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A pertinência da filosofia no mundo contemporâneo

“se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma


canção. Está provado que só é
possível filosofar em alemão”
Caetano Veloso/Língua
“as boas maneiras de ler hoje, é chegar a tratar um
livro como se é tocado por uma
canção(...)os conceitos são exatamente
como os sons, cores ou imagens, são
intensidades que convêm a você ou não, que passam ou
não passam. Pop filosofia.” G. Deleuze/Conversações

A filosofia no mundo contemporâneo também é contemporânea. Ela não parou


nos gregos ou nos escolásticos ou no iluminismo. Ela é múltipla, interessante,
antenada, falando sobre as coisas que nos tocam de perto: a vida, a morte, ser, estar,
devir, comunicar, amar. Ela ‘tá ligada’ no mundo, com os problemas ecológicos,
econômicos, políticos, sociais.
Este ‘estar ligada’, vem da própria etimologia de filosofia. Ela exige da gente o
tipo de vínculo que se tem com o(a) amigo(a). Só que dirigido para a sabedoria – que é
conhecimento aplicado, para a sapiência – que é saber com sabor. Um filósofo
chamado Espinoza falava do que pode acontecer no encontro dos corpos, humanos ou
não. Como quando seu corpo encontra o corpo de uma idéia, ou de uma sensação, ou
de um percepto. Os corpos se afetam, e isso causa afetos. Inimigos e amigos nos
afetam. Mas ninguém consegue pensar uma vida só com inimigos. Exige-se, para
sobreviver, ao menos uma rosa ou uma raposa – lembra do ‘Pequeno Príncipe’?
É gostoso ter amigos. Nunca os ‘temos’, no sentido de tomar posse deles, de se
tornarem um ‘bem’ mercantilizado, como um pedaço de terra ou uma geladeira ou um
livro. Assim é com o conhecimento que a filosofia nos presenta – mistura de
presentificar e presentear. Você não vai se tornar dono dele. No entanto, as palavras,
assimiladas pelo seu corpo que é mente e coração, vão se fazer carne.
“Cada palavra nova é reflexo de novos aprofundamentos, de uma
consciência do mundo e de nós mesmos. Cada palavra abre pequenas
liberdades, é uma violentação criativa. A linguagem está descobrindo o
nosso pensamento.”(Clarice Lispector)

Esses encontros transformam a vida. Transvaloram os valores. Mudanças


pontuais, singulares, parecem pequenas fulgurações de estrelas e acontecem nas
pessoas quando afetadas também por um conceito filosófico. Intensidades. As
cintilações funcionam em rede, se constelam e disparam transformações na sociedade.
Mudam o coletivo.

Dizer que é possível fazer amizade com o conhecimento, desenvolver a espécie


de amor profundo, carinhoso, que é o ‘phileo’ (um pedaço da palavra filo-sofia); dizer
que é possível partilhá-lo com outros – essa a diferença dele para com o amor ‘eros’ ou
‘vênus’ – é o sentido da solidariedade. Dizer que o amor ao conhecimento pode nos
unir é uma crença estranha para os dias de hoje. Mas filosofia rima com utopia. Uma
utopia outra, tipo o videopoema ‘nowhere’ do Arnaldo Antunes. Utopia é ‘lugar algum’,
nowhere é ‘lugar algum’. Mas no poema lugar algum se torna aqui/agora-now/here.
Uma utopia imanente de revoluções moleculares em rede.
“Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos,
mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos
espaço-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos.”(Gilles
Deleuze – pensador francês contemporâneo)
Ela – a filosofia - propõe essa amizade que exige o melhor de você, porque ao te
conhecer tão bem vai tocar nos pontos fracos, não por sadismo, mas para provocar
crises e mudanças. Como um melhor amigo faz. Nem todo mundo quer amizades
assim. É preferível, para muitos, o coleguismo apenas - tanta intimidade assusta.
Agora, essa proposta é para todos. Você topa?

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