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QUEREMOS DAR | EST As funcdes da instituicao escolar: analise e reflexdes.* Cecilia Maria B. Coimbra ** ceredito ser de fundamental importaneia para nds, traba tituigdo escolar exeree em nossa so- cidade. I enfoque da Escola nos deve auxiliar ndo somente a entender me- Thor o eotidiano do nosso trabalho, como também nos alertar para as miltiplas armadilhas que « todo mo- ‘mento sio montadas e nas quais mui tas vezes caimos sem mesmo perce- ber. ¥ ingen jp que_nos_apresentam da instituigao escolar. Visdes essas que estdo elara ‘mente marcadas pelos gitos da igual dade social e oportunidades para to- dos, da neutralidade-¢ cientifieidade, que principalmente a Escola se in cumbe de fortalecer e desenvolv Mitos que colocam a Bscola agimada luca de classes, isolando-a de uma social espe An longo de varios anos como professorae psiedloga pude notar que mos nossa formacdo académica mar: ‘cada por vicios e lacunas que tem cla jente tum objetivo politic ‘Somos 0s profissi do superficial: enfatizamos a relacéo professor/aluno, a melhoria murriculos, a modernizagao da e métodos de ensino, de TePSICOLOGIA CIENCIA E PROFISSAC sérigo, social, politico ¢ eeonémico, ‘sEnsinados a pensar as institu: mo abstragées, como “coi sas. como se as relagé poder existences em nossa formacio ali ndo estivessem presemtes. Raramente em nossos cursos de formacio faz-se uma anilise politica ¢ ideologiea de nossa funeao enquan: to educadores numa sociedade dividi- da em classes, “Estamos sendo for: muados para servie a quem? Para pro- piciar e desenvolver 0 qué? Para re- forgar © poder de quem? Somos leva. dos a reiletir oriticamente sobre 0 mundo que nos corea? Sobre como nos inserimos neste mundo e como poderiamos dele participar de forma mais ativa e transformadora? Tais questées nan sio debatidas © muito ‘menos pensadas” (6). Sobre este as. sunto @ importante © valiosa a pes: quisa Feit por Maria Helena Patto, fem sua tese de doutorado (11), encre psicdlogos da rede publica de Sao! Paulo, que mostra através da analise de uma série de respostas, a visio de mundo daqueles psicologos: os_pre- conceitos ¢ esteredtipos quando fa lam das erianeas que frequentam as escolas pablicas, a total auséncia em seus discursos da divisio da socieda. de em classes, da existéneia de uma estrutura de dominagio cultural ar bicraria e da imposigao de uma.visio undo existence na instituigao es: A instituicao Escolar tem Historia shemos que a educagio sem: pre existit: que eduear era viver a vi da do dia-a-dia da comunidade, ow vindo dos mais velhos as suas expe rigneias e com isso formando-se para atuar em comunidade. As festas cole- tivas, as tradigbes eram, assim, pas las naturalmente, sem a necessi dade de uma instituiedo especifica para isso. Portanto, nas farmacées sociais mais antigas todos os adultos (os mais velhos) ensinavam. “Apren: dia-se fazendo, 0 que tornava insepa: ¥. riveis o saber, a vida e 0 trabalho, Foi somente a partir da Idad Média que, na Europa, a educagio se tornou produto da escola e um eon. junto de pessoas (em sua maioria re ligiosos) espevializou-se na transmis. sao do saber" (10.25-26). Entretan. to nesta épova, embora o cnsino fosse reservado as elites (principalmente & nobreza), ndo havia separacdes entre criangas © adultos e a Escola nio es ava organizada para disciplinar seu alunos (2) o Ba partie do séeulo XVI que ve mos a Fseola surgindo como institu 40, nos mokdes em que a conheee- mos atwalmente Portanto, 0 aparecimento desta Instituiodo esta visoeralmente ligado ao desenvolvimento do capitalismo, Com a Revolucio Industrial, « partir de 1750, sentiu-se a necessidade de tum njimero maior de pessoas que Soubessem pelo menos ler, eserever € ontar, Pessons essas que seriam jo gadas nas nascentes indistrias, for nevendo mao-de-obra para 0 manejo das maquinas. Por outro lado, a bur fucsia ja no poder percebew tambem fa necessidade de" socializar” e “edu car” a massa trabalhadora existente fos grandes centros urbanos, para formaclos como “bons! eidadiins € trabalhadores diseiplinades. Com so, vemos a Escola surgindo com of ras funeses: inculear os valores, hi bitos e normas da classe que dominad ‘ou seja, inculear a ideologia burguesa .¢,com isso, mostrar a cada um 0 l: gar que deve ocupar na sociedade, se gundo sua origem de classe, Segundo muitos autores, como Althusser, Bourdieu, Passeron. Baudelot, Bstablet, Poulantzas eo tros (1;435;7;12)a instituiedo eseo lar passa a ser a pega fandament para o desenvolvimento e fortaleet mento do eapitalismo. Consideram 4 Escola como Aparelho Ideologico de Estado, pois € 0 instramento ni mero um da burguesia, visto difun dir a sua visio de mundo e de vida Aliados a este aparelho, temos ou ros que 0 complementam e refor ‘gam: a familia e os meios de eomu- hicagao, prineipalmente stes tltimos fazem um traba: tho “soberbo™, pois conseguem criar na opiniio publica 0 que Gramsci (9) chamou de consenso, Com ele, a burguesia mantém sua hegemonia e dominagio, naturali zando.tndo.0.aue.€ proxtzido,¢ For asi paisa visto a a todos, trata ‘ma 08 que aéla ter ‘Ao fazernrios 618 pedo his. tOrieo do surgimento da instituigao escolar, alguns mitos passam a ser uestionados, como por exemplo: “Fa Bscola surge para fortalecer ¢ detes fn social, ou seja,,ela whem sempre existiv, & eriada para servir_a_determinados objetivos. “[Niw & porianto, resultante de um processo imprescindivel para o de- senvolvimento da humanidade, da ivilizagio e da cultura. Ela & datada historieamence. Cai, com isso, 0 mi to de que a Escola sempre existiu, atendendo a uma “necessidade na tural” =a Escola, que se coloca como neu- (ra, tem por finalidade ensinar 0s va lores, hibitos e costumes de uma de- cerminada classe social, eolocando-os como naturals © unversais. Ao lado das informagies chamadas cient cas e mesmo embutidas nelas, temos uma ideologia que mostra 0 que é certo © o que é errado, o que € bom € fo que é mau/A competigao, a sub- missio & ordem estabelecida, o medo autoridades, 0 respeito & hierar {quia so mostradas e ensinaclos co- ‘mo se sempre tivessem existido e, portanto, passa a ser percebidos como naturaig: E neste Ingar que se aprende, com esses valores, a se tor nar um “hom” e “respeitivel” cida dao. A hierarquia que existe em nossa sociedade ali se reproduz © nisso a disciplina desempenha um papel fun: damental, através das punigées ¢ cas. {igos. Eo que Foucaul (8) chama de poder disciplinar, um dos dispositi- Vos soviais mais importantes, nota damente na Escola. Esta, portanto, nao € fonte de enriqueeimento pes: soal e social. F, a0 contrario, local onde as pritieas da classe dominante sio ensinadas e fortalecidas, priticas que sio essencialmente politicas. Com. isso, cai o mito da neutralidade ce ciemificidade da Fscola. — a Bseola que se eoloca aberta a to. dos, que é vista como democratica, & trata a todos da mesma forma, mio tem responsabilidade pelos fracassos escolares. O grande nimero de repe tenoias e evasdes passa a ser explica do come responsabilidade dos alunos fe suas familias. Se_ndo_conseguem aprender & porque sao inferiores, mal alimentads, carentes material © emocionalmente. Com i880, 2 Escola ineulea mn outro i ori dade ¢ marginalidade’desses alunos que, de um modo geral, pertenoem as classes populares. Ou seja, passa a ser natural os filhios da classe traba lIhadora nao aprenderem, pois sao in. feriores. Eseamoteiam-se, assim, to- das as praticas de exelusio existe: ro interior da Escola, que selector € siio responsiveis pela divisio: bons e maus alunos, De um lado, temos luma minoria gue vai continuar 0s es PSICOLOGIA CIENCIA E PROFISSAD 1S: ea | udos ¢ aleangar 4 Universids outro, uma maloria que, se da Escola, vai seguir cursos mais cur: tos ¢ menos valorizados socialmente Esta separagao, afirma a Escola, é feita segundo critérios exelusivamen. te pedagigicos, Os “melhores”, os sates © 0s estudiosos ob. tem os melhores resultados. Entre. tanto, percebemos que tais resulta- dos estio estreitamente ligados & ori gem de classe desse alunos. Sto os oriundos das classes média e alta, os considerados “melhores”. Assim, a Escola, em seu interior, reproduz fortaloce a divisto de ‘classes que cexisce em nossa sociedade. Pelo censo. de 1980, no. Brasil a maioria. das. faneas que abandona os estudos antes de completar 088 anos de eco. Jaridade obrigatéria vem de familias pobres, do nicio rural e dos bairros popullosos das periferias das grandes eidades. Com isso, eat o mito da Es. cola democratioa e aberta a todos. B entre esses mecanismos de exclusio utilizados pela instituicao escolar, quais so, nosso ver, os principais? Fssas ‘prétieas que’ ex. ‘cluem e seleeionam os alunos segun do sua classe social esto presences nos curriculos, nos contedidos que So- mente retratam @ deserevern um: realidade burguesa, nos métodos de avaliacdo, pois & 0 professor que dect doo que é ou nio importante de ser aprendido pelo aluno, ou seja, a ava. lingo € considerada patrimonio ex elusive do professor e um fim em si mesmo, Esto também presentes nos testes psienlogicos aplieados por muitos denos, para verificar se os alu. nos esto maduros ou nao para serem alfabetizados, para homogeneizar as turmas, através do quociente intelee- tual e mesmo para diagnosticar se sao normais ou anormais os portadores das chamadas dificuldades de apren- dizagem. Nao pretendo entrar em de- talhes sobre a origem positiva, as fungdes ideolégicas e de controle dos testes psicologicos (3), mas acredito ser importante enfatizar que tais tes tes so construidos tendo por base conteiidos desvinculados da realidade brasileira e uma amostragem perten: centes fis classes media e alta. Pring} palmente.os testes de inteligencia sio instramentos utilizados para diseri ‘minar as criancasOritmdas de classes populares que so vistas como menos imteligences que as demais, Assim, mais uma ver utilizande inseramen= to8 considerados cientificos, os téeni cos dio seu aval e ajudam @ naturali 'BPSICOLOGIA CIENCIAE PROFISSAC igh zar as falhas ¢ 05 fracassos escolares. ————~Conetuinido Resumidamente, citamos uma série de aspectos com os quais lida mos dia-a-dia e que sto naturaliza- dos, reforgados & confirmados por muitas teorias e téonicas considera. das cientificas. Enés, educadores, nisso tudo? De um modo geral, acreditamos nesses mitos, reproduzimos e trans- mitimos toda essa ideologia através da utilizaedo dessas praticas de ex: clusao, percebendo-as como naturals , portanto, como neutras. NOs pré: prios aceitamos nossa neutralidade € __pouco desconfiamos que somos ins: trumentos importantes na transmis. sto de toda essa ideologia dominant PouiCoS Sat aqjueles que refletem cri ticamente sobre seu trabalho, sobre a jungoes que vem exercendo e sobre tais mecanismos de exelusio que a Escola cotidianamente coloea em funcionamento, utilizando nosso aval téenico e cientifico. Mas, se a Escola tem tais fun ‘ebes, isso ndo nos levaria a uma pos ura imobilista e de impoténeia? Isso nao nos levaria a afirmar: se a Escola @ assim, ent nada podemos faze ‘Adveditamos que nio, pois ape sar de a Escola ser uma instituigio fortemente articulada com 0 Estado, ‘encontramos em seu interior espagos ‘onde as Iutas/acontecem e as contra digdes estiio presentes. ‘Apesar da angastia que este pa- norama da Escola pode nos trazer, & importante que possamos perceber que as instituiedes produzidas para preservar as estruturas capitalistas, podem tambér uutilizadas para minar estas mesmas estruturas. Eo que Gramsci (9) denomina de con- cra ideologias, que a todo momento ‘irgulara Os fhais diferentes espagos da Escola. Ha que fortalecé-las ¢ ex: panies para que wma pedadoda forea po- “jem negarmos as difteuldades dle uma atuagao mats critica na insti tuiglo escolar, ousamos afirmar que € trabalhando aprofundando tais ‘ontradigoes (sem eammafli-las ¢/ou neutralizaclas) que podemos eriar ¢ -aumencar gradativamiente. novos & pagos de hata dentro,da Escola.) “Tentamos no nosso cotidiano articular as tas que ocorrem dentro a Bscola com as lutas na sociedade “em geral, pois perosbemos que s ose. os. demais ‘bles, recortando-0.¢ isolan. do-0 de-um contexto mais.amplo, es taremos eaindo na armadilha de nos alienarmos. do-momento-histdrico, Sosial, ceondmico ¢ politico no.qual esses problemas ¢ ns mesmos esta- Em nossa atuaeio, podemos fa zer mais do que simplesmente de runciar as fungées da instituigao colar em nossa sociedade e, nés, edu ceadores, no podemos ignorar isso fem nosso trabalho. Pretendemos, sim, qnsrar_umanapusra..tornar Sivel uma ontra Logica, ima outray realidade. Assim, se a Bscola hoje & tum espago produszide pelos dominan- tes, mas se nela encontramos fissuras fe campos para atuacio, podemos através de nossa pratica agudizar suas contradigoes € conflitos, bus cando a todo momento questionar os iodelos que nos sio impostos como verdadeicos.e. procurar eaminhos, {que niio os apresentados oficialmen te, qte nos perinitam expandir forcas que-possam interierir_no_cotidiano os diferentes mitos veiculados pela Escola e em suas praticas dé exclu io. ¥ lige do Ena Pane Martins Poe, Edkores, 1978 SVBARROS, RO. de— Temes na Boca Tricas de Capt Teabaln arenas ‘lode Debates de Patong acl el” che Date sobre m Defeat, Uns fae Federal Fomineve, 1985. (Para aro Finan maior acbreawaieast ds es ‘cline ne Foca). TRAUDELOT, C8 Estble, R— Bowe Pacts, Maspere Gapiealisee en Prance 3 ROUDIMU, P-APASSERONJC— Aero. ‘ings Blementos para wna eri do tte Ima de sino Rode Jano, Panta Aes, E:COIMERA, Cal B — Denver Lacamas forma do Pc: aqua ere Raisin Prot, Comino Regioal de Pssoogia 3 (6) 1011, ano 2, etembo, ‘eos Ro de Jno, (95) 90-135, oer E:FOUCALLT, M. — Aeon oer Ho STGRAMSE, A. Os eeemas ea Organ Sora, 1983 fp To HARPER'S. erat Cuda, eo 11. PATIO: MI, de, — Psicologia «coe fia ama iro eros pao es fala Sto Plo, TA. Quciron, Eaton. 1984 (ede Destro). 12, BOULANTZAS, 8. — A Bscola om Ques ln. Ae wns © of curses" ets Teo Das io de Janse, (95) 126

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