numa relaciio indissociavel; constitui, na prim do método fenomenolégico, o que Husserl chama de descrigao. Essa descrigio dos objetos af postos para a consciéncia, das coisas que esto af nelas mesmas, vai ser objeto de descrigio pela conscién- cia, buscando, nessa descriggo, encontrar aquilo que Ihe é fundamen- tal, que Ihe € essencial e que serd significado pelo sujeito. ’ Hé tantas classes de objeto quantos so os-atos especificos da consciéncia, Husserl diz que esses atos que se voltam para a cons- ciéncia lfo classes de objetos, tipos de objetos. E esses objetos podem ser reais, posstveis, impossiveis, absurdos, imaginério etc. ‘Os objetos so tudo aquilo que af esté colocado para A critica de Husserl € a que se volta contra o empirismo e que se aplica ao estudo do homem, como fazem as Ciéncias Naturais. As Ciéncias Humanas © as Cifncias Sociais, neste ponto de vista » Vio ser objeto céntral de discussio, tendo como , para Husserl, a compreenstio do que é a estrutura da do que seria a consciéncia nela mesma, nao redutivel & dimensfo puramente empirista, materialista, da andlise da consciéncia. ‘Os autores que vio comentar essa fenomenologia, que vio desen- volver a fenomenologia, a partir de Husserl, véo desenvolvé-la, na verdade, em trés diregdes. E queria, para nfo me alongar muito, apontar rapidamente essas trés diregSes. intuitivo, denominado intuitivo transcendental) ou seja, porque coloca @ questéo da intuicéo ndo numa dirhensio puramente empirista do contato imediato, mas numia dimensio que busca alcangar aquilo que € para a'consciéncia o essencial dessa coisa que ai esté, que busca a justificativa do sentido do mundo, da vida e do homem. Esse tipo intuitivo transcendental, vai ser desenvolvido no campo da estética, no campo da ontologia, da histéria das ciéncias, da anélise das formas literérias, da ética, da filosofia social ¢ tem como autores prin M. Geiger (estética), Edith Stein (ontologia), Alexandre Koyré (hist6- ria das ciéncias), Roman Ingarden (literatura), Max Scheler (ética), Alfred Schutz (ciéncias sociais), Karol Woytila (acéo parti a) A fenomenologia existencial se aplica no campo da Psicopatologia, com Karl L. Jaspers, ou no campo das préprias Ciéncias Naturais, por 30 ° Cadernos ABESS intermédio de um polonés chamado Jean Patocka. A de tipo existencial hermenéutico, cujo autor mais representativo € Heiddeger. da Franga ou dos jento da fenomeno- , dentre outros autores, 'rogo, Merleav-Ponty, Le- Jogia na América Lat Sartre — que jé magio' da fenomenologia cot feitas, e foram objeto de publicagio — e sao até hoje publicados —. na revista Aut Aut. Todos esses autores se reconhecem influenciados pelos trabalhos de Kosik e de Luckécs. E essa vertente de uma fenomenologia dialé- tica, aproximando-se do. marxismo, vem hoje sendo também desen- volvida pela escola de Londres, do qual cito aqui um autor, que tem © livro traduzido em portugués, que € os Baar, Nos Estados Unidos, os PI nomes séo: M. Farber, Dorion Cairns, H. Sptegelberg, A. Gurwitsch, Anna Arendt etc. A perspectiva, no entanto, de uma fenomenologia social, vai, na verdade, ser primeiramente trabalhada por um autor que era, na origem, formado em Sociologia, e era weberiano, e que faz filosofia: Alfred Schultz, . . Essa fenomenologia social de Alfred Schultz € pouco conhecida aqui no Brasil. No entanto, vem sendo trabalhada pelas pessoas que querem aplicar a fenomenologia, néo do ponto de vista puramente re- flexivo-filoséfico, mas a fenomenologia na sua dimensio metodolé- gzica, que se aproximaria da etnoteoria ou da etnometodologia contem- Pordneas, que so tipos de pesquisa que se desenvolvem através da égide ou da orientago que quer compreender 0 vivido tal como ele é vivide. Alguns autores fizeram, portanto, a incursiio de estudos de Alfred Schultz no campo das Ciéncias Sociais, buscando um referencial te6ri- co e metodolégico, para a compreensio do vivido social. ‘Nos Estados Unidés, isso vem sendo desenvolvido hé mais longo tempo, pela influéncia do proprio Schultz de Gurwitsch, que ee a Cadernos ABESS a ram para 4 por ocasido da guerra. Em contato com a Soci americana e ‘pelas conferéncias que ministraram’em diversas univer- sidades, houve todo um desenvolvimento disso que se chamou a etno- ‘metodologia, vinculada & fenomenologia, na pesquisa do vivido social. E hé até certos programas de aplicagdo nessa linha da etnometo- dologia, que visam dar uma orientacdo politica, para se saber como é num dado pais etc. Nés temos consciéncia de que o primei se tentou fazer no Brasil, nesse campo, na aplicagao da fenomenologia social num campo macrossocial, foi o trabalho do prof. Parganina, que por uns tempos foi professor na PUC do Rio de Janeiro. Trabs- thando no IBGE, fez uma pesquisa, por volta de 70, aplicando a fenomenologia de Schultz, para a investigacao de fendmenos macros- sociais em torno do tema alimentag&o e educagio. © fio condutor da perspectiva dessa pesquisa, baseado € que o que importa na investigagio € 0 que, em situacdo, vive a sua situaglo e a\sua para minha investigacdo, mas que € por ele ¥i tiva e com um certo significado. Schultz, social Por exemplo, se quero saber como a populacdo se vé, ela mesma, como populacdo nutrida, nfo adianta ir para a pesquisa com um refe- rencial te6rico de definigéo do que é alimentagdo e nutrigio para aplicar © verificar, em termos percentuais, se eles esto ingerindo aquelas calorias necessérias, definidas pelos organismos internacionais de saéde, para dizer o que é uma populaco bem nutrida. O que importa € entender como a popt se diz, se vé em situacao de estar ela vivendo esse fenémeno-nutrigao. A pesquisa que ele fez mostrava de modo resumido — que, em situago existencial, da ago social, das pessoas socialmente vividas em determinadas situagdes, dizia que para elas estarem bem nutridas € estarem com satide para trabalhar; ¢ ndo estarem hospitalizadas; & terem trabalho ete. Ou seja, isso nao tem nada a ver diretamente com alimentacio, com nutrigio, vocés véo dizer. No entanto, é desta maneira que as pessoas se véem na sua situacdo existencial de vida como estando ou ngo bem nutridas: ter 0 que comer pelo menos uma vez por dia, ter 32 Cadernos ABESS como comer pelo ménos um pouco de feijéo e ur pouto de arroz — inaquela época, de 70 (hoje até-o feijo esté carol). Através de toda uma metodol essa elaboragdo de categorias ja aplicada a essa consti entagao e de miu E foi quando surgiram os primeiros discursos — que foram cados, evidentemente, nessa Epoca de 70 —, em que o Bre bem, sim, do ponto de vista econdmico, mas havia bolsbe: e i na década de 70 que detectou em ira. Sabemos hoje que esse indice torno de 10% da pop € muito maior, Essa pesquisa foi considerada, nessa época, nfo cientifica, foi considerada como uma pesquisa sem valor. E, diga-se de passagem, esse professor tinha trabalhado até em pesquisa com grupos vinculados a politica de planejamento americano, quando preparava a sua pés- graduacdo, em grupos que trabalhavam para a assessoria de Carter, naquela época. Estou ilustrando isso porque hé as vezes, uma certa incompreen- so da fenomenologia. por achar que ela se volta apenas para uma dimensio puramente indi individuo e com indivi . desde 0 face a face — camo o exemplo do olhar, aqui apresentado por S. Trogo, até o olhar social, que & um face a face coletivo, no A fenomenologia se difundiu, em termos gerais, a ponto de vista metodolégi fenomenologia no Se iniciou-se em programas de pés- gtaduaco, tanto né PUC do Rio de Janeiro quanto na PUC de Porto Alegre e, provavelmente, de outros lugares de que nao tenho conheci- mento. Dentre alguns ‘nomes, podemos citar os de Ana Ausgusta de Almeida, Ide Lopes. Myriam Baptista Veras como pionciros. Cadernos ABESS 33 No texto que mandei para vocés eu cito até alguns professores, alguns trabalhos que foram publicados na linha da fenomenologia. E hG muitos outros, que sé trabalhos de fenomenologia em Servio Soci vivamente a publ Essa abordagem fenomenolégica, através de um pequeno levan- tamento que se pode fazer desses trab: jessas pesquisas de pés- graduagio, permitiré ver que a fenomenologia e 0 Servigo Social esto sendo usados para investigacdes no campo da satide, da supervisio, da entrevista, da orientagdo junto as populagGes carentes; no campo do menor, da velhice, da organizacio e participagio politicas, da ago produtiva’ em cooperativas. Hé ainda uma observago que gostaria de fazer, para terminar. ia €, muitas vezes, dita como servindo para essa di- e compreensiva, mas que nfo poderia servir para uma anélise que se voltasse mais para a dimenséo politica. ‘Ai nés teriamos de dizer que Husserl, de fato, no se preocupou com isso; Schultz, de fato, nfo se preocupou com isso. Mas outros autores se preocuperam. Hé autores vinculados & fenomenologia que tém trabalhos e observagdes de cunho fenomenolégico sobre a politica, mas que nfo so esses. jo desses trabalhos.! Entao temos, quando quisermos trabalhar um assunto, que saber fazer a escolha dos nossos autores, sermos coerentes com aquelas escolhas, Metodologia da entrevista. Uma abordagem fenomenoldgica. A fenomenologia 0 Servigo Social desenvolveram-se ainda em outros programas de pés-graduagio como na’ Universidade Federal do Rio de Janeiro, na PUC de Séo Paul PUC de Porto Alegre, na Universidade Federal de Florianépol hos de fenomenologia © 0 Servigo Social na saéde na na orientacio, junto & populagées carentes, do menor, ‘de organizagéo © participasio ‘de ago produtiva. em is so alguns exemplos de estudos, 8 © agbes orientadas sob ealizados pelos ass sociais no Bras 34 Cadernos ABESS , que néo foram ainda objeto de publicago, e recomendaria | Quem trabalhou com a fenomenologia politica? S6 para citar alguns exemplos, uma obra publicada, nos-Estados Unidos, pela Rei neri Editora, de Chicago, Fenomenologia Existencial e Teoria Politica, que mostra os textos de Merleau-Ponty, Hickel e dois americanos — Puild e Mark Breate —, onde tratam da fenomenologia do ponto de. vista polftico. ‘Mais recentemente, em 1988, saiu um trabalho publicado pela editora da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, um trabalho sobre Merleau-Ponty, intitulado O Trabalho como Fundamentagao de uma Politica Existenci Ent&o, o fendmeno politico, por esses autores, é visto como de- vendo ser abordado nflo como um fato, mas como um fendmeno, do ponto de vista do seu significado e da sua compreensio. AS, 0 que vale para eles ¢ a investigagdo sobre a noco da cida- participagao. Nessa abordagem de cidadania e participacio, (© que importa € uma fenomenologia da ago, uma fenomenologia da préxis. Portanto, se quisermos ver como a fenomenologia pode servir a0 Servico Social, eu diria que, primeiro, pelo menos, deveriamos co- nhecer alguma coisa das bases da sua origem histérica, que 6, real- mente, com Huser! em relagdo a0 método. Mas, dependendo do ‘que queiramos estudar, do que queitamos analisar, vamos ter de fazet a opcdio por um autor que possa nos ajudar a utilizar esse método em relagio aquele tema. Schultz pode servit, como Merleau-Ponty, como Hickel, como Sartre, desde que saibamos trazer a contribuigo desses autores para o campo préprio do Servigo Social. que 0 filésofo pode colaborar, pode ser co-orientador. Pode orient trabalhos de pesquisa visando discussdes tedricas do Servigo Social em relagéo & fenomenologia. Cadernos ABESS 35 Bibliografin bésica AUGRAS, Monique. O Ser da Compreensio. Fenomenologia da situacto de elodotogia da entrevisi. Uma abordegent Ed. Apt ‘ajuda Servo Social. Sto Paulo, Cortes ‘ados nds, ningudm, ure enfoque fenome. holdgico do social” Sho Paulo. Ed. Moraes DARTIGUES, A. O aie ¢-0 fenamenologia? Rio de Janeiro. Ed. Eldorado. DOCUMENTOS DE ARAXA. TEREZOPOLIS E SUMARE, Rio de Janelro. Ed. Agi. GILES, me Histéria do existencialismo ¢ da” fenomenologia. Sio Paulo. Ed. Moraes. ONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepcto. Rio de Jenciro. Freitas Bastos. "| hombre. Buenos Aires. Paidos. io de autodeterminacia em Servico Social. Ed, Cortez. Rio de Janeiro. Ed. Zahar. ia, Fenomenologia Andlise Marsista, Rio de Janeiro. Aires, Amorrotu. 1: didlogo entre Servico Social WOYTILA, Karel. Persona y accién. Madrid, B.A.C. 36 Cadernos ABESS ctivas do feet € seus desdobramentos no Servico Social Jost Lucena Dantos* Inicialmente, queremos agradecer a atengo dos colegas da ABESS pela oportunidade de aqui comparecer. Resistimos muito & aceitaggo is, como o nosso préprio curriculo esté a mostrar, anos entramos num desvio que nos afastou do jal no Brasil, por vérias razSes de itinerério Isto levou a que o conjunto de informagSes e de conhecimentos de que dispomos tivesse ficado limitado, no tempo, a década de 70 € até os primeiros anos de 80. Mas, entendeu a Consuelo Quiroga que, mesmo com essa limitagdo, era oportuno que trouxéssemos a esse Seminério a abordagem do problema do funcionalismo no Servigo Social. Queremos dizer que aqui vimos com muita humildade, movidos mais pelo desejo. de. nos atualizar com vocts, recuperar toda uma década de informagées e trazer alguns questionamentos bsicos sobre © enfoque funcionalista, na perspectiva de quem o vivenciou na teoria © na prética, Sentimo-nos um pouco na posigio do astronauta da nave que esté reingressando na atmosfera da Terra, Esperamos que o impacto * Ovautor € A.S. graduado pela Escola de Servigo Social da PUC/R) com Especializacio em nivel p6e-graduado em Planejamento Econdmi pela UnB (1967) © graduagio em Direito pela AEUDF (1979). Dentre fung6es de sssessoramento ¢ diresio exercidas no campo de servico social, destacase a de Diretor Executive da Fundacfo do Servigo Social do Governo do Distrito Federal, no perfodo de 1970/1974. Cadernos ABESS 37

Вам также может понравиться