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capiruto vl ONTOLOGIA E REVELACAO Heidegger e Lévinas 1.0 “pastor do ser” ¢ a questio da Diferenca Martin Heidegger € 0 pensador que tematizou, do modo mais radical em 0880 tempo, a questéo do ser, assumindo até as tiltimas conseqdéncias a tarefa, sue considerou propria do homem, de “pastor do ser”: “O homem nao € o amo senhor do ente. O homiem é 0 pastor do Ser. Nesse ‘menos’ o homem nao perde vada. Ele ganha por chegar & Verdade do Ser. Ganha a pobreza essencial do sstor, cuja dignidade consiste em ser convocado pelo proprio Ser para a guar- ‘2 protegdo da Verdade".' Q ser é 0 tema do pensar heideggeriano, mas, ainda feriormente a isso, é 0 doar-se originério que determina sua forma, fonte silen- *iosa e oculta, comego @ pressuposigao ativa de toda formular-se em pensa- ento. Preaisamente na tomada de consciéncia sempre mais explicita da origi- ~atidade do propor-se silencioso do ser em relacao & formulacao questionadora 0 existir, transparece a “reviravolta” ( K@fve), caracteristica do desenvolvimento © pensamento heideggeriano; essa conceme ao posicionar-se do interrogante, perguntar do homem, nao 0 propor-se originario e fundante do ser, e permane- eecoun, Mati. Sve unaaisng op. . 8. Det Mensch ich er Het es Selende. Der Mensch lt Hite St, nese wig Ete Manse ich in, sondern et gewan, deer ia Wath es Sains lang Er geet se weenie rat ds Hien, desea Worde dain BEA, vom Sea sees in de Was Sint Want gatulen 2 sen" Seber den "Harn arn 947 pp 1725). Relamo neste capo es tecanvvnens de meu Zara abso it, espeiamente 0 apes 4 12 103 AESCUTADO OUTRO ceno plano do existir, na direcao de uma atitude mais pura diante do dar-se (“es gibt’) do ser. A “reviravolta” nao reveste esse mesmo dar-se, que é originaria~ mente 0 evento do ser (0 “Ereignis”), por forga do qual tudo o que é é eo & como 0 ente determinado que 6? A atitude que esté no inicio da pesquisa filoséfica do jovem Heidegger — ‘em goral, para ele, no infcia do filosofar —é o perguntar como poder origina: rio. Filosofo ¢ aquele que tem a audacia de questionar em profundidade, de fazer a mais radical de todas as perguntas: “Por que ha simplesmente o ente e nao antes 0 Nada?" “Formular efetivamente essa questao significa: a ousadia de interrogar a fundo, de esgotar o inesgotével mediante a revelagao, revelando aquilo que ela impde a investigar. Onde qualquer coisa de semethante ocorre, ha filosofia.”* Esse situar-se originario do interrogante faz com que a filosofia afi- gure-se a teologia como pura loucura: onde a filosofia é pergunta, a teologia € escuta da revelagao hist6rica de Deus, e 0 que vem primelramente em filosofia ¢ (© questionar, que vem primeiramente em teologia o ser questionado. Por isso, “somente épacas que nao acraditam mais na verdadeira grandeza da tarefa da teologia chegam a idéia ruinosa de que a teologia tem a ganhar com um pretenso rejuvenescimento obtida mediante o contributo da filosofia, ou talvez possa vir a ser substitulda ou tornada mais palatével segundo as exigéncias co tempo". Por isso, também uma “filosofia crista” nao pode sendo oferecer-se como uma contradigao em si mesma, “uma espécie de ‘ferro de madeira’ (‘ein uizernes Eisen’) e um mal-entendido”.* Mesmo que seja verdade, e tal perma- nega, que “a fé que ndo se expde constantemente a possibilidade da incredulida- de nao é sequer uma fé, mas uma comodidade e uma convengao estipulada consigo mesmo para conformar-se a0 dogma no futuro, como a uma tradi¢ao qualquer", também é indiscutivelmente verdadeiro para Heidegger que “o que propriamente se investiga em nossa questo é uma loucura para a f°." Testa paapeciva fm rao qv inte a mvieno de pansaentohaldeageisno com ura orignade Jrovlannne ert en flan enomenlopa dase metvo pare b que vow rita Ubereincung dt muons: no aDaseisarlye Cla andi dacumentad ge Vrs, Mage ule ona ‘Sot storia Uberinaung dt Mbps ala Daseinsaalyse. Uti, #876 2 herman, todo 8 meta Rode Janet, Terps Brasiei, 1865p. 87. (ibloeca Tempo Univers + dom, in, Ae, der ic, Iie idan... 1m idem, Gta andl convince de Sure, Foe ota fonda ds ee er Heldeoge nem Passio tment ca ae Pasva, 188. E228. 104 Attey te essa atituc pelo questio questionar, 0 ma’ Se" 08 tempos m acaso: 0 esq ocidental, qt favor das es homem pen: nao a ser da da motalisic ginario, ex dominadora se doa, em ¢ mental con se dizer por mostra. Seu como para 2 vai além do aleangando las apareca c conseqiéne por ela seu escutamos 2 perceber e re mos 0 Dizer No ev nguagem nele, origina origina 0 “m ten ae 2 ‘an, Sete agiaé ofa é = 23 tarefa om um, ~ talvez sias do Sscerse ¢ein ma- lida oulada 2 -radigao = 0 que ONTOLOGIAE REvELACAO AA “reviravolta” que vai configurando-se no itinerario heideggeriano subver- {e essa atitude inicial e programatica do existir mediante a substituigao do escutar pelo questionar primitivo: “A caracteristica fundamental do pensamento nao € 0 Questionar, mas sim 0 escular o que é sugerido pelo que deve tornar-se proble- ‘ma’.* Se “na histdria de nosso pensamento o questionar é considerado, desde os tempos mais remotos, a caracteristica determinante do pensar”, isto nao é por acaso: 0 esquecimento do ser e a concentragao sobre entes, tipicos da metafisica Ocidental, que, nesse sentido, é a historia do nillismo, do abandono do ser em favor das esséncias domindveis do pensamento, induziram o existir, que ¢ 0 homem pensante, a posicionar-se como o questionador, que pretende conhecer nao 0 ser da coisa, mas “o que ela é", justamente para dominé-la. A superacdo da metatisica, entendida como retrocessao ("Schritt zurtick") na direcao do ori gindrio, exigiré necessariamente o abandono dessa atitude pretensiosa & dominadora do existir, para chegar a uma atitude de acolhida radical do ser que se doa, em que o questionar ceda lugar ao ser questionado, a pergunta instru- mental converta-se em escuta silenciosa e recolhida, a dizer torne-se o deixar se dizer por quem escuta a linguagem: *A linguagem fala enquanto diz, isto 6, mostra, Seu dizer vem do Dizer originério, tanto para aquilo que se fez palavra como para aquilo que ainda permanece inexpresso, daquele Dizer ariginadrio que vai além do perfil da linguagem. A linguagem fala no ato que, como 0 mostrar, alcangando todas as posigdes do que pode tornar-se presente, faz com que de- las apareca au desaparega o que, de tempos em tempos, torna-se presente, Como conseqiléncia, prestamos atengao a linguagem de maneira a deixar-nos dizer Por ela seu Dizer. Qualquer que seja 0 modo como escutamos, cada vez que escutamos algo, 0 escutar € sempre aquele aervar-se aizer que jA contém todo Perceber e representar. Como 0 falar é esouta da linguagem, falando nds redize- ‘mos o Dizer que escutamos”.? No evento da linguagem, é o préprio ser que se oferece como evento: “A linguagem ¢ a casa do Ser”,"° porque o evento do dizer se realiza tanto quanto nele, originariamente; o ser se doa retirando-se, se diz calando-se. Entao, 0 que origina o “mostrar* da linguagem, “realidade desconhecida ¢ no obstante fami- ' Idom. én carmino reso nguaggia Cascom 8, (0). Milan, 184 (risa: 1859p. 139. “Was eh we ‘we wires gerbgenil bederdan? Dat das Fragon rch ae egetons Cabo des Denes is sonar tag Haren so usage dessn, ws in de rage Komen sat” (Ontarmszeu7 Sprache Pada 21, 985,109) 2 ir, 20, "dem, Sobre o rion 8 $5 105 A ESCUTA DO OUTRO. liar, da qual todo mostrar do Dizer originario obtém 0 proprio movimento... alvo- ada daquela manha na qual s6 pode ter inicio a vicissitude do dia e da noite, alvorada que é, a0 mesmo tempo, a primeira hora ea hora mals remota’,"" € 0 acontecer (Evaignen), 0 evento do ser (Evens), que “nao & o resultado (£rgetms) de alguma outra coisa, mas, a0 contrario, a Doagdo (de Ergebnis). SO seu ‘generoso dar pode conceder alguma coisa como aquele es git, do qual ‘0 ser’ ainda precisa para alcangar, coma ser presente, aquilo que Ihe é préprio".”* 0 ser doa-se originariamente no mostrar do Dizer originario: mas, daando-se, ocul- ta-se, porque 86 seu retrair-se pode consentir ao dito ser aquilo que é, ser de- terminado sobre o fundo obscura do ser como iluminagéo (L/chiung), como eventa determinado. "0 destinar no ‘envio’ do ser, que € 0 destino que foi descrito camo um dar, no qual o que destina quanto a si se detém e se retém, ¢ nesse conter-se em si, nessa suspensdo, subtrai-se ao desvelamento,"* Em relagao a essa dialética do mostrar-se e do retrair-se do ser, o dizer, como escuta da linguagem, enquanto lugar da doagao origindria e do es condimento originario do Doadar, se faz palavra e silencio, um dizer calando e um ealar dizendo, que é menos inadequadamente expresso na poesia ¢ na doxologia: “Dizer 6 meditar, compor, amar: um inclinar-se quietamente exultante, um venerar jubiloso, um glarificar, um louvar: /avalare...O poeta deve corresponder ‘esse mistério da palavra entrevisto com dificuldade e s6 discernivel na medita~ do. Isso s6 se consegue quando a palavra poetante ecoa no tom do canto”."* No escutar a linguagem, apresenta-se entdo, a0 mesmo tempo, o Dizer originario do revelar-se do Ser e 0 siléncio ariginario de seu ocultar-se: 0 que permanece ‘excedente nao é 0 dito movido pela Doagao originaria, mas 0 siiéncia do ser no qual ela originariamente repousae da qual surge. °O siléncio'co-responde’ aquele som sem som da quietude com que o Dizer originéria identifica-se em seu mos trare apropriar’."" A“reviravolta” do formutar-se ser p6e a descoberto a raiz mais profunda do pensamento heideggeriano: o primado absoluto do ser e seu evento, a Doa- Tan, renin ero nga ct, 2028, "denim p 203 1 em poe esse Macao (Org) Napa. 187 (orn: 1962). 128 1 leer, front esa agua ib 80. Sine, Ugen, aber is agen: cn stil Wohockenos ‘Senter tin bine Vref Presan en oben ee uses ult er ninische Name de Lie {Hoe ssges id singe, Ber Gecang tia Vetemniong des Sagens ind Let erknnen wi en bahen Sinn lieveecatan a Sagan dann wider 2nahrichen Vronung des Gespecchenen und Gescivebann” (0.230) iether, 207 406 a0 originaria e « ‘loca e do qual svidenciagao da = oexistir seach 2 possibilidade jue é a morte. P postura do pers: pela incapacicac adiferenga," o i propriamente “r principio, por consumado err entendeu — mente pela ana linguagem, a ar Na “pars critica, na for to da coisiticac talvez o mais e+ esquecimento explicd-lo carr santidade e su dele um ente d o que é presen’ para a represe’ distancia, De Entao, também daqueles que ¢ fazer, sem nur de".1” Diante c cia de escuta aaa problema Toe. Say’ ONTOLOGIAE REVELACiC _ ‘ao originaria ea originalidade do nada, ou do “siléncio do ser’, no qual ela se Coloca e do qual pravém. Essa raizj fora 0 motivo inspirador de Sere fampo na evidenciagao da “diferenga ontolégica’, pela qual os entes distinguem-se do sex © 0 oxistit se acha "langado” em relagdo & originalidade do nada e projetado para @ Possibilidade da impossibilidade pura e simples impossibilidade de existir, que é a morte. Porém, enquanto Sere femoo expressa em sua incompletude a Postura do porguntar originario e cessa onde se deveria ter delxado falar 0 ser pela incapacidade da linguagem da identidade em operar sua subversdo e dizer adiferenca,"* o itinerdrio sucessivo de Heidegger esforca-se em abrir-se ao evento Propriamente “revelador” da Doagao origindria. Isso acontece negativamente, no Principio, por meio da critica das formas nas quais 0 esquecimento do ser foi consumado em toda a metaffsica ooidental, que por isso — como Nietzsche entendeu — nao é outra coisa sendo a hist6ria do nillismo; e, depois, positiva- mente pela andlisa dos lugares da “acontecer” do ser, que Sao, por excelencia, a linguagem, a arte e a poesia, Na “pars destrucns’ desse itinerério, a teologia é atacada diretamente pela critica, na forma daquela que Heidegger chama a “onto-teo-logia": o pensamen. {o da coisiticagao ou da entiticagao de Deus nao 6 senao um caso singular, e {alvez o mais exemplar, do niilismo do Ocidente, lugar do ecaso, do declinio no esquecimento do ser. Reduzir Deus a um objeto entre os objetos do pensar, explicd-lo com a idéia de causa su, significa simplesmente esvazid-lo de toda a Santidade e sublimidade, de todo cardter misterioso de seu ser outro, para lazer dele um ente disponivel ao jago instrumental do conceito de existir: “Onde tudo © que é presente se da a luz do nexo causa—efeito, até mesmo Deus pode perder ara a representacao toda a santidade e sublimidade, o cardter misterioso de sua distancia. Deus, a luz da causalidade, pode decair ao nivel de uma causa efficiens. Entgo, também no €mbito da teatogia, ele torna-se 0 Deus dos filésofos, ou seja, daqueles que definem o desvelamento e 0 oculto com base na causaliciade do fazer, sem nunca levar em consideragao a origem essencial dessa causalida- de". Diante desse Deus da “onto-teo-logia" nao é possivel nenhuma experién- Gla de escuta do siléncio do ser, nenhuma doxologia: “Diante da causa sui, 0 "sta probe seco [ideas em susenso porque opneanenio ro chegou a ex ds mad sulerte talineste cea ata ce oguan dae no conse excu-a" Im Sodom oe ne par ‘mStar. Vain Aan, 1976p. 20 107 AESCUTA DO OUTRO homem nao pode cair de joethos cheio de reveréncia, nem pode produzir misica e dangar diante desse deus. Destarle, o pensamento desprovide de um deus, 0 pensamento que deve deixar de lado 0 deus da filosofia, o deus como causa su, talvez esteja mais prdximo do deus divino”.‘* Onde se perde o sentido do silén- clo do ser, a causa do “deus divino" esté comprometida: no esquecimento do ser naufragam também o escondimento € a revelacao do Totalmente Outro! A “pars. destruens” — como critica do esquecimento do ser (Seinsvergessentielt) — revela aqui sua possivel relevancia em favor de uma teologia do “deus divino” contra 0 “Deus mortuus et otiosus" da “onto-teo-logia”. E coma um reivindicar 08 direitos do Deus do siléncio da re-velatio contra 0 Deus muito humano da tagarelice tilos6fica e teological Se 6 to nitido 0 julzo sobre a metafisica como histéria do ser e de seu esquecimenta e, portanto, como histéria do niilismo ocidental, nao tao claro é 0 caminho da “ars costruens* heideggeriana em busca de um modo de dizer a diferenga superando a linguagem da identidade: do ponto de vista do colocar-se do existir, esse caminho é uma espécie de educacao para a escuta do Dizer originario e do nao menos originério calar. Essa via da escuta é aquela na qual 6 pode aparecer, no entanto, o ser além da esséncia e do sagrado (das Meilize), a ele indissoluvelmente unido. € 0 caminho de uma peregrinagao para a patria, que é a proximidade do ser: "SO nessa proximidade se decide se e como Deus @ 0s deuses se negam e continua a notte, see como amanhece o dia do sagrado, se e como em tal alvorecer do sagrado podem novamente comecar a aparecer Deus e os deuses. O sagrado, porém, que é s6 0 espago essencial da divindade, a qual, por sua vez, garante apenas a dimensdo para os deuses ¢ para Deus, sO chega a aparecer se antes, e em uma longa preparagao, 0 proprio Ser se abree é experimentado em sua Verdade. Somente assim comega, a partir do Ser, a superagao dessa apatridia na qual estao perdidos nao apenas os homens, mas a prépria esséncia do homem".* No caminho da escuta da Doagto originaria, nas 7 dem acosthsine oroen-ogle lime i: tin cite uA. 1982. on. 187-188. 8s "em, Sa ourtiama opet-p 63.-n deseo vaeahtec, wenn Cbeaup de Enschadung, bur mle er Gt und ce Ger sich versagen und de Nae 6, cb und we der Ty os Heir imme, und wie ‘Augen des egos en rseeinen de Gots und dar Ge ru tegen kan. Das allie abe, a ure de ‘Wisenstauy Gate it de elt wicerum urs Oensian ir le Ger ge, waa can ale ns ‘Stncnan, swon'sier unin ange Vorberetung des Sin elo sich gist hal un in soto Wate tan is. Fura! aus dem Sein de Uberulngung dt Haeratosigal, nde ret rare Menschen, onder das Wesen tes Mensch rit” (Si doer abn Humans. 169), 108 estradas i proprio s Sagrado ar abrindo-se determinar linguagi te, sobre o Ali repeligao de velado e cc ocuttante realiza justa oculta: “C quanto des! linguagem dimento candimento ‘0 que imy chegue a cio, em vez poderia im: silencio? No qual o r originario - desde auséncia 0 sto é, com musica ~ deus, 0 usa suk, 22 30 silén- ~=19 do set oooh A “pars se helt) — divino® indicar - ~_mano da 2 de seu - 20 claro é 0 =: de dizer a colocar-se do Dizer sia na qual Heitige) saa patria, = ->mo Deus @ sagrado, a aparecer a divindade, Deus, $6 Ser seabre & r do Ser, 2 omens, mas é - =r gindria, nas setae | Sra se CONTOLOGIAE REVELAGHO _— sestradas interrompidas” que se dirigem ao coragao do bosque cerrado da ser, ‘0 proprio ser se oferece, revelando-se ao mesmo tempo que se retrai ese vela: 0 Sagrado aparece justamente na forma do reirair-se do ser, quando $e abre, mas, abrindo-se, necessariamente se retrai para permitir ao ato de seu abrir-se de determinar-se, O dia do sagrado alvorece da noite do ser, onde o ser vindo & Jinguagem permanece recolhido como 0 siléneio da proveniéneia e do horizon- te, sobre o qual se entalha a acontecer dos entes. A linguagem &, entéo, ao mesmo tempo, 0 lugar do advento do ser @ a repetigdio de seu éxodo: re-velagao no daplice sentido do oferacer-se presente do velado e do novo velar-se do oculte.® "A linguagem ¢ o advento manifestante- oultante do proprio Ser"?! Se na linguagem o ser vem a luz (ad-vern). isso se realiza justamante enquanto a proveniéncia desse advento permanece misteriosa e ‘ooulta: “Chamo ex-isténcia do homem o estar na abertura da 1u2".” “O Ser, en- quanto destino que destina a Verdade, continua aculto."** Desse modo, se na linguagem se realiza 0 vir & luz do ser, que, no entanto, fica aculto, esse escon- dimento que permanece para além da linguagem e se manifesta como es- condimento, justamente por meio dele, pade ser indicads como “siléncio do ser’: (0 que importa ¢ 86 que a verdade venha & linguagem @ que o pensamento chegue a essa linguagem. € possivel que a linguagem reclame um justo silén- cio, em vez de uma expresso precipitosa. Mas qual de nés, homens de hoje, poderia imaginar que seus esforcos se encantrem a vontade no caminho do siléncio?”" Esse siléncio do ser — noite para além da iluminacao, amanhecer ‘no qual o ravelado remete ao oculto e 0 oculto se aferece como o Destinadar originario — nao puro e simples “nao-ser": pode reconduzir-se ao “nada desde que o “nada” seja pensado como auséncia da prasenpa ou presenga 0 ‘auséncia que incide na presenga justamente enquanto proveniéncia e moraca, isto é, como auséncia que € sem deixar de ser. “O nada nao € um objeto, nem ern TT Compre no sb esa uz eagia eidegeriana de cyperar a tereciogls da “Orenbrun’s poe. por cor rtonen saber (en-tergung’, “Vstegund in: ee zur Psat ar hs) Fein at, 193. p. 389, n. 242, Die argu” p24, TSH. “Das Obanrab im Wesen de Syms eee paraiso, p48. °Spath teen varbergende Ankur ks Sens sts. 1) ae fdurci¢ae Steen in dr Lictura des Sains nee th ie Este dos Mensch (2 158). Wom deny 76a Dae Sein ae doe Gesciek das Wat sched, blebs yrborue” (170. sae ary 70, ates et lei dan dab avo oes Sens ur Sprache komme und a Osher ea anon, vse evant nnd Sprache wit weniger das errs Aspen a's an Fe ea ch nz vo ura Hetgen mkt Se Aen, ie Vice 2u denen sin a Pa des Sxtalgens Mach (7. 409 AESCUTADO OUTRO eral um ente; nao se apresenta por si, nem junto com 0 ente, ao qual todavia inere, 0 nada é.a condliedo que tora possivel a revelago do ente como tal para 0 ser existencial do homem. Q nada nao da somente 0 concsito oposto ao do ente, mas pertence originariamente a esséncia do proprio ser." O Ereianen — revelagao revelanie, isto é, o sugeder do evento que constitui e desvelaas coisas om sua verdade — “faz ser a livre espago da clareira luminosa, @ qual acedendo ‘0 que esta presente podle permanecer como tal ¢ da qual escapando 0 que é ausente pode ser tal, sem cessar de ser”. Esse siléncio do ser (esse estar ausente sem por Isso “ndo-ser", esse nada misterioso e oculto) é, portanto, 0 espago do Sagrado? E, dado que “sda partir da esséncia do sagrado pode-se pensar a esséncia da divindade’,”” € 0 espago do Deus misterioso e oculto? Toda resposta corre o risco de agadamento; todavia, se deve ser exclufda uma leitura em chave mistica do itinerdrio de Heidegger, se podie excluir que sua origem teolégica — que “permanece sempre futura"* ~ jee na diregao de alguma relevancia teologica do “silencio do ser". Dois pon- tos emergom com evidéncia da critica & “onto-teo-logia”: por um lado, a naa- identidade de Deus ¢ do ser , portanto, a nao-pertinéncia do termo ser am ieologia, para evitar toda coisificagao e entificago do ser diving; por outro, a pertindncia da dimenstio do ser para fazer a experiéncia de Deus. “Eu acredito que 0 ser ndo possa absolutamente ser pensado na raiz e como esséncia de Deus, mas acredito, por outro lado, que a experiénela de Deus e de seu ser manifesto, justamente enquanto esse ser manifesto pode encontrar o homem, resplandece precisamente na dimensdo do ser, 0 que, porém, nao significa, de maneira nenhuma, qué 0 ser possa ter o sentido de um predicado possivel para Deus.” Dessas duas afirmagoes pode-se extrair uma terceira: se Dous nao 6 0 ser e, portanto, no pode ser reduzido sequer a um dos entes (como acontece na ven rte? eA Ca Fenc,1959, 24, C-sobre sesame Give 8. Sti Fama 105, e Haan Mdina eorgo #arguage chp. 208 Mien, Sub o furan ch, p81 "Fork io tls aku “Sem essa proven sjnmaiteialcangado cain do parser Tec proengaca pemanece somo hu, Ke, "Daur colaua e's dl ngage veh clube dae Sain nals as Grund und Wesan von Gt godach werden Fann da abe leita! di Case sto und abrer Oneal soem sie dem Blnachen begegna) I de Divesion des Sein sch crane geome teeap. da Senna aismgjichePrad alr Go gle: us saat mt Mirna ros odes eganzada pe Votageaischu dr Staontenscaf der Univers i Zirh, Zach, 1352 ‘ato por in. 3 son aera Mar, 1987, p. 98.0.1. 110 “onto-teo-logia) dimensao do ser, nao vem & luz, que nada como simples enquanto ser dete protundidade mist espera de um adver ram, a camino, co Osiléncio to esta é inexprimive © possive! lugar vras , portanto, a p nas palavras: “A pr muito pequena... p divina’, na qual D quase indispensave tica negativa ao pe: Deus como a aura seu retira’.*" O nad ser como sua simp © espago do retrai sem lugar de seu a oser determina-se © portanto, plenitude o cio no qual ressoa.a a partir do qual eno esséncias, dos entes Gao do ser e, portan ria. Aqui 0 caminho Lutero,® mas evoca OMTOLOGAEREVELAGIO “onto-teo-logia”) e se, todavia, de seu advento so se pode fazer experiéncia na dimensao da ser, 0 espago para Deus poderia residir naquela regiao do ser que nao ver & luz, que fica silenciosa e oculta para além da esséncia, que nao € 0 nada como simples e puro "nao-ser", mas eventualmente como o além do ser enquanto ser determinado, como noite e silencio do ser. Tendendo para essa profundidade misteriosa, 0 pensamento permanece aberto, perene viandante & ‘espera de um advento: "Continuamos, portanto, também nos dias que nos espe- ram, a caminho, como viandantes direcionados a proximidade do Ser’. O siléncia do ser, entéo, como para além da diferenga ontologica, enquan- to esta é inexprimtvel na linguagem da identidade, se oferece pelo menos como 6 possivel lugar da proveniéncia do advento, o silente lugar fecundo das pala- vras e, portanto, a possivel Origem silenciosa da Palavra, que possa vir a habitar ras palavras: “A propria diferenga ontolégica, # também o Ser, portanto, torna-se muito pequena... para pretender oferecer a dimensao, e menos ainda a 'morada divina’, na qual Deus poderia tornar-se pensdvel.... A diferenca ontologica quase indispenséve! para todo o pensamento, se oferece assim como propedi@u- tica egativa ao pensamento impensdvel de Deus... 0 impensavel... caracteriza Deus como a aura de seu advento, a gléria de sua insisténcia, 0 esplendor de seu retiro” 2" © nada— pensado fora da trama da identidade que o relaciona ao ser como sua simples negagao (nldo-ser = nao-ente = nada) — se oferece como ‘0 espaco do ratrair-se do ser e, a0 mesma tempo, de seu provir, como o lugar sem lugar de sou acontecer ¢, por isso, de seu pegar-se, porque sé negando-se ‘ser determina-se como evento: acontece. 0 nada como auto-negagdo do ser é, portanto, plenitude originaria e oculta, € a auséncia do fazer-se presente, 0 silén- io no qual ressoa a palavra, a noite na qual resplandece a iluminagao, 0 oculto, 4 partir do qual eno qual se realiza a revelaco. Enquanto tal, le é, pare além das esséncias, dos entes e de seu definir-se, negagdo nao do ser, mas da determina 40 do sere, portanto, retrair-se ou autonegar-se do ser coma Doagdo originé- ria, Aqui 0 caminho heidegyeriana revela a influéncia da “theologia crucis” de Lutero,2” mas evaca também a linguagem da ap6tase dionisiana, que se diriga & % Vaan, Sabre o arama cl 73. wn, Dose asses eee nts ra foma ncaa programatcanents nas Teses XD e XX da Qiseui etry (1818): WA A er uy a ets poceteres, ae em todo @sabor of ensas mantests hemensans, como aan ratia 19a Loran der don ferried 815-1817. WAS0371 Of Leeann von, eet Se elope utero in ea prepetia ccuerico, Bolg 1973. lambem FB a Gustiaiore Gi ina ator dom. sont etna Mino, 199, op, 122-108, 14 AESCUTADO OUTRO, Trindade para além do ser, do divino e do bem”:® confirmagao, embora indire ta, de uma abertura teoldgica, em que refloresce sua proveniéncia origindria desse “pastor do ser"? Nao poderia, entdo, essa indicagdo do nada como “si- lencio do ser, enquanto lugar da provenincia do evento, oferecer-se exatamen- te como vestigio que abra 0 horizonte no tempo de pobreza? “O tempo da noite do mundo é 0 tempo da pobreza porque se torna sempre mais pobre. Ja se tornou téo pobre que nao pode reconhecer a falta de Deus como falta... E por que os postas no tempo da pobreza?... Ser poeta no tempo da pobreza significa: cantando, inspirar-se no vestigio dos deuses foragidos. Eis por que, no tempo da noite do mundo, o poeta canta 0 Sagrado."** O “siléncio do ser” poderia taivez constituir 0 vestigio, detectado na noite do mundo, para abrir-se ao canto do Sagrado, para seguir ndo os deuses foragidos, mas o Deus silencioso e ocul- to no tempo do ser. 2. 0 semblante dos outros e a superacio da identidade absoluta 0 itinerdrio de Emmanuel Lévinas® parte de Heidegger para supera-lo aluno de Husserl e Heidegger, em Friburgo, entre 1928 e 1929, Lévinas herda do ca Rote P8997 AC. Form. B. Luniveren dlnilana nal Protogo dla "Missa Teolog". on {Hovey po, LST (agora também em Sv sani dena ek, gB- 11-64). © Yanan, ©. De absence ef mamas te Ds Pari, 198, see oretsonarent nts Heiepye ea Pseudh-Oionsh Ponge-se no Sem aes proveiéoia ania jamal tia eat 2 ca ta parame. Masa provaienela pearace sere fo" (Daun ealloque nel ascot ‘ho ise thecogeche Het wa Wr tuselnem Gaeproh von der praca. I: Ct iniaber bit stats Zk itn Parv| poet? Kem. Sano tera Te Chiog Firenze, 1964. pp. 27.2495: “la Zalt dr Wench ‘Se sutin Ze et sommes drier ra Sie! berets cig aworder, ca sie rich mee vera, de (ots a Fabian mse," una osu Dern tigar Ze Dicer sin tiger eit: seeber rtunan Gate sen, Catan sao der Dinar aur Ze der Wtnact as Helge (zy Dc aoc 5 wk Frankl aM, 1972. 248.250). Gr coor cues tumas alm do tase guest de Dieu (Pat TORT, Coan, F Akar @ ft "Pose hetcageranooprasonaten ates Bria, 170 faa. ite reer heap ave, 174: Pn ‘ne Bresia 1974 Sesto tu Cons, P.Donaeabbandono: ules i cian 6 (1984, 386, 7-5, Sob Lian cl ene otas obras Pua, S, £2 ve@ nomads Intoaiione & nai Levinas. 1080 is Parte avis mencifen 2 ‘sone oma, BBD: icra E Levins Soar lanes ova, 198: hs, Lee Levinas Grose 1988. Sob orearonaanio com Heideoget. cl ‘we apt Lvs ev una no Ati oo essere 02 at oe esence (lan, 883, 0.4, 12 primeira on pergunta fun nhecera— dizer 0 “outr alteridade co te um “ser 0 como Ente s\ pensar 0 “au mundo fecha metatisica a alteridade, ir va em relaca filosofia ocic da escatolo ceito de total a portadores essa lotalida: telealdgico escatologia r nao com o se Esse a como o simp te-se, antes, historia: “Poo em quea total a propria tata) 10 rasto dos colvido, expr e apresenta | sidade nao e: Enea nas Heaegge sr, To ‘em, de 2ré-lo: dado ‘engi iano ONTOLOGIA E REVELAGIO primeiro 0 modo de pensar — a atengaa fenomenologica — e do segundo a pergunta fundamental, € a pergunta na qual — como o préprio Heidegger reco- nhecera — parece nautragar 0 empreendimento iniciado com Sere tempo: Como dizer 0 “outro de si” na linguagem do ser? Como fazer ouvir o som inaudito da alteridade com as palavras da identificagao? Nao se trata de pensar simpiesmen- te um “ser outro”, como fez, por exemplo, a “onto-leologia® em relagao a Deus como Ente supremo. Trata-se — muito mais radical e problematicamente — de pensar 0 “outro de si" ou 0 “além da esséncia’, que no se deixa reduzir ao mundo fechado dos entes. Trata-se de romper a totalidade na qual foi pensada a metatisica desde os gregos até os modernos pata redescobrir a verdadeira alteridade, irredutivel ao simples existir dispontvel do ente e, portanto, subversi- va em relacao & violéncia praticada pelo totalitarismo proprio dos sistemas da filosofia ocidental. Uma tal redescoberta da alteridade s6 possivel no registro da escatologia protélica: "A face do ser que se revela na guerra fixa-se no con- Ceito de totalidade que domina a filosofia ocidental. Os individuos reduzem-se al a portadores de forgas que os comandam &s escondidas. Os individuos levam a essa lotalidade seu sentido... A escatologia, ao invés, nao introduz um sistema teleologico na totalidade, nao consiste em ensinar a orientagdo da histéria, A escatologia relaciona-se com 0 set, fara aléin dé Lolalidade ou da histéria, © no com o ser para além do passado e do presente”. Esse além dla totalidade nao se oferece de maneira puramente negativa, ‘como o simples sinal de “menos” diante do paréntese que abarca o todo: refle- te-se, antes, de maneira incisiva dentro da propria totalidade da experiénciae da historia: "Pode-se remontar a partir da experiéncia da totalidade, a uma situagao em quea totalidade se fragmenta, 20 mesmo tempo que essa situacao condiciona propria totalidade. Tal situacao é o fulgor da exterioridade ou da transcendéncia no rosto dos outros. O conceito dessa transcendéncia, rigorosamente desen- volvido, exprime-se pelo termo infinito".*° Em relagao a essa alteridade, que se aprasenta no semblante dos outros como exterioridade e infinito, a subjeti- vidade néio esté perdida: é apreendida como separagdio e apropriagao do ser “een nia dover ito legge Deora eternal? Peo mans ess detounagso waa 8s) uns mano de asquce acd, nom esa vida um atv de =muecinsnt"- A segunda pte daca tris {spfalaconamnto ang ne Heidegger eg nation Cl. lambert, FPaneaealmen acne vias eiagour guia, 25 1088), pp. 450488 ‘= Leas Foti ava Listes, Eekgbe 7, 1968p 10-(Sb sa Flesota Conergarana, 5) 113 AESCUTADO OUTRO ‘em De /existence 4 existent {Da existéncia ao existente] (1947)," mediante a anélise da experiéncia do //a; como fruigo e moradia em Tota/ioade e intinito (1961); como @xodo de si sem retorno, responsabilidade para com o outro a ser vivida em uma assimetria que $6 respeita 0 outro como outro, em Autrement qubive ou au-dela de lessence (1974). € sobretudo essa categoria ética da res- ponsabilidade que permite a Lévinas superar 0 imperialismo da subjetividade {otalizante para abrir o eu a uma verdadeira experiéncia do infinito que se oferace nna face do autro. “A ética é 0 campo que designa o paradoxo de um Infinito em relagao ao finito sem negar-se nessa relacao”:" a ética € a explosao da unidade originaria e absoluta do eu, a abertura ao além da experiencia, 0 lugar do teste- munho —e nao da tematizagao — do Infinito a partir da responsabilidade para cam os outros de um sujeito que suporta tudo, que esta submetido a tudo, que sofre por todos e é responsavel por tudo. A reflexcio metaffsica é, portanto, assumida e superada na reflexao ética sé gracas & responsabilidade pelo outro que o sujeita sai realmente do encar- ceramento de si, rompe a totalidade tluséria de seu mundo @ aceita tornar-se rofém do outro, $6 ento, na inquietude para com o outro levada até a substitui- (do, 0 eu alinge realmente a si mesma, livre dos grlindes do proprio mundo absoluto, para reencontrat-se no ter-se perdido por causa e em favor do outro, E por essa via que Deus vem a idéia, pelo vestigio dele que se oferece no semblan- te dos outros: “Pensamos que a idéia-do-Infinito-em-mim — ou minha relagao com Deus — me acorre na coneretude de minha relagao com 0 outro homem, nna socialidade que é minha responsabilidade para com o préximo: responsabili- dade que nao contraf em nenhuma ‘experiencia’, mas da qual 0 semblante dos outros, por forga de sua alteridade, por forga da sua propria estranheidade, fala como que do mandamento vindo do se sabe de onde...como se o semblante de outro home, que de repente ‘me interpela’ e me ordena, fosse o n6 do enredo mesmo da superagao por parte de Deus, da idéia de Deus..."."* E como o apre- sentar-se de uma revelacdo ética de Deus de um seu vir & idéia s6 quando ¢ pensamento da totalidade do eu se rompe no gesto da responsabilidade pele outro: "E necessério um ato de justiga — a retido do face-a-face — para que s produza a abertura que leva a Deus — ea ‘visao’ coincide aqui com esse ato de itn itn aes Casale Monet, 196, 4 gm, Anime see lb. 186. en 2 9 one vine Mano, 1982. , 128 114 justiga.... NA pode relagao com os ho: indispensével & mir papel de mediador seu rosto, no qual se revela’.** Relaci por pura gratuidacte ‘Go da reciprocidac si", o para além de deina-se alcangar p Deus vivo, o “Daus Como Lévina que se apresenta n da metafisica na étic outro, experimenta tal indagagao the v ocidental como his: progressiva reapror como categoria do purificado no fogo revelagao, para a suy segue. “Nenhuma re de fundago econ viver e suport, jé cao e de sua posiga partir da exigéncia sua propria mensag somente a consciés 9 destino judaico rep 8 uma presenga per mais encaberto @ 0c std mais justificado ONTOLOGHAE REVELAGAC justiga... Nao pode haver nenhum ‘conhecimento’ de Deus que prescinda da relagdo com os homens. O autro é justamente o lugar da verdade metaftsica, indispensavel & minha retacao cam Deus. Nao desempenha de modo nenhum o papel de mediador. O outro nao 6 a encarnagao de Deus, mas precisamente por ‘seul rosto, no qual esté desencarnado, a manifestagao da majestade em que Deus se revela’.” Relacionando-se com 0 autro sem correlagao, amando 0 préximo por pura gratuidade, vivendo a responsabilidade pelos outros, sem a preocupa~ (do da reciprocidade, a sujeito nao sé € outro, mas também atinge o “outro de si", 0 para além de seu mundo, e nesse espago para além do pensado e do dito deixa-se alcangar pelo advento do Outro, nao como objeto morto, mas como Deus vivo, 0 “Deus-que-vem-a-idéia, como vida de Deus” Como Levinas chegou a essa superagao radical da totalidade no Infinite que se apresenta no semblante dos outros e, portanto, a essa resolucao global da metatisica na ética, da subjetividade absoluta na responsabilidade para com outro, experimentada camo éxodo de si sem retorno? Se a primeira e fundamen- tal indagagdo Ihe veio de Heidegger e da releitura que este faz da metafisica ocidental como historia do niilismo, a forma da resposta foi-se delineando na progressiva reapropriagao de suas rafzes judaicas: o judafsmo ofereceu-se-Ihe ‘como categoria do humano, religiéo da ética da responsabilidade, testemunho purificado no fogo do Holacausto do valor infinito do Outro, que se apresenta na revelagao, para a superagdio do imperialismo do sujeito e da violéncia que se Ihe segue. “Nenhuma religido, decerto, em cénones de conformismo, de dominio @ de fundagao econmica. Mas é pravavelmente caracteristica do povo judaico viver e suportar, 4 em sua hist6ria excepcional e na precariedade de sua condi- Gao e de sua posigao na terra, a incompletude de um mundo experimentada a partir da exigéncia, irredutivel e urgente, da justiga na qual reside a esséncia de sua propria mensagem religiosa, Crueza do mundo... do qual 0 judaismo nao ¢ somente a consciéncia, mas também a testemunho, isto 6, o martirio... Como se ‘ destino judaico representasse uma rachadura no invélucro do ser imperturbével ¢ uma presenga percebida em meio a uma ins6nia na qual o inumano nao est mais encoberto e oculto pelas necessidades politicas por ele construidas ¢ nao ‘esta mais justificaco por sua universalidade.”* Sm, fac mae 068. fda. ect Cote costae! Nap, 986... 115 AESCUTADOOUTRO Edemado especial ao Za/mude que Lévinas atribui o mérito de singularizar a verdade e, portanto, de contestar toda presungao de tolalidade. O principio talmuidico de que “a Tord fala a linguagem dos homens” encerra o grande pensa- mento de que a Palavra de Deus pode ser contida nas palavras das quals se ser- vvern as seres criacos entre si: “Contragao admiravel do Infinito, o ‘mais’ habitante no ‘menos’, 0 Infinito no Finito’.** € por isso que o judaismo nos torna atentos a palavra concreta e singular e nos abre a verdade que se comunica na proximidade cconeretissima do outro. A raiz profunda da superagdo da metatisica na ética da responsabilidad 6 esse pensamento judaico da revelagdo, que vem de outro lugar ‘em relagdo 20 mundo grego: nesse encontro de mundos, a alteridade se oferece para romper o imperialismo ocidental da subjetividade, e a descoberta do outro no apresentar-se desnudo da exterioridade de seu semblante, vestigio de infinito, ‘vem desbloquear a impossibilidade constituida do dever dizer a diferenga na lin- guagem da identificagao, 0 “outro de si” nas palavras da metafisica, exaurida no esquecimento do ser. Gragas a esse retorno as raizes judaicas, Lévinas fecunda © pensamento grego do Ocidente com um desafio novo e real: 0 da alteridade corretamente entendida, aquele para além do todo que, acontecendo na proximi- dade do outro, chama o eu a responsabilidade e 0 abre aos outros libertanda-o do encarceramento de si. Nesse sentido, nao hé dualismo em Lévinas, quase simples justaposigao de filosotia e revelaglo, de pensamento grego ¢ tradicao biblica: nele os dois mundos se encontram, e a eleico do “lugar” grego, com a seriedade de suas perguntas e de seus caminhos interrompidos, oferece-se como terreno de advento de um pensamento que vem de algures ¢ para ele se abre. O judaismo ¢ testemunho do Outro, selado pela permanente inquiatude da cons- ciéncia judaica para com toda presungdo de totalidade & pela permanente intole- ranoia de todo totalitarismo para com essa forma tenaz de singularizagao inaudi- ta da verdade. © em, ide. 52 116 busca de uma Nietzsche e o ac modernas “filosofias qual raza adulta radoxal de niilismo mesmo tempo, afasta tempo como Koupos do advento do Outro. rico mediante a retor do tempo, Nietesche tudo se resolve no ¢ Diferenca. A dialética to do Outro ¢ expres: paravelmente, 0 re00 identidade absoluta. 1. Tempo circul Mircea Eliade sociedades arcaicas

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