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a Leno Veloso | Frederico A, 1. de Oliveira | 2° Jeferson A. ¥, Bacelar | & Ciéncia e nterpreta¢gao do Direito homenagem a Daniel Coelho de Souza Lumen Juris Rio de Janeiro, 2016 Scanned by CamScanner O Prinefpio da Solidatiedaue Frente 10s Fendmenos da Litigag‘io Repetitiva (Repeat Players) € Apatia Racional (Rational Apathy) Alexandre Pereira Bont! ‘A presente pesquisa parte le uma constatagio flossties nidade produziu um lado sombrio nas relagdes ¢ desinteressada — desenvolvida nas obras Condigio Humana” (2011) de Hanna Arendt e “After Virtue” (1991) de Alasdair Maclutyre. Por conseguinte, essa sociedade (de massa/desinteressada) fomentou uni grave distorgiio no modo como os danos sio produzidos ¢ encarados pela Judici- rio pelas vitimas dos mesmos, j4 que por um lado o sujeito atomizad na mo- demidade aceita com parciménia condutas danosas, especialmente as de baixo valor ¢ intensidade, ¢, de outro lado, essa apatia racional (tational apathy)* est& imbrincada com a existéncia de litigantes repetitivos (repeat players)? que se be- neficiam dessa apatia e da falva de responsabilizagio a altura dos danos causados. 7 reels a ee Unters Federal do Part - UFPA, Mestre em Dirclto pela UPPA. Pte dc oe Paté ~ UFPA. Graduado em Dieto pela Universidade Federal do Pani « le graduagto ¢ pés-graduacio da Universidade da Amas depoeqndote Tee ago da Universidade da AmazOnia - UNAMA. Professor Uaresério as Pad la Superior da Advocacia — ESA. Professor de pos-gradungio do Centro CESUPA. Profestor Orientador da Li Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Essas duas consequéncias (rational apathy e repeat revelarem um aspecto banalizado e padronizado da produci 7 Belo fy tiedade aval, podem ser earacteritadas preocupantemente cone om violagéo de direitos (fundamentais ou nic) no bojo das telacées pete | dendo oalerta para a teflexdo sobre seas instituigdescriadas net pS em dltima instncia servem para garantir 0 tespeito € a conctetizacsy 4.1% «4 7 cal eked, n G40 de | 4 bésicos® «slo defcitrias em face desses fendmenos, de modo a cama “reflexdes préticas daqueles que se preocupam em agir, quer como jugs como estadistas, quer como cidadsos” (FINNIS, Op. Cit, p. 31), um df, ne 4 mentos do Direito Natural. ; 4 Embora esse trabalho nfo utilize em seu desenvolvimento 0s prespoam, da teoria do Direito Natural, reconhece a importAncia de refletir sobre ahar. monia das categorias juridicas e das instituigdes que garantem diréitoscomum | modelo de racionalidade juridica suficiente para impedir graves distorgées mo- rais e de fortalecer os lacos de dependéncia comunitétia entre os membosde | um determinado grupo de pessoas, dimensdo esta que também se encontano pensamento de Ronald Dworkin, especialmente quando trata das obrgayes comunitérias/associativas. As obrigagSes comunitérias/associativas na concep¢ao dworkiana nade tem a ver com deveres que sio deliberados @ escolhidos, mas sim estio rl cionados a uma atitude interpretativa, porque deve-se honrar compromisss que surgem no bojo da pratica social na qual se esté inserido, os quais et vinculadds a um grau de reciprocidade e nogdo de integridade.e interpret" motivo pelo qual este tipo de obrigacao implica em algum: sacrificio dos prépr* interesses (DWORKIN, 1999, p. 237/244). Nesse viés, é possivel. conceber uma comumidade politica como a i com personalidade ¢ exigéncias prOprias, diferente das dos individvos baa ‘ compée, de modo que ser fiel a uma prética social implica agit de 220% 6s prinefpios que emanam dessa comunidade petsonificads, 0 que POT A afasta essa moral das erengas popuilares, mas que por outro est Hy um conjunto de prdticas. Assim, o agir moral em harmonia ‘com essas _ . 0! 10- Os ben bsicos so evidenes por mesmo, inguetionsvels, 6 valores 03 NSE a ara qualque: boa ago do homem, além de serem fundamentals pare plone FOS 5 6f- server de teferéncia para a avallagto das intirulgées criadas pelo homem (FINN! O Principio da Solidariedade Frente acs Fendmenos da Litigagao Repetitioa (Repeat Players) e Apatia Racional (Rational Apathy) nada tem a ver com 0 que as pessoas individualmente pensam ser 0 moralmente correto (DWORKIN, 1999, p. 204/208). Portanto, a concepgio do direito como integridade a tarefa de explicar como um padréo de comportamento exigido por princfpios surge a partir de uma prética social, se caracterizando como uma teoria do direito que possui um elemento comunitério, porque embora acate um certo grau de liberdade de per- seguir ambig6es, compromissos, projetos ¢ interesses pestoais, essa esfera da'so- perania individual sofre restrig6es pela intégridade (DWORKIN, 1999, p. 211). Essa concepgao de direito (direito como integridade), adotada como pre- missa na presente pesquisa, presta substrato para justificar a interferéncia daau- toridade do Estado na esfera de direitos dos individuos. Vale destacar que a ati- vidade jurisdicional também tem cunho politico, nao de politica partidéria mas sim de prinefpio polftico, especialmente em casos controvertidos (DWORKIN, 2001, p. 5/6). E por esse motivo que 0 direito como integridade defende uma viséo “cen- trada:nos direitos” e ndo no “texto legal”, em razdo da amplitude a que o ma- gistrado estd autorizado a adentrar, aproximando a atividade jurisdicional da politica. Enquanto que'a concepéao “centrada no texto legal” afirma que © | poder do Estado s6 pode ser exercido contra os cidadaos a partir de regras explititamente especificadas, nfio podendo inovar até que as mesmas sejam modificadas, a concepgdo “centrada nos direitos” parte de um ideal de justiga substantiva segundo a qual os cidadaos tém direitos e deveres morais entre si ¢ \ Tear no Estado, assim como 0 Estado do Direito necessita incorporar e aplicar ireitos morais (DWORKIN, 2001, p. 6/2). cate senica que 0 texto legal (constituigao, leis, decretos) nao tenha 4 at Pelo contrétio, “um elevado grau de aquiescéncia a con Work ae texto'juridico parece ser hecessério a uma Sociedade justa” i iia ns 9). Contudo, sob essa ética centrada nos direitos, nao $80 nds € muito oe que 0s outorgam, nem tampouco a inteng&o de sobe- SE de concep omneso em uma certa comunidad, apesar de muitos rm co co alegarem que se trata dé uma versio falta do refletit previsibilidade na vida dos cidadéos nem reivin- Pay Scanned by CamScanner ‘Alexandre Perera Bona De fato, @ integridade nao exige concordaincta (exceto na fase reine ), A propria falta de consenso sobre direitos morais e a pluralidade de pines enriquece a prética social, de modo que a existéncia de direitos ex imbricada com a comunidade personificada, a qual € um ente diverso dos Sujei- tos que a compe e, por esse motivo, exige um conjunto de padrées que podem nio ter relagdo com a opiniao da maioria. Minha visio € que o Tribunal deve tomar decisées de princfpio, néo de polftica — decisGes sobre que direitos as pessoas tém sob nosso sistema constitucional, no decisées sobre como se promove melhor o bem-star geral (DWORKIN, 2001, p. 101). Construir os direitos a partir da comunidade personificada exige a com- preensio de um tipo especial de moralidade polftica que respeita o passado * © presente ¢ o futuro, considerando que a melhor concepgio de direitos seré aquela que descrever da maneira mais coerente a continuidade do empreendi- mento interpretativo, teoria esta que ser4 retomada mais adiante. A presente pesquisa busca refletir — na fase pré-interpretativa e interpre- tativa do direito como integridade - sobre se o juiz esté obrigado a pesar 0 Principio da solidariedade previsto no artigo 38, inciso I da Constituigo Federal de 1988 na interpretagdo de direitos inseridos nos fenémenos da litigagao repe- titiva e da apatia racional, pois caso possua, em algum grau o Poder Judiciério éstaria contribuindo para a construgo de uma sociedade mais solidérie, menos 7 ropes danos em massa, fortalecendo lacos comunitérios € de cats free PE60 do cit} se valem da apata racial além 2 “it ean do Poder Judicisrio. Neste cenério, engendrs- 'ismo que afetou a sociedade moderna, torna-se n- so de rt ore ae ot UY om thos rn en meu “Pv damages cle St80 em Joke 9 Pot melo do qual ox ofensoreesabem prevomeh® con rn GAN despenderso a tulo de inde (lar diteto alheio® (SONA, 2015, p. 102) ‘Scanned by CamScanner oS © Principio da Solidariedade Frente aos Fenémenos da Litigacis Repetitiva (Repeat Players) e Apatia Racional (Rational Apathy) fandamental retomar a discussio ética pelo canal do princfpio da solidariedade edo direito como integridade, que possui também um aspecto comunitério na andlise dos direitos. Primeiramente, ser4 feita uma abordagem da sociedade de massa e a sua influgncia na subsisténcia dos litigantes repetitivos e da apatia racional. Em seguida, ser dada continuidade a construcdo da teoria do direito como inte- gridade de Dworkin, especialmente explicando a fase pré-interpretativa e inter- pretativa. Ao final, reflett-se-6 acerca do peso do prinefpio da solidariedade em casos judiciais onde o magistrado se vé diante daqueles fenémenos enunciados pela flosofia. 2. A Influéncia da Sociedade de Massa na Formagao dos Litigantes Repetitivos (Repeat Players) e da Apatia Racional (Rational Apathy) A vida do homem em urna sociedade de massa é marcada pelo isolamento e falta de vinculos de dependéncia, formando o que podemos chamar de atomi- zacfo, que representa a existéncia de vinculos muito fracos entre os membros de uma dada comunidade, se perdendo a nogao de algum objetivo a ser alcangado em cooperacio. Indmeras razGes contribufram para a alienacdo do homem em relagio ao P*6ximo, como a reforma protestante, as conquistas maritimas, o movimento de aglutinacao nas cidades eo avango cientifico, porém nenhum desses motivos foi mais forte que o fato de o trabalho ter se tornado a atividade mais importante 4a Vida do homem moderno, ou, em outras palavras, o animal laborans ter ven- ‘ido o homo faber na modernidade. dae. ital laborans representa o estado do homem enquanto mantenedor Vida e do processo biolbgico correlato, néo se diferenciando nessa condigo nen animais. £ caracterizado pela atividade do trabalho (labor), ou seja, fannah Atendt o trabalho sinénimo de ac6es inseridas em um ciclo de = pio de necesidades imediatas, motivo pelo qual o resultado do trabalho cia breve no mundo “seja por meio da absorgéo no processo vital : bibs . Scanned by CamScanner do animal humano, seja por meio da deterioragao (..) desapatecem m damente que qualquer outra parte do mundo” (ARENDT, Qp, cj, 7 gt O homo faber (homem fabricante) possui como atividade a obra ia por mei da qual vilenta a natura pa produ objtos dre de seu ciclo boldpico, Nesse estado, o homem opera sobre a natunes 2k duzir um conjunto de objetos atifciais com caréter permanente Ihados por outros homens (ARENDT, Op. Cit., p. 169). A transformagéo do trabalho como a atividade preponderante dp rll moderno, fez com que todos os valores desse homem trabalhadot (anima) iby. tans) fossem tcansportados para outros campos da vida social. Assim, ¢ pects c{clico e efémero do homem trabalhador impregnou as relagdes Sociais de modo que 0 homem passou a néo ver mais nada além de si mesmo e sua respecting necessidades, perdendo inclusive o interesse pelo aspecto comunitétio e socal @ Sctem parti. Esse desinteresse pelo outro pode claramente ser constatado através da bifurcagao de dois campos abertos de vida e reciprocamente excludentes: a vida social e a esfera individual: “this bifurcation is itself an important clue to the central characteristics of modem societies” (MACINTYRE, Op. Cit, p.34).No aspecto individual, os individuos sao soberanos em suas escolas relacionadas aos bens que desejem perseguir; no tocante a vida social, a burocracia e as decisdes oficiais so soberanas, Ressalta-se que a sociedade de consumidores est imbricada com a scie- dade de trabalhadores?, pois o consumo desenfreado do homem caracterizado pela voracidade da substituigéo répida de mobilias, carros, celulares, roupes ¢ demais objetos do mundo engloba um processo produtivo composto de uta massa de trabalhadores para dar conta de imprimir alta produtividade em fe da velocidade com que os itens de consumo so tragados e descartados. 12 Tamanko € o olameno do home moderno que Mépenquias queentercem ue 0 i Maclatyre as relagées de crabalho e de consumo no poderiam ser caracterizadas cot ee ‘he OF Seus Componentes esto sempre em busca de bens externos a esses prética, coger Feet, Nese eid: As aiidades labors de boa pate dos habtanes do mun mode Podem ser compreendidas como uma prétiea not termos que Machntyre desenvolve Pisoveostt able prodaivo de dentro dos agos eomunitéis, te perdu angio de abl 10 Gis contribula para o ustento da comunidade e dos lars. (..) Por conseguinte, 38 ee ins om jeonecetariamente externas acs fins daqueles qu trabalhsm como if resak2 08 crabs bes interns foram excutas, asim como as ates, ae cna eo jogos 10 18 | ‘uma minoria especializada” (SANTOS, 2012, p. 101/102). Scanned by CamScanner peer O Prix pio a Solid ~ Répetitioa (Repeat Players) 5 af nesse sentido que se diz que o animal la we porque a abundancia e efemeridade do me ee ‘ do homem que visa a manutengo da vida, em contraste com o home, fie fi despende esforgos para que ot objetos labricados sejam efetivamemes ce oe steam durbilidadee permanéncia no mundo, usd gees eee da vida (caga, pesca, reproducao etc) se encaixa no ciclo intermindvel. do coe sumo, ¢ em ambas a fronteira entre a humanidade ¢ a animalidade sao estreitas: E possvel elacionar esse isolamento ocasionado pela preponderincs de trabalho com o fendmeno da apatia racional (rational apathy), visto que a vida plena do ser humano, de acordo com o pensamento de Hannah Arendt, deveria envolver uma relagao harm6nica entre a atividade do trabalho, da fabricagso eda ago (relacionada ao agir moral, reflexdes, decis6es), ¢, como o homem modemno dedica a maior parte do seu tempo a atividade do trabalho (leia-se atividade para mantet-se vivo), pouco espaco sobra para tarefas de preservacao ce defesa de direitos, pouco sobra para o agit. Nesse sentido, € muito comum deparar-se com situacées ilegais e danosas (valor minimo de compra para carto de crédito, clausulas abusivas, publicida- des enganosas, assédios morais, débito automitico de servigo ridio autorizado, descumprimento parcial de contratos) que facilmente so aceitas com parci- ménia pelas vitimas, seja porque tem pouca disposi¢ao ¢ vigor para agit, seja Porque individualmente considerados os referidos danos so baixos. Nesse desidetato, o lucro ilfcito a partir de uma apatia coletiva de peque- os danos gera outro fenémeno: o da litigacdo repetitiva (repeat players), o qual € telorgado pelo enorme grau de desinteresse pelo outro proprio. da moderni- ede, individualismo liberal a coexisténcia pacifica de setores da vida humana \Rcomunicévels éntre si, mas considerados-harménicos (a vida’ individual e a “88 comuniarig): *So work is divided from leisure, private life from public, the nent fom the personal. (.) And all these separations have been achieved ae is is the distinctiveness of each and not the unity of the life of the indi- (MACINTYRE, Op. Cit, p. 204). 1 " : iba {i UM mazisrado insensivel 20 mundo que Ihe rodeia e aos seus cessual Civil: meios de impugnagio as decisées judiciais e processo nos tribunais. Vol. 3. 138d. Salvador, Juspodvm, 2015. DWORKIN, Ronald. O império do direito: Trad. Jefferson Luiz Camargo. Sao Paulo, Martins Fontes, 1999. _. Levando os direitos a sério. S40 Paulo: Martins Fontes, 2002. . Uma questo de prinefpio. Trad. Lufs Carlos Borges. Séo Paul Martins Fontes, 2001. GALANTER, Mare. Reading the Landscape of Disputes: What We Know » Mare. ie ape i and Don't Know (And Think We Know) About Our Allegedly Contentious and Litigious Society, 31 UCLA L. REV. 4 (1983) Scanned by CamScanner MACINTYRE, Alasdair. After Virtue. 38 ed, University of Notre Dame me Notre Dame, 1981, * SANTOS, Lorena Maria de Moura. Comunidade e moralidade na flogty | de Alasdair MacIntyre. 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