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Monteiro Gil

Fotografia de Fernando Curado Matos


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Olhar com outros olhos
Rui Jacinto
Universidade de Coimbra

A obra sólida e multifacetada construída por Monteiro Gil ao longo de décadas colocam-
no entre os principais cultores da imagem em Portugal no passado recente. No final da
década de 60, depois de frequentar a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, começa
por expor pintura, desenho e gravura antes de, a partir dos anos 80, assumir por inteiro
a fotografia como expressão criativa. A realização desta singela evocação de um artista
natural da Guarda, hoje e aqui, não é uma homenagem motivada por algum localismo
nostálgico que, embora legitimo, esconderia ou remeteria o meritório trabalho deste
criador para um plano secundário. Também não a podemos resumir a uma mera exposição
de fotografia, “Olhos nos Olhos”, que simbolicamente a materializa, já que representa um
apontamento numa obra vasta e qualificada, a merecer mostra mais ampla e demorada; o
que está aqui em causa é, apenas e só, aproveitar este ensejo para dar testemunho público
do inestimável contributo prestado por Monteiro Gil ao Centro de Estudos Ibéricos.
O caminho percorrido até aqui foi tecido por cumplicidades que se iniciaram durante
o oitavo Centenário da cidade da Guarda e a elaboração de “Um país de longínquas
fronteiras” (1999), iniciativas que coincidiram com o arranque do CEI e haviam de
culminar no lançamento e consolidação, em 2011, dum dos seus projectos emblemáticos:
“Transversalidades: Fotografia sem Fronteiras”. Sendo esta razão, por si só, suficiente
para justificar a inclusão desta homenagem a Monteiro Gil na programação da edição do
“Transversalidades 2016”, importa referir que aquela mútua cooperação passou ainda por
“Fronteira, Emigração, Memória” (2004) e “Um (e)terno olhar. Eduardo Lourenço, Vergílio
Ferreira e a Guarda” (2008).
O território e a imagem são denominadores comuns a todas estas realizações, elementos
que estão nos genes do CEI e estruturam uma agenda assente no compromisso assumido
para com os espaços mais débeis, frágeis e olvidados, como são os raianos, que apela
à imagem para os desocultar, integrar e, por esta via, ajudar a reabilitar a depauperada
auto-estima e identidade territorial. Fronteira, emigração, memória foram, pois, (e)ternos
olhares que levaram Monteiro Gil a percorrer diferentes rotas, pessoais e migratórias, a
passar por lugares e países sem nunca perder de vista a maternal Guarda, qual estrela
polar sempre a pairar no horizonte pessoal. Tal errância não deixou de alimentar o desejado
retorno, sentimento comum ao perseguido por todos os migrantes na expetativa de (re)
encontro com as origens, esse cais de partida e porto de abrigo, onde permanece ancorada
a ternura dos afetos que apenas se alcança entre os nossos, no aconchego do lar e do lugar
donde somos oriundos.
O itinerário pessoal de Monteiro Gil ajuda a interpretar a sua produção artística, mostra
como a obra não foi indiferente aos territórios que moldaram o olhar do seu criador.
Aproveitou uma das suas primeiras exposições, “Foto-Grafias” (1986), para enviar a
mensagem de “escrever com a luz”, seja a que espontaneamente o sol nos oferece, seja a
que emana do próprio olhar do artista. Se a tivesse designado “foto(geo)grafias” seria mais
consentâneo com o programa que assumiu e os projetos futuros que definem os contornos
da sua obra, onde assume a pretensão de (d)escrever a terra com a luz, mais ajustada
com a leitura e a interpretação do mundo que as suas fotografias nos revelam. Tendo este
universo como pano de fundo, a geografia da obra de Monteiro Gil é definida por espaços
e tempos que leio a partir de três coordenadas: a terra, a viagem, a cor. Este é, pois, o meu
olhar sobre o olhar de Monteiro Gil.
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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Os lugares fotografados e os temas que privilegiou apontam uma ligação umbilical
à terra, matricial e omnipresente, estrutural e estruturante, lugar e chão, onde estão as
origens e mergulham as raízes, as pequenas e telúricas pátrias que, intimamente, nunca
abandonamos e acabam por se implantarem os caminhos percorridos ao longo da vida. A
obra remete para uma ancestralidade pontuada por memórias, “Memórias” (1997) - “My
Memories” (1999), que se agarram ao chão, telúrico e granítico, “As Pedras e o Tempo”
(1993), às paisagens, “Landscape” (2006), aos lugares, “Guarda” (Revista Praça Velha, nº
24). Também Monteiro Gil, como Saramago, podia dizer que “a criança que eu fui não viu
a paisagem tal como o adulto em que se tornou seria tentado a imaginá-la desde a sua
altura de homem. A criança, durante o tempo que o foi, estava simplesmente na paisagem,
fazia parte dela, não a interrogava, não dizia nem pensava, por estas ou outras palavras:
“Que bela paisagem, que magnifico panorama, que deslumbrante ponto de vista!” (José
Saramago, As pequenas memórias. Caminho: 15).
As imagens, de Monteiro Gil estão impregnadas do espírito dos lugares, da pertença
a territórios específico que não se confinam à Guarda nem à telúrica Beira, pois abarcam
espaços que se estenderam a Lisboa, “Lisboa Qualquer Lugar” (1994), e ao seu permanente
diálogo com o “Tajo/Tejo” (1998). As referências às origens apegam-na à “terra” onde
colhe reminiscências dum passado ausente, testemunhos de modos de vidas que mudaram,
“Ruralidades” (1993 e 1994), de saberes e sabores autênticos que o inexorável fio do tempo
ajudou a decantar, como “Leite, Cardo e Mãos Frias” (2009). A Guarda e o seu entorno
foi recortada, ao longo do tempo, por várias fronteiras, percorrida, em todos os sentidos,
por diferentes diásporas: ficamos a saber em “Fronteiras” (1994) que estas não são apenas
politicas, inscritas arbitrariamente no chão pelos homens para dividirem pessoas, lugares,
paisagens; a saga massiva da emigração anónima dos anos sessenta ficou documentada
em “Um País de Longínquas Fronteiras” (2000), enquanto “Um (E)Terno Olhar” (2008)
havia de fixar o nomadismo pessoal de Eduardo Lourenço e de Vergílio Ferreira.
As imagens de Monteiro Gil, embora ancoradas na memória e nas origens, são o resultado
e um convite à viagem, porventura, a razão escondida que o terá levado à fotografia.
Tentar enganar a memória e lidar com a embriaguez da viagem leva a “escrever, tomar
notas, desenhar, enviar cartas, postais ou fotografar, diferentes maneiras de assinalar “na
imensidão extensa e lenta da diversidade os pontos de referência vivos e densos necessários
à cristalização, recordação e fortalecimento das recordações. A substância das recordações
é aquilo que deslumbra o espirito depois de abandonada a geografia” (M. Onfray, A teoria
da viagem: 52).
Mostra-nos a literatura, por outro lado, que a narrativa de viagens é a mais antiga
do mundo e que “a história do viajante tem sempre a natureza da reportagem”. A obra
de Monteiro Gil é indissociável da viagem, das que realizou no seu universo local e pelo
mundo fora, em demanda de paisagens sedutoras para o espirito, icónicas para o olhar.
Tal procura atravessou continentes, partiu da Guarda e de Lisboa, passou por Espanha e
além Pirenéus, alcançou os EUA, chegou a Moçambique. São “Itinerários” (1992), pessoais
e íntimos, viagens locais, “Domestic Itineraries” (2002), que se desdobram em viagens
reais ou imaginárias, “Made in U.S.A. - Impressões de Viagem” (1996) e “Imaginary Travel
Around the USA” (2006), caminhos percorridos pelas “Estradas da América” (1999) à
procura do olhar do outro como acontece em “Olhos nos Olhos” (2016).
Estes olhares, captados cara a cara, em Moçambique, vão ao encontro dessa África
profunda e enigmática, como observou Saramago nas mulheres da Guarda que, além de
bonitas, “olham de frente”. Um olhar mais experimentado na realidade moçambicana
guia-nos entre os meandros que se escondem nessas imagens, permitindo compreender
como, aqui, para além da visão, devemos convocar outros sentidos: “Eu não apenas vejo.
Eu ouço a fotografia”, pois nestas paragens este tipo de “escrita (e a foto enquanto um
modo de escrita) é vencida por uma outra lógica. Neste jogo de miragens e ilusões, África
desnuda-se para melhor se ocultar. Aqueles que acreditam ter focado essências apenas
tocaram aparências em movimento”. Temos presente que quando qualquer “fotógrafo
desembarca em qualquer povoação do continente africano e aí está a instantânea multidão
exibindo as mais afetadas poses reclamando querer “sair” na foto”, “aquela gente emigra
da sua solidão histórica. É como se visitasse outros mundos por via do papelinho impresso.
A inevitável pose resulta do namoro entre o ser e a sua própria imagem” (Mia Couto,
Rui Jacinto
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Pensatempos: 82). No caso da presente exposição Monteiro Gil não “ilude essa identidade
que outros lhe conferiram, driblando os mitos redutores e folclóricos que tendem a serve-
lhe de moldura”. Além das pessoas e das suas circunstâncias, os belos retratos de Monteiro
Gil mostram tudo isto e muito mais.
Aprendi com Monteiro Gil a importância da cor, como “as claridades diurnas se
alimentam continuamente dos deslumbramentos noturnos”, como as fotografias limpas e
transparentes só acontecem se forem consequência natural dum olhar poético. Ensinou-
me um certo modo de olhar, ler e interpretar a fotografia, a beleza que podem esconder
as mais verdadeiras e autênticas, a necessidade duma entrega obsessiva e o rigor sem
concessões quando se pretendem imagens despidas de ruido. “Depois das aventuras
temerárias, das peripécias planetárias, das fugas selvagens e perigosas”, todos os viajantes
desejam regressar ao lugar de origem, abandonado, onde se pode reencontrar o eixo,
a bussola. A viagem, como o regresso, além de renovar a identidade, mostra como “a
geografia serve antes de mais para elaborar uma poética da existência” (Onfray, ob. cit.:
98; 112).
Como todo o filho pródigo aspira regressar ao lugar onde foi feliz, esta homenagem a
Monteiro Gil é um reencontro com a Guarda onde realizou, em 1968, no Hotel de Turismo
de boa memória, a sua primeira exposição de pintura. Que a exposição de Fotografia
“Olhos nos Olhos” antecipe uma merecida retrospetiva comemorativa de 50 anos de labor
criativo de Monteiro Gil, a realizar na Guarda em 2018.
As fotografias que exprimem o olhar de Monteiro Gil permitem-nos imaginar o mundo
e nele viajar sem sairmos da nossa área de conforto. Que o permitam, também, olhar com
outros olhos.
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“Olhos nos olhos”
fotografia

13/08/2002 – Argentina Vasco, menina na apanha do algodão, Machamba do Sr. Vasco Fernandes, Mutuáli,
Moçambique
6 Monteiro Gil
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11/08/2002 – Meninos vendedores de estrelas do mar, Chocas, Moçambique

31/07/2002 – Meninos junto ao Jardim Josina Machel, Ilha de Moçambique,


Moçambique (Terão como prémio canetas Bic necessárias na Escola)
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar 7
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07/08/2002 – Jovem mãe comprando roupa para os filhos, mercado do Monapo Rio, Moçambique
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07/08/2002 – “Através de espelhos”, Mercado do Monapo Rio, Moçambique

20/08/2002 – Grupo de meninas, Naguema, Moçambique


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15/08/2002 – Regresso a casa, Plantação de Necoma (chá), Gurué, Moçambique


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07/08/2002 – Grupo de amigos, Monapo Rio, Moçambique

07/08/2002 – Namorados, Vila do Monapo, Moçambique


Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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Um Itinerário Poético Pela Obra
Fotográfica de Monteiro Gil
Marcela Vasconcelos

Le véritable voyage de découverte ne consiste pas à chercher


de nouveaux paysages mais à avoir de nouveaux yeux.

Marcel Proust

A pintura, a gravura e o desenho foram as matérias iniciais da formação e do trabalho


de Monteiro Gil que, juntamente com outros artistas da sua geração, criou em Portugal um
espaço de reflexão e de criação de novas propostas. As suas intervenções, atravessadas por
influências diversas da arte contemporânea, reflectem a permanente inquietação criativa e
o gosto da experimentação.
A fotografia insere-se nesta dinâmica, tendo-se tornado posteriormente a forma
privilegiada de compreender e revelar o mundo. Sem que tenha havido uma ruptura ou
oposição, a fotografia surgiu assim, naturalmente, primeiro, em diálogo com a pintura;
depois, como um meio de expressão autónomo, com eventuais incursões por outras
tendências estéticas. O fascínio pela técnica em si, pela própria máquina que vai fixar o
momento e a emoção, não deve ter andado arredado desta escolha. Contudo, a técnica
não irá afectar o sensível e a experiência plástica original marcará todo o seu trabalho.
Os tempos eram (finalmente!) propícios em Portugal ao envolvimento social, à
participação, ao estabelecimento de uma relação entre o artista, a sociedade e a vida.
Monteiro Gil participa em inúmeras manifestações artísticas que incluem a fotografia e
outras linguagens e que questionam o conceito da obra concebida como um objecto
acabado e oferecido à contemplação. Eram frequentes os projectos realizados em grupo
e viriam mesmo a ser uma constante, a par de iniciativas individuais, sob a forma de
intervenções várias, exposições e publicação de livros, mantendo embora cada artista as
suas características autorais.
“Testemunhar o esplendor”, como disse o poeta Williams Carlos Williams (cit. por
Robert Adams in Beauty in photography), é a razão que leva os poetas a escrever. O
“esplendor”, pressupondo a luz, remete-nos para o universo da fotografia, a que também
não é estranha a função lúdica, mimética e metafórica da poesia. Por que não então uma
abordagem poética ao grande texto que é a obra fotográfica de Monteiro Gil?
Monteiro Gil expõe pela primeira vez um trabalho fotográfico em 1979, integrado num
conjunto de intervenções e exposições realizadas no Centro Cultural de Setúbal, no Museu
de Évora ( O Museu e as Novas Forma de Comunicação) e no Museu Vostell Malpartida, em
Espanha (SACOM II). Nesta fase de utilização de metalinguagens, a expressão plástica e a
poesia experimental andam próximas, traduzidas em transferências de processos estéticos
em que o texto também é “visto” e a imagem “pensada”. O trabalho exposto centrava-
se numa reflexão sobre a própria arte, apelando à participação das pessoas em geral, a
quem era feita a pergunta: “O que é a arte?” As respostas, organizadas em dossiers,
eram expostas, assim como, na sequência disto, as fotografias das mãos que faziam os
registos.
Monteiro Gil inicia assim a sua fotografia de autor com a representação da mão e da
escrita, cujo valor simbólico e poético é evidente. O próprio motivo da mão reaparecerá em
1999, no projecto Tajo-Tejo (exposições e livro) 1 , em que, a par das imagens a cores que

1 - 1998/99 - Espanha: Sala Julio Gonzáles - Ministerio de Educación y Cultura, Madrid; Museu Provincial de Cá-
ceres, Cáceres; Museu de Santa Cruz, Toledo; Antigo Convento de S. Lourenço, Talavera de la Reina; Portugal:
Cordoaria Nacional, Lisboa; Centro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova; Galeria Municipal de Almada.
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se referem aos lugares e formando trípticos com estas, aparecem as mãos, fotografadas
a preto e branco, uma forma metonímica de retratar as pessoas: a mão que faz o pão, a
renda, que modela a paisagem...
O humor e a dessacralização do que é tradicionalmente instituído como arte estão
presentes na obra do autor, desde os trabalhos anteriores à utilização da fotografia. É nesta
perspectiva que aparecem, entre outros, trabalhos como Bodas Opus 1, apresentado na I
Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, 1989 ( de que foi fundador) e Os Lusíadas, na
exposição internacional O Livro de Artista (Galeria Diferença, 1983) .
O carácter lúdico do texto poético, que joga com as palavras, as desordena, reordena,
repete e usa em contextos diferentes ou com novos significados, também caracteriza o
trabalho de Monteiro Gil. É nesta perspectiva que se pode ver, entre outros, o projecto Foto-
Grafias, baseado em conjuntos de macrofotografias que reproduzem pormenores de pinturas
expressamente realizadas para esse fim pelo autor, combinadas de diferentes formas. Para lá
do jogo de texturas e de cores, do jogo entre o táctil e o visual, teremos aqui uma reflexão
sobre a pintura? Sobre a marca da mão e do pincel ou sobre a marca que a luz imprime no
material sensível?
Na primeira exposição deste projecto, Foto-Grafias,1986 (Galeria Diferença, Lisboa;
Cooperativa Árvore, Porto; Círculo de Artes Plásticas, Coimbra), as fotografias das pinturas
eram apresentadas em simetrias, formando painéis. Em 1987, na Caixa de Arte PIPXOU nº 0
(integrada na exposição colectiva Itinerários, no Museu de Arte Antiga) em Faça Você Mesmo,
os kits de fotografias seriam livremente combinadas pelo público. A instalação Assemblage
88 (Galeria Atelier 15, Lisboa e Encontro Europeu de Arte, Guimarães - 1989) trazia outra
novidade: as imagens tinham-se libertado do quadro (que deixara de existir) e associavam-se
em conjuntos de fotografias e de espelhos que percorriam as paredes. Novamente a pintura,
o jogo de texturas, de cores, de formas, e agora também de reflexos, num caleidoscópio que
reflecte o mundo e em que nos contemplamos. Uma reflexão sobre a função mimética da
poesia, da fotografia e da arte em geral? O que poderemos dar a ver que não se possa ver
fisicamente? Pode a fotografia ser uma visão ou um reflexo do mundo? Pode a fotografia
articular a realidade e torná-la inteligível?
O trabalho que está hoje reunido no Museu Vostell Malpartida, Cáceres, Espanha, com
o título My Memories integrou diversas instalações (1980-2010) em Portugal, Espanha e
Brasil 2. É actualmente um conjunto de quarenta caixas de cartão que podem ser dispostas
de diferentes maneiras, fechadas e lacradas. No exterior de cada uma delas, duas fotografias
do objecto que a mesma contém, assim como a respectiva memória descritiva. A caixa,
portanto, como um repositório de memórias ou “fragmentos de auto-retrato”. Ou como a
metáfora da câmara escura e da própria fotografia?
Se em “My Memories” a caixa encerra o objecto/memória, em Domestic Itineraries 3,
o autor conduz-nos “ao outro lado do espelho”, ao interior da caixa, uma vez que é a
intimidade do seu próprio espaço doméstico que é exposto numa linguagem lírica - porque
é de emoções e de memória que se trata. Cada recanto da sua casa é apresentado a preto
e branco, contextualizando um pormenor, a cores, em formato Polaroid, formando pares
fotográficos em cada quadro. Um jogo de enquadramentos que, enquanto seleccionam e
limitam o visível, sugerem novos enquadramentos, isto é, remetem para o invisível. Uma
encenação/realidade em que se adivinha a presença do autor como um dos actores que se
revelam e ocultam ao mesmo tempo, num jogo de sombras e de luz.
A mesma atmosfera silenciosa e poética, nostálgica em muitos casos, é, de resto, uma
das características das fotografias de interiores, em que Monteiro Gil explora sabiamente a
iluminação natural disponível para acentuar a marca intimista das imagens. E os habitantes

2 - 1980 - A Caixa - Galeria Diferença, Lisboa; 1981 - 25 Artistas Portugueses de Hoje - Museu de Arte Contem-
porânea de S. Paulo, S. Paulo, Brasil; 1983 - Palácio D. Manuel, Évora; 1999 – Encontros da Imagem, Braga;
2010 - CONCEPTOS - Selección de Fondos del Museo Vostell Malpartida – Museo Vostell Malpartida, Cáceres,
Espanha.

3 - 1998 – Paris Photo - Stand Galeria Diferença, Carrousel du Louvre, Paris, França; 2002 - Galeria Fonseca
Macedo, Ponta Delgada; 2004 - Stand da Galeria Fonseca Macedo em: Arte Lisboa, ForoSur 2004 - Feira
Iberoamericana de Arte Contemporâneo, Cáceres, Espanha, ArtSalamanca07 (2007) e Arte Santander 08
(2008), Santander, Espanha.
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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desses espaços, bares, cafés, transportes públicos, contemplando até por vezes a própria
sombra, são a imagem do hábito transformado em memória.
Nas fotografias de exterior de As Pedras e o Tempo (exposição e livro), 1993 S.N.B.A.,
Lisboa ou de Lisboa Qualquer Lugar (exposição e livro), 1994 S.N.B.A., Lisboa, também há
um especial tratamento da luz natural que, ora se derrama pelas calçadas ou pelas superfícies
líquidas, ora dá lugar a sombras que cavam texturas e mistério.
Se a exploração da luz natural é uma constante em todo o trabalho desenvolvido em
vários géneros, também se verifica um gosto especial pela iluminação nocturna, sem recurso
a fontes de luz que não sejam as disponíveis nos próprios locais, tanto interiores como
exteriores, para captar a magia da noite. Como exemplos, O madeiro do Natal, na Guarda
(in Um (e)terno olhar) ou As Luzes no Atlântico, 2000 4 , em que as cidades da Madeira
emergem da sombra em todo o seu esplendor, sob um céu azul cobalto.
As imagens que integram o livro Made in USA - Impressões de Viagem, 1996, as
fotografias da América percorrida de costa a costa pelo grupo Íris, vêm ao encontro do
nosso imaginário, certamente influenciado pelo cinema - pelo que se pode estar a entrar
no domínio da intertextualidade. Temos a estrada a perder-se na lonjura, as planícies vazias,
pontuadas por uma estação de serviço, um cão, um homem a cavalo que mais parece saído
de uma ficção do que real, um bar com jukebox, uma silhueta de cowboy... Tudo envolvido
pelo vento. E pelo silêncio. As imagens poderiam até manter-nos à distância, não fora o facto
do fotógrafo partilhar o ponto de vista e de nos dar a sensação de “estar lá” também, com
frequentes enquadramentos através de pára-brisas e retrovisores ou colocando em primeiro
plano algo que referencie o tempo e o lugar. Além disso, criou dinâmicas e perspectivas
fora do vulgar, recorrendo a grandes oculares que agigantam o camião ou enfatizam o
omnipresente automóvel, conferindo por vezes um tom surrealista às cenas.
O texto poético é musical. Continuando no plano sensorial, também as imagens, isoladas
ou associadas, podem transmitir sonoridades, com as suas aliterações, ritmos e pausas. Por
outro lado, são conhecidas as sinestesias, as associações entre a música e a cor. E talvez seja
nos trabalhos a cor, com a qual compõe com rigor, que Monteiro Gil deixa adivinhar o seu
gosto pela música, que escuta permanentemente. Curiosamente, Ansel Adams, uma das
suas referências mais antigas, era músico de formação...
Em The Iron Age, projecto conceptual que integrou instalações ocorridas em Portugal
(1991 e 94), França (1992) e Espanha (2001) 5, a par de uma recuperação estética de objectos
de uso utilitário, temos os sons vibrantes das cores primárias que se combinam em variações
e repetições. Quais serão as cores do Jazz?
Sonoridades diferentes são as do projecto fotográfico Imaginary Travel Around The USA
(2004)6 e Around Azores (2009)7, que marca, de certo modo, um regresso à pintura. A
partir do visionamento de fotografias suas, cria novas imagens, que organiza rigorosamente
em séries, formando quadros. O movimento da câmara evoca o movimento do fotógrafo/
observador em viagem e introduz uma nova dinâmica temporal às imagens a que o efeito de
flou confere um carácter quase abstracto. E as cores, libertando-se da tirania dos contornos
das coisas, fluem, em movimentos ritmados, harmonizando-se numa sinfonia visual.
Perante a fotografia documental de Monteiro Gil, põe-se uma questão: continuaremos
num universo poético? Fotografar é, já por si, um acto poético na medida em que há um
trabalho sobre o real. E se há uma “qualidade poética dos seres e das coisas susceptível de
ser revelada apenas pela fotografia”, como diz Edgar Morin (in Qu’est-ce que le cinéma?), o

4 - Publicado na Revista FotoDigital (Portfólio Luzes no Atlântico), Lisboa, Janeiro de 2003.

5 - 1992 - 5 Photographes Portugais - Galeria Robert Doisneau-Centre Culturel André Malraux, Vandoeuvre-
Nancy, França; 1994 - Fronteiras - S.N.B.A., Lisboa; 2001 - Portugueses en el Museo Vostell ¿ Y Qué Hace
Usted Ahora ? - Museo Vostell Malpartida, Cáceres, Espanha.

6 - 2004 - 30 x 30, Galeria Diferença, Lisboa; 2005 - FAC, Lisboa, F.I.L., Stand da Galeria Diferença; 2006 - Imagi-
nary Travel Around the USA, Galeria Diferença, Lisboa

7 - 2010 – Imaginary Travel Around Azores - Aniversário dos 10 anos de atividade da Galeria Fonseca Macedo -
Com edição de Caixa comemorativa; 2012 - Colectiva de Fotografia, Galeria Diferença, Lisboa
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autor não deixou de a revelar neste género fotográfico à qual juntou uma forte componente
humanista.
A maior parte da fotografia documental de Monteiro Gil está relacionada com projectos
que desenvolveu na Guarda, cidade de onde saiu há muito tempo mas de onde nunca
partiu.
Kundera disse que “a memória não filma, mas fotografa”. Sendo a fotografia memória,
neste caso ela é simultaneamente sujeito e objecto. Com os afectos à flor da pele mas sem
nostalgias inúteis, gosta de se perder pelas ruas, de observar os seus recantos, tentando
retratar a alma da cidade tal como ela é, actualmente. Mas “os barrocos deixam marcas...”
e, imagina-se, a montanha, o rio, o nevoeiro, o sincelo, também. Tal como terão deixado, em
tempos e modos diferentes, a dois grandes vultos da Cultura Portuguesa Contemporânea,
homenageados em 2008 pelo Centro de Estudos Ibéricos com a publicação do livro Um (e)
terno olhar - Eduardo Lourenço, Vergílio Ferreira e a Guarda, C.E.I. Guarda, projecto cuja
parte fotográfica esteve a cargo de quatro fotógrafos, entre os quais Monteiro Gil.
Um País de Longínquas Fronteiras (2000) 8, foi um importante projecto sobre a emigração
na região da Guarda, em que Monteiro Gil participou em co-autoria com Fernando Curado
Matos e Luis Azevedo. Coerentemente com a intencionalidade da obra, as imagens que
integram as três partes do livro, As origens, A peregrinação e O reencontro, mostram que
a fotografia pode ser um meio de criar, manter ou reactivar os laços sociais entre diferentes
grupos de uma comunidade. As fotografias incluídas na primeira parte, As origens, estão
paradoxalmente mais próximas do presente, não tanto pelas circunstâncias temporais da
sua criação como pelo facto de a beleza que caracteriza cada elemento da paisagem ser
a beleza já idealizada pelos que partiram. Nos capítulos seguintes, os retratos do autor
mostram uma intersubjectividade, uma inequívoca relação de proximidade sujeito/fotógrafo,
assim como, ao mesmo tempo, uma grande eficácia visual, na escolha do contexto, dos
objectos que rodeiam (ou definem) os retratados e na escolha do ângulo de visão.
O humanismo patente em trabalhos anteriores, assume uma expressão particular em
Wòna Ni Maitho (Ver com os próprios olhos) 9, com início em 2002 e de que resultou a
recente exposição Olhos nos Olhos, 2016 (Galeria Diferença, Lisboa). A recolha das imagens
foi feita em Moçambique e haveria talvez a tentação de ceder a um certo folclorismo.
Contudo, mais uma vez, Monteiro Gil assume uma expressão actual do “humanismo
fotográfico” ao retratar pessoas na singularidade concreta e quotidiana dos lugares. As
pessoas, com quem o fotógrafo estabelece uma grande empatia, não só o consentem,
como lhe devolvem o próprio olhar. E nesse olhar, no reflexo de uma emoção, encontramos
a universalidade da condição humana. Victor Hugo, a propósito da sua poesia, e consciente
desta universalidade, disse que, quando falava de si próprio, era de nós que falava. Monteiro
Gil, falando do outro, fala de si e de todos nós.
Não sabemos que projecto se seguirá. Mas uma coisa é certa: Monteiro Gil continuará
a tentar mostrar-nos “a cor do olhar”.

8 - Livro: Um país de longínquas fronteiras, 2000, Guarda, ed. C.M.G.; 2000 - Com o mesmo nome, exposição
de fotografia, Paço da Cultura, Guarda; 2004 - Fronteira, Emigração, Memória, Paço da Cultura, Guarda.

9 - 2004 - Photofesta - Encontros Internacionais de Fotografia de Maputo, Moçambique


Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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“Imaginary Travel Around the USA”
fotografia

2004/2005 – Grand Canyon, Arizona, U.S.A. – #1


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2004/2005 – Monument Valley, Utah/Arizona, U.S.A. – #2


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2004/2005 – Petrified Forest, Arizona, U.S.A. – #2


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2005/2006 – Canyon the Chelly, Arizona, U.S.A. – #1


19

2004/2005 – Grand Canyon, Arizona, U.S.A. – #2


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2005/2006 – Alta Mines, Colorado, U.S.A. - #2


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Monteiro Gil
António José Dias de Almeida

“Jed já não se lembrava de quando começara a desenhar. (...) Jed consagrou a sua vida
(pelo menos a sua vida profissional, que não tardaria a confundir-se com a sua vida em geral)
à arte, à produção de representações do mundo, nas quais porém as pessoas de nenhum
modo se supunha viverem. (...).
Quando entrara nas Belas Artes de Paris, Jed abandonara o desenho, trocando-o pela
fotografia. (...)” – Transcrevi breves passagens do excelente romance de Michel Houllebecq,
O mapa e o território, prémio Concourt, editado em França em 2010.
Ao contrário de Jed, protagonista do referido romance, Monteiro Gil, natural da Guarda,
onde nasceu em 1943, ingressa em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa,
Escola pela qual é diplomado, tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian de 1964
a 1968. Neste ano (1968), terá iniciado as suas primeiras exposições individuais, na Casa
da Imprensa, Lisboa (Pintura), Clube de Caça e Pesca, Setúbal (Pintura) e Hotel Turismo,
Guarda (Pintura). Lembro-me bem desta última. Se me lembro... Era a primeira vez que nós,
os amigos e colegas liceais do Beto Gil, o víamos, plasticamente falando, diante dos nossos
olhos... E gostámos.
Em 1976 e 77, expôs Desenho em Lisboa, nas Galerias Grafil e S. Francisco e, no Porto,
na Galeria 2, Desenho e Gravura. Pois bem. Ao contrário do exímio e apaixonadíssimo
fotógrafo de mapas Michelin, que protagoniza o romance de Houllebecq, o primeiro trabalho
em que a fotografia surge na obra – hoje muito vasta e valiosa – de Monteiro Gil, data
de 1979 e aconteceu no Museu de Évora. Consultando a cronologia das suas exposições,
não mais a fotografia deixa de estar presente, assumindo um particularíssimo e apreciado
destaque.
Aparentemente, talvez a mais lógica sequência seja a de Monteiro Gil e, afinal, de tan-
tos outros que, como ele, pela pintura e pelo desenho tenham começado evoluindo(?)
posteriormente para a fotografia.
Se bem interpreto Umberto Eco, num pequeno texto escrito em 1961 e incluído no volume
A Definição da Arte, a fotografia apareceria como uma “insurreição” na evolução da pintura,
impondo-se-lhe. “Com a diferença de que a fotografia, ao reconhecimento da arte que
pode existir nos fenómenos naturais, acrescenta todo um conjunto de operações manuais
e, portanto, de decisões formativas autónomas (...). A fotografia constitui-se, assim, como
arte autónoma e faz – não só comercialmente, mas também esteticamente – concorrência
à pintura. Referimo-nos à pintura figurativa, bem ententido.” E, ainda, do mesmo autor, no
referido texto: “Assim, enquanto a pintura se orientava para as mais elaboradas experiências
formais (...), a fotografia procurava, pela sua parte, exprimir o real, assumindo também na
sua casualidade e imprevisibilidade, em todas as suas sugestões e apelos, uma reinterpretação
e reconstrução do imediato.”
Esta reinterpretação e reconstrução do imediato parece-me constituir uma curiosa in-
dicação para abordar a obra do artista Monteiro Gil (embora para tal sinta imensas limitações,
cumpre-me confessá-lo).
Revisitando alguns catálogos que possuo e relembrando imagens que me foi dado
observar, ao mesmo tempo que consulto, de novo, o currículo artístico de Monteiro Gil,
posso (podemos) constatar que não existe uma separação (hipoteticamente pensar-se-ia que
isso acontecesse... ) entre exposições de Fotografia Conceptual e exposições de Straight
Photography (expressão de difícil tradução em português). Bem pelo contrário. Verificamos
que ambos os géneros, propositadamente coexistem, sem notória predominância de qualquer
deles.
A arte de representar uma realidade não real, obtendo um conceito singular da realidade,
consegue-o exemplarmente Monteiro Gil em várias exposições de Fotografia Conceptual,
António José Dias de Almeida
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dentro das quais destaco “My Memories” (Instalação fotográfica) que esteve patente em
1999, nos Encontros da Imagem em Braga. Inserido no catálogo dos referidos Encontros,
Nancy Dantas escreve que o autor (através de caixas, que fechadas e lacradas se transformam
em relicários e os objectos que escondem em objectos sagrados), “faz a representação de si
mesmo, procura contactar com o passado ou com o ausente sob a forma de uma imagem.
É o pôr em contacto, é uma tentativa de mediação, é o assumir mais uma vez algo que fora
relegado à memória.”
Quanto a mim, um aspecto curioso passa-se com o projecto TAJO TEJO – Doze objectivos
fotográficos, que dá origem a um livro editado em Madrid em 1998, a propósito da Grande
Exposição de Lisboa ocorrida nesse mesmo ano e que serviria de catálogo às exposições que,
entretanto, ocorreram em Espanha (Madrid, Cáceres, Toledo, Talavera de La Reina) e em
Portugal (Cordoaria Nacional – Lisboa, Centro Cultural Raiano – Idanha-a-Nova e na Galeria
Municipal de Almada, esta já em 1999). É um trabalho em que participam seis fotógrafos
espanhóis e seis fotógrafos portugueses. Pois bem. Folheando as páginas do Catálogo, na
parte que diz respeito a Monteiro Gil, olhando com atenção para as 24 fotografias, noto a
importância das mãos de velhos fotografadas a preto e branco (8 fotografias) em contraste,
se assim se pode dizer, com fotografias a cores, representando paisagens, cromaticamente
diferenciadas, assim como uma porta e uma janela singelamente ornamentadas. Vistas de
per si, cada uma delas poderia (pode) ser apreciada como fotografia “directa” (tradução
espanhola de straight photography), criando perante os nossos olhos imagens que
objectivamente retratam a realidade do mundo, sem manipulação do fotógrafo.
Todavia, se lermos com atenção o texto informativo de Monteiro Gil, escrito no catálogo,
ficamos a saber que o “grosso da recolha fotográfica (717 diapositivos e número semelhante
de negativos a preto e branco) foi efectuado de Abril a Junho de 1996 e incidiu sobre as
gentes, as aldeias, os animais, a vegetação, a paisagem e, evidentemente, o rio e os seus
afluentes.” Feita a selecção do material mais ficamos a saber que o autor, quer para o livro,
quer para a exposição, optou “pela forma de trípticos construídos à volta de cada aldeia
visitada.” No livro não me parece que isso se note. Visualizando, porém, imagens da exposição
que me foram facultadas é notório esse agrupamento em trípticos fortemente motivados e
significativos. Vale a pena, para concluir a abordagem que fiz deste projecto luso-espanhol,
citar o último parágrafo do texto atrás referido: “Do elemento humano, optei por representar
apenas as mãos, estabelecendo assim uma relação directa e simbólica, entre estas e a
terra que ajudaram a transformar. Optei também pelo preto e branco para o elemento
humano e a cor para os restantes aspectos com a intenção de reforçar esta simbologia
e, simultaneamente, criar conjuntos plasticamente agradáveis onde os diversos aspectos
não se anulem mutuamente.” Os sublinhados são meus e pretendem realçar que, de facto,
no seu conjunto, estas fotografias assim expostas são também magníficos exemplos de
Fotografia Conceptual.
Nem o tempo, nem o espaço me permitem, com as limitações que também já referi,
oferecer aos leitores uma panorâmica mais pormenorizada deste género fotográfico da obra
de Monteiro Gil.
Tentemos, agora, num relance que forçosamente deverá ser breve, abordar alguns aspectos
relevantes de fotografias que possam ilustrar outro domínio, o da Straight Photography.
Foram muitas as exposições quer individuais, quer colectivas, onde Monteiro Gil exibiu o seu
enorme talento e a sua finíssima sensibilidade artística.
Referir-me-ei com mais pormenor àquelas que, de algum modo, tenham a Guarda e a
região como referentes. A razão essencial, aqui a declaro, é a de poder com mais facilidade
compulsar os catálogos que contêm muitas dessas fotografias: Um País de Longíquas
Fronteiras cuja exposição esteve patente no Paço da Cultura da Guarda em 2000; um (e)
terno olhar – Eduardo Lourenço, Vergílio Ferreira e a Guarda, em 2008 na Biblioteca Eduardo
Lourenço e leite, cardo e mãos frias, exposição também realizada no Paço da Cultura.
Comecemos por Um País de Longínquas Fronteiras. “As imagens expostas (ano 2000 –
Guarda) e que se perpetuam no livro dado à estampa (o catálogo que me serve de guia), além
de proporcionarem uma serena e desapaixonada reflexão sobre um fenómeno tão presente
quão complexo, pretendem prestar uma justa e sentida homenagem aos que partiram,
homens e mulheres que estiveram envolvidas na grande aventura da emigração portuguesa.
É por outro lado, uma forma de a vetusta cidade da Guarda se reencontrar com o
seu passado, tão marcado por diferentes diásporas, se reconciliar com a sua identidade,
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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pois estamos certos, povos e indivíduos só têm o passado à sua disposição. É com ele que
imaginam o futuro. (Os sublinhados são da minha responsabilidade).
Neste magnífico projecto foto(geo)gráfico participou, com outros dois fotógrafos
(Fernando Curado Matos e Luís Azevedo), Monteiro Gil. São da sua autoria muitas e
belíssimas fotografias, que ilustram com pertinência e qualidade, as três etapas que compõem
este roteiro paradoxalmente tão doloroso, mas também recheado de emoções felizes e de
sucessos vivenciais e económicos: As Origens; A Peregrinação; O Reencontro.
No capítulo Origens há lugar para paisagens amplas, mas igualmente surgem pormenores
de aldeias, com as suas idiossincrasias: pessoas, animais, objectos de uso quotidiano.
Quero, neste primeiro capítulo, destacar duas lindíssimas fotografias que nos prendem de
imediato pela sua beleza cromática, pela variedade de elementos que as compõem e que
vivamente nos cativam. Refiro-me às fotografias “Rio Távora” (2000) e “Rio Mondego –
Faia” (1999). Também as casas, as da Faia, por exemplo, captaram a atenção do fotógrafo
que, directamente, para a posteridade as fixou.
A Peregrinação provoca e motiva o interesse dos três fotógrafos e Monteiro Gil não
escapa às circunstâncias especialíssimas de nos pôr diante dos olhos sugestivas imagens
muito ligadas à diáspora, desde a partida, aproveitando, por exemplo, a narrativa de António
Gonçalves, fotografando-o na sua sala de Santo Estêvão com a intrínseca expressividade de
um óptimo contador de famosas e perigosas histórias, ligadas ao seu papel de passador e
dos caminhos de emigração a salto... Com aventuras e desventuras, a viagem consumar-se-ia
através de emblemáticas estradas como as A62, A68, A1 e a N620 em Espanha e, de França,
a N10 e a A10 adequadamente captadas pela objectiva de Monteiro Gil. Vislumbra-se o fim
que se concretiza em Paris - em Austerlitz ou na Gare de Montparnasse - fotografado por
Monteiro Gil em Março de 2000 para que nós, os Spectatores, na classificação feliz de R.
Barthes, as possamos apreciar e, através delas, possamos recordar muitos episódios de que
fomos testemunhas indirectas. Culmina esta peregrinação com os “peregrinos”, salvo seja,
já instalados nas suas casas como nos dizem as fotogafias do nosso autor, obtidas, ou no
conforto de uma sala em Tercis-les-Bains (Out., 1999) ou na feliz e sorridente expressão de
Clara Leal, na sua casa em Aast (Out., 1999) ou ainda no despreocupado passeio de Irene Vaz
Barroco, junto a uma banca de coloridas flores no mercado de domingo em Lalies-du-Salat,
França (Nov. 1999). Impossível passar ao lado de um instantâneo fotográfico, no qual uma
menina luso-descendente, à mesa durante a refeição, olha apreensiva para a câmara que lhe
soube captar, com mestria, o olhar, a fisionomia do rosto e a mesa modesta onde jazem duas
garrafas, restos de comida. Enfim, uma criança com o futuro à sua frente, que curiosamente
o prescruta no exacto momento em que é fotografada. (Paris, Março de 1999). A integração
no novo espaço, urbano por excelência, cosmopolita, também Monteiro Gil a captou e teve
a finura e a subtileza de no-la transmitir através de uma sequência fotográfica dinâmica (a
linguagem das mãos) na Lição de Carlos Janela Antunes no café da Av. Philippe Auguste,
Paris, Março de 2000.
Finalmente, o Reencontro! Quem partiu, sofrendo as agruras de viagens difíceis,
muitas vezes a salto, “outro” voltou e, embora seja o mesmo, inevitáveis metamorfoses se
operaram. As aldeias de origem dos emigrantes, elas próprias se transformam e disso mesmo
os fotógrafos, nomeadamente o nosso Monteiro Gil nos dá conta através das fotografias
que ilustram este capítulo da saga. É o regresso à familiaridade dos seus, é o reencontro nas
festas, nas procissões, nos bailaricos, nas touradas, nas capeias raianas.É, enfim, o regresso
às raízes. Igualmente, no conforto das novas casas construídas, Monteiro Gil, por exemplo,
retrata-nos a já nossa conhecida (vimo-la num mercado de domingo em Salies-du-Salat)
Irene Vaz Barroco, comodamente sentada em confortável “maple” num recanto da sala
acolhedora da sua nova casa nos Fóios... É boa ocasião para Monteiro Gil e Fernando Curado
Matos captarem, em sugestiva sequência fotográfica, a expressiva figura de José Troufa,
contando, em Vila Nova de Foz Côa, as suas aventuras e desventuras... vividas, afinal, em Um
País de Longínquas Fronteiras.
Sem qualquer menosprezo obrigo-me a omitir neste texto, que já vai longo, uma exposição
muito específica, leite, cardo e mãos frias efectuada em 2009, também no Paço da Cultura
da Guarda.
Fixar-me-ei um pouco na que teve lugar na Biblioteca Euardo Lourenço aquando da sua
inauguração, em 27 de Novembro de 2008.
Apraz-me registar que na organização do volume/catálogo um (e)terno olhar tive o gosto
António José Dias de Almeida
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e o privilégio de nela ter colaborado. Foi uma oportunidade de ter um contacto mais activo
com o meu antigo colega liceal, contemporâneos universitários em Escolas diferentes em
Lisboa e, colegas como docentes também em diferentes Liceus, pois o artista Monteiro Gil,
durante trinta e muitos anos, exerceu funções de professor do Ensino Secundário...
Com a ajuda do catálogo, relembro fotografias com que Monteiro Gil enriqueceu a
exposição que então se realizou. Captaram, de forma muito oportuna e com qualidade a
que o autor nos habituou, espaços, edifícios e elementos simbolicamente referenciais da
Guarda. Assim, a Torre de Menagem, envolvida por um suave manto de nevoeiro, transmite-
nos subtilmente um certo halo de mistério, conseguindo o fotógrafo, pelo menos neste caso,
projectar uma característica da cidade: cidade altaneira encimada pela velha torre, vestígio
único de antigo castelo roqueiro. Outro elemento que sobressai é, como não podia deixar
de ser, a neve. Vemo-la a realçar a elegância da Igreja da Misericórdia, ou a beleza do Jardim
Dr. Lopo de Carvalho com a respectiva estátua. O ex-libris da Guarda, a Sé Catedral, motiva,
evidentemente, belas fotografias presentes neste catálogo, cativando-me especialmente a
que nos mostra, numa perspectiva original, a escadaria que dá acesso à porta lateral virada
para a Praça Velha, vendo-se à direita uma das torres sineiras envolta, aliás como toda a
fachada lateral, suave nevoeiro que lhe empresta um tom reflexivo e de meditação, bem
patente também numa fotografia, ao crespúculo, obtida do lado da Praça Velha (Praça Luís
de Camões). Esta Praça é também espaço privilegiado de outras fotografias e gostava de
destacar a que retrata, em plena noite de Natal, o madeiro cujas labaredas flamejantes,
parecem aquecer pessoas que indistintamente rodeiam a fogueira. Outros edifícios ou
pormenores significativos do Centro Histórico são objecto da câmara de Monteiro Gil. Sejam
exemplos a Igreja da São Vicente e a elegante e singular janela manuelina da Rua Direita.
Desta exposição muito haveria ainda a dizer. Não me permite o espaço de que disponho,
mas, por pessoalíssimas razões, quero elogiar duas fotografias que muito me dizem: uma
casa simples, muito simples rodeada por frondosas e seculares castanheiros em flor, localizada
perto de Famalicão da Serra. A objectiva conseguiu captar os mais importantes elementos
caracterizadores da paisagem sobranceira à aldeia e na outra fotografia, o pormenor, talvez
mesmo o “por maior” registado pela câmara do fotógrafo – os ouriços. Medeiam entre as
duas fotografias, como é lógico, quatro meses. A do souto é obtida em Junho e a dos ouriços
em Outubro. E, quanto a este (e)terno olhar com muita pena, por aqui me fico.
Para concluir, uma brevíssima apreciação de alguns retratos dentre “os 30 escolhidos de
um conjunto de algumas centenas recolhidas em Moçambique, em Julho e Agosto de 2002,
numa faixa de cerca de 200 por 500 km compreendida entre a ilha de Moçambique, Nacala,
Memba (no litoral) e Gurué, Lioma, Mutuáli (no interior)”. Monteiro Gil, sobre esta exposição
que intitulou Olhos nos Olhos, (a última exposição por ele realizada) e que teve lugar este ano
(2016) de 13 de Fevereiro a 12 de Março, na Galeria Diferença em Lisboa, acrescenta esta
importante informação: “Foram retidos para escolha apenas os retratos em que os retratados
olham directamente para a câmara). Trata-se, portanto, de retratos consentidos, por vezes
mesmo solicitados (...).” Infelizmente, não tive oportunidade de ver a referida exposição e
bem gostaria de o ter feito. Foram-me, porém, facultadas em DVD, alguns desses retratos
que muito me sensibilizaram. Pude, através dessas imagens, recordar tempos em que aquelas
zonas moçambicanas andei (“malhas que o império tece”) e rever, por estes rostos, outros
que também eu conheci, por exemplo, na Ilha de Moçambique.
Os retratos, vistos isoladamente, denotam a finura, a subtileza de quem teve o talento
de os captar. Gosto particularmente do retrato das três meninas que, olhos nos olhos, nos
emocionam e seduzem, e isso é uma preciosa dádiva da sensibilidade de Monteiro Gil.
A exposição é um feliz resultado da montagem dos vários retratos que, afinal, nos
transmitem os “Os olhares de crianças, homens e mulheres em lazer ou nas suas actividades,
vindos da pesca ou vendendo ou comprando no mercado, nos seus trabalhos quotidianos,
da apanha do algodão ou do fabrico de tijolos.”
E termino completando a citação: “Olhares serenos, descontraídos, despreocupados, no
dia a dia quotidiano, em poses naturalmente criadas pelos fotografados.”
Em síntese final, Monteiro Gil é, indiscutivelmente, um enorme artista de quem tenho o
privilégio de ser amigo e grande admirador.

Guarda, 6 de Outubro de 2016


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Monteiro Gil: Curriculum Vitae

MONTEIRO GIL
Nasceu na Guarda em 1943. Vive e trabalha em Lisboa. Diplomado pela Escola Superior de
Belas Artes de Lisboa. De 1964 a 1968 foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi
professor do Ensino Secundário Oficial e ensinou também Gravura e Fotografia. De 1992 a
1997 fez parte do “Grupo IRIS”. A sua pesquisa pessoal contou com o apoio da “CONTAX”
de 1996 a 2000.

Exposições, intervenções e instalações individuais ou de pequeno grupo:


1968. Casa da Imprensa, Lisboa (Pintura);
Clube de Caça e Pesca, Setúbal (Pintura);
Hotel de Turismo, Guarda (Pintura).
1976. Galeria Grafil, Lisboa (Desenho).
1977. Galeria S. Francisco, Lisboa (Desenho);
Galeria 2, Porto (Desenho e Gravura).
1979. Centro Cultural de Setúbal - l.º Festival de Jazz Contemporâneo (Intervenção);
“O Museu e as novas formas de Comunicação” (Intervenção e exposição) - Museu
de Évora;
“SACOM II” (Intervenção e exposição) - Museu Vostell Malpartida, Espanha .
1980. Intervenções em diferentes locais públicos de Lisboa.
1986. “Foto-Grafias” (Fotografia) em:
Galeria Diferença, Lisboa;
Cooperativa Árvore, Porto;
Círculo de Artes Plásticas, Coimbra.
1988. “Assemblage 88” (Instalação Fotográfica) - Galeria Atelier 15, Lisboa.
1990. “Trabalhos Recentes” (Fotografia) - Galeria AAPACO, Lisboa.
1994. “Os Jardins de Lisboa” (Fotografia Instantânea Polaroid sx-70) em:
Galeria Diferença, Lisboa;
Galeria Municipal de Alverca.
1997. “Memórias” (Fotografia) - Galeria Época, Guarda.
1999. “My Memories”(Instalação Fotográfica) – Encontros da Imagem, Braga;
“Estradas da América”, Paço da Cultura, Guarda.
2000. “Um País de Longínquas Fronteiras” (Fotografia), Paço da Cultura, Guarda.
2002. “Domestic Itineraries” (Fotografia), Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada.
2006. “Imaginary Travel Around the USA” (Fotografia), Galeria Diferença, Lisboa.
2009. “Leite, Cardo e Mãos Frias” (Fotografia), Paço da Cultura, Guarda.
2016. “Olhos nos Olhos” (Photography), “Diferença” Gallery, Lisbon.

Exposições coletivas (seleção):


1973. “13 + 1 Novos Gravadores” - Galeria Grafil, Lisboa.
1974. “Gravura Portuguesa Contemporânea” - Galeria Espaço, Porto;
“Gravura Portuguesa de Hoje” - Galeria Gordillo, Lisboa;
“Perspectiva” – S.N.B.A., Lisboa.
1975. “Figuração Hoje ?” - S.N.B.A. (Sociedade Nacional de Belas Artes), Lisboa;
1976. “Gravura Portuguesa Contemporânea” - S.N.B.A., Lisboa;
“Exposição de Arte Moderna Portuguesa” em:
Museu de Lund, Suécia;
S.N.B.A., Lisboa;
1977. “I Exposição Nacional de Gravura” - Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;
“O Papel como Suporte da Expressão Plástica” - S.N.B.A., Lisboa;
“Portuguese Contemporary Art” (Exposição organizada pela Secretaria de Estado
da Cultura) - Belgrado, Jugoslávia.
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1978. “Cultura Portuguesa em Madrid” (exposição organizada pela S.E.C.) em:
Madrid, Espanha;
S.N.B.A., Lisboa;
“Mitologias Locais” - S.N.B.A., Lisboa;
“Gravura Portuguesa” (exposição organizada pela “Gravura”) - Rio de Janeiro e
Belém, Brasil;
“18 x 18 Nova Fotografia” em:
Galeria Grafil, Lisboa;
Centro de Arte Contemporânea, Porto.
1979. “LIS’79 – 1 ª Bienal de Desenho de Lisboa” em:
Galeria de Arte Moderna da S.E.C., Lisboa;
Centro de Arte Contemporânea, Porto.
1980. “A Caixa” - Galeria Diferença, Lisboa;
Stand da Galeria Diferença na FILCOOP, Feira Industrial de Lisboa, Lisboa.
1981. “25 Artistas Portugueses de Hoje”- Museu de Arte Contemporânea de S. Paulo,
S. Paulo, Brasil.
1982. “Outdoor” - Recife (nas ruas da cidade), Brasil.
1983. “Exposição Retrospectiva da Actividade da Diferença” - Palácio de D. Manuel, Évora;
“O Livro de Artista” (exposição internacional) - Galeria Diferença, Lisboa.
1984. “Artistas Fotógrafos em Portugal” em:
Museu de Arte Contemporânea de S. Paulo, S. Paulo;
Brasília, Coritiba e outras cidades do Brasil.
1985. “Celebração” - Galeria Diferença, Lisboa;
Participação na Caixa de Arte “PIPXOU nº único a)” (40 exemplares) – Galeria
Diferença, Lisboa;
“Diferença-Diálogo” - Galeria Diferença, Lisboa.
1986. “19 Artistas na Diferença” (exposição organizada por convite da Associação
Internacional dos Críticos de Arte) - Galeria Diferença, Lisboa.
1987. Participação na Caixa de Arte “PIPXOU nº 0” (80 exemplares), integrada na
retrospectiva de Ernesto de Sousa “Itinerários” - Museu Nacional de Arte
Antiga, Lisboa.
1988. “Na Fotografia a Diferença” (exposição itinerante) em:
Galeria Municipal da Amadora;
Museu Municipal de Loures;
Galeria Municipal de Vila Franca de Xira;
Círculo de Artes Plásticas de Coimbra;
“I Forum de Arte Contemporânea”, Stand da Galeria Diferença - Forum Picoas,
Lisboa;
“F.I.C.- Feira das Industrias Culturais”, Stand da Galeria Diferença - Feira das
Industrias, Lisboa.
1989. “I Bienal de Fotografia” - Vila Franca de Xira;
“Encontro Europeu de Arte”, Stand da Galeria Diferença, Guimarães.
1991. “II Bienal de Fotografia” - Vila Franca de Xira.
1992. “5 Photographes Portugais” - Galeria Robert Doisneau-Centre Culturel André
Malraux, Vandoeuvre-Nancy, França;
“Itinerários” (com o Grupo IRIS) - Galeria S. Bento 34, Lisboa.
1993. “As Pedras e o Tempo” (com o Grupo IRIS) em:
S.N.B.A., Lisboa;
Galeria da Casa Municipal da Juventude, Almada;
Galeria de Arte do Hotel Jupiter, Praia da Rocha;
Palácio D. Manuel, Évora;
“Ruralidades” (com o Grupo IRIS) - Casa Museu Dr. Sousa Martins, Alhandra
(exposição integrada na “III Bienal de Fotografia” de Vila Franca de Xira).
1994. “Fronteiras” - S.N.B.A., Lisboa;
“Ruralidades” - Galeria da Quinta da Piedade, Póvoa de Santa Iria;
“Ruralidades” (exposição em itinerância pelo mundo através do Instituto Camões);
“Les Portes Ouvertes de la Bastille” - Paris, França;
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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“Fotógrafos Portugueses” - FNAC Bastille, Paris, França;
“Lisboa Qualquer Lugar” - S.N.B.A., Lisboa;
1996. “Made in U.S.A.” - Casa da Cerca, Almada;
“Seis Fotógrafos Portugueses”, Museu de Fotografia Contemporânea Ken Damy,
Brescia, Itália.
1997. “Aspects de la Photographie Portugaise”, exposição itinerante em França
através da Agência CRÉAT’IM (Albi, Graulhet, Castres et Rodez);
“Made in U.S.A.” - Casa dos Crivos (Encontros da Imagem), Braga;
“FAC - Feira de Arte Contemporânea” (Stand da Galeria Diferença ), Lisboa;
“Paris Photo 97” (Stand da Galeria Diferença), Carrousel du Louvre, Paris;
1998. “Tajo Tejo-Doce Objectivos Fotográficos” em:
Espanha:
Sala Julio Gonzáles - Ministerio de Educación y Cultura, Madrid;
Museu Provincial de Cáceres, Cáceres;
Museu de Santa Cruz, Toledo;
Antigo Convento de S. Lourenço, Talavera de la Reina;
Portugal:
Cordoaria Nacional, Lisboa;
Centro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova;
“Paris Photo 98” (Stand da Galeria 1839), Carrousel du Louvre, Paris, França.
1999. “Tajo Tejo-Doze Objectivos Fotográficos”, Galeria Municipal de Almada;
“ARCO’99” (Stand da Galeria Diferença), Madrid;
“A Memória e a Diferença - Olhar uma Galeria” - Galeria Diferença, Lisboa;
“Paris Photo 99” (Stand da Galeria Diferença), Carrousel du Louvre, Paris, França.
2001. “Portugueses en el Museo Vostell ¿ Y Qué Hace Usted Ahora ?“ - Museo Vostell
Malpartida, Cáceres, Espanha;
“FAC - Feira de Arte Contemporânea de Lisboa”, Stand da Galeria Diferença.
2002. “Critério Visível”, Centro Português de Fotografia, Porto;
“50 Fotógrafos Portugueses dos Anos 50 à Actualidade”, Museu de Serralves,
Porto.
2003. “Colectiva em Movimento”, Galeria Diferença, Lisboa.
2004. “ForoSur 2004 - Feira Iberoamericana de Arte Contemporâneo”, Stand da
Galeria Fonseca Macedo, Cáceres, Espanha;
“Photofesta” Encontros Internacionais de Fotografia de Maputo, Moçambique;
“30 x 30”, Galeria Diferença, Lisboa;
“Arte Lisboa”- Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, F.I.L., Stand da Galeria
Fonseca Macedo;
“Fronteira, Emigração, Memória”, Paço da Cultura, Guarda.
2005. “A Extensão do Olhar” - Centro de Artes Visuais, Coimbra;
“Colecção Nacional de Fotografia: Novas Aquisições” - Centro Português de
Fotografia, Porto;
“FIC - Feira de Arte Contemporânea de Lisboa”, F.I.L., Stand da Galeria Diferença.
2006. “Landscape”, Galeria Diferença, Lisboa.
2007. “ArtSalamanca 07”, Stand da Galeria Fonseca Macedo, Salamanca, Espanha.
2008. “Arte Santander 08”, Stand da Galeria Fonseca Macedo, Santander, Espanha;
“Um (E)Terno Olhar”, Biblioteca Eduardo Lourenço, Guarda.
2009. “Trinta Anos de Diferença – II”, coletiva de Fotografia, Galeria Diferença,
Lisboa.
2010. “CONCEPTOS - Selección de Fondos del Museo Vostell Malpartida” – Museo
Vostell - Malpartida, Cáceres, Espanha.
2011. “Pivate Lives – Colectiva de Fotografia”, Centro Cultural de Cascais, Cascais.
2012. “Colectiva de Fotografia”, Galeria Diferença, Lisboa; “Um (E)Terno Olhar”,
XIV Semana Cultural da Universidade de Coimbra,.
2013. “Artistas españoles y portugueses en la colección del Museo Vostell
Malpartida” – Museo Vostell Malpartida, Cáceres, Espanha.
Imaginar o Território | Monteiro Gil: A Cor do Olhar
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Coleções
Está representado em diversas coleções particulares e oficiais dentre as quais:
Em Portugal:
Ministério da Cultura - Centro Português de Fotografia, Porto;
Ministério da Cultura - Instituto Camões, Lisboa;
Câmara Municipal da Guarda;
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;
Fundação Cidade de Lisboa;
Encontros da Imagem, Braga;
Casa da Cerca / Centro Cultural de Almada;
Kodak Portuguesa, Lisboa;
Fundação PLMJ, Lisboa;
Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada, Açores.
Espanha:
Museu Vostell Malpartida, Cáceres;
Fundación Fernando Maria Centenera Jaraba, Madrid.
França:
Centre Culturel André Malraux, Vandoeuvre-Nancy;
Museu Nicephore Nièpce, Chalon sur Saone;
Galerie du Château D’Eau, Toulouse.
Bélgica:
Musée de la Photographie de Charleroi, Charleroi.
Suiça:
Musée de L’Elysée, Lausanne.
Itália:
Museu de Fotografia Contemporânea Ken Damy, Brescia.

Bibliografia
1979. Revista “CANAL”, Paris, Julho;
Revista “SEMA”, Lisboa, Julho;
1982. Revista “SEMA”, Lisboa, Maio;
1985. Colecção de postais “Mercados”, Lisboa;
1993. Livro “As Pedras e o Tempo”, Lisboa;
1994. Livro “Lisboa Qualquer Lugar”, Lisboa;
1996. Livro “Made in U.S.A. - Impressões de Viagem”, Lisboa;
1998. Livro “Tajo Tejo - Doze Objectivos Fotográficos”, Madrid;
1999. Livro “História e Cultura Judaica” (colaboração fotográfica), Museu da
Guarda;
2000. Livro “Um País de Longínquas Fronteiras”, Guarda.
2003. Revista “FotoDigital” (Portfólio “Luzes no Atlântico”), Lisboa, Janeiro;
2004. Revista “Super Foto Prática” (Portfólio “Domestic Itineraries”), Lisboa,
Dezembro;
Livro “Extensão do Olhar – uma Antologia Visual da Fotografia
Contemporânea”, Fundação PLMJ / Assírio e Alvim, Lisboa;
2005. Revista “Super Foto Prática” (Portfólio “Fronteira, Emigração, Memória”),
Lisboa, Janeiro;
Revista “FotoDigital” (Portfolios “Fronteira, Emigração, Memória” e “Um Pais
de Longínquas Fronteiras”), Lisboa, Janeiro 2005.
2008. Livro “Um (E)Terno Olhar – Eduardo Lourenço, Vergílio Ferreira e a Guarda”, C.E.I. Guarda.
Revista “Praça Velha” nº 24 (Portfólio sobre a Guarda), Guarda, Novembro;
Revista “FotoDigital” (Portfólio “Um (E)Terno Olhar”, Lisboa, Dezembro;
2009. Livro “Leite, Cardo e Mãos Frias”, N.A.C., Guarda 2009

Conta ainda com referências críticas na imprensa diária e semanal de diversas personalidades
entre as quais o Dr. Alexandre Pomar, Drª Cristina Azevedo Tavares, Dr. Eduardo Prado
Coelho, Dr. João Pinharanda, Drª Luísa Soares Oliveira, Drª. Margarida Medeiros e Drª.
Leonor Nazaré.

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