Вы находитесь на странице: 1из 8
Page 1of 8 ‘Da Possibilidade de transferéncia de verbas estatais para a Ordem dos Advogados tendo em vista a reformulagao do modelo de financiamento do sistema de acesso a0 direito Objecto No seguimento da 1.* Reuniio do Grupo de Trabalho constituido para analisar o modelo de financiamento do sistema de acesso 20 Dircito, a qual teve lugar no passado dia 1 de Julho de 2010, no Gabinete de Sua Exceléncia 0 Ministro da Justisa, foi fixado pele respectiva coordenasio, a cargo da Exma. Senhora Drs, Maria Joio Gonsalves, como primeiso Objectivo do referido Grupo de Trabalho dar resposta a um conjunto de ‘questdes, que passamos @ enunciar: 1. Pode 0 Estado, tanto no plano constitucional como legal, transferit para a Ordem dos Advogados (doravante Order), a quantia necessisia para 0 financiamento do sistema de acesso a0 ditcito? Em caso afirmativo, como deveri efectuar-se na pratica a transferéncia inicial, bem como transferéncias subsequentes? 3, Como seri feita a fiscalizagio do sistema de financiamento? 4. Em que termos se poderi fazer a previsio da verba a inscrever no orcamento para cada ano subsequente? E, pois, com o fito de dar resposta as swpra mencionadas questes que se elabora 0 presente documento, no qual cuidaremos de dar respasta individualixada a cada uma das questies que nos si colocadas, sendo de realzar que cada wma das respostas contidas neste documento refecte 0 resultado da anv tnt urea das mesmas. (BL4CA ULAUA DA BP Connie { sxstsines o& Do AB LY} Page 2 of 8 Anilise 1. Quanto & primeira das questdes que nos foi colocada, a qual se traduz em saber se 0 Estado pode, tanto no plano constitucional, como no legal, transferir para a Ordem dos Advogados a quantia necesséria para o financiamento do sistema de acesso a0 dircito, 0 primeito aspecto que importa dilucidar prende-se com saber se, no plano constitucional, hhaveri algum constrangimento que impeca a realizacio de tal operasio. Assim, ¢ tendo por base o texto da Constituigio da Repiblica Portuguesa, na sua actual redacgio (a qual resulta da Lei Constitucional n° 1/2005, de 12 de Agosto), nio nos parece {que haja qualquer impedimento a que a mesma se realize, desde que sejam observadas certas condigdes, que seguidamente se enunciam de forma fundamentada Efectivamente, uma vez que estamos perante uma opetagio que, no plano material, se traduz no seguinte: (Na modificagio do regime do acesso ao direito - pois ha a intencio declarada de alterar 0 esquema que enforma o actual modelo de financismento deste sistema ~,atento 0 facto de que 0 acesso 20 diteito é matéria cuja regulagio se encontra cometida 4 Assembleia da Repéblica, visto que, nos termos do disposto no artigo 165°, n? 1, al. b), da CRP, se dispde que a regulagio das matérias atinentes a direitos, liberdades e garantias, se encontra na esfera da reserva relativa do Parlamento; e, (ii) Na atribuiggo 4 Ordem dos Advogados de uma nova competéncia, a saber, gerit 6 sistema de financiamento do acesso ao direito, sendo que, nos termos dos respectivos estatutos, tal entidade é uma associacio publica, matéria também inclusa na reserva relativa da Assembleia da Repiblica, por forca do disposto na al. s), do n° 1, do artigo 165° da CRP, nosso entendimento que as alteragdes legislativas que venham a introduzit-se no ‘ordenamento interno terio de se efectivar através de Lei da Assembleia da Repiblica Page 2 of 8 Page 3 of 8 ou de Decteto-Lei autorizado. Alls, a este propésito, importa salientar que teri sido um entendimento préximo a0 que acabamos de expender que teré estado na base de que na primitiva versio da Lei que actualmente rege o sistema de acesso ao dircito, a Lei 34/2004, de 29 de Julho, se dispusesse que: “O Estado financia a Ordem dos Advogados no exercicio das competéncias previstas nesta lei de acordo com regras a definir por portaria conjunta dos Ministros das Finangas ¢ da Justiga”. Com efeito, ainda que tal solugio tivesse sido posteriotmente abandonada, com a aprovagio da Lei n® 47/2007, de 28 de Agosto, diploma que confetiu nova redacsio a0 texto legal primitivo, tendo operado a sua republicagio, julgamos que uma alteragio com 0 contetido daquela que ora se pretende introduvir, teri de se sustentar em norma de conteido similar aquela que atrés se reproduziu. ‘Ainda no que tange a constitucionalidade de tal medida, cumpre-nos salientar que, ‘uma vez que tal operagio arranca de proposta do governo, € que a mesma se traduzira, tanto quanto se pode perceber, aa transferéncia para a Ordem dos Advogados dos montantes jé alocados ao financiamento do sistema de acesso a0 diteito, estando estes, devidamente cabimentados no Orgamento de Estado de 2010, é mister reconhecer ‘que da descrita operagio no resulta qualquer aumento da despesa ou diminuigio da reccita, Assim, nem no plano objectivo, nem no subjectivo, se poder entender que esta operacio se encontra impedida por via da lei travio (artigo 167.°, n° 2, da CRP) Ja no plano legal, a primeira observacio que julgamos pertinente prende-se com © facto de que atendendo ao disposto no artigo 46.° da Lei n.° 48/2006, de 29 de Agosto, a qual regula a organizagio e proceso do Tribunal de Contas, constata-se que a operagio que se pretende realizar parece no se encontrar sujeita a fiscalizacio prévia do Tribunal de Contas. No entanto, julga-se que, pelos montantes envolvidos, ‘cuja importincia no contexto da economia orgamental nfo sio, de modo algum Page 3 of 8 Page 4 of 8 despiciendos, seria aconselhavel ponderar-se da oportunidade de auscultar aquela entidade sobre esta matéria. Ainda no plano da lei, cumpre-nos salientar que, caso se entenda que a transferéacia a operar deveri abarcar o montante global da verba ainda nio executada mas cabimentada no Orgamento de Estado, ter-se-4, na nossa perspectiva, de ponderar sobre a necessidade de se proceder a uma alteracio 20 Decreto-Lei que trata da matéria da execugio orgamental para 2010, de harmonia com o disposto no artigo 43°, n° 5, al. a), da Lei de Enquadramento Orgamental, diploma actualmente constante da Lei n° 91/2001, de 20 de Agosto, tal como alterado ¢ republicado pela Lei n° 48/2004, de 24 de Agosto. Efectivamente, dispde 0 mencionado preceito que: “O decreto- lei relativo & execugio do orgamento dos servigos integrados, dos setvigos e fundos auténomos € do orgamento da seguranga social contém (...) a indicagio das dotagdes orgamentais em relagio as quais nio sera aplicével o regime dos duodécimos(...)”. Em alternativa, dever4 ponderar-se se a regra contida no n.° 3 do artigo 4.°, do Decreto-Lei n° 72-A/2010, de 18 de Junho, que prevé a possibilidade de o membro do Governo responsivel pela area das finangas autorizar, em situacdes excepcionais e devidamente justificadas, o afastamento da regra da execugio duodecimal, poder ter aqui aplicacio. Refere a norma em questio o seguinte: “Mediante autoriza¢io do membro do Governo responsivel pela tea das finangas, podem ser antecipados, total ou parcialmente, 08 duodécimos de outras dotagdes insctitas no Orgamento do Estado, em situagdes, excepcionais, com base em proposta devidamente fundamentada depois de esgotadas outras solugées, designadamente a gestio flexivel e o recurso a receitas proprias.”. Atento 0 exposto, considera-se que, dada 2 matetialidade das questées suscitadas, importaré que tal matéria seja ponderada, de um lado, pelo Instituto de Gestio Financeira e de Infra-estruturas da Justiga, I. P., e por outro, pelo Ministério das Finaneas, para se aferir da viabilidade das solug6es atrés apontadas, 2, Quanto & problemitica de saber como se deverd efectuar, na pritica, a transferéncia inicial, bem como transferéncias subsequentes, parece-nos que poderd ser equacionada Page 4 of 8 Page 5 of 8 a hipétese de constituigio dum fundo similar aquele que se encontea previsto no Decreto-Lei a 185/2006, de 12 de Setembro, no ambito do Ministério da Saiide, diploma este que disciplina o regime juridico do “Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Servigo Nacional de Satide) Em tragos gerais, este fundo constitui-se como um patriménio auténomo, para 0 qual é feita uma transferéncia inicial de capital no valor de € 200.000.000 (duzentos milhdes de euros), 0 qual é representado por unidades de participagio (ou seja, titulos representativos do capital integrante do fundo semelhante a acgdes), totalmente subscritas ¢ integralmente tealizadas pelo Estado ‘Actesce que poderio ser emitidas novas unidades de participacio caso o Estado consiga encontrar parceiros que pretendam financiar este sistema, fazendo-se para 6 efeito um aumento de capital. Por via de regra, tal aumento de capital poder ser efectuado com 0 acordo do Ministro das Finangas, em conjunto com o Ministro da tutela (no caso do fundo a constituir no sector da justica, tal implicaria que fosse 0 Ministro da Justica a intervir nesta operacio). Por seu lado, uma vez que 0 facto de fundos desta natureza se constituirem como patriménios auténomos implica, pela natuteza das coisas, uma completa segregacio pattimonial entte o referido patriménio ¢ a entidade que procede a sua gestio, poder- se-a assegurar, através deste mecanismo que a Ordem dos Advogados, caso se defina que é esta entidade a geri-lo, nio utiliza as verbas alocadas 20 acesso ao dircito para quaisquer outtos fins. Garante-se, assim, uma mais fiel afectagio de recursos € maior accountability deste patsiménic. Caso a Ordem viole tal segregagio patrimonial sera por esse facta responsivel, norma que deverd ser inserta no diploma que proceder & criagio do fundo em causa. Page Sof 8 Page 6 of 8 Importa também referir, que seri possivel definir com clateza os encargos que a entidade gestora do fundo poder cobrar pela gestio do mesmo, bem como os que resultarem da necessidade de se depositarem os fundos junto da entidade que exercer as fungdes equipariveis as de depositirio, ente que desempenhari, para além das normais fungdes de guarda dos valores integrantes do fundo, o papel de controlar 0 modo como se exerce a gestio. Neste quadro, pensamos que tal fungio deveria ser cometida ao Instituto de Gestio Financeita ¢ de Infra-estruturas da Justica, I. P. ‘Assim, e modelando, desde jé, a operacio a realizar, consideramos que o capital inicial do fundo poderia ser integrado pelo montante a transferir pelo mencionado Instituto para este organismo, que ainda nfo se encontre executado ¢ que tenha cabimento orcamental Relativamente a exercicios subsequentes, poder-se-ia prever logo na Lei do Orgamento os montantes que deverio ser transferidos para este fundo, na rubrica orgamental de transferéncias para entidades externas. Importa também clarificar que 0 fundo a que nos vimos referindo, embora apresente uma estrutura semelhante Aquela que modela os fundos de investimento tradicionais, ‘cujo regime juridico se encontra aprovado pelo Decreto-Lei n.° 252/2003, de 17 de Outubro, na sua actual redaegio, uma ver que no tem por finalidade 0 investimento colectivo em valores mobilidtios no se rege pelas disposigdes reguladoras de tais organismos, nem esté sujeito aos poderes de supervisio ¢ controlo da Comissio do Mercado de Valores Mobiltios. ‘Assim, toda a disciplina jusfdica do fundo que porventura se venha a constituir deverd constar do diploma que operat a sua criacio, ‘Além do mais, importaré, também, prever as regras correntes do seu funcionamento Page 6 of 8 Page 7 of 8 em regulamento de gestio do fundo, o qual poder constar de Portaria, em pacalelo a0 {que sucede relativamente 20 fundo criado pelo jé aludido Decreto-Lei n.° 185/2006. 3. Quanto a definigio da entidade responsivel pela fiscalizacio do novo modelo de financiamento, caso se opte pela eventual criagio do fundo a que nos vimos referindo, € nosso entendimento que tal competéncia deveri set atribuida & entidade que exercer as fungdes de depositivio (que poderi ser o Instituto de Gestio Financeisa e de Infra- estruturas da Justiga, IP). ‘A definigio dos termos em que se deve proceder & fiscalizacio tetfo se se consignar no diploma que vier a definir o regime jusidico aplicivel ao organismo a cia. 4. Relativamente a questio do modo de céleulo dos montantes que, em cada ano, deverio integrar o fundo para suprir 0 capital dispendido no ano antecedente, julgamos que tal no sofre qualquer alteragio face a0 que actualmente se verifica, pois caso a ‘operagio seja montada nos termos que acima se descrevem, esta, problemitica fica a montante daquela. A ctiagio dum fundo com as caracteristicas supta enunciadas niio bole com os ctitérios utilizados na determinacio do quantum a afectat 4 despesa de financiamento do sistema de acesso a0 diteito. Reitera-se que, em nosso entender, a verba que venha a ser definida poderi set transferida para o fundo pelo Ministério da Justica , em especial, atentas as suas competéncias estatutirias, pelo Instituto de Gestio Financeita ¢ de Infra-estruturas da Justia, I. P,, a0 abrigo das transferéncias para entidades externas previstas no Quadro de alteragdes e transferéncias orgamentais (cf, no tocante a Lei do Orcamento de Estado de 2010 0 seu artigo 7.” Eis, pois, 0 nosso parecer sobre as questdes colocadas. Page 7 of 8 Page 8 of 8 Lisboa, 8 de Julho de 2010 O Consultor Renato Gonsalves Page 8 of 8

Вам также может понравиться