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Dados Inemacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP} (Cmara Brasileira de Livto, SP, Brasil) Dejoure, Christophe, 1946- ‘Aloacura do trababo: estude de psicopalologin do tatabo” Cucisiophe deous;raducao de Ana Isabo} Paraguay ¢ Lis Leal Pereira. 5. ed. ampliads ~ S30 Paulo : Cortz - Oboré, 1992. Bibioeratia. ISBN 978-85-249-0101.0 1. Estresse de tmbslly, 2, Trebathe —aspectos psicetdgicos, 3, Trabalho ¢ classes trebulhadoras ~ Doergas, 4. Trehabo e classes trabalhadoras — swide mental I Titulo, J. Bstndo de peicopatalogie de trabalho. epbss7 74% Trdicas para catiloge sistematica: Berete do trohatho: Medicina $18.0801 Loscwado webalho, Medicina 615.9805 Psicologia do trabalho 158.7 Trbahalores: Distirbiosmentais Patologia octal 362.2 Trbalkodores: sido mental: Patologia vorial 362.2 5, Trebale: Aspectos psiooligicos 138.7 7. Trabalho: Doengas: Medicina 19.9803, Christe Boos, 38 anes, aston vivzem Pars domoremmmeicins, crperinlst on wetienedotrabuha pagan, pleaabia egonotis ex. Frofeser ca facaldie de Medicra de Pur. Fazpesqusas sobs tus stands tu Fonteris de picoitologie: pszostomitca we prcopstolosia do tbsths “Trtaltn 29 Cente Hospitar de Oreoy. cast cea una pique tm dis as ‘Mn deste A inscurn do trhuthe, edad na Franga en 1980 ¢ agora teuduside pars opotugus com un mnexo melodies incite em seu pais de Crem, publican em 19h Las corps ane aloe pyehanetie, etiepO ts cbr coletvas Corps made er carp rogue (933) Paihepatoogie dt ‘vavsi? (1988), feado edit 7 artigon nae mah divers publionysen especies eae 1973 «(946 Fo oranizdor to Primeco Coibgto scbre Fseapatolgta do Teebelho. reilirad tm Paso eto de 1984 4 cstve ne Bas, em S80 Palo, ex 1960, pantelpando do 1 Caloqus ‘raoco-braseire sche» Aviso do tbs dos riscor ese Dertlo Poth Christophe Dejours NBLIOTESA LER? EER eee 1B» Rado. ‘ene’ PPAR SGEy S106. Fs Be OM. A loucura do trabalho : estudo de psicopatologia do trabalho UESC BIBLIOTEC. ‘ Fraaueoe de [azo o ‘Ana Jsabel Paraguay e Liteia Leal Ferreira 02-8 -O8 orn S* edigio ampliada trinpesio NE 901421 © eSraRs Gh 036724 —_. (© Batons du Cenrin, 1880, Dsus de raduio ein ta og pertains essai pot CHORE Eel Lida Rua Vergueyo, 721, * znd Eisatoct £0 Ploy tom Toftone (11) 27846100, Fax: (UL) 277.2739 Capa projet yrtfan « profugde: Soma Rangel Coit (8 danyatst, 1977, de Ana Tsbel ary (captlos 3, 5,6 ¢ ANEKO) & dle Wels Loa Fersiza Gatrodugn, expats 12,4 e conch) Ditstos pra esa ecg) ‘CORTEZ BDITORA. Rum Mont Alors, 1074 ~ Perdis (3014-0, ~ Sin Fanlo—SP- TELCL)38680111 Pex (11138641290 Evuuit certee@eartegafiers com te wee cortzeatna som be Unpreeso x0 Bras ~abril de 2008 ie Sumario Apresemacio eoeeen - saarosigio . (0 steulo XIX ea tna pea sobrerivémsi ane Da Prisca Gusrta Mundial 2 1964 ‘Teracea priodo: apbs 1968 Capines t-— As echatipias defensive: cece ‘As "ideslegias defensivas! (0 eano do subproterwiad®) : (Os mecmaaos de éefisa lnvidual conta a orgarizaghe do trabaino 0 exemple do lrbalve rpetitvo rannne fe 3— Qua aafrimant? - Insasfacto « soncesde signifcativa da tarefa - Insatifagto © ronceido erkaMBAi0 0 UDALAD sone seems ene ap CCapinte 3 — Trblio « mee - Oe siaae dirtos do meds . : Os sings indzetos do meder ¢Sdoviogin ceupasionel defersiva (Osada em trefasyolmetidas a rimos de tratall ‘A aisle e as eagoes de trabalho As difeectes formas de ansedade u 4 18 ” y ” Capito ¢— Cm conur-ecenplo: 4 evlegd de caps Caputo § — A explore do sofmenin A ccxplerario da fustseao ‘A explerasio ds anscdate Captute 6 — A ongerisapdo da trabaiho e « doerga A densa wentel ‘A doeara some Conctesses Aneso: A mitedologia em pcoparotegie do tabatho rotoyrapia BREN nace 0 6 18 9 ire 6 135 ui 19 1st Apresentacéo A'5? edligho brasileira de “A Loucura do Trabalho”, traducio de “Travail, Usure Mentale” do Christophe Dejours € um atestado de sucesso, Que, alids, comegou com: a. do aotor aqui no Brasil para 9 langameato da ‘I! editdo, em 1987 ¢ sua incansdve! e brilbante Partcipagin em inimeras reuniGes © debates académicos ¢ sindioais ¢ as enrev'siss que concedoa a varios Srgtos de imprenss. Todo este trabalho de divulgacio den frums. Este livro faz avangar wma disciplina que tem permanecido até ngora rauito embrionéris: a psicopatoiogia do trabalho, En varias 1ogibes do Brasil formaram-se grupos de estado informais para ler ¢ discubr 0 Livro. "A Loucura do Trabalho” passou a ser ume referéncia bitica, recomendada por professoces das mais diverias dress acaiémicas: sociologia, psicologia, medicina social, administragio ¢ aé fengeniaria de prodnjac. Varias tests de mesirado c doutorado trasiciras _apotararn-se ma abordagom de psicopatologia do trealio de Dejours. ‘A recta desie sacesso est na reumido de tis ingredientes hdsicos: 0 {escinio do teina abordado ~as selagGes ontre erabalho e suide manial -, 0 stu método de investigagao ¢ a forma pelo qual Dejoars os uaa. ‘O mais eetimutants na trahalho de Dejouns é exalamente & auestio ‘que cle se propo a responder. como fazem os trbalhadorcs pasa resistir fo ataques ao seu fircionamente Psiquico provocados pelo seu waballo? (O que fazem para nto ficarem louces? ‘Com ests quesito, amplia-se notavelmente o préprio otjen de estado a psicopatologia do trabalho, No se trata de estodar as docagas meatais 5, ou Os tabalhadores por eas alingidos, mat sim teos os tabalhadores, a populagio zeal @ “xormal” que esti nas fébricss, nas uinas, nos escrilcccs € € submeiida a presses no sou dia « dia, O objeio de estilo passa a ser, nfo 2 loucura, mas o sofrimenta no tebato, “am estado compativel com « normalidade mas que implica mma série de -mecanismos de regulagio”. A.nogto de sofriment ¢cenirel para Dejours, implica, auies de tudo, tum estado de Ita do sueito cotta forcas que o esto empurendo em Sirepto A doenga mental. Af, aparece oatzo concejlo base na teria de Dejours: o papel da organizagae do tabatho. Ena organizagte do trabalho que. devem ser procaradas esias forgas. E ele esclarece que inkmico, os sujeitos criam exeratdglas deinas am so proger. Beste €0 terceiro ponto da teoria de 5: emplicar NO que consistemo estas enratégias, como elas surgem e evolvem. Os vonceites que ¢stfo oa base da icoria do psicopatologia do tmbalho de Dejous foram elaborados e continua seudo enriquecidos — por exemplo, as noyées de prazer no trabalho, ou de sofrimexto criativo & Sofrimento patoginico, com 0s quais vem trabalinndo mais recentemente ~a parr de um material empirico obiido através de um métade de investigarto também novo, Trabalhadores e pesquisadores formam um posquisaderes. Esto método aparentemente si fealtade exigerus regulon da pate Gor pesuisadors ¢ fon Je segnir regres deontoldgicas bem estrtas, a fata das quais pode representay ‘uma insupartivel violaglo da equilibrio psiquico dos trabalhardares. Os conceitos ¢ o méiods ganbam uma colorag8o especial pelo modo ‘como sfo expostos por Dejours, Ele em uma linguager 20 mestro tempo precisa e sem tecticismos que cativa os Teitores. Seus exemplos sic logit. “A Loucura do Trabaiho” ¢ um livro que abre a cebega pare novas idéiss e novas interpretacdes sobre o homem. Ele tem o mérito fundamestal de wator corsjosamente de um assunto que é ainda musto pouco explorado: as relaydes entre o trabalho ¢ a vida psfquics, Um assumto apalxonante que pode ser a chase para 2 compreesisio de wérios [Pants ainda alscuros do comportashento hureano, Leda Leal Ferreira Ergonomésta 0 dntroducdo eneficiaram as cié espantar com a le seu Ingar de distin Podemos propor varias explicagoes para este fendmeno. A pri meira seria att & imaturidade da psicologia, da psiqualca eda Psicandlise. Entretanto, é notavel o lugar privilegindo que essas dis- ciplioas ovupam, ba vétins anes, tanto no espirito do pablico quanta ros meios de conzmnicaczo de massa, na literstura, na arte e namodicina, Mais aveitfivel seria a interpretacdo que atribuiria o subdeseavol- ‘vimento da psicopatologia do trabalho ae superdssenvolvimento das disciplines tradicionais. E inenavel que a posieo de destaque ocupada pela pricanilise nao deixa de ocultar o que nao pode ger articulado com sua teoria. © campo da psicandlise é comrade sobre a vida de relacSo e, mals precisamente, sobre a vida 4 dois, ou, no maximo, ateés. Assim, a psicandlise &impropria para dar conta das relagdes de trabalho, na medida em que regidas por regras que no se deixam reduzir ao jogo das relagdcs chamadat de “objet Evidentementé, oporentos, a esa assercao, a psicanalise de grupo 4 psicossociologia. ‘Olhando-se de pesto, esses disciplinas, de apasigao muito mais recente, t8m por objetivo encontrar, na dindmica dos pequeros Brapos, as carseteristicas posts em evidéncis pela andlise dual. Num aso 01 n0 outre, 2 psivossociologia nfo procura apenes cvidenciar os Dantos comuns a (odos o$ grupes. Seu objetivo nao e, jamais, 0 de evidenciar a que hé de “inico, ou de irredutivel, num grupo de operdrios de una fébrica antomobilistica cm relagao a am grupo de pessoas em feriag, on um conselho de administracao. E precisamente sobre a espectficidade da vivéncia operiric que queremos chamer a agenedo. EB nao de uma vivencis operdrie que denominador comum # todas as situacoes de trabalho. Ac desejamos fazer com que aparevam vivencias diferenciadas ‘as humanas, de um século para ca, podemos nos 10 da psicopatologia do trabalho, em conquistar as observagtes ‘as ertalisticas, o: questiondrios abertos ou fechades, os ppadroes comportamentais, a economia dos gestos repe- ‘dos, as fathes do comportemento produtive, ou 0 aumento das per~ formances..., em outras palavras, toda a psicologia absirata, que deixa 4 marge, deliberadaments, @ propria vida mental, a cmogio, a.angustia, a Taiva, o sonho, os fantasrmas, O amet, todos o6 sentimentos experimentadas que eseapam 4 observacio chamada de “‘objetiva’™ 0 pono de vista dindimico, a vivéncia hic et munc, 0 dasein — pare R retomar os autores exigtencialistas aleraes — terdo prioridade, apesar de nem sempre conseguirmos excapar A ‘entardo metapsicoldgiea O campo potencial icopatologia uo trabalho # ocupado, como dissemcs, pela psicanilise, psicossociologiz ¢ psicologia abs- trata. Alem de no consegoirem dar conta da unicidade do drama existencial vivide pelos izabathadores, eseas disefplinas fornecem um quacro de referéncias tebricas e conceituais que pesturbem a elabo- ago de concepgbes diferentes, Mas final, € sempre vencendo tals situagies, que aparece distiplinas novas. ‘Asoim, © subdesen imento pralongado da pricopatologia do trabalho se explice, anies de mais nede, por fenémenos de ordem ‘istorica. ‘Sea peicopatologia da trabalho no foi mais estudada, ¢ porque as condigSes para sen erescimenio ainda aXo estavam reumidas, 20 contraria do que acontece agora, P ia, eatenderenios nao $0 a historia cos operdrios, mas principalmente a bistéria do movimento operitio e da correlagdo de forgas entre crabathadores, patrdes ¢ Estado. Esse pontg ¢ de tal importancia que ngo poderemos evitat voltar wei pouco atris e narrar “a histéria da sade dos trebulhadores"” saille dos wabaliadoces no pode ser das intas e dasreivinchceetes operarias em seral B apenas gragas a uma leitura espscializada da historia que se podem eousierar os elementos necesséries & reconstrugae da hisiétia da “frente pela sade”. Alem do maia, a frente pela sate” ¢6 progrediu gracas a uma Jute perpérua, pois as melhorias das condisbes de trabalho ¢ de saiide foram raramente oferevidas graciosamente pelos parceiros socials. ‘(Exceto em certos periods, onde o interesse econtimico se Teuni 100- menianeamente ao dos trabalhadores; as guerras; durante as quai foram tomadas medidas especiais para proteger uma mao-de-obra ‘omnava preciosa.) ‘A hist6ria da saiide dos trabalhadores” aparece, assim, como lum sudcapitulo da historia popular, que nae retomaremos aqui B O sécule XIX e a bata pela sobrevivincia Para o gue nos iateressa aqui, 0 periods de deseavolvimento do capiialismo indusizial caracteriee-se pelo crescimem.o de producto, pelo éxcdo rural ¢ pela coacentracdo de noves populates urbangs. isso devorrem condicdes de vida que foram descritas em pes quisas como ag de Parent du Chatelet (83), Guépini (49), Penot 65), Benviston de Chateeuneut (ve 98), Villerme (99) Alguns elementos mareat poder ser reti trabalho, que atinge correntems: 1Ghoras ptr © emprego de criangas ua produgae industral, algumas vezes a pert Cos 3 anos, e, mais freqtientemente, a partir dos 7 anos (68). O silérios sc muito baixos ¢, com freqiiéacia, insuficientes para jassegurar 0 estrjlamcnte necessirio. Os perlodcs de cesemprego poem imediatamente em perize a sobrevivencia da fe A moradia se redur, freqilentemente, a um pardieiro, (11 p. 43) ta de higiene, promis: twabalho, subalmentaric, pontecilizam seus respectivas cieitos e cram, conidigdes de uma alta morbidade, de uma alta mortalidade-e de uma Jongevidade formidavelmente redacida (99). Nessa época, Vilerméde- ‘monstra sem dificuldade que “*a morlalidade cresce em razdo inversa ao bem-estar" ‘A gravidade da situagio se rovela no serve mnltar: “Em Araens, por volta de 1850, eram precisos 153 inscritos das classes privilepiadas fer 100 homens aptos pars 0 servigo milifar, mas 383 nas classes i: a dura de tal quadro, nzo cabe falar de “sauce” em selactio 4 classe operaria do século XIX. Antes, é precizo que ceja assegurada, 8 subsistineia, independentemente da doenga. A tota pela satde, nesta, epoca, identificase com a hua pela sobrevivencia: “iver, para 0 opersrio, éndo morrer”. (50) No que conceme as condigdes de trabalho da epoca, e, sobresudo, aos acidentes, dramaticos por sua gravidade e samero, nos reporta Feimos 20s autores de eatdc. (29, 72, 91) A intensidade das exigéncias de trabalho e de vida am ria mao-de-obra que, paupcrizaade-se, acusa riscos dz a pre rimento especifico, descrito na literatura da época sob 0 nome de MISERIA OPERARIA. Concuhida como um flagelo, ela &, no espirito dos notivsis, comparivel a uma docnca contagiosa. O movimento higinista &, de sccrta forma, a resposia social a0 perigo. Como sublinhames (3), “ a mistria assimilsda a uma doonga “‘permite @ introdugdio da Hinguagem emo, Ca crradticagac, ds drenagem erc, enfum, de uma certa pelos autores do primeira mimero dos Annales que éa are de conservar a satide dox hemens em socicdade, deve receber um grande desenvoivimento ¢ forneces nume- rrosas aplicagdes ao aperfeigoamento de nossas instituicdes. observa as variedades, as oposicdes, as influénciss dos ci que informa, os meios da salubsidade pablice. Ela (rata da q 5, 808 presidios, Bs ainda tem pela frente um outro fururo, na orden moral. Da iavestigagé dos habitos, das profisbes, de todas as quancas de posicdes sor tla dedus reflexes e conselhos que nfo deixam de influir na for ‘iqueza dos Bstados, Ela pods, por sua associaeéo com a filosofia latecer o moralistz, e coneorrer para z ncbre © nimero de enfermidades sociais. As falias ¢ 0 crimes sG0 as doengas da sociedade, que ¢ precisograbathar para curar cu, pelo mencs diminut. E os meios de cura serfio mgis poderosos quando inspirarem seu modo de ago nas revelagdes do homem Fisico e intelectual e quando a fisiologia e a higieae emprestarem suas Iuzes Acitneia da governo. "(83) Este texto faz com que aparegam, além das preocupagtes com saude, os objetivos concernentes & restauragao da ordem moral ¢ da fordem social nas aglomeracdes eperirias. Com efeito, mistria, pro= rmiscuidade ¢ fome associam-se pere criar condigbes lavordveis 20 desenvolvimento da delinguencia, do i prostitisigao. Questionar a religido e a fa c & ordem soci, name époce onde os movimentos sociais e sindioais sao sinda limiuados. deverd “restabelecer, nesse dominio, os fatos morais ¢ totidadeda ciéncia, do direito eda razao””. (98) ‘Quando a burguesia perde sua credibilicade ¢ sua imagem de 6 operaria, apela-se para os especial e mais neutroe do que os papel serd ode e: {propor soloytce para resabeteet # ondem nasal sobretudo, 2 gutoridade da famita, etapa necessaria para a formsacao de operirios Paralelamente ao “movimeato'* das aparece 0 movimento dos “grandes tas” (Esquirol, Pinel, Orfita etc) sustitado pela curiosidade pelos fendmenos insGlitos, por sua amplitude, constituldos pelos “*desvios” © atentedos individuais A crdem social. nto higienista, 0 movimento daz ciéneias morais e polltioas ¢ 0 movimento dos grandes alicnistas, onde os médlcos ecupsm uma posigao de destagne, O mético faz tua entrada runfl no asena! do contol socal, (onando um ute sillo que tera grandes des i sob aimagem do “TRABAS (O desenvolvimento da higiene, as descobertas de Pasteur, tn pouco mais tarde, as pesquisas em psiguiatria, sdo de algum mode a vertenre positive da atividace médica. F sobre ela que seapoia a resposta social a expose da mlsérla operdria. Mas a medicalizario do cortrole social ado seria suficiente, ede fato,éaox préprios operarios que te devem 28 materiais da condigao operéria, Higienistas, moralistas¢ alienistas sé podem responder ao desvio, enquanio uma outra forma de ateatado 4 ordem moral ¢ social val sanhar corpo na solidariedadc operéria, nos movimentos de [uta ¢ no ideologia operaria revoluc igo é dada uma resposta especifica: 4 repressao sstatal. Frente & amplitude do movimento de orgonizagdo da claste operdzia, t preciso encontrar novas solvgdes. Inicia-se entdo um mo- ‘imiento complexo, no qual o Estado aparece como ator estralégico. Ds conflitos enire tiabalhadores © empregadores eram, até ai, sgulados Jocalmente, O patrdo era livic paca escolier as solucbes que guisessse © quando apelava pasa a policia ou para 0 ext greve, orepreseniante do Estado agia em nome, unicamente, do aten- tado & propriedade privada. Mas 0 desenvolvimento do mevimenio operario conduz a greves mais amplas, onde o Estado ¢ deposttirio de me misséo mais importante. © Bsiado & chamado a intervir cada vez mais freqienlemente. Por outro lado, « organizagzo dos operérios confere, ao movimento ¢ revolia, uma forva que pode derrotar 0 poder do empregador isoizto 0 Estado toma-se 0 rbitro necestazio, 16 Concentragaes operarias eriadas em jungéo das necessidades da produglo emergem das novas relagées soriais, permitindo an Estado (omer-se auténomo, progressivamente, em sua tutela patronsl, mio 10s d4 ao movimento operdsia wma dimensio significativa, prin- cipalmeme a partir da Comuna, As reiviudicagdes operérias chegam, a um nive! propriamen pobitico. Compreende-se facilmente que as futas operdrias neste per‘odo ham essencialmente dois objedivos: 0 dirsito @ vida (ou a a construcio do instrumento nectssario a sua con- quista:a liberdade de organizacao. No gue conceme a0 que se poderia chammar de “pré-historia da saitde dos trabaihadiores’”, vé-se emergir uma palavra de ordem que de trabalho. Apesar dos verdadeiros discursos dz defess de Villermt, nao haverd pr trabalho, duremte quase 50 anos, Sob o Segundo Império, o debate ents fechado, A pressfio retorna, eur seguida, sob dife- est pr renles formas: 0 limite de idade abaixo do qual as eriangas no terdo miso diseito de serem postas a trabalhar, 2 prote;do das mulheres; a duragao do trabatho propriamente dito; trabalho noturne; os tra- baittos paruicularmente penoscs, aos quals Tao se tera mais 0 direlto desuismeter certas pessoas; 0 repourosemanal. As conguistas sero, com freqiténcia, questionadas por leis que yoltam ae sia quo ante por inumera de aplicacho. governamentais serdo interminaveis, Entre um projete de tei e sua yotacao ¢ preciso, muttas vezes, esperar de7, para a supressio da eaderneta operaria (1881 © projeto de lei sobre a redugo do tempo de trabalho des mutheres colangas (1878-1892); onze anos para a lel yobre a higlene e a seguranga 86a partir do fim do stculo sto obtidas icis sociais pertinentes, especificamente, a salide dos trabalhadores: 1390: criaro, nes minas, de delegados de seguranca; 185% cra batho ¢ sua indenizagdo; 1908: aposentadosia dos minciras, 1910: apo- sentadoria para o conjuate dos trabalhadcres anos 65 anos {"'aposen- tadorin para os mortos'", dizem os sindicatos, j4 que nestx epoca apenas 15% dos franceses atingem essa idade). Da Primeira Guerra Mundial a 1968 Apanir deentio, 0 movimento ‘ngiu a dimensio de uma forca pol sdquiriu bases solidas ia cTescendo no Tabu: Para csquematizar, poder-se-ia dizer que 2 organizagéo dos tra- balhadores traduzu-se aa coaguista primordial do diveita de ve estavamn longe de serem wnificadas para o conjuntoda classe operdria. ‘A patlir dai, podem aparecer reivindicagdes mais diversificedas. Rntre elas se man{festa nina frente espectfica, que concerne 4 protecao da sate. Ha um vasto programa, onde a protesdo do compo ¢ a preo- cupagte dominant. Salvar 9 corpo dos acidentes, prevenir as doencas pro! 2 as inloxicagdes por produlos industrials, assegurar aos tra guidados e tratamentos convenientes, dos quais se beacficievam até mtdo sobrenuco as classes abastadas, esse ¢ 0 ei20 em torno do qual redesenvolvem as lutss na freate pela satide Por que tomer a gueira de M4-18 como data de referéncia? Entre ue presidem esia escotha, focalizaremos sobrecude 0 ne producdo industri de produpdo para tas de reeugto da Guracio de trabaiho acs indusinas de armamento, © dasfalque, re sultante do atimero de morto: « feridos Ge guerra, no reservatono de mao-de-obra, of esforces da zeconsttugto, a reinsergho das invalidos na produsdo, formaem as condigbes de uma reviravelta oa zelacao homem-trabalho, lugar particular ceve ser desicado & intcodugio do taylorsrv. inde Hoje, uma modal lho que jaa ganhando terreno, sera objeto de urn es ‘gaencias sobre a sade men: ‘mesmo, ¢ preciso assinalar as repercussBes do sistema Taylor na sailde do corpo. Nova tecnologia de subraissto, de discipline do corpo, @ organizacho cientifica do 8 trabaltc ger exigincies fsiologicas ate enido desconheciCas, especial mente as exigéncias de tempo e ritmo de trabalho. As performances, exigidas sdo absolutamenie novas, ¢ fazem com que o corpo aparore vemo principal ponio de impacto dos prejuizos do trabalho, O esgora- mento fisico néio concerne somenie aos trabalhadores bracais, sonjunto dos operérios da produgto ds massa. Ao separar, Fa mente, 9 tabalho intelecival do trabalho manual, o sislewa Teylor neutraliza a alividace mental dos operarios. DDeste modo, 30 & 0 aparelho priguico que apatece como primeira vitima do sistema, mas sobretudo 0 corpo déailedisipinado, entregue, semi obstAvulos, Ajuncdio da organizagao do trabalho, ao cngenheirg de produgio e & diresio bieraequtzads do comand. Corpo sem éefe- se expo expire Lagizad pele prea de a preter natural, que #0 aparelno memial. Compo doente, portanto, ou sue corre 9 riszo de iornar-se doente. ‘Nao ha nada do espanioso, acscas condigbes, no surgimento de lucas entrgicas para area ‘que substinucao a prowgto natatal do “instinto de coaservardo”, definitivemente relegado a categoria de instremento indt. ‘A partir da guctra, ctapas importantes véo scr tramspestas, a0 ‘mesmo tempo em que se perfile uma diversificacdo das condicGes de trabalho e de saide. O movimento operdrio tents obter medhoriat da relagto salidetrabalho © mudangas aplicéveis a0 conjunto dos trabalhadores, As veces consegue, mas moiias vezes leva a um au. mento cas diferengas. “Apesar da volagto de leis de corster geral, 0 movimento operdiric néoé ainda capaz de controlar sua aplicagao por loda parte. E, sabre. fide, onde ele & mais poderaso, isto é, onde os trabalhadores sko suficientemente numerosos (grandes eraprests), onde o trabalho tem ‘um valor econOmico estratégico (Setores de ponte cu centros vitais ds ia nacional) que @ evolucto da relagdo satide-trabalho € mais rida. Ao contro, mas empresa iolaa, mie regibspovea indus © poueo sindica- lnaos, quando a propotcto de irabahadores et fangeiros ¢ smpor- tante, as concigSes de trabstho so incomparavelmente piores do que nas grasdes eimpresas, como a smpresa Renaull, por exemnpla, que (0 das viterias operarias ado como interlocutor priviles se Encontyaz, muito mais facilmente do que no periodo preve ligacdo de causa ¢ efeito entre tal lnta opeririae lai le secial, adequacdo mio dissociada pela intreia do cempo que passa. ‘A guerra favorece as iniciativas em favor da protecgo de uma falcada pelas necessidades do front. Os Wzam-se em torno da joroada de trabalho, da meticina do trabalho ¢ dz indenizagio das anomalies conuaidas no trabalho: Albert Tacomas, em 1916, reduz a jomada de trabalac para & horas por dia e constata o efeito paradoxal desta medida, sobre a Produgdo... queaumenta! lei de 1898 sobre os acidentes de wrabalho previa a eriagio de ios de fabricas a cargo dos seguro: privadas. Os decretos de 1913 levam certas empresas a organizal exames pré-admissionais ede controle, em periodo de trabalho. Em arecem as hares de Medicina do trabalho, com a inspegio médica das fabricas de guerra, organizada per A. Thomas (61). ApSs a Gral Guerra essa tendencia acentia-se, coma insituconalizacde da mi Gina do trabalkoem certos setores, aspeci certos empregadores c a partir Ge emaa, esido ligados a penalidades financeiras magdes, ote) (61 Pouco a poueo, clabora-se urta doutrina implicta da medicina co urebatho. No que conceme 4 indenizapfc dar doengas e aos euidados com 6s doentes, 6 sobretude no fim da guerra que les importantes sao votadas: reconhecimenta das doengas profissionais, em 1919; criaglo de uma.comisste de higiene industrial, em ontubro de 1919; criagaio de um comité eonsultive de seguros contza os acidentes de trabatho. Uma tendéneta aparece, a partir da lei de 1903, em favor da atenuacio dos perigos ¢ da insahibridade, isto €, da supressao das causes de idente e de doenca, Fla sé ganher6 corpo, verdadeiramente, na lei rmodificada em 1951, que prev€ que as maquinas ou paries de maguinas perigesas, para’as quais existam dispasitives de pro- fecha de eficacia recontecida, afo possum ser desprovidas dostes dispositives. (61) ‘Ap6s este pericdo, fecundo para a methoria da relaeto saide-tra- balho, nfo haverk progresso significativo até o Front Populaire, que 44 momencaneamente vantagem 20s operécies. A semana de 40 hores € votada em 1936, assim com as ferias agas, © 0$ acordos Matignon instiluem a& convengdes coletivas © 08 elegados de pessoal, reconhecendo o diveito a lives adesao aos sindl- cates eo direto a greve. Pode-sedizer que em 1996 as condistes de trabalho tormam-se 20 realmente um ema expecifico do movimento operarin, mesmo se 2 formula so vein 4 mada mais recentemente, alkés com um contedde tum poueo diferente. Forgas recém-conguistada na Rasistincia. O programa da Revi parcialmerte aplicadg, faz nascerem sovas esperangas, com 11948), dos Comites: Durante todo esse pericdio, que comeca em 1944, ¢ movimento ‘operano comimua a cesenvolver sua agdo para a melhoria das ct digdes de vida {duracdo do trabalho, férias, aposentadorias, sal simultancamente, s¢ desiaca ume frente prépria, concernente a setide, Olhando-se de perio, as palavres de ordem neste dominio goncernem & prevencio de acidentes, a Inta contra as doencas. a0 diteito a0s culdado: médicos, isto é, & snide do corpo. Pode-so dizer gue esse segundo perfodo de “histivia da saude dos uabalhadores” caracteriza-se pela revelagao do corpo como ponto de impacto da exploragao, Essa nogio & fandamenial, na medida em que leva as andlises, tanto provenicntes dos sindicatos quanto dos expecialistas, kde que considerames, hoje em dia, indevidamente kmitado. O alvo da explorapio seria 0 corpo, 560 .corpo, Também as andliscs econémicas eriticas do sistema capi- talista argumentam suas t28es scbre a ex 10.4 partir do corpo. Jesado, do eorpo doente, da mortalidade crescente dos operatios em elastio a0 reste da populagdo. _ ‘A proposigao € exata, ¢ seria urn erro pé-la em diivida, Mas é muito Jimitada. Como se os mecznismos invisiveis da exploragao exigissem, para screm evidencindos, uma demonstragdo dos seus efeitos visivels hho corpe. Estamos talver autorizados, hoje, a reviser 0 ponto ce vista segundo 0 qual a exploracio teria por alva, diretamente, 0 corpo. F a inverter a problcmatica, insistindo nas mediaydes cm jogo no exer~ . Fado st daria como se as condicoes de ssem 0 corpo apts tle submetide, domes- icado e adestrado comoa wma cavalo ce tragao. Docilidade que, como vamos ver, depende de ume estratégia intciaimente concemente a0 aparelio mental, para dele anular as Tesistincias que ele opde, espon- taneamente, & explocasao. Seje como for, ‘torla como primeira Ihe ¢ expecificamente: A perculosidade das te periodo da his- esta saber 0 que corpo aparece duran do trabalho indust i jinas, as produtos industriais, os gases 2 € 8 vapores, a3 poeivas toxicas, 0s parasites, so, progressivamante, decignados ¢ estigmat sofrimento fisico, De 1914 a 1968, & progr condicaes de trabalho que se depreende das reivindicagées operarias, aa frente pela satide, A hita pela sobrevivéncia deu higar a luta pela ‘twitde do corpo. ‘A palavra de ordem da reduyao da jomada de trabalho deu ugar 4 Ifa pela methoria das condipdes de trabaiko, pels Seguranca, pela, Higiene e pela Prevenco de doengas. ‘“‘Micthoria das condicdes de uabalhot” Palavra de ordem que chegou 2 maturidade em 1968; revelardo, denominaclo, formulagaa tardia do tema que, no entanto, j6 animara durante cingienta anos todas as lutas operdtias na frente pela sate. Nao ha nada de surpre- endente nisso, como mosirzm muitos outros fatos histoticos, que falam de coisas quando elas jd esto ultrapassadas, quando j4 se desenba uma nova ctapa: neste caso, as lulas pela prowegae da Sade menial, ta pela sobreviventia, reducko da jornada de i i , Corrente kigienista deram lugar, respociivamente, ao corpe docme, as concigdes de trabalho, ¢ A corrente contemporanea da medizina do trabalho, da fisiologia-do trabalho eda ergonomiz, Tereeiro periodo: apés 1968 0 desenvolvimento desigual das forgas produtivas, das citncias, as técnicas, das maquinas, do processo de trabalho. da. organizagiio edas condigées de trabalho culmina numa sitnapto muito heterogéea ara que sc possa fazer uma andlist global da relacde sadde-trabalho. No centro deste mosaico de fendmenos diversificados, sé se pode recomhecer 1m novo material e tendéncias que ampliam a problematica tradicional das quastées da. saide, Nos designamnos aqui a sauide mental. Apesar da existéncia de uma literatura, a bem dizer restrita, de ji irardon - Amiel - Sivadon - Vell - Leroy. ue opie o trabalho vida ment definir métodos de selepdo pricoldgica. Expeviatistas do komen, sua aiividade, que entretanto é bem reat, se desdobra fore das questes de saiide mental, 2 ‘balhadores, 0 disensso operirio nfo é mais pro- maneira exegeradamente esle- usce preticamente no analisado. levar, mente complexo. as partes imma nova forga: a hita operdtia pela saiide mental esta hoye inicivds, mesmo se sua slaboracdo continua balbuciante. Para este fendmeno poderros encontrar varias razdes. A primeira diz respeito a9 exgotamento do sistema T imeitamente, no terreno eco- ndmico, onde as greves, os par produglo, as operagbes padirao, o despa {ividade, 2 sabotagem da produpio ¢ 2 20 trabalho” (89) levam a procurer solucoes alternatives. Bm seguida, no terreno do controle social, onde este sis- tema o1ganizacional nfo gacante mels sua supenonidade, Hoje em dia, sstamos longe das afirmacies de Taylor, scbre a inexisiencia de greve nas fébricas que alotaram a 0.C.7.* (96). No terreno ideoldgico, enfin, conde ¢ sistema Taylor & denunciado como desumanizante e acusado de todas 0$ vicics, principalmente pelos operarios, mas tarubém. por uma parte do patronato, A roestruturagio das tarefas, como alternativa para a O.C.T. fa srasderem amplas discussbes sobre o objetivo do trabalho, sobre a re- lacie homen-tarefa, ¢ acentua a dimensio mental do trabalbo in- dustrial, A iso & preciso somar as vozes dos operarios de linha d= prodgao, dos tratalhadores do setor retcidrio € des avas indi como 2 de processo ¢ 2 inci ‘exigénciss Msieas graves, as larefas de escritoo tornamse cada Yer mals numerosas, ta medida do desenvolvimento do setor terciatio, A sensibilidade 4s cargas infelectuais e psicossen Dpreparam o terreno para as preccupagSes com a sai se dé com os operizios gue lem usta fraca carga fisica, que so ope- radoves das indistrias de processo (petroquimica, nuclear, cimenteiras, etc). O desenvolvimento destes industrias confronta os op:rarios @ ovas condigées de trabalho ¢ fazem-nos descobrir sofrimentor insus- omo mostrazemos mais ediante. ‘A “crise de civilizagdo”,& assim que se designa uma stris de con- testagzes da sociedads, tesiomuna precoupagbes aparevidas com a “nova onda”, que ctesoeu com a desilusao do apés-gustia € a etanto, de Uns anos para ci, senie-se por todas * 0.07. — Organizagto Cionificade Teabatbo, (W-de TF 2 A perda em (razer a feli nivel dos érgdos vide om um Lod A droga 28 toxicomanias, temas privikegiados da “crise ce cit sto testemunhas de uma nova procura, onde interessa, sol © prazer de viver, © que diz resprito tanto acs (hos da burguesa q aosda classe operaria, (304 © exercicio mazico des priticas psicoe- mundo do trabalho, as prisdes e todas as ‘epresentam uin pape) na formulagao das as, hoje cm dia, em escala das massas Passada a [orga nos melas de comunicardo de mastas, no cinema, na Publicidad ¢ no marketing, a psicologia ako poupa mais aiaguém, 19 65 rabalhadores, A ‘iitertagao da palavra’”: se 1968 aparece como uma data repre- Sentativa na historis ca relagdo smide-trabalho, & primeirarnente en tava do desencadeamento verbal ocobride durante os aconlecimentos de maio de 68. No centco do ciscurso de maio de 68 encontramos a hica contra a sociedade ce consunto e contra a elienagao, Milhares de-car lates, @ preciso lembrar, exprimicm este tema nos murs da capital, Simultencament Teconhecido como causa principal a alienacko, inchusive pelos estudanies. As reves selvagens confirmam a escolha de 1968. como referencia histérica. Greves selvagens e greves de operirios nio-qu: espontaneamente, muitas vezes, 4 margem das in Elas rompem tradiodo reivindicativa © marcam a eclosae de temes noves: “onder @ vide"’, palavra de ordem fundemenvaimente original, Gificilmente redutivel; que mergulha 0 patronato ¢ 0 Estado numa Nerledeira confusio, pelo menos ait a aiual erise economica, que wende a atennar todas as reivindleagoes qualitalivas, Maio de 68 também are‘eréncia vtilizada, pelo patronata ¢ polo Estado, para designer as novas tendénsias nos confliios socials“ Do sslatério patronal de 1972 ao reletorio Sudreau (94), maiode 6 ¢uma referéncia fundamental, Numeroses pubhiessdes confirmam que esta data marca o reconhecimento, por parte do patronato, da necesskdade de Jevar em conta as reivindicepdes qualitatives da chisse operina (2, 3, 31,52, 88) Estes diferentes elementos concorrem para fazer pevisar que, do feriodo atual, deveria emergi: o tema da telagfo satide menialtrabalho., Primeiro com sem de refleKa0 das organizagies operarias, ema segundo Po ro ue s© pote obs bjeto de trabullos ciewuitices, a exemple do que se Servar sobre a condigses de rsbalho com a mediama do trabalho ea ergoaomia ne ons deate Todavia, esc toma exta cfetivamente presente ha . pode persumiato Gye, mo aban, # acuta como fonte especie onde pa vida meatal A questo ede uma import eal ta pela sobrevivencia vondenava a durapto excessive do trabalho Ata pea satide do compe conduzia a denuncia das condicoes de rabaiho nin , ‘Quanto ao sofrimento mental, ele resulta da organizegae dof batito. “40 de irabalho & preciso entender, antes de sudo, 0 (lemaperatura, presse, barutho, vibragto, itadingso, ambiente quimico (produtos mati jopemticas do postode aba “ Por organizecao do irabathe designamos a divisdo do trabalho, 5 conti tn ea an rnd em gu le Se evr) 0S Teraiquico, as modalidader de comando, as elegdes do poder, questdes de responsabilidade etc. * Palavras de ordem come ‘abaio at eadinci a separacdo tabalig ineietual-eabalho mam fretame anizagao do trabalho, Go pode re Uaduida, smpieamente, em erinonde custo cu de ten exgarctirios, Tests, pegs quedtonties abercs ov feshados, esaxiices, nieros -quantfiapes devernser ebandowados p ‘flo serem capazes de dar conta do process A bartir de entio se confroniam, sem intermediario, a vontade ¢ desejo dos tral i‘ to comands do pitta, concretzado pela orgenteayao do trabalho. A psicopatoiogia do trabatho eal . . sicopavologia dotrabalho, asentuan-s¢ 0s compo manos E pa contrecorrenve deste mepiaclo, apsteniada oy qie at eloce cata peagwi, Sow ebjo ¢ © dt nak — do mesino modo mpe nae-conportamenal, ocuped0 ge onupa ‘um pais — pelos atos impostos: movimentos, dzncigs¢comportamentos produtivas 2 do “operarioemasca” (18) est idade assim come 9 sparelho administrative do ocu- ante cté para as estruturas do pais invadido. As relacdes de um ce ‘oulzo sao Primelramente de dominacéa, © depois de ocultagéo. Dox minacdo da vide memal do operario pela organieasao do trabalho. Ocultagie e coarstarao dc seus desejos no esconderijo secreto de uma slandestlaldade imposta, Revelat as aspiragbes ndo & nosso projetc, aem mesmo traducir- het o contetico, Esta ¢ tarefa do militamte polhico gue pretende, sobre sias coisas, possulr luzes, e quer, aquecendo os cesejos hibernados, desencadear atempestade Notso projeto diz respuito & cluckdagto de irajeto_que vai do compertame: comportamento esterectipado. Por compot- tamento live nbs ndo entendemos a liberdade melafisica, mas am padrao comportamental que contém ume lentativa de transforma 4 realidade creundante eonforme os deseios proprios do suena, Livre, mais que um estado, qualifica uma orientagio na direcéo da prazer. © compertamento produtivo onerectipade do operaric-massa ado omnpa o lugar de ua comportamento livre? Comportament que podemes perceter em outros trabalhadores ou em operarins He Bertos da organizecao autoritiria do trabalho. E, nesse-casa, 0 pro- certo de exclastio do desejo se faz sem prejuizo para c operario? ‘Tem-s¢ 0 costume, em psiquiatria, de apolar a descricio do loueo om seus comportamentos aberrantes e prolificos (delirio, alucinayBes, impulstes), De nossa parte, nés tentaremos desalojar o sofrimento no a de empobrecedor, isto é, de anulaciio dos “‘comporta- re esto fundamental aqui colocada diz respeito a localizassio do processo de anulapgo de um comportamento hvre, operaczo mais Gificll do que a observacao direta de wm comportamsento abertamente paloldgico ov desadaptado. A anulagdo & muda ¢ invisivel. Para conhect-Ia, 6 preciso it & sua procura, Projeto temerdrio, telvez, descobrir a sofrimento ops- ratio, ado somente detconhecide fora da fabtica, mas também mal corhecido pelos préprics operasios, ocupados que esido em seus esforpos pata garantira producio. 26 As estratégias defensivas 1, As “ideologies defensivas”*(o caso do sxbprotetariade) © mubprolaasads de que vamos falar ¢ squele cue baba és zona ora, No ata ag Se a ne sen emo omens itabanos, : 0 Fee Ne populagdo que. ocupa ax Tavelss, OF Ot caries, fea ment opaos 2a pel eae ad ei cipacto Gao contro, quennnee naisonmocabaho es subempregy, tial. Ao contrérlo, ota ems Fe eid tala soe cose cesta Fr ee oe paierse do subarbin as conirady0esapavcsem, ainda as ate har. 0 sftimento Bina eee Teagigo ¢ enderte, Mas Sia maturean pedo para ser desi Sead. A miners “desccta 9 Di epera conch como a doenss enn erie tudo 0 pensatnento social dorsinante na te iontnse pacihata ples homens do subprakariado, ¥ Gogo ea utios lugares, pode ver ean um sero bo de dees, aus deserves S09 o nome de dclopa defenses" O ae Gay premier nessa atenofo €a svéncia dessa populasdo et relat Fi tien mais provigemente em relagho a doenca. Nao se trata de des 2 Gecrever as condicdies reais de saiide. Elas 2 sero lembrades como informagde, quando Fizermos refer@acia aos importantes trabaltios publicados pela Dr. de La Gorce (47\ € pelo Dr. Galland (44), Estes trabalhos mestram que o scbproletariado ¢ vitima de uma taxa de morbidez muito superior a da populacdo em geral. A rato de exemoio significative, podemos citar a incidéneia importante ce dnencas infec. closas, particularmente nas criangas, e da tubersulose, que continua a ser ainda um Hlagele na populagdo adulta, Pode-se nota: tamber 2 importincia das sequelas de acidentes e doencas: elas s80 testemunhat de tratamentes mal conduzidos ou incompletos 2, no conjunta, de uma menor eficacia das téznicas médico-drargicas sobre ule popu lagho que mio pode aprovettar delas como o resto da populace, por Tazoes de order néo 56 sbcioecondmica e cultural, inas por razdes de ordem material (mpossibilidade de acesso as convalescengas, 20s euidados pos-operatdrios ¢ a reeducarao fisicterapica, A assisténcia médica subseqdente a ums doerga grave ou um acidente}. 0 sleoolism é freauiente. Como veremos, muitas doengus, contimiam descorivesidas ou escondidas, ¢ w maior paric dx morbidade continua mal conheci¢a, Esta populaao, de varios milhares de hebitantes, mora ein conju ‘gue ficam no meio termo entre a favela, as carrogas © os HLM"; 3 promiscuidede favorece a trensmisso de doengas infecciosas. A. Pobreza dos meios sauitarios (canalizasoes, expotos, poros désua, banheiros, denésitos de lixo.caseica) formam também condigdes favoriveis A doenga ¢ as soataminagSes colctivas, A comida & pebre, a carne & rara, ¢ 4 alimentayao consome, alits, a maior parte do or- gamento a A estrutura familiar caracteriza-se pelo grande atimero de filhcs: 8 maioria das familias tei de 8 a 19 fithos. For cutro Jado, os casais, sto frequentemente separados, ¢ a estrarara fa as vezes, qua brada, Os jovens, pouco escclarizados, formam muitas vezes os Ta. turos contingentes de marginals e, um dia alguns conhecem a pris. 'vo ainda @ o faio notétio de que, se 80% das Ge dois desviospadrao quate ao desen- volvimento de estatura © paso (comra 95% na regido parisiense), 60% se enconiram na camada inferior, 20% esto ahaixo de dois desvios-padrao, com um atraso de erescimento que chega as vezes & —14% Gimite co nanismo); logo, hd um deslocamento global a “HLM, — Habtuaton ¢ Loves Moderee. Conjuntas habitacioasis populates (, do 7) 8 para beln0, com una porcontagem inferior 926, Pederimes ser tados a invocar fatores gent 4 que algumes destas criangas provém de pais de pequena as NO Kevia © caso de pensar gue os préprios pais liveram sev desenvolvimento emravada pelas calgncias? © estudo das condigdes de vida parcce bastante significativo. E nds somos levados a pensar que v traso da 7 provém, aa naioria dos cacos das criangas estudadas, de uma caréncia nutricional devida tanto a fatores econduricos quanto a fatores cul- nnurais (habitos alimentares). (47) ‘Mais que a morbidede, sempre Ucseavolvimente de estatura e de peso des de ser avatiada (23), 0 sub- populagdo € particular de, de higiene e de ecu- bes do século XIX, ean vermentes & (9 masculina submetida co exame de admissio vip angen poder las mos paises do ‘Ter~ a, ceire Mundo e, em particular, na América Do ponta de vista médice-sanitério, 01 meios de que dispoem essas populacbes sao bastante rudimentares: pouco ou nenhum ambu- latério local, nentum médico instelado na regido que, no entanio, concentra ura populagdo de v: Inaces de indivicucs (insercao, enmretanio, de varios tabalhadores socials, cm particular de assis- lentes sociais © de enfermeiras). . eja em relago & pritica médica ou 4 pesquisa a respeitc, de salide, oma primeira observagio o¢ imple de imediato. A reticénsie maciga em falar da doenga ¢ do sofrimenco. Quando se esta doente, renta-se eseonder 0 fate dos cutres, mas também ca familia € dos vizinhes. E somente apés Jongas volias que se chega, as eze9, a atingit a vivéncia da doenca, que se confirma como vergonhost: basiou enca ser evorada para que, em stguida, venham numerosas tivas, como se fosse precio se desculpar, Néo se trata da ido proprie que tefletiria uma vivéncia incividaal, ¢ sim leivo de"vergoaha: “Nao € de propasito que Magicamente, com efeito, emerge uma ver. dadeira conceprdo da doznea, propria 20 meio. Concepgio domi: nada pela acussedo. Toda doenca seria, de alguma forma, volvo- ticia: Se a gente esth doente, & porque € preawicoso”. “Quando a genie sia doente, se sente julgado pelos outros.” Acusagdo cua origem ndo se conhece claramiente, acusagao pelo grupo social no seu conjunte. Essa atitude em relagto 4 doenca pode ir muito longe: “Quando um cara esié doente, acusam esse cata de passividade” ¢ se ale se afunda meis na doenca e no sofrmento, & porque cle quer @ porque ele cede 4 passividade. A associagéo entre doenca e vage 2 Bundagem é saracteristica do meio, ¢ voltaremos adiante sobre a sua significacao. Um verdadeire consenso social se depreende assim, que vise a condenar a doenen e o doente, Uma nuange aparece, &3 vezes, no julgarmeato, caso sc trate ce um homer ou de uma mulher: “Um homem que esta doznte realmente um vagabando", Scriz mais tcle- yavel que uma mulher estivesse doente, na mecida em que isso nfo significasse, de tmediato, uma rupture do tratalhe profssional. Mas uma nosde iumplicta vem, infalivelmente, comigir esa assercto. Quando se # muther nfo te pode permitir iar doente, por causa Cos fillos, Aqui, o trabalho des mulheres no & vomparivel ao que encen- ftramos nas outras classes sociais ¢ nem mesmo na classe operiria ‘Cuidar de oito ou dez fithos nas condicdes materiais que foram citacas Tepresentz uma carga de trabalho © de angistia muito maior do que em qualquer outre parte, Finalmente, nao se trata de evitar a doenca, © problema é domesticé-la, conté-le, comtrolé-ta, viver com ela. AS mulheres, dizem, so todas doentes, maz essas dosncas sdo, de alguma maneira, mantidas a disténcia pelo desprezo. Somente 440 reconbe- clits aguelas gue s= exprimem por sincomas muito evdenres para serem escondidos: uma tosse com hemeptise, um emagrecimente evidente, um enfraquerimento ‘sioldgien que siguifique uma sndrome deficitétia grave. Para que uma doenga seja recoabecida, para que se resigne a consultar am médico, para que se aceite ir a0 hospital, € Precise que a doenga tenhe atingido wma gravidade tal que ela impera 4 continuidade seja da atividade profissionel, no caso dos homens, Sela das atividades domésticas e familiares, no caso das mulheres, Apesar de tudo, ota-se uma atitude um pouco mals Mexivel em relagtio & docnga. das crianges. Pois, no subproletariado, tudo € or ganizado, tudo estruturado, tudo converge para a salvaguarda da vida da crianra, Mas mesmo nestes casos, no sc gosta de ir pro turar 0 médica. No tento por causa da vergonha experimentada face a um personagem de um cu:ro mundo mas porque tem.se medo que ele descubra “im monte de coisas que a gente prefere ao saber”, ‘Seo médico mencionar, em seguida 20 examne, muitas infeogdes ero. nicas cesconhevidas, entao-o animo se abate e como se diz no sabiir- bio “quando a gente estd sem Aniato, a gente no pode sarar”, Pode- ‘mos reencontrar esta mesmé formula em outres lugares além do subproletariado. Enuretanto, ela nunca tem um sentide tao forte quanto agui. E preciso compreender esta farmula tomando-a palavra. por palavra, 20 pé da letra, Sarar, no suburbic, & antes de tudo um Probleme de fuimo. Aliés, a cura ndo deve ser ‘compreendida como Wesaparecimento do procesto petoginico. Sarat & somentenzo sofrer. Sela que 0 sintoma de enfermicade desaparcca ou que st conusige. 30 x = Formulas stivat a dor, pode-se cousiderar come sarado. Ce Seratr proven an aa gut sm agao fal ee Fo. a aver humorisiice av postiz. sida para no reter sono oon cardter 5 co Ba que a dor de dente ¢ « dor do amer”™. Quando seesté mal de sade iz: *Temos problemas". pan comdin fo howpéal & nee cate, 0 46 8 o case cxveo que se procure ese o oye Ga, so ompreende se pensarmos gue 2 hospitalizagao é, de elguma mancire, o fracaso, 2 tana de todo 0 stm de caniencto da doeara, ¢& vivdala do sofiwenta, & 0 pono de icereibldade ue marca 2 ao sistema coletivo de cefesa contra a docaga. Num se Oc i iat hn ee Ur aig 0 consltrio do mtioo ua exdtde 34 representa um certo numero de dificultades materiais: etd cero, levar um filho, mas fer 0s durante este tempo? sta realidade gu fae de ito on nove nro dans espe? Ess rea ts gcram come d ‘Alem do mais, nao se gos.a dos médicos “Os doutores nao etcota a genie, B preciso ir rapido. A gente fem a impressao de que cles nko ecieditam em nbs”. Mas 0 verdadsig problema, face a pratica médica, #, de ‘ato, muito unis proseica, © do dinero, Togo ato médico termina infalvelmente por wma . Frogatements, at mético naa 08 ongulta, Adlantar 9 prego de uta consulta & possivel, mas nifo 0 fnedicamento. Isto condur &s pratcas medicas sevagens”. © Tals freqiente & oferecerem-se medicamentos que foram anteriormente preteios para umn ous filo, Administase 0 tratemente com 0 bom-seaso possivel, As vezes, € com uma vizinha de relacoes pri Tegindas que se deside plotrataments a serdado sum filho. ‘Um Inga & parte deve ser dediendo ao discuso sobre roulher, sobre a vida sexual ¢ sobre as criancas. Nos dissemos que, no su bio, ve extria mait inclivado a falar das doengas que atingem as rauiheres do que das domnyes que aiingem os homens. Para eset iiltimos, a doenca equivak: 4 paralsagao do trabalho, Isio €, & vag * Em francis, de cen! (de dente) fem a nesma seneridade de dedons (dena), topo a dor dedenrots dor doano:.(N.d0T) 3 bbundagem. Pare a mulher a dcenga no pode autorizas a parattsacto do wabalho, Nao sb porque os fllhas nae podem ficar sem os oui- ddados de suas macs mas também porque, como se diz neises lugares, para as mulheres ngo hi “paralisacdo do trabalho, a&9 ha medicina do trabalho”, Mas, mais caracieristcas ainda, sig as atitudes em Telacho a0 estado de gravidez. Um dos caminhos pelos quis se desem oes no subirbie & precisamente a familia, quando se tem tullos fithos. As familias de oito, dez, doze flhos sao frequences. Incapazes de enfrentar as despesas de moradia. almentacio, vestuiria com ois & snulher & inteiramente ocupa , freqilentemente de origern opera ada au vel de marginaliza;do pelo endividamento, que ter- vieioso da doengs, das despesas etc. Neste contexto, cz aparcve como uma vergonha, no subprokiariaco, vida esconde dos outros seu ‘estado 0 quanto ela pode. Quando s fica sabenido que uma mulher espera um flho, diz se em cochieho: Ela £5 sabe fazer iss0, dae A luz ¢ fazer filhos”, Além da propria gravisez, vé-sc que € rode a vida sexual que @ vergcnhosa, escandalosa, reprimida, ate prcibida, A gravide7, origem das conde. hayes, fonte de vergonha, & situada no mesmo registro que a doenga. Mas quando os fillios chegain, todos os esforcos 59 feitos em de assegurar seu desenvolvimento. Mais co que em qualquer ouiro meio. os fithos ocupam o centro da vida da mnge, “A partir de uma certa idade, apes ter tiredos os filhos das dificuldads \rabalhado toda sua vide para n tratamentos quando se Stingiu a idade da “aposcntadoria" do webalho familiar? Com bes- tame freqgéncig, uma vez que os filhos cresceram, basiam alzuns meses para levar’a mulher a uma doenca fatal. “A gente ato é mais Bente ce deina lev ra cm GUE a gente NAO fem mais vontade de sarar, A ideologia dx vergonhe: dessas stitudes ¢ desses comporta- ‘menos em relagao & doenga, podemos extrait duas caractéristicas a primeira diz respeito a0 corpo. Sejn a sexualidade, a gravidez ou a doenga, tudo deve ser recoberte de siléncio. O corgo sb pede ser somenite o corpo que trabalha, o corpo produtivo do homem, o’compo trabalhador da mulher 80 32 JS; Lanto mais ageiios quanto menos s¢ Liver necessidade de Falar A atitude em relasdo a dor é, neste sentido, exemplar. O corpo? Nao existe nem palavra nem linguagem para’ falar do corpo io subproleteriado. Nao se sabe o quo signilica sentiz-se bem no cospo. “*A geliie no conhece o corpo; logo, para falar dele, € preciso que haja uma dor.” Quando esta dor torna-se insurpotavel ou corna imposstvel o trabalho, somente entdo se decide consultar um médico mas "que Falta de sorte, quando 2 gente chega a dor passa"'. E isso Jembra bem o que foi dito anteriormenie. sobre,o medo de que o médico descabra efetivamente alguma coisa, Mas & também uma Em primeira ana- pastou, & Dorque a gente estd inventado histor ida aqui como sistema nde-se considerar que a vergorha i uma verdadcira ideologia claborada coletivamente, uma mia defensiva contra uma ansiedade precisa, a de estar docne ‘ou, mais exatamiente, de estar num corpo neapacitado. ‘A. seguada caracteristice desses comportamentos relatives a ‘doenca diz respeito 2 relacaa existente entre doenga ¢ trabalho, Para © homem a deenga correspond sempre 4 ideolosia éa vergonha de parar de trabalhar. O conjunto dessa populagio sofre a subemprego, pariicularmente cridco em peziodo de clise exontmice. Mas utesmo fora dessa sitvacdo, que etagera a mpottincie numérica dos babi- tenses do subiirbio, sempre existe um contiogente de mlodle-cbra subempcegada marginalizado, Nos dissemos que um dos modos de acesso a0 subérbio é uma familia muite numerosa, outro meca- nismo sis freqiente £ o da doenca ou Go acicente. Um operatio ‘te entdo effcaz no seu trabalio solve de uma dozuga evGnica que © invalida ou das conseqléncias de um acidente €e trabalno. As com- Tensacdes materiais, 0s beneficios de invalider concedidos nao sto suficientes para a as verss comega 0 proce: letariado. Para a mulher, so as gestartes ¢ 26 doences que pflem em questo 0 tra- balho colossal da educzede dos fillhos eas corgos domésticas. omen cca mulher, todo estado anoriwal de corpo iat infelivelmente de volta a questo do trabalho ou do emprego, Vé-we que 0 trabalho atra- vvesta profundamente a vivéncia da dosnga: doenoa-avesso-dotra. allo, a val ponio que a falta de trabalho torna-se, cx si, uth sind ‘Quando alguém diz para um cara que cle esté muito velo para irabelhar ou que ele nfo € mais capaz de continua, & par indissolavelmente ligado guarda um ideologia da vergonha erigida pelo subproleta- conteido especificos H riado nao visa a doenga eng dimento a0 wabalho. Com ef cosubproletarindo, uma angistin especifica rlativa 8 si ca ou Amorte, A doenga é vivida como um fen6meno rovalm rior cesultanie do destino © dependente da imervencdo exterior: o médica, 0 hospital. Quando ele luta contra a dor, quando. cle temta negar seu sofrimeato, o hom de ter uma aitude terapausica rel sabe que procura somente fazé-lo ealar. Curar é trabalho do médica ou do espevilist.A angistia cotta a qual é di vergonaa nao ¢ 2 do sofrimento, da doen¢a ou } & aogustia aque ele tac 6, através da doenga, a desiruirko do compo enguanco forpa capar de produzir trabalho, Esta cbscrvacdo & importanie na medida em que ela ¢ praticamente espetifica do subproletariado ¢ em que m8 a enconiramos em xenhnima outra classte social, nem mesmo no prolelariado. Quando a: condigdes de sobrevivencia to precarias quanto as que observamos no subprolctariado ou apulactes dos paises subdesenvolvidos, nfo ha ugar para a ans dade face a doensa enquanto tal (0 que néo significs eve tal ang nao exista!), Elz esté possivelmente oculta pela quesiao relauva a sobre ‘yivencia 2 exemplo do que foi descrito.a propasito do século XIX eda. hisbria da relagho suide trabalho antes da guerra de 1914 10 tal, mas a doenga enquamte impe- do se encontra nunca, no decurso. Funcao da idectopia defensiva: alm da finalidade desse sistema Actensiv6, falla comprecnder como ele funciona, por que ele € posto cm jogo ¢ em que consiste sua positividade, ¢ eventualmente avaliar sev custo socal. Além da doenga, como nbs visor, a ideclogia da Yergonha consiste cm manter A distéincia o risco de afastamnento do corpo ao trabalho e, conseatieatemente, a miséria, a subalimenta- Gio e A morte. Pode-se perguntar 0 que aronteceria se esa eologia defersiva viesse a fracasser. De colstiva, a ansiedade relativa & sobre- vivencia transformar-se-ia em problema individual. Esta situagio nao & somente ama hipétese. Véem-te, a veres, fracasces isclados ds ideotogia da vergonha. Aparecem entto comportamentes individuals 10 & uma saida incividusl ¢ gravemente condenads pelo grupo social. © alcoolismo nesta situagio comesponds a uma Fuga om diregio a uma decadéncia mais rapida ea um destino mental 2 somauico perlicularmente grave, em razto da #0 Tapida do 34 te mais assegurar uma alimentagso conve ia e reprerentada pela emergincia de atos *, en geval desesperados c individuals. A rormas de descompeusacao, dinkeiro qu: néo per psicoticas, earacteriais e dey Giferentes “'porias de saida", 0 risco £ a morte. Morialidade por subnurnego agravando a evolugéo ce ume docaya intereorrente Nota se, esse reepeito, a freqtiéncia de mortes precoces tos ovens enue 35 © 50 anos (HM). Confrontados individualimente 20 perigo de rndo pacer sobreviver por razdes materials, pewcos resistem. © esforgo material e econémico forecido pelas familias do subprotetariato para sobroviver seria incompreensivel se ele n& fess2 sustentado Dor ‘um sistenta mental muita sdlido. istema funciona porauc & cole- tivamente dlaborado e alimentado. Tel & a positividace da weologia a veorgonha, Resta aprecer seu custo. O savide, doenca, vida sexual, so aagravar mais cinda os eft io, Calar sobre a doenga: recasar os cuidados, 8 ev izagées. E assim que muitas pesso ‘beneficiar-se de protezoes sociais tals cowe & gralvidade dos cuidados a3 assisi@acias gratuitas. N&O é tanto por ignorancia que os homens do subproletariago no se beneficiam com essas medidas. A presenca de trabalhadores socials seria suscetivel de palier, ema dificuldade, Mas, pela propria experiéncia deises trabaltiadores sociais vé-se que sxiste uma veidadeira resisttncia da parte do, subproletariado 2m tomar ou snandar tomar as providéncias neceetdtias. Poder-se-ia, nua fal situagio, acasar o subproletariado de complactucla para com 9 toftimento ea mitéria. Mas nlc é possivel, se se levar em conta asocréncia necessiria da idcologia da vergoaha: manter 2 doenca, a mistria ea fome a disténcia é também manter quo o que pede lembricla, diceia ou indizetamente, 4 disténcia, Assim, aaproximarao dc toda medida médico-sanitaria ow de higiene reativa uma anciedade fundamental, ansiedade esta que nao € suscetivel de ser ecalmada. jo que envelve as questées de jdez. ¢ miedicina conduz esta popu as consultas médicas, a te do subproletariado podenam ‘A partic do exeraplo do cubproletarindo, podemos propor algu- mas caractersticas do que teja uma ideotogia defensiva, Em primsiro lugac, a idcologia defensiva funcional tem por objetive mascarar, conter e ocultar ume ansiedade particxlarmente grave. Em segundo Jugar, é a nivel da ideologia defensiva, enquanto meranismao de defesa slaborado por um grupo social particular, que devemos procurar 35 ‘uma especificidade. Encoutraremos, @ respeito dos trabalhadores da construpao civil, tais Ideologias defeasivas. Neste caso, as caracteres especificos deverdo ser relacionados 2 nanureza da organiza do trabalho. No caso do subproletariado, nao se pode falar em orga- nizagie uo iraballio enquanto tal. Seria wais uma questao de sub- emprego ¢ de desemprego. A expecificidade da ideclogia defensiva da vergonha resulta, por um lado, da natureza da ansiedade a conter 6 por outro lado, da populagio que participa na sua claboragao, erceifo lugar. © que caracteriza uma ideologia defensiva ¢ o fato set dirigida nfo conlsa uma angiistia provenieate de conilitos fquicos de natureza menial, ¢ sim ser destinada a lotar contra um perigo , vedo ou tarde, exclude, No caso da consiruggo civil, 1 caso do subprole- tartado, & o isolamonte progressivo que conduz a motte por inter- maédio das deengas Pisieas ou wentais. 2m quinto lugar, uma ideo- Togia defensiva, para. ser funcional, deve ser dotada de uma certa eoeréncia; O que supde cerios srranjes relativamente rigidos com 4 realidade. Dal os siscos que decorrem em consegiéncias mais ov menos graves 10 plano pratico € concreto iresisténcia as prote médico-sanitirias, ,recusa da conteacepclio). Veremos, a pr Ca construsge ci ideologia defensiva profissional & igualmente grande (1 frente ds campanhas de segeranca}, Em sexto lugar, a ide defensiva lem sempre wm cardter vital, Fundaweatal, necessisio. tinea clinica na medida em que € a partir dela que se pode compre- 0 Heolada de seu grupa social se encomtra brutalmente desprovido de defesas face & realidade a que ele & coo- frontado. A participarao na ideolog’a defensiva coleiva exige que os mecanitmos de defesa ajam em surdina, mecanismos estes que sb teniam razto de ser frente a conflites de ‘ordem mental, os guais »® podem apareser quando 4m dominio minimo da reziidade perigosa esta astegurado, Nos veremos que todas essas carscterstices da ideologia da ver. sgonha podem ser encontradss nas ieoiogias defeasivas profissionais, seja dos trabathadores da constragio civil ou dos operadores das indlstrias de processo. 36 tar agora: aballio por snvade igual Para introduzir ¢ porto de da por Taylor. 66) ema, pode-se advinbar caso ainda nfo se 7 que, durante seus estu- . formulava coutta Os ope- vadiagem” (op. cit, pe 230). A “radia 20 efam LAMLO 9s momentos de repouse gem no local de trabale Gue se inersalavam no trabalho, inas as fases durante as quals os Speraries, pensava cle, uakalhavam num imo menor do que aquele que poderiam oudeveriam adotar A vadiagem fo: assim denunciada como perda de lempo, de produsde e de dinheiro, O que Taylor condena, este vit da classe Frabalhedora, € talvez eutra coisa bem diferente, Nov tentaremos mostrar que. além Ge uma simples freada da Eparentereate mort, #2 realidade uma eta 3 aval ager eperagdes de regulogem do bindmpio homem-t Gevinadas 2 ascequtar a continuidade da tarefa ca proteyae da vi mental do trabalhiador ‘Astin, © piojcio de Tayler indentifica se 4 redusto, no sentido radical, podersames dizer crtopédica, da vadiagem operari. cipal obsticulo que ele ercontra no se projeto é a vantagemn indiseutjvel do opcrario-arlestio sobre © empregador na discussfo Cos Tempose dos ritmos de tabalho. O contucimente a tarefa e de modo operatério faz. parte do campo do operano ¢ trazm oruclmente a argue mentagae do engeabeico. — Experianeia profissional ¢ know-how técnivo sto cinde com: plexos numa tpoca em que o operdrio continua, em muitos cas9s, endo win artesto qualificado. © SABER operdrio emerge, enti, ne luta somo SEGREDO coleti- vamenie detido pela corporapdo opersiia. (62) SABER — SECREDO MCHAVE das relagoes de Forga de que Taylor vai apoderar-se. Ele a7 Jos modos operatorios em uso (op. rsidade insdtite desies modes opera- erentes modos operatdrios, Tayi declara-o “modo op soletivo (62) pela organizacao clentifica do trabalhe. As variedades bropriagao de um saber, certo, mas também desay 20 di 7 cena gee, Pols eta diversidade, de fato, Pisses 1a da le cada operario cm relagao a sua Fa. Que nao se poderia comprazer e1 como cial trabalho. Adeptaso espontinga do trabslho ao homsri que 19 €5- Devout of especilistas para insciovst-se na tradi operaria. Adeptacto ‘que, séve logo, exige uma atividade intelectual ¢ cognitiva que seré bida pelo trabalho taylor, fais grave ainda @ a dimensic psicolégica € psicoecond conbmi desta berdade de erganizacsoveorganuzagdo-molulacio, co moss 10, Nos voliaremos detalhadamente a esta questéo (Capl D. Pois ela diz tespeito, vomo veremos, a inegridede do aparelho ice €, mais alem, a saade do corpo attavés do processa de "so. iar a designacdo do Fra precio aind , © cue, evidentemente, nao é coisa ‘all, A questa or como verificar 0 respeito ac. mode 0 toroavace ao peratino e ‘xscucdo no tempo fixado? Em outras palavras, de que hierar guia, de que vigilanew, de que comando devia.se dotar a nova orga. huacto do wabalha? Taslor maginou cate un node vip cla fa moviraeato a8 Sua forme eno se tl dividindo 0 modo operatorio compleio em gestos elemeniares mal nes de controlar por unidades, do que o Processo no scu conjuato. le itematizou este método ¢ o instilait em principio: varios gestoe 38 sao deviam mais ser exectados por um sb operario, sem que entre Cada um delco se interpusesse uma intervenso da direefio (op. cit. fa lugat agui ¢ pessoal da ¥ maximo e rigidez iatangivel da organizacio do trabalho aparccem, enifo, como as car do novo sistema ‘Bo ponto de vista psizopetolégico, 2 O.C.T, (Organizagtio Clen- do Trabalho} traduz-se por wma tipla divisdo: dlvisto do mefios de execucdo € ‘dos homens, compar mente inchada de con rra-mesties, chefes de reguladores, cronometnistas etc. O homem no irabalno, artesio, desaparecea para dar a hu a um aborto ‘um corpo instrumentalizedo-operario de massa (13) — despossuido de sev equipamenta intelectual e de sev aparelho mental, Além do ‘cada operario ¢ isolado des outros. As vezes é aié pior, pois a 10s. Ultrapastado pelas os que estao atras dele sistema pode coloca-lo em oposicao aos eadénciat, o operdiio que “atrasa" atrapull ra corrente dos gestos produtives, ‘O trabalho taylorizado engendra, definitivamente, mais divisdes entre os individuos do aque pontos de uno. Mesmo se eles partir co- letivamente da vivéncia do local de trahalho, do barulho. da cadéncia @ da disciplina, 0 fato € que, pela propria estrutwra desia or ai do trabalho, os operitios sto confrontados um por un, in mentee na soliddo, as viol@ncia da produtividade. Tal é 0 paradoxe do sistema que dituias diferensas, cria 0 anoni- mato ¢ a intercémbio enquanto individualizd os homens frente co sofrimente. Face ao trabalho por peas, a chantagem dos prémics, a accle- Ede que estiver no meio de uma colméa, excluidas, a vezes at proibidas. No trabalho tayk como & 0 caso da constresa0. iarefa comum, wen obra cole ‘ou da pesca maritima, por exemp! A rigidez da erganizacto do trabalho, as exigéncias temporais, as cadtncias, os ambientes de trabalho, 0 estilo de comando, 0 cont ‘Oanonimato das relagde: de tabatho, 0 intercambio dos operécios.- 39 luge parece rigorosamente partilhado pelos numerosos trebalhadores figacas & mecma linha de produgéo, a mesma oficina. A repatividate dos gesios, a monutcnia da tarefa, # robotizagae no poupam nenhum: operario de bast. A uniformizacdo aparente das exigéncias do tra bal xe indicar a direrao que a observactio ica cox qué provavelmente bloqueou qualquer elaboraczo sobre do aperirio taylerizado, Parece-nos, ao eontrario, que a individualizagao, mesmo s: clae antes de tudo uniformizanre, porque ela apage 2s int taneas, porque ela quebr2 as responsi anula as defesas coletivas, 2 individ a uma diferenciagao do softimes Por causa do fracionamento da coletividace.operis mente que a orgenizagao do trabaltic eugendta exige Tespostes defen sivas fortemente personalizadys, Nao ha mais lugar praticamente para as defesas coletivas, Os residtuor das defesas coletivas No caso do trabatho de carirer coletive (eoastrugae civil ¢ obras pebiicas) trata-se de tarefas de grande envergaclura que exigera Varios dias ow mesmo varias semanas cu meses para sua realizagio. © fra. apo num grupo de operagéo cujo son 4 abalho taylorizado, nade parecido com isto ocorre. A divisio do trabalho conduc — Dkerdrios nfo deixam ce afirmar— a um non-seus: 2 meioria cor trabathadores ignore o sentide do uabalho ¢ 0 des:ino de sua tarela, A feta ce sentido ca tarefa individual ¢ 9 desconhetimento da s da casefa coletive s tomam 2 sus verdedeira drmensio pico. Jogica ng divisto © na sepacasae des homens. Todavia, em cert 40 momentos privilegiadas, potem-se ver ressurgir tragos de defesa cole- a. £ assim que ex L Babli (3) € descrito um grupo de operavics iugoslavos da linha de pr dos por sua n operaibrias esponténeas, eles conseguem ganhar alguns do ritmo imposto pela organizacdo do trabalno. No grupo, um dos tris pode entdo deixar a linha ¢ fumar ostensivamente um Glgarro enquanto 0 conjunto dos outros trabathadores eontinua inde- finidamente repetir os mesmos gestos. Estes poucos minutos arran- cados do tempo e do ritmo da linka c9 aproveitados ccletivamente Este momento, como descreve Linhart, € a6 mesmo vivido com ensa alegria, como uma expecie de vitoria coletiva sobre a rigidez f¢ alguns minutes que cles-usam a seu bel prazer. Neste caso, ¢ 0 conjunto dos trabalhadores que participa do acontecide, Pode-se entgo Catar realmente ce defesa coteiiva? Sim, se fo nitmo, as cadéucias @ a organizapSo do trabalho. Nio, na medida ds ide tomada colctivemente contra 0 sofrimento sé dura alguns momentos. Alias, sta eficdsia € muito reardo a0 que née caracterizamos, mais acima, a proposits do subpro- Ietarledo, come perige real. Com efeito, cue efieécia real contém uma 4] atinude? Em contrapartida, o jogo, se podemas considert-to assim, tira suas virtudes de seu carater simhélica, desaftar as cedéncias, do- ‘inar 0 tempo, see mais forte de que a organizagao do trabalho. Nés vemos que a realidade dos rscos no irebalho taylorizado nae @ tanto evida as cadéncias em si mas a violéncia que esta crgatizagio do trabalho exerce uo funcionament mental, Nao seria justo subestimar 0 beneficio mental de ume operagito de carater simbélica, Mas 26 bém ndo podemos deitar paisar jonal » sua dirauasto estecta face & imensidao do softimento, E nbs nao iemes conuigbes de aditir ue estes mecenismos sejam soficientes na lute contia a angistia ¢ dor mental. F preciso admitir que & sobretudo individvalmente que cada operirio deve st deferder dos efeitos penosos da osganizagao do wabalho. a O eperirio-macaca de Taylor Uma vez conseguida a desapropriasdo do know-how, uma vex desmantelada a coletividade operaria uma vez quebrada a livre ecap- tacdo da organizacao do trabalho as necessidades do organismo, ‘uma ver reatizada @ toda poderosa vigilancia, no restam sendo corpos lado ¢ déceis, desprovidos de toda iniciativa. A ultima pera di ‘a pode entao ser iniroducida sem obsrdcnlor: & preciso aces , condicionar rea forea potencial que nao tem mais forme humana. Aliés, € 0 que anuncia o proprio Taylor: "3 multiplicagio as relagdes operdrio-empregedor vem ecompanhada de uma simpli- cidade em conceber 9 homem ao trabalho”: 0 omem-macaco de Taylor nasecu (Faylor, p, 100). Alias, € conevida a famosa resposta de Taylor a Corte Suprema dos Estados Unidos quando ee teve que Prestar contas, frente aos mano na &poca, E pare j comparou 0 novo operano 20 chipanzé como argumento convincente ara coaseguir 2 adesia do jiri (Taylor [96} p. 100). “A idéia de treimar o§ operirios um apés © outro, sob & cou- dugo de um professor compete seguindo novos métodos zté que fina e habitual, ume manciza foi realizado por outra pessoa), esta ideia € diretamente contzaria A velha idéia segundo a qual cada operdrio é = pessoa mais qualificada Para ceterminar seu modo pessoal de execupao do trabalho. ‘Taylor estava ervado. O que parece correlo do ponto de vista da produtividade ¢ falso do ponto de vista da economia do corpa. Pois 0 operirio & efetivamente o mais indicade para saber 0 que é ‘compativel com a sua salide. Mesmo se seu moda operatario nio é sempre o mais eficaz do pomto de vista co rendimento em geral, 0 estudo do trabalho artesanal mostra que, via de regra, © operario conseguc encontrar o melhor zendiuento de que € capaz respeitendo Seu eguilibro Tisiologico ¢ que, desta forma, ele ieva em conia nda sémente o presente mas também o futuro. Se nos debrugarmos sobre as consequéncias da ©.C.7. sobre 0 apazelo mental, constataremos que desordens ignoradas pelo antor do sistema apzrecem na funcionamente fisize. 0s efeitos do trabatho repetitive sobre a atividade psiguica Entre a organizacdo do trabalho ¢ © aparelho mental desapareces o emortecedor que constituis até ai a cesporsablidade de conceber e de realizar a tarefa em fungio do knowhow, isto & a atividede intelectual engajads pelo opersrio-artes2ono seu trabalho. ‘Com cfeito, para 0 operirio-artesdo pré-iayloriano, indo se pas fvidae motora, Fosse reeu- ‘em fungao das aptidces © do eansago do trabslhador por intermédio da programacio intelectual ‘sspoutinea do wabalho. Neste edificio hierarquicade, o corpo obs- decia 20 pensamento, que por sua vez. era con:rolads pelo apareiko psiquico, lagar do desejo e do praztr, davimaginapio e dos afttos'. O sistema Taylor age, de alguma manciré, por subtragdo do estagio lugar da atividade cognitiva e intelectual. ia dar desta imagem uma repreentacdo expacia: 0 pri- meiro andar ¢ « base da Torre Eiffel seriam 0 corpo, © segunda ander seria a sede Ca atividade inteleccual. O timo andar, com seu cmissor de televisho seria 0 aparetko psiauica, que c& torre sua cotréncia @ min finalicade. Imagine se o que avonteceria se, bruscamente, 0 segundo andar foste retirade. O desastre arquitetonieo viria acompa- hado de uma alteracko significativa da qualidade das emissies ce televisho! 2 precisamente isto que deve ser estudado pela psicopate- Logie co trabalho; o que acontece com a rida psiquica do :eabalhador desprovido de sua alividade intelectual pela organizagio cieatifica do trabalho! . Do choque entre wan in dotado dé uma histéria perso- nalizeda, + a organizaréo do 10, portadora de urna injunyao despersonalizante, emerge™ uma vivencia €um sofrimento que pedt- mostentar esclarecer. [Nao chiegou a0 fim 0 debate sobre 0 que se passa na cabegz de ‘um operatic que irabalha por pevas, ou de um digitedor nam ser- vigo ds infounstica, _ Se ncs relenirmos a certas conceprdes patronais, ado ba davida sobre @ eristéacia de uma atividade mental que acompanha 0 tra- intermedi Poder. rm 1 nevrastio, pa » soudéncin do texto, que Signe bem clara a diferenca enere at? ‘dade intelectual ¢ vida palqaica (os menial). Ur racocnio maiemAtcn ¢cifere fe an taotasma. A elinienpelcalllce mostra que hi case ein pe usa otlestual pode desevolverse indepeadentemente de produc fantexmdtie (6), “a balhe reyetitivo. Seguada certos autores (108) a1é 03 devaneios aos quais 0 operdrio se fivra so nefastos pera a produsdo ¢ seria conve niente um fim isso atraves de um meio que falta determiaar. Nio soo espirito entregne & deriva distrai o operdsio de sua tarefa arrs- cando uma alterasto também a imaginaga autores propuseram introduzir no local de trabalho uaa base de percussées ritmadas que, sempre lembrando a cadén: taria devencios improprios. tas do homem no trabalho esto também divididos ‘arefas repetitivas deixam espago para a emergéacia, embraagas da véspera ou do fizi-de-semmana (101)? Se alguns sto ‘bastante afirmativos na resposta, outros apoiando-se em testemuahos opertrias, acham, 20 contratio, que x organizagio cientifica do tra- ‘balho nde autoriza nenbuma evaséo mencal. Ao invis de sdotar uma opinigo categérica sobre esse assumto, no seria possivel admitir que as duas situaches so passiveis? Por exemplo, poderios tomar como referénciz dois ivros-teste- Le salaire aux pieces (52 parece evidentz que o espirito é tatal- dificuldade em realizar as quotas exigidas pelo evesio famtas iocada no posto por Linhart (63) parece funcioner como um aut6maco desumantzado. Numerosos casos pessoais mosttam que certos tradalhadores, ceseastados por problemas petsoais, familiares e materiais, entregam-se brutalmente a uma cadéncia desenfreada para csquecer as dificuldadss durasite 0 tempo de trabalio. Ao contrario, outros so sobrevivem 20 trabalho repetitive gracas & autonomia mental que eles conseguem comservar, macsmo ne fabrica Othando de mais perto, consiata-se que o uso da valuta fantes- inética esié submetida a duas condicies. A primeira & de otdem indi- viduel: « possibiidade de fantasiar ato $ dada a todes as pescoss de maneira idéntics ¢ © valor funcional do fantasma é desigual de uma pessoa para outra (10). Por “valor funcional” nos entendemos, no Presents caro, o poder de descarga e de alivio que possui por vezes ¢ Fantasma, ‘A sceunda condicao & relativa @ organizacao do trabelho. Em La ris des machines 0 trabalho § mondtono (trata-te sempre de aamarrar os fias quebrades éo material a ser tecidc). Mas 0 gesto repe= (ido u8o € regalarmente rimado como no trabalho por paces. “ Algung momentos so ocupados nama tarefa de v ‘exigGacia direia de tempo. A cvasiio fantasmatica 2, assim, possivel. Em Le sulatre aur pieces, a0 vOutTano, nents voltade fara a performance psicomotora rio € nunca Livre, endo hd escapateria mestraremos mais para frente (Capitulo V). ‘Ao contritio, uma organizagic do trabalho do tipo daquela apresentada em La nuit des machines no implica astomaticamente ‘que todos os operarios se defendam indwidualmente 140 bem quanto tes trabalhadores enfrentam » monctonia da tarcfa com possibilidades defensivas individuais muito menos efieazes (deiesas comportamentais) € seu sofrimento é, com isso, notoriamente egra~ vado, Nbe veremos as conseqiléncias deste softimento sabre o estado, de saiide destes trabalbadores. O usd do tempo ferado wrabatho Compensagio aparetemente natural des violéncias do trabalho, 2 tempo fora do trabalho ado traz para todes as vamtagens gue pode- lamos esperar. - Se Ievarmos em conta o custo Financsixe das atividades fora do trabalho (esporie, cultura, formarao profissional} = do vempo absor- vido pelas atividades inelasticas (tarefas domesticas, desloramen tos), poucos sto oF trebalhadores ¢ as trabalhaderas que podem ar 9 lazer Ge acorde com seus Jesejos © suas necessidades as: todavis, alguns dentre eles conseguem. usieio hammanio- de mancica a conirebalangas 0s efeitot mais noeivos de O.C.F, (@espersonalizacdo e formagdo profissional em cursos notur- 2es — erxigincias posturais dos emprezados ¢ esporteeic}, Mesmo ai, 6 ‘uso do tempe fora do trabalho é mustas vezes stuado A Widade dos trabalhadores. ¢ permensce eaquento sistema defen sivo, fortemente individualizado, mesmo nas préticas parernallstas fem vigor no comezo do século, felatives 48 equipes esportivas de empresa. 4 A “conteminagao"' do tempo fora do trabathe Mats zomplicada @ a questao das estruturas do tempo fora do trabalho. Numerosns séo os ztntores que insistem scbre a contradigio entre divislo das tempos de irabalxe/tempo Livre de um lado, ¢ unidtade da pessoa (28). O que quer dizer isso sendo que “‘o homem 1nd pode ser dividide em uma metade produlora e uma metade consu- midora”? Eo homem inteire que & condicionado 20 comporta- mento produtivo pels organizagao do trabatho, e fora da fabrica, ele conserva a mesma pele ea mesma cabera. Despersonalizado no trabalho, ele permaneceré despetsonalizado om sua cast. Em todo caso, € iss0 que se observa, ¢ € disso que se quetxam 0s operarios (15). Saindo da fabrica, reconhecemos os loucos de Thomson pela maneira de dirigit nas estradas, como se eles cont:- nuassem a observar as cadéucias apreudidas no trabalho. As mulheres se quetiam de executar os trabalhos domésticas com um ritmo acele- Iefonistas (6) sofrem de esicreét ‘a0 puxar a descarga, “NAO 5a ouvir, no metrd, 0 barulho das portas automaticas) descritor por Bégoin sob o nome impriprio de “lapse”. 23) ‘A maipria dos autores concorda ao interpretar estes fatas como uma contaminaczo involuntaria do tempo fors do trabalho_ Seré que afio seria possivel tirer dai a unidads cstrutural do tempo na fabrica fora da Fabrica? O tempo fora do trabalho nao seria nem livre ¢ nem virgem, € os sstereétipos cemportamentais nfo seriam testenmanhas apenas de alguns residuos anedotices. Ao contrério, tempo de trabalho ¢ tempo fora do trabalho fermariam uma continunm dificilmente dissaciavel. E bem possivel que as atividades feitas Ac pressas em casa ro sejam © resullado de uma atitude passiva, mas que exijam tazbem um forco, Nada ¢ mais penoso do que a adapta¢do a uma tarefa repe- titiva (62 p. 50 ¢ 100) nova, Uma vez superadas at dificuldades, resta manter a performance, Mais dificid que a manutensdo de propria performance produtiva, é a fuse de ireino que a precede, Como nos 4A ressaltamos, no trabatha por pent, por exemplo, toda a concen- traydo, todos 0s esforgos sho dirigidas para o cacore produtive. A producgao esperada exige um total engajamento da pessonalidade fisi- 4 ba que cae mental. O mai 50, 2 partir de ento, para 0 0% adaplasdo do condicicnanento mental 4 cadencis, adaprac velmente, um novoaprendizade. s € empregados submetidos & 0.C.T. que mantém ativemente, fora do trabalho ¢ durante os dias de folza, tim programa onde atfddaies © scpouso so yerdadeiramente coma dades pele crondmetzo. Assim, eles conservam presente 2 prec etrupta do tempo permitido a cada gesto, uma especie de fa permanente para nio deixar apagar o céndivonamento mental ao comportamento produtivo, "Assim, 9 tit do terpo fora do. trabalho nfo & somente uma contaminagdo, mas antes vma estretésia, destinada a manter eficaz- ene a repressdo dos comportamentos espontdneos que marcariam uma brecha no condicionamento procutivo. . “Qs mdisos do trabutho, na prétin de fibrea,encontm it eres a de este fendmeno que nao é excepcional ¢ que 2¢ traduz pela rc certos operdvios em aceitar as patalisacoes de rrabaiho pres médico que o 514 tratando. Este “presentefsma” pode ter ouiras, ‘ongens (de order salayia}) mas NA casos em que a causa ¢ a hata individual para preservar wn condictonamenta procutivo arduamente adguinico. aTeCe Testa atltude 0 cirenlo vicioso sinistro da atienacso polo sistema Taylor, onde 0 comportamento concicioncdo ¢ o tempo, Fecortado sob as medidas ds organizacéo do trabalho, formar nia verdadeira sindrome psicopatok i evitar algo aiada pioz, se vé obrigado a re : que, no fim, © préptio operério tome-se o artesda de seu sofrimento. a 2 Que. sofrimento? 1. Insatigfacio e “ contetdo significativ * de tarefic Uma vez que os sistemas defensivos individuais ¢ voletives nao sAo supéeflucs, remo sua eoeréncia interna e a extensio Ge seu campo de aplicapto paderiarn indicar, resta descobrir contra o que eles so construides, isto ¢, sua finalidade, Fara ser claro, infelizmenle é pre- 0 ser esquematico. Se, para fins expositivos, o sofrimenta operario sm dois componentes isso io significa que exisuura dois (os de sofrimento, ‘a A dessoberta de dos tabalhado: xxiste uma vivéncia global cuja deci- ics aspectos. Na vivéncia operaria. no lescreveremos proviscriamente dois, sofrimentos fundamentals organizados airés de dos sintomas: a insatisfapao ¢ a ansiedade, A insatisfac’o, embora implicitamente designada em numerosos trabaihos, foi, na verdade, bem paves e:tu- dada, Se nos seferirmos aos wabzlhws sobre este essunto corsiata- Femos que a ‘a dos autor -sa-se meis pele questic da satisfagde da motivagao do que pela da insalisfagko. Isso resulta de uma preocupagio eu esclarcecrem-st 0s indicadores dos comporta- mentas operaros (88). Ta discurso operario padem-se extrair vérios temas que se repe- tem obstinadamente como um refrao obsessivo, Nao hi um s¢ texto, toma so entrevista, vina s0 pesquisa ou greve em que nzo apareva, sob 8 suas miltiplas vasiantes, otema da indignidade operiria, Sentiment expeimentado macigamicnte na dasse operdrit: 9 da vergosha de ser robtizado, de ao ser mais que um apéndice ca maquina, 2s vezes de fer suja, de nfo ter mais imeginaczo ou intelizéacia, de estar desper- soualizado ctc. £ do conta:o forgado com uma tarefa desinteres- Sante que nasce uma imagem ce indignidade. A falta de significacéo, a Frustragiio narcisice, a inutilidade dos gestos, formam, ciclo per Giclo, uma imagem narcisica pélida, feia, miserivel. Outra viventi nao resnos presente do que a da indignidade, o sentimento de dade remete, primeivamente, a falte ce quabificarao ¢ de final do tabalho, © operaric da linha de producto como o escriturério de im servigo de comabilidade muitas vezes nflo coohecem a propria significado de seu trabalho em relacao ao conjumio da aividede ca ‘empresa. Mas, mais do que isso, sua tarefa fio tem sigrificacdo humana, Ela nio significe nada para a familia, nem para os amigos, nem para o grupo social ¢ nem para o quadro de um ideal social, ,, inemanista ou potiticn, Raros so aqueles que ainca creém. fe ‘do progtesso social ou na participacdo 4 ama obra relativamente, elevamt-se queixas sobte a desqualificagdo. Desa cacio cujo sentido nic se esgota nos indices ¢ nos salanos. Trata- tials da imagem de si que repercute do trabalho, tanto mais hon:aso sea tarefa é complexa, tanto mais admirada pelos outros se cla oxige um know-how. respontabilidade, riscos. A vivencte depressive co: densa de alguma maneira os sentiments de indimidade, de im Tidade ede desquatificacio, ampliando-on. Esta depressio & dorsinada pelo canssco, Cansaco qué se ongina nao s6 dos esfoigos musculares fe ptlcosrensoriais, mas que resulta sobretuda do estado dos wabalha- Sores taylorizados, Exceutar uma tarefa sem investimento material cu afetivo exige a produgio de esforgo ¢ de vontade, ein outras cir cunstincias supertada pelo jogo da motivarfo e do desejo. A vivencia epressiva alimenta-se da sensagdio de adormecimenta intelectual, de anguilose mental, de patalisia da imaginagao ¢ marca o triunfo do condicionamento ao comportamento produtiva. No que diz respeito i relagio de homem com o conteido “ ficativo"* do rrabalho, podcm-se considerar, esquematicaments, componentes: 0 contetido significativo em relagao £0 Sujeite € 0 con teido significative em relacao: 0. Durente o wabalho, vétios clementos contam na formagdo da imagem de di, isto &, do narcsismo: 1 nilvei de qualificarda, de formacko nflo é, vie de regra, sufi- iente em ‘As aspirazdcs, © sofrimento cornea quando a evo- tugac desia reiasao € biogueada (22). 0 Na adaptacdo do comteido da tarefa at competéncias reais do trabalhedor, 0 sujeito pode encontrar -se em situagic de subemprego de suas capacidades ou, ao contrarlo, em situagao muito complexa, cortendo assim o risco de um fracasso. Sucesso on fracasso de um trabalho obrigatorio: sucetscs reais, socialmente reconliecidos ou efetivamente descouhecidos ago causam ‘© mesmo impacto sobre 0 nal ‘No corteddo siguificat implicitamente ligado 40 posto de trabalho d © conteiido significauvo do wabalho em relagao a0 objeto: aa mesmo tempo que a atividade de trabalho comporta wma significazao narcisica, ela pode suportar investimentos simbélicos ¢ materiais des- tinades a um outro, isto &, a0 Objeto. A rarels pore também veicular ‘uma mensager simbolica para alguém. ou contra alguém. A atividade do trabalho, pelos gest sirumentos que ela, movimenta, pele material tratado, pela sumosfera na qual ela cpera, veicala um certo nimerc de simbolos. A natureza ¢ o encadearnento destas simbolos dependem, ao mesmo tem; jcapbes con cretas € abstrates organizam-se na dielética com o Objete. Objeto exterior ¢ real por um lado, o¥jct0 interiorizado por outro, aujo papel # devisivo ne vida. Acontece inevitavelmente que o interlocator inte- of personagens reais que o trabalhador encoatra opéem-ce, Responder a um, ndo implica necessariaments em responder simulta Neamente ac outro. Estender-se mais sobre este assunto cond a mergulhar em generalidades. A significago em relaglo a0 Objeto Se em quesido a vida passada e prescate do sujeito, sua vida intima a histérla pessoal. De manetra que, para cada trabalhador, esta icado Objeto € especifica tnica. Separar astim conteudos significatives em relago ao sujeito ¢a0 objeto € noturalmente arbisrério, na medida em que as regras ce de investimeato nko se deixam assim separar. De fato, taca a contém os dois termos. O investimento narcisico sb pode renovar-st gragas ao investimento objetal e vice-versa. A ¢07 blema provém do fato de cue o essencial da significacdo da trabalho é subjetivo. Se uma parte desta relagdo ¢ consciente, esta parte ndo ¢ mais do que a ponta co iceverg. A significarao profunda do tra- balho para tada individuo sb pode ser revelada por téenieas parti 0 Sono sat Cnc Sins soma caus Sar ae penetee 2 psopawciosa do rabalho Pe oe een ay contro spufeanto oo Iabato eh relagdo a0 Objeto, a producée come Lunete en ne joa. Mesmo se o engajamente pessoal ne jctivo social da c the é ipossivel, pio ha jamais neutralidade dos uabi \dores em relac4o ao que eles produzem. Receber uma pera bem prepara, corr er ad no opie ict veccers ese Pe por em jogo relagdes complicadas. A coletvidade operitia sat if uae SHO OS postos mas duros ¢ quais o5 mais tranquilos. Ser vio 2 a cigo parteince no fe Om ‘em relacdo aos colegas, 140 sG do pomo de da produgde mas ce esto 0s cles. 1 Segeeme spina ma tess. Ta ivale a “‘seT protegido do chef” ov, ibalho tem 2p sa acco ono 2 ne so pos, eas an valet ee oe latentes. Resta a significacdo das relagoes de trabalho fora da ou Tees. Re 2 eager elds a0 moo fev db Urabalhador; el¢ pode falar de sua tarefa ou deve calat-se, 4 vee’, é preciso esvonder dos gattos 0 ‘contetido de seu trabalho: por exem- en along hendlrccielahexano 1 Poder livrar-se do cheiro nauscabundo de ee de sev a nos aus hare 0 ghee nase oe cough permanee oer omg uma sombra mposdvel de ser mascara, Tonic de vergonha € obstaculo para a vida afativa e sexual. Resta, nfim, o salério, que contém numerosas significaytes: primeiramel ” (ustentar 4 familia, ganhar as férias, pagar as methorias da casa, pagar 2s dividas) mas também mais al tratas na medida em que Oo salario contém sonhos, fantasias ¢ projetos de ree No caso invetso, o salario pode veicu!s ocas 3 Ne ee aiiermetsme que deIMDE "Fadiea, carga de trahaiho e insatisfagito. Ao invés de f 8 : ; réncia 4 nogao de carza nsiquica do trabalho, corresponde, ante: Er re ea: unm cept coerenie coe 8 es ance mel mestnar = m0 0 5 eu Ot em es ganz Co tube, conebita um servigo especializado da empresa, estranho acs srabalhadores, ehoca-se frontalmente com a vide mental ¢, mais precisamente, com colares (psicanalise heeer © lugar imp podemos apreendé- Sabemos tambem a a a esfera das aspiraches, das motivagées © dos desejos. No trabalhe srlesanal que precedia a organizagto cientifica do Lrabalho e, ainds hoje, rege as tarefas muito qualificadas, uma parte da organizacao do trabalho provera do préprio operador. A orgunizagio temporal do trabalho, a escolka das técnicas operaibrias, os Inetrumentos e 08 empregados permitem ao trabalhador. dentro de certos limites ¢ claro, adaptar o trabalho as suas aspiragdes e ds suas compe. ncias. Em termior de economia psiquica, esia adaptacdo espontanea éo trabalho ao homem corresponde a procura, a descoberta, 20 emprego ¢ 2 expermentaeao de um compromisso entre 06 desejon ¢ 2 fealidade. Em jais condigbes, podemos percebes um movituelto siente de Ita contra a faga0 OU Contra a indi lidade, a desqualificacto e a depressio, gragas aos pri organizagio do trabalho deheda, em grande parie, a disctegsio do trabalhador, Num crabalhe rigiéamente organizado, mesmo se ele nio for muito dividide, parcelado, nenhuma adaptac2o do trabalho & personalidade & possivel. As frustragbes resultantes de um vonteddo. significetivo inadequado as poteucialidades ¢ as necessidades da persoualicade padem ser uma fonte ce grandes esforcos de adaprarao. ‘Mermo as més condigies de trabalho s8, na conjunto, menos temivsis do que uma o1ganizagdo dc trabalho rigida e imutavel, O sofrimenta comers quando a relagio homem-organizacto do trabalho esta blo gueada; quando o trabalhador usou © méximo de suas faculdades intelectonis, psicoafetivas, de aprendizagem ¢ de adaptacae, Quando um trebalhador usou de iudo de que dispunka de saber e de porter sma organizagto do trabalho e quando ele no pode mais meadar de ftarefa’ iste €, quando foram esgotados os meios de defesa contra a exiggacie fica. Nao sde tanto as exigéncias mentais ou psiquicas do trabalho que fazem surair 0 sofrimenta (se bem que esie fator scja evidentemente impémante quanto @ irpasstbilidade de toda a evenudo em directo ao sex alfvic), A certeza de que 0 nével alingido de insatis. facto nao pode muis diminuir marce 0 comeco do sofrimento. Da analise do conteido significative da trabalho, ¢ preciso reter a aniinomia entre setisfacao e organizacae do trabalho. Via de tegra, guanio mais a organizaao do trabalho é rigida, mais = divisto do trabalho é acentuads, menor o conteido significative do uabatho @ menores sto as possibilidadcs de nmda-lo. Cortelativamente, 0 went, iEnto. proveniente do pouco conteado significative do trabslho taylorizade ndio é mais um mistério e ¢ denunciado nao so los operdrios tas também pelos ergoniomistas e por certos meios do ronato “progressisia”. Ao contraric, existe um segundo compo- 32 nents da intatisiacto no trabalho que é totalmente desconhecido: © que tesulia da inadequage ua relagas homer couteide ergonémec: dotrabalac, 2. Insauisfacae e: raat asapa, segura esa segunda vested satis do exnge, fox ina pow tndamental na gebemaice de lyio 8d Trabalho $ igenciada ou descombecida, « msatis{acao feanante Je um fn 19 de eonteada ergonémico do trabalho Pde numejosm sofhmtes somatcos ie i io, mas lambérnm de cutras doengas do i te ae a da ergonomia ‘A intervensao argon chama de para este ef registro umidade, cadércia etc), resposta eerdo eegundo am modelo ease Egos Rea siologa do ta SS momenta do as eves reconcile dagen pipe sngéndas do paso de wobaho, Nam rrdra momarto recidas a io posto, destinadas a idas as sugestoes de modificagdo do posto, : ee vale dtectsd3s() Enfim, au tiltimo momento. Tm ie ser discutido com a das mudidas corretivas propostas ocd om > da empresa c © adocado um cotppromiise que constituira aa es ea trmoda aralza;do dee abafhosaconselhados pet chegase ao edo. Este balanco tld» pena de aloes ere. stvidace da eho ergenorn ° sardic soar i ria da posicic do trabalhad: roo Posto, ate igo do baralo sminag&o etc. Se se pr 5 musgao do barulho,iatensifceséo da Domina va atcinse fazer 6 blaage a8 mats os cemers da mle & 3 mpa.adcs uri 2 am antes € apes u imervengeo) mas sobre A siagig global, a vvaliagio € musio mais complexa a de um indicador global de mefnoria das condigbes tuna utlidade que nem € necesvésio demonstrar, Una comparacio tomada da satalogia médica de vista. Por exemple, um doente hospitulizade com urgén ama dor abdominal aguda. Apes ada esaparece enquanto o doente parece aliviada, mas ele eiorre aguas lhoras mais tarde de uma hemorragia interna por perfuragdo de tleera duodenal. Se se lmitar 0 balanco da interveacdo médica & eoubperaeo de um clemento da anélise de shuazao, a dor, este baianco ¢ positive: 40 contratio, se se tomar um ponte de vista global. a intervenpio mé- diva &nefacta pois o alivio dado a0 deente, fazendo desaparccer a dor, slemento nesessirio ao diagnostico de wlcera perfurada, prec) tan homem na morte, Voltemos & intervencéo ergondmica: 0 indiczdor global de melhoria das condigdes de trabalho que pecmitiia julgar a fictcia da ergonomia nio existe até hoje (74). Por fata deste indi- cador, alguns aulores subbintaram a dificuldads em i algal desta questo, parece-nos fundamental nao negligenciar a af . ‘ar a apre- ciagao dos trabalhadores sobre 2 intervenclio ergondmica e de nos Der a escuta de sua “vivéncia subj do pretende resolver a questao de um indicador global de melhoria das condigdes de trabalho. Nossa perspectiva aqui & citada somente pelo interesse que aés conferimos a relagde saide-trabalhe. Sob esta otica comm, acima de tudo, a condigao de tabathador. Esta, como veremos, no varia sempre no mesmo sentide que as eondigdes do trabatho. Para 03 psicopatologisias do trabalho, como para @ traba~ Diadoy, a vivencla subjetiva ¢ um objeto privileviade ce andlise que ‘os leva, muitas vezes, a entrar em contradicKo com ox esperislistas das condigtes de trabalho, isto 4, 0 ergonomista ov 0 engenkeiro de. produsao. A atemuacae co barulho que reina numa oftcina por ¢ispo- sitivos de insonorizacdo efioazes leva, as vezes, a resultados curiasos: 96 tratalhadores exprimem seu descontentament condigdes de trabalho de aumentar seu cansago. Ist do desaparecimento de um o i lexgio da vigilde umatela de vi pelos ergonomustas, mas sua atencao teria sido chamada da mesnaa forma se os trabsthadores mao se fivessem queixado? Numerosos exemplos similases na pratica mestram que n&o € sempre muito fécil se "gus consicdes de que 0 medico ou © ravaltadores prever os efeitos de uma "melhoria objet balho. Isto confirraa, a nossos albos, 9 it priconatolopista deve ter pel ‘Com efeito, esta titima refiete, m fds efeilos da fatervengto expansion que vai dy ‘Mas ta também casos em que a avaliagdo dores opte-se a0 ponto de vista médice-sauit! seh CDE rario que utiliza o tricloroet solver @ Br indida nas Gobray culdens acta que & vantajoso conservar este habito enquan\> {gue o médico do trabalho sabe a noclvidade deste produto per? © OF ‘aconlece, as vezes, de ump doente quebser <= fo quando sua saide sti meihorando. Em certo: 2 defender-se € 8 ‘A revolts assinela mais de seu quando um deente comoye @ protestary cx Dacre geecramente cla eT. Sim actor doen rato De manera gue se referis a “vivéncia sul nese eae tne emcees we de aeaeer hte sutton clea, Cs dancia “virencia subjetiva’ ‘estado de sattde’” & observa oe ciao nx economio individual dew oar gmana, em geral, uma viéncia subjetiva coletiva qu duals. ‘Em materia de intervengdo ergondinica, convem distinguit véncia subjetiva a curto prazo e vivencia subjetva & Jongo praze: He Pre fare memento, oF CDS OPE Simao egetomacs matron de eer ete dinimsto oa mans elie de oP trabalho de pretisio através de uma sluminacao mals, saciondl ete. a ee pee ay ngs confine o ave podekes Chaat ie sunnasde protenergonimica- Hemeaut, ovat fequene que si atin dense vst paz, INS feqlonsnetee gigs smands a a or cnaipbes ce bab tesla reds de varies causas concertentes: — ¢ hébito — 2 revelagao ae oe Se a earadoy ~ 0 310 de ses 29 fond, ral peso 6 er mets ce aioe mis nutsa se amelie ret coe cea macro prom sé NS tame Fe eltanmos ns meses ca puis G2 fendmenos observades em matéria de ergonomia de comeydo ser om fexdmencs ober a Gtadon da poses da esa. ASS 2 NDS osteo Pans por un ao de eeonto gala #702 58 pois esta melhoria nc é mais perceptivel atualmente. Este elemento de “habituagto” desempenha certamente um papel ua obsolescéncia da viséncia da melhoria e do alivio. Todavia, ha casos em que ndo se observa uma tal diminnisdo da sersapto, apeser do que afirmam os psicofisicos. E 0 exgotamento psicofisico da sensugdo 120 ¢ suficiente para das conte do fendmend observado, A jatervencto ergonSmica, com efeite, pode libertar um operador de lombalgias relativas a uma térsfo da colona por defeite de pos- ura. Aliviado deste mal, ele aprende, pouco a pouco, a conbecer uma outra dor que tomo iugar da precedente: cerviealgia, por exemplo, em relagHo com a posirdo da cabega e o distdineia olho-tarefa. E gue, anteriormente, as dores lombares atingiam um tal nivel de intensidade que oeultavam as dores da nuca. Assim, a subiracéo de uma exigéncia do trabalho pode revelar uma violéncia masearada, subjacente, Assim moa Jevadios a admitir a ckistEncia de uma expécie de adifisio estta- do de prejuizos hierarquizados. Quando se faz desaparezerem os Diejuizos que ocupam o alto da hierarquia siatomitica, faz-se 8s vezes aparecerem o¢ de um. de intervencao exgonémica €sua acdo limitada, Em todo caso, ela 56 ‘consegue-aliviar parcialmente os trahalhadores # este ¢, provavelmente, © limite titimo da agto srgenémica. Isto pace exp! ‘carga de uabalho permite a inten urividade. O que fo gaaho de um lado € perdido do outro. Para utilizar outra poder.se-ia dizer que a intervengdo ergonbmtica nfo atinge a situagto de trabalho em profundidede pois ela permanece aguért da organi- ‘apto do trabaiho, Para o cpetaio que trabalha com pecas, a corregdo ergoniimica @ is vezes irriséria face A enormidade das exignc'as orga nizacionais (8 batho repetiavo terriveis e, simul ilotos de cara). Esta questo und. mental € @ questdd do valor relativo des methorias ergenomicas em relagio d econdmia global da relagdo homens-trabaiho ‘A toda esia andlise poderames opor “a ergonomia de conceprso” (002). Admite-se correntemente, hoje em dia, a cisting#o entre “erg0- 36 nomia de cones” © “exgonomia de con: A ergonomia ce que folamos até agut 6 uma ergonemia de ‘‘correefio” mas, a bem dizer, a ergenomla de convepgao so excepcionalmente & posta em roa aa realidade e parte mais do diretor de wma empresa e de seus conselheires diretos, quando da construpfio de novas instalagBes, que de projetos elabocados pelos especialistas ou ergonomistas Este digressio pela erzonomia prética poderia traduzir-se em termos de pricopatologia do trabalho pela seguine formule: on- quanto @ ergonomia no trowxer sauisfag8o suplernent do trabalho, s¢ podera trazer Mas, outras questdes foram levantedas: 0 que @ este sentimento de saiisfazdo experimentado, mesmo brevemente, apis uma cortege ergonémica? , roais ainda, o que sdo estes agravamentos da relazao saiide-irabalho acasionados par correcSes ergondmicas Rmitadas? Estas questées vo permiti-nos introduzir um acvo pento de viste na lusattsfacdo do trabalho, De uma relagio desarmonigsa cnére 0 con teido ergonBmice do trabalko (exigéncias fisicas, quimicas, biciOgions) © a estrutura de personalidade pode emersir uma insatisfagiio ¢, cor- ‘elativamente, am softimento que sao de narureza menial e nao jisica Esta insetisfacdo néo esta, 2 exemplo da insatisfacdo em relacdo com 2 eontetido significative do trabalho, sicuada no tegisiro simbilico, Trata-se desta vez, de insetisfagto e de frustracdo autes de tudo con sretas. Este segundo componente da insatisiard0 no trabalho ngo € de ordem “significativa”, mas de orem “ecorémica” Mzis para frente nés voltarcmos a éstc conceito de econgmia psicossomatice, apes ter apresentedo uma ilustrapae clinica, Utn homem de aproximadamente irinta, anos & conduzido 20 bospital psiqulitrico de wma cidade do interior. Na noite anterior ele apresentava alguns sinais de egitarao € no propt tinha agravados ele mantiaha dialogos ineoerent ico ftente ao estado Jo paciente, Movinent alternavani-se com frases de ansiedade evident ® vozes ordeaavam certos comportaments par de quatro ¢ cower ‘lores « plantas verdes presentes 12 tratado com fortes doses de newrolepticos ede ansicitiens, seu fo melhora rapidamente. Mas & enlho precisa caidar de seus problemas metabolicos, uma vez que o pacieute sofre de uma diabete Insulina-dependente, Levado a Pars por um servigo especalzado, sua icemia ¢ ranidamente controlada, mas seu estado mental dominado Pela ansisdsde, permanece rmuito preacupante, A investigueio permite © esclarerimento dealguns elementos recenies, determainaates na apa- or rgd do episbdio agudo. Este homem ccupava ha cerca de dex anos um posto dechefe de armazém numa fabrica de sua regiéio. Contramestre, rade organizar e de controlar o trabalho de uma equipe ide us Win de opersvios. Entretaato, sle punb “x mio namaste” ¢,alem de suas fungoesde vigilancia, assumia um trabalho euivalenie 30 dos operirios que ele dingia. Sua esposa, getente de uni salto dé beleza, insist, havia vérfoo meses, com occ merido pana qu abardonasse stu emprego por wina profissao anais “respeitavel Diante do esforco eoajngado de sua mulher ¢ de seus amizes, 0 pe siete bavia fiaknense renunciado, a contragesto, a seu trabalho na farce para aceitar um eimprego numa companhla de scguros. La, seu trabaiho consistia em Jer autos policiais de sequro e verificar sua conformidade, Muito mal adaptado a este trabalho sedentirio, ele assistie, impotente A acumulavao de autos sobre sus mesa. No fim de dias de'trabalho particularmeate esgotantes, ele havia encontrado um meio de gestar sua energia e de descarregar eu tensBa. Jogador de Tusebol, efe unha se tornado em algumas sermanas presidente do clube municipal ¢ esta atividade secundéria particularmente imtensa Ihe pro- porsionava o relaxamento que nio Ihe ofereciam stas horas no es- srilgrio. Enrctanto, nada mudeva, as dificuldades profissionnis con- unuavam. Procurendo, numa fuge desenfreada fora do trabatho, compensar os efeitos noeivos de seu novo emprego, ele deveria log0 sueumbir & fadiga 2 20 eagotamento. Foi neste momento de hipogi- cemia provocada por um esforgo fisico no compensado por up Su- perte alimentar sufiiente que 0 precipitou na descompensacdo psiquik- feica de que falamnos. ‘Uma “‘investigacio psleossornatica"” precisa (69) deveria mostrar que se tratava de uma descompersagto sob forme de sindrome con- Ruiona} ocozrida num sujeito que apreseniava uma neurose de com. portamento. Comfo € © caso com esse tipo de sujito, as alividedes psicomotoras, esportivas ou as trabalhes de forte carga fisiea sfo as deveria retomar sex antigo posto de chefe de armazém. Esta simples decisti fo} suficiente para acaimar a angustia do paciente ¢ para Petmitic um controle rigorose do metaboliswio epos a suspeusde dos tratarcentes psicofarmacologicos. Varios meses apds ter retomado seu trabalho na fabrica ele no tinha tido nenhuma recaida e nem consumia mais medicanento. Esta solugfo favorével no & excep- ional, (23) Este exemple ilustra bastante ber como uma adequagio entre 0 conteiida ergonémice do srabalho ca estrutura da personalidade pode 58 12 do caso deste paciente pode 105 aqui, ama ver que o deat Apciando-nes nestas cond admitireros que 0 papel de te na descompensagao peiquidtrica deste doente fo} deseinpentnado pela ncurclizaso das defesas compor lamentals nz ocasido de uma mudanca de posto de trabalo, zo: eando 6 sajeito em face de uma organizagio do trabalho e de un con fide ergondmico radicalment: diferentes. Podose var bem, neste , camo uma “melhoria” das condigdes ce trabalbo, com diminuigao da carga fisiea, pode conduzir a uma cata uo com suas tradaghes sem levar em conta Ourras personalidades tém aptidées para tarefas que compertern fortes exigéncias psicossensoriais. Estas aptiddes so as vezes acom- Panhadas de uma verdadeira sidade de alimentacao de impressdes cas a volume allo, imagens visutis, estimulos jc. Estas pesous tém reoasidade de um tatalho mais mudancas, menos monotonie e rotiny, melhor ‘io poderiam caportar, eles querem avida rete, Una atett melts ves apresiada pos al persenalitades € 2 Ge condor ede pilotn de maquinas. Docarro & moto, des pescs pe- te aqui ¢ compreendera simultancidade fe. Fora de um relacamenio © de um ‘dos por tais atividades, estes sujeitos fitam ndo s6 insat Milas vezes em posigto delicada em relagho £ sxide, El 4s vezes maater 9 equilibrio recorrendo, fora do trabalho, a atividades ue possuam as mesmas cetacteristcas: lonacs pereursos noturnos de sarro, corridas desenfreadas de moo, consumo impress sspetacules onde as aventuras sto 0 assunts de predilorio, ‘musicals mais apreciades por sua riqueza sonora do que pelo tema musical ete. Mas este periodo de compensaco & powen. Fa cutto ou a mbdio prazo 2 evolupdo faz-se, 0 mais freqientemente, era di 2 uma deeaga somatica em virtude das regras da economia psico- somatica, elucidadas ha cerca de vinte anos, (64.67, 77) Na vivencia dos trabalhadores, a inadaptapllo entre as necessidades Provenventes da estrutura menial ¢ v conteido ergonbmico da tarefa ‘waduz-se por ume insatisfagao ou por um sofrimento, ou até mesmo 59 or umn estado de ansicdade raramente tracnzido em palavras, raca- monie precisada, razamente explicitada polo proprio trabulhador. Para esquematizar esta rclagao suril entte 0 conteldo ergonémico do trabalho ¢ a estrutura da personalidace, poderios tomar. no tra hhalho, ts ccmponentes principais. O primeiro é relative ds exigtncias de crdem fisica ¢ psicomotora. Outras sdo de ordem psicosserserieh € as Gltimas sao de ordem ft ‘oda carga de trabalho supde uma compesicdo especifica de cargas elementares dependentes de cada am destes setozer, A atividede intel escapa ao esquema de que falames. Certos sujeilos apresentam aptidoes particulates 20 campo do ractocinio imtelectua} logico e racional. Pstes sujeitos tém, antes de tio, uma predilepto pelas atividedes mentais de tipo matematico, pelo céleulo, a cconomeiria, a coatabilidade ete, mais do que por ati. uals que necessitem de faculdaces imaginat s. Algurs dentze esies encontram nay © ¢, portant, nas profisives de earater a0 mesmo tempo, eles nao i€m aptidio particular Para a produ de femiasias c devancio ¢ a imaginapdo, a atividede intelectual na base de sua tarefa profissional toma um cariter de nesessidade para seu equilibrio mental. Tais personaiidades ee fazem notar, desde muitos javens, mio apenas por suas aptidées para os cstudos, mas iguelmente pela avstacia de fracasso zo longo de um curso aue parses poder se desenvolver sem nenfum incidente. Contra- Slamente ao que se poderia crer, a maicria des sujeitos que apreseatam um tal perfil de carreira s80, mental ¢ somaticamente, relativamente frégeis. Se ine interditarem o trabatho, se forem vitimas de um afasia- mento OU 3 s¢ apasentarem, nfo é raro que seu organicmo seja vitima de uma doensa corondria ou um infarto do miocérdio apés um prazo de algens dizs ou de algumas semanas. Tais personalidades foram estudadas por certos autores. (75, 78) Estes casos no so mais excep- cionais do que os de trabaihadores que apresentam defesas situadas essencialmente no setor da atividade motola que, em conseqténcia de um acidente, encontram-se imobilzados num emprego sedencario @ apresentam, no fim de aiguns meses, uma docnss somstica, Gva cu reumaiologica. (68,76,79} Neste estudo da insatisfacdo com 0 trabalho relacionado 20 con tetedo ergonSmico da tarefa é previo tirar duas conclusdes Primsizo, € que a insatisfagto com 0 trabwho nao corzesponde s6 a0 comleidde signtficativo do trabalho nem aa seu conteiido smbélico, mas que existe, pasalelamente na profisszo, uma satisfagdo em relagio com oexerefoio do corpo, no sentido fisico ¢ nervoso. O ponto de me 0 pacta da sclrimenin proveniente da inadequagao do conietdo ergo- némico da carefa as apliddes ¢ as nevestidades do trabalhador é, pri- meiro, 4 corpo ¢ 980 0 aparelhe mental {o exer diabético mosirou que uma descompensageo met I poderia provie da ional olada artificial fe proposta, a process de dasorganizagto teria (erminado na mot de uma descompessacke ¢ de complicazies do diabetes insulino-depen- dente, (A sindrome confusional &, vor efeito, uma entidade psiquia- ‘rica um pouco a parte do limite extre a desorganizapio mental @ 2 Uesorganizapao somatics.) G3} A insatisfagae em relagiio com 0 con ro da tazela crgendra um sofimente cujo pont de de tudo, mental, cm cposigdio ao sofrimento resul jes da terefa. Todavia, sofrimento mental resuliante de uma lrustrarae a nivel do vonieido significativo da tarcfa pode, igualmente, levar a doencas somiticas. As articulagdes psico- dindmicas ¢ psicoccendmicas sero retomadas afteriormence em outro capitulo, A segunda cot ido do trabalho emp termos de exigéncias ou obrigas i lem, como jo mostravamn os exgoncinistas. As exigencias da tarefs S80 0 que nOs deserevemos sob o nome de conteydo ergontmico. Por outro lado, é precise considerar, a partir dz estrfura da personalidade de cada individuo, o que Fepresenta para dle 0 confronto com eta tareta, Aparece, assim, um custo mgtuidual da tarefa notoriamente diferente daquele que revela o estado objetivo das exigércias: ¢ a carga de tabaiho, (Na nomenclatura iniemacional ¢ segundo ac normas Afnor, as exigencias da tarefa sao chamades conirainies, a carga detrabalho & chamada astreinte) 73). A insatisCaydo proveniente de un contedo ergondmnico iadaptatle a estrumura da personalidade nao ¢ outra coisa do quc una carga de trebatko pstquica. Fsia carga de trabuthe nao ¢ idéatica @ carga de trabalho flsie2 ou peicassensemoiora. Os efeitos desta carge €.0 sotri- ‘utento estR0 no registro mental ¢ se o¢asionam desordens no corpo, ‘ido 80 equivalentes 48 doeneas diretamente tafligidas ao organismo elas condigdes de ceabalho. A carga de trabalho psiquica represer- ‘ada pele softiuieato proveniente de um descoafor:o do corpe eoloea or unente o trabalhador ¢ sua personalidade & prova de uma reali material, famente, O conililo nao & outro senao © que ope © homem a organizagio do trabalho (na medida em que 6 con: tciide exgondmien do trabalho results da diviso do trabalho}. No centro da relacto saulde-trabalho, a vivéncia do wabalhadoy ‘cups um lugar particalar que the ¢ onnferide pela posi¢do privilesiada do aparetho psiquiso na ecoromia psicossomatica. O aparetho psi- quico sera, ce alguma manelra encarregado de repiesemar ¢ de f triunfar as aspiracdes do sajeito, mum arranio da realidace suscetivel de produzir, simullaneamente, salisfaybes coneretas simbillcas. ‘AS saitsfacoes concretas diem respelio & protecdo da vida, a0 estar Tsico, biologico e nervese, isto é, a saisée do corpo. Estas lizam-se em termos de economia psicossoma- as viag melhor adaptadas & descarga ca ene’ vidaules fisicas, sensoriais ¢ intelectuais segundo proporg&es que &% tejam em coneordéneia com a economia psicossomética individual, “As satisjag6es simbéliens: dena ver, trate-se da vivencia quali- tativa da tarefa, B 0 sentido, a significacdo do trabalho gue impertam ‘nas suas TelacOes com @ desejo. Nao & mais questao das necessidudes como no easo da carpe, mar dos dese'os ou das motivacdes. Isto depende do que a tarefa veicula do ponto de vista simbélico. ‘ASSI, Scparar os dois setores da satisfaga cara 0 trabalho ¢ uma, nevessidad? de expasigio. Mas compreeadezemes facilmente que as coisas iatrincam-se de meneira muito mais compleca na realidude de cada caso, Nos veremos, num capitule ulterior, come levar em conta esies diferentes elementos numa aproximacdo global ¢ mais sintética da relagdo homeny-trabalho. Trabalho e medo © medo constitui uma das dimensdes da vivéncia dos trabalhe- ddores,quase sempre fgnorada por todos 03 estudes em psicopatologia do trabalho. Fakeronos ayui de medo, nbo de angistia, Parse neves- 10 semiolégica: a angiisiia res de um contlito t & de uma coniredigto entre dois immpalsos incon- lives, Pode tratar-se de uma oposiggo ennre duss pulses, exire dois desejos, entre dois sistemas (por exemplo: consciente ¢ inconsciente}, sUincias (egoesuper-eg0). 39)” gio da angus 86 deve ser realizada pela pricandlise ‘A angustia € uma produc jual, cujas caracteristicas s¢ pocem: Ser esclarecidas pela referéneia continua & historia individual, A estru- ura de personalidade ¢ ac modo exprcifico de relagho objetal. Mas Thowo assunte aqui ¢ 9 mede, um concello que nao ¢ proptiamente ico — ¢ que respende por um aspecto conereto da realidace 8 defensivos especificos, essencialmente mal conhecidos Iho encontta-se muito bem colo- nova, na medida em que cons- 2 Festa problemat {itu uma abordagem especifica da relapdo de homem coma realidade, Gus vamos Lentar mostrar & que o medo est presente em todos os pos de ocupastes profissionais, inclusive nas tarefas repetitivas ¢ nos fe ovupar um papel modesto, Algumas cotegoriss profissioniais so expostas @ riscos relacio~ a nados a integridade fisica. E 0 ces, por exemplo, da construgdo civil, da pesca em altosmas, dos trabalhos em profundidade, das indkistrias de preperagto de produtos téxicos ele. Em todos estes casos, os Tiscos esta relacionados ao corpo do incividuo. Pode irmar-se de asfixia, quimadure, ‘ratura, ferimento, morte violenta, afogamento, ‘acidente, A causa material éo dano ficice pode ser um incSndio, ums explosto, um escapamento de gas toxico, um acidente de descompres- regularidades no funconamento juina. Podemos descrever civersas ‘caracterfsticas destes riscos: o risco € exterior © na maioria das vezes, inerente ao trabalho; independente, entfo, da vonvade do trabalhador. eqilentemente (inas nem sempre) 0 risco coletivo: ‘quimtica un escapamento de g&s pote provocar a i xacagaio ou morte de varios trabathadores. F o que se observa multas ‘veres neste tipo de acidenté. ‘As vezes, 0 isco ¢ mais personalizado. E com um pasto falso que © operario cai dos andaimes. Mas mesmo nestes casos, muitas vezes 9 acidente que seontece com 0 operatic pode, por tabela, aringir outros: um operader degrus, por exemplo, ce atingido por um chogue slétrico detxa cair a carga sobre um grupo de wabelhadores que tra- batha no solo. O riseo &, via de reera, coletivo, na maioria das siuacbes de trabalho onde vrios operizios colaborarn na mecma tarefa, Enfirn, mesmo s 0 risco combatido por mevicas ¢ segtas de seguranya, ele quase sempre conta com uma prevencao insompleta peta organizacae do takalho, teja devido a limitacdo dos investimentos necessirios, seja ‘porque 0 isco on suas manifestardes s80 mal conecidos. E 9 caso das industrias que operam em fluxo continto, onde muxto fequente- mente é ur acidente que revela 2 existéncia de um risco até,ent&o des- conketido. Sto eficazes apenas as moticas de protecio chamadas de “‘protepdes coletivas”’ — por exeraplo} as telas de proteggo ao longe dos andaimes. Quast sempre propéie-se aos trabalbadores apenas medidas preventivas individuais, que podem ter um carder material Wvos de proteyao) ou urs carater pslcoldgico (eegras de segu tanga). AS vezes. 0 préprio riseo continua, sem cue remhuma pre- ‘vengdc seja colocada & disposigto dos operdrios. ‘De qualquer maneira, o que caracteriza 0 risco residual que no & complet nado pela oreanizacao do wabaiho. ¢ quedeve ser assumido individualmente. O problema do medo no trabatho surge desta oposigao entre 2 vatureca coletiva e material da risco residual 2 a natureza individual e psicologica de prevencao a cada instants detrabalho, ‘Ao lado do risco real precisamos mencionar ainda © risco supasto; a te es ajo cardter imprevisivel de uina ansiedade espe- esiudé-ta, & preciso procurar p esies sistemas defensivos. 1, Os sinais airetos do medo Na industria quimica, onde 9 trabalho € otganizado em Aluxe continua, o trabalho administrativo & considerado limpo. Entretanto, av ouvirmos ot operadores de sala de controle, constatamos incvie avelmente a crtensao das preocupapaes relativas @ saude fisica, Os eas “afeccdes de ilo a0 complemento salarial ¢ as ide, As lesGes eczematiiormes dos ies por Lricgdo 6 03 proridos. frahathavam manipalaam pentaclorofenol ¢ so- fram quass todos de um prorido. Em eure vaso, 0 cancer da figado, provouado pelo clore.o de vinila, teria causaco a Morte de varios trabalkadores. Temos ainda as mortex por inalagto de foseénio, os deentes hospitalizades com wrgéncia (J8 operivios de uma sé vez, muna as fabricas pesquisadas), 05 mal-estares, os infartes do miceérdio. Ou atto operérios mortos nunia oficina and= se lidava com desfo- Ihantes, as numerosas Glceras de duodeno, o5 infartos de micedrdio ‘entre 30 © 40 anos, ¢ notével diminuigae da longevidace [a média ¢ de $7 anos), 0 envelnesimento precoce, os problemas sexuats na oficina debromalo de isopropila, os riscos de complicagao com © menor fe- rimento, Poderiamos citar ainda as condigtes de temperatura, [rie ov calor continuos, 0 ruido a 80-90 decibeis de algumas oficinas, os va- pores ¢ pociras. Acontece também de o tempo de comecar uma teagta Jit ser suficicate para se ter vapores acumulando-se era toda a oficina, até mesmo no posto de contri a temos vapores quate até a ciauura”", A limpeza dos refrathrios & peri goa: € preciso entrar nas cakleiras ou Formos para sc descascar as pa- Tedes com um martelo. E possivel ter concentractes importantes de vapores téxicos. Mencionam-se igualmente fratwras, queimaducas, corpos extranhos nos olhosetc. 3 Tiseos telativos A intepridade fistcx t8m ainda uma grande im- a ‘mesmo em algumas fabricas sio claramente majoritarias iclativas satide fisica, quando esperariamos encontrar 19 fante de perigo para o corpo; antes rabalho questo acusadas: a3 sapares, as presses, as temperaturas, of gases Loaicos, o ruldo...em resume: as condigdes fisicas e quimicas de irabutio, ‘A propésilo deste discurso trabalhador sobre ¢ side fisica, & muito comum se cclocar a Gnfase analitica av que esta mais iments expresso, ou seja, de que as condicdes de trabalho so preiudlicais Fara. 0 corpo. Mesmo sendo incontestivel tal realdade, negligen- ‘sinmos em geral a prépria palayra, o momemtoem que é pronunciada 0 lom 10 quai se expresta. Ora, esta palavra é ume palavra carrezada ce ansiedade. Sea relag8o corpo-condicties de trabalho muitas vezes ¢ estudada corretamente, 20 contranio, munca se faz mencao das repercussdes do nerigo real a nivel mentai, da carga (de trabalho) psiquica inerenle a0 trabalho perigoso que, entretanto, faz paste do desgaste do organismo (@sireinte)*, © medo relativo ao tisco pode ficar sensivelmente ampli ficado pelo deseonhecimento das limites ceste risco ou pela ignorancia dos métodos de prevencic eficazes. Além de ser um coeficiente de ‘+ Anreince — sigoiea Vimieagio, esustamente, sieht no eantide mais an. dot) 66 ultiplicapto do medo, a ignorineia aumenta fombém o euste mental ou pslquice do irabatho. Mas ao lado deste medo “‘dirctamente determinado”, existem outros componentes do medo que vamos estudar 8 e2! No discurso trabalhedor om indistrias quimicas, pal evocada espontaneamente, ¢ @ ensiedads, em relagao a qual se extrutura tudo 0 que diz respeito ao scfrimento mental dos trabalha- ddoyes. Na empresa, tudo lemibra a possbibidede de ocotrénsia de um acidente ou incidents; cartazcs, sinais laminoses, alzrmes scneros € visuais, presenga de capacetes, iniscaras, luvas (ao alcance das mics, Sclaro, mas freqdentemente cobertas de poeira), destinadas principal- mur a atengdo — provoeando mzdo, jusiamente — mals iruma verdadeira protec. O proprio aspecto exterior indiferente para os trabslladores. Imagineros estas FSbricas que se esterdem por wuitos quilé:metros, cuspindo fogo & xapores, em neites, mergulhades 10 baralno das maqaiaas ¢ ilumi- radar sombriamente por lwes que dio as formas do prédio das, shaminés uma slhueta estrenha, baahadas por uma atmosfera poluida Ge cheiros hovriveis e sufecantes! questo prin Risco reat, mas nao quantificavel Sobre que bases podemos afirmar que tal empresa apreseata mais riscos do que owtre? Sobre seu numero de feridos? Sem dhivida, isto. isto seria suficiente, pois um 50 acideate€ susceptivel de desorganizar a hierarquia es.aii existe em todo ‘que tela sua amplitude, ele gera um estado de medo quate Permanente que todos os trabalbadores, sem excecdo, Manifesiam durante ume discussac. “Medo" e “tensto nervasa”” som “os nervos 4 ‘lor de pele” etc. E por al, en20 como s- poderia pensar, ou como cs rebalhos de certos especialistas (6 bis) Instigam a considerar a questio: isto, pelos efeitos da “carga psicos- sensorial", que compreende, por exemplo, os efeitos da vigilancia, da tensfo de concontragdo, da’ memorizagtio etc., mesmo #6 esia carga existe e conirsbui parcialmente para o sofrimepto sentido. or Na realidade, no descurso dos trabalhadores, & primeiramente 2 ansiedade que domina. Raramente consiaia-se um estado de solr mento resultante de uma sobrecarga de trabalho on de uma carga peicossencOrio-motora muito eleveda, Ao contedrio, multo freyilente- meate — « este nia € 0 aspecio menus paracozel das pesquisas — os trabaihadores ndo itesitam em esclarecer que, definidvamente, esto Facts « lenge de serem cobrecerregados ficiemte para discusirem enire si, organizerem jogos, mesmo quando ngo estamos abalhando, nunca ficemos descot 2 “Medo"* 2 "representayito"* ‘Todo mundo sabe que trabalhanos sobre um barril de pélvora."* “A fébrica & am vuledo em curas encostas nds batalnamos, sem saber em que micmento ele pode entrar em erupyao.” “A fibriea ¢ como um animal cnorme que # gente. bem ou mal, faz andar, sem saber o gue se passa m0 intenor de seu corpo, ¢ que pode a qualquer momento fiear furiosa 2 destmnir ido o qne etd construido # sua volta.” ‘Tosfas estas representacbes da Fabrica a0 discurse operério en- fatizara os seguimtes pontos: — A ignordncin dolorosa em que se encontram vs trabalhadores do que se produz efetivamente nas "'veagbes quimicas", — 0 sentimento penoso de que a fabrica é susceptivel de, a qualquer momento, excpar ac controte dos operadores; — A convicgdo de que a fabrica oculta ‘uma violence prop! explosiva e mortal. Sobretudo, estas cepresentagtes mostra 2 exterstio do medo que responde, ao nivel psicolégico, « todos os riscos que nie so con frolados pela prevengao coletiva. ‘Uma prova a mais da intensidade deste medo é fornecida pelos problemas de sono ¢, sobretudo, pelo consumo de medicamentor pi cotrépicos pela maicria co pessoal trabalbando numa fabrica: ansio- Itieos durante o dia, seniferos a noite e psieoestimulantes pela manbé. oe 2, Os sinais indiretos do meds: a ideoiogia ocupacional defensive Mesmo existindo nas indastrias quimicas ama ideolosia defensiva specifica, lomaraos o caso da construsfio evvd para iustrara questfo Ge ideoiogia defensiva contra o mado. Nesta categoria profissional, 09 perigos (Gra um peso real e wma importaneia gue € indtilsublinbar Allés, disto sfc testemunbas os mumerosos asidentes mortais om com invalidez que, a0 conjunto geral dos acideates mortals, o5 da. cons: conhe- cide por se of trabalhadores da construgto civil nao est riseos a que se submetem, até mesme encontrande Erte fato levou alguns aurores a dizerem que a “*psicolagia des ope- iuavarse por une gosto promunciado pelo perigo Gonsinados pelo orgulhe, valida de virlldade, bravura, mas tambim ncia diante da realade, ausenda de dis videqlimo et. si das cneonde «una a tae. So bem comhecidas as alitudes com relagdo av riseo de acidentss, como também a recusa de certas regias de sesurana; ae mesmo respos: tas de desprezo sto freetlentes, Por exemplo, oF conselhos relatives 40 Tevantamento manval de carga: ajaelbarsc, segurar a carga wo chito e levantar.se utifizando os 3s, que S40 08 miscues mais pO- derasosdo corpo, & prefer mando amusculatura dorsal mais frég que alo as verte dorsalgia, lombalgia ¢ aiticas. Tals conselhos suscitam freaiierte mente respostas 0 trabalhador do tipo “no sou uma mocinha e no wor fazer como voc? dit? Exta atitude de desprexo pelo risco nfo pode ser tomeda 20 pt a loira, come aconzece muitas vezes, O desprezo, a ienorancia t 8 inconsciencia em relagto ac risco sA0 apenas uma fachada. Nao pode- 10s admitir sem cflestionar que os operdrics da, construc c¥vi! sejam, de algum modo, os mais ignoranes sobre 0: rscos que eles préprios entrentam. Na verdade, noises pescuisas mestrazam que esta fachada pode decmanchar-se ¢ deixar emergir uma ansiedade imprevista € dramice Depols que o momento de desafio j& passou, o¢ trabalhadores con- 8 tama os acidentes a que assistiram ou dos quais forem vitimas, Fala dos amigos mortes Ou feridos no trabalho. Evocar: tambtm as fam liat dos feridos. E 9 risco? Melhor que os outros, cs trabathaderes € que o conhesem ¢ vivenciam no dia-a-dia. Assim que tais reve- Inpbes aparecem, nao dexam diivida algama pelo tom da cxpres- sao ¢ da emocio. A vivéncia do medo existe efetivamente, mas raraments aparece @ superficie, pois encontra-so zontida, no mint mo, pelos mecanismos de defesa. Estes s40 absoluramene neces- azios, NEO discutiremos agui sua J do ponle de vista da idade destes mecanismos, em materia de interpretacze de psico- paiologie du trabalhe. Apesar do risco de exfica, afirmames que se 0 medo ndo josse assim neutralicado, se pudesse aparecer a qualquer momento durante o trabatho, nesie éaso os trebalkadores no podte- fam coniinwar suas tarefas por muito tempo mais. ‘A conscifneia aguda do risco de acicente, mest¢ som mraores enyolvimentos emecionsis, odngtrie o trabalhador a tomar tantas precaugées individuais que cle se tornaria inefieaz do ponto de vista da produtividade, Para outras pessoas, a avaliagao correis do riseo impediris completamente o trabalho na construgiio civil. Aliés, este easo & freqliente: © medo ¢ uma couse importante da ‘‘inadaptagao profissional”” ra construcas civil, e nao existe sempre sem mouivos. Mas mesmo fora da situagao de trabelho 9 medo sé aparece cam- lade: & a ledainha dos sintomas medicalizades de ansiedads sob forma de vertigens, cefaleias, impoténcies funcionals di conheridas dos mécicas clinicas 2 médices do trabalho (34) At alituder de negosto e de desprezo pelo perigo sao uma simples erszo da afltmacao Felativa 20 risce. Mas esta estratéyla ado € iciente, Conjurar o risco exige sacrificios e provas das mais abso- futas. & por isto que os trabalhadores as vezet acrescent do trabalho o risco das perforuiances pessoais e de verdadei cursos de habiidade ¢ de bravura. Nestes testes rivalizam sas a0 faz8-lo, tado se pasta se fossem eles que criassem cada tiseo, endo mais o perigo que sc abate sobre todos, independeaternente do fuas vontades, Criar uma situacto ou agrava-la ¢, de certo modo, domini-la, Este esteatagema tem un valor simbélico gue afirma a iniciativa co dominio des trabalhadores sobre o perigo, nfo o inverso. ‘A priveeira caracterstiea desta fachada — a pseudoinconsciencia do perigo — resulta, na realidade, de um sistersa defensivo destinado, a controlar omedo. A, segunda especificidade & seu caréter coletivo, Este sistema defensive £ partilhado por sodas as cetegorias profissionais da cons- ‘wugdo civil. Na verdade, para funcionar, este sistema necessita ce fi 7” encontrar cua confirmagao. A efioécia simbatien da estiatésia defen: sive somente ¢ assegorada pela participagtio de todos. Ninguém pode ter medo, Ninguem deve demonsiré-Io. Nmmguém pode ficar 2 marge dese cbdigo profissional. Ninguen pode recusar sua contribuicdo individual para o sistema de defesa. Nunca se deve falar de perigo, isco, acidente, nem co medo. E estas instrugbes implicias sc tes- peitadas 0s trabathadores néo gastam de ser fembrados do que ido peno- samente procuram exconfurar. Esta & uria das razSes pelas quais as carapanhas de seguranca encontrar tanta resisténcia. Os trabelha- Gores bem sabem que as rédeas da seguraaga nao evitarso todas 03 acidentes, Obrigar a que as coloquem & antes de tudo, relembrar-thes que o perigo existe mesmo e, ao mesmo tempo, toraar-Ines as tarcfes ainda mais difiesis, pois mais carregadas deansiedade, Do mesmo modo, a recusa ¢ as resisténcias cncontradas na eone- ‘trust civil nde so feizas de uma supdsta Inconsciéncia ou imate ridade, mas, dm, deuma conciuta eliberada visando a suporter Susta- mente um risco que no scria completamente atenwade por medidas de seguranca riciculas em relagdo @ iraportancia do tisco. ‘Vemos que o sistema de defesa requer nima grande coesSo ¢ uma rolidec a toda prova, Sem ditvida, ¢ por este motivo que este sistema chen a ser uma tradipao da profissao, ou s *ideologia defensiva” carzcteristica da, profissdo. Esta ideologia neceasita seus sacrificios e seus martires. B exato que certos acidentes esultam destas condutas perigesas ¢ desias competlzbes desafiando 0 risco. E que se possa avaliar 0 os: **Se ele morrey é porque queria, procur Falvez seja correto, mas isto permite sobreiudo que os outros pensem que nfo querer é suficiente para ndo ser vita, uma formula altamente capaz para se acalmar o medo. ‘Além disso, a idevlogia defensiva tom um valor funcional em telacko a proditividade. Designemos com isto 0 que poderiamos chamar de expleragtio da ansiadade. A exploracko do sofrimento ema! edos mecanissnos de defesa que sdo colocados em prética para Jutar contra este sofrimento serao lemma de um capitule posterior. Se a ideologia defensiva da profissdo fem um valor fencional para os rabathadores de um canteiro de obras, tem igualmente um tales 10 ‘que conceme aos trabalhadotes que no participam do trabalho. Na verdade, ce um trabalhader nfo consegui: incorporar @ ideologia defeasiva de sua profissfe por conta propria, se nflo consegue superar ‘apria apteenséo, seré cbrigado a parar de wabalhar. Seu grupo |. armado da ideologia defensiva, elimina aquele que no n fragilseré. objeto dos riscos dos outros. S* naa rerunciar a 40 ousada em relagéo ao grupo, sera eliminado deste, ‘ou zis tarde. © grupo nde somente efeua uma verdadeita s que gurante 0 \ulor operacional de cata trabaiheder que esta n0 can- de obras mas, por outro lado, defende-se do medo reavivado 20 € 20 nivel colet'vo pelo discurro € comportamenio 4; assim, a importénca da ideolopia-defesa na conti ‘excmplo pode ser fornecide ueste inesino sentido. E © que poderiamos chamar de “‘enquadramento” dos jovens traba- thadores, recém-chegados a uma equipe. Na serdade, no @ raro que sejam submetidos a um verdadeiro teste: Sto “gozados” durante as refeigdes com respeito a propri lade, exigem-se certas proezas fisicas, so observades....Na re: so submetidas ao teste da idzologia-defesa. Se sic aprovador, Fardo parte do grupo de medo integral, do mesmo modo que invorporarao os elementos constitutivos da defesa coletiva. Se no suportarem este ambieme de trabalho, deverdo demitir-se, 0 que acontece de tempos em tempos, A idcologia defensiva é funcional a of de suacoragem, £€ funcional tambéma nivel do itabal da produtividade, Apés estes esclarcei balhadores muda de ager para superar a carga de medo que pressupée a trabalho. O papel do vinho edo élcool articula-sc com esta ideologia. O vino, a aguar- dente, 540 uma dose de energia nem tanto fisica mas pscolégita, que. ajuda a erfrentar as condicdes de trabalho. Antes de retamar 20 atividade psicofarmacok ‘© papel psicolégico empresiado a0 ‘vinho reencontra de maneira ndo fortuita a tradic&o ¢ os habitos de vida dos abalhadores. Além disto, harmsniza-se com a sede prove: cada pelo esforge fisico. Em numerososas profissdes, reencontramos assim sistemas defensivos que eso profundsmente estruturados pela natureza do risco em quesiio. Se, em alguns casos, estes analogia, em outros casas sdo notoriamente diferentes e especificos por profissae. E 0 caso da industria quimica, onde a ideologia defen- € radicalmente diferente da ideologia defensiva na construsio ‘A bhkima caracteristica da ideologia defensiva & a seguinte: pare 2 mes com um trabslho que exija uma civisto de tarefes entre os mém- bres de uma equipe. No caso de trabalho parcelado e repetitive, onde hd pouca cormanieagao entre os traballadozes e onde 2 organizacao do trabalho § muito tigida, h4 pouco espaco para a elakoracao de ideo- logins defensivas (Vide Capitulo 3. Omeda em torefas submetidas a ritmas de trabalho Os especialistas do homem em situagto de trabalho nunca sequer mencionzram a ansiedade dos trabalhadores em Una de montagern oun producto por peras. Entretanto, esta ansiedade permeia todos (os textos escritos por trabalhadorcs ¢ todas as suas falas expontfneas, por menor atencao que se Ihes dé, De onde prove esta ansiedade? Provém muito menos das condicBes fisicoauimicas do tratalo, do que do rendimento exigido, ou seja, do ritmo, da cadéncia e das cotas de produgdo a serem respeltadas. Esta ansiedade aparece espe cialrhente em trabalhadores que comecam num novo posto, pais bA pouca ou renhuma formacdo para as tarefas desquilificadas. Entre- amo, estas exigem um jeito ¢ uma habilidede gue so conquistas de um aprendizado (56 bis). Mesmo quando este.jeito habilidoso J& foi adquirido, mesmo quendo um certo hébito foi incorporado, a0 proga de esforgos ¢ de ansiedade ac Yonge do tempo ¢ da experitncia de Labalho, o resultado obtido & sempre colocago em xeque pelo aumento da'cadéncia imposia que surgir’ um dia Ou Outro, cu ema azo das sibitas mudanyas de poste de trabalho impostas pela hierar- Quia, para “quebrar um galfio” onde feltam trabalhadores por licen gacsaide ou acid ‘A ansicdade zesponide entfo acs ritmo de trebalho, de produglo, a velocidade e, atraves destes aspectos, 20 saléio, avs préinios, &s bonificacdes. A situagio de trabalho por produrao ¢ completamente impregnada pelo risco de nfo acompanhar 0 ritmo imposto e ce “perder o tren” Esta ansiedade de que raramente se fala, participa do mesmo modo que a carga fisica do trabalho, 20 esgotamento progressive € 0 deszaste dos tiabalhadores. Com a diferenga dle que, a0 contrario do que observamos nas profissbes onde ¢ trabalho se faz. em grupo, naquele caso no ha sento possibilidades minimas de produzizem B -oletiva que pudemos abservar & a éa Hala de momtagen™ zarse ¢ dividir as tarefas de tal maneira gue um deles, em rodizi podia sempre parar de trabalnar durante alguns minutes, Pratice & Poncrotemente, no é grande coisa parar de (rabalhar alguns minutos puma jornada de trabalho de dez horas didvias. Mas, simbolicamente, Ihadores venceu 0 ritmo, as velocidades € os tempos jo um dekes para, ndo esia usufruinds sozmho pois Ivo, tanto em reiarao a vitoria sobre a hierar- auia como em relecao A solidariedade que uneos trabalhadores neste instante Compreendemos, nestes condigdes, que a ansiedads da kuta inintecrupta contra os tempos impostos couduza o trabaltiador, assim ve tiverem adauirido um certo habito ¢ rendimentos de controle de seu posto de trabalho, # agarrarem-se a erte, de modo a no perder tais vaulagens através de uma toca de posta. B o que alguns palcb- Jogos chamam de “resistencia a madanca""! (92) Ao lade do medo dos ritmos de trabalho, os trabalhadores falam sem disfarces dos riscos 4 sua integridade fsica que esto implicados nas condigdes fisicas, quimicas ¢ Diologicas de seu trabalho, Saber que apresentam um nivel de morbidade superior aa resto da popu lapto ¢, sobretudo, que a Longe: a impressio de ser cone dada, corroida, usada ou intoxicada. Este modo patents expresso desta maneira direta pela maioria dos trabelhadores das industsas. ato, espantar-nos que, em relagao a psicopatologia do trabalho, tenha-se passado a0 largo deste mado massive, Jus ‘pelos fatos, este medio ¢ parte integrame da carga de tal seia proveniente de ritmos de trabalho av de. riscos 0 mis condicdes de trabalho, destrdi a satide mental dos trabalhadores de modo progressivo ¢ inelueével, como o carve que astinia os pul- mbes do mineiro com silicose. " 4, Aansiedadee as “relagdes de trabalho” Entendemos por “relagdo do trabalto" todos os lagas humanos criados pela organizagae do wabalho: relagoes com a bi com as chefias, com a supervisio, com os outros trabalhador que sto as vezes decatadiveis, até insuportaveis. No caso de indus ias nde o Wabalho € submetido a umm riuno imposto, podenies considerar que as relagdes hierérquias sie fonte de uma ansiedade produtividade, as cotas de produsso, de rendimenco, 205 pr bonificardes, E uira arsiedade superposta na medida tm que @ super visio tem por encargo especificica manter esta ansiedade com relagao_ sorendimento de caca trabalhador. preciso fazer uma observacdo particuler no que dt re taticas de liderancas empresarizis. O chefe da equipe e o contr: atilizam freqdentemante repreenotes e favoritismes ere. di ttabalhadores, de maneira gue & ansiedade relativa & produth acrescenta-se entao a ansiedade resultante do que chamariamos de “cara fein do chefe"”. A desigualdade na divieilo do trabalho (100) & uma arma teuivel de gue se servera os cheles a bel-prazer Ga propria agressividade, hostilidede ou perversidade. Temos o hébito de apre- {32 de trabalho em termos politicos ou em termos mal os efeitos da repressao desta agressividade sobre o funcionamento menial dos trabalhadores, xe bem que possamos presemir sua impor anova na relardo saide/trabalho. Nao poderios considerar como epifendmenc ov como questho acesshria a discriminagho que opers 4 hicrerquia com tclagdo aos trabalhadores. Ela fax parte intcgrante das taficas de comande, mesmo que no seja explicitamente incluida no papel da hierarquia.’A situacao mais exernplar a este respetta & a do setor tercidrio ¢ dos furcionsrios de eserft6rios, come yeremes aseguir, Nos servicos de contabilidade, nas grandes administragtes, 00s bbancos, nos servigos, sempre que o trabalho néo & organizado de mantira taylorista, podemos observar uma témica espocifica de ‘somando, mais particularmente de téonicas de diseriminacao. A ava- lingo do chefe inflaeacia os pentos que sic dados para o calcul do salério, de avallagdo de tarefas, do atraso autorizado ou comando, Em algumas administrazdes, vos servic giicrtemente recorrem a ums convocagac in ‘No escritorio da chefia as amezcas sao subst de alitude, benevoléncis © paternalism. questo do traball os ehefes fre los enpregadas. js Dor uma mudanca "assim escammoteada a dlebats se desloca para quesides psstoais, Encoraje-se o tuncionario a falar de suas diftunldades familiares ¢ materiais: assim, certas confidéncias provocadas serao em seguida uusadas para uma maripulagio psicolésica. E nto somente as infor macoes assim obiidas sao depois ufllizadas como meio de presséo, zmas as vevss também sAo tornadas piblicas, ativando ou reativando osconitos eas rivalidades entre empregados Nesta mesma perspectiva, a ditecko € 0 curam meticulosamente as casas das licens dox trstamantos seguidas, o que Iket peri rem-sedo segrodo como alavanca de manipulayao psleologica, Assim, a vergonha e a culba sto pronocadas em qualquer ccasiao, Eta amos. fera de trabalho tem como efeito principal envenenar as relayBes entre os emprezades, criar suspcites, rivalidades c perversidade de uns para com os outros. Fiea 35 jocedo 9 conflito do poder, De um conflity nv sentico vertical, as contradigses passam a se dar enido ao plano horizomal, Este clima psicclogieo nfo é neda escepcional, # muito mais a regra nos servigos de escritSrio. A partir da momcato aauz existem tais rivalidades, o chefe tem interesse Ge nelac participar com o poder que the € conferido por sum posiedo hicrérypica, Pode: mos nes pergantar por 20 10 selor lercio, Os texmpos € Os it is ce se fazer respeilar thefes de seyao pro- a detrabalho es ia do controle deve scr relembiada por outros Wade e a discrimina;40 assegurain um grande © chefe tenta também que os empregados Felem de seus colegas, € 0 que nao consegue obte: diretemerte do interessado, acaba extor- quindo dos colegas mal-inlencionades. Constitvi-se ents todo um sistema de relagdes de“suspeita ¢ de espicnagem. Ume trama assim claborzda é bastante densa e coerente, (oraando difiell a fuga ou até ipaido ao sistema. Apenas considerar as exigincias de osturas ou a carga psicossenséria é um erro enorme. A falta de inte- esse pelo trabalho soma-se a ansiedade resultante das relacdes hu- manas piofundamente impregnadas pela organizacko do trabalho % © exemplo do setor terciario ¢ especialmente proprio a inkrodugto de uma nova questio, relativa as relagtes da vida mental ho. Tiaiase, ua realidade, de néo limitar a investigacao relagbes indivi 1 coletivas com a organizacde do trabalho. A partir da organizacio do trabalho e das exigéncias ¢ que ela submere satisiagdo 2 ansiedade), rio podemos buscar as repercussGes nas relayOes Interindividuais, ow se modificacio das relacdes espontaness. que poderiam ex fos! No caso do trabalho tayiorizado, @ a propria rede rela- ue, de algun modo, fica dissolvida, No aso das provisiBes expastas a uma [orte carga de medo, como por exemple a constuugi0 ivil, pudemos constatar os efeitos acarmulados da ideclogia ocupa- cional defensiva. 'A producdo das relagdes afetivas ao terclérlo ¢ sua desestru- taraggo no trabalho em linha de montagem sic também fonte suple- mentay de sofrimento. Um exsmplo carkcatural desta desestraturacio da linha de montegem ¢ dado por certas fabricas automobilisiicas da reyifo parisienss, onde se constréi uma linha segundo 2 sequéncla Sseguinte: um operasio drabe, depois ub ingoslavo, um francés, um turco, um espanhol, um italiano, um portagnés etc., de mode a impedir toda ¢ qualquer comaricacdo durante 0 trabalho. Assim, a Frustragiic ea ansiedade tendo vivensiadzs no isolamento ena soldio afetiva, aumentando-as ainda mai 5, As diferentes formas de ansiedade Podemps agrupar exquemeticamente os diferentes componentes daansiedads em tr3sitens: 4 degradocdo do funcionamento mental 2 do : do que foi dio no pardgrafo anterior code- $ de ansiedade. A primeica resulta da desestnu- furagdo das relacbex psico-afetivas espontareas com os coteyes de trabalho, de seu envenenamento pele diseriminacao ¢ suspeita, ow de sua implicagto forgada nas wlagdes de violincia e de agressividade com a hierarquia. A desorganizacio dos investimentos afetivos provo- cada pela organizasio do trabalno pode colocar em petigo 0 equi- Jibsio mental dos irebathadores. Em geval, eles tim consciéncia deste 7 isco. A ncvrssidade de descarregar a agressividede provoca a conta minay4o das relacbes (ora da fabrica, ¢ om particular, des relacdes familiares. As vezas, 0 recurso 4s bebidas aicoélicas ¢ uma mancira de atenuar a tensdo interne, Enfimn, o consumo dos psizotrépicos Acstinados 2 um melhor controle da agressividade e da tensdo interna tui arp iiltima recurso. © segundo lipo de ansiedade diz res- desorganizagao do funcionamsento mental. No lisfagao no Wabalho dissemos que as exigencias da nam ‘uma auto-represio do functonsmento. mental num esforyo pare manter os comportamentos condicionas dos efcitos especifices de organizagao do trabalho sobre av dos trabalhsdores resulia uma ansiedade particular partilhada por uma grande parte da populseio trabalhadora: ¢ 9 sentimeme de csolerose mental, de paralisia da imaginaao, de regressac intelectual. De certo modo, de despersonalizacko, 5) Anstedade celativa a degradago do organisimo: segunda forma de ansiedede resulta do risco que paira sobre « seiide fisica. As mas condigdes de trabelho colocam © corpo emt perigo de duas maneiras: isco de acidente de carater sibito ¢ de grave amplitude queimaduras, ferimentos, fraturas, morte), doenca: profissionais ou de cardler le morbidade, diminuigBo dv period , doeagas “‘psicossomAticas”. Disserios anteriormente que nas condicées de irabalho.¢ @ corpo que recebe o impact Presisamos avrescentar ainda que as mas coadiydes de somente trazem prejuizes para 0 compo, como tambe tito. F de natureza meatal a ansieeade recultante das aameneas & inte- endade fisica, A ansiedade & a sequela psiquica do risce que a nocivi~ dade das condigdes de trabalho impe a0 core. Fa 0 espi- ©) Atisiedade gerada peta “‘disciptina da fome"’: apesat do sofrimento. mental que 0&0 pode mais patsar ignorado, os wabalbadores conti- ‘uam cm scus postas de trabalho expondo seu equilibrio ¢ seu funcio: samento mental 4 ameaca enntida no trabalho, para enfrercar uma exigencia ainda mais imperiosa: sobreviver, Ansiedade da morte. 31a ansiedade alguns autores deram 0 nome de “disciplina da fx (27). Mesmo se par Partida est part Cepituto 1), Bm toda caso, a discs a da Come nito faz. parte direta- w caste Shien nie mente ds relagio homen-creanizasdo do trabalho, mas é, acima de tudo, sua condigto ‘Antes de fetoriar a inietisfapao © a ansiedade para enalisarmos seus efeilos sobre a sailde, citaremos um caso particular da relagdio homem-trabalho onde se acumula uma quantidade impressionants de preluizes. Veremos enifo que, no jugar de susstar uma ansiedade aivalente, estas condigoes de trabalho sfc origem dz ume excop- Sonal alequacdo homem-arefa. Este resultado mental Ins0bto no Que diz respeito ao perigo resulta de relagdes complexas entre satis- Tagao ¢ asiedade, Havlamos esclarccid aates que a distinedo extre estes dois aspectos da carga psiquica era arbitrétia e adotda por ne cessidades diditicas.O capitulo seguinte destinase a mostrar que fa analise das detalhes nic deve superar n odservagto do conjunte. 4 Um contra-exemplo: a aviagdo de caca Apresentacdo da sttuacao ‘Uma base de aviagao de cara apresenta-se como wma imensa cole- tividade reunindo varios milhares de pessoas engajadas num trabalho ‘comum come os operdrios de uma volmtia, para tornar possivel a missle des pilotos que sao apenas algumas dezenas, © pessoal da navegagio € 0 resto ¢a coletivi ag0es entre as quais eucontraria je um sistema defensivo espectfic da a ovitar as discussdes impor. orgulho de “cavaleitos do eéu"’ Esa ideologia nao & u secundario do trabalho mas, como poderiawos mostrar, uma verdadeira nesessidsde pata manter um ‘moral feito de orgulto, de insoléncia ¢ de agressividade, Cada uma destas ceracteristicas é, como veremos mais adiante, Indisrensavel para eufrentar as condicSet de trabalho. © pilota de caga nfo gosta de falar de si com um estranho em termos pessoais, nem mesine das razbes que 0 levaram a escolter tal profissdo ov de seu trabalno. Em comparardo com os pilotcs de transporte, que mostram ter um con- taro mais Facil, inceressam-se volunrariamente pelas guestbes médicas tunas que podestam 4 80 | | € abrem-se com boa ventade sobre a natureze de se ede seas condigdes, of pilotos de caga 8m uma atiude verdadeiramente di- feceate. Parece que os pi mais fensa que ico realizado individvalmente ¢ em grupo peito da vivercia ¢o trabalho é muito mais custoso e exige ser protegido de othares indiscretos e sobretudo de qualquer conversa ou discusstio que versasseim sobre as questées do seguzanga ede acidente. © grupo de pilctos de caga vive a margem para proteger sea modo de funcionamento, ¢ talvez seta convenienle respeitar esie afastamento sem o qual uma conversa destocada poderia traduzir-se, sem media. izayao, por acidentes durante os vOos seguines. tos de caca tém com seu irabatho wina relagdo C As condiroes de trabathe Num avlao d: caga, enconira-se reunida uma quaniidace impres sionante de exigincias relativas a0 ambiente, Representemcs uum pilota de caga na sua cabine: sua situagtio nko tem nada de invejdivel, 0 es page de que dispe, reduzide av mini, deixa-Ihe apenas 9 tugs: para que se sente desconfortevelmente sobre um assento metalica (exja rigedes & justificada por argumentos de geguranca em relacko A cjegdo), Amartado por miltiplos cintos que Ihe imotilicam ¢ peito ‘© as coxas, ele quase ndo pode mexer-se; sobre a cabera, 0 capacete § bastante justo para nfo se soltar em caso de ejeeto: 0 nariz ea bors so cobeitos com uma méscara ligada por tubo as rsservas de exigénio do avigo, ras mis hivas ¢ mais huvas so idispenstveis para haar contra o fio, As vezes, 0 trabalho exige que se empregue uma grande forca Misice (para acionar © cabo que fica temivelmeate rigido em ‘certas posigoes 40 aparelhc), As variacdes de temperatura assim como asmmudangas de press&o, podem ser consideradas dificeis de suportar ¢ podem expor 0 Pbarismo, hi- Péxia,€ até a desmaios. 3s Ou negatives podem, atingit 72, 0 que ocasiona desordens no sistema cardiovascular, na Dressio arterial, ros ligamentos suspensores das visceras ete... 0 bar ruiho @ ds vezes muito inienso (en cerios avides, leva aié mesmo & surdez profissional: aeronavel), As vibracdes de baixa freqiéncia, as Lepidardes do aparetho sio muito penosas e o capacete nXo € wil para Proteger a cabera das batidas contra o vidro. As condigdes de iumi- 81 nacido madam com a meteoroiogia, a hora do v6o, ¢ durante um mesmo vO0 em funcdo da alliiude, eaquanto ofuscaso ¢ penumbra alter- nam-se, 0 que torna particularmente fasticiosa a leitura dos instru- mentos de bordg. © meio quimico, enfim, pode ser pohildo por ina- lagdes de gases queimades, vapores, ou gases toxicos. Ha, enfim, riscos de explosfo é dequeimadura. 'A justa apreciaglo destas enormes exigincias de trabalho sé £ possivel para aqueles que fizeram a experiéncia do avido de capa. ‘Apesar das dores de ouvido, apesar das perturbasbes neurovegetalivas, apesar Gas rduseas, das dores addominais. d stislorréias, dos suores, das cefalkias, das perturbagdes visuals (diminuiggo do campo visual, visto negra, diplopia), das diftculdades respiratGrias nas grandes aceleragbes, das pertuchagoes da pressHo arterial ~ portanto, apesar de todos esses prejulzos —, 0 piloto tem que conservar intactas toda sua viglancia e suzs faculdailes psicosseusoziais para observar o painc!, jas do radar, os sinais Luminosos colorides ou alternatives, os de alarme, a¢ informacdes visuais ou sonora. Alért disso, (que vigiar o exterior © manter commicagio com os compa: © controle aéreo terrastre ¢ isto em duas linguas {(rances € inglis) segundo cada interlocutor. (© funcionamento homem-méguina exige a perfeiglo. A menor falha neste mecanismo complexo pode, em uma fragao de segundo, significar a morte, Se o alfimetro der vita indicazdo errada, s¢ 0 hori- zonte astificial desviar lentamente, se aparecer um escapamento de leo, se0 piloto sucumbir a um instante de distract, se sua vigiincia for neutralizade por um segundo por causa de uma aceleraco mal toferada, sc cle hesitar em um procedimento em caso de incidente, se ele se perturvar com uma ordem mal anunciads pelo chefe de paelha, se estiver um pouco “tensa! em rzzio de alaum acontecimento fa- milias... qualquer tim destes elernentos pode fevd-lo d mort Deita proximidade permanente com a morte, da interdigo das falhas materiais, Msicas ou psiquicas emerge uma ansiedade que s> tem equivalente na dimensto fora do comum dos wiSCOs que com- portauma missao aérea. Se acrescentarmos a essa descricio o fato de que certos insirn- ments de navesago, de iro cu de rilotagem nem sempre so precisos, f sobretude sofrem algumas variagdes de um aparelho a outro, 3 soubermes que os acidentes graves niio slo excepcionals, pocenmas nos ‘perguntar por que ainda ha gente para enfrentar tais condicOes de tra- balho. ‘Os argumeatos ce ordem material sto de pouco peso se const- derarmos que wma parte importante dos pilotos de caca é recrutada a entre os suboficiais cujo salario € quase igual ao de um empregade dt ‘esort6rio, Portanto, sera preciso procurar em outra parte as explicagoes, Posigio original da relapto catide-orgenizerio do irebatko Difcrentemente do que se observa oa prodigo industr construgao civil, consiaia-sc que, na avinglio de casa, cormando concordarn geralmente em melhorar a olugao satkde-trabetho, Cada avigo representa uma verdad: tomo & base € preciso que o piloto es tnais, um pilote custa caro, pela sua formacao (avio, base-escola, pe troleo destinados & instrugéa etc.) de maneira que sta propria vida € ‘objeto de todas es aterges, A operacionalizaséo da aviagao de cata Gepende das performances dos pilotos e da boa adaptacio homem- maquina. Eis porque a organizacto do trabalio preocupa-se ndo com 0 progresso tecnico, mas também se dedica inteitamente a favorecer 0 trabalbo dos pilotas, Podemos, na organizacso do trabalho, apontar trés einos prin- cipais zm (orao dos cuais orientam-se os esforsos de melhoria das relagdes homem-maguing. _Adaptagio do trabalia av homer ‘As téenicas utilizadas para adaptar o trabalho ao homem nao conhecem maiores realizacdes do que 1a aetonaatica, Foj bem antes da recente carapanta de melhoria das condigtes de trabalho que foram feitos prosrestos consideraveis na insonorizagac, climmatizagio, pres- sarizagie, meios de lelecomunicayto, ihaminaczo, concepeo do, posto de trabalio, apresentagte racional dos instrumentos, automatizacao og célaulos, duplicagao dos Instrumentos para servir A segurange, divieio do srabalho entre os operadores ete. que conduziram 205 avides de Wransporte que conhecemas ¢ que ao sto “mais seguros do que os omibus’ Adapiarde do homem wo trabstho Este segundo eino desempenka um papel fundamental: trata-r2, com eftito, da aprendizagem, da formagao ¢ do treinamento dos pilotos decacz. Seria muito longo, aqui, agar o curriewlum vizce de um piloto. Basta saber que, recrutaco entre os melhores elsmentos da escola do ar, ole reczbe uma formeséo de engenhcito ¢ de técnico, passa por einamento fsico intenso, beneficia-se de uma aprendizagem érea que desafia todos 0s outros ensinos teético-praticas dispensadas nas eccolas nas universidades (relaglio numérica profewseres-alunes, meios materiais postos a sua disposigio ete). Mas este tretnamento prosseguc ¢ esta formacdo prolonga-se dui- rante toda vida profissional, Nao re trata, aqui, dedeixar o aluno tateat (ou encontrar sozialio os proxedimeatos a usar em caso de ineidente (con tyatiamente ao que se observa na indistria quimiea, por exemplo, conforme Capitulo 5). Um apacelho 18 posto em servico apés set submetido a uma grande quantidade de provas convincentes ¢ 6 en- tregue a0 ex2rcito com todos os procedimentos necessarios ¢ todas as regras de uso Em seguida, cada acidente é alvo de uma pesquiss técnica evja qualidade excepeioral faria empetidecer odes os membres dos comiiés de higiene e seguranca da Franca de Navarra. O menor detalhe, a menor suspeita é motivo para uma nove nota de servigo repercatida cm todas a8 bases da Franga ¢ tespettads, decretada a ordem de proceder discussdes sobre as causas e as responsabilidades ria Toda a atvidade do pilovo mo solv visa a Ihe dar os melos nde so de limitar a0 maximo os acasos de sua missdo, mas tambem-de cor- rigir as eventaais anomalias que poderiam acontecer no ¥Go: aprender ‘4 usar os instrumentos ¢ as novas aparelhagens, verificar os proce: imentos comrespondentes a caca incidente, recitar ¢ rep: etapas de cada procedimento, preparar minuci evar em consideragdo os dados meteorolégives, treinar em sicvul - Que nds saibamos, nao existe sitaaao de trabalno compara outro ramo onde 1 de forma dos uperadores seia ma corn tanta assiduidade. Toda a atividade no solo, além de sew wolor técnica, rex! ¢ con- creto, desempenha um papel fundamental do ponte de vista psiquico 84 i | t i eda estabilicade da personalidade, . A preparardo ‘ica para missoes & também ume preparecdo pslcotonics pana o incidentey o imprevisio, © xodente, todas as st quagdes que projetamno pilot a proximidad da morte. Ela ceptesen.a “um papel consideravel na defesa apiicada para hutar contra a ansiedade comedo. a servicodo oat A ssefepao dos pitores A adzptagio da relagio homem-maquina ¢ bor quali legao sade-trabalko repousam tamer fa selecdo que sb retemt os su je0s, fisicae psicossensorisimente, escolhidos 3 dedo. | HA muito t a aviagio de capa, nA existe mais acidente fsoldgleas, A selesto midica ¢ bem-fete cularment . A medicina do trabalho ¢, neste caso, de Gunlidode. E um doe setores onde ot médicns do trabalko sz0 mais com Todavia, ainda aqui, a vigilincia medica, se nfo mosis enhuma indulgéacia Irene a um resfeiado (que podsria acarretar eatkstrofes por causa das variagtes de pressaa), procede sobretudo pot ediminage, A jnterdigao momenthnea, as vezes defintiva, de voar @ decretada assim que uma pequena anomalia fsica aparece. A seloydo segundo este aspecto contimiz at&o fim da carreira. er Sdaplagae real das condivdes de trabatha so homem, treing mento rigoroso dos pilotas e seleySo extreinada concorrem para 9 aperfeigoamento da relagao homem-micuine.» ‘Tedavia, a organizaggo do trabalho na aviagso de cava SO est a servigo da sade. da seguranca desse peisoal por aecessidade, Saiide ¢ seguranca esido esireftamenie figudes @ operacionatizacao, mas no sio sindnimas, Coma efeto, existe um debate (45) sobre este 2svunto: 0 ha entre soguranca ¢ operacionalizagti? Verifica.se que, raranga no posto de comaado, pode-se efetivements fazer esa dosaparecer) todos 06 acidentes. E, por eXempl0, passa 10s Wansportes agreos militares onde ndo ha mais aci- dentes, Nacaca, a0 vontraio, ainda encontramos residues deles snusas néo séo spais materia. E o que se chara de “ fetor humano”. Extes asdentes sho, aliés, “Oteis™ para manter a agressividads © © £050 pelorisco dos pilotos de cara. ‘No transporte, a0 conitario, pée-se a sexuranca no primeiro plano dos valores mnoreis ¢ ideclogicos: aplicar of procedimentos, Jamais & correr riscos inuteis, nao fazer nenhuma prozza, consicerar prot nalismo € seriedade como as melhores qualidades... As ati vianas, temerérias, aventurei invegre os meias, "Na caca, seguranga demais leva 4 (ransformagao da aeronautica em ume vasia escola e rio em um instrumento operacional. Aqui, tude € cenurado na agressividade, no sucesso a qualquer prego, na coragem, na acdio, na proeza, no Aeroismo, ete. O fim prima sobre os erobacia a mais ou a menos, voar em altitude mais Daina que a prevista, ublizar a reserva de combustfvel, ser rigoros0 20 incidente, respeitar as regras de tro no tem importincia, $6 conta a rerultado. © que @ precisa & ser operacianal, pronto a comter todos sto é, « desprezar a seguranca. "Aqui, nos ndo somes mOtOrisias Ge Onibus", Teda melhoria das performances 40 aviio on de suas potencialidades permite a0 pi- oto corter ainda riscos. TPortanta, limitaggo da seguranca a nivel dos homers, mas também a nivel dos aparelhos. Certamente seria mais prudente construir apa- relhos bimotores, mas isso cuttaria mais caro, e & preciso prever perda de apareihos em caso de guetra, Logo, & preciso que os pilotos aprendam @ repor em funcionamealo set Gnico motor em caso de pane duranie o v6. Eles efetivamente saber fazi-l0, pois este inci- Gente muilo frequente acontece muitas vezxs na carrcita de um piloto de cara. Tambem numerosos sio 0$ que tiveram que s¢ jogar em sepvida de um destigammento do compressor. 'A primeira saracteristica da relagSo do homem com seu trabalio ede ansiedade a0 nsco, ra aviacdo de caga, € Seu destino radicalmente diferente daquele que observamos nz construg4o civil, por exemplo, ou na petroguianica. Apesar da manutengdo minaciosa de wm siseo residual, organizacao do trabaiho, hierarquia ¢ pilotos esiao de. acorda em melhorar a seguranga, © que ndo € © casd numa indistria. 0, um esforgo sonsideravel & feito pela hierarguia para jofos adquiram um verdadetro dominio sobre 0 tisc0, € @ gem mo é, neste caso, uma palevra vazia, Aqui também fo & diferente da que te observa na industria. 86 A questo da satisfagt0 ne trabatho Apesar da adaptagio do trabalho ao homem ¢ da adaptagto do homem 20 trabalho, os riscos penanecem grandes, as ce trabalho continuam sendo de uma dureza excepcion: © acidentes nfo slo excepcionsis. O jogo da satisfaydio no trabalho permite eluminar este desvio, Eleé procedente de varias origens: ‘ologia dos cacadores: 0 pilote de cara toma para si 08 ob- avingdo, ¢ da caga. Os pilotos de caca pensam Biite no sel do exército, primeixamente, pois a is respeitada que ¢ marinha, e a marinha mais que & wate eles que sc rectuta 0 estado-naior da acro~ niutiea. Enfir, elite em relacdo a nagao-¢ admirada por toco mundo: heréis, eles encaram a dncese de coragem individuel da eompeténcia técnica, eles representam o ideal de poténecia total que encontramos em todas a8 criangas e que esta adormecido em muitos adultos. O eli- timo admitide, cultvado, e os pilotos de caca tém um profundo: .d0 o resto da humanidade, miseravelmente reduzida a0 Seu estado terrestre. A admirarao de que eles sto obfetc € 0 orgutho inigualavel em relap&o is outras profisedes s20 precisamente fundados na confrontago com este perige exemplar da profissiio. Admizasto, ho, faganha e dominic da angistia si indisscluvelmente ligados iram seu valor um do outro. (© iaterecse do trabalho: a tarefa do pilote de capa é efetivamente de uma complexidade incomum e necessita, como j4 sublinhamos, a perfeita associacio de todas 48 qualidades intelectuas, e fisicas. Poucas proficeBes realizam uma ta} nnidade tedrico © poucas sisuacbes pedem tanias capacidades de usa $8 sujeito, taneamente. A valorizacio co corpo e do esplrito peta situacao de trabalho @ exemplar da sintese trabalho intelectual-trabalho mamual. O lugar excepcional da miotivagéo Na profisstio de piloto de caga, a motivaco ¢ objeto de uma atengao exemplar da parte da hierarquia. — Primeiramerte, a nivet da selecdo, onde entre 01 excolha de candidaro, dé-se imporsincia especial aos jogos gosto pea mecinica, experifncia om aeroclubes etc. — Em segulda, durante Leda a formagdo, « hicrarquia concede vados, prevenidos ¢ levados em ct — Enfim, durante toda a vide do piloto de caga, basta que ele nio queira trabalhar para ser automaticamente dispensado. Se seu desejo abater-se durante alguns dias ou algumas semanas, se ele m0 tiver mais vontade de voar, a desqualificacao nao tardara. Pois, nesta Profissio, ¢ preciso estar motivado a todo instante sem 0 queo afron- Tamenito com 0 perigo vorre orisco de terminar em catastiofe. ‘A importancia acordada neste trebalho & motivasio modifica radicalments os dados relativos 4 psicopatologia do trabalho em relaglo ao que sc observa na classe eperdrt ‘A diversidade do trabalho, a complexidade da tarela, a qual ‘eaglo requerida, © aperfeigoamento permanente, a livre escolha da tarefa, o lugar ocapado pela motivayao, o exercicio simulianeo de € jntelectoais cotoca gue descrevemes 2a Este exemplo a0 contrdrio mostra que os dois sofrimentos prin- cipais provementes da celarao homem-organizarao do trabalho, isto é, de um lade o medo ¢ do outro a insatisfagdo, nfo ocuram uma, Posigao dz mesmo nivel na dindmica psicopatologica. A aviary de cage mostra que um medo de uma intensidade considerivel pode ser prrfetamente tolerada contanto que ela seja contrabslencesda pelo Jogo do sistema morivecdo sativfacte. Em ouiras palavras, os efeitos ‘do medo ocasionades pela creanizacie do trabalho sav sujeitus a0 ieador ow wo divisor que depende da satisjacdo do trabalho. A estrutura menial dos pilotos de capa A propésite deste cxemplo ¢ facil observar-se a diticuldede em istinguir na insatisfagao na trabalho 0 que € proveniente do con- telido significative eo que € proveniente do conteido ergonémico do trabalzo. Deda « divertidade das exigéncias da terefa, a multipiicidade: dos prejuizos, € a quantidade de aptiddes © de qualidades psicomo- facil constatar que nao se pode impor estas dor, a exemple do que se passa nes ovtras ramos de atividede, Nos dissemos gue © medo relativo ac visco que Supte una tarefa pode ser modula de algun manera pela rebiio stag. 0: dois componentes da satisfaedo no trabalho (em elas ap contetide ergoadimice e a0 contetido sigoificativo), existe igual- mente ume eelagdo hicrarquica. A aplicacio das aptidOes fisicas e piicassensorias, eo prazer que delas provém, s6 podem contribuir se cxistix de antemdo ut engajamento fuadado sobte o prazer oriunto da relag2o com 0 conteido sigmfizativo da larefa. Eis porque devemos insitir om poneo mais detalhadamenie no j06 mgnificativo ¢.00 prazer da missio do piloto de cage Quais s40, portanto, as mouvagbes do de saga? O descje sozinho é 0 supremo prazer em que 0 piloto deixs-se Jevar pelo go20 narcisico. Eas alguns instantes privilegiados, € uma verdadciza recon ciliaco entre © cu adutio e as aspizacaes arcaicas de ideal (ideal do ego}, Fonte de um seatimento de bem-esiar, de vidria ¢ de exsitzg%o, Durante a formagao, encontrames as vezes alunos que alo conseguer con- citar seu ideal com a reatdede. Apds vatles fracassos em vO0, 0 aluno- pilato, fogoso geralmente, é suspento, Em seguida, a ideal do cu fica sendo 0 principal motor de ativin dede professional: se ele (or capar de desprezar 0 pengo auc entrenta quotidianamente # porque o pilote de cage & levado par aspirazdes cesscncialmere viradas pata a auto-superagio. Q ideal do ego represeria, ainda um cutro papel 1a vida do pilot de caga: 0 fato de peviercer 20, a0 esquadrdo, & esquadra. Tomado por seu narci- ©, ele indubitavelmente procura ser par em seus cclezas, € 56 & capaz de identifics¢zo e de amor por objeics que possim ocupar um lugar estimedo por seu ideal do ego. A homosscxualidade latente, im, joas do piloto de caca. Odesejo de recober coafirmacdo naretsica de seus semethantes leva o bir-se na frente deles. Este comporiamento é evidente nas esquacres, 8 onde o exibisionisma nio se atém as qualidades profissionais, mas chega também & pessoa tBncia do ideal do ego nos trativa, em wma outre sacdo: freatentemente casados com mulheres bonitas, atraentes, repre: ales estanelecem com elas relacdes ‘onde elas devem Lestermuahay aos cllios de todos sua virilidade e sua Jacdes coniugels gunca abalam o investimemto » que se encontra no trabstho. Quando jante aparece na vida familiar, esioura la profissional ¢ 0 engalamemo fi um investimento 1m um conflito entre a formina muitas vezes na angistia durante wma miss8o e, pouso a pouto, ‘num questionamento da atividade de trabalho. ‘Outra caracteristica, a transgressao permanente que o trabalho supée, mio traz nenhuma culpa. Seia um combate aéreo ou a mort infligida a0 adversario, aunoa se v8 um timico trago de remorse. A. dade, muito valcrizade, ¢ uma exigincia fundamental da pro- ules @, c8s0 contraro, ela Jeva ineyitavelmente A incopacidade pofquica de voar. Nestes que domina 280 & tanto a culpa mas a perda de confianga em. valorizardo narcisica, a0 mesmo tempo em que nasce uma sintoms- tologia de tipo depressive. ‘Assim, 2 profissto de plloto de caga parece ligeda & uma fixagdio um estagio pré-edipiano e pré-gemital do desenvolvimento da perso- palidade. Eniretaata, a profissao de piloto de caga exige simultaneamente um bom controle dz de € sérias raizes no campo do vonheci- ‘ae téonica. Parece que todas estas disci- plnas sac cnsinadas no solo nium ambiente muito hierarquizado 2 muito milanizado. Ao lato da formarao iéxnkca, a fommagio mibiar ‘ocupa um iugar importame. Este ponta é essencial: a formacto no sole relativamente longa ¢ repetitiva continua durante toda a carreiea; cla est estreitamente Iigads a vida miltas. Esia observarao faz penser qué a moderarfo nevesshria das aspirantes do ideal do eg0 é assegu- rads polo reforgo exterior (a ordem militar) das nevessidades da realin dade, da disciplina e das prolbicoes, isto é, do superego. “As caracteristicas da personatidade dos pilotos de caca podem se sturiéade, interrupeto do desenvolvimento mental hho meio do caminho entre ¢ estagio filico © 0 estéyio genital, hiper- trofia do ideat do ego em cetrimento do superego, importancia do nar cisitmo relodiva as relagSet objetais, homossexualidade mais contem- Plativa, compazativa ¢ exbiciorista do que realizada na pratice. O conflito mai caracteristico opde 0 ¢g0 a0 ideal do ezoea angistia que co disso resulta situa-se, portanto, no esprago do narcisiemo, Bstas perso- fnalidades sto do tipo das que foram descritas por Kohut (5). A an- g0stia fundamental do piloto de caca seria, de algum modo, a de ser Inmitado, de ser comparvel ao comm dos mortais, de ser obrigado 4 modéstia, de dever resenhecer = existincis do outro e de suas dife- engas, de ser levado a investir seus desejos em outra pessoa que nic ele mesmo, e de ndo ser suficiente para si-mesmo. _ No piloto de cage, esta "“angustia dos limites” esta no centro da vida mental, de suas escolhas, de sua orientagdo, « tal ponto que sua vida profissionat aparece come uma resposia. Enttentar a adversicade, © perigo, desafiar 0: elementos, desafiar a natureza, projetar-se numa situagdo dc tisco no representa para a personatiddade do piioto w cesta performance que para um neurético médio. Ao contrario, ela & uma saida para 0 conflite nercisico que opie 6 piloto 4 sa imagem, ama ‘spbcie de exutério pera sua angiistia fimdamental. Quando els desafia a natureza, na verdade € 2 ele mesmo que esta desafiando, ¢ & neste combate, ¢ sobretudo no sucesso, que ele ultrapassa sue engistia, Assim, ele estima, acima de tudo, sua sitaasio de pilcto solitécio, num vio monoplano, sittagao que para to¢as as outzas estrururas de personalidade pareceria temivel, ‘nsustentavel e monstriosa, Somos ‘angiistia dos limites” ado & aponas “i antes de tudo, a propria motivagto do ¥a0, A vida profissional ¢ uma tesposta grandiosa para esta desmesurada angustia. Esta descrigao da personalidade do piloto de caga é menos carica ‘tural do que poderiamos pensar. Repetidas pesquises mostram, com feito, que todos of pilotos de caga operacionais apreseniam earac- teristicas psicoldgicas verdadciramente padronizadas. Qualquer va- ragao em relagéo a este modcio Teva cedo ou tarde 2 uma desquali- ficacio, mutagio ou acidente. Isso se compreende se levarmos em conte o fata de que a menor queda da motivardo, n0 entusiasmo ov a agressividade poder imediatamente comprometer a qualidade da performance, oque significa, neste caso, oacidente. Estas constatagées conduzcm neturalmenic a uma pergunta: ‘como se consegne recrutar individuos que apresentem ac mesmo tenpo eptiddes em qualidade © em quantidade excepcionais e, simultanea- mente, Ui sistema de motivago nto insélito? ot A queside daselerao mentct Dirigida em primeiro lugar para 0 corpo fisice ¢ para as quali- dades intelecinais, a selecao & 4X0 mais draconiana quanto o mimer de avives 2, consegiientemente, o nimero de pilotos conveniente & particularmente resttiio. Se 2 selecdo fisica € bem conhecida, « slerto psiquica, que nao @ instituida, & excepAo de alguns testes para os suhoficisis, & geral- mente considciada como inexisisnic ¢, de toda forme, impossivel Esta selecdo erisle de fato, mas corresponde a modalidades mui partieutures, Bla acontece entre dois polos. Numa extremidade, po- pulagdo dita motivada; na outta, as condigdes objetivas do Itabelho. ‘No centro da motivagio, retéme-se ¢ prazer da superpoténcia © a formagia agressiva, isto #, a associagao combalividade-gosto pelo rise. Essas duas caracteristieas so ainda bastunte grandes para com- portar uma populace de candidates maito maior do quc aqucla que permancerd até o fim. As condicdes de trabalho determinam, mma certa medida, a “‘quantidade" de agressividade nevessaria e sua forma: Se 0 aviko for seguro e complexo, sc a missto representar um perigo, Felativamente pequeno (Leansps agressividade deve ser, antes de tudo, canslizadano prazer do dominio téenico. No caso invers0, se a8 condicSes de trabalho supdem uma riszo maximo ¢ um ehfrentamento direto com o inimigo (@vito de caca, missda de intercepeto), a agressividade necessdria ceve ser particu- larmente poderosa ¢ conservar sua forma iicial no devenvglvimento psicoligica da personalidade, isto é, ela deve guardat seu objetivo de desirnigao, Pode-se, a titulo de exemplo, comparar os pilotos dos Mirage TIT aos pilotes do Mirage [V (bombardeio). Nestes ultimes, as condigdes de uabalho sfo intermecicies entre o transporte ¢ a caca, Trata-se de atingir 0 objetivo por uma trajetona simples, uti: zando-se, antes de tudo, os esfargor Iéonicos (uso de instrumentos sofisticados, eletrGnica complexa de ), isto é, a0 nivel da mesinia muita mals do que 20 nivel da coragem. 0 objetivo de migeto ado é destruiz rum combate dual o inimigo comparavel a si ‘em forga, mas chegar ac cbjelivo por uma boa pavegasio ¢ sol uma bomba como se despejaria um pacote. Enire os dois pales (Ga motivagio as condicdes objetivas do trabalho) a orientagao de pilote nllo é feita a0 acaso. Ela se opera pelo Jogo articutzds da’ —sselecao fisioa, intelectual ¢ Lécnica com suas duas vertentes, ‘qualitativa e quantitative: — formagio— progressic; — adaptacEo. 2 A selegao No que diz respeito a selogtio Misia, nés ja dissemos que ela atinge um excelcate nivel de eficacia gracas aus progzerses dos méto. das de disgnastico fisiolbgien e biolbgico. Pralicamente nao fecorrem mais er70s Testa selepao. A “selegtio nervosa”? designa, realidace, as performances psicossensoriomotoras. Para os subot efetuada por meio de testes de nivel e testes psicomotores, Os que passam pelas grandes escolas ndo sta submetides 403 testes. Parece que a pidipria aatureza dos estudos elimina esponta- neamente of cue M0 aprescntam as aptidoes requetidas. A scloao jatelectual: ela se apois na seley%o nervosa e ros meins classicas de tipo pedagozico. © contrale de conhecimentos opera por eliminacac. No fim dasia selecdo, os ““fatores psicoligicus"* sd sto levedos em come na medida em que eles se marifestam através de sintomas que atiajam as performances fisices, nervosas ou i ais. Esta divisan vertamente eliminou os grandes doentes meutais atingidos por sincro- mes deficitarios ¢ por instabilidsde emocional grave mas, ainda scira, cla néo permitia determinar a adeqnacdo psicolégica da popu laggo as condigdes de Labalho. Formacdo-progressa0 A formagao nas beses-escola nao depénde exclusivamente de elementos tbeicox situados fora de toda relacdo psico-afetiva. For- Maglo e progressto assegeram também uma selecae propriamente fasiguica. Esta se faz através do jogo da rclayao mesere-ctuno num procassa deidentificacto. ‘O mesire (Que seguramente esti adaptado as condicées de tra batho) consreiza, sem sabG-lo, as qualidades pslquicas nevessirias aes futuras pilates. S¢ 0 sluno piloto chege 2 se Hlentificar com 0 monitor pitoto de caga, & porque também ele possui o essencial das (qualidades aferivas, agressivas € 'metivacicnnis’' de sew mesire. O jogo ca identificacéo anda nos dois sentides: os aptigos dizem as Yezes Jos jowens pilates assim que elas chezasn, “este cara mio tem © [perfil da caca’' c seu voredio é freqilentemente confirmada em segue da, Bsia aptidae particular dos antigos em Julgar os mais jovens passa por uma neesssidade de reconhecer-se nds seus colegas segundo as cy vins ja detcritas de sou narcisismo-e de sua capacidade identificatoria E durarte a formasao que s- faz a erientasao nas diferentes carzeirai em fungae das caracter\sticas da personalidade de cada piloco. __Apesar de 80 ser objcliva, apestr de scr dependente das carac- ‘ou do monitar, esta orientacto-selecio, uma relacao de identiligayao, nao ¢ ¢ que a qualidade de um monitor ago depende so de seu valor pedagégice. mas também da sua rearesemateidede psicologica em rlado a quatidedes pslgub cis requetidas pelo trabelho que ele encarrezado de representar junto seas alunos. De manziza.que ond priacipal da elegio psiquica ‘os pilotes de caga &, antes de wo, a retaydo monitor-aluno na parte nea da formacdo aerondutica A adapiacae Eamondalidade mais s dos pilotos de o adesao do jovem emai Hoartent polenta elect A adaptagio represc Diferente da sripla selegio temente qualificada como objetiva) a tanto, feta sem cocréncia, Mano Delo contraric, ela resulta da yos0 ‘ooulto das calagdes que acompanham a progressic do aluno desde o: testes de entrada atéa qualificagSo de piloto operacional Em hima imsténca, 0 funcionamento da corzente seletive € superdeterminado pelas condigBes de tbalho. Se amanna os Mirage 1 forem modificados, assim como © nismere de missbes ¢ seu con teudo, imediatamente 0 comando mudara, os critertos amplicites de “adaptecdo” motificar-se-Ho, os manitores vindos das esq mudario, a oritniagho pera os diferentes ramcs da eviag&o militar de um mesmo aluno mudard, os exctuidos ¢ os fracassados Ca pro- sresséo ¢ daadaptacic ndo serdo mais os mesmos. 98 ipo de avian; aescolha da natu- ), a0 nivel de angastia a tolerar #,a0 fim, d agressividade indispensive, Apatece, assim, uma selecao psiquica dos pilot de caga que, no deiva deser de uma eficicia notavel. A bea foe, particularmente, 0 A atenuagdo de mede, Para ser perici trabalho exige ngo apenas vm contenido excey da tarefa mas também uma selegao rigorasa he enfrentar 4 cada dia as condicbes, de trabalho particularmente nocivas e a tolerar um medo que, que sela do nosso conhesimento, nde acontece em nerhuima outra sitta- sho de wabatho. A estruture mental muito particular dos pilotos de Saga contem (avez um “ro de foucura” gue nao ¢ mill para usar assima morrea cada di a aberta a questo pata saber se, assim como 0 corpo dos pilotos de caca, sua loncuta nao é racionalmente explorada pelo comando ¢ pela organizacéo do trabalho. E, ante: de estudar ap conseqiléncias do- sofrimento assumide pelos trabalhadores, nds devemos dar uma yclta pela analise de um on‘o crucial: a exploracio do sofrimento ¢ dos mecanismos de defesa destinados aconté-lo, pela organizacio do trabalho. A exploragdo do sofrimento Chegamos agora xo ca tule mais insblito, cue depois de ter sus- cilade nossa pro dade, nao deisard de levaniar divides € suspeitas no ude espontanea consiste em tomar como referéncia o sofrimen’a Fisica. Toda doenga fsica £ pode ser preju dade ¢ & rentabilidade ca empresa, Mas eis Que 0 sofrimento mental, urta vez mats, nao se deiva encerrar por esquemas forjados fora de ava cocréncia, Esta € a diterenca ecsen- Sal, cue funda a osesicde entre a medicina ¢ a psicanilise. 12 mca cionamos, nos capiculos precedentes. alguns aspectos “‘funcionais’* do sofriment igados 4 produtividade. Nas tarefay repetitivas, os comporiamenios condisionedes nfo 640 unicamente consequércias dls ovganizacdo do trabalho, Mais do que isso, estrutucam ioda a vica externa a¢ trabalho, contriaundo, deste modo, para submeter os ttabalhadores 20s crttrios de produtividade. A erosio da vids mental individual dos trabalhadorese il para ¢ implaatacto de um compor- jamento condicionado favoras produpo. © softimento mental aparece como intermediario necessaria & submissa0 do vorpo. Na construsao civil, j& haviaros assinalado 0 valor funcional da igeolog ocupacional defcnsiva, tanto no que diz reszete a conti- naidade do trabalho rom alto risco, eoran mo tocante A seloydo ce pessoal ‘Na avlagao de caca, a exploragao de uma loucura bem especifica 96 permite eacontrar homens capazes de se langarer aum desafio mortal com os elementos naturals. Mas as coisas néo param por ai. Para ilustrar nossa afirmacio, faremes referdncia a dois exemplos tirados da industria. Com as tele Fonistas, veremos como softimento proveniente da Insatisfacao pode ser utilizaco para avmentar a produtividade, Depois, a mediisteia petroquimica fasilitara nossa domonstragho de como o medo pode ver ‘uma engrenagem determinante da organizagan da trahalho. 1. A exploracio da frustracto Apresentamos a seguir nots tiradas de uma pesquisa com tele- fonistas (de Dorsinique Dessors, nto publicrda) — "0 trabalho nos deixa idiotas — "De tanio ficarmos sentedes, fieamos oom 9 aseiroachetado, (erminamos tendo uma bunda hon trabalho ¢ completamente falso. Quande falamrioe, ¢0 PTT que fala. Quando ex saio do trabalho, falo com as pessoas com as fraser doPTT.” — "As frase que a gente tem que dizer sic: ‘496, informagdes";, ‘nao podemos di — “0 queo ques Sr. quer? = “Em segulida, & preciso enquadrar 2 igfoumagie, ou scja, . numa linguagem codifivada, depois de t@1a cbtd mi seguida, @ precisa guarcar a informagao e prociF crofichas, Sobretude no inicio, esse esforco de meméria nfo Nao podemos dizer, por exemplo, “0 pergunta.”* , devemes tepetir a informagto pedida sob forma de ‘of ultimo, devemos dar 2 informacao sob forma de “1es- posta’, na tinguagem codificada de PTT.” —“Enfim, no case de agradecimento do assinante, ¢ a unica situagdo em que temas o direite de dar uma tesposta livremente escolhida.”” * Postes, Teléarames et Terorimuaicaioa , na Frama # empresa sina que agrupa ‘os corveies, ellgrafes etelefonia (N. d0 3, 97 a destigar primeira. Assim, fio temos rer locuter.”” eceber, ¢ uma vem de ines fichas (quer dizer, & auma c itera’, para nao dizer que oO PTT nao a possul. 50 esperar que O assinante tenka acabado de u aprendizagem nes ensinam que 0 desencorajat as pessO2s de inforeagies existe porque catdlogo tlefénico éincempreen: a) Comtroiee hierarquia As ‘clefonistas podem ser escutadas sem 0 saber a qualquer mo- mento, Hé um controle exercido sobre dez a quinze pessoas. Consta de: — contadores para o numero de chamadas (45 a $0, em geral; 120 para jungbes especifiras}, — contadoresdo tempo década chamada. Sea chefe do controle estiver de “man-numor’, Haver sempre qual- ‘ue? eaiea pera comentar. Saja que a linguagem rorreta nz seja que a resposta foi muito demorada, seja que fo m Acabamos com torcic que d& aocas que ficam registradas num relatério, indostrut telefonistas s40, geralmentc, do interior (quase 90% delas), ¢ encon- traram al seu primeira trabalho. Pois ¢ um trabalho mai conceituado, detestado mesmo. Todes elas esto em fila de espera para serem feridas para o imerior, onde o trabalho & menos sobrecarregado & ‘onde se Teencontram com suas cidades de origem. Dai a imporlancia das notas, das quais depende a possibilidade de conseguir uma vaga fo interior. 98 No centro telefSnien em questo ha 400 telefonistas; do 1.006 ag toda, na cidade, de Patis. Ha homens trabalhando durante a noile, pois as mulheres ac tam 0 direito ce trabalhar. A noe, se reduz 0 niimera de pessoal. de maneiraa scmanter 0 mesmo ritmo de Lrabalne do "As ve2es, clas so Jevacas a dizerem cotsas estupidas. Por exem plo, um assinante pede um nimero ce telefone do interior, e a teleto- niista perguntathe se cle tem 9 mimero de seu correspondente. A ‘pessoa se irila © pergumta se estao "“gczande da vara dele". Na ceal dade, a pesquisa de informactes pode refenr-se ao numero do estado 9u a0 admero do assinante, no interior dequele estado. “Estas priges so wos causa iensto. Muitas fu has ¢ 1ém um sotaque bastante forte, de modo que. revebem incultos racistas. Uma taiea resposta desagradivel pode acaber com ui dia de trabalho.” camos Lizadas ao posto de trasalho por um equipamento munido de um flo bem curto, Ficemos canarradas, pois se a geute se vita ¢ detida pela exiensdo do fie, Temos uma verdadeira sensacio de estar acorcentadas. “Por outro lado, s6 temos um tinico ponto de escuta no Fone, e coma outra orclha ouvimos os ruidos da sala de trabalho eas cutrae colegas falardo; isso provoca um efeite de ruido, de interferéncia com a voz do interlocutor, schtetado quando se uata de uma mulher.” “So podemes desligar se nao ha nenhumn assinante do outro lado do fio, Devemos, antes, repetir: “Ha alguém va linha? Ha alguém? Desligando’, “Ha alguérn na linha? Ha alguém? Desligando' — e este 0 unico vase em que se pode dedligar primeiro. Mas repetir tudo isso tres vezes, quando se sabe muito Dero que odo bé ninguéin, ‘deina qualquer um completamente idiota’ “Trocames de posto a cada periodo de trabalho, manh3 ow tarde. Ora, no comeco de cada comunicagao, € preciso anunciar 0 niomero do posto receptor, para que as reclamacées dos assinactes postam identificar a rerponedvel. Entao, achamos um jeito, que con- siste, ne womente do ‘slie" , rewmungar de modo insompreensivel ‘numero do posto-ein que estamos.” “Na saida do tratalho, no metrd, as portas automaticas come- sam @ fechar depois de um ruido, semelhaate ao do telefone: dize- Bigs entdoo nimero do posto de trabatho.”* “Quando a/guem oa rua nos diz born-dia, respundemos: “0 que osenhor dese} “As vezes, no irabalhio, sabemos de cor uma informacdo, mas ao ousamos acreditar nisso, nfo copfiames em nossa memériz, 99 = verificamos tudo, sisiematicamente. Depois, repensamos nos nome- rovaqunsah hequenerentesadoncom fares os nome BUSA ‘tony oy acuunes om ha cote Rt de paranta palavras, destacando cada silaba. E menos cansative falar aisim do fe ft novmaiuane; Poa tomes cate saion sarees tho pretoancs evar saetindo, Beg stra 9 rans, contrunmos ¢ naquele sketch de Yves Montand (* bo: peno de wats quando elas fers, 0 que malt dctemor eer dosaparers, que deshgue, que fiquern Somcamos a weapon cotta sau curo ctunade, Baier gma depressa trabalhamos ¢ mais chamadas respondemos."” Ao ts dotababo so wravsao asaes ies sonics acid o aie munca ta antes ao care un Seat ek eae ae qimao, com medo de cair. Nao tenho mais confianca, O ambieate Inepujc soso, semguve Tole ccenarts Se cegenac ‘Fara se ter pausis maiores ou suplementares, ¢ preciso armar uma estrategia expecial em relapéo a chefias, HA jeito para se per- guntar, por exemplo, se‘s caixa estd aberta’ ?* &) Diseussdo ‘Tbs elementos principais ressalram dessas eatreristas: — primeizo, a finalidade da informacao telefonica: T Setundo, a forma eo contesdo do rabalho; —finalmente, as quettde: relativas a hicrarquia, a0 tipo de comandoc & ergaaizapao do wabatho. » A finatidade da informacas relefonica As mformagdes tclefonicas existem porque o catélogo & incom. pleto on incompreensivel. © exemplo seguinte dlemenstra-o: 0 plaral de “Aux Fleurs'* (As Flores), nome de una loja, nao & levado em conta na ordem alfebeuea; assim, para encontrar essa informacdo no 10 calalogo, € preciso Ir prorurando, susessivamente, nas letras AUP. endo em AUX. Pacemos compteender como deve ser horrivel passer 8 horas por dia sendo uma espécie de prolongemento do catalogo. A formae 9 cantetete do trabalio ‘Aqui, forma ¢ conteido sic quase sindnimcs: 0 conteddo’ fica to limitado, ridiculo e estere io como a forma. Epreose mencionar 0 fiome “P.T.T.". Nao se admite nenhuina arieedo no vecabulério, no nilmeto de irases, sem no tempo stl zado para promuncié E obrigatorio que, de aigum modo, a tele- fenista reprime suas intendes, suse iniciativas, sua Enguagem. Em outras palévias, sua pervonalidade. Felar “P.T.T.” & a cada ins- lante, ama proibic&e de ser ela mesma. {10 romente & probido se expressar e pascar, nas respostes a0 (or, 2 minima parccla de éesejo préprios de bor:-humar ou ‘de cansaco; de agressividade, em tesposta a um insulto; ds prazer, por ccasida de ama conversa em que se eOmtunicou com simpati Mas lambem é aesessério que no 52 ouga, nas palevras do outro, tudo agutlo que é proprio, individuaizante, do interlocutor. N&o sé dave eseutar a maneita como sé apresenta o discutso do ontro, [Nio se deve prestar stensiio aos detathes do que ele fala. Nao se deve ouvir suas hestaches, Nao se deve percebor seu tom desagracivel, ‘Do discurso do outro deve-se extrair apenas 2 ipformacac solicitada. Deve-se substituir seu enunciado por uma traducio, depurando-o, twacsformando-o, dando-Ine a forma c 0 conjeido P-T.T. Isso chega ds sais do absurdo, na conversa dirigida ao siléncio: ‘"Ha alguém na Enha? Ha alguém? Desligando,”' repetida trés vezes. IE resse duple sentido que tanto a forma como 0 contedida do twabaltio impeden qualquer relacionamento. HA uma contradiao fundamental entre um servi¢o destinado 4 comunicacio € a proibiclo ‘de qualquer relagao psice-efetiva = 0 terceiro aspecte dia reepeito a hierarquia, a0 comando, 0 controle e d organizugte do ‘revitio © cixo eentral desse violéncia do poder baseia-se no estado per- manente de poder ser comrolado. Nao ce pode imaginar uma disci- plna mais eficaz ou perfelta que a existente, pelo fato de se poder ser eonirolado a qualquer momento, sem mesmo saber em que mo- tor mente sce contol & xr, De cso moda, eons an e urn autaconteole Peis ict med de ser viedo ¢ igi asimesmo. O medo © anseldade so 08 melos peor uals se com. Segue fazer respitar ox precsioe hierdequices. Ne primero plano aparece a ansndace! apt conforme as onons rece Obedaeer ¢ cio que aabamor de deserve, nt db svi vaio de seneo sistema dsepier,o8 aropouto dos comportamentos condonsor Hivtm compromiiso entre wn “emer” orm requeido pela aulseepressie eonselene) € uy {en Telapao 4 vida psiquica espontines). O condi a0 esforso. mistas propiciz 2 ocasido de tratarmas da lensio nervosa” e a produtividade Teoria se cnr, aan sete atest o-tepressa0. cBes agressivas 640 provocadas pelo interlocutor, pela cantrcle e pelo conteudo in auacods tarefe, Pile senieide inede- A flustragho e 8 provocarées acumulam seu sete - candg, em coajunto, uma agressividade reativa, SS Prove E esta agressividade que ve rab Beressvidade que val ser explorada pela ouganizasto do lade de se encontrar uma saida direta, qual pode ter 6 destine dessa agteivdade? Uma endlse, que fA eos somo objetivo devalhar aqui, permitiria mostrar que a tiica saida $ de voltar a agressividade contra si mesmo (40), A auto-agressao tem formas maltiplas. Mas a amplitude da orga- rizagic do trabalho tem, nesse caso, um papel muito importante. Diante da necessidade de respeitar a realidade (selério e disci. lina da fome}, a telefonista tem interesse sina da fome, ta tem interesse de orientar essa cnergia aptaghe & tarefa, Devido a um processo que transforming, if, por intermedio de um retomo contra st jue (4), &inplniad um eeu vise, onde 2 Patesto ai ment & discipina — base do comportamento condicionad, eatide a0 Capitulo 11. A teleforisia teansfo fd tet ma proprio condicionamento. “em aries do Ha Ewa ¢.a prmeita sida possivel, oferecida 4 ayresividade reativa ea frustragho. No peste de Labalho, especificamente, pode implantar-se um circuit semetnante. Contra 9 assinante desagradavel, 2 reagdo agresiva nao tem incis chances de se estetiorizar do que contra a controladora, preci- Proibigéo de responder 9, proibiyao de irrtar 0 outra azendo-o espera ‘a inica solncio aulorizada & Teduzir 0 tempo ca comunicacdo ¢ empurrar o interlocutor para Aesliger mais depressa. De manetra que a tinica saida para « agres- sintdade, alids bem restrita, 6 trabathar mais depressa. Eis zi umn tato extragidinénio, que conduc a fécer axmentor a produtividede, exas- perando us ieleforusias, De sods que mio € tanto exortandoves a ‘rabalhar répido mas provocando ifritagfo © a Censéo nervosa nas {eiefonistas, que a controladora pode obier melbor rendimen ‘De um iado, temos a angustia como correia de transmissdo da repressao e, de outro, a irfitaedo € a tens4o nervosa come meias de provosar umn aumento de producao. ‘Mostra'se enito, nesse uabalho de informagbes telefOnicas, que «@ safrimento psiguiea, longe de ser um eplfendmeno, € 0 préprio instranento para abtengéo do trabalho. © TRAPALHG NAO CAUSA OSCFRIMENTO, £0 YOFRIMENTO QUE FROTUZ O TRADALHO. Para aumentar a producio, basta puxar a résdea do sofrimento psiquivo, mas cexpaitando-re, tatcbem, 0s limites e as capacidades de ada im, senao arrisca-s fazer descompensar umd ot outra, através de, por exemplo, crises de nerves. . Mais do que uma verdadeira organizesao do trabalho, 0 con role das telefonistas aparece como uma tecnologia de poder mediada pelo sofrimento psiquico, Essa consialacio }4 havia side feita por Bégoin, ma: nfo encontrava explicagdo na (eoria pavloviana, “/Algu- ras das lelefonisias chegam a tendimentes excepcionais, nde por excesso le alo, mes poraue 0 trabalno — éhzers — as enewva, © quanto pido trabalham.”” Via de resra. sio ‘as 5 € vonsideramos avcis, menos cientes etc, Podernos dizer, sem exagero, que O {elefonistas (umn dos elementos essencisis no quadre de sua neurose) uma docnga nevessaria, nas condigbes atuais, para a realizacdo de suas tarefas profissionais, O sistema de avaliagdo por notas ¢ modo ec calcular a produgic so fazem agravar esse estado de coisas (Bégoin, B. 145), 108 gue dispensa qualquer comen- "Um anécico’ do trabalho trowxernos umn exempla. moreso. .). Numa empresa, baviam selecio: Aclicade, que requeria vana habilidade prof mimeso dentte as “melhores meeandgral nur trabalho que era particularmente intens des de hipertirecicisme. Uma anamecse jada, mastrau que elas j4 apresentavam certos sintomas, antes lantos outros mevardgrafos, ume tendénca. Podemos relacionar esta wulizagao do nografasa da louenra narcisica nos pilots de caca. (O gue é explocado pela orgasizarao do trabalho "do d 0 sofri- emt si mesaro, mas principalmente os mecanismos de cefesa ‘resultz da organizacio do jo proprio do sujeito. A fru como para aumentar 9 ritmo de trabalho, 2. Aexplorarao da ansiedade Nas industrias quimicas, reina a ignorancia sobre os processes « seus Incidentes. A diregao nao poce fernecer um organograma das tarefas, em tazao da propria aatereza do trabalho, que se estratura. em Fungo des incidentes que se deve enfrentar. A ignorincia dos tabaihadtures: na maioria des casos, 0s waba- Iadores ignoram o funcionamtento exato ess0 Industri continuo: o nome do produto de entrada de salda, o nome da insta | O bpertrendime corespands a ume hiperatvidade da glindula areBide. A inte ¢, sobretnde, por uct sonade, espentansane se tervosisme que [aj aqu see ‘som fonke deatunente da produce 104 : | Jagdo, sua tonelagem, seus rendimentas globais, sua data de Tostalagao, alguns dados quentitativos relatives aos limites de temperatura, de presiao ctc., foruecides pelo painel da sala de controle. Mas fo ‘xiste conbecimento coerente, nem sobre o propric processo, nem sobre 9 funcionamente das instalagtes. Nao existe reahurma forma- $80, & cise respeito, destinada aos trabalhadores. O saber circula a dive! dos engenheirs, dos esarit6rios de projetos, da maizig ma capi- tala ‘Nao ha saber continuo, mas, ainda assio, hi um saber proprio Na realidade, 05 trabalhadores Geitim conkecizieatos comsiderdveis sobre a emoress, Eles aprendem, esporaneamente, 20 longo do tempo © pot hébito, uma série de “dioas", que efo a forma pragmética € peratoria do saber do tabalhador. Existera apenas algurmas instru- oes dadas pela ditecao: a temperatura d: nko deve Ultrapascar 70°C; a presslo, em tel aivel, ndo deve ubrapassar 25 statosferas em tal ponta, o fluxo de produgdo nde deve deseer shoix0 de tantas toneladas por hors etc. Batrotanto, estas iastrucdes sXe bastante insatisfatdrias. Os one- ratios aprenden, aos poucos, a interferir nas etapas intermediarias 60 processo de producde: paraque.a temperatura 120 wlirapasse ‘al nivel, deve-se manter um volume inicial que “retire 0 calor”; do mesmo modo, um certo barutho corresponde a um vilina, produtc que entra ta fabricasio de que exa indo bem, outro tipo de barulho significa que 0 P.V.C. esi6 indo bom ¢ “fez bolhas". Ac longo de sua experiencia tempo de trabalho, o operario assoria 0s comentdries dos colegas, sobre aquali- je final do produto, aos barulhos da maquina. Este saber nao esta ‘escrito, nflo sc formalize, mas simplesmente cireula entre os traba- Ihadores, quando existe um ambiente de traballio onde ha eomparhei- rismo. A transmissio desses conhecimentos € puramente or junto de “‘macetes" assira acurnuladas e coletivamente part pelos trabaltadores €0 que faz a fabrica funciones, "No nos enganemos, 10 se trata aqui de deialhes secundasiest O essencicl do saber & veiculado e utilizado de operdric a operario, sem intervengio da dizegdo da Fabrica, ao conlrério do que postula a Drganizaco Ciemtifica do Trabalho. Entrelaato, esse saber pregmitico é incampleto ¢ pouce tan- Alilzador, pois ¢ colocado em cheque por uma troca ce pesto de tra- stalegto de um nove ejuipamento de exzustae ou de 5 macetes farcionam, € claro, mas nao represen so com stu know-how desenvolvido. completa ‘ates0es, wem ume verdadeira formas ou win ns nance se conseguia compreender bem, e que tem os problemas comi isitar as instalacdes, endo ns thes dam 1ss0, as vezes, dura varies dias."” E bulncadeira, eles percebem que ndo chegam a Na-se que OS ‘nao saheriam fazer funcionar, so: © conhecimert de que dispdem ica indus: instcugtes Eo que, implicitas de “interpretacao das ordens Derse_modo, Quando mentes ot ente, & diney Xo uma nova. cegra de trabalho, Quande da intredagio de am novo eata- “Durante as greves, nos 0S as possiveis Tedugoes de pro: duce que ao afetariam as insialagdes. F nesses discussdes que a dircgéo se mostra. Nas percedemos entio que eles nfo saben até once se pode ir. Foi assim que diminuimos o sumo, mais do que 106 i haviam diuo que seria possivel, ¢ nada explodia. Uma outra vez, um lega antigo me disse que ja the acontecera de descer, ura ve2, jngolcu na prodvgfo, de vez." 08 gisseram que era petigoso parar. por- sabiam disso rma oulra ver, el ‘iar depois provocaria uma exploséo. porque houve uma cxplosio, na Inglaterra, com 15 sm que comecou a primeifa vez, ¢ eles nao sabiam que hevia “Todo raunde sabe que ndo se sabe.” Quando acontece 1m aci- dente que aap era prev jotia das vezes, ado por falta de precaupdo, mas porque ninguée tinka entes nenfuunta experiencia @ respeito Essa ignorancia, que permeia o funcionamento da empress, tem uc papal fundamental na comstituigao do Risco ¢ no Medo dos Trabalhadores, Ignorincia, medo ang ‘Omedo aumnenta com ignorancia, Quanto mais a relapio homem/ trabalho est caleada na ignorincia, mais o wrabalhador tem medo. S20 ais duramenie aringidos os que so novos 10 trabalho, toralmente desermades face a um mistério ¢ a um riseo mais indefinido. Em consequen: rabalhadores seaten urn redo muito maior quando madam de fanedo, pois ainda conhecem os "macetes” © wtimo aspecto, paradoxal apenas na sparé ores nas pesquisas realizadas, é que ‘a polivalzn nervosa, ehé caras que se acabam quando ficam potivalentes 5 ésperar que 0 trabalha- dor polivalemie, tendo siaior acesso avs dominio maior do proprio insirumento de trabelho. Na verdad, acon- lece 0 contrario. Em sue propria {ungho, o trabalhadcr — mesmo sabenda vagamente que winguém sabe tudo — confortase som a divisdo do trabalho, que teduz as responsabilidades ¢ as vari desconhecidas. Quardo se torna pelivalente, descobre que 2s fungdies de tcabalho sao come a sua, ¢ que @ incer‘eza do colcga ¥ hoe lao grande quanto # sna, (© polivalente, na verdace, conhece um grande ntmero de "“ma- frontado a uma extensae do ris emtin, que essistamos a uma descompensac3 médiea, ao Tepouso forgedo e 2 um tratamento medicarentoso “por depressao 197 Sendo 05 sraprios trabathadores, s8o numerosos os compa, aheiros. que descompensam De cue monsira? Pode-se fecapersn s estigmas do trabalho? E bem provavel que o$ 85 desses eps medo, que Ihes parece vergonboso, cu disfarya-lo, como de si mesmos. E mesmo quando acusam 0 trabalhe partide, nunca incriminam o rises, nem o miedo. A de: aparece entio como um quadro bilidade © & depressio, Para om nada de especifico, pois a crista) lisces, financeiros, sociais, acaba por conferir ao epishdio umn carat mais pessoal do que especifico do trabalho, {sso se explica, se admitirmes que, a partir de um certo nivel, medo ew apreensaa sofrent sma verdadeira dissobielo na angustia;, Seo auer sir quo, ransbercande, a defess indviduais de'xam ingit conflitos intrepsiquicos, inevitavelmente eaiiva ua po permanente de risco. Se rehados ia stag Nenhum operirio, como nenbum cutro homem, esté a salve de uma explosao de angistia. Embora seja esquemitica a entre medo e angistia, na pratica, essa ligaga0 € bem an ireqiientemente, nfo completamemte confia: Tecuperagan somata Titmos dé descanso operitios precisa de remédias para dors agtentar durente a jomnade de trabalho, Os icos e anstoliticos sfc largamente consumidos. Quando volta para casa, 0 trabalhador 4 que pode explodir? $6 ficara tranquilo no dia seguin voliar ao posto de trabalho, F, pouco a pouco, toda a vida do operario é atravessada pela ansiedade ecrada pelo trabaihe. ltrapassar a fronteira entre o meco e a angustia. Na realidade, a ignordncia consciente sobre o processo de trabalho aumenla o med: corna o risco cada vez inavr. Por cuit lad! © aparecimento do medo. Sabemos que a -acdo, o know-how € 9 saber, em geral, representam um des mecaniomos de dofesa Tundameniais para a scouvrala pal quica, O trabalho — uma das modalidaces de resolugdo de cert Confites ¢ de regulacao da vida rsiqy essoas, um modo privilegiado de ec io. Nas indusirias petroxgui- 108 micas, o trabatho que tsa em si riseos, gera 0 medo € destrdi certas defesas contra a angistia, subme'e, assim, a vide piquica dos trabe. thadoresa duras provas. tempos ‘mas sé também oportunidade pare jogos tdi de earias aos jogos perigosos, que poem em perige a vida dos operd- tos, passando pelas competigaes esportivas no proprio local de tra- balho. Ha verdadeiros jogos “climpicos™ no interior da using; a railyes, comridas ¢ jogos de bola que duram a noite inteira, Ha vom Cursos, as vezes perigosos, que se prolongam por varios dias, como ha também brincadeiras ¢ gozagSes de dimensbes inusitadas, que 2 prolangam por dias e & vezes semanas, coasiituindo-se verdadeiros Genérios de ago, com regras absardas ¢ inventadas, de todos os 5. Entre estas, as miais froqtientes dizer respeilo acs ‘ 1it0s d seguranca””. Faz-se corter 0 baaio de que € preciso vestivume roupa especial de protecao cont muitos dias um bom nimero de norma, Exagerando um pouco mais, jaduz-se os “ps igirem A diregio, para pedir noves eauipamentos, de medo qu enganayao seja descoberta, Freqtientemente, praticam-te jogos verde- deiramente perigosos, Atras de uma pilastra, wa tratalhader usa extintor de incéndio dirigindo seu jaio, bastante forte, comma os coleges que passam, com o risco de feri-los, De tempos em tempos acontecem acidentes. Foi assin que nos contaram que um operirio fugindo da brincedeira, teve @ pera presa numa protero dc s. Ainda eafdo por terra, um grupo de oneraries jogou-se sobre ele, comegando a praticar uma série de mpassagens museulares fna perma machucada, com ¢ dorso das macs. Durante algum tempo, em meio aos risos ¢ a uma folia geval, simularam gestos mdico-c- TTargicos, at€ o monemio em que se agerveberam que 2 perma fraturada, © operano negro do emuibora, cm ambu @ nunca mais foi visto na Fabrica. Foi indenizado € a direyao pagou ate suas dividas, sem que neahuma punig20 ou repreens4o thveste sido feita aos colegas responsiveis pelo insidente. A dizego quis, mari Festamenle, enterrar este episddio, Os trabalhadores chamam tzis 109

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