RELATÓRIO FINAL 1
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Coordenação
Eduarda Marques Costa
Heitor Gomes
Sónia Trindade
Equipa Técnica
Carla Figueiredo
Carla Melo
Carlos Fontes
Filomena Faustino
Isabel Leal
Marco Cruz
Rita Garcia
Sónia Vieira
RELATÓRIO FINAL 1
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Resumo
Em Março de 2008, iniciou-se o Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins Múltiplos do Alqueva na
Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo, que apresentava os seguintes objectivos:
Ê proceder ao levantamento das necessidades de recursos humanos decorrentes da previsível dinâmica de
desenvolvimento induzida pelo EFMA;
Ê identificar os principais défices de recursos humanos - quantitativos e qualitativos - decorrentes da
materialização dessa dinâmica;
Ê elaborar recomendações no domínio das estratégias de emprego e de formação/qualificação dos recursos
humanos, visando suprimir as carências previamente detectadas, de modo a potenciar o aproveitamento dessa
dinâmica.
Para responder à concretização destes três objectivos, o Estudo foi estruturado em três etapas:
Ê Etapa I, onde se apresentou uma análise SWOT, decorrente da caracterização e do diagnóstico prospectivo
desenvolvido em volume anexo, que identificou as dinâmicas territoriais e demográficas, da base económica e dos
recursos humanos, verificadas nos últimos anos, no “Espaço Alqueva”;
Ê Etapa II, onde se apresentou uma análise prospectiva das necessidades quantitativas e qualitativas de recursos
humanos para o “Espaço Alqueva”, desenvolvida em três fases:
estimativa dos quantitativos de oferta de emprego, em três cenários: um que considerou a evolução gerada
pelo quadro de oportunidades do EFMA (englobou a execução das infra-estruturas do EFMA, ao que
acresceram a execução dos grandes projectos previstos e a continuada expansão da agricultura de regadio,
fortemente suportada na vinha e no olival); um segundo que considerou a manutenção da tendência verificada
nos últimos dez anos (englobou a execução das infra-estruturas do EFMA, mas não considerou a execução
dos grandes projectos previstos); um terceiro que segue a evolução tendencial do espaço nacional e que,
neste contexto, apresenta valores mais contidos, face aos que têm como referencial as dinâmicas mais
favoráveis do “Espaço Alqueva” nos últimos anos;
estimativa do stock de população activa, o que corresponde à procura de emprego, suportadas num exercício
desenvolvido tendo por base as projecções demográficas do INE, dando origem a três cenários: baixo,
tendencial e alto;
por fim, a construção dos cenários qualitativos para os recursos humanos no “Espaço Alqueva” desenvolvidos
a partir da realização de três workshops prospectivos (para as fileiras turismo, agricultura e agro-indústria e
energia), onde se conjugam as informações do foro qualitativo, com os quantitativos obtidos anteriormente, em
termos de postos de trabalho e de recursos humanos disponíveis.
Ê Etapa III, onde constam as Conclusões e Recomendações, elaboradas com base no trabalho desenvolvido nos
capítulos anteriores e que incide em quatro níveis de intervenção: orientações para aumentar a atractividade dos
recursos humanos na Região, inventariando-se algumas acções que podem contribuir para aumentar a
capacidade de captação regional de recursos humanos; recomendações para a definição de políticas de emprego;
orientações para a definição de políticas de formação; e a construção de um dispositivo de monitorização
associado aos impactes do EFMA.
RELATÓRIO FINAL 3
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Índice
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................... 9
I.1. Delimitação das Fileiras e sua Correspondência em Termos de CAE para Fins Estatísticos.................................. 13
III. ANÁLISE PROSPECTIVA DAS NECESSIDADES QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS DE RECURSOS HUMANOS ........................ 37
III.2. Formação de Competências para a Alavancagem das Fileiras Impactadas pelo EFMA ....................................... 39
IV.4. Monitorização da Evolução das Condições de Procura de Trabalho, de Qualificações e Competências ............. 84
RELATÓRIO FINAL 5
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Siglas e Acrónimos
6 RELATÓRIO FINAL
APRESENTAÇÃO
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Apresentação
APRESENTAÇÃO
O documento que agora se apresenta corresponde ao Relatório Final do Estudo dos Impactes Previsíveis do
Projecto de Fins Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo.
Dando cumprimento aos objectivos específicos estipulados em sede de Caderno de Encargos, este documento
concretiza o referencial metodológico apresentado na Proposta Técnica, estruturando-se em quatro capítulos:
RELATÓRIO FINAL 9
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Apresentação
INDICADORES DE CONTEXTO
Densidade Populacional hab./km2 2006 113,6 24,2 20,3
População Residente n.º 2001 9.869.343 776.585 294.540
Variação População Residente 1991/2001 % 2001 5,3 -0,7 -2,1
População 0-14 anos n.º 2001 1.557.934 106.645 41.380
População 15-24 anos n.º 2001 1.399.635 100.507 39.257
População 25-64 anos n.º 2001 5.283.178 395.932 148.665
População 65 anos n.º 2001 1.628.596 173.501 65.238
Índice de Envelhecimento 2001 104,5 162,7 157,7
Taxa de Mortalidade ‰ 2005 10,2 14,4 ND
Taxa de Natalidade ‰ 2005 10,3 9,0 ND
Taxa de Retenção e Desistência no Ensino Básico % 2005/06 10,6 12,5 ND
Taxa de Transição/Conclusão no Ensino Secundário % 2005/06 69,4 68,4 ND
COMPETITIVIDADE ECONÓMICA
Volume de Negócios das Sociedades 103 € 2005 306.821.138 12.184.169 2.798.728,3
Sociedades Constituídas n.º 2006 25.470 1 427 532
Sociedade Dissolvidas n.º 2006 8.477 479 173
Estabelecimentos (hotéis, pensões e outros) n.º 2006 1.750 142 64
Capacidade de Alojamento (hotéis, pensões e outros) n.º 2006 226.944 9.323 4.861
Dormidas (hotéis, pensões e outros) n.º 2006 30.657.267 978.492 480.244
Hóspedes (hotéis, pensões e outros) n.º 2006 10.975.409 610.746 300.631
Saídas Total 103 € 2006 33.236.546 2.533.085 279.720,9
Saídas Expedições 103 € 2006 25.714.601 2.121.152 183.303,5
Saídas - Exportações 103 € 2006 7.521.945 411.933 83.717,5
Entradas Total 103 € 2006 51.308.154 2.534.781 207.725,8
Entradas Chegadas 103 € 2006 38.633.917 2.305.487 179.325,7
Entradas Importações 103 € 2006 12.674.237 229.294 18.076,6
Consumo de Energia Eléctrica por Consumidor Doméstico 103 kWh 2005 12.762.990 971.313 361.070
Consumo de Energia Eléctrica por Consumidor Agricultura 103 kWh 2005 1.012.085 324.813 86.495
Consumo de Energia Eléctrica por Consumidor Indústria 103 kWh 2005 17.653.307 1.681.350 162.302
EMPREGO
População Activa – Total n.º 2001 4.778.115 352.949 132.277
População Activa – Homens n.º 2001 2.617.974 198.795 74.501
População Activa – Mulheres n.º 2001 2.160.141 154.154 57.776
População Inactiva – Total n.º 2001 3.533.294 316.991 120.883
População Inactiva – Homens n.º 2001 1.350.448 125.870 48.473
População Inactiva – Mulheres n.º 2001 2.182.846 191.121 72.410
População Desempregada – Total n.º 2001 327.404 29.782 12.207
População Desempregada – Homens n.º 2001 138.869 10.487 4.422
População Desempregada – Mulheres n.º 2001 188.535 19.295 7.785
Taxa de Actividade (população total) – Total % 2001 48,4 45,4 52,3
Taxa de Actividade (população total) – Homens % 2001 54,9 52,4 51,7
Taxa de Actividade (população total) – Mulheres % 2001 42,3 38,8 38,4
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Total % 2001 71,5 71,1 70,4
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Homens % 2001 79,7 80,1 79,0
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Mulheres % 2001 63,6 62,1 61,7
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Total % 2001 71,5 71,1 70,4
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Homens % 2001 63,6 62,1 61,7
Taxa de Actividade (população em idade activa 15-64) – Mulheres % 2001 49,7 44,6
Taxa de Desemprego – Total % 2001 6,9 8,4 9,2
Taxa de Desemprego – Homens % 2001 5,3 5,3 5,9
Taxa de Desemprego – Mulheres % 2001 8,7 12,5 13,5
10 RELATÓRIO FINAL
SÍNTESE DO ROTEIRO METODOLÓGICO I
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
contaminação dos lençóis freáticos, mas também na questão da manutenção/preservação das paisagens naturais e da
qualidade do ar. Conta-se ainda nesta fileira a componente dos estudos, nomeadamente os estudos de impacte
ambiental.
A fileira inovação foi igualmente considerada transversal às restantes fileiras. Trata-se de um domínio fundamental para
a reorganização/reestruturação do sistema produtivo. Actividades como a certificação, o controle de qualidade e a
biotecnologia agro-alimentar devem ser considerados nas actividades futuras, mas de uma forma mais genérica, a
inovação deverá estar presente na actividade industrial, nomeadamente de alta tecnologia, e na prestação de serviços,
em particular dos intensivos em conhecimento.
É neste sentido, que as fileiras ambiente e inovação foram entendidas de forma transversal, à semelhança do que foi
considerado no estudo de “Identificação e Localização de Centros de Concentração Empresarial no “Espaço Alqueva”
nas Fileiras: Agricultura/agro-indústria, Água, Ambiente, Energia, Inovação e Tecnologia e Turismo”, elaborado pelo
CIDEC/NEMUS (2006).
Água/
EFMA
Inovação
e I&D
Ambiente
Turismo
Energia Desporto
Agricultura
&
Lazer
Turismo
Agro-Indústria Hotelaria/
/Restauração
Ambiente
Reciclagem
Inovação
e I&D
Transportes
&
Logística
Turismo
Serviços
Desporto
Comércio Pessoais/Serviços
&
Públicos
Lazer
Posteriormente à identificação do quadro relacional entre as várias fileiras e actividades associadas, efectuou-se a
respectiva correspondência com os sectores de actividade económica (CAE, Rev. 2), para tratamento de informação
estatística (emprego, estabelecimentos, níveis de qualificação das pessoas ao serviço e outros elementos da dinâmica
do emprego e das empresas) relativa às várias actividades enquadradas nas fileiras.
Contudo, verificou-se ao desenvolver a tabela que não existe correspondência entre muitas das actividades/sub-ramos
emergentes nas fileiras do EFMA e a sua classificação de acordo com a CAE, não permitindo assim a individualização e
a quantificação de todas actividades anteriormente identificadas. A correspondência apresentada neste trabalho tem
assim limitações decorrentes da indisponibilidade estatística do sistema de classificação nacional.
Com efeito, as actividades enquadradas nas fileiras assentam numa lógica de aproveitamento de recursos (caso da
água, energia ou ambiente), enquanto a CAE assenta fundamentalmente numa lógica de produção-produto final de
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
cada actividade, não permitindo desenvolver a componente de interacção entre sectores (efeitos directos-indirectos-
induzidos), importante para a total compreensão das dinâmicas associadas a cada fileira. Neste contexto, as
actividades de cada fileira analisadas com base em informação estatística foram as possíveis, designadamente:
Ê fileira água, compreendendo apenas as actividades de captação, tratamento, armazenamento e distribuição de
água às populações e actividades económicas:
Actividades consideradas,
Código da CAE
com correspondência na CAE
Água 41000 - Captação, tratamento e distribuição de água
Ê fileira agro-indústria, compreendendo as actividades industriais do ramo alimentar situadas a jusante da fileira
agricultura (tal como definida no ponto precedente)2:
Actividades consideradas,
Código da CAE
com correspondência na CAE
15310 - Preparação e conservação de batatas
15320 - Fabricação de sumos de frutos e de produtos hortícolas
15331 - Congelação de frutos e de produtos hortícolas
15332 - Secagem e desidratação de frutos e de produtos hortícolas
15333 - Fabricação de doces, compotas, geleias e marmelada
15334 - Descasque e transformação de frutos de casca rija comestíveis
15335 - Prep. e conservação de frutos e de produtos hortícolas , n.e
15411 - Produção de óleos e gorduras animais brutos
15412 - Produção de azeite
15413 - Produção de óleos vegetais brutos (excepto azeite)
15420 - Refinação de óleos e gorduras
Industrias Principais 15430 - Fabricação de margarinas e de gorduras alimentares similares
15510 - Indústrias do leite e derivados
15611 - Moagem de cereais
15612 - Descasque, branqueamento e glaciagem de arroz
15613 - Transformação de cereais e leguminosas, n.e.
15620 - Fabricação de amidos, féculas e produtos afins
15710 - Fabricação de alimentos para animais de criação
15850 - Fabricação de massas alimentícias, cuscus e similares
15870 - Fabricação de condimentos e temperos
15891 - Fabr. fermentos, leveduras e outros para panificação e pastelaria
15911 - Fabricação de aguardentes preparadas
15912 - Fabricação de aguardentes não preparadas
1 O sistema de informação estatístico nacional e a respectiva classificação das actividades económicas não permite obter a verdadeira dimensão
dos sectores indirectamente associados à componente agrícola. Para além da actividade “serviços relacionados com a agricultura e pecuária”, não
é possível obter de forma detalhada outras actividades decorrentes do sector primário.
2 À semelhança do sector agrícola, a informação estatística disponível em fontes oficiais não permite identificar de forma individualizada o que
poderiam ser os efeitos indirectos do desenvolvimento da fileira agro-indústria. Sabendo que esta tem relações com actividades de produção
(embalagens, rotulagens, ….), transporte e serviços de apoio, mas não sendo possível a sua quantificação, uma vez que o sistema de informação
estatístico nacional e respectiva classificação das actividades económicas não permite obter a verdadeira dimensão dos sectores indirectamente
associados, estas actividades indirectas serão consideradas numa abordagem fundamentalmente qualitativa.
RELATÓRIO FINAL 15
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Actividades consideradas,
Código da CAE
com correspondência na CAE
15913 - Produção de licores e de outras bebidas destiladas
15920 - Fabricação de álcool etílico de fermentação
15931 - Produção de vinhos comuns e licorosos
15932 - Produção de vinhos espumantes e espumosos
Industrias Principais 15940 - Fabricação de cidra e de outras bebidas fermentadas de frutos
15982 - Fabricação de refrigerantes e de outras bebidas não alcoólicas, n.e.
15950 - Fabr. vermutes e de outras bebidas fermentadas não destiladas
15960 - Fabricação de cerveja
15970 - Fabricação de malte
15520 - Fabricação de gelados e sorvetes
15720 - Fabricação de alimentos para animais de estimação
15811 - Panificação
15812 - Pastelaria
15820 - Fabricação de bolachas, biscoitos, tostas e pastelaria de conservação
15830 - Indústria do açúcar
Outras indústrias 15841 - Fabricação de cacau e de chocolate
15842 - Fabricação de produtos de confeitaria
15860 - Indústria do café e do chá
15880 - Fabricação de alimentos homogeneizados e dietéticos
15892 - Fabricação de caldos, sopas e sobremesas
15893 - Fabricação de outros produtos alimentares diversos, n.e.
15981 - Engarrafamento de águas minerais naturais e de nascente
Ê fileira turismo, compreendendo as actividades turísticas directa ou indirectamente associadas ao EFMA (e,
consequentemente, localizadas na sua envolvente mais imediata), as quais englobam a componente de
alojamento hoteleiro e outras componentes relevantes para o destino turístico Alqueva (desde o aluguer de
embarcações até à actividade dos Museus, etc.):
Actividades consideradas,
Código da CAE
com correspondência na CAE
55111 - Hotéis com restaurante
55112 - Pensões com restaurante
55113 - Estalagens com restaurantes
55114 - Pousadas com restaurante
55115 - Motéis com restaurante
55116 - Hotéis-apartamentos com restaurante
55117 - Aldeamentos turísticos com restaurante
Hotelaria
55118 - Apartamentos turísticos com restaurante
55119 - Estabelecimentos hoteleiros, com restaurante, n.e.
55121 - Hotéis sem restaurante
55122 - Pensões sem restaurante
55123 - Apartamentos turísticos sem restaurantes
55124 - Estabelecimentos hoteleiros, sem restaurante, n.e
55200 - Estabelecimentos hoteleiros sem restaurante
55300 - Restauração
Restauração
55400 - Estabelecimentos de bebidas
61200 - Transportes por vias navegáveis interiores
Actividades Náuticas 63220 - Outras actividades auxiliares dos transportes por água
71220 - Aluguer de meio de transporte marítimo e fluvial
Golfe e outros 92620 - Outras actividades desportivas
Aluguer de veículos automóveis 71100 - Aluguer de veículos automóveis
Serviços 92520 - Actividades das bibliotecas, arquivos, museus e outras actividades culturais
Ê relativamente à fileira ambiente e à fileira inovação, pela sua heterogeneidade sectorial e pelo seu alcance,
foram consideradas de forma transversal, identificando-se apenas algumas CAE. No primeiro caso, compreende
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RELATÓRIO FINAL 17
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RELATÓRIO FINAL 19
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
de Beja; Herdade do Vale da Rosa; Socialfundão - Sociedade Industrial e Comercial de Azeites de Alfundão, Lda;
CAMPOS - Empresa de Trabalho Temporário Formação Unipessoal, Lda; Centro Local de Atendimento ao Imigrante
Beja; Associação de Criadores Ovinos do Sul; Cooperativa Agrícola de Vidigueira; Confederação dos Agricultores de
Portugal; Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches.
O terceiro workshop, dedicado à fileira energia, decorreu no dia 24 de Setembro, em Beja, no Auditório da EDIA, tendo
sido convidados representantes da EDIA, IBEROL - Sociedade Ibérica de Olegianosas, S.A.; SELECT-Recursos
Humanos S.A.; Escola Profissional de Alvito; Governo Civil do Distrito de Beja; LUSOFUELS; ETHAGAL;
GREENCYBER, S.A.; Endesa/Energi; Agência Regional de Energia do Centro e Baixo Alentejo.
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
PONTOS FORTES
Ê Crescimento significativo do emprego associado a esta fileira nos últimos anos, sobretudo nas
actividades relacionadas com o EFMA
Água
Ê Fileira com elevado peso dos trabalhadores jovens e, portanto, com capacidade para inserir os
jovens na vida activa
Ê Reorganização agrária do espaço agrícola, permitindo a realização de importantes investimentos nos
últimos anos na produção intensiva, designadamente no olival e na vinha (vinho e uva de mesa)
Ê Intensificação da mecanização agrícola, sobretudo no olival, incrementando a produtividade e
constituindo novo estímulo à qualificação escolar e técnica dos activos
Ê Ritmo de adaptação às culturas de regadio globalmente positivo
Agricultura
Ê Introdução de culturas para produção de biocombustíveis
Ê Ligeiro rejuvenescimento da estrutura etária e incremento das qualificações escolares dos
trabalhadores do sector
Ê Presença do COTR não só nos serviços de assistência técnica ao agricultor, mas também através de
outros serviços prestados (ex. Sistema Agrometeorológico para a Gestão de Rega no Alentejo)
Ê Os concelhos do “Espaço Alqueva” são conhecidos pela excelência de um amplo leque de produtos,
muitos dos quais com DOP, DOC e IGP e VLQPRD e VQPRD, apresentando uma forte notoriedade
no mercado interno e crescente no mercado externo, sendo já de destacar os casos do vinho e do
Agro-indústria
azeite, quantitativamente muito relevantes, mas também o queijo e a carne
Ê Produção de vinhos como uma das sub-actividades da fileira com maior capacidade de crescimento
do emprego
Ê Investimentos programados para o aproveitamento hidroeléctrico associados ao EFMA e
reorganização e reestruturação da produção e distribuição de electricidade, com a automatização de
Fileiras EFMA
26 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
PONTOS FORTES
Ê O “Espaço Alqueva” dispõe de uma localização geoestratégica no contexto da Península Ibérica, no
Posicionamento
Estrutura Territorial
Estratégico
corredor ibérico Lisboa-Madrid e nos corredores nacionais Lisboa-Algarve e Centro-Algarve, com uma
razoável cobertura da rede rodoviária
Ê O “Espaço Alqueva” dispõe de um conjunto de instrumentos de planeamento e de ordenamento
Ordenamento territorial coerentes a abrangentes, alguns dos quais pensados especificamente para a realidade
do Território territorial que emerge com o EFMA. A utilização dominante do espaço é ajustada às características
do território
Estrutura Económica
Ê O perfil de especialização produtiva tem-se diversificado nos últimos anos com a introdução de
Indústrias indústrias de média/alta tecnologia, designadamente a indústria de componentes para automóveis,
fabrico de componentes electrónicos
Ê Apesar do decréscimo populacional, a Região regista uma boa capacidade de atracção de imigrantes,
o que decorre da oferta de emprego sobretudo nos sectores da agricultura, construção civil, comércio
Demografia, Emprego e Formação
Imigração
e serviços e turismo. O crescimento do número de imigrantes no mercado de trabalho foi
particularmente mais intenso após o ano 2000
Ê Claro alargamento das bacias de emprego, demonstrado pelo aumento em número e em
distanciamento, das deslocações efectuadas pela população activa. O número de activos que
trabalha em concelhos distintos do concelho de residência aumentou significativamente, de 1991 para
2001, associado ao transporte individual. Este facto permite inferir maior mobilidade geográfica e
Bacias de profissional da população e perspectiva a possibilidade de se desenvolverem complementaridades
Emprego entre os diferentes concelhos
Ê Stock de desempregados disponíveis na Região com potencial perfil profissional para integrar as
fileiras (desempregados em profissões relacionadas com as fileiras), nomeadamente nos serviços
directos de protecção e segurança (relevante para a fileira turismo) e agricultores e trabalhadores
qualificados da fileira agricultura
Ciência e
Tecnologia
Ê Presença de centros de investigação, o que se relaciona de forma directa com a fileira inovação
RELATÓRIO FINAL 27
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
PONTOS FRACOS
Ê Atrasos verificados no fornecimento de água a algumas explorações, penalizador nos planos de
Água
produção e expansão previstos por várias unidades produtivas
Ê Forte peso dos trabalhadores agrícolas idosos
Ê Forte peso dos trabalhadores não qualificados profissionalmente
Ê Forte peso de trabalhadores com baixas qualificações escolares e grau de analfabetismo elevado,
Agricultura com excepção do domínio da vitivinicultura
Ê Escassez de recursos humanos nas áreas directa e indirectamente associadas
Ê Continuidade da actividade produtiva agrícola concentrada num reduzido número de culturas
Ê Fraca dinâmica do tecido associativo agrícola
Ê Sector pouco desenvolvido, com excepção do vinho e azeite. Apesar do seu grande potencial, os
restantes sub-ramos têm uma dimensão económica incipiente
Agro-indústria Ê Escassez de recursos humanos nas áreas directa e indirectamente associadas
Ê Fraca consolidação da fileira agrícola e agro-industrial (produção de matérias
primas/transformação/comercialização)
Ê Escassez de técnicos qualificados e de empresas fornecedoras de equipamento e serviços de
Energia
assistência técnica na área das energias renováveis
Fileiras EFMA
dos grupos etários mais jovens, resultado sobretudo da elevada quebra dos índices de natalidade e
Demografia
de fecundidade
Territorial
Ê Continuado êxodo populacional para outras regiões, nomeadamente Lisboa e Algarve, em especial
dos mais jovens que efectuaram formação e que possuem uma qualificação média
Ê Baixa densidade populacional (“Espaço Alqueva”: 19 hab/km2; Alentejo: 25 hab/km2), fenómeno
agravado pela diminuição contínua da população, observada nos últimos decénios (embora a ritmo
Povoamento
inferior nos dois últimos períodos inter-censitários)
Ê A baixa densidade predominante no território torna pouco eficientes as redes e os serviços públicos
28 RELATÓRIO FINAL
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
PONTOS FRACOS
Estrutura Territorial
Ê Rede urbana pouco desenvolvida, centrada em Évora, Beja e Elvas, cidades que apresentam
escassas inter-relações e um défice de complementaridade na oferta de bens e serviços colectivos
Demografia e
Sistema
Urbano Ê Baixos índices de articulação entre a rede urbana principal e a complementar, designadamente as
sedes de concelho
Ê São evidentes os atrasos na concretização do PRN 2000, designadamente em vários eixos das redes
Acessibilidades e Transportes
fundamental e complementar (IP, IC, estradas regionais, …). Esta situação é fortemente penalizadora
Rede Viária
para a crescente integração regional nos eixos internacionais, mas também para a densificação da
malha viária regional e robustecimento da armadura urbana
Ê As acessibilidades ferroviárias continuam a caracterizar-se pelas debilidades estruturais que
Rede
Ferroviária
apresentam: abandono progressivo da maioria das linhas e serviços; ligação insatisfatória entre os
principais centros urbanos da Região
Transportes Ê Trata-se de um dos maiores problemas do “Espaço Alqueva” para a mobilidade da população. Os
Públicos serviços de transportes rodoviários colectivos são caracterizados pela baixa frequência - ou mesmo
Colectivos inexistência de serviço -, dificultando o acesso universal aos serviços colectivos/sociais e a
Rodoviários mobilidade da mão-de-obra
Ê Fraca competitividade do “Espaço Alqueva”, aliás um problema regional. Apesar de uma tendência
crescente para inverter este problema, observa-se uma dificuldade estrutural em despoletar e
sustentar um processo de convergência real com o país e com a UE, assente na competitividade da
Dinamismo Empresarial
Estrutura Económica e
economia. São também visíveis as diferenças significativas no VAB e no PIB per capita no contexto
Competitividade intra-regional
Económica Ê Excessiva e crescente dependência dos serviços públicos e grande peso do comércio não
especializado
Ê O grau de abertura da economia aos fluxos de comércio internacional é inferior aos valores médios
nacionais. Persiste a dificuldade em penetrar em mercados externos, espelhando as debilidades
competitivas deste território
Iniciativa Ê A iniciativa empresarial - mensurável pela criação de novas empresas - é claramente inferior aos
Empresarial valores médios nacionais
Escasso Ê A estrutura empresarial é caracterizada pelo escasso domínio da cadeia de valor sectorial em que
Domínio da
Dinamismo Empresarial
Estrutura Económica e
Cadeia de
opera, carecendo de maior conhecimento nas áreas da organização e gestão, inovação,
Valor marketing/vendas, TIC, design, I&D
Ê No que se refere ao emprego, a Administração Pública - designadamente a Local - tem um peso
relativo superior face aos valores médios nacionais. Em vários municípios, a Câmara Municipal
constitui-se como o principal empregador concelhio
Emprego
Ê Para alem do sector público, a actividade mais empregadora (construção civil) é baseada em
recursos exógenos e de dinâmica muito afectada pela conjuntura económica
Ê Elevado peso dos contratos a termo na fileira turismo
Emprego e
Ê Reflectindo a realidade do Alentejo, que apresenta a mais baixa taxa de actividade das regiões do
Formação
Taxa de
Continente, trata-se de um problema que se tem aprofundado com o envelhecimento populacional
Actividade
Reduzida registado no “Espaço Alqueva”. Esta situação é particularmente visível no que se refere à baixa
participação da mulher no mercado de trabalho
RELATÓRIO FINAL 29
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
PONTOS FRACOS
Ê Níveis de desemprego muito elevados (mais elevados que o Alentejo e Continente), sendo
particularmente expressivos nos activos jovens (15-24 anos), nos trabalhadores de meia-idade e nas
mulheres (mulheres possuem o dobro da taxa de desemprego masculina)
Ê Cerca de 1/10 dos desempregados inscritos não tem qualquer experiência de trabalho
Taxa de
Desemprego Ê Elevado peso do desemprego de longa duração
Elevada e Ê Desfasamento entre a procura e oferta de trabalho:
Disfunção
o perfil das vagas aponta para diminuição da oferta de empregos na agricultura, aumento da agro-
entre o Perfil
da Oferta e da indústria, do alojamento e restauração, e sectores da água e energia
Emprego e Formação
Procura o perfil dos desempregados: trabalhadores não qualificados do comércio e serviços; agricultores e
trabalhadores qualificados da agricultura; serviços directos, protecção e segurança; empregados de
escritório; manequins, vendedores e demonstradores. Com excepção dos trabalhadores agrícolas, o
mercado de oferta de emprego é pouco interessante para a procura que se prevê associada aos
recursos e às fileiras
Ê As habilitações académicas da população no “Espaço Alqueva” são inferiores aos valores médios
Baixo Nível de nacionais, predominando as pessoas habilitadas com o 1º ciclo do ensino básico
Habilitações
Académicas Ê O crescimento dos alunos no pré-escolar nos últimos dez anos é inferior ao verificado no Alentejo
Ê Decréscimo verificado no número de alunos no ensino secundário
Insucesso Ê Os níveis de insucesso escolar são elevados - superiores ao valor médio nacional - contrariando a
Escolar evolução positiva que se registou nos últimos cinco anos ao nível do abandono escolar
Ensino
Superior, Ê Incapacidade de atracção de alunos para os cursos associados à dinâmica de especialização
Ciência e regional, como a engenharia agrícola e agro-alimentar
Tecnologia
30 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
OPORTUNIDADES
Ê Por excelência, a água é a “fileira-mãe” do EFMA e constitui a alavanca de desenvolvimento, com
Água diferentes níveis de profundidade, das restantes fileiras. Por essa razão, tem-lhe associado um
elevado potencial na criação de emprego
Ê O processo de reorganização fundiária em curso, associado ao projecto do EFMA, constitui uma das
principais oportunidades com que este território se depara nos próximos anos
Ê O desenvolvimento das análises laboratoriais (associadas à física do solo, testes de equipamentos de
rega e condições edafo-climáticas em geral) constituirá uma oportunidade para o desenvolvimento da
Agricultura
Região, bem como para a criação de novos postos de trabalho
Ê Criação de uma rede de serviços de apoio ao regadio
Ê Desenvolvimento de serviços que permitam acompanhar a evolução das culturas e da sua produção,
de forma a ajustá-las aos “calendários” dos mercados internacionais
Ê A difusão de novas culturas constitui uma oportunidade para o desenvolvimento da sua
Agro-indústria
transformação e comercialização
Ê Interesse global crescente pelos biocombustíveis e por formas de energia alternativas, com o
respectivo aumento de valor de mercado, gera novas oportunidades ao “Espaço Alqueva”, que tem
Energia
um elevado potencial associado à produção de energia hidroeléctrica e condições naturais favoráveis
à produção de outras energias renováveis, designadamente biocombustíveis
Ê O EFMA criará/potenciará um conjunto de excelentes condições para as actividades de recreio e
turismo, a que acrescem as potencialidades já existentes no território. Atendendo à sua qualidade
ambiental e valia patrimonial, poderá afirmar um modelo de desenvolvimento turístico sustentável e
exemplar no contexto nacional
Fileiras EFMA
RELATÓRIO FINAL 31
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
OPORTUNIDADES
Proximidade Ê A construção do Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete constitui uma oportunidade de
ao NAL desenvolvimento para as fileiras do EFMA, designadamente do turismo
Acessibilidades e Transportes
Construção Ê Paralelamente, a adaptação da base militar de Beja para a edificação do futuro Aeroporto é também
do Aeroporto uma valia para as fileiras do EFMA, em particular para potenciar o desenvolvimento turístico,
de Beja constituído, noutra dimensão, uma infra-estrutura de suporte à actividade produtiva
Ê A rede ferroviária de alta velocidade no eixo Lisboa/Madrid irá beneficiar o Alentejo através da
instalação de duas estações da rede (em Évora e em Elvas/Badajoz), permitindo um considerável
CAV ganho em distância-tempo face às duas capitais ibéricas, potenciando maior desenvolvimento
económico à Região
Novos Ê A criação das plataformas logísticas de Sines e de Elvas/Caia, integradas na rede nacional logística,
Centros de poderão constituir dois pólos de desenvolvimento económico, com fixação de empresas e criação de
Logística emprego
Movimentos Ê Reforço do movimento migratório interno impulsionado pelas novas oportunidades de emprego
Migratórios geradas, com potencial de rejuvenescimento da estrutura etária
Ê A proximidade à Área Metropolitana de Lisboa, quando associada aos importantes investimentos
Proximidade à previstos relacionados com o EFMA e às melhorias nas acessibilidades rodo e ferroviárias, poderá
AML favorecer a instalação de empresas, por motivos de disponibilidade de espaços e de apoios
financeiros
32 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
AMEAÇAS
Ê Sensibilidade do território às situações climáticas extremas (seca, cheias, ...), podendo as mesmas
resultar em mudanças relevantes no longo prazo, com todas as implicações que dai advêm para as
Água
fileiras associadas, desde o abastecimento à população e às actividades agrícolas e agro-industriais
e na exploração das actividades turísticas
Ê A possível extinção do COTR, sem a sua substituição, colocará em risco a difusão da assistência
técnica e outro tipos de apoio ao regadio
Ê Aumento do custo da energia com severas implicações na produção de regadio e na produção
mecanizada
Ê Incremento da procura e do valor dos biocombustíveis gera situações de concorrência pelos solos
que pode afectar produções agrícolas alimentares
Agricultura
Ê Probabilidade de ocorrência de períodos de seca prolongados, criando situações em que esteja em
causa o abastecimento de água às populações, gera um risco potencial de indisponibilidade de água
para os sistemas de regadio
Ê Debilidade do sistema de comercialização, associado a uma forte presença de capital estrangeiro,
pode levar a que grande parte do valor acrescentado e dos efeitos multiplicadores das actividades
seja apropriada fora da Região
Ê Os postos de trabalho criados com a concretização dos investimentos associados ao EFMA exigirão
Fileiras EFMA
uma bacia de mão-de-obra que extravasa o “Espaço Alqueva”, podendo surgir algumas dificuldades
Agro-indústria
na sua captação em particular nesta fileira e na agricultura face a outras mais competitivas,
designadamente o turismo
Ê Valores ecológicos, paisagísticos e de biodiversidade a preservar, bem como a sensibilidade face a
Energia situações de seca, podem gerar factores desfavoráveis à produção de energias renováveis (solar,
hidroeléctrica e de biocombustíveis)
Ê Concorrência de outras regiões, com melhor integração em redes e circuitos organizados de
Turismo promoção turística
Ê Sensibilidade ecológica das reservas de água, condicionando os usos turísticos
Ê Excessiva pressão agrícola sobre algumas parcelas do território poderá contribuir para o desequilíbrio
de alguns ecossistemas
Ê Debilidades no sistema de certificação de qualidade ambiental e respectivo controlo jurídico,
Ambiente
nomeadamente no que diz respeito ao controle da actividade agrícola, agro-industrial e energética
Ê Alerta para a contaminação dos lençóis freáticos decorrente do desenvolvimento agrícola mais
intensivo
Ê Manutenção da desconexão entre o sistema de ensino/formação e o sistema empresarial -
Incapacidade do sistema de formação/investigação se integrar no mundo empresarial. Importa
Inovação desenvolver dois níveis de formação/investigação: um com um carácter mais
profissionalizante/operacional e outro vocacionado para o domínio de investigação pura, uma vez que
estas duas dimensões têm tempos de resultado muito diferenciados
RELATÓRIO FINAL 33
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
AMEAÇAS
Ê As tendências de envelhecimento são generalizadas no território europeu, pelo que fica
Demográficos comprometida a capacidade de recuperar uma estrutura etária equilibrada, mesmo atraindo novos
contingentes de activos
Ê Aumento dos riscos de pobreza e exclusão, decorrente dos fenómenos de envelhecimento da
população, em especial a de baixos recursos económicos e em meio rural de baixa densidade,
Demografia e Estrutura Territorial
reforçados por políticas de prestação de serviços sociais baseadas em critérios de eficiência das
Dinâmica Social redes
Ê Equipamentos e serviços de ensino e formação funcionando abaixo de limiares de eficiência e
funcionalidade, como resultado da estrutura etária com défice de crianças e jovens, degradando a
qualidade e introduzindo fenómenos de desintegração social nestas faixas etárias
Ê A continuidade do despovoamento intenso nas áreas rurais, contribuindo para o encerramento dos
Despovoamento serviços públicos e serviços de proximidade. Este aspecto tem implicações na mobilidade das
Rural famílias mais jovens e com filhos em idade escolar que se deslocam preferencialmente para as
cidades de Beja ou Évora ou para as sedes de concelho de maior dimensão
Ordenamento Ê Ausência de estratégias intermunicipais, como é o caso de serviços intermunicipais de transporte,
Municipal das redes de serviços colectivos de proximidade ou dos espaços de acolhimento empresarial
Ê Algumas das principais produções do “Espaço Alqueva” enfrentam forte concorrência internacional,
Concorrência
quer de produtos concorrentes, quer de produtos substitutos, podendo ter reflexos na
Internacional
competitividade de importantes sectores como os vinhos e a cortiça, entre outros
Emprego e
Recursos
Humanos
Insuficientes
Ê Escassez de formadores especialistas em determinadas áreas, nomeadamente no sector agrícola
34 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
3Segundo o estudo relativo à “Avaliação dos impactes do EFMA no emprego na sua Região de Influência”, realizado pela Universidade Católica
em 1997, no inicio das empreitadas estimava-se que se atingisse um volume de emprego de 1.769 homens/ano.
RELATÓRIO FINAL 37
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Estas análises não serão incorporadas no presente trabalho, uma vez que à priori não são possíveis de
estimar em virtude das bases de dados existentes não permitirem a especificação dos efeitos ao nível do
“Espaço Alqueva”4.
É tendo por base estes pressupostos que se apresentarão os diferentes exercícios de cenarização para as fileiras em
estudo, exercícios que procurarão incorporar não só as tendências de evolução regional, mas também o contexto
nacional e internacional, quer em termos de evolução dos quantitativos, quer em termos de referencial das
competências necessárias para a alavancagem das fileiras do EFMA, e cujo enquadramento se apresentam de
seguida.
Quadro 2 - Empregos para Portugal e Peso no Total da UE25+ (n.º) por Sector de Actividade Económica, 1996, 2006 e Estimativa 2010 e
2015
Sector Distribuição e Negócios e Serviços não
Total Indústria Construção
Ano Primário Transportes Outros Serviços Mercantis
Emprego (103)
1996 4.555 587 989 398 1.014 692 875
2006 5.025 534 879 462 1.275 835 1.042
2010 5.132 510 845 472 1.393 875 1.037
2015 5.345 483 854 484 1.506 987 1.032
Ano Percentagem do total UE25+
1996 2,4 3,9 2,6 2,9 2,1 2 2
2006 2,4 4,5 2,5 3,1 2,4 1,8 2,1
2010 2,4 4,8 2,4 3,0 2,5 1,8 2,1
2015 2,4 5,0 2,5 3,1 2,6 1,8 2
4As matrizes input-output disponíveis referem-se ao conjunto do território nacional, não incorporando as especificidades do “Espaço Alqueva” e
não funcionando correctamente em modelos de evolução da estrutura económica para uma estrutura substancialmente diferenciada, que é o
esperado nomeadamente devido ao número de projectos PIN aprovados na fileira turismo.
5 CEDEFOP (2008) Future Skill Needs in Europe – Medium-term forecast, Luxemburgo.
38 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Analisando as estimativas de emprego pelos grupos profissionais criados no âmbito do referido trabalho, pode dizer-se
que se prevê que, para Portugal, o emprego venha a diminuir de forma acentuada para os trabalhadores da agricultura
e pescas entre 2006 e 2015 (- 21 milhares). As restantes categorias profissionais são demasiado abrangentes para que
se retirar informação útil no âmbito do presente Estudo.
Quadro 3 - Empregos para Portugal e Peso no Total da UE25+ (n.º) por Profissão, 2006 e Estimativa 2015
Uni. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total
2006 Milhares 34 400 484 492 521 708 470 929 385 603 5.025
% 0,7 8 9,6 9,8 10,4 14,1 9,4 18,5 7,7 12 100
2006-2015 Milhares -9 45 197 4 34 15 -21 -78 69 63 319
¨ 2006-2015 % -28,5 11,3 40,8 0,8 6,6 2,1 -4,5 -8,4 18 10,5 6,4
Fonte: CEDEFOP, 2005
LEGENDA: 0 – Forças armadas; 1 – Legisladores, quadros superiores e gestores; 2 – Profissionais; 3 – Técnicos e profissionais associados; 4 – Administrativos; 5 – Trabalhadores dos serviços, do comércio e
vendas; 6 – Trabalhadores da agricultura e das pescas; 7 – Artesãos e trabalhadores do comércio de artesanato; 8 – Operadores de fábricas e maquinaria 9 – Ocupações elementares.
III.2. Formação de Competências para a Alavancagem das Fileiras Impactadas pelo EFMA
Conhecidas as tendências de evolução nacional e internacional, importa reflectir sobre o quadro de competências
necessário para o futuro desenvolvimento das fileiras sabendo que a oferta formativa no “Espaço Alqueva” tem
indubitavelmente a capacidade de determinar o maior ou menor potencial de ajustamento entre as necessidades de
competências identificadas em cada uma das fileiras de actividade e as competências dos recursos humanos
disponíveis para integrar essas mesmas fileiras.
A oferta de formação inicial tem vindo a ser substancialmente alterada. Uma das maiores determinantes desse
processo são as opções recentes em matéria de politica pública de educação nacional, que determinaram um
crescimento acentuado das ofertas de ensino profissionalizante para os jovens, por via da introdução dos cursos
educação e formação de jovens (CEF) de dupla certificação (escolar e profissional) na escolas de ensino regular, que
se veio a justapor à oferta de formação inicial já disponível, nomeadamente, pelas escolas profissionais.
Em matéria de formação inicial, destaque-se que no ano lectivo 2008/2009 existem 11 estabelecimentos de ensino em
funcionamento.
Quadro 4 - Escolas Profissionais no “Espaço Alqueva”
Concelho Escola Profissional
Alvito Alvito
Beja Bento Jesus Caraça – Beja
Cuba Fialho de Almeida – Cuba
Mértola Bento Jesus Caraça – Mértola
Moura Moura
Serpa Serpa
Vidigueira Fialho de Almeida – Vidigueira
Região Alentejo (EPRAL) – Évora
Évora
INETESE
Elvas Região Alentejo (EPRAL) - Elvas
Grândola Desenvolvimento Rural
Fonte: IEFP, 2008
O “Espaço Alqueva” dispõe de escolas profissionais especificamente orientadas e com uma larga experiência para
responder às necessidades formativas da fileira agricultura.
RELATÓRIO FINAL 39
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A recente criação da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre - ainda que não esteja localizada no “Espaço
Alqueva” - irá aumentar a capacidade de resposta da parte das instituições formadoras localizadas neste território às
necessidades formativas associadas à fileira turismo. Adicionalmente, está projectada uma Escola de Hotelaria e
Turismo para Beja, a desenvolver em parceria com o grupo Pestana Pousadas. A oferta das escolas profissionais
vocacionada para dar respostas às necessidades desta fileira é ainda reforçada pela oferta de CEF.
Refira-se ainda que a Escola Profissional Fialho de Almeida promove ofertas vocacionadas para a Fileira ambiente e
energia.
As diferentes ferramentas metodológicas de sound analysis utilizadas permitiram verificar que as escolas profissionais
receiam a concorrência gerada pela oferta de cursos de educação e formação de jovens nas escolas de ensino regular,
uma vez que consideram não existir uma programação articulada da oferta, podendo conduzir à dispersão de
formandos em áreas formativas sobrepostas, levando a ineficiências. Note-se que naquilo que são as áreas ou cursos
de excelência de cada uma das instituições este receio é diminuto, pois considera-se que a qualidade dos cursos é
socialmente reconhecida e valorizada pelos empregadores, o que será à partida garante de limiares mínimos de
procura. Contudo, devido à contracção demográfica e consequente redução do efectivo escolar, a continuidade da
aposta que muitas escolas profissionais fizeram de inclusão de áreas formativas de carácter transversal - e por isso
com menor potencial de afirmação da escola, uma vez que são oferecidas em diversas instituições - de modo a garantir
a continuidade da viabilidade da instituição no mercado, que receiam estar ameaçada.
No que se refere à formação contínua, pode dizer-se que a formação de dupla certificação de adultos com baixos níveis
de qualificação foi, igualmente, impulsionada pelos novos instrumentos da Iniciativa Novas Oportunidades (processos
de reconhecimento, validação e certificação de competências - RVCC - e cursos de educação e formação de adultos -
EFA). Os cursos EFA promovidos no “Espaço Alqueva” abrangem uma grande diversidade de áreas formativas e, de
acordo com a oferta 2008/2009, promovem o desenvolvimento de competências vocacionadas em maior volume para
as fileiras agricultura, agro-indústria e turismo.
Os cursos de formação contínua de curta duração vocacionados para a actualização, reciclagem, especialização de
conhecimentos são em parte promovidos pela rede de Centros de Formação Profissional (CFP) do IEFP. No entanto, a
actual oferta formativa desta rede revela um baixo contributo para a oferta de cursos que potencialmente possam
desenvolver as competências necessárias para a alavancagem das fileiras em análise, dada a elevada dispersão de
áreas de formação e a grande predominância de cursos vocacionados para a construção civil. Refira-se, contudo, que
estes organismos poderiam aproveitar a sua relação mais próxima com os indivíduos desempregados com um percurso
profissional anterior em sectores em recessão e reconverter profissionalmente estas franjas da população activa para
actividades associadas às fileiras em análise.
Para além dos CFP do IEFP, existem outras entidades acreditadas para planear, conceber, organizar e desenvolver
formação de diferente natureza. Assim, pelas evidências que as entidades apresentaram ao sistema de acreditação, é
possível apurar que aparentemente a fileira agricultura é a única que actualmente beneficia de capacidade instalada
especializada. No que se refere às entidades profissionalizadas no sector da formação profissional, foram reveladas
evidências de experiência em domínios de formação transversais tipicamente associados ao desenvolvimento de soft
skills sem relação directa com as fileiras em análise, com excepção de alguns casos em que é evidenciada experiência
formativa em cursos relacionados com a fileira turismo.
Relativamente à formação continua pós-secundária (cursos de especialização tecnológica - CET) e de nível superior,
esta é leccionada em 11 estabelecimentos distribuídos por quatro concelhos do “Espaço Alqueva” (Beja, Elvas, Évora e
Santiago do Cacém). Os CET estão vocacionadas para responder a algumas necessidades identificadas em todas as
fileiras em análise. Independentemente de ter de se proceder a alguns ajustamentos aos conteúdos dos cursos
superiores, de modo a promoverem o desenvolvimento de competências em algumas áreas, quase todas as fileiras,
com a ressalva da energia, já encontram alguma resposta.
As actividades económicas tratadas no âmbito da identificação das competências são as associadas a profissionais que
ocupem empregos em actividades que beneficiem de impactes directos do EFMA, ou seja, os que utilizam directamente
a água como factor/recurso de produção. Considera-se ainda o sector da agro-indústria como actividade afecta
indirectamente pelo empreendimento, mas fortemente integrada com a agricultura. Tal como foi anteriormente referido,
a fileira inovação deve ser lida de uma forma transversal às restantes fileiras.
40 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
O quadro seguinte sistematiza as grandes áreas de competência identificadas como necessárias à alavancagem das
fileiras e a que se associam as linhas de proposta orientadas para o desenvolvimento e integração de conteúdos
formativos.
Ê Gestão de restaurante/gastronomia
Gestão/direcção técnica Ê Organização, programação e promoção de eventos
animação (gastronómica, desporto/lazer)
Ê Nutricionismo
Ê Concepção de menus
Restauração Cozinha e pastelaria Ê Segurança alimentar
Ê Qualidade dos produtos
Ê Utilização de novas tecnologias em processos de
restauração
Ê Qualidade do serviço
Mesa e Bar Ê Utilização de novas tecnologias em processos de
restauração
Ê Línguas estrangeiras
Desenvolvimento e gestão de Ê Concepção e gestão de produtos de educação Ê Concepção e gestão de produtos de educação
actividades ambiental ambiental
Ê Organização de actividades de educação ambiental e
Ê Planeamento de actividades de educação ambiental desportiva
e desportiva
Animação Ê Actividades desportivas relacionadas com a água e
turística Animação/desporto Ê Actividades desportivas relacionadas com a água e outros desportos integrados nos empreendimentos
Animação outros desportos integrados nos empreendimentos turísticos
ambiental turísticos
Ê Línguas estrangeiras
Preservação e conservação de
património ambiental – Ê Manutenção, vigilância e animação de espaços
Ê Vigilância da natureza
Manutenção e vigilância de verdes
espaços verdes
Ê Marketing territorial
Informação/Marketing Ê Línguas estrangeiras
Ê Marketing de produtos/serviços
Qualidade e Segurança
Ê Qualidade dos produtos e dos serviços
Ê Segurança de pessoas e bens
RELATÓRIO FINAL 41
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Produção de
Ambiente, Qualidade e Ê Gestão da qualidade e da segurança na produção
Ê Qualidade e segurança na produção de electricidade
Segurança de electricidade
Electricidade
Central hídrica Ê Optimização, desenvolvimento e controlo de Ê Optimização, desenvolvimento e controlo de processos
processos de produção de electricidades de produção de electricidades
Processos e tecnologias Ê Sistemas de regulamentação, protecção e comando Ê Sistemas de regulamentação, protecção e comando
das instalações de produção, do transporte e da das instalações de produção, do transporte e da
distribuição de electricidade distribuição de electricidade
Ê Inspecção e manutenção dos sistemas e
Ê Manutenção dos sistemas e dos equipamentos de
Manutenção/Inspecção tecnologias dos equipamentos de produção de
produção de electricidade
electricidade
42 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Fileira Energia
Áreas de Competência Necessárias para a Nível de Qualificação Escolar de Entrada
Alavancagem Superior Básico e Médio
Aprovisiona-
Planeamento de redes Ê Planeamento da rede de distribuição de energia Ê Planeamento da rede de distribuição de energia
mento, eléctrica eléctrica
transporte e
distribuição Aprovisionamento Ê Aprovisionamento de energia eléctrica Ê Aprovisionamento de energia eléctrica
Ê Novos sistemas e novas tecnologias de produção Ê Operadores de máquinas de produção de bio-
Produção de de bio-combustível combustíveis
Transformação de cereais em
bio-
bio-combustível Ê Sistemas de tecnologias de certificação da
Ê Sistemas e tecnologias de certificação, qualidade e
combustíveis qualidade e segurança na produção de bio-
segurança na produção de bio-combustíveis
combustíveis
Fileira Água
Áreas de Competência Necessárias para a Nível de Qualificação Escolar de Entrada
Alavancagem Superior Básico e Médio
Ê Utilização de novos instrumentos e novas formas de
Gestão da rede, planeamento e gestão da água e da sua rede de distribuição
controlo Ê Programação de equipamentos de gestão da rede,
planeamento e controlo da distribuição da água
Abastecimento Gestão da qualidade da água Ê Fiscalização da rega
e
distribuição
Ê Manutenção de redes de águas e saneamento
de água Ê Operação das estações elevatórias
Ê Acompanhamento e controlo da operação de Ê Operação das estações de tratamento de água
Execução/operação equipamentos, manutenção e verificação de
equipamentos e distribuição de água Ê Electromecânica
Ê Mecânica de instrumentos de precisão
Ê Cantonaria
Fileira Ambiente
Áreas de Competência Necessárias para a Nível de Qualificação Escolar de Entrada
Alavancagem Superior Básico e Médio
Ê Vigilância e conservação da natureza
Conservação da natureza Ê Conservação da natureza
Ê Manutenção da floresta
Educação e comunicação
Conservação e ambiental Ê Educação ambiental Ê Educação ambiental
gestão da Gestão do território e
natureza ambiental Ê Planeamento e gestão do território e ambiental Ê Planeamento e gestão ambiental
Ê Gestão e reciclagem de resíduos
Resíduos Ê Gestão e reciclagem de resíduos Ê Exploração (recolha, separação, tratamento e
reciclagem)
Políticas e
Políticas e regulamentação Ê Novas politicas e regulamentação do ambiente e Ê Novas politicas e regulamentação do ambiente e saúde
Regulamentação saúde pública pública
Gestão sustentável dos
recursos naturais (gestão Ê Novas formas de monitorização, controlo e
Ê Gestão sustentável dos recursos naturais
ambiental ) optimização de recursos
Ê Produção e protecção integrada e produção agrícola
biológica
Sustentabilidade Agricultura Ê Produção e protecção integrada e produção
ambiental sustentável/biológica
Ê Aplicação de fitofarmacos
agrícola biológica
(tecnologias e Ê Monitorização da conservação dos solos
processos) Ê Optimização de recursos produtivos
Ê Gestão de sistemas e tecnologias para a eficiência Ê Gestão de sistemas e tecnologias para a eficiência
Sistemas e tecnologias energética energética
sustentáveis Ê Sistemas, tecnologias e métodos de optimização da Ê Gestão de sistemas e tecnologias para a eficiência de
eficiência de consumo de recursos hídricos consumo de recursos hídricos
RELATÓRIO FINAL 43
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
turismo)6 e, no caso da agricultura, do emprego potencialmente gerado pelo aumento da área de cultivo (olival e
vinha)7;
Ê o Cenário B, que corresponde à tendência de evolução do emprego no “Espaço Alqueva” considerando apenas as
taxas de crescimento médio anual verificadas no “Espaço Alqueva”, entre 1995 e 2005, por fileira (Ceteris
Paribus);
Ê o Cenário C, desenvolvido a partir da aplicação das taxas de crescimento anual do emprego observadas em
Portugal Continental, em igual período, por fileira.
O ponto de partida foi a informação relativa aos Quadros de Pessoal do MTSS, para 1995 e 2005, para o “Espaço
Alqueva”, por fileira. Contudo, atendendo às características desta base de informação (exclui as empresas que não se
encontram abrangidas pela obrigatoriedade de pagamentos à segurança social, o que se reflecte em particular, no
âmbito do Estudo, na fileira agricultura), foi introduzido um factor de correcção resultante da comparação desta
informação com os dados relativos à população empregada, inscrita no Inquérito ao Emprego8.
6 Os valores de referência utilizados referem-se à informação disponibilizada pelo AICEP Portugal Global, pelo que não têm uma calendarização
do investimento associada. Atendendo a que a maioria dos projectos irá ser concretizada por fases, não é garantido que a criação deste volume
de emprego ocorra até ao ano de 2015. A realização de entrevistas com os promotores de alguns destes projectos (Évora Resort – Grupo Frontino
Turismo, Herdade Defesa de S. Brás, Herdade do Barrocal e Parque Alqueva) permitiu verificar a existência de um calendário cuja concretização
está sujeita a vários factores, associados ao cumprimento de um conjunto de trâmites processuais, considerando a tipologia de projecto e o
respectivo enquadramento legislativo em vigor, mas também às tendências de desenvolvimento macro-económico internacional.
7 A partir da informação recolhida nas entrevistas realizadas, foi calculado o número de trabalhadores necessário para o acréscimo de área
cultivada prevista de olival e de vinha, informação disponibilizada pela Direcção Regional de Agricultura do Alentejo.
8Pela aplicação da seguinte metodologia: atendendo à população empregada constante no Inquérito ao Emprego em 2005 no Alentejo (344.100)
e ao emprego nos Quadros de Pessoal, no mesmo ano e na mesma Região (180.239), o factor de correcção utilizado corresponde à aplicação da
mesma percentagem que o pessoal dos Quadros de Pessoal representa no Inquérito ao Emprego (52,3%), sendo que foi igualmente utilizado
esse coeficiente para os cálculos dos valores das fileiras.
44 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A leitura do quadro anterior permite verificar que, em 2005, as fileiras em estudo, com um total de 29.124 postos de
trabalho (emprego corrigido), representavam cerca de 25,4% do emprego do “Espaço Alqueva”.
A análise das estimativas de evolução da oferta de emprego, para 2015, permite retirar as seguintes conclusões:
Ê no Cenário A, prevê-se um quantitativo de perto de 50.000 efectivos (adicional de cerca de 21.000 empregos face
a 2005), o que se deve ao elevado crescimento previsto no turismo (mais 17.300), sobretudo pelos PIN esperados,
e nas fileiras agricultura e agro-indústria (mais 3.800), associado ao acréscimo significativo em termos de área
cultivada de vinha e de olival9.
Quadro 7 - Postos Trabalho a Gerar nos Projectos PIN na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, Outubro de 2008
Sector de Actividade
Unidade Geográfica Total (%)
Aeronáutica Energia Químicas Turismo
Évora 569 1.033 1.602 8,8
Grândola 8.370 8.370 46,0
Moura 7 1.129 1.136 6,2
Espaço Mourão 389 389 2,1
Alqueva Redondo 79 79 0,4
Reguengos de Monsaraz 2.105 2.105 11,6
Alcácer do Sal 676 676 3,7
Total 569 7 0 13.781 14.357 78,9
Odemira 123 123 0,7
Resto do Sines 88 200 375 2,1
Alentejo Ourique 3.422 3.422 18,8
Total 0 88 200 3.545 3.833 21,1
Total Alentejo 569 95 200 17.326 18.190 100,0
Fonte: AICEP, 2008
Quadro 8 - Estimativas de Evolução do Emprego no Espaço Alqueva para os Trabalhadores do Olival e da Vinha, 2015
Área
Cultura Ano Área (ha) Acréscimo (ha) Postos de trabalho (n.º)
Prevista (ha)
2000 80.953
2005 98.788
Olival
2007 92.285,7
Previsto (*) 106.301 14.015 1.402 Considerando 10 trabalhadores/100 ha (***)
2000 11.143
2005 14.500
Vinha
TX. Var. 2000-05 30,1
Previsto 2015 (**) 24.505 10.005 2.001 Considerando 20 trabalhadores/100 ha (***)
(*) Fonte: Direcção Geral de Agricultura
(**) Estimado a partir da taxa de variação 2000-2005
(***) Fonte: Entrevistas a empresários agrícolas
9 A Vinha e o Olival são as culturas que maior crescimento tem revelado, disseminando-se pela área agrícola disponível. Como tal, importa referir
que, no caso do Olival, a DRA prevê que no “Espaço Alqueva” sejam cultivados 106.301 hectares, o que significa um acréscimo de 14.015 ha.
Segundo dados recolhidos no âmbito das entrevistas realizadas, foi possível apurar que em média são necessários 10 trabalhadores por 100 ha.
de Olival no modo intensivo. Assim sendo, este acréscimo teria tradução em cerca 1.402 postos de trabalho. Quanto à Vinha, assumindo que os
níveis de crescimento dos últimos cinco anos se mantêm, em 2015 esta cultura ocupará 24.505 ha. no “Espaço Alqueva”, estimando-se a criação
adicional de 2.000 postos de trabalho.
RELATÓRIO FINAL 45
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Figura 4 - Estimativas de Oferta de Emprego para 2015 (Cenários A, B e C) nas Fileiras Turismo, Agricultura e Agro-indústria e Energia
Turismo Agricultura e Agro-indústria Energia
Paralelamente, procedeu-se ao cálculo das estimativas de evolução da procura de emprego para 2015. Estas, são
desenvolvidas a partir de projecções demográficas efectuadas para o “Espaço Alqueva” (população total e por grandes
grupos etários: 0-14; 15-24; 25-64; 65 anos), ventilando-se os valores da população residente por concelho tendo por
base as projecções da população residente por NUTS III desenvolvidas pelo INE para o período de 2000 a 2050 (INE,
2005 - Projecções da População Residente, NUTS III 2000-2050, Lisboa) 10.
10 As projecções do INE adoptaram o método de componentes de crescimento de população onde, a partir de hipóteses de evolução da
fecundidade, mortalidade e das migrações, estabeleceram três cenários distintos de evolução demográfica entre 2000 e 2050 (Cenários Elevado;
Base e Baixo), por conjugação de hipóteses de evolução daquelas três componentes.
Os três cenários pressupuseram o aumento da esperança média de vida de 73,2 para 79,0 anos para os homens e de 79,8 para os 84,7 anos no
caso das mulheres. O saldo migratório foi considerado nulo no cenário Baixo e positivo nos cenários Elevado e Base, diminuindo dos 65.000
habitantes por ano, em 2001, para os 10.000, em 2050. A componente relativa à fecundidade, representada pelo índice sintético de fecundidade,
evolui de 1,4 em 2001 para 2,0 em 2050 no cenário Elevado, de 1,4 para 1,7 no cenário Base, e de 1,4 para 1,3 no cenário Baixo.
Conhecendo os valores projectados pelo INE, considerou-se a distribuição da população residente por NUTS III - de acordo o peso relativo de
cada concelho na respectiva NUTS III - como o processo mais consistente para a ventilação.
Atendendo ao período de projecção, considerou-se a evolução do peso relativo de cada concelho na respectiva NUTS III no último período inter-
censitário (1991-2001), admitindo-se que a tendência de repartição da população se manterá nos catorze anos seguintes, até 2015. Definida a
chave de repartição, para 2010 e 2015, determinou-se a população residente por concelho a partir dos valores projectados pelo INE para as NUTS
III em cada uma daquelas datas, para os três cenários utilizados.
Este exercício permitiu, de acordo com a delimitação territorial proposta, a apresentação de estimativas demográficas para o “Espaço Alqueva”.
Para a Região Alentejo (NUTS II Alentejo), foram agregados os valores das NUTS III que a compõem.
Os valores projectados por NUTS III são concordantes com os exercícios para as NUTS II e para o conjunto nacional realizados pelo INE em 2004
(Projecções da População Residente, NUTS II 2000-2050, Lisboa) e em 2003 (Projecções da População Residente, 2000-2050, Lisboa),
respectivamente.
46 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Assim, foram igualmente calculados 3 cenários de procura de emprego, determinados a partir de três cenários de
projecção demográfica, nomeadamente da população com idade compreendida entre os 15 e os 64 anos.
Ou seja, consoante estamos perante os cenários baixo, de base ou elevado, estimam-se respectivamente, 167.063,
172.482 e 172.462 potenciais activos com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. No entanto, se
considerarmos a concretização da taxa de emprego estabelecida no âmbito da Estratégia de Lisboa (meta de 70%, para
2010), obtemos números que oscilam entre os 117.000 e os 121.000 empregos, consoante os cenários utilizados.
Quadro 9 - Estimativas Demográficas no Espaço Alqueva, e Empregos Estimados para se Atingir a Taxa de Emprego de 70%, 2015
Empregos
Estimativas Demográficas
Estimados para se
Cenários Atingir a Taxa de
Escalão Etário (anos)
Emprego de 70%
15-24 25-64 Total Total
Baixo 23.806 143.257 167.063 116.944
Base 24.188 148.294 172.482 120.737
Elevado 24.171 148.291 172.462 120.723
Fonte: INE, 2005, com tratamento próprio
Como se pode aferir, as estimativas de evolução da procura de emprego, para 2015, realizadas a partir da população
em idade activa e com a aplicação de uma taxa de emprego de 70%, permitem verificar um volume de recursos
humanos disponíveis que distam de qualquer um dos cenários anteriormente apurados para as estimativas de evolução
da oferta de emprego.
Esse diferencial tem maior visibilidade ao considerar-se o Cenário A da oferta de emprego (disparidade entre cerca de
51.000 a 55.000, consoante o Cenário de procura de emprego utilizado – Baixo, Base ou Elevado). O quadro seguinte
sintetiza as diferenças existentes entre todos os cenários, que é de défice relativamente às necessidades.
Quadro 10 – Cruzamento entre as Estimativas de Oferta de Emprego e de Procura de Emprego no Espaço Alqueva, 2015
Cenários A B C
Baixo - 54.986 - 37.886 - 11.146
Base - 51.193 - 34.093 - 7.353
Elevado - 51.207 - 34.107 - 7.367
Fonte: INE, 2005, com tratamento próprio
É importante relevar que o exercício metodológico adoptado não considera os efeitos que o EFMA e que outros investimentos programados terão
na Região.
RELATÓRIO FINAL 47
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
último caso, devido a condicionantes metodológicas, entre as quais o reduzido número de participantes presente no
workshop, apenas permitiu desenvolver um cenário. Os contributos apresentados pelos participantes presentes nestes
workshops foram assim vertidos na análise global efectuada à problemática da fileira.
O processo de construção dos cenários implicou a realização de três workshops prospectivos, bem como trabalho de
investigação e análise realizado em gabinete. Podem considerar-se três fases principais do processo de cenarização:
Ê Fase 1, de “Lançamento e Foco”, realizada em workshop. Nesta fase, foi apresentada a temática aos participantes
e definido o foco estratégico e horizonte temporal. Foram igualmente introduzidas algumas considerações
metodológicas de contextualização;
Ê Fase 2, de “Scanning e Selecção”, igualmente realizada em workshop. Através de um brainstorming, foi pedido
aos participantes que identificassem as forças de mudança que consideravam vir a influenciar no futuro a
realidade dos recursos humanos no “Espaço Alqueva”. Seguidamente, procedeu-se a uma votação dessas
mesmas forças de mudança, de acordo com os seguintes critérios: grau de incerteza e grau de impacte, numa
escala de 1 a 3 (1=grau baixo, 2= grau médio, 3= grau elevado);
Ê Fase 3, de “Estruturas e Narrativas”, realizada pela Equipa Técnica, em back-office, onde é integrada a
perspectiva dos vários participantes relativamente ao grau de incerteza e de impacte das várias forças de
mudança no futuro da Região.
48 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
Contexto económico internacional, onde é perceptível um nível de confiança na economia global relativamente elevado e onde os níveis
Contexto
de investimento privado são também elevados, potenciando os consumos de actividades ligadas ao turismo e lazer, que terão na Região
Macroeconómico
uma oferta de qualidade e, simultaneamente, diversificada do ponto de vista dos públicos.
Componente económica assente na concretização dos vários investimentos que se encontram previstos para a Região e, em grande
medida, com os seus projectos já aprovados e, simultaneamente, num reforço das tendências de integração/participação das empresas
no sistema internacional.
Crescimento de empresas de média ou grande dimensão, integradas em grupos económicos que prestam serviços de elevada qualidade
a nível nacional e/ou internacional, com uma filosofia de mercado global.
Existência de produtos turísticos diferenciados, incluindo desde as actividades do turismo natureza, ao turismo rural, cultura e património,
desporto e aventura, negócios e eventos, passando pelo ecoturismo e o turismo associado à prática de golfe. Forte articulação entre as
actividades culturais e desportivas desenhadas para os empreendimentos e a exploração da riqueza turística das vilas e aldeias locais.
Forte interesse das grandes empresas em outras áreas de actividade que não apenas o turismo e que podem reorientar ou reforçar o seu
modelo de negócio em termos da diversidade das áreas de actividade, apostando igualmente no imobiliário ou no sector agrícola e agro-
industrial, reforçando, por um lado, a tendência de integração vertical e configurando, por outro, estratégias de integração horizontal.
Investimento e O investimento exógeno surge como um motor para a geração de emprego de base endógena, assente nas microempresas locais, onde
Dinâmicas se desenvolvem lógicas de complementaridade e se promove o desenvolvimento das cadeias de valor regional.
Empresariais na Corresponde a um período de clara expansão das oportunidades de negócio, sendo por isso eficaz a atribuição de apoios ao
Região empreendedorismo, que está na base de um grande boom de empresas locais, de pequena dimensão, geradoras de emprego nos
diferentes sectores associados à expansão da fileira. Casos da restauração, comércio de produtos tradicionais, animação turística,
conservação de monumentos e do património em geral, e outros sectores identificados no presente estudo, como estando relacionados,
directa e indirectamente com a fileira turismo, nomeadamente de PME que se possam desenvolver ao abrigo dos financiamentos
previstos no QREN.
Assiste-se também ao desenvolvimento de conjunto de outras actividades económicas induzidas pela fileira, nomeadamente, as ligadas
ao sector da saúde, aos serviços pessoais e ao comércio de forma mais transversal.
A construção do Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete constitui também uma oportunidade de desenvolvimento para as fileiras do
EFMA, designadamente do turismo.
Neste contexto, a concretização dos grandes projectos desenvolver-se-á em articulação com uma rede de PME, cujo aparecimento é
induzido, não só pelos grandes projectos, como também pela fileira do turismo, como ainda pela dinâmica da actividade económica em
geral.
Forte articulação com as fileiras ambiente (questão da manutenção dos ambientes de água doce, monitorização da qualidade da água,
abastecimento e tratamento de águas, gestão de resíduos, reservas e parques, ...).
Melhoria da eficiência energética, a que se associa a utilização de fontes energéticas alternativas, nos empreendimentos turísticos.
Ligação às
Presença de grandes grupos económicos com projectos de maior envergadura e dotados de diversas valências que determinam uma
Fileiras do
maior capacidade de integração de elementos inovadores e maior intensidade em tecnologia.
Ambiente e da
Inovação Desenvolvimento e implementação de sistemas de informação de apoio à gestão.
Estímulo à articulação entre os projectos de investigação científica e o domínio empresarial é elevado, dado o enquadramento num clima
mais favorável neste cenário, pois estamos perante grandes empresas com visão estratégica e com maior apetência para incorporar os
resultados da investigação científica.
Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
Estima-se que os grandes projectos do turismo (PIN) venham a gerar 12.916 novos empregos disseminados por Évora, Grândola, Moura,
Mourão, Redondo e Reguengos de Monsaraz, admitindo-se que a grande maioria dos mesmos será criada até 2015. No entanto, deve
ter-se em consideração que este cenário é um cenário de ruptura com a realidade actual, podendo acontecer dois movimentos contrários
nas empresas tradicionais já instaladas na Região: por um lado, as empresas que permanecerem terão de se modernizar para
acompanhar a tendência e isso implica um desenvolvimento de competências dos seus profissionais ou o recrutamento de novos
profissionais de forma a responder às novas exigências; por outro lado, uma parte das empresas instaladas não terá capacidade de
investimento e logo não terão capacidade concorrencial o que implica a perda de alguns empregos.
Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
Este cenário (novas empresas, novas actividades, novas competências) configura um novo enquadramento para as profissões afectas ao
turismo são assim vistas como profissões atractivas, quer do ponto de vista do status e reconhecimento social, quer do ponto de vista da
Impactes elevada empregabilidade e das compensações dadas aos trabalhadores através de boas condições de trabalho (nomeadamente
Potenciais nos remuneratórias, que podem surgir articuladas com interessantes oportunidades de habitação). Isto dever-se-á sobretudo a uma actuação
Recursos conjunta entre as entidades públicas e o sector empresarial privado.
Humanos
Estamos perante um contexto com potencial de atracção de recursos humanos exógenos à Região, contando-se, entre estes, não só
uma forte presença de mão-de-obra estrangeira indiferenciada mas, também, de profissionais qualificados e semi-qualificados.
Perfil Profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
Empregos/perfis profissionais que suportam e assumem um papel estruturante no dinamismo e consolidação económica deste cenário, a
saber:
Ê aumento da importância dos gestores das empresas turísticas e dos quadros de topo, que assumem um papel determinante na
definição de estratégias e de políticas de produtos turísticos. Para o efeito, estes profissionais terão que integrar no seu perfil
domínios de competências em política e instrumentos na área ambiental, de ordenamento do território e de turismo, bem como
tendências e estratégias de evolução do mercado de turismo nacional e internacional, tipologias de produtos turísticos, marketing
estratégico e territorial, e desenvolvimento e gestão de parcerias público-privadas;
Ê grande relevância atribuída às competências de gestão do território e gestão de recursos naturais e culturais, com forte contributo
RELATÓRIO FINAL 49
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
para a criação de serviços turísticos integrados e sustentados que visem a dinamização e desenvolvimento regional;
Ê aumento da procura de gestores de eventos nas vertentes desportiva, cultural e recreativa, integrando competências nos domínios do
turismo (tendências e estratégias dominantes do sector, produtos turísticos) da gestão e organização de eventos e de
desenvolvimento de parcerias;
Ê aumento da procura de gestores de animação turística, que decorre de maior capacidade instalada para a organização de eventos,
dos quais se exige que, para além das competências específicas do seu perfil profissional, dominem os aspectos da religiosidade,
etnografia e cultura regionais e locais;
Ê maior visibilidade e dinâmica dos empregos associados à gestão, programação e animação cultural, necessitando de desenvolver
competências na área do turismo, de forma a responder adequadamente à procura gerada pela dinâmica turística regional e local;
Ê aumento da importância dos empregos/perfis adstritos aos domínios da concepção e desenvolvimento de novos produtos turísticos
(culturais, recreativos, desportivos, educação ambiental), nomeadamente gestores de animação, gestores de actividades desportivas,
etc., o que implica, para maior enquadramento dos produtos às especificidades regionais, aos públicos-alvo e a contextos de
sustentabilidade ambiental, a necessidade de integração de competências e conhecimentos ao nível das políticas ambiental e de
ordenamento do território, desenvolvimento sustentável, marketing territorial e turístico e de dinamização de parcerias (cooperação e
negociação);
Ê importância acrescida dos perfis/empregos que realizam a coordenação e acompanhamento e a animação de práticas desportivas
(golfe, equitação, pesca desportiva, …), tais como gestores de actividades desportivas, monitores e animadores, com necessidades
de desenvolvimento de competências no âmbito das diferentes práticas desportivas, como de normas ambientais específicas
associadas às actividades que desenvolvem, regras e procedimentos de segurança de pessoas e competências de comunicação e
linguísticas;
Ê aumento da procura de perfis associados ao ambiente, nomeadamente, gestores de parque natural, técnico de conservação da
natureza, técnico de educação ambiental, com forte participação na concepção de produtos de animação turística ambiental,
dinamização de programas de animação ambiental, necessitando para isso dominar não só o contexto regional mas também
conhecimentos na área do turismo;
Ê importância acrescida dos profissionais que contribuem para a concepção e desenvolvimento de produtos ao nível da gastronomia e
restauração, nomeadamente de consultores com competências na área da gastronomia regional e de fusão, no marketing estratégico
e territorial e na gestão de parcerias;
Ê Para além destes profissionais que contribuem para a diferenciação estratégica da economia regional que se prevê para este cenário,
é de notar um aumento da procura ao nível de perfis profissionais qualificados quer do ponto de vista técnico quer da comunicação e
fluência em línguas estrangeiras, que integram os serviços de acomodação, de cozinha e pastelaria, de mesa e bar e de preservação
e conservação do património ambiental;
Ê Valorização das competências de empreendedorismo não só para a criação de novos negócios, mas também de competências de
empreendedorismo interno às empresas, que se revela na capacidade de empreender dentro da empresa que o indivíduo está
enquadrado, contribuindo para a consolidação e identificação de novas soluções das empresas instaladas.
Decorrente dos efeitos induzidos espera-se, consequentemente, o aumento da procura de profissionais associados aos serviços
pessoais, como cabeleireiros, esteticistas, manicuras e pedicuras para prestação de serviços às unidades hoteleiras em geral e também
no âmbito do turismo de saúde e bem-estar. Contam-se ainda, necessidades de profissionais ao nível do acompanhamento e de
animação de crianças, também associado às unidades hoteleiras e de serviços de saúde e de bem-estar. Para além das competências
específicas da área de acompanhamento, animação e educação infantil, importa desenvolver competências na área de comunicação,
atendimento, línguas estrangeiras e da compreensão da diferenciação cultural associada aos turistas que visitam a Região.
A probabilidade deste cenário se vir a concretizar é elevada uma vez que estes grandes investimentos se tratam de projectos que estão
aprovados e muitos deles com início de construção agendado ainda para este ano. Certamente que nem todos os empreendimentos
estarão concluídos na sua totalidade, até 2015, pois a sua construção e início de funcionamento será faseada. No entanto, perante o
cenário A admite-se que uma parte expressiva dos mesmos já se encontra em velocidade cruzeiro.
A probabilidade do mesmo ocorrer é tanto mais intensa quanto menor for a lógica economicista de curto prazo destes investidores uma
vez que o cenário é igualmente determinado pela atractividade das condições de trabalho. Investidores que considerem o investimento
nos recursos humanos qualificados como um investimento estratégico para o sucesso dos seus projectos irão oferecer melhores
condições de trabalho e contribuir para a criação de um mercado de trabalho mais qualificado.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
Segundo este cenário, os empresários que estarão instalados terão de recorrer a fontes de recrutamento múltiplas que vão desde a
deslocalização de quadros de outras regiões para o “Espaço Alqueva”, até ao recrutamento directo de jovens nas escolas profissionais,
passando pelo recurso aos Serviços Públicos de Emprego. No caso de alguns empresários ou para algumas profissões, o recurso a
intermediários do sector privado para proceder aos processos de selecção e recrutamento continuará a ser uma das estratégias a usar e
que ganhará peso face à necessidade de recrutar grandes quantitativos de mão-de-obra.
Perspectiva-se a necessidade de um elevado número de imigrantes o que releva a necessidade de antecipar o impacte social da
inserção social deste publico não guetizando esta população e estimulando a sua inserção social e das suas famílias, de forma a evitar o
Contexto Social
risco de se gerarem tensões sociais e marginalização. Emerge assim, a necessidade de criar condições para a atractividade dos recursos
humanos.
Neste cenário, estamos a admitir um disparo nos empregos gerados pela fileira turismo três a quatro vezes superior ao gerado caso se
cumprisse a tendência, estimando-se mais de 25.000 postos de trabalhos.
Aspectos Críticos Note-se que, para além disso, o disparo dos empregos neste sector tem implicações no crescimento de empregos a montante desta
do Cenário actividade (construção civil), que ocorrerão até 2015, e a jusante (serviços pessoas, saúde, …), o que gera um défice de recursos
humanos ainda mais elevado. Tenha-se em consideração que neste contexto em profissões onde a mão-de-obra necessária é
indiferenciada ou requer baixos níveis de qualificação, existe um elevado risco de concorrência entre fileiras pelos recursos humanos
50 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
disponíveis.
Tenha-se ainda em consideração que entre os desempregados registados não se encontram actualmente indivíduos com perfis que
venham a integrar esta fileira.
Assim sendo, o défice de recursos humanos nesta fileira estará directamente associado ao número de novos empregos criados.
A transparência face às necessidades de recursos humanos dos empregadores é uma outra dificuldade a ultrapassar, para que o
mercado público e privado se possa organizar na resposta a esta necessidade. Efectivamente, apesar do contexto ser de dinamismo
associado à implantação dos grandes grupos empresariais, o grau de internacionalização de uma parte representativa dos mercados
destas empresas e o próprio processo de globalização dos fluxos de pessoas e bens, conduzem a uma oferta de trabalho para este
sector, que apresenta características próprias (recrutamento exógeno com formas contratuais informais) que pressionam os salários a
baixar. Mantendo-se igualmente outras condições de trabalho mais desfavoráveis, tais como a fragilidade dos vínculos contratuais.
Um outro factor a ter em conta, é a sazonalidade do trabalho, característica que limita a atractividade e a fixação de recursos humanos
para este sector, pois gera instabilidade nos vínculos contratuais. No entanto, neste cenário, o perfil diversificado das actividades
turísticas e do tipo de turismo (desporto, natureza, rural, em embarcações, …) determina uma maior capacidade do mercado integrar os
recursos humanos que atrai em comparação com o turismo de Sol e Mar tradicional do sul do país, onde a actividade (e
consequentemente a necessidade de recursos humanos) na época baixa e alta são comparativamente mais contrastadas. Neste cenário,
por se considerar que a postura dos empregadores é de recrutamento de mão-de-obra especializada e de formação dos seus activos,
interessa acautelar que em épocas baixas da prestação de serviços se criem alternativas, estimulando a fixação dos recursos humanos
deste sector.
No que se refere aos quadros qualificados, as instituições de ensino superior que poderão dar resposta às necessidades de competência
estão localizadas maioritariamente fora da Região Alentejo. A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja, do Instituto Politécnico de
Beja, bem como a Universidade de Évora e a Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, apresentam um curso superior na área do
Turismo. Para além destas formações, a reforma do ensino superior abre novas oportunidades para a formação continua deste público e,
desse modo, para promover a actualização e especialização das suas competências, por via da disseminação de ofertas através da
possibilidade de frequentar algumas cadeiras ou da oferta de CET no caso dos jovens (formação inicial). Deste modo, as 3 escolas
deverão preparar-se de modo a integrar na estruturação da sua oferta a possibilidade de reforçar a formação das competências
Quais as anteriormente identificadas para este publico, caso contrário o sistema de ensino superior regional não dará resposta ao desenvolvimento
potenciais das mesmas.
dificuldades de
No que se refere à formação profissional de nível médio e básico, apesar das necessidades de ajustar os cursos no sentido de integrar o
resposta do
desenvolvimento das competências necessárias, a maior dificuldade deste Cenário poderá estar relacionada com o volume de formação
sistema de
necessária ao desenvolvimento dos perfis profissionais. Estes perfis poderão ser formados a partir dos cursos de formação inicial e de
formação regional
formação para adultos, admitindo que alguns destes últimos venham a ser reconvertidos de outros sectores, nomeadamente se
às necessidades?
deparados com uma situação de desemprego para esta fileira.
A análise da capacidade formativa instalada permite aferir que, para alem das escolas profissionais, tem emergido uma dinâmica
crescente de formação para este sector, em especial após a dinamização da Iniciativa Novas Oportunidades com a introdução dos CEF
no sistema de ensino público e o crescimento dos EFA. Assim sendo, importa desenvolver mecanismos articulados com o sistema de
formação que permitam: por um lado, fazer a monitorização das necessidades e o ajustamento das ofertas formativas e, por outro lado,
promover a colocação destes formandos no mercado de trabalho regional sob pena destes poderem vir a migrar para outras regiões do
país enquanto a fileira não estiver consolidada.
B
Domínios
Cenário de evolução tendencial do Espaço Alqueva
Contexto Contexto de crise económica internacional, onde o nível global de investimento é controlado, o que conduz a uma maior retracção do
Macroeconómico mercado, que aposta sobretudo em áreas de negócio mais tradicionais e em actividades menos inovadoras e com menor risco associado.
Os investimentos turísticos previstos não chegarão a concretizar-se, devido à crise económica internacional ou, a realizarem-se alguns,
será num horizonte mais alargado que 2015. Neste contexto, as grandes empresas terão um expressão menos importante que no cenário
anterior e a malha empresarial será caracterizada pela predominância de micro e pequenas empresas, a maioria com uma gestão
essencialmente familiar e algumas médias empresas integradas em grupos nacionais.
Investimento e Ao contrário do cenário anterior, em que as empresas desenvolvem várias actividades económicas distintas, neste cenário dominado por
Dinâmicas PME, as empresas operam, na sua maioria, exclusivamente na fileira turismo com modelos de negócio mais tradicionais e, por
Empresariais na conseguinte, mais próximos da cultura empresarial e institucional da Região.
Região Alguns pequenos negócios inovadores e dirigidos ao segmento médio/alto do mercado que já se encontram no momento em afirmação no
“Espaço Alqueva” podem vir a sofrer as consequências negativas do fraco dinamismo económico do sector, caso não se consigam gerar
procuras em torno alguns serviços complementares.
Os efeitos induzidos nos serviços pessoais, comércio, serviços financeiros e bancários, entre outros, serão de pequena escala,
nomeadamente comparando com o cenário anterior.
Interesse crescente pelo tema, mas apenas as empresas de média dimensão conseguem de alguma forma adoptar práticas empresariais
Ligação às
ambientalmente correctas. Fraca intersecção com a fileira da inovação. As inovações serão pontuais e ocorrerão sobretudo nas
Fileiras do
actividades de lazer e desporto com a instalação de algumas pequenas empresas que explorarão, embora com elevados riscos de
Ambiente e da
ineficiência, a potencialidade do grande lago. A hotelaria e restauração não terão características muito diferentes das instaladas
Inovação
actualmente no “Espaço Alqueva” e terão pouca capacidade de investimento para a inovação.
Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
Impactes
Estima-se que, em 2015, existam perto de 12.100 empregos na fileira turismo.
Potenciais nos
Recursos Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
Humanos A Região terá pouca capacidade de fixação dos recursos humanos locais, em virtude de estes conseguirem propostas de trabalho com
condições mais aliciantes noutras regiões, sobretudo se vier a concretizar-se a deslocalização dos PIN e não apenas um adiamento da
RELATÓRIO FINAL 51
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
B
Domínios
Cenário de evolução tendencial do Espaço Alqueva
fase de arranque do funcionamento dos mesmos.
Perfil profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
A manutenção dos segmentos tradicionais leva à atribuição de um fraco desenvolvimento da área da concepção e desenvolvimento de
produtos, quer do ponto de vista endógeno, quer do ponto de vista de modelos já experimentados, e por conseguinte, a procura para
alimentar esta área não será significativa.
Associa-se ainda neste cenário alguma procura, ainda que pouco significativa, de profissionais com competências na área da animação
(desportiva, ambiental, cultural, etc.), nomeadamente nos domínios da organização, planeamento e programação.
Identifica-se um potencial de crescimento de profissionais com competências para fazer animação turística de cariz regional, cultural e até
mesmo ambiental com fins lúdicos, mesmo num contexto de uma oferta atomizada e desarticulada.
Alguma procura de profissionais que assumem funções executivas ao nível dos serviços pessoais, quer para os serviços de proximidade,
quer para as unidades hoteleiras, bem como os que assumem a conservação e manutenção do património natural e ambiental e cultural.
Alguma valorização de competências de empreendedorismo para o fomento de novas iniciativas, ainda que ligada sobretudo aos
segmentos tradicionais de negócio.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
O recrutamento dos funcionários é feito em primeira instância através do recurso ao sistema nacional, contratando-se primordialmente
pessoas naturais e residentes na Região, mas dada a fraca capacidade dos empresários e da Região oferecer condições de fixação dos
residentes, é provável que uma parte dos novos empregos a criar, até 2015, venha a ser ocupada por imigrantes.
Alertar para a preparação de estratégias de acolhimento de trabalhadores imigrantes e para a importância de conseguir criar condições de
Contexto social
integração destes indivíduos, sob pena de emergirem disfunções de integração, com níveis de exclusão social acentuados.
Tenha-se em consideração que neste contexto, em profissões onde a mão-de-obra necessária é indiferenciada ou requer baixos níveis de
qualificação, existe um elevado risco de concorrência entre fileiras pelos recursos humanos disponíveis.
Tenha-se ainda em consideração que, tal como no cenário anterior, entre os desempregados registados não se encontram actualmente
indivíduos com perfis que possam vir a integrar esta fileira.
Assim sendo o, défice de recursos humanos nesta fileira estará directamente associado ao número de novos empregos criados, que será
naturalmente menor que no cenário anterior, mas importante face ao peso que o emprego no sector detém no mercado de trabalho actual.
Aspectos críticos A sazonalidade do trabalho é uma característica que terá de ser tida em conta, pois esta limita a atractividade e a fixação de recursos
do cenário humanos para este sector, assim como pois gera instabilidade nos vínculos contratuais. No entanto, é de referir que neste cenário se
considera que a grande capacidade de atracção incidirá mais sobre os imigrantes pouco qualificados para o sector, e este é um público
tradicionalmente mais flutuante com maior mobilidade. A desvantagem emerge exactamente dessa flutuação/mobilidade que vai contra a
necessidade de fixar população em idade activa.
Para além destes aspectos que têm uma relação mais directa com o emprego, há ainda a considerar os factores exógenos relacionados
com a crise económica e o decréscimo dos níveis de investimentos e dos fluxos de procura turística na Região, sendo aqui de destacar as
consequências que advirão de uma recessão/retracção da economia espanhola.
Quais as
São em tudo semelhantes às dificuldades de resposta no Cenário A, com o acréscimo de que estaremos perante um cenário em que a
potenciais
qualificação profissional dos (potenciais) trabalhadores é mais baixa, o que poderá implicar um reforço da formação profissional para
dificuldades de
adultos com baixas qualificações profissionais. Por outro lado, a formação em língua portuguesa pode vir a assumir uma importância
resposta do
elevada, não como recurso essencial para utilizar no contexto de trabalho – uma vez que neste caso as línguas estrangeiras serão mais
sistema de
relevantes – mas como factor facilitador da integração social, conduzindo a uma necessidade de aumento da oferta deste tipo de oferta
formação regional
formativa.
às necessidades?
C
Domínios
Cenário de evolução tendencial do espaço nacional
Contexto macroeconómico recessivo, que influencia claramente a evolução da procura internacional e a dinâmica global da economia
Contexto
nacional. Este contexto ainda será marcadamente mais negativo, caso se acentuem os sintomas de crise da economia espanhola, um dos
Macroeconómico
principais investidores estrangeiros na Região.
Não só os investimentos turísticos previstos não chegaram a concretizar-se, como o ritmo de crescimento do emprego na fileira do turismo
é inferior ao verificado nos últimos anos no “Espaço Alqueva”. Neste caso, considera-se que o ritmo de crescimento do “Espaço Alqueva”
é semelhante ao ritmo de crescimento médio nacional (este inferior à média do “Espaço Alqueva” nos últimos anos).
A malha empresarial permanece suportada em micro e pequenas empresas, de gestão essencialmente familiar e com modelos de
negócio tradicionais e, por conseguinte, mais próximos da cultura empresarial e institucional da Região.
Investimento e
A economia local vive um momento de letargia, agravado pelo facto de se registar uma grande dispersão institucional.
Dinâmicas
Empresariais na Os jovens apostam em profissões noutros sectores, com oferta de melhores condições de trabalho, e procuram emprego nos grandes
Região centros urbanos, afastando-se assim daquela que consideram ser uma Região pouco atractiva, social e economicamente.
As empresas não alteram substancialmente o seu perfil face às actualmente instaladas no “Espaço Alqueva”, não só devido à inexistência
de investimento para se modernizarem, como à sua incapacidade para atrair mais turistas, como ainda devido ao facto de não
conseguirem oferecer melhores condições de trabalho aos seus trabalhadores. Assim, o sector continuará a ser marcado pelo fraco
estatuto social, associado às profissões, remunerações médias baixas, fortemente afectado pela sazonalidade e, como tal, com
consequências negativas nos vínculos contratuais dos seus trabalhadores.
Ligação às fileiras
do ambiente e da Não é esperado um grande dinamismo no que se refere à transversalidade com estas fileiras.
inovação
Impactes Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
potenciais nos Estima-se que, em 2015, existiam 9.500 empregos na fileira turismo. E, neste cenário de fraco dinamismo, não deve ser expectável uma
52 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
C
Domínios
Cenário de evolução tendencial do espaço nacional
recursos criação de empregos adicionais acima deste valor de referência, antes pelo contrário.
humanos Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
A Região terá pouca capacidade de fixação dos recursos humanos locais, em virtude de estes conseguirem propostas de trabalho com
condições mais aliciantes noutras regiões.
Perfil profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
 semelhança do cenário anterior, a manutenção dos segmentos tradicionais leva à atribuição de:
Ê fraco desenvolvimento da área da concepção e desenvolvimento de produtos, quer do ponto de vista endógeno, quer do ponto de
vista de modelos já experimentados e, por conseguinte, a procura para alimentar esta área não será significativa;
Ê fraco desenvolvimento da área de organização, planeamento e programação de actividades, em consequência da fraca produção de
novas soluções neste sector na Região;
Ê procura relativa das funções de execução para alimentar os segmentos tradicionais existentes.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
O recrutamento dos funcionários é feito em primeira instância através do recurso ao sistema nacional, contratando-se primordialmente
pessoas naturais e residentes na Região mas, dada a fraca capacidade dos empresários e da Região oferecer condições de fixação dos
residentes, é provável que uma parte dos novos empregos a criar, até 2015, venha a ser ocupada por imigrantes.
Alertar para a preparação no acolhimento de trabalhadores imigrantes e para a importância de conseguir criar condições de integração
Contexto social
destes indivíduos, sob pena de vir a gerar uma sociedade disfuncional, com níveis de exclusão social acentuados.
O problema de instabilidade contratual derivado da sazonalidade nesta fileira, é mais crítico neste cenário do que nos restantes uma vez
que o grau de diversidade de actividades e tipologias de turismo é baixo, não permitindo articular as diferentes dinâmicas e gerar
oportunidades para os trabalhadores temporários.
Com este aspecto, está relacionado o facto de existirem condições para que ocorra uma forte concorrência pela mão-de-obra local,
Aspectos críticos realizada por empresários de fora da Região e onde as condições de trabalho oferecidas são mais vantajosas para os trabalhadores,
do cenário gerando um custo de oportunidade elevado, caso estes decidissem permanecer na Região.
A falta de empreendedorismo é ainda mais evidenciada neste cenário, onde não há grandes investidores e estamos perante uma
economia tradicional. Existem algumas oportunidades de negócio nesta fileira que, bem estruturadas, têm mercado independentemente
dos grandes empreendimentos se virem a instalar ou não. Esta seria uma fonte de criação de emprego interessante para a Região neste
contexto.
Quais as O sistema de formação deve estar preparado para responder em menor volume do que nos dois cenários anteriores, mas terá de
potenciais estruturar uma oferta com incidência nas profissões que valorizam as competências identificadas acima.
dificuldades de
resposta do Continua a ser relevante, tal como no cenário B, a formação de um grande contingente de activos de modo a assegurar a qualificação das
sistema de empresas já instaladas no sector. Essa será a preocupação fundamental. Esta poderá assumir diferentes moldes, e preferencialmente os
formação regional que consigam envolver mais eficazmente os quadros superiores e empresários, de modo a operar mais eficazmente as transformações
às necessidades? necessárias à modernização e melhoria da competitividade das empresas tradicionais.
RELATÓRIO FINAL 53
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
Empresariais na com uma estrutura de PME de base local.
Região Este modelo ligado às grandes empresas, nomeadamente de capital estrangeiro (espanhol) introduz uma alteração significativa na base
produtiva, quer ao nível dos modelos de cultivo (modelos mais intensivos), quer em termos dos modelos de negócio (com a expansão da
actividade na óptica da cadeia de valor, o que introduz a lógica de integração das fileiras agrícola, agro-industrial e energia). Este
crescimento resultará no crescimento de inúmeras actividades, podendo-se referir, a indústria de embalagem (ex. Caixas, cartonagem,
etc), a rotulagem, o fabrico de rolhas e de cápsulas e, em particular, para o sector do vinho e do azeite, a indústria de engarrafamento e
acondicionamento.
Num cenário mais favorável, estas grandes empresas articulam-se e estimulam o crescimento das PME, especialmente em meio rural,
contribuindo para ultrapassar as consequências do despovoamento e para o estabelecimento de um modelo de desenvolvimento rural
sustentável, que deverá atender a três aspectos:
Ê a manutenção da biodiversidade;
Ê a coexistência da produção empresarial com a prática de uma agricultura biológica que assenta em práticas amigas do ambiente e
com produtos com valor económico mais elevado;
Ê e a prática de outras actividades, com destaque para o turismo rural, o artesanato, a transformação de produtos agrícolas alimentares
(por exemplo, queijos, doces, ervas aromáticas, a carne) e não alimentares (por exemplo, a cortiça) de baixa escala, e a criação de
espécies cinegéticas.
Neste cenário, considera-se que a conciliação entre as práticas intensivas associadas ao regadio e as produções menos intensivas,
constituem o suporte para o desenvolvimento do “Espaço Alqueva” (e do Alentejo em geral), identificado como uma área susceptível de
desertificação.
Neste sentido, os investimentos projectados para o sector do turismo estão aqui fortemente articulados com a fileira agrícola e agro-
industrial, citando-se, a título de exemplo, a cultura da vinha e a posterior produção de vinho, que pode enquadrar as várias actividades
ligadas ao enoturismo (visitas, provas, cursos e restauração).
A construção do Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete constitui também mais uma oportunidade de desenvolvimento.
A inovação e I&D entrecruzam-se neste cenário com a fileira da agricultura/agro-indústria de forma intensa. Por um lado, assume-se o
desenvolvimento de um modelo empresarial assente na modernização da maquinaria e numa intensificação da utilização da mesma. Por
outro lado, assume-se que as empresas de capital estrangeiro trazem know-how que permitem o forte desenvolvimento da fileira. No
Ligação às fileiras entanto, importa garantir a criação de condições de transferência desse capital para a Região, ou seja, para os (poucos) empresários
do ambiente e da locais, assim como, promover a articulação entre as instituições de ensino superior e estes grandes empresários no sentido de reforçar a
inovação articulação entre as fileiras do ambiente e inovação.
Em qualquer um dos cenários existem condições para promover a melhoria do grau de eficiência na aplicação de métodos e
equipamentos de rega, que estão igualmente expressos no código das boas práticas agrícolas.
Necessidades quantitativas de recursos humanos
Cenário A é gerador de emprego, mas em muito menor volume que o gerado pela fileira turismo. Estima-se que o ponto de partida (2005)
do número de empregos na fileira da Agricultura e da Agro-indústria é cerca de 20.000. Assumindo um crescimento tendencial do emprego
conjugado com uma manutenção na intensidade de ocupação da vinha e do olival, verifica-se que até 2015, as fileiras da Agricultura e da
Agro-indústria terão capacidade de gerar 3.300 novos postos de trabalho, não só ligados às grandes empresas, mas também às PME que
surgirão de forma articulada às anteriores.
No entanto, admite-se que o crescimento tendencial na Agricultura terá pouca probabilidade de se concretizar uma vez que o acentuado
crescimento da mesma nos últimos anos parece também estar relacionado com uma maior formalização da actividade agrícola o que
conduziu a um acréscimo de empregos no sistema estatístico sem “real” acréscimo nos empregos criados. Por outro lado, uma estimativa
a partir da ocupação da área regável prevista no “Espaço Alqueva” destinada ao Olival e à Vinha, permite estimar cerca de mais 1.500
empregos no Olival e 2.000 na vinha, ou seja, 3.500 ao todo – número bastante inferior ao considerado tendo em conta a tendência da
última década.
Neste cenário e tendo em conta que a aposta dos empresários aqui considerados é de valorização do factor capital e da tecnologia em
detrimento do factor trabalho o valor a tomar como referencia deverá ser inferior aos 3.500.
Acresce ainda ter em consideração que o perfil actualmente dominante de recursos humanos deste sector é de baixas qualificações
Impactes escolares e profissionais. Ora, num quadro de maior mecanização da produção agrícola e da sua interligação com as NTIC, como ocorrerá
potenciais nos neste Cenário, os recursos humanos terão necessariamente de estar mais habilitados com maiores níveis de qualificação. Empiricamente
recursos está estudada a correlação entre a melhoria dos níveis de qualificação e a dos níveis de produtividade do trabalho. Assim sendo, é
humanos esperado que os níveis de produtividade cresçam neste contexto e que os empregos criados ainda venham a ser menores.
Neste cenário, o volume de recursos humanos necessários não será muito elevado, mas a aposta na sua qualificação tecnológica é
essencial. Os demais empregos criados são estruturados em torno de mão-de-obra indiferenciada para a qual a Região tem tido
dificuldade de dar resposta.
As condições de trabalho no sector agrícola e agro-industrial são atractivas neste cenário, sobretudo pela compensação remuneratória à
mão-de-obra qualificada e com algum grau de especialização (associada à mecanização e automatização dos processos). A mão-de-obra
indiferenciada, que responde sobretudo a picos de procura ao longo do ano, é afectada pelo carácter temporário das tarefas a
desenvolver.
Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
Este cenário será suportado não só na mão-de-obra da Região mas, considerando que serão melhoradas as condições de acessibilidade
e mobilidade dos recursos humanos na e de/para a Região, também em mão-de-obra proveniente de fora da Região, contando-se aqui o
reforço do quantitativo de imigrantes estrangeiros (à semelhança do que já se verifica na Região e em outras regiões do país), sobretudo
para responder a tarefas que não requerem especialização.
Perfil Profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
Considerando que existe uma forte articulação entre as grandes empresas e as PME locais, viradas para o mercado, antevê-se uma
necessidade acrescida das competências de gestão genérica de negócio, para os gestores agrícolas como forma de reforçar a capacidade
54 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
competitiva das empresas do sector, que inclui a gestão contabilística, de recursos humanos, gestão comercial e marketing, gestão
tecnológica, certificação de qualidade e de produtos e qualidade e segurança alimentar, salientando-se assim:
Ê valorização de profissionais capazes de apoiar o desenvolvimento das competências dos gestores de empresas agrícolas/gestores de
explorações naqueles domínios, através da acções de formação-consultoria, o que pode gerar na Região o aparecimento de um novo
perfil profissional de banda larga, o consultor/formador na área agrícola;
Ê valorização de competências de gestão de parcerias estratégicas com o objectivo de promover a inovação e desenvolvimento de
novos produtos, processos produtivos e tecnologias, que devem ser integradas pelos gestores de empresas/explorações agrícolas;
Ê aumento da procura de técnicos de manutenção com competências nas áreas da manutenção e reparação de equipamentos de rega e
outras máquinas agrícolas;
Ê valorização das competências, transversalmente ao pessoal que trabalha na produção agrícola (olivicultura, viticultura e horticultura e
floricultura), ao nível da manutenção de 1ª de máquinas e equipamentos, de tecnologia e gestão da rega, conservação de solos,
eficiência energética e educação ambiental;
Ê aumento da procura de profissionais com competências na área dos sistemas e tecnologias de produção de azeite e vinho e seus
derivados, bem como profissionais com capacidades ao nível da qualidade e certificação de produtos e de sistemas e tecnologias de
certificação da qualidade e segurança alimentar;
Ê procura de profissionais que detenham competências na área do marketing e comercialização de produtos, à escala local, regional,
nacional e internacional;
Ê valorização acrescida das produções artesanais que requerem o domínio de competências específicas de técnicas de fabrico artesanal
e, consequentemente, de certificação destes produtos.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
Neste cenário, no quadro dos recursos humanos, deve apontar-se também que uma das áreas mais sensíveis se prende com o sistema
de recrutamento.
A presença de grandes empresas, algumas das quais estrangeiras (nomeadamente com capital de origem espanhola) que, em alguns
casos, têm uma política de recrutamento global e orientada para o baixo custo, suportar-se-á essencialmente nas redes de recrutamento
de mão-de-obra indiferenciada de natureza imigrante. Presentemente os empresários espanhóis a operar em Espanha já o fazem,
iniciando a formação continua de competências no decurso da viagem. Futuramente os empresários espanhóis pensam realizar a
formação nos países de origem dos trabalhadores antes de iniciarem a sua deslocação para Espanha.
Quanto à mão-de-obra especializada esta deverá ser recrutada a partir das saídas do sistema de formação inicial ou formação contínua.
É importante não esquecer que neste cenário, estamos perante um sistema de educação, formação e certificação pró-activo capaz de
antecipar as necessidades do tecido empregado e dele próprio induzir dinâmicas empreendedoras na economia regional.
O contexto social regional induzido pela dinâmica deste cenário nesta fileira é caracterizado por alguma multiculturalidade e necessária
integração social de imigrantes. No entanto, dependendo do modelo adoptado, as medidas de inserção social a adoptar deverão ser
Contexto social ajustadas. Relembre-se que no caso Espanhol, os imigrantes são recrutados pela temporada de trabalho necessária (curta duração), não
sendo promovida a sua fixação no território. Neste cenário, a probabilidade deste modelo se vir a reproduzir no “Espaço Alqueva” é
elevada.
O Cenário A conta com alguns riscos, que não devem deixar de ser apontados:
Ê consequências ambientais negativas que advenham do desenvolvimento de um modelo intensivo de produção associado a grandes
empresas, o que implica o reforço do papel das entidades públicas no acompanhamento e verificação do cumprimento do quadro
normativo e legal nacional, nomeadamente o código das boas práticas agrícolas (publicado e em aplicação desde 1997); nesse caso, é
fundamental reforçar as competências na área ambiental (recuperação de solos, monitorização e controle), na sua vertente agrícola e
agro-industrial (segurança alimentar);
Aspectos críticos Ê défice de competências na área da rega, o que implica dar particular atenção ao acompanhamento dos aspectos relacionados com os
do cenário métodos e equipamentos de rega que estão igualmente expressos no código das boas práticas agrícolas;
Ê sazonalidade do trabalho que requer mão-de-obra indiferenciada e que se refere à realização de tarefas muito concentradas no tempo.
Este será um problema para a economia local se os trabalhadores recrutados forem residentes localmente, no caso da adopção do
modelo espanhol este problema fica minimizado, mas terá com certeza menos impacto na sustentabilidade demográfica e social da
Região, bem como, acrescem os riscos de exclusão/marginalização social.
A estes elementos acresce ainda um factor mais transversal que tem a ver com a crise internacional e os sinais de recessão da economia
espanhola, com tradução numa redução dos fluxos de investimento.
Neste cenário, estamos na presença de um sistema de formação, educação e certificação, que trabalha em estreita sintonia com o
Quais as mercado, antecipando a formação de competências, no sentido que elas próprias venham a dinamizar algumas sub-actividades essenciais
potenciais à consolidação da fileira. Por outro lado, esta proactividade constituiu a chave de mudança, na medida em que esta impulsiona a
dificuldades de transformação da sua base produtiva regional e, simultaneamente, torna a Região atractiva e com alguma capacidade para a captação e
resposta do fixação de população.
sistema de O estreito ajustamento entre a oferta e a procura de cursos de formação (inicial e profissional), a existência de formadores especializados
formação regional e qualificados, e ainda o facto dos programas de formação passarem a contemplar o desenvolvimento de competências transversais em
às necessidades? áreas como a gestão e marketing (orientados para uma nova lógica de negócio/cadeia de valor), contribui também de forma significativa
para o dinamismo regional.
RELATÓRIO FINAL 55
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
B
Domínios
Cenário de evolução tendencial do Espaço Alqueva
Contexto
As condições são as mesmas que no caso anterior.
Macroeconómico
Do ponto de vista do perfil das empresas, o Cenário B é em tudo semelhante ao A, mas neste caso, as PME terão menor peso, sendo a
estrutura dominada por grandes empresas. A estrutura empresarial das empresas de grande dimensão tem uma base tecnológica muito
mais acentuada, as empresas são na sua maioria estrangeiras, com filosofias de negócio fortemente orientadas para o baixo custo de
produção. Atendendo à expansão da agricultura de regadio, são implementados novos modelos de cultivo, mais intensivos.
Tal como no cenário A, os modelos de negócio vigentes apontam sobretudo para o fortalecimento da cadeia de valor das actividades
económicas, assistindo-se igualmente a uma expansão da agro-indústria, o que conduz ao aparecimento de novas empresas, numa lógica
de integração vertical. Contudo, o grau de articulação e de desenvolvimento das PME associadas é menor ou inexistente.
O Cenário aponta, assim, para o reforço da presença de grandes empresas, com forte penetração de capital estrangeiro, continuando a
Investimento e actual tendência de penetração de capital espanhol. No conjunto da agricultura de regadio, destacam-se:
dinâmicas Ê por um lado, a vinha e o olival, cujos produtores são, cada vez mais, simultaneamente produtores de vinho e de azeite e controlarão
empresariais na grandes áreas (em ha) de produção;
região
Ê por outro, a produção de fruta, aproveitando as excepcionais condições edafo-climáticas e a presença do Aeroporto, fundamental para
o escoamento destes produtos ao nível internacional;
Ê e por outro lado ainda, a expansão da produção de energia a partir de resíduos da vinha, da poda dos olivais, do bagaço da azeitona,
entre outros, ou a expansão da produção de biogás, na sua maior parte proveniente do tratamento de efluentes agro-pecuários.
Um dos efeitos que se espera é o forte crescimento da comercialização da produção agro-industrial para as grandes cadeias de
distribuição.
É igualmente esperado um desenvolvimento dos serviços em torno da manutenção e assistência técnica da maquinaria de produção,
reforçando a cadeia produtiva.
Ligação às fileiras Em qualquer um dos cenários existem condições para promover a melhoria do grau de eficiência na aplicação de métodos e equipamentos
do ambiente e da de rega, que estão igualmente expressos no código das boas práticas agrícolas.
inovação A inovação e I&D entrecruzam-se neste cenário com a fileira da agricultura/agro-indústria de forma intensa.
Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
Os valores serão inferiores aos do Cenário A, uma vez que neste cenário apenas se considera a manutenção da tendência verificada nos
últimos anos, ao contrário do cenário anterior, cujos quantitativos, apontavam para um valor acrescido devido à forte expansão de
pequenas empresas em meio rural, complementares às grandes que desenvolvem uma ocupação intensiva ocupação do solo com culturas
agrícolas. Neste contexto, o cenário B, aposta sobretudo num processo de consolidação do crescimento de grandes empresas, fortemente
mecanizadas e com forte ligação à fileira agro-industrial, sendo que o seu grau de articulação com as PME locais é menor ou nulo,
induzindo menos emprego que o cenário anterior.
Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
As condições de trabalho são bastante atractivas em alguns domínios, nomeadamente pela compensação remuneratória à mão-de-obra
qualificada e com algum grau de especialização (associada à mecanização e automatização dos processos). A mão-de-obra
indiferenciada, que responde sobretudo a picos de procura ao longo do ano, é afectada pelo carácter temporário das tarefas a desenvolver.
Este cenário será suportado não só na mão-de-obra da Região mas, considerando que serão melhoradas as condições de acessibilidade e
mobilidade dos recursos humanos na e de/para a Região, também em mão-de-obra proveniente de fora da Região, contando-se aqui o
reforço do quantitativo de imigrantes estrangeiros (à semelhança do que já se verifica na Região e em outras regiões do país), sobretudo
para responder a tarefas que não requerem especialização.
Perfil Profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
Como este cenário assenta num tecido empresarial dominado maioritariamente por estrangeiros, apresenta constrangimentos do ponto de
vista da oferta de emprego e da procura de serviços no quadro do mercado regional. A viragem desta situação precisa de um timing
Impactes significativo para que estes empresários ganhem confiança na oferta de serviços locais. A mobilização de profissionais estrangeiros, da
potenciais nos sua confiança será uma realidade na fase inicial de desenvolvimento das explorações, tendo em conta os seguintes profissionais:
recursos
humanos
Ê profissionais capazes de apoiar o desenvolvimento das competências de gestão dos gestores de empresas agrícolas/gestores de
explorações, nos domínios da gestão corrente e estratégica, marketing, comercialização de produtos, etc;
Ê profissionais capazes de apoiar de gestão de parcerias estratégicas com o objectivo de promover a inovação e o desenvolvimento de
novos produtos, processos produtivos e tecnologias, que devem ser integradas pelos gestores de empresas/explorações agrícolas.
Procura tendencial, com o progressivo ganho de confiança e de criação e consolidação de redes de confiança, nacionais, regionais e
locais:
Ê técnicos de manutenção com competências nas áreas da manutenção e reparação de equipamentos de rega e outras máquinas
agrícolas;
Ê profissionais com competências na área dos sistemas e tecnologias de produção de azeite e vinho e seus derivados, bem como
profissionais com capacidades ao nível da qualidade e certificação de produtos e de sistemas e tecnologias de certificação da
qualidade e segurança alimentar.
Procura significativa de:
Ê pessoal que trabalha na produção agrícola (olivicultura, viticultura e horticultura e floricultura), ao nível da manutenção de 1ª de
máquinas e equipamentos, de tecnologia e gestão da rega, conservação de solos, eficiência energética e educação ambiental;
Ê pessoal com funções de execução na produção agrícola (olivicultura, viticultura e horticultura e floricultura).
Estratégias e Fontes de Recrutamento
Neste cenário, no quadro dos recursos humanos, deve apontar-se também que uma das áreas mais sensíveis se prende com o sistema de
recrutamento. À semelhança do cenário anterior, a presença de grandes empresas, algumas das quais estrangeiras (nomeadamente com
56 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
B
Domínios
Cenário de evolução tendencial do Espaço Alqueva
capital de origem espanhola) que, em alguns casos, têm uma política de recrutamento global e orientada para o baixo custo, suportar-se-á
essencialmente nas redes de recrutamento de mão-de-obra indiferenciada de natureza imigrante. Presentemente os empresários
espanhóis a operar em Espanha já o fazem, iniciando a formação continua de competências no decurso da viagem. Futuramente os
empresários espanhóis pensam realizar a formação nos países de origem dos trabalhadores antes de iniciarem a sua deslocação para
Espanha.
Quanto à mão-de-obra especializada esta deverá ser recrutada a partir das saídas do sistema de formação inicial ou formação contínua.
Contexto social Contexto social idêntico ao cenário A.
Os principais aspectos críticos deste cenário prendem-se com razões exógenas à Região, tais como:
Ê as oscilações (incertezas na orientação da produção, decorrentes da pressão internacional, que ora valoriza os custos dos
biocombustíveis (o que estimula a substituição da cultura de produtos alimentares por cereais para produção de combustíveis), ora
valoriza os custos dos produtos agrícolas (estimulando a sua cultura);
Ê a elevação dos custos de produção, nomeadamente associados aos factores de produção (caso da energia) que podem condicionar o
desenvolvimento de uma agricultura intensiva, caso a sua produção não se encontre convenientemente integrada nos mercados de
consumo nacional e internacional.
Aspectos críticos Por outro lado, a excessiva concentração do capital e da produção conduzida pelas grandes empresas, o que constitui um risco para a
do cenário integração das PME.
Por outro lado ainda, e atendendo ao facto de estarmos na presença de modelos de cultivo mais intensivos e à potencial degradação dos
solos cultiváveis, é justificável considerar que, no médio prazo, muitas dessas empresas serão efectivamente forçadas a reequacionar o
seu modelo de produção ou o seu modelo de negócio, o que constituiu um factor de ponderação à sua continuidade. Efectivamente, às
técnicas de produção intensiva e super-intensiva identificadas aqui neste cenário, implantadas maioritariamente pelas empresas de capital
Espanhol, poderá estar associado um elevado esgotamento dos solos a médio prazo. Neste cenário, considera-se que ainda não estão
garantidas as condições que permitam prevenir esta hipótese.
São ainda de considerar as questões anteriormente levantadas, relacionadas com a sazonalidade do trabalho indiferenciado.
Efectivamente, há uma tendência para a persistência do desajustamento actual entre as competências que se formam e as necessidades
de formação de profissionais capazes de dinamizar sub-actividades complementares que apoiem a consolidação da fileira, sendo a postura
Quais as do sistema formativo lentamente reactivo às necessidades do tecido produtivo. Há dificuldade em recrutar formadores especializados e
potenciais qualificados, os currículos dos cursos estão desactualizados e desajustados do mercado sobretudo nos cursos de formação de activos
dificuldades de desempregados, que são demasiado generalistas e que não só não promovem de forma sólida a formação em contexto de trabalho, como
resposta do não incorporam a formação de competências transversais, como a gestão e o marketing.
sistema de
formação regional Apesar de algumas, poucas, iniciativas e tentativas de articulação entre as entidades públicas, empresas privadas e as instituições afectas
às necessidades? à área do emprego e formação, o desajustamento temporal entre o registo das necessidades de perfis por parte do mercado e a resposta
ou ‘reacção’ por parte das escolas e entidades formadoras, gera enormes dificuldades às empresas, que ameaçam muitas vezes com
projectos de deslocalização da sua base operativa.
C
Domínios
Cenário de evolução tendencial do espaço nacional
A crise internacional acentua-se e, nesse contexto, a tendência de evolução dos factores exógenos, referenciada nos cenários anteriores, é
Contexto reforçada pela tendência nacional, também ela mesma de regressão do emprego no sector agrícola. Este declínio a nível nacional retrata,
Macroeconómico por um lado, o declínio dos sistemas de produção de organização camponesa e familiar associados actualmente a uma população agrícola
mais idosa, por outro, à passagem de um modelo intensivo em trabalho para outro mais intensivo em capital.
O Cenário C é um cenário em que a Região é resistente à mudança e tenta perpetuar modelos de negócio e de cultivo mais tradicionais e,
eventualmente, menos rentáveis e competitivos. A estrutura empresarial é tradicional, a maior parte das empresas são nacionais apesar de
Investimento e operarem na Região algumas empresas estrangeiras. As empresas, assim como os agentes de desenvolvimento local, apresentam uma
Dinâmicas reduzida capacidade para optimizar os recursos locais e promover a extensão das fileiras aumentando o seu valor acrescentado. Pratica-se
Empresariais na uma filosofia de negócios pouco competitiva, pouco inovadora e, muitas vezes, sem horizontes estratégicos para além do ano corrente.
Região Apesar dos modelos de cultivo praticados serem relativamente pouco intensivos, a inexistência de formadores especializados e qualificados
e, consequentemente, a inexistência de know-how especializado que permitisse a adopção de modelos de cultivo mais inovadores, dificulta
a expansão da fileira agrícola e a captação de novos investimentos.
Esta fileira tem pouco dinamismo no contexto da sua transversalidade face às fileiras da Agricultura/Agro-indústria. No entanto, o
Ligação às fileiras aproveitamento e crescimento da área de regadio atribui ao COTR um crescente protagonismo naquilo que são a áreas de experimentação,
do ambiente e da de formação para o regadio e de assistência técnica.
inovação
Neste cenário persiste grande dificuldade de articulação entre a universidade e o tecido produtivo nas áreas de investigação pertinentes.
Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
São de declínio relativamente aos valores de base considerados em 2005
Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
Este cenário será suportado não só na mão-de-obra da Região mas, considerando que serão melhoradas as condições de acessibilidade e
Impactes
mobilidade dos recursos humanos na e de/para a Região, também em mão-de-obra proveniente de fora da Região, contando-se aqui o
potenciais nos
reforço do quantitativo de imigrantes estrangeiros (à semelhança do que já se verifica na Região e em outras regiões do país), sobretudo
recursos
para responder a tarefas que não requerem especialização.
humanos
Perfil Profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências
Este cenário assenta numa estrutura empresarial menos dinâmica e inovadora, que procurará reduzir os custos de produção
fundamentalmente através da redução dos custos do trabalho.
Esta situação traduz-se, a curto e médio prazo, no seguinte:
RELATÓRIO FINAL 57
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
C
Domínios
Cenário de evolução tendencial do espaço nacional
Ê fraca probabilidade de se valorizar e de se desenvolver perfis profissionais/empregos que possam assumir junto dos empresários
agrícolas o papel de apoiar o desenvolvimento de capacidades de gestão, nos diferentes domínios, através dos processos de
consultoria-formação;
Ê fraca procura de serviços e de técnicos de manutenção e gestão de equipamentos de rega e outros equipamentos agrícolas;
Ê fraca procura de competências nas áreas do marketing e comercialização de produtos;
Ê contudo, tal como no cenário anterior mantém-se o aumento da procura de profissionais com competências na área dos sistemas e
tecnologias de produção de azeite e vinho e seus derivados, bem como profissionais com capacidades ao nível da qualidade e
certificação de produtos e de sistemas de certificação da qualidade e segurança alimentar;
Ê por outro lado, assinala-se ainda uma valorização das competências específicas de técnicas de fabrico artesanal e de certificação de
produtos.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
Neste cenário, no quadro dos recursos humanos, as empresas poderão recorrer ao sistema nacional, não sendo de negligenciar o recurso a
mão-de-obra imigrante com baixo nível de qualificação/especialização.
Neste cenário o contexto social é caracterizado pela possibilidade de atracção de um considerável número de imigrantes o que releva a
Contexto social necessidade de antecipar o impacte da inserção social deste publico não guetizando esta população e estimulando a sua inserção social e
das suas famílias de forma a evitar o risco de se gerarem tensões sociais e marginalização.
Os principais aspectos críticos deste cenário prendem-se com:
Ê défice de recursos humanos sobretudo indiferenciados para dar resposta ás necessidades do tecido produtivo;
Aspectos críticos
do cenário
Ê sistema de formação que não consegue responder à qualificação dos activos do sector, não os dotando das competências necessárias;
Ê sazonalidade do trabalho que limita a fixação de recursos humanos na Região que trabalhem neste sector;
Ê sistema de recrutamento pouco estruturado neste sector.
Quais as
potenciais Paralelamente, o desajustamento evidente entre o sistema de formação/educação e o mercado tem vindo a acentuar progressivamente
dificuldades de esta falta de dinamismo empresarial e social. De facto, os currículos dos cursos são desajustados e demasiado generalistas e não há
resposta do capacidade de resposta do sistema de ensino e formação. A pouca flexibilidade que é dada às instituições de ensino e formação para
sistema de adaptarem a sua oferta formativa ao mercado em que estão inseridas faz com que, mesmo em situações pontuais onde se regista um
formação regional entendimento entre os vários agentes do sector, a capacidade de resposta em tempo útil seja muito diminuta.
às necessidades?
11 Azevedo, F. (2008) – “Segurança alimentar versus segurança energética. Uma tempestade perfeita?”, Cenários, Nº10, Junho de 2008, DPP.
58 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
Na consideração do Cenário de desenvolvimento para a fileira energia, é de considerar que a componente económica-empresarial é
determinante e, neste quadro, assumem particular relevância os aspectos que são exógenos à Região, e que se prendem com a evolução
da conjuntura internacional e que são amplamente determinantes para a conjuntura económica regional.
Contexto
Macroeconómico Tal como anteriormente explanado a propósito dos cenários relativos à agricultura, o contexto internacional é de aumento da pressão para
o desenvolvimento de outras energias no sentido de diminuir a dependência do petróleo, bem como de imposição de metas relacionadas
com Quioto e Lisboa-Gotemburgo, bem como ainda, de cumprimento das metas referidas na Estratégia Europeia para a Energia (ao nível
da UE. A produção de renováveis, tem como meta que o consumo de biocombustíveis no sector dos transportes até 2020 atinja os 20%).
Esta fileira tende assim a crescer em diferentes linhas:
Ê bio-combustíveis - uma vez que a curto prazo a infra-estrutura de regadio cobrirá 110.000 ha, a produção de biocombustíveis ocorrerá
em concorrência permanente com a produção agro-alimentar, dependendo fortemente das quotas estabelecidas para a produção de
biocombustíveis, da concessão de incentivos, das oscilações de preços dos combustíveis, dos preços dos produtos alimentares e dos
custos de produção destes mesmos biocombustíveis (uma vez que a adaptação progressiva a algumas culturas energéticas como o
milho, o girassol, a colza e a soja, pressupõe elevados consumos de água, esta também um recurso a preservar e cujo preço poderá
aumentar, condicionando os custos de produção dos bio-combustíveis). Sendo mais explícitos, num contexto de crescimento
populacional mundial, a pressão sobre os produtos alimentares tenderá a aumentar, incentivando também a sua produção,
contribuindo para a concorrência entre a produção de culturas alimentares ou para combustível. Por outro lado, a questão da
segurança alimentar vai ganhar peso, nomeadamente nos países industrializados que aumentarão os embargos e as limitações à
importação de produtos agrícolas e alimentares oriundos de países sobre os quais exista alguma suspeita. No caso da UE, isso
contribuirá para a valorização dos produtos produzidos internamente, contribuindo para uma estabilização dos seus preços, ou mesmo
o seu aumento, no caso de estarmos perante produções de grande qualidade. Este ultimo aspecto, jogará a favor da pressão para a
Investimento e cultura de produtos alimentares.
Dinâmicas
Empresariais na Ê hidroeléctrica – o crescimento será sem dúvida alguma efectivo, muito embora seja importante considerar os efeitos decorrentes das
Região alterações climáticas em curso, que têm consequência na irregularidade e na menor frequência da pluviosidade.
Para além dos factores de mudança anteriormente apontados e associados aos biocombustíveis e à água, existem condições, como
referidas no estudo do CIDEC/NEMUS12 (2006), para o desenvolvimento de outras formas de produção energética (fotovoltaica e solar), o
que reforça a fileira energia no “Espaço Alqueva”.
Este jogo de forças será protagonizado fundamentalmente por grandes empresas, maioritariamente de origem exógena à Região,
classificadas pelos participantes no painel como sendo “empresas profissionalizadas”, com capacidade de “comandar” os preços do
mercado, assistindo-se já a um processo de concentração em empresas de origem espanhola, como é possível verificar pelos vários
projectos previstos/curso. De salientar o projecto da “Iberol - Sociedade Ibérica de Biocombustíveis e Oleaginosas,” que pretende atingir,
num prazo de cinco anos, no Alentejo, uma área de cerca de 50.000 ha de cultivo de soja de regadio (variedade convencional), quer
através de produção directa (arrendamento de terras), quer através de contratos celebrados com os agricultores, situação que determinará
sem dúvida alguma a evolução das áreas e das culturas. Perspectiva-se ainda a implementação de uma fábrica de produção de bioetanol
em Sines pela empresa BIOFUELS (constituída por várias entidades entre as quais se destacam a FOMENTINVESTE, a EDIA, a COPAM
e a Fundação Vítor e Graça Carmona e Costa), que estando fora do “Espaço Alqueva”, tem como matéria-prima o milho e os cereais
outono-invernais produzidos neste território.
Ligação às
fileiras do A fileira da energia, quer na vertente dos biocombustíveis, quer na vertente da produção hidroeléctrica, apresenta uma forte ligação às
ambiente e da fileiras transversais do ambiente e da inovação.
inovação
Necessidades Quantitativas de Recursos Humanos
As estimativas tendências de necessidades de recursos humanos para esta fileira em 2015 sinalizam um decréscimo, pelo que se poderá
dizer que contrariamente às duas fileiras anteriores e por se tratar de uma fileira intensiva em tecnologia e conhecimento, é suportado em
poucos efectivos, não devendo este aspecto constituir uma preocupação.
Capacidade de Atracção de Recursos Humanos
Uma parte do recrutamento da mão-de-obra será com certeza proveniente do exterior da Região, acentuando-se a necessidade de criar
condições de atracção para a mobilidade de profissionais altamente qualificados.
Perfil Profissional de Recursos Humanos Necessários/Necessidades de Competências:
Impactes
Ê aumento da qualificação do emprego, associado à necessidade de uma maior intervenção nos sistemas tecnológicos complexos e
consequentemente diminuição do emprego menos qualificado;
potenciais nos
recursos Ê aumento das competências cognitivas de devido à adopção sistemática de tecnologias, que implicam uma interacção com painéis
humanos indicadores e monitores de computador;
Ê maior valorização da gestão das tecnologias;
Ê aumento das competências ao nível da área do ambiente, com a implementação de sistemas de certificação e as preocupações ao
nível das exigências a nível do impacte ambiental e da qualidade com a implementação de sistemas de qualidade e certificação;
Ê reforço das competências de desenvolvimento e gestão de parcerias ao nível da produção dos bio-combustíveis;
Ê reforço das competências relativos à higiene, saúde e segurança no trabalho.
Estratégias e Fontes de Recrutamento
Ê Uma vez que estamos perante um sector empresarialmente muito concentrado e muito exigente em termos de qualificação da mão-
de-obra, perspectiva-se que as empresas encontrem/desenvolvam os seus mecanismos de recrutamento, o que inclui desde a escolha
12 CIDEC/NEMUS (2006) – Identificação e Localização de Centros de Concentração Empresarial no Espaço Alqueva nas Fileiras: Agricultura/Agro-indústria, Água,
Ambiente, Energia, Inovação e Tecnologia e Turismo, elaborado para a EDIA.
RELATÓRIO FINAL 59
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A
Domínios
Cenário de Evolução gerado pelo quadro de oportunidades do EFMA
de perfis, até à criação de condições de atractividade para a mobilidade de quadros provenientes de outras regiões
Tal como referido anteriormente, o perfil de mão-de-obra aponta no sentido de quadros com elevada qualificação e, nesse contexto, para
a sua atracção/manutenção é fundamental desenvolver um conjunto de serviços/facilidades que respondam às necessidades destes
Contexto social
recursos humanos. Contam-se aqui, elementos chave como a qualidade da rede escolar e dos serviços de saúde, mas também a oferta
de equipamentos e actividades de nível cultural e recreativo.
A realização de um cenário suportado nas linhas anteriormente apresentadas fará emergir as dificuldades do tecido empresarial endógeno
Aspectos que apresenta falta de know-how e uma resistência cultural à produção de energia.
críticos do
cenário Por outro lado, a falta de empreendedorismo ainda aumenta mais a resistência ao risco de desenvolver novas produções e procurar novos
mercados.
Quais as
potenciais
dificuldades de
resposta do O grande desafio para o sistema de educação e formação no âmbito desta fileira é a integração de módulos formativos na oferta actual,
sistema de em particular do ensino superior, que possam responder ao desenvolvimento das competências acima assinaladas.
formação
regional às
necessidades?
60 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
assentam num aumento da mobilidade da força de trabalho. Este facto ocorre, quer para os sectores intensivos
em trabalho, quer para sectores intensivos em conhecimento, e pode fomentar o desenvolvimento de um
mercado de trabalho informal, com esquemas de recrutamento próprios, marginais aos esquemas formais;
Ê no que diz respeito à procura de emprego e à integração no mercado de trabalho:
a questão dos activos menos jovens, problema que não se confina ao “Espaço Alqueva” mas que é transversal
ao país – um cenário mais favorável de grande crescimento do emprego nas fileiras e nas actividades
induzidas onde se exigem perfis profissionais especializados ou diferenciados dos actuais, pode excluir do
mercado de trabalho uma bolsa de activos menos jovens, aumentando os riscos de pobreza e exclusão social.
Há que equacionar uma resposta para este segmento de activos;
a questão da elevada taxa de desemprego feminina, que demonstra a urgente necessidade de medidas de
integração especificas para este grupo;
Ê no que diz respeito à formação, educação e certificação:
a questão das instituições de ensino e formação, desde o nível mais básico, à formação superior, cujo papel
urge redefinir;
a questão do recrutamento exógeno e da sua articulação com a formação, educação e certificação, uma vez
que se o recrutamento exógeno for importante, pode constituir um factor condicionante ao desenvolvimento de
novas formações/cursos especializados no sentido de dar resposta aos novos perfis emergentes, limitando a
reestruturação e actuação dos estabelecimentos de formação, que não conseguem assim atingir limiares de
procura suficientes para as formações mais especializadas;
Ê no que diz respeito à dinâmica empresarial e territorial da Região:
a questão da falta de empreendedorismo - quer estejamos em cenários em que se confirme o desenvolvimento
de grandes empresas, quer consideremos cenários em que estes investimentos sejam retardados ou mesmo
cancelados, as PME de base local, directamente ligadas às fileiras, ou induzidas pelo crescimento das fileiras,
adquirem uma importância fundamental para a sustentabilidade do desenvolvimento de uma região como a do
“Espaço Alqueva”, que corre riscos de despovoamento e de enfraquecimento da actividade ligada aos serviços
públicos. Sendo a Região caracterizada por uma tradição de trabalho por conta de outrem, falta de
empreendedorismo e um quadro demográfico recessivo, o desenvolvimento das PME dependerá com certeza
da possibilidade de recorrer a incentivos ou financiamentos, sendo fundamental equacionar a prioridade deste
tipo de intervenção, numa região que está actualmente centrada em torno das expectativas de execução de
um conjunto de projectos de grande dimensão económica e financeira e cujos timings de
execução/implementação poderão ser retardados face ao contexto de crise internacional. Existem objectivos e
oportunidades associados ao QREN 2007-2013, que importa aproveitar;
a questão da relação com Espanha, cujo aprofundamento poderá contribuir para a melhor integração nos
mercados internacionais e para a valorização das cadeias de valor mas, simultaneamente, bloquear as
reacções nacionais. O IDE é volátil e está referenciado às expectativas que os investidores possam tecer em
torno do retorno do seu investimento. Num contexto de crise, a probabilidade de ocorrer uma recessão dos
fluxos de investimento é maior, tendência que se já verifica hoje, nomeadamente no sector agrícola;
a questão do Aeroporto de Beja e do seu papel no desenvolvimento das fileiras (turismo, o sector da
comercialização e distribuição dos produtos agrícola e industriais, dinâmica da actividade económica em geral),
papel que ainda está por se definir face ao conjunto de indefinições actuais;
a questão da prestação de serviços públicos básicos como os serviços de saúde, educação, transporte e
culturais – a capacidade de atracção de mão-de-obra dependerá em muito das condições que serão oferecidas
pelas entidades empregadoras, mas igualmente pelos territórios;
a dinamização da malha empresarial está fortemente condicionada pelas políticas públicas existentes e pela
capacidade de respostas e de pro-actividade das instituições intermediárias da implementação destes
instrumentos no terreno.
RELATÓRIO FINAL 61
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
62 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RELATÓRIO FINAL 63
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
13 Com a revisão administrativa de 2005, o Alentejo viu o seu território alargado a mais uma NUTS III (Lezíria do Tejo).
14 Que não considera os efeitos que o EFMA e que outros investimentos previstos e programados poderão ter na Região neste domínio.
RELATÓRIO FINAL 65
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
de atracção de população – nacional e estrangeira –, visando colmatar carências, de modo a não dificultar ou mesmo
inviabilizar – segundo alguns empresários – a concretização de projectos já previstos (PIN, incluídos) e de outros que
correspondem presentemente a intenções. Trata-se, com efeito, de um dos factores críticos transversais aos vários
cenários desenvolvidos anteriormente.
Em complementaridade com as medidas propostas nos domínios da empregabilidade e da formação e qualificação –
para responder aos objectivos centrais do Estudo –, as recomendações que se apresentam procuram ser um contributo
para a melhoria das condições de atractividade regional de recursos humanos, designadamente em quatro grandes
domínios:
Ê adopção de mecanismos facilitadores da atracção de população jovem;
Ê reforço da mobilidade intra-regional, através da melhoria das infra-estruturas e dos sistemas de transportes;
Ê reforço da dotação de equipamentos colectivos;
Ê desenvolvimento de acções de marketing territorial.
Estas propostas não procuram ser exaustivas e apresentam uma abrangência transversal que resulta da amplitude dos
seus objectivos. Ou seja, pretende-se que a sua aplicação surta efeitos positivos na captação de recursos humanos –
exteriores à Região – para os projectos associados ao EFMA, mas estes seguramente serão mais vastos e, em alguns
casos, beneficiarão também a população residente. Por outro lado, algumas dessas recomendações decorrem da
concretização de projectos/iniciativas – designadamente ao abrigo dos instrumentos financeiros do QREN –
desenvolvidas por entidades públicas, regionais e locais, dirigidas para os residentes, mas cujos efeitos serão também
importantes para melhorar a capacidade de atracção de população para o território regional.
Face às restantes recomendações, dirigidas para a empregabilidade e para a formação e qualificação –
desempenhando a EDIA e o IEFP um papel preponderante para a sua concretização –, a realização da generalidade
das iniciativas agora propostas implica um esforço de concertação mais alargado, a todos os agentes públicos – em
particular os organismos da administração regional/desconcentrada, autarquias, associações de municípios, agências
de desenvolvimento regional, associações de desenvolvimento local – e privados, designadamente dos promotores de
projectos.
66 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
No “Espaço Alqueva” e no restante território regional, existem actualmente diversos casos de autarquias que já
implementam políticas de fixação e atracção de população, que passam de um modo geral pela adopção de incentivos
à natalidade e/ou à fixação de residência no concelho. A título de exemplo, podemos referir os casos de:
Ê Mértola, onde os casais com baixos rendimentos que optarem pelo segundo filho dispõem de subsídios mensais
durante os primeiros cinco anos de vida da criança. O valor destes subsídios é variável, sendo calculado a partir
das despesas elegíveis apresentadas pelos agregados para comparticipar os encargos com o segundo filho;
Ê Almodôvar, onde todos os indivíduos residentes e recenseados no concelho há mais de dois anos podem
beneficiar de um subsídio de prestação única no valor de € 750, sempre que ocorra o nascimento de uma criança
registada como natural do concelho;
Ê Mora, onde a autarquia atribui subsídios à natalidade de € 500 para o primeiro filho, € 1.000 para o segundo e €
1.500 para o terceiro, juntamente com vales no valor total de € 500 a partir do segundo filho em géneros para o
bebé;
Ê Barrancos, onde os incentivos à natalidade passam também pela atribuição de um subsídio único por cada
nascimento, de € 1.000 pelo primeiro filho, € 1.500 pelo segundo e de € 2.000 pelo terceiro filho e seguintes;
Ê Alandroal, onde a autarquia implementou medidas semelhantes a Mora e Barrancos;
Ê Gavião, onde a autarquia implementou o Programa “Gavião Jovem”, que intervém nas modalidades de apoio à
primeira infância e apoio à habitação. A primeira consiste na atribuição de subsídios mensais até € 30 nos
primeiros três anos de vida da criança, extensivo a agregados que se fixem no concelho durante esse período. Os
apoios à habitação passam por comparticipações dos custos de construção ou aquisição de residência, no
montante de € 2.500.
As entrevistas realizadas permitiram verificar resultados muito positivos com a adopção destas medidas, registando-se
um número crescente de nascimentos e de famílias apoiadas desde a sua implementação.
Para além das autarquias, as entrevistas realizadas permitiram também verificar que as empresas têm equacionado
medidas para promover a atracção de recursos humanos para os investimentos que vão implementar no “Espaço
Alqueva”, designadamente através da recuperação de imóveis em núcleos urbanos na proximidade desses investimentos
e/ou na construção de novos bairros habitacionais para os trabalhadores.
RECOMENDAÇÃO #1A
Criação de Complementaridades aos Apoios à Natalidade e à Fixação de Novos Residentes
Seguindo os exemplos já encetados por algumas autarquias, dever-se-á encarar a possibilidade de alargar os apoios
municipais à natalidade e à fixação populacional, através de subsídios financeiros mas não só, divulgando
amplamente a oferta destes incentivos.
Para além da tipologia de políticas já implementadas e descritas anteriormente, poderão ainda ser recuperadas
outras medidas mais inovadoras, já apresentadas, como por exemplo as propostas na “Actualização do Estudo Plano
Estratégico Orientador da Formação para a Região do Alentejo (PEOFRA)15” – nunca concretizadas –,
designadamente:
15 IESE, 2006. A actualização do Estudo propôs a aplicação deste conjunto de medidas directamente pelas empresas a instalar-se/deslocalizar-se
para o Alentejo, sendo contudo apoiadas por fundos públicos que integrariam aqueles incentivos. Neste sentido, recomendou-se que os instrumentos
de políticas activas de emprego propostos não só fossem reforçados e amplamente divulgados junto dos agentes económicos, como também
pudessem ser complementados com outros instrumentos de apoio às empresas em trajectórias de deslocalização, direccionadas para facilitar a
atractividade e fixação dessas empresas e de recursos humanos qualificados para o Alentejo, combinando os apoio directos com apoios específicos
à fixação dos próprios trabalhadores.
RELATÓRIO FINAL 67
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Ê a criação de linhas de crédito bonificado para instalação no primeiro ano de residência, para educação e
formação dos filhos e do casal;
Ê a atribuição de um prémio por cada período de cinco anos de permanência na Região;
Ê a oferta de um seguro de saúde nos primeiros cinco anos de residência na Região;
Ê a atribuição de bolsas de estudo aos filhos.
Os apoios à fixação de novos residentes poderão também passar por benefícios fiscais – eventualmente a serem
aplicados nos primeiros anos de residência no concelho - que os discriminem positivamente, como por exemplo:
Ê a redução da cobrança do IRS até 5%, correspondente à parcela da colecta de que os municípios podem
dispor, no âmbito do definido na nova Lei das Finanças Locais (Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro);
Ê a redução ou isenção do pagamento do Imposto Municipais sobre Imóveis (IMI) para novos residentes, em
complementaridade ao enquadramento legal em vigor (Código do IMI – Decreto-Lei nº 287/2003, de 12 de
Novembro);
Ê a redução ou isenção do pagamento do imposto municipal sobre transmissões onerosas de imóveis (IMT) para
a aquisição de habitação própria permanente por novos residentes.
Também no que respeita ao pagamento de taxas municipais, poderão ser criados descontos na cobrança da água ou
dos serviços de saneamento e recolha de resíduos sólidos - como já é feito, mas para as famílias numerosas -, a
serem aplicados nos primeiros anos de residência no concelho.
A aplicação da generalidade destas medidas é da responsabilidade da administração local, mas de modo a poderem
ser concretizadas num âmbito comum e alargado a todo o “Espaço Alqueva” – e, eventualmente, a mais concelhos
do Alentejo fora desta delimitação territorial – importa desencadear um processo de concertação e de verificação da
sua aplicabilidade concreta que deverá ser promovido pela EDIA.
No domínio da habitação, poderão também ser adoptados programas de construção habitacional a custos
controlados para jovens ou outras iniciativas relacionadas com a regeneração urbana, como sejam apoios individuais
à recuperação de habitações degradadas em núcleos urbanos consolidados. Algumas destas medidas podem ser
enquadradas nos actuais instrumentos de financiamento comunitário do QREN, designadamente as parcerias para a
regeneração urbana (Regulamento Específico Política de Cidades – Parcerias para a Regeneração Urbana) e as
redes urbanas para a competitividade e inovação (Regulamento Específico Política de Cidades – Redes Urbanas
para a Competitividade e a Inovação), do Eixo II do PO Regional Alentejo.
A captação de públicos jovens deve ainda ser complementada por intervenções no domínio cultural e das dinâmicas
urbanas, tendo em vista a criação de espaços e eventos de convivialidade atractiva de população jovem, abrindo-
lhes espaços de iniciativa, de criatividade e de responsabilidade pela criação de ambientes favoráveis à sua fixação.
RECOMENDAÇÃO #1B
Apoiar a Integração dos Novos Residentes nas Comunidades Locais
O sucesso das políticas activas de atracção populacional depende também, em grande medida, da criação de um
ambiente favorável à fixação e integração nas comunidades locais de novos residentes.
Neste sentido, sugere-se a criação, através da rede regional de centros do IEFP, de serviços de acompanhamento
de novos residentes – designadamente da população imigrante –, que facilitem a sua integração na comunidade e no
O Estudo refere a possibilidade do FAIA contemplar uma vertente de apoio à instalação e fixação de activos não residentes na Região, mas que
tivessem directamente associados à implementação da empresa ou dos novos investimentos a realizar, sem prejuízo de poder equacionar a
possibilidade da criação de um Fundo Específico para Apoio à Atractividade e Fixação de Activos Qualificados no Alentejo.
68 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
mercado de trabalho local. A acção destes serviços, que deverá ser desenvolvida em parceria com outros agentes
regionais e locais (agrupamentos escolares, rede social, autarquias, centros de formação profissional, etc.) poderia
passar por apoiar os novos residentes:
Ê no acesso a informação sobre a Região, eventualmente promovendo marketing tours para potenciais
imigrantes;
Ê na procura de emprego ou de habitação na Região;
Ê na integração dos filhos no sistema de ensino e na rede de apoio social;
Ê no caso da população imigrante, na superação das barreiras linguísticas e culturais através da promoção de
formação em língua portuguesa e formação cívica.
Importa relevar, neste contexto, o papel activo que o IEFP deverá desempenhar, em parceria com a EDIA, na
concepção e concretização desta recomendação.
A vertente de intervenção “Empregabilidade e Igualdade de Oportunidades dos Imigrantes” do Eixo 6 - Cidadania,
Inclusão e Desenvolvimento Social do PO Temático Potencial Humano tem previstos mecanismos financeiros que
podem ser aproveitados para o desenvolvimento de algumas destas medidas.
Reforço da Mobilidade Intra-regional, Através da Melhoria das Infra-estruturas e dos Sistemas de Transportes
Ao nível das acessibilidades, as iniciativas desenvolvidas pela administração central e local têm permitido ao Alentejo um
incremento infra-estrutural relevante nos últimos anos, apesar de persistirem algumas carências importantes que urge
ultrapassar. Neste quadro, é consensualmente referida a necessidade do investimento público ser reforçado, dotando a
Região de uma rede de infra-estruturas de transporte vertebradora e bem articulada, de modo a fomentar o aumento da
competitividade regional. No entanto, considerando as condições de baixa densidade que se observam em grande parte
do “Espaço Alqueva”, é necessário passar de uma política de infra-estruturas a uma política de transportes que melhore
as condições de mobilidade intra-regional, promovendo formas inovadoras de integração de transportes, visando alargar
a área de influência das bacias de emprego.
Por outro lado, o desenvolvimento dessa rede deve operar-se de forma a sustentar e potenciar o aproveitamento do leque
de projectos estruturantes que actualmente se encontram em desenvolvimento/consolidação - de que o EFMA é um
exemplo paradigmático -, e cuja força motriz é indispensável para o processo de desenvolvimento regional.
O EFMA, para além de imprimir novas dinâmicas no território, irá gerar novos e mais intensos fluxos intra e interregionais,
sobretudo de pessoas, que importam ser acautelados, numa dupla perspectiva:
Ê melhoria das infra-estruturas – deverão ser solucionadas/ultrapassadas algumas fraquezas/ameaças apontadas ao
“Espaço Alqueva”, nomeadamente: i) os atrasos na implementação e concretização do Plano Rodoviário Nacional
(PRN 2000), que dificultam as acessibilidades transversais no centro e sul da Região (IP2 e IP8 ainda não
concluídos, e prejudicam o processo de alavancagem do desenvolvimento regional); ii) a existência de uma malha
viária incompleta e desarticulada (“gaps” na ligação hierárquica lógica - principal, complementar, nacional e
municipal); iii) a existência de alguns pólos urbanos e industriais sem variantes e/ou sem ligações rápidas às redes
fundamental e complementar; iv) degradação da rede municipal e inter-municipal;
Ê melhoria dos sistemas/serviços de transporte – actualmente os sistemas de transportes colectivos existentes no
“Espaço Alqueva”, além de débeis, de baixa frequência - ou inexistentes - e direccionados para servir apenas os
centros urbanos principais, encontram-se demasiado dependentes do período escolar, sendo os horários e fluxos
condicionados a essa realidade, dificultando o acesso universal aos serviços e à mobilidade da mão-de-obra.
Não obstante, devem ser destacados dois projectos estruturantes cujas repercussões/impactes no “Espaço Alqueva” -
nomeadamente no que ao reforço da mobilidade diz respeito -, serão evidentes:
Ê a rede ferroviária de alta velocidade, eixo Lisboa/Madrid, através da instalação de duas estações - Évora e
Elvas/Badajoz -, permitindo consideráveis ganhos em distância-tempo face às duas capitais ibéricas e,
RELATÓRIO FINAL 69
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
paralelamente, potenciando um maior desenvolvimento económico da Região; este eixo tenderá a reforçar o
potencial de atracção do eixo Lisboa-Évora, ou seja toda a parte norte do “Espaço Alqueva”;
Ê a adaptação da base militar de Beja para Aeroporto Civil assumir-se-á como uma mais valia para as fileiras do
EFMA, nomeadamente enquanto factor potenciador do desenvolvimento turístico, tendo em conta que esse
aeroporto civil poderá constituir-se em centro de acolhimento de voos charter.
As debilidades e condicionalismos apontados assumem-se como um dos maiores problemas do “Espaço Alqueva”,
penalizando a desejada integração regional nos eixos internacionais e, simultaneamente, prejudicando/inviabilizando a
mobilidade intra-regional da mão-de-obra. O trabalho de campo desenvolvido pela Equipa permitiu constatar, in loco,
esta realidade.
O recurso às diversas ferramentas metodológicas adoptadas (entrevistas, reuniões, focus group, cenarização) permitiu
corroborar que esta é uma das principais preocupações dos actores/agentes regionais, designadamente dos
empresários, o que não será de estranhar num quadro em que, como referido, as previsíveis necessidades de recorrer
a avultados quantitativos de recursos humanos extravasam largamente as existências locais, sendo o recurso a mão-
de-obra dispersa por toda a Região praticamente “obrigatório” e incontornável.
Nos últimos anos, têm vindo a ser desenvolvidas algumas experiências interessantes no país, no que à mobilidade
supra-municipal diz respeito, nomeadamente ao nível:
Ê do transporte escolar - acordos/protocolos entre autarquias, de modo a viabilizar as deslocações inter-concelhias
dos alunos, nomeadamente no ensino secundário e profissional;
Ê dos recursos humanos - empresas que recorrem a frota rodoviária, própria ou alugada, para permitir/viabilizar a
deslocação dos seus trabalhadores de casa para o trabalho, dadas as dificuldades de recrutamento na
proximidade das empresas/investimentos ou aos custos incomportáveis que o transporte próprio assumiria para os
trabalhadores;
Ê das grandes superfícies comerciais – a necessidade de massificar a procura nessas unidades, “obriga” à criação
de factores de atracção/mobilização de visitantes/compradores, passando em alguns casos pela aquisição de uma
frota de autocarros, para recolher potenciais frequentadores em locais/cidades que distam várias dezenas de
quilómetros desse local.
RECOMENDAÇÃO #1C
Melhorar as Infra-estruturas de Transporte
A resolução dos problemas relacionados com as infra-estruturas de transporte, nomeadamente de questões
associadas às acessibilidades, intra e inter-regionais, extravasa naturalmente as competências e os domínios da
EDIA. Não obstante, poderá e deverá a EDIA assumir um papel de grande e permanente pro-actividade e
sensibilização junto da administração central e local, com o intuito de despoletar as iniciativas conducentes à
concretização de projectos fundamentais para a prossecução de muitos dos seus objectivos estratégicos e
operacionais. Desde logo, a implementação/concretização do Plano Rodoviário Nacional (PRN 2000), mas também a
promoção de ligações rápidas às redes fundamental e complementar e o fomento de melhorias na rede municipal e
inter-municipal, em todo o “Espaço Alqueva”, que deverão merecer uma atenção especial.
Neste quadro, deverão ser assumidamente exploradas as actuais hipóteses de investimento/financiamento a
concretizar ao abrigo dos Eixos II e III do PO Regional Alentejo e no Eixo VII do PO Temático Valorização do
Território do QREN, atendendo naturalmente ao disposto na regulamentação específica, designadamente o
Regulamento Específico Mobilidade Territorial.
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #1D
Melhorar os Sistemas/Serviços de Transporte
As necessidades de deslocação massiva de recursos humanos, dispersos por toda a Região, serão uma evidência
com a implementação dos diversos projectos em equação para o “Espaço Alqueva”. Nesse sentido, terão
obrigatoriamente de ser encontradas soluções para responder a essa realidade, desenhando um sistema/serviço de
transporte eficaz e eficiente. O próprio Programa Operacional Regional Alentejo refere que a “implementação de
sistemas de transportes colectivos constitui uma das prioridades da Região em matéria de mobilidade, constituindo
uma condição sine qua non para a coesão social e territorial e para a conciliação entre a vida familiar, profissional e
pessoal. Neste caso, importa consolidar o desenvolvimento de sistemas de âmbito regional ou sub-regional, que
deverão procurar maximizar a cobertura populacional (em número de habitantes) e territorial (em número de
concelhos)”. Ou seja, existe uma janela de oportunidade única que importa ser potenciada/aproveitada.
Não obstante a necessidade de se estudarem soluções com maior detalhe e aprofundamento, podem desde já
apontar-se algumas orientações de suporte à decisão.
A nova lógica económica/empresarial deste território e as necessidades de recursos humanos geram novas
exigências em termos de transportes, nomeadamente ao nível dos serviços de transporte colectivo, que não se
coadunam com a realidade actualmente existente.
Assim, o sistema de transportes a implementar - ambicioso e ousado -, deve procurar definir novos itinerários, de
acordo com a localização dos projectos estruturantes e a presença de recursos humanos disponíveis a mobilizar.
Este sistema de transportes colectivo abrangerá toda a Região, dando ênfase à parte central e sul (Évora e Beja).
Contudo, face à dimensão territorial em causa, duas opções fundamentais - a ser estudadas com maior profundidade
- podem ser tomadas:
Ê implementar um sistema de transportes colectivo no “Espaço Alqueva”, a criar de raiz, com frota própria, a
desenvolver/explorar pela EDIA, em parceria com as autarquias e com as empresas/unidades empregadoras;
Ê aproveitar, aumentando as frequências, o sistema de transportes existente entre os diversos núcleos urbanos e
as principais sedes concelhias, associando-lhe novos circuitos/itinerários que fariam, posteriormente, a
ligação/rebatimento entre essas cidades/centros e as unidades empregadoras. Neste sentido, seria
fundamental conjugar/articular os horários das carreiras públicas existentes, com percursos e horários próprios
a criar, com o intuito de satisfazer as necessidades do “Espaço Alqueva”. O estabelecimento de
protocolos/parcerias entre a EDIA, as unidades empregadoras e a Rede Nacional de Expressos, seria uma
etapa fundamental/critica do processo.
A melhor forma de operacionalizar estas duas recomendações assumirá a variante de concepção e
operacionalização de um Plano de Transportes para todo o “Espaço Alqueva”, em particular, mas que seja
alargado a toda a Região Alentejo, e que considere as principais áreas de concentração empresarial e habitacional
- num horizonte de médio prazo -, tendo em vista a facilitação de soluções de mobilidade casa-trabalho
compatíveis com a utilização de transporte público e os horários de funcionamento das diferentes fileiras. Neste
contexto, este Plano de Transportes deverá ser pensado no horizonte 2015, mas antevendo os investimentos
previstos para a Região nos anos seguintes.
Uma vez mais, caberá à EDIA desencadear as medidas que permitam a realização deste Plano de Transportes. O
Eixo III do PO Regional Alentejo prevê o financiamento a planos e estudos estratégicos de transportes, nos
trâmites identificados no Regulamento Específico Mobilidade Territorial. A operacionalização desse Plano de
Transportes encontra enquadramento nos Eixos II e III do mesmo PO.
RELATÓRIO FINAL 71
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Reforço da Dotação de Equipamentos Colectivos e Valorização das Dinâmicas Urbanas e Culturais dos Centros
de Pequena Dimensão
Face aos diagnósticos conhecidos (QREN, PO Regional Alentejo e PROT Alentejo), a melhoria da dotação de
equipamentos colectivos e a valorização das dinâmicas urbanas culturais dos pequenos centros constitui uma política
relevante de atracção de activos e residentes ao espaço de influência do EFMA. Isto não significa que o potencial de
atracção do principal centro urbano do “Espaço Alqueva”, que é a cidade de Évora, esteja longe de estar esgotado. No
entanto, é estritamente necessário que a rede de centros urbanos de pequena dimensão cumpra também o seu papel
de atracção, sendo para isso necessário valorizar a oferta de equipamentos colectivos desses centros, inserindo-a
numa política mais geral de atracção de activos e residentes, designadamente de população jovem.
Por isso, a resposta à rarefacção de equipamentos de nível hierárquico superior, isto é, daqueles que, por prestarem
funções centrais, desempenham uma considerável capacidade polarizadora de residentes nos concelhos onde se
encontram e no território envolvente, só parcialmente pode ser respondida pela capacidade de atracção de investimento
público e privado do seu principal centro urbano - Évora.
Nesse contexto, terá de ser através da valorização de equipamentos colectivos ajustados a uma rede de centros
urbanos de pequena dimensão que será possível minimizar esse constrangimento, promovendo complementarmente a
cooperação entre grupos de pequenos centros, definidos por questões de proximidade indutora de mobilidade. Trata-
se, assim, de reinventar uma oferta de serviços colectivos, compatibilizando-a com a dimensão dos centros existentes,
inscrevendo nesse contexto as dinâmicas culturais e de valorização da qualidade de vida como os grandes suportes
dessa nova atractividade.
Deste modo, propõe-se uma recomendação global de reforço e melhoria da rede de equipamentos colectivos,
alicerçada em cinco pilares estruturantes.
RECOMENDAÇÃO #1E
Reordenar a Rede de Equipamentos Colectivos Regional
Considera-se imprescindível proceder a um efectivo reordenamento da rede de equipamentos colectivos a curto prazo,
factor determinante para a prossecução do objectivo de atractividade regional de recursos humanos. Neste sentido, o
reordenamento da rede de equipamentos colectivos - não substituindo a estratégia elencada pelo PROT neste domínio
- deverá do nosso ponto de vista contemplar cinco medidas estratégicas, designadamente:
Ê a promoção da oferta de equipamentos colectivos de nível hierárquico superior, potenciando o valor locativo e
atractivo da cidade de Évora e também da cidade de Beja;
Ê o reforço da oferta quantitativa e qualitativa, especialmente ao nível das tipologias de equipamentos colectivos
que mais afectam o quotidiano dos seus residentes, valorizando a oferta da rede de centros urbanos de pequena
dimensão que organizam o “Espaço Alqueva”. Esta medida tem por finalidade colmatar os desajustes
identificados entre a oferta e a procura, pela supressão das listas de espera, sobretudo, nas tipologias de
equipamentos de saúde, apoio social e educação. Não obstante a relevância e necessidade de boa dotação em
equipamentos colectivos de todas as tipologias, estas três são consideradas fulcrais, porque condicionam
significativamente a qualidade de vida dos seus residentes. Saliente-se ainda que, no âmbito dos equipamentos
sociais, será determinante o reforço ao nível das respostas sociais orientadas para dois públicos-alvo: as
crianças e jovens e a população idosa, uma vez que se por um lado o “Espaço Alqueva” se confronta com um
acelerado processo de envelhecimento demográfico, por outro, a estratégia de atracção de novos residentes,
sobretudo, jovens e activos, irá promover um incremento dos segmentos mais jovens;
Ê a qualificação das condições globais de operacionalidade dos equipamentos colectivos. Esta medida estratégica
aglutina essencialmente quatro objectivos, que consistem na ampliação ou substituição de equipamentos que
não apresentem as condições operacionais necessárias para o exercício das funções atribuídas, na reabilitação
de equipamentos com problemas ao nível do seu estado de conservação, na qualificação das condições de
operacionalidade e na qualificação e valorização dos recursos humanos e das instituições. Trata-se de uma
72 RELATÓRIO FINAL
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Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
medida que se constitui cada vez mais pertinente, atendendo ao aumento da exigência dos utentes com os
níveis de qualidade;
Ê a reestruturação do padrão locativo dos novos equipamentos colectivos a criar. Esta medida enquadra-se na
estratégia de promoção de uma boa cobertura territorial. Como tal, importará que os novos investimentos sejam
implantados territorialmente em estreita articulação com as necessidades identificadas, de modo a que os
equipamentos colectivos se insiram no quotidiano das populações, não gerando situações de fragmentação dos
quadros de vida. Contudo, esta reestruturação deverá ser sustentada pelos princípios da proximidade,
assegurando que os equipamentos de nível hierárquico inferior se situem o mais próximo possível dos seus
potenciais utilizadores e da racionalidade, uma vez que a escassez de recursos financeiros e técnicos exige a
maximização dos investimentos realizados;
Ê o fomento de um papel activo dos investidores privados na promoção de novos equipamentos colectivos. Tal
reveste-se de uma grande importância no contexto do “Espaço Alqueva”, na medida em que contribui para apoiar
o esforço de alocação de recursos públicos. Deste modo, permitir-se-á que a administração pública, central,
regional e local, se concentre em domínios prioritários, nomeadamente, no reforço do seu papel de orientação
política, identificação de prioridades e definição de parâmetros de qualidade.
A prossecução desta recomendação poderá beneficiar do ciclo de programação financeira 2007-2013, no âmbito do
QREN, nomeadamente do PO Temático Valorização do Território, uma vez que este visa, entre outros aspectos, dotar
as regiões e sub-regiões de equipamentos essenciais à sua qualificação, reforço da coesão económica e social e
subsequente melhoria das condições de atractividade populacional e de investimento, mas também no PO Regional
Alentejo, designadamente nos Eixos III e IV (veja-se, em particular os Regulamentos Específicos Requalificação da
Rede Escolar de 1.º Ciclo do Ensino Básico e da Educação Pré-Escolar; Saúde; Património Cultural; Mobilidade
Territorial; Rede de Equipamentos Culturais; Equipamentos para a Coesão Local; e Ciclo Urbano da Água "Vertente
em baixa - modelo não verticalizado").
Também o PRODER prevê mecanismos de apoio nestes domínios dirigidos especificamente para os espaços rurais,
designadamente no Subprograma 3, Medida 3.2.
16 Essa área de intervenção não tem sido encarada como estanque – a realização deste Estudo é disso exemplo, com a integração dos concelhos
de Barrancos e de Redondo –, reconhecendo-se que os efeitos resultantes do empreendimento extravasam esta área de influência imediata.
17 Tendo como sócios a EDIA e as câmaras municipais de Alandroal, Mourão, Portel, Reguengos de Monsaraz, Serpa e Vidigueira.
RELATÓRIO FINAL 73
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #1F
Promover a Qualidade de Vida e a Oferta de Emprego como Factores de Atracção Populacional
Com a concretização dos investimentos empresariais previstos para o “Espaço Alqueva” e das políticas de
qualificação do sistema urbano regional, num horizonte próximo o Alentejo deverá tornar-se numa região que
oferece boas oportunidades de trabalho e um nível elevado de qualidade de vida. De facto, a oferta de emprego
associada à oportunidade de usufruir de uma vivência urbana mais calma, mantendo o acesso a serviços sociais de
nível elevado, constituem potenciais factores de fixação e atracção populacional, que as políticas a implementar
deverão valorizar devidamente.
Para tal, será necessário promover activamente estes factores - oferta de emprego e de qualidade de vida - junto
dos potenciais novos residentes, através da divulgação das oportunidades e dos apoios que a Região lhes pode
oferecer. Trata-se sobretudo de implementar acções de marketing territorial inovadoras, dirigidas para os recursos
humanos, que associem a imagem de qualidade associada à vivência no Alentejo (por exemplo, replicando o
conceito lançado pelo movimento “Slow Cities”) ao desenvolvimento económico e ao aumento da oferta de
oportunidades de trabalho.
Estas acções deverão estender-se a um público tão vasto quanto possível, utilizando os media mais adequados aos
objectivos propostos. Neste sentido, e face às conclusões chegadas nos cenários para os recursos humanos no
“Espaço Alqueva”, dever-se-á equacionar a sua promoção para a atracção de população imigrante - no médio prazo
- preferencialmente de jovens qualificados, que poderão complementar as carências regionais neste domínio.
Entre outras iniciativas a ser pensadas, assume relevância a criação de um sítio na Internet para o “Espaço
Alqueva”/”Grande Lago” (em língua portuguesa e em língua inglesa e, posteriormente, noutras consideradas
relevantes para a captação de recursos humanos em determinados mercados) que sistematize, de forma
actualizada, as necessidades regionais neste domínio, identificando os perfis de competências necessários. Visa
facilitar os mecanismos de recrutamento de mão-de-obra por parte das empresas, podendo replicar/adaptar modelos
já utilizados por outras regiões europeias com o mesmo objectivo – Fresh Talent and the Relocation Advisory
Service, desenvolvido pela HIE - Highlands and Islands Enterprise, na Escócia (www.scotlandistheplace.com) – ou,
noutra escala, iniciativas nacionais inovadoras para a constituição de bolsas de emprego (p.e., Fórum Barreiro). A
concretização e gestão desta medida poderá ser responsabilidade da Gestalqueva, mas desenvolvida em parceria
com o OEFP, aproveitando a experiência acumulada na realização de análises da situação do mercado de emprego
(www.oefp.pt).
É igualmente relevante a concretização das iniciativas propostas no Plano Estratégico de Negócio e Plano de
Marketing (Centro de Investigação sobre Economia Financeira/EDIA, 2004), designadamente no que se refere à
promoção da Região e do empreendimento.
Tratam-se de acções de promoção mais activas dirigidas para a atractividade de recursos humanos, cabendo à
Gestalqueva o papel dinamizador, que poderá verificar da possibilidade da realização de algumas dessas iniciativas
no âmbito dos apoios previstos no PO Regional Alentejo (Eixo V - Governação e Capacitação Institucional, área de
intervenção “Promoção Institucional da Região”, designadamente no que se refere à promoção da Região como local
de uma elevada qualidade ambiental e urbana – relevante para a captação de pessoas com carácter temporário
(visitantes, turistas) ou permanente (empresários, quadros, trabalhadores, ...).
74 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #2A
Contratualizar com as Entidades Empregadoras Processos de Selecção de Públicos Específicos
No âmbito dos novos projectos, deverá ser acordado com os investidores a colocação de uma percentagem de
jovens saídos do sistema de formação inicial e de adultos - mulheres e indivíduos de meia idade - saídos do sistema
de formação para adultos, garantindo simultaneamente resposta a necessidades específicas das entidades
empregadoras mediante processos de selecção adequados. Em paralelo, deverá ser estabelecida uma
compensação financeira às empresas, que tem cabimentos no POPH na medida referente aos apoios ao emprego –
apoios à contratação. Este mecanismo deverá ainda ser articulado com o estímulo a uma maior colaboração das
entidades empregadoras na identificação das competências específicas necessárias, eventualmente susceptíveis de
ser respondidas no quadro de projectos de formação específicos.
RECOMENDAÇÃO #2B
Orientar as Políticas Públicas de Apoio à Criação do Próprio Emprego para os Serviços Complementares das
Fileiras
O pleno desenvolvimento dos impactes do EFMA tenderá nas suas diferentes fileiras a suscitar a emergência de
serviços complementares, abrindo oportunidades de criação de empresas numa fileira diversificada de serviços.
Existe, assim, um contexto favorável para que a aplicação regional do PO Temático Potencial Humano em matéria
de apoios à criação de ILE e de CPE possa ser orientada para a promoção da criação de empresas nos serviços
complementares relacionados com as fileiras estudadas neste trabalho. Por esta via, será possível estimular a oferta
de serviços pessoais e complementares e fomentar a difusão do auto-emprego em articulação com a concretização
dos principais impactos identificados no presente trabalho.
Estes apoios poderão passar pela criação de um guia de apoio ao investidor orientado para respostas às
oportunidades de negócio associadas às fileiras.
…com diferenciação para o empreendedorismo feminino…
Esta medida deveria integrar uma diferenciação positiva se o candidato for um jovem ou uma mulher. As mulheres
poderão receber igualmente apoios financeiros através da Medida 7.6 do PO Temático Potencial Humano referente
ao apoio ao Empreendedorismo, Associativismo e Criação de Redes Empresariais de Actividades Económicas
Geridas por Mulheres.
A pertinência que assume a criação de incentivos à colocação das mulheres no mercado de trabalho local em virtude
das elevadas taxas de desemprego, sobretudo em faixas etárias mais elevadas convoca a necessidade de tomar
medidas suplementares de apoio à integração e estimulo ao empreendedorismo deste público. Nesse sentido,
recomenda-se adicionalmente a criação de incentivos fiscais para PME criadas por mulheres no “Espaço Alqueva”.
RELATÓRIO FINAL 75
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #2C
Criação de uma Unidade Específica de Monitorização, Informação, Acolhimento e Recrutamento de
População Imigrada
Nas condições observadas de desajustamento entre necessidades futuras de qualificações e competências e stock
actual de recursos humanos no “Espaço Alqueva”, a atracção de população exógena à Região constituirá sempre
uma prioridade estratégica da gestão de recursos humanos associada a este projecto. Conhecidas que são as fracas
condições de mobilidade da população portuguesa no contexto do seu território, a atracção de activos residentes em
outras regiões do País, designadamente da aglomeração metropolitana de Lisboa, e a atracção de população
imigrada, designadamente aproveitando os fluxos de população proveniente do Centro e do Leste Europeu,
constituirá sempre um recurso a explorar.
Porém, no sentido de evitar alguns dos aspectos menos claros associados a este tipo de migrações, é necessário
que o EFMA disponha de instrumentos de intervenção focados neste tipo de populações, sendo necessário que as
entidades públicas potencialmente participantes neste processo (Centros de Emprego e Centros de Formação)
possam criar projectos específicos de monitorização, informação, acolhimento e recrutamento deste tipo de activos
imigrados.
Esta intervenção passa, entre outros aspectos, pela melhoria da informação estatística relativa aos fluxos migratórios
de modo a compreender por fileira a sua origem, a forma de recrutamento e as suas condições de trabalho,
contribuindo para a “formalização” e reconhecimento da sua participação. Mas a intervenção passa por uma maior
ambição de focagem de outros públicos, designadamente dos estudantes universitários em território nacional
oriundos de países terceiros, difundindo oportunidades de trabalho no “Espaço Alqueva”.
Esta medida deve ser completada por acções específicas de atracção de população com estas características,
designadamente a promover por autarquias locais, a analisar em secção própria neste capítulo de recomendações,
bem como programas integrados que permitam combater os efeitos de incerteza associados à sazonalidade.
RECOMENDAÇÃO #2D
Apoio Preferencial a Entidades Formadoras com Práticas Continuadas e Reconhecidas de Formação em
Parceria
Os resultados disponíveis de avaliação de processos de formação permitem concluir que as entidades formadoras
que funcionem em parceria com outras entidades no sentido de viabilizar a inserção dos ex-formandos no mercado
tendem a apresentar melhores resultados em termos de colocação e empregabilidade de formandos.
Estes resultados apontam para que a contratualização de processos de formação no âmbito do “Espaço Alqueva”
privilegie entidades capazes de evidenciar experiência de formação em parceria orientada por objectivos claros em
matéria de qualificações e competências a formar.
Esta recomendação, aqui formulada do ponto de vista da promoção da empregabilidade, articula-se naturalmente
com outras recomendações do foro da qualidade da formação, que serão presentes em secções próprias neste
documento.
RECOMENDAÇÃO #2E
Focagem de Cursos de Educação-Formação e do Ensino Profissional em Função dos Impactes do EFMA
A promoção de melhores condições de empregabilidade é apresentada neste trabalho como uma das formas
possíveis de melhorar as condições de “matching” entre a procura de qualificações e competências e o stock actual e
76 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
A sazonalidade associada à actividade turística e à actividade agrícola que liberta um número significativo de activos
para o desemprego em épocas em que a procura é mais baixa (no caso do turismo), ou em que a necessidade de
intervenção do factor trabalho é reduzida (no caso da agricultura), desperta a necessidade de acautelar um modelo de
soluções para diminuir os efeitos da sazonalidade. Tenha-se em consideração que independentemente da Politica
Económica, em especial local, poder orientar as estratégias de desenvolvimento de cada um destes sectores nos
sentido de minorar este problema (p.e., estimulando a complementaridade de actividades entre épocas, apoiando a
definição de estratégias de incremento da procura em épocas baixas), a Politica de Emprego pode assumir
paralelamente um papel importante nesta matéria.
RECOMENDAÇÃO #2F
Criar Alternativas ao Desemprego Provocado pela Sazonalidade das Actividades nas Fileiras do EFMA
O combate aos períodos de menor intensidade de trabalho em alguns domínios de actividade poderá ser estruturado
a partir da criação de dinâmicas de intercâmbio entre empresários. Este intercâmbio de trabalhadores poderá ser
mais profícuo se se der entre empresários de outros países onde as características da actividade tenha uma
qualidade e mérito internacionalmente reconhecida.
Em alternativa, os períodos de alguma descontinuidade da actividade produtiva poderão ser aproveitados para
localmente se realizarem processos de formação de competências. Esta actuação poderia decorrer de uma
contratualização entre empresários e o IEFP, sendo que a formação poderia ser destinada a formar competências
específicas identificadas como necessárias para um determinado grupo de empresários que se responsabilizariam
por reintegrar uma parte representativa destes mesmos indivíduos.
RECOMENDAÇÃO #2G
Concepção de uma Estratégia Destinada à Valorização do Trabalho e ao Marketing das Profissões
De modo a tornar mais transparente e a promover as ofertas de emprego decorrentes da implementação
do EFMA, sugere-se que o IEFP e o OEFP desenhem uma estratégia destinada a promover as profissões
relevantes nesta matéria. Esta estratégia deverá assegurar a transparência, garantindo que as funções
associadas às profissões de cada fileira - factor de maior importância sobretudo em profissões emergentes
ou em transformação - estão claras, bem como o perfil de qualificações formais e as competências
necessárias e outras informações de referência que se relevem úteis, entre as quais, o salário médio e os
principais empregadores. Directamente associado a este aspecto, a divulgação das ofertas de emprego,
bem como da formação inicial e contínua que possa contribuir para a formação de competências nesses
domínios, emerge como um elemento de grande relevância.
Na vertente mais relacionada com a promoção das profissões, a apresentação de histórias de sucesso tem
sido uma ferramenta usada noutros contextos territoriais que tem contribuído para enobrecer algumas
profissões.
RELATÓRIO FINAL 77
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Esta estratégia deveria incluir, paralelamente, medidas transversais de sensibilização da população activa
para a importância do trabalho como elemento de inclusão social e inserção económica, de modo a
incrementar a valorização do mesmo e a estimular a redução da “subsídio-dependência”.
RECOMENDAÇÃO #3A
Concepção e Disseminação de Processos Consultoria-formação Dirigidos às PME da Região
Estes programas procuram articular a componente de formação dos indivíduos que trabalham numa dada
organização com uma intervenção estruturada sobre a organização/actividade profissional do formando. Esta
modalidade de formação cria condições para garantir a intencionalidade da formação e para orientar a aprendizagem
dos formandos para a análise e actuação sobre a sua realidade concreta de trabalho e, por esta via, incentivar o
envolvimento dos mesmos a estas iniciativas de formação. O financiamento deste modelo de formação está
contemplado no POPH na medida referente à formação-acção. Este modelo de formação tem fortes necessidades ao
nível da capacitação do consultor/formador que deve assegurar as valências necessárias à implementação do
modelo, nomeadamente no que respeita à capacidade de actuar de forma simultânea nas aprendizagens dos
indivíduos e na promoção do desenvolvimento das organizações.
Assim, no âmbito das fileiras consideradas estratégicas para a maximização dos impactos positivos do EFMA, deve
ser promovida a capacitação da Região de uma bolsa de consultores com as adequadas competências à prestação
deste serviço às empresas, pelo que deveria ter resposta mediante a constituição de um programa de formação de
consultores especializados nos domínios da eficiência energética e desenvolvimento de energias renováveis,
marketing e comercialização agrícolas, segurança e qualidade alimentar, animação e gestão turística, racionalização
e organização de empresas de construção civil, entre outros.
Este programa poderia ser dinamizado pela EDIA entidade recentemente acreditada para promover formação
profissional, mas com a rede de parcerias e conhecimento territorial amplo, podendo funcionar como entidade pivot
desta dinâmica.
Devem ser privilegiadas as PME cuja actividade seja complementar e induzida pelos grandes projectos estruturantes
de cada uma das fileiras identificadas neste trabalho.
78 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #3B
Generalização e Disseminação de Processos de Formação Profissional “in company” e em Contexto de
Trabalho
De acordo com as estimativas conhecidas de dinamização económica geradas pelo EFMA, tenderão a surgir
necessidades de formação profissional que serão melhor respondidas se acontecerem em contexto de empresa e de
trabalho, dada a dimensão dos operadores envolvidos (resorts turísticos e exploração de olival, por exemplo) e dado
facto de se tratar de operadores que conhecem com grande clareza as necessidades de formação profissional a
satisfazer.
A resposta a este tipo de necessidades de formação “in company” exige capacitação local, sobretudo num contexto
em que a formação tende a ser produzida segundo uma lógica de primado da oferta. Por isso, é necessário
identificar a priori um conjunto de entidades formadoras, públicas e privadas, que sejam capazes de contratualizar
com as entidades competentes.
A existência deste capital de formação “in company” constitui um factor de importante atractividade de
empreendimentos exógenos à Região.
Em termos complementares e tendo em conta o modelo de povoamento da Região, poderão ser úteis ferramentas
como a e-learning ou a bi-learning dependendo das características do público-alvo e da tipologia de competências
a desenvolver.
De modo a capacitar o tecido empresarial e gerar um clima de inovação sectorial, a fileira da Inovação e I&D pode ser
considerada estratégica para o adequado desenvolvimento de todas as fileiras, desde que esteja inserido numa
necessidade de desenvolvimento sectorial, defina mecanismos que garantam a produção de valor acrescentado para o
território e, bem como, de transferência do conhecimento produzido pela investigação para o tecido empresarial.
RECOMENDAÇÃO #3C
Criação de Condições para a Disseminação de Processos de Inovação como Processo Transversal a todas
as Actividades da Fileira
Neste trabalho, a inovação não é considerada propriamente uma fileira de actividades mas uma prática transversal a
todas as actividades estruturadoras da base produtiva do “Espaço Alqueva”. No entanto, tal como foi demonstrado a
existência na Região de serviços intensivos em conhecimento e em serviços tecnológicos é muito débil. Trata-se, por
isso, de uma preocupação que deve influenciar atracção de recursos humanos à Região e também a formação de
recursos humanos, marcando não só os próprios processos e metodologias de formação, mas também a própria
formação avançada.
Neste contexto, a inserção de jovens graduados com formação avançada nas empresas pode ser estimulada,
sobretudo no sector agrícola e no sector das energias renováveis, que nos parecem ser as actividades com maior
potencial de absorção deste tipo de recursos.
As necessidade de formação inicial formação inicial profissionalizante são fortes, sobretudo na fileira do turismo,
onde a expectativa de crescimento do volume de oportunidades de emprego para profissionais com qualificações
intermédias é maior, pelo que se torna evidente a necessidade de reforçar o stock de recursos humanos com o nível de
qualificação intermédio sobretudo na fileira do turismo. No entanto, relembre-se que mesmo no ensino profissionalizante
as taxas de desistência são elevadas revelando ineficiências do sistema que importa corrigir. Os interlocutores
entrevistados referiram como um dos factores explicativos, as lacunas no sistema de orientação vocacional.
RELATÓRIO FINAL 79
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #3D
Estruturar o Sistema de Formação Vocacional em Torno das Fileiras Estruturantes do “Espaço Alqueva”
É sobretudo o domínio do sistema de formação vocacional que deve garantir o encaminhamento dos jovens para
áreas formativas/cursos com potencial de empregabilidade na Região mas que respeitem as ambições e apetência
profissional dos mesmos. Muitas das vezes o desconhecimento das saídas profissionais “reais” e das condições de
trabalho no momento de escolha do curso tem provocado desistências durante a frequência do mesmo quando se dá
a percepção dessa realidade. O desenho de uma estratégia para a montagem de um sistema de orientação
vocacional deverá definir metas relativamente à taxa de cobertura elevada de todos os jovens da Região, e
estabilizar metodologias cruzadas de actuação que por um lado tragam a intervenção de profissionais especialistas
mediante a aplicação de exercícios psicométricos, mas por outro lado, permitam aos alunos do sistema terem um
percepção real das oportunidades de emprego na Região. No que se refere a este ultimo aspecto, considera-se que
o “Programa Alqueva Vai à Escola” poderá ser orientado para dar um contributo a este nível, nomeadamente nas
actividades relacionadas com as visitas de estudo.
Um campo fundamental de intervenção consiste em melhorar as condições de planeamento da oferta de formação
inicial, inscrevendo-o no desenvolvimento estratégico expectado das principais fileiras do “Espaço Alqueva”, tendo
em consideração as projecções de criação de postos de trabalho e a sua correspondência a necessidades de jovens
qualificados associados aos projectos no terreno. A distribuição da oferta segundo as vocações e competências
colectivas das instituições formativas, nomeadamente das escolas profissionais e das escolas públicas que integram
as ofertas de dupla certificação para jovens, deverá estar articulada. O SIGO foi o primeiro passo para garantir as
condições mínimas de legibilidade da oferta formativa disponibilizada no território que é sobretudo útil aos indivíduos
que procuram oportunidades de formação para integrar nos seus percursos formativos, bem como às entidades
formadoras, de forma a ajustarem o seu mercado de actuação face à sua capacidade instalada, às necessidades de
formação e à concorrência entre as várias entidades formadoras. No entanto, compete agora às entidades públicas
reestruturar a oferta formativa em função da leitura da adequação da cobertura regional e afectação funcional dessa
oferta.
Uma das intervenções para melhoria do planeamento da oferta de formação inicial consistirá numa monitorização
mais aturada da empregabilidade dos cursos de formação inicial.
Recomenda-se, assim, que a Delegação Regional do Alentejo do IEFP, em concertação com o OEFP, promova a
implicação das entidades responsáveis pela formação inicial dos jovens na Região na monitorização das taxas de
colocação no que se refere aos seus cursos. Assim considera-se de extrema utilidade que se monitorizem as taxas
de empregabilidade dos jovens 3, 6 e 12 meses após o término do curso. Como informação base a ser recolhida
junto dos que obtiveram colocação, e sem prejuízo de vir a ser recolhida outra que se considere relevante, deveria
constar, o género, a idade, o curso, a CAE da empresa onde estão colocados – para que se proceda à ligação às
fileiras –, a localização geográfica do estabelecimento onde exerce a sua actividade profissional e o tipo de vinculo
contratual. Deste modo seria possível aferir, por um lado, qual a taxa de colocação dos formandos na Região e, por
outro lado, a capacidade de absorção das fileiras dos formandos provenientes dos cursos de formação inicial
promovidos na Região.
As necessidades de reconverter e especializar os activos da Região para darem resposta às necessidades presentes e
prospectivas de formação de competências de cada fileira são de diversa ordem e grau de intensidade.
RECOMENDAÇÃO #3E
Reforço da Incidência dos Processos de Formação de Activos na Região
A formação de activos (sem certificação escolar associada) poderá encontrar a sua resposta, no âmbito do POPH,
nas formações modulares certificadas que poderão ser frequentadas pela iniciativa individual dos indivíduos, na
80 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
formação para a inovação e gestão mediante intervenções de reciclagem, actualização e aperfeiçoamento que
decorrem da iniciativa empresarial. No caso da fileira agricultura, a formação de activos poderá ainda ter
financiamento através do PRODER. Note-se que qualquer uma das intervenções ao nível do desenvolvimento das
aprendizagens dos indivíduos poderá ser conjugada com os processos de reconhecimento, validação e certificação
de competências profissionais (e escolares), permitindo aos indivíduos desenvolver percursos formativos mais curtos
e mais assertivos face às suas ambições e expectativas profissionais bem como das suas entidades empregadoras.
Nas fileiras em que uma grande parte dos trabalhadores apresenta um perfil marcado pelas baixas qualificações
escolares e profissionais (ou mesmo pelo analfabetismo) - falamos em especial dos activos da fileira da
agricultura/agro-indústria e de uma parte significativa da fileira turística - a formação modular certificada conjugada
com os processos de RVCC ou mesmo os cursos EFA são instrumentos de resposta poderosos. Note-se que as
baixas qualificações escolares condicionam a eficácia das acções de formação profissional mais específicas, sejam
elas de reconversão profissional ou de especialização profissional.
Em fileiras em que o desfasamento entre as competências necessárias e as possuídas é baixo ou em sectores em
que as alterações e introdução de nova regulamentação é frequente e obriga o activo a uma actualização constante
de competências ficando o exercício da sua actividade profissional condicionado à posse dessa certificação
profissional (sector agrícola tem sido um franco exemplo deste aspecto), as acções de curta duração e
cirurgicamente definidas são as mais relevantes.
Assim sendo, por um lado, estas poderão encontrar a sua oportunidade de financiamento na formação para a
inovação e gestão, exigindo das entidades empregadoras uma postura mais dinâmica, pró-activa e dotada de
orientação estratégica ou no caso de estruturas empresariais mais débeis serem desenvolvidas no quadro da
formação-acção.
Por outro lado, os próprios indivíduos poderão encontrar a resposta às suas necessidades na formações modulares
certificadas ficando o ónus da postura dinâmica e pró-activa do lado dos indivíduos, tendo como papel fundamental à
orientação para a formação as entidades formadoras certificadas, em particular os centros de formação profissional
da rede publica do IEFP e os centros novas oportunidades.
RECOMENDAÇÃO #3F
Priorização de Construção de Trajectos/itinerários de Formação para Activos Empregados
Tendo em conta as necessidades de formação identificadas para cada fileira e os módulos de formação certificáveis
através da sua inclusão no Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), devem ser priorizados os trajectos/itinerários
de formação de activos que possam corresponder a esta certificação.
Simultaneamente, todas as necessidades de formação identificadas e não consideradas nos módulos do Catálogo
Nacional de Qualificações devem ser sinalizadas à Agência Nacional de Qualificações para determinação de
prioridades conjuntas e eventual integração por esta última no CNQ.
O EMFA partilha um espaço de influência em que a observação de elevadas taxas de desemprego de longa duração
implica que uma fracção significativa de população mantenha um afastamento do mercado de trabalho por um período
de tempo com efeitos negativos na perda de hábitos regulares de trabalho e descapitalização dos conhecimentos,
saberes e competências. Assim, para além da necessidade de capacitação deste público com níveis de escolarização
e, consequentemente, de literacia mais elevados que permitam mais eficazmente desenvolver as competências
profissionais, é necessário garantir que o domínio de profissionalização destes percursos formativos dê resposta ao
desenvolvimento de competências identificadas como pertinentes para cada uma das fileiras. Recomenda-se nesse
sentido:
RELATÓRIO FINAL 81
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #3G
Organizar a Formação de Dupla Certificação para Adultos Desempregados com Baixos Níveis de
Escolaridade (cursos EFA) segundo uma Lógica de Participação no Processo de Desenvolvimento das
Fileiras de Actividades Estruturantes do “Espaço Alqueva”
Os cursos EFA constituem actualmente o instrumento de intervenção mais poderoso em matéria de formação para
adultos desempregados. Trata-se neste caso de associar uma experiência bem sucedida em geral a uma lógica de
valorização de fileiras, encontrando complementaridades entre estes tipos de formação e outras prioridades de
formação dirigidas a outros públicos, fazendo-os convergir numa lógica de plano consistente de resposta a um
conjunto estruturado de necessidades de formação (lógica de fileira).
Também aqui é necessário assegurar a solidariedade de entidades empregadoras, envolvendo-as na criação de
condições de retorno ao mercado de trabalho de população dele afastado há algum tempo e conseguindo com isso
uma melhoria do stock actual de recursos humanos disponíveis.
RECOMENDAÇÃO #3H
Articular os Instrumentos de Formação e Reconhecimento de Competências de Activos para a Reconversão
Profissional
Sendo um dos pontos importantes para a promoção das competências dos recursos humanos na Região, a
reconversão profissional dos activos deverá decorrer da mobilização das ferramentas em matéria de politica de
formação profissional disponíveis.
De facto, a formação modular certificada, os cursos EFA e o RVCC deverão estar estruturadas de forma a dar
resposta à reconversão profissional dos activos com baixas qualificações, valorizando e reconhecendo as
competências desenvolvidas no seu percurso profissional anterior como ponto de partida de um novo percurso
formativo de reconversão para outra profissão.
Os activos com qualificações superiores deverão paralelamente ser contemplados na estruturação de uma formação
de reconversão.
Assim sendo, o IEFP e a Universidade/IP serão as entidades que em parceria podem desenvolver um Programa de
Reconversão Profissional dos activos da Região, de modo a que estes possam integrar as fileiras do EFMA.
Num contexto onde falamos do desenvolvimento de novas competências, coloca-se indubitavelmente a questão da
formação dos profissionais que efectivam a formação (formadores) e educação (docentes) num dado território, como
condição necessária (mas não suficiente) à garantia da qualidade da formação. A estes intermediários deverão ser
dadas oportunidades de aperfeiçoamento e a actualização técnica sectorial e de melhoria das suas competências
pedagógicas.
A formação de formadores emerge naturalmente neste contexto como um instrumento de viabilização importante de
toda uma política de formação organizada em função das fileiras. Esta intervenção é essencial como elemento de
viabilização de toda uma estratégia de redireccionamento da oferta de formação em função da lógica de procura –
fileira. Aliás, esta formação de formadores deve ser entendida como mais um eixo de atracção de recursos humanos
para o “Espaço Alqueva”, já que foram identificadas no terreno dificuldades de recrutamento de formadores em áreas
técnicas muito especificas, em especial nas fileiras agricultura/agro-indústria, o que tem justificado o recrutamento de
formadores especialistas estrangeiros, mas cujos honorários ultrapassem os limites elegíveis no quadro do
financiamento do FSE originando a oferta de cursos de formação não financiados. Daí que se recomende:
82 RELATÓRIO FINAL
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #3I
Reforço de Competências Técnicas de Formadores/Professores nas Áreas das Fileiras Estruturantes e
Atracção de Recursos Humanos Exteriores à Região Nesses Mesmos Domínios
Recomenda-se a aposta no desenvolvimento de competências técnicas dos formadores/professores nas fileiras em
análise como ponto de partida de uma estratégia de formação coerente e sólida. A formação de docentes dos
diversos níveis de ensino está contemplada no POPH na medida referente à qualificação dos profissionais do sector
da educação, mas visando apenas desenvolver as competências pedagógicas. As oportunidades para a formação
técnica de formadores a ter cabimento do POPH encontra-se na formação modular certificada.
A formação de profissionais especializados em domínios críticos deverá ser associada à constituição de uma bolsa
destes recursos humanos que possa ser partilhada por um conjunto de entidades formadoras que se tornam
parceiras e que garantem alguma estabilidade de emprego destes formadores e a sua fixação na Região. Desta
parceria podia ainda fazer parte uma rede de empresas de referência onde: por um lado, o formador pudesse exercer
um numero de horas semanal de trabalho aplicando em contexto real os seus conhecimentos técnicos, garantindo a
sua proximidade ao tecido empregador por oposição às sua exclusiva profissionalização como formador trazendo
como benefício para a empresa a colaboração de um técnico altamente especializado e, por outro lado, que em
determinados momentos e áreas de formação pudessem funcionar como laboratórios de experimentação para os
formandos.
Recomendação #3J
Promover o Ensino do Português junto das Populações Imigradas e Disseminar Competências em Línguas
Estrangeiras
A formação em língua portuguesa para estrangeiros é desde logo uma das medidas contempladas no POPH que
interessa mobilizar para garantir o desenvolvimento de competências linguistas básicas e das suas condições de
inserção social. Alguns estudos internacionais apontam que existe uma clara vantagem em conjugar o ensino da
língua com orientação social, criando programas que vão de encontro às reais necessidades dos imigrantes.
No entanto, e nomeadamente na fileira do turismo, as competências em línguas estrangeiras podem vir a perfilar-
se como cruciais pelo facto dos investimentos programados neste sector terem como público-alvo o mercado
internacional. Este propósito deve aplicar-se aos imigrantes e nacionais.
RECOMENDAÇÃO #3K
Mobilização do Potencial de Formação de Institutos Politécnicos e da Universidade de Évora para Reforçar e
Diversificar a Oferta de CET em Domínios de Especialização Relevantes para o Desenvolvimento de
Competências Identificadas como Necessárias em cada uma das Fileiras para os Recursos com Qualificação
Escolar Média e Superior
Na fileira da agricultura/agro-indústria, os CET oferecidos estão relacionados com o desenvolvimento de
competências nos domínios das culturas de regadio e nas culturas de maior afirmação regional (vinha e olival), na
mecanização e tecnologia agrária e na promoção da qualidade alimentar, áreas apontadas como importantes para o
desenvolvimento desta fileira. A oferta com ligação à fileira turismo é mais reduzida e abrange um numero de
temas/áreas muito menor quando comparado com as necessidade.
RELATÓRIO FINAL 83
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
RECOMENDAÇÃO #4A
Criar Dispositivos de Monitorização da Evolução das Condições de Procura de Trabalho, de Qualificações e
de Competências
O dispositivo mais adequado para cumprir este objectivo deverá ser o da constituição de um Observatório de
necessidades de procura de trabalho, qualificações e competências em função dos tempos de geração dos projectos
estruturantes do Projecto. Este sistema de informação deve ser encarado pelos diferentes promotores de projectos
como um centro receptor de necessidades de recrutamento, estando o mesmo em permanente articulação e
coordenação com as diferentes fontes de oferta. Sugere-se que o sistema seja estruturado em função das fileiras
analisadas no presente Estudo, podendo em última instância revestir a forma de modelo de estimação de
necessidades de trabalho e qualificações com dimensões sectoriais bem definidas.
A EDIA, num trabalho conjunto com a CCDR e o IEFP, pode ser a instituição de acolhimento desse dispositivo,
constituindo-se enquanto entidade coordenadora das necessidades de recursos humanos e qualificações, em
estreita articulação com todo o aparato de oferta de educação e formação, pública e privada, existente na Região ou
com potencial de colocação dos recursos humanos necessários.
O dispositivo deve incorporar mecanismos que viabilizem o trabalho articulado com os promotores de projectos, no
sentido de explicitar os tempos de maturação dos mesmos, ajustando em consonância os tempos de formação e de
disponibilização dos recursos humanos necessários. Considera-se que a CCDR encontra-se em condições
sistematizar informação relativa aos novos projectos de investimento criadores de emprego na Região, sejam
iniciativas empresariais de natureza pública ou privada, incluindo as que surjam como resultado de incentivos
financeiros disponibilizados no âmbito do QREN. A EDIA teria melhores condições de se especializar na recolha de
indicadores a integrar o dispositivo próximo do tecido empresarial já instalado no terreno.
84 RELATÓRIO FINAL
RELATÓRIO FINAL (ANEXOS) 1
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Índice
PONTUAÇÕES ATRIBUÍDAS PELOS PARTICIPANTES NOS WORKSHOPS, POR DOMÍNIO (FILEIRA TURISMO) ............................ 116
PONTUAÇÕES ATRIBUÍDAS PELOS PARTICIPANTES NOS WORKSHOPS, POR DOMÍNIO (FILEIRAS AGRICULTURA E AGRO-
INDÚSTRIA) ....................................................................................................................................................................... 117
PONTUAÇÕES ATRIBUÍDAS PELOS PARTICIPANTES NOS WORKSHOPS, POR DOMÍNIO (FILEIRA ENERGIA) ............................ 118
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Indicadores Demográficos, 1991-2001 ...............................................................................................................................10
Quadro 2 - Evolução da População Residente por Concelho, no Espaço Alqueva, 1981, 1991 e 2001 e Evolução Populacional,
1981-1991, 1991-2001 e 1981-2001 .....................................................................................................................................11
Quadro 3 - Indicadores de Crescimento Natural, por Concelho, no Espaço Alqueva, 1991 a 2005 .....................................................11
Quadro 4 - Migrações, no Espaço Alqueva, por Concelho, 1991-2001 e 2004 e 2006 ........................................................................12
Quadro 5 - População Estrangeira, na Região Alentejo, por Distrito, 2006 ..........................................................................................13
Quadro 6 - População Residente Segundo os Grupos Etários e Índice de Envelhecimento, na Região Alentejo e no Espaço
Alqueva, 1991-2001 ...............................................................................................................................................................15
Quadro 7 - População Residente, Segundo os Grupos Etários, no Espaço Alqueva, 2001 .................................................................15
Quadro 8 - Índice de Envelhecimento, no Espaço Alqueva, por Concelho, 1991-2001 ........................................................................16
Quadro 9 - Proporção de Famílias Clássicas Unipessoais Constituídas por Indivíduos com 65 anos, 1991-2001 ..........................16
Quadro 10 - Dimensão Média das Famílias segundo o Número de Pessoas do Agregado Familiar no Espaço Alqueva, por
Concelho, 1991 e 2001 ..........................................................................................................................................................17
Quadro 11 - Alojamentos Clássicos, segundo a Época de Construção dos Edifícios no Espaço Alqueva, por Concelho (Peso no
Total de Alojamentos), 1991-2001 .........................................................................................................................................17
Quadro 12 - Evolução da População Residente Segundo a Dimensão dos Lugares, no Espaço Alqueva, por Concelho, 1991 e
2001 .......................................................................................................................................................................................19
Quadro 13 - PIB/capita em PPC, 1988-2001 ........................................................................................................................................25
Quadro 14 - PIB/capita, 1995 e 2004 ....................................................................................................................................................25
Quadro 15 - VAB por Sector de Actividade Económica (CAE REV. 2 - A3), no Alentejo, por NUTS III, 1995 e 2004 .........................25
Quadro 16 - População Activa a Exercer Profissão nas Fileiras no Alentejo e no Espaço Alqueva, 1991-2001..................................26
Quadro 17 - Pessoal ao Serviço, 1995, 2000 e 2005 e Evolução 1995-2000 e 2000-2005 .................................................................27
Quadro 18 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Segundo as Fileiras e Evolução 1995-2000 e 2000-2005 ................................27
Quadro 19 - Pessoal ao Serviço na NUTS II Alentejo, Segundo as Fileiras e Evolução 1995-2000 e 2000-2005 ...............................29
Quadro 20 - Peso do Pessoal ao Serviço e Estabelecimentos do Espaço Alqueva no Total da NUTS II Alentejo e do Continente,
1995, 2000 e 2005 .................................................................................................................................................................29
Quadro 21 - Estabelecimentos no Espaço Alqueva e na NUTS II Alentejo, Segundo as Fileiras, 1995, 2000, 2005...........................30
Quadro 22 – Dimensão Média dos Estabelecimentos no Espaço Alqueva, NUTS II Alentejo e Continente, 1995, 2000 e 2005 ........30
Quadro 23 – Pessoal ao Serviço por Actividade Económica do Estabelecimento Segundo a Composição do Capital Social
(103€) no Espaço Alqueva, Segundo as Fileiras, 1995, 2000, 2005*....................................................................................31
Quadro 24 - Volume de Vendas nas Sociedades com Sede no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, segundo
a CAE-Rev.2, 2001 e 2005 ....................................................................................................................................................32
Quadro 25 - Sociedades Constituídas no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, Segundo a CAE-REV.2, 2001 e
2005 .......................................................................................................................................................................................32
Quadro 26 - Taxa de Cobertura das Exportações no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, 1995, 2001, 2006.......33
Quadro 27 - Proporção de Emprego nos Sectores Intensivos em Conhecimento na NUTS II Alentejo e no Continente, 2002 e
2005 .......................................................................................................................................................................................33
Quadro 28 - Centros de Investigação na NUTS II Alentejo, 2008 .........................................................................................................34
Quadro 29 - Pessoal ao Serviço na Fileira Água, 1995, 2000 e 2005 ..................................................................................................35
Quadro 30 - Pessoal ao Serviço e Estabelecimentos no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, Fileira Energia,
1995, 2000 e 2005 .................................................................................................................................................................38
Quadro 31 - Consumo de Energia Eléctrica Segundo o Tipo de Consumo no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no
Continente, 1995, 2001 e 2006 ..............................................................................................................................................39
Quadro 32 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Agricultura, 1995, 2000 e 2005 ..............................................................40
Quadro 33 - Produtividades e Rendimentos Médios Regionais ............................................................................................................41
Quadro 34 - Importância do Regadio na SAU e na Área Total na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho, 1999 e
2005 .......................................................................................................................................................................................41
Quadro 35 - Principais Culturas Permanentes no Espaço Alqueva , 2000 e 2006 e Taxa de Variação da Área Ocupada, 2000-
2006 .......................................................................................................................................................................................42
Quadro 36 - Área de Olival na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007 ...............................................................43
4 RELATÓRIO FINAL(ANEXOS)
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Quadro 37 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Indústrias Agro-alimentares, 1995, 2000 e 2005 ..............................................45
Quadro 38 - Produção de Azeite na NUTS II Alentejo e por NUTS III, 1999 e 2006 ............................................................................47
Quadro 39 - Produção Vinícola Declarada Expressa em Mosto (hl.) na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho,
1999 e 2006 ...........................................................................................................................................................................47
Quadro 40 - Evolução das Actividades Turísticas no Espaço Alqueva, 1995, 2000 e 2005 .................................................................49
Quadro 41 - Capacidade de Alojamento, por Tipologia (Hotéis, Pensões e Outros), no Continente e na NUTS II Alentejo, 1995,
2001 e 2006 ...........................................................................................................................................................................50
Quadro 42 - Dormidas (Hotéis, Pensões e Outros), no Continente e na NUTS II Alentejo, 2001 e 2006 ............................................50
Quadro 43 - Hóspedes nos Estabelecimentos Hoteleiros Segundo o País de Residência Habitual no Continente e na NUTS II
Alentejo, 1995, 2001 e 2006 ..................................................................................................................................................50
Quadro 44 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Turismo, 1995, 2000 e 2005 ..................................................................51
Quadro 45 - Postos Trabalho a Gerar nos Projectos PIN na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, Outubro de 2008 ....................53
Quadro 46 - Projectos em Acompanhamento pelo AICEP no Continente, na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, Outubro de
2008 .......................................................................................................................................................................................54
Quadro 47 - Pessoal ao Serviço em Sub-ramos do Comércio no Espaço Alqueva Associados à Fileira Turismo, 1995, 2000 e
2005 .......................................................................................................................................................................................54
Quadro 48 - Activos e Inactivos e Peso no Total da População no Espaço Alqueva, Alentejo e Continente, 2001 .............................55
Quadro 49 - Taxas de Escolarização do Ensino Pré-escolar, Básico e Secundário no Espaço Alqueva, por Concelho, no
Alentejo e no Continente, 2005/2006 .....................................................................................................................................57
Quadro 50 - Estabelecimentos de Ensino por Nível de Ensino no Espaço Alqueva, por Concelho, no Alentejo e no Continente,
2005/2006 ..............................................................................................................................................................................59
Quadro 51 - Escolas Profissionais no “Espaço Alqueva” ......................................................................................................................59
Quadro 52 – Taxas de Retenção e Desistência no Ensino Básico e de Transição/Conclusão no Ensino Secundário no Espaço
Alqueva, por Concelho, no Alentejo e no Continente, 2005/06 .............................................................................................60
Quadro 53 - Entidades Formadoras Acreditadas no “Espaço Alqueva”, 22/10/2008 ............................................................................63
Quadro 54 - Medidas de Formação Profissional no POPH e no PRODER...........................................................................................64
Quadro 55 - Cursos de Formação Programados para 2008/2009 no Alentejo Potencialmente Relacionados com os Empregos
Específicos das Fileiras Agricultura/Agro-indústria ................................................................................................................65
Quadro 56 - Cursos de Formação Programados para 2008/2009 no Alentejo Potencialmente Relacionados com os Empregos
Específicos da Fileira Água....................................................................................................................................................66
Quadro 57 - Cursos de Formação Programados para 2008/2009 no Alentejo Potencialmente Relacionados com os Empregos
Específicos da Fileira Ambiente .............................................................................................................................................66
Quadro 58 - Cursos de Formação Programados para 2008/2009 no Alentejo Potencialmente Relacionados com os Empregos
Específicos da Fileira Energia................................................................................................................................................66
Quadro 59 - Cursos de Formação Programados para 2008/2009 no Alentejo Potencialmente Relacionados com os Empregos
Específicos da Fileira Turismo ...............................................................................................................................................67
Quadro 60 - Taxas de Desemprego Total e por Género no Espaço Alqueva, por Concelho, no Alentejo e no Continente, 1991 e
2001 .......................................................................................................................................................................................70
Quadro 61 - Desempregados Registados nos SPE (n.º) Residentes no Espaço Alqueva e no Alentejo, 1997, 2000, 2005 e 2007 ...70
Quadro 62 - Distribuição das Vagas de Emprego Inscritas nos SPE (%) no Espaço Alqueva por Sector de Actividade
Económica, 2000 e 2007 .......................................................................................................................................................74
Quadro 63 – Profissões com Maior Taxa de Cobertura das Ofertas de Emprego Face ao Número de Desempregados ....................77
Quadro 64 – Programas de Emprego, Formação e Reabilitação Profissional, em Dezembro de 2007 ...............................................78
Quadro 65 - Ganho Médio dos Trabalhadores por Conta de Outrem Segundo o Género, por Fileiras (€), 2005.................................81
Quadro 66 – População Residente, por Grandes Grupos Etários, no Espaço Alqueva, 2010-2015 ....................................................85
Quadro 67 – Estimativas Demográficas no Espaço Alqueva, por Concelho, 2005, 2010 e 2015 .........................................................90
Quadro 68 - Delimitação dos Sectores e das Actividades - Objecto de Análise ...................................................................................92
Quadro 69 - Delimitação dos Sectores e das Actividades - Sectores/Actividades Fora do Objecto de Análise (Impactes
Induzidos) ..............................................................................................................................................................................93
Quadro 70 - Perfis de Competências: Fileira Água ...............................................................................................................................94
Quadro 71 - Perfis de Competências: Fileiras Agricultura/Agro-indústria .............................................................................................94
Quadro 72 - Perfis de Competências: Fileira Energia ...........................................................................................................................96
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Taxa de Variação da População Residente na Região Alentejo, 1991-2001 .........................................................................9
Figura 2 - Densidade Populacional na Região Alentejo, 2001 ................................................................................................................9
Figura 3 - Variação Populacional, nos Concelhos do Espaço Alqueva, 1981-1991 e 1991-2001 ........................................................10
Figura 4 - Evolução da População Estrangeira Residente nos Distritos de Beja, Évora e Portalegre, 1999-2005 ...............................13
Figura 5 - População Estrangeira por Nacionalidade na Região Alentejo, por Distrito, 2006 ...............................................................14
Figura 6 - Índice de Envelhecimento no Espaço Alqueva, 2001 ...........................................................................................................14
Figura 7 - Pirâmide Etária do Espaço Alqueva, 1991-2001 ..................................................................................................................14
Figura 8 - Alojamentos Clássicos (n.º), Segundo a Época de Construção dos Edifícios, no Espaço Alqueva, 1991 e 2001 ...............18
Figura 9 - Taxa de Variação da População nos Lugares com Mais de 2000 Habitantes na Região Alentejo, 1991/2001 ...................20
Figura 10 - População das Cidades no Espaço Alqueva, 2001 ............................................................................................................21
Figura 11 - Rede de Lugares com Mais de 2.000 Habitantes, na Região Alentejo, 2001 .....................................................................21
Figura 12 - As Cidades e Vilas da Região Alentejo, 2008 .....................................................................................................................22
Figura 13 - Deslocações Pendulares no Espaço Alqueva, 1991 ..........................................................................................................23
Figura 14 - Deslocações Pendulares no Espaço Alqueva, 2001 ..........................................................................................................24
Figura 15 - Pessoal ao Serviço nas Fileiras, no Espaço Alqueva, por Concelho, 2005 ........................................................................28
Figura 16 - Ensino Superior e Centros Tecnológicos na NUTS II Alentejo, 2008 .................................................................................34
Figura 17 - Perímetros de Rega e Albufeiras na Área de Intervenção do EFMA ..................................................................................36
Figura 18 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Agricultura, por Concelho, 2005 ..............................................................40
Figura 19 - Olival (% da SAU), 2006 .....................................................................................................................................................42
Figura 20 - Uva de Vinho (% da SAU), 2006.........................................................................................................................................42
Figura 21 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Indústrias Agro-alimentares, por Concelho, 2005 ..............................................46
Figura 22 - Produção Vinícola Declarada Expressa em Mosto (Total) no Espaço Alqueva, por Concelho, 2006 ................................48
Figura 23 - Pessoas ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Turismo, por Concelho, 2005 .................................................................52
Figura 24 - Fluxos no Mercado de Trabalho .........................................................................................................................................55
Figura 25 - Taxas de Actividade e de Desemprego no Espaço Alqueva, por Concelho, 2001 .............................................................56
Figura 26 - Taxas de Crescimento dos Alunos Matriculados por Nível de Ensino no Espaço Alqueva, no Alentejo e no
Continente no período 1994/1995 – 2005/2006 ....................................................................................................................58
Figura 27 - Distribuição dos Desempregados Registados por Género no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007 ................................71
Figura 28 - Desempregados Registados por Faixa Etária no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007 ...................................................72
Figura 29 - Desempregados Registados por Níveis de Habilitação no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007.....................................72
Figura 30 - Desempregados Registados por Procura do Primeiro ou Novo Emprego no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007 ........73
Figura 31 - Desempregados Registados por Duração do Desemprego no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007 ..............................73
Figura 32 – População Residente, por Grandes Grupos Etários (%), no Espaço Alqueva, 2001-2015 ..............................................86
Figura 33 – População em Idade Activa - 15-64 Anos - (%), por Concelho no Espaço Alqueva, Cenário Base, 2001, 2005, 2010
e 2015 ....................................................................................................................................................................................87
Figura 34 - População Jovem - 0-14 Anos - (%), por Concelho no Espaço Alqueva, 2001, 2005, 2010 e 2015 ..................................88
Figura 35 - População Idosa – 65 Anos - (%), por Concelho no Espaço Alqueva, 2001, 2005, -2010 e 2015 .................................89
6 RELATÓRIO FINAL(ANEXOS)
Estudo dos Impactes Previsíveis do Projecto de Fins
Múltiplos do Alqueva na Configuração dos Recursos Humanos do Alentejo
Siglas e Acrónimos
Siglas e Acrónimos
Figura 1 - Taxa de Variação da População Residente na Região Figura 2 - Densidade Populacional na Região Alentejo, 2001
Alentejo, 1991-2001
Enquanto Região menos densamente povoada do país (25 habitantes/km2, em 2001), o Alentejo apresenta uma
distribuição espacial dos aglomerados distintiva, singular, destacando-se os tradicionais montes, mas igualmente as
aldeias, vilas e cidades. As maiores concentrações populacionais encontram-se nos principais centros urbanos
(cidades, sedes de concelho), dos quais se destaca Évora, Património Mundial da Humanidade, com 41.159 habitantes,
que continua a ser o principal centro de atracção populacional.
No “Espaço Alqueva” o quadro evolutivo recente não é territorialmente díspar. A perda de efectivos populacionais fez-se
sentir de forma quase generalizada (-5% entre 1981-1991; -2,1% entre 1991-2001). Com excepção dos concelhos de
Grândola, Évora e Alvito, que apresentaram um crescimento da população residente no último período inter-censitário,
todos os restantes concelhos encontram-se em regressão populacional. Évora foi o único concelho que viu aumentar os
seus efectivos populacionais nas últimas duas décadas (4,2% entre 1981-1991; 5,1% entre 1991-2001).
5,0
0,0
-5,0
%
-10,0
-15,0
-20,0
Portel
Santiago do Cac ém
G rândola
Év ora
Mourão
Redondo
Reguengos de
Cuba
Mértola
Moura
Elv as
Es paç o Alquev a
Beja
F erreira do Alentejo
Serpa
Alc ác er do Sal
Alandroal
Aljus trel
Barranc os
Alentejo
Alv ito
Vidigueira
Viana do Alentejo
Mons araz
1981/1991 1991/2001
Uma análise centrada na distribuição populacional no “Espaço Alqueva” permite retirar algumas conclusões. A
população concentra-se principalmente nos concelhos de Évora, Beja, Santiago do Cacém e Elvas (possuem, em
conjunto, metade da população que reside neste território). Por oposição, os concelhos de Barrancos, Alvito, Mourão e
Cuba não atingiam, individualmente, os 5.000 habitantes em 2001.
Quadro 2 - Evolução da População Residente por Concelho, no Espaço Alqueva, 1981, 1991 e 2001 e Evolução Populacional, 1981-1991,
1991-2001 e 1981-2001
1981 1991 2001 1981/1991 1991/2001 1981/2001
Unidade Geográfica
(n.º) (¨%)
Alentejo (NUTS 2002) 819.337 782.331 776.585 -4,52 -0,73 -5,2
Espaço Alqueva 317.226 300.858 294.540 -5,16 -2,10 -7,2
Alcácer do Sal 16.370 14.512 14.287 -11,35 -1,55 -12,7
Grândola 16.042 13.767 14.901 -14,18 8,24 -7,1
Santiago do Cacém 29.191 31.475 31.105 7,82 -1,18 6,6
Elvas 24.981 24.474 23.361 -2,03 -4,55 -6,5
Alandroal 8.124 7.347 6.585 -9,56 -10,37 -18,9
Évora 51.572 53.754 56.519 4,23 5,14 9,6
Mourão 3.487 3.273 3.230 -6,14 -1,31 -7,4
Portel 8.306 7.525 7.109 -9,40 -5,53 -14,4
Redondo 8.444 7.948 7.288 -5,87 -8,30 -13,7
Reguengos de Monsaraz 11.642 11.401 11.382 -2,07 -0,17 -2,2
Viana do Alentejo 6.188 5.720 5.615 -7,56 -1,84 -9,3
Aljustrel 12.870 11.990 10.567 -6,84 -11,87 -17,9
Alvito 2.968 2.650 2.688 -10,71 1,43 -9,4
Barrancos 2.157 2.052 1.924 -4,87 -6,24 -10,8
Beja 38.246 35.827 35.762 -6,32 -0,18 -6,5
Cuba 5.740 5.494 4.994 -4,29 -9,10 -13,0
Ferreira do Alentejo 11.244 10.075 9.010 -10,40 -10,57 -19,9
Mértola 11.693 9.805 8.712 -16,15 -11,15 -25,5
Moura 19.772 17.549 16.590 -11,24 -5,46 -16,1
Serpa 20.784 17.915 16.723 -13,80 -6,65 -19,5
Vidigueira 7.405 6.305 6.188 -14,85 -1,86 -16,4
Fonte: INE, vários anos
Centremos a análise nos concelhos de Portel, Reguengos de Monsaraz, Alandroal, Mourão e Moura que, devido à
proximidade geográfica à albufeira, serão aqueles que mais directamente poderão sentir os efeitos do EFMA. Em
conjunto, estes concelhos têm 45.000 habitantes (15% dos efectivos populacionais do ”Espaço Alqueva”), sendo que o
Alandroal registou o decréscimo populacional mais elevado entre 1981 e 2001, perdendo mais de 1.500 habitantes
(redução de cerca de 19%).
A recessão populacional e a tendência para a concentração urbana, sobretudo nas sedes de concelho, reflectiram-se
forçosamente em alguns indicadores demográficos, nomeadamente na “recomposição” da estrutura etária. A regressão
populacional, centrada num período relativamente curto, originou a redução dos efectivos nos grupos etários
intermédios (quebra da população em idade fértil e potencialmente activa), originando efeitos negativos não apenas ao
nível demográfico (diminuição da natalidade e do número médio de filhos por casal), mas igualmente ao nível
económico, dada a redução da população potencialmente a empregar.
Quadro 3 - Indicadores de Crescimento Natural, por Concelho, no Espaço Alqueva, 1991 a 2005
Tx. Crescimento
Taxa de Mortalidade (‰) Taxa de Natalidade (‰)
Unidade Geográfica Natural (%)
1991 1995 2001 2005 1991 1995 2001 2005 2001 2005
Alentejo (NUTS 2002) 14,2 14,1 14,2 14,4 9,4 8,2 8,4 9,0 -0,47 -0,53
Alcácer do Sal 14,5 13,8 13,5 15,4 8,7 8,9 7,3 9,0 -0,63 -0,64
Grândola 13,9 15,8 13,4 17,0 9,6 8,7 8,6 8,7 -0,48 -0,83
Santiago do Cacém 10,9 10,3 11,2 12,4 8,9 6,7 6,8 8,2 -0,44 -0,42
Elvas 12,4 12,2 13,1 12,0 12,0 10,2 10,8 10,0 -0,23 -0,20
Alandroal 15,8 16,3 13,4 17,4 8,4 6,3 7,9 4,2 -0,56 -1,33
Évora 10,5 9,8 10,3 11,3 11,2 9,4 9,7 10,4 -0,06 -0,10
Mourão 13,1 13,1 14,2 18,2 11,6 13,8 11,3 6,6 -0,29 -1,16
Portel 14,9 13,7 14,0 13,1 10,2 9,1 9,1 7,6 -0,49 -0,55
Redondo 13,8 11,8 13,7 15,5 10,2 8,0 8,5 6,8 -0,50 -0,88
Reguengos de Monsaraz 12,9 15,5 14,9 15,1 10,3 9,3 8,4 7,8 -0,65 -0,72
Viana do Alentejo 14,0 14,6 15,4 16,6 11,9 8,0 9,8 10,3 -0,56 -0,64
Aljustrel 15,0 14,7 16,0 17,4 10,4 7,4 6,2 6,9 -0,99 -1,05
Alvito 24,5 34,2 27,1 26,2 6,0 7,1 4,6 7,0 -2,25 -1,92
Barrancos 16,1 13,0 12,2 21,5 10,2 6,2 10,0 15,4 -0,21 -0,61
Beja 13,9 14,8 13,1 14,0 10,0 9,1 9,7 11,8 -0,34 -0,22
Cuba 16,9 14,9 18,8 19,5 11,6 7,9 11,4 12,0 -0,74 -0,76
Tx. Crescimento
Taxa de Mortalidade (‰) Taxa de Natalidade (‰)
Unidade Geográfica Natural (%)
1991 1995 2001 2005 1991 1995 2001 2005 2001 2005
Ferreira do Alentejo 14,4 14,4 16,5 16,2 9,4 7,7 7,3 9,0 -0,92 -0,72
Mértola 20,0 18,1 18,5 21,4 6,4 5,9 5,4 4,3 -1,32 -1,68
Moura 14,0 15,9 14,7 14,9 12,1 9,5 10,8 9,9 -0,39 -0,50
Serpa 17,0 16,5 16,2 16,4 9,5 7,9 9,2 8,4 -0,70 -0,79
Vidigueira 18,6 15,2 16,0 15,2 9,2 8,2 7,4 7,0 -0,86 -0,82
Fonte: INE, vários anos
A redução demográfica que ao longo das últimas décadas caracteriza a maioria dos concelhos tem sido induzida
principalmente pelo crescimento natural negativo (claro e crescente défice de nascimentos face aos óbitos registados).
Nos anos mais recentes, o saldo migratório em alguns municípios tem apresentado valores positivos, o que tem
permitido atenuar o flagelo do esvaziamento demográfico (observa-se um aumento da imigração para o território
alentejano). Destacam-se Évora, Grândola e Beja, nomeadamente no que às cidades diz respeito, com uma forte
capacidade para atrair população.
A Região segue a tendência nacional, onde nos últimos anos o número de imigrantes tem superado o número de
emigrantes, sendo certo que os acréscimos mais significativos se registam normalmente em períodos de “Processo de
Regularização Extraordinária”. Embora os fluxos de mão-de-obra imigrante tenham sido direccionados principalmente
para as duas áreas metropolitanas (Lisboa e Porto), também no Alentejo a população estrangeira tem aumentado
significativamente nos últimos anos (77%, entre 1999 e 2005). Dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)
relativos ao ano de 2005 referem 1.637 estrangeiros em Beja, 1.392 em Évora, e 1.191 em Portalegre, o que perfaz um
total de 4.220 estrangeiros com autorização de residência nestes três distritos alentejanos.
Figura 4 - Evolução da População Estrangeira Residente nos Distritos de Beja, Évora e Portalegre, 1999-2005
4500 4220
3903
4000
3546
3500 3248
2973
3000 2705
2402
2500
N.º
2000
1500
1000
500
0
Beja Évora Portalegre Total
1999 2000 2001 Ano 2003
2002 2004 2005
Fonte: SEF, vários anos
Em 2006, foram concedidas perto de 1.000 Autorizações de Permanência, mais de 2.000 Vistos de Longa Duração e
cerca de 7.000 autorizações de residência, o que perfaz um total de cerca de 10.000 imigrantes residentes, segundo
dados do SEF. Estes dados, de 2006, ainda que não definitivos, mostram que a tendência de crescimento persiste
nestes três distritos.
Actualmente, podem distinguir-se dois importantes tipos de fluxos migratórios direccionados para o Alentejo: um de
mão-de-obra, visível nos sectores agrícola, comércio e na prestação de serviços; outro de investidores/empresários.
No primeiro caso, podem destacar-se claramente os europeus de leste, sobretudo provenientes da Ucrânia (1.747
residentes, em 2006), mas também da Moldávia, Roménia e Bulgária, estes últimos com maior importância no distrito
de Beja. Do espaço extra-europeu, os contingentes de imigrantes provêm principalmente das comunidades Brasileira e
Cabo-Verdiana. Da Europa ocidental, são representativos os fluxos provenientes da Alemanha e Reino Unido (no
distrito de Beja), enquanto no distrito de Évora e Portalegre os residentes imigrados provêm sobretudo de Espanha.
Estes enquadram-se no segundo tipo de fluxo, proprietários de explorações agro-industriais ou empresários turísticos.
O comportamento migratório no “Espaço Alqueva” é semelhante ao registado no Alentejo, sendo que os novos
investidores estrangeiros, dada a proximidade geográfica, são em larga maioria provenientes de Espanha.
Figura 5 - População Estrangeira por Nacionalidade na Região Alentejo, por Distrito, 2006
Distrito de Beja Distrito de Évora Distrito de Portalegre
Cabo Verde; 127 Alemanha; 134 Cabo Verde; 146
Resto do Mundo; Resto do Mundo; 321
Espanha; 154 Resto do Mundo; 450 Países Baixos; 143 Moldávia; 231
344 Roménia; 166 Espanha; 198
Outros Europa; 337 Países Baixos; 179 Cabo Verde; 252
Outros Europa; 471 Espanha; 276
Reino Unido; 203 Outros Europa; 462
Roménia; 261
Moldávia; 203
Ucrânia; 623
Moldávia; 299 Ucrânia; 302
Bulgária; 306
Ucrânia; 822
Brasil; 516
Brasil; 499 Alemanha; 452 Roménia; 310
Brasil; 747
Fonte: SEF, 2006
O envelhecimento da população portuguesa e do Alentejo, em particular, está bem patente e ilustrado em qualquer
análise que seja efectuada às respectivas pirâmides etárias. Este fenómeno é mais preocupante atendendo ao duplo
envelhecimento nas pirâmides: na base (decorrente da quebra nas taxas de natalidade e fecundidade) e no topo (como
consequência do aumento da esperança média de vida), sendo evidente na sobreposição das pirâmides etárias
concelhias nos dois últimos momentos censitários.
Figura 6 - Índice de Envelhecimento no Espaço Alqueva, 2001 Figura 7 - Pirâmide Etária do Espaço Alqueva, 1991-2001
No “Espaço Alqueva”, são cerca de 188.000 os residentes em idade activa (idade compreendida entre os 15 e os 64
anos), o que corresponde a cerca de 64% da população residente total. Considerando apenas a área irrigada pelos
perímetros de rega de Alqueva1, a situação é praticamente idêntica (65% do total).
1A área irrigada corresponde aos concelhos de Évora, Alcácer do Sal, Mourão, Portel, Moura, Alvito, Cuba, Vidigueira, Ferreira do Alentejo, Serpa, Beja, Santiago do
Cacém, Aljustrel.
Quadro 6 - População Residente Segundo os Grupos Etários e Índice de Envelhecimento, na Região Alentejo e no Espaço Alqueva, 1991-
2001
Alentejo
Indicador Ano Espaço Alqueva
(NUTS 2002)
População Residente Dos 0 aos 14 136.670 54.796
Dos 15 aos 24 107.344 41.184
Dos 25 aos 64 1991 392.603 149.880
65 ou mais anos (n.º) 145.714 54.998
Total 782.331 300.858
Índice de Envelhecimento 106,6 100,4
População Residente Dos 0 aos 14 106.645 41.380
Dos 15 aos 24 100.507 39.257
Dos 25 aos 64 2001 395.932 148.665
65 ou mais anos (n.º) 173.501 65.238
Total 776.585 294.540
Índice de Envelhecimento 162,7 157,7
Fonte: INE, vários anos
Os jovens com idade inferior a 15 anos diminuíram no último período inter-censitário (em 1991, representavam 18% da
população residente, enquanto em 2001 se cingiam apenas a 14%). Esta evolução traduz-se numa diminuição do
potencial de activos quer no “Espaço Alqueva”, quer no território abrangido pela área irrigada. Os concelhos em
situação mais problemática (em que o peso do número de jovens é inferior a 14%) são: Alcácer do Sal, Grândola,
Santiago do Cacém, Alandroal, Redondo, Aljustrel, Alvito, Barrancos, Ferreira do Alentejo, Mértola e Serpa. Por outro
lado, os concelhos com um maior peso relativo dos jovens e, consequentemente, com maior potencial de activos são:
Évora, Mourão, Viana do Alentejo, Moura e Vidigueira.
O fenómeno do envelhecimento populacional assume um carácter mais gravoso em Mértola, Alandroal e Alvito, com
índices de envelhecimento acima dos 200%, mas todos os concelhos do “Espaço Alqueva” apresentam taxas de
envelhecimento muito elevadas, à semelhança do que se verifica na generalidade do Alentejo.
Estrutura Familiar
A estrutura das famílias tem sofrido importantes alterações nas últimas décadas, como resultado, entre outros factores,
do decréscimo populacional. No contexto nacional, o Alentejo registou um dos menores acréscimos do número de
famílias clássicas entre 1991 e 2001.
Quer no país, quer no Alentejo, a dimensão média das famílias diminuiu no período em análise, à semelhança do que
acontece na maioria dos países ocidentais. Contudo, enquanto em Portugal, em média, as famílias são compostas por
3 pessoas (em 1991, era de 3,1), no Alentejo, esse valor ronda os 2,7 (em 1991 era de 2,8). As famílias clássicas com 2
pessoas são as mais representativas: 28,4%, em Portugal e 32.2%, no Alentejo, em 2001. Verifica-se, portanto, uma
redução da dimensão da família, com maior representação das famílias com 2 ou 3 pessoas.
Registe-se, igualmente, o aumento significativo do número de famílias com uma só pessoa (variação de 31%, entre
1991 e 2001, no Alentejo). Em 2001, representavam cerca de 20% do total, enquanto em 1991 seriam de apenas
16,2%. Simultaneamente, destaque-se um outro fenómeno: em 2001, as famílias mais numerosas diminuem a sua
importância (os agregados com 4 ou mais elementos viram diminuir a sua importância relativa, decrescendo cerca de
13% no último período inter-censitário).
Quadro 9 - Proporção de Famílias Clássicas Unipessoais Constituídas por Indivíduos com 65 anos, 1991-2001
1991 2001
Unidade Geográfica
(%)
Continente 55,50 50,80
Norte 57,80 52,50
Centro 63,10 58,70
Lisboa 43,80 41,40
Alentejo (NUTS 2002) 65,90 62,60
Algarve 55,70 45,40
Fonte: INE, vários anos
Sabe-se que o envelhecimento populacional surge como um dos principais causadores do aumento do número de
famílias constituídas por pessoas idosas a viver sós. É no Alentejo que essa situação é mais gravosa, elevando-se a
cerca de 63%, em 2001 (a maior percentagem de famílias unipessoais de idosos em Portugal observa-se no Alentejo).
No “Espaço Alqueva”, é o concelho de Mourão que apresenta o valor mais elevado - 81,1% das famílias unipessoais
correspondem a pessoas com 65 ou mais anos.
Quadro 10 - Dimensão Média das Famílias segundo o Número de Pessoas do Agregado Familiar no Espaço Alqueva, por Concelho, 1991 e
2001
Total Com Com 2 Com Com Dimensão média
Unidade Geográfica (n.º) 1 pessoa pessoas 3 pessoas 4 ou mais (n.º)
1991 2001 1991/2001 (¨%) 1991 2001
Alentejo (NUTS 2002) 276.415 292.487 31,0 8,8 -3,7 -13,4 2,8 2,7
Espaço Alqueva 104.968 109.387 30,1 6,6 -5,0 -13,3 2,9 2,7
Alcácer do Sal 5.300 5.400 27,3 1,5 -5,9 -5,4 2,7 2,6
Grândola 4.989 5.638 45,3 19,0 -1,7 -9,4 2,8 2,6
Santiago do Cacém 11.098 11.875 37,7 16,7 -6,5 -18,7 2,8 2,6
Elvas 8.282 8.441 21,1 6,6 -6,1 -14,2 3,0 2,8
Alandroal 2.770 2.586 17,9 -12,8 -11,3 -12,0 2,7 2,5
Évora 18.495 20.954 48,4 17,0 1,8 -6,7 2,9 2,7
Mourão 1.115 1.097 20,6 -5,7 -6,4 -14,4 2,9 2,9
Portel 2.653 2.747 37,5 3,9 -8,0 -15,8 2,8 2,6
Redondo 2.859 2.775 11,0 -6,7 -5,5 -20,0 2,8 2,6
Reguengos de Monsaraz 4.040 4.238 34,6 0,9 -1,9 -9,9 2,8 2,7
Viana do Alentejo 2.039 2.097 28,8 2,1 -4,6 -9,7 2,8 2,7
Aljustrel 4.060 3.944 18,9 10,5 -15,5 -25,2 3,0 2,7
Alvito 950 984 33,5 -5,8 -0,7 1,7 2,8 2,7
Barrancos 722 719 20,3 3,5 -9,5 -8,1 2,8 2,7
Beja 12.161 12.981 28,7 13,7 -2,9 -15,9 2,9 2,8
Cuba 1.939 1.771 16,8 -16,9 -10,3 -6,1 2,8 2,8
Ferreira do Alentejo 3.499 3.413 27,0 2,6 -13,6 -24,0 2,9 2,6
Mértola 3.693 3.555 20,7 -9,4 -11,8 -19,3 2,7 2,5
Moura 5.963 5.803 9,5 -2,6 -6,6 -15,2 2,9 2,9
Serpa 5.984 6.077 27,5 5,2 -7,9 -15,5 3,0 2,8
Vidigueira 2.357 2.292 18,1 -10,9 -3,6 3,8 2,7 2,7
Fonte: INE, vários anos
Parque Habitacional
O número de alojamentos clássicos ocupados como residência habitual no “Espaço Alqueva” diminuiu
consideravelmente entre 1991 e 2001 decrescendo de 266.160 para 107.016 alojamentos (- 60%). A maior quebra fez-
se sentir nos alojamentos anteriores a 1945, devido ao seu avançado estado de degradação. Em 2001, os edifícios
construídos depois de 1990 eram cerca de 20 mil (18,5% do total de alojamentos residenciais). Ou seja verifica-se uma
percentagem significativa de construções recentes (18,5% dos edifícios foram construídos entre 1991 e 2001), sendo o
seu peso particularmente expressivo nos concelhos de Barrancos (33%) e Viana do Alentejo (32%). Pelo contrário, os
valores mais elevados de edifícios envelhecidos, observam-se em Cuba, Mértola, Portel e Serpa, cujos núcleos antigos
estão em franca recessão demográfica e mantêm parques imobiliários muito envelhecidos.
Quadro 11 - Alojamentos Clássicos, segundo a Época de Construção dos Edifícios no Espaço Alqueva, por Concelho (Peso no Total de
Alojamentos), 1991-2001
1991 1996
Antes de
1919 a 1945 1946 a 1960 1961 a 1970 1971 a 1980 1981 a 1985 1986 a 1990 a a
Unidade Geográfica 1919
1995 2001
1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 2001 2001
Espaço Alqueva 7,6 10,7 6,9 13,2 5,2 11,6 4,3 11,0 6,2 15,6 4,5 10,1 3,7 9,4 8,5 10,0
Alandroal 25,1 12,9 17,1 16,4 9,1 11,4 8,5 12,1 16,5 12,8 11,3 7,6 12,3 8,3 9,2 9,4
Alcácer do Sal 11,8 7,6 15,7 9,8 17,1 13,7 22,6 17,7 16,4 16,0 9,5 10,4 6,9 8,4 8,1 8,2
Aljustrel 20,6 7,1 24,0 12,2 12,6 7,7 9,4 11,0 13,1 12,0 10,9 11,5 9,4 10,9 12,0 15,5
Alvito 26,1 10,8 29,4 18,8 15,3 9,8 5,9 7,3 5,3 11,4 4,9 8,4 13,1 11,1 12,1 10,2
Barrancos 40,7 8,4 29,3 11,2 9,4 9,9 3,5 6,7 3,6 8,5 9,1 9,8 4,3 12,5 13,2 20,0
Beja 16,0 7,7 18,1 11,9 15,4 12,5 14,1 13,1 19,2 17,5 7,2 9,1 9,9 9,9 7,2 11,1
1991 1996
Antes de
1919 a 1945 1946 a 1960 1961 a 1970 1971 a 1980 1981 a 1985 1986 a 1990 a a
Unidade Geográfica 1919
1995 2001
1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 2001 2001
Cuba 31,7 30,8 14,7 14,1 9,0 5,6 6,7 5,4 17,6 12,0 10,9 8,2 9,5 8,0 7,2 8,6
Elvas 32,9 11,7 18,0 18,1 9,8 11,1 8,5 12,1 13,0 12,2 10,6 10,6 7,1 9,4 6,7 8,2
Évora 1,2 7,8 1,2 8,9 1,4 13,5 1,3 11,3 1,8 16,3 1,3 9,6 1,3 12,1 10,2 10,3
Ferreira do Alentejo 10,4 15,6 18,3 15,3 17,2 16,2 13,0 10,0 18,9 16,1 13,3 10,2 8,9 5,7 4,9 6,1
Grândola 7,2 3,4 13,8 8,0 25,0 14,2 17,9 19,3 13,3 17,1 13,9 12,6 8,9 7,8 8,8 8,8
Mértola 35,2 23,3 24,5 22,6 9,1 5,6 5,6 4,8 9,1 9,6 10,7 8,7 5,9 7,4 8,9 9,2
Moura 21,7 16,7 22,4 19,3 17,2 12,8 10,9 6,9 11,7 10,6 8,1 8,4 8,1 9,6 7,1 8,5
Mourão 25,6 19,7 18,3 15,4 10,4 5,1 7,8 4,0 15,5 13,9 13,7 8,2 8,7 11,1 9,1 13,6
Portel 27,8 23,6 19,4 13,5 8,5 7,3 9,7 8,4 16,1 11,7 9,7 7,5 8,8 6,7 9,0 12,2
Redondo 15,7 9,7 19,4 15,4 14,9 14,9 10,2 11,4 15,2 13,6 13,8 9,2 10,8 8,9 8,4 8,3
Reguengos de Monsaraz 16,8 9,1 16,3 18,1 14,4 11,2 10,2 10,9 17,6 16,9 15,8 10,2 8,9 5,6 8,3 9,7
Santiago do Cacém 14,1 4,8 14,4 8,7 10,7 10,4 9,3 8,2 24,7 26,7 19,3 15,6 7,5 8,8 7,5 9,1
Serpa 39,4 23,6 27,7 20,3 7,2 9,7 3,8 8,0 6,6 8,0 7,5 5,2 7,8 9,5 7,3 8,3
Viana do Alentejo 24,4 5,9 25,7 7,5 13,9 11,0 8,4 13,5 11,2 14,4 9,2 7,3 7,3 8,8 11,0 20,6
Vidigueira 18,2 6,9 16,9 19,5 8,3 10,1 8,4 8,3 17,3 13,6 16,3 10,4 14,7 8,8 10,9 11,3
Fonte: INE, vários anos
Figura 8 - Alojamentos Clássicos (n.º), Segundo a Época de Construção dos Edifícios, no Espaço Alqueva, 1991 e 2001
25.000
20.189
20.000 18.246
16.519 16.710
14.098 13.803
15.000 11.428 12.441 11.577 11.740 12.103 10.785
9.723 10.069 9.075 10.670
N .º
10.000
5.000
0
1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 2001 2001
Antes de 1919 De 1919 a 1945 De 1946 a 1960 De 1961 a 1970 De 1971 a 1980 De 1981 a 1985 De 1986 a 1990 De 1991 De 1996
a 1995 a 2001
Fonte: INE, vários anos
Estrutura de Povoamento
Conforme referido anteriormente, a estrutura de povoamento descreve um modelo de distribuição espacial da
população que se caracteriza pela constante saída de população das áreas mais rurais (montes e aldeias) e pela
atracção que as sedes de concelho (e destas destacam-se as de cariz mais urbano) exercem sobre o território
envolvente. A análise da distribuição espacial da população no interior dos concelhos revela, portanto, uma acentuada
concentração nas freguesias com características mais urbanas e com uma estrutura económica mais rica e
diversificada.
O padrão de povoamento tradicional, com génese em factores naturais e históricos, é predominantemente concentrado
e caracteriza-se pela existência de casas agrupadas que formam núcleos compactos, relativamente afastados entre si.
Este modelo de povoamento, para além de muito concentrado e caracterizado por dinâmicas demográficas regressivas,
assenta, igualmente, num grau de urbanização muito incipiente.
Por outro lado, a estrutura de povoamento associada às baixas densidades inviabilizou o desenvolvimento de mercados
de trabalho consolidados, direccionados para o exterior, o que limita a variedade e a disponibilidade de ofertas de
emprego em muitos dos concelhos alentejanos.
Quadro 12 - Evolução da População Residente Segundo a Dimensão dos Lugares, no Espaço Alqueva, por Concelho, 1991 e 2001
1991 2001
Unidade Geográfica 500- 2.000- 5.000- 10.000- 2.000- 5.000- 10 000-
0-500 Total 0-1.999 Isolados Total
2.000 5.000 10.000 50.000 4.999 9.999 99.999
Alentejo (NUTS 2002) 29,1 25,0 16,2 15,4 14,3 100 40,4 14,5 18,2 18,5 8,3 100
Espaço Alqueva 17,6 27,2 17,0 11,8 26,4 100 36,2 12,8 15,7 26,5 8,9 100
Alcácer do Sal 42,0 13,4 44,7 0 0 100 30,5 14,7 46,2 0 8,6 100
Grândola 41,1 16,5 0 42,4 0 100 38,6 0 40,4 0 20,9 100
Santiago do Cacém 20,9 18,6 26,8 33,7 0 100 30,0 6,4 45,0 0 18,6 100
Elvas 13,7 26,0 0 0 60,3 100 28,9 0 0 64,7 6,4 100
Alandroal 46,7 53,3 0 0 0 100 85,7 0 0 0 14,3 100
Évora 11,1 13,2 0 0 75,7 100 19,7 0 0 72,8 7,4 100
Mourão 11,0 89,0 0 0 0 100 32,5 63,7 0 0 3,8 100
Portel 26,5 34,8 38,7 0 0 100 57,2 38,2 0 0 4,6 100
Redondo 19,1 28,5 52,4 0 0 100 33,0 52,1 0 0 14,9 100
Reguengos de Monsaraz 27,4 24,0 0 48,6 0 100 43,7 0,0 51,8 0 4,5 100
Viana do Alentejo 1,0 12,8 86,1 0 0 100 46,6 46,0 0 0 7,3 100
Aljustrel 10,9 43,4 0 45,7 0 100 50,5 46,7 0 0 2,7 100
Alvito 0,1 99,9 0 0 0 100 89,5 0,0 0 0 10,5 100
Barrancos 0,1 99,9 0 0 0 100 98,9 0,0 0 0 1,1 100
Beja 6,2 35,6 0 0 58,2 100 34,6 0,0 0 60,6 4,8 100
Cuba 13,0 23,7 63,4 0 0 100 36,3 61,3 0 0 2,4 100
Ferreira do Alentejo 20,1 38,4 41,4 0 0 100 51,9 39,4 0 0 8,6 100
Mértola 75,6 24,4 0 0 0 100 92,9 0,0 0 0 7,1 100
Moura 1,4 29,9 18,7 50,0 0 100 26,5 16,0 51,0 0 6,5 100
Serpa 6,6 26,3 67,1 0 0 100 26,9 31,8 31,1 0 10,2 100
Vidigueira 9,4 44,5 46,1 0 0 100 49 46 0 0 5 100
Fonte: INE, vários anos
Sobre a estrutura do povoamento, é de referir que a população a residir em locais com menos de 2.000 habitantes
diminui consideravelmente desde 1991 (-13% no “Espaço Alqueva”). Neste cenário, os principais centros urbanos, e de
forma mais genérica as sedes de concelho, assumiram-se como elementos fundamentais para a vertebração e coesão
territorial, como os pilares da “sustentabilidade” demográfica e como forças motrizes dos processos de desenvolvimento
económico e social. Sendo por norma o território alentejano escassamente povoado, as maiores concentrações
populacionais estão nos grandes centros urbanos, como as cidades de Évora (com mais de 41.159 habitantes, em
2001), Beja (com 21.658 habitantes) ou, já fora do “Espaço Alqueva”, Portalegre (15.238 habitantes em 2001), que
persistem como grandes pólos de atracção populacional no contexto regional, crescendo também à custa do
esvaziamento das vilas e aldeias limítrofes.
Estas dinâmicas urbanas de concentração das populações nas sedes de concelho/freguesia e esvaziamento dos
espaços rurais são igualmente um fenómeno importante no “Espaço Alqueva”.
Figura 9 - Taxa de Variação da População nos Lugares com Mais de 2000 Habitantes na Região Alentejo, 1991/2001
Figura 11 - Rede de Lugares com Mais de 2.000 Habitantes, na Região Alentejo, 2001
Mobilidade
No Alentejo, por norma não se verifica, como no caso das áreas metropolitanas, o afastamento espacial entre o local de
habitação e local de trabalho ou de estudo. As deslocações pendulares (deslocações diárias Casa-Trabalho e Casa-
Estudo) são, na sua maioria, intra-concelhias. Contudo, a concentração do emprego nas sedes de freguesia,
coadjuvada com o aumento da mobilidade associada às deslocações efectuadas por automóvel, explicam o aumento
das deslocações pendulares efectuadas entre concelhos vizinhos e, nalguns casos, entre concelhos mais distantes.
Estas deslocações fazem-se sentir essencialmente de concelhos de cariz mais rural para os grandes pólos como Évora,
Beja ou Elvas e, mais recentemente, Sines, que atraem fluxos diários de activos (trabalhadores e estudantes). Entre
1991 e 2001, o sentido destes fluxos manteve-se, mas o número de deslocações aumentou significativamente, o que
reflecte a consolidação de três bacias de emprego sub-regionais: a bacia constituída em torno de Beja, a bacia
constituída em torno de Évora e o Eixo de Santiago do Cacém-Sines. Para além destas três bacias, são de assinalar os
casos de Elvas, Reguengos, que já atraem muitos activos dos concelhos vizinhos e o eixo Moura-Serpa.
Contudo, é de assinalar que a análise do PIB/capita nos anos de 1995 e 2004, mostra que o Alentejo, embora continue
a manter valores inferiores à média nacional, aproximou-se mais desses mesmos valores, convergindo internamente.
Considerando os valores do VAB, verificamos que o contributo do Alentejo para o VAB nacional é bastante diminuto.
Em 1995, representava 4,5% do total nacional e, em 2004, o valor ascendeu a 6,7%, acréscimo que resulta da
alteração da delimitação estatística da NUTS II Alentejo. Se excluirmos a NUTS III Lezíria do Tejo, o contributo para o
VAB nacional é de 4,6%, valor muito similar ao de 1994.
A evolução e composição do VAB por sector de actividade entre 1995 e 2004 evidencia o declínio do sector primário no
Alentejo, acompanhado por um declínio do sector industrial e um forte crescimento do sector terciário. Contudo, na
NUTS III Baixo Alentejo, simultaneamente ao crescimento dos serviços, o peso do sector primário manteve-se
praticamente inalterável, demonstrando a manutenção da importância do sector neste território. No caso do Baixo
Alentejo, há ainda a salientar a acentuada perda registada pelo sector industrial e da construção civil.
Quadro 15 - VAB por Sector de Actividade Económica (CAE REV. 2 - A3), no Alentejo, por NUTS III, 1995 e 2004
Estrutura Por sector
VAB (106 €) Peso no País (%)
Unidade Geográfica/Sector de Actividade de actividade (%)
1995 2004 1995 2004 1995 2004
Portugal 70.292 125.310 100,0 100,0 100,0 100,0
Agricultura, caça e silvicultura; Pesca e aquicultura 3.810 3.971 - - 5,4 3,2
Indústrias (incluindo energia) e Construção 22.141 31.815 - - 31,5 25,4
Serviços 48.030 89.525 - - 68,3 71,4
SIFIM * -3.688 - - -5,2
Alentejo 3.136 8.453 4,5 6,7 100,0 100,0
Agricultura, caça e silvicultura; Pesca e aquicultura 603 1.115 0,9 0,9 19,2 13,2
Indústrias (incluindo energia) e Construção 955 2.140 1,4 1,7 30,5 25,3
Serviços 1.743 5.198 2,5 4,1 55,6 61,5
SIFIM * -165 -0,2 0,0 -5,3 0,0
Alentejo Litoral 764 1.449 1,1 1,2 100,0 100,0
Agricultura, caça e silvicultura; Pesca e aquicultura 135 220 0,2 0,2 17,7 15,2
Indústrias (incluindo energia) e Construção 344 589 0,5 0,5 45,0 40,7
Serviços 325 640 0,5 0,5 42,5 44,2
SIFIM * -40 -0,1 0,0 -5,2 0,0
Quadro 16 - População Activa a Exercer Profissão nas Fileiras no Alentejo e no Espaço Alqueva, 1991-2001
Alentejo Espaço Alqueva
Sector de Actividade 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001
(n.º) (%) (n.º) (%)
Agricultura 64.168 35.415 21,9 11,2 23.462 14.449 21,4 12,1
Agro-indústria 10.547 8.565 3,6 2,7 2.936 2.298 2,7 1,9
Turismo 11.561 18.319 3,9 5,8 4.778 7.197 4,4 6,0
Fileira
O confronto dos dados obtidos pelo RGP com os do MTSS2, ressalvando as suas diferenças, vantagens e
desvantagens, permite obter uma leitura sobre a evolução ocorrida no último decénio. Assim, entre 1995 e 2005, tendo
como momento intermédio o ano 2000, o “Espaço Alqueva” revelou ritmos de crescimento superiores à média nacional
e à NUTS II Alentejo, tendo registado um aumento de mais de 20.000 pessoas ao serviço, totalizando, em 2005, 59.993
efectivos.
Contudo, se atendermos às fileiras (e embora a maioria destas registe taxas de variação do emprego positivas), o que
se verifica é que não houve grande alteração da sua importância relativa. Nos casos da agricultura e da agro-indústria,
o seu peso relativo diminui mesmo. Em contraponto, e tal como já se tinha detectado na análise dos dados relativos à
evolução dos activos no total do emprego no “Espaço Alqueva”, entre 1991 e 2001, a actividade comercial, a
administração pública, defesa e segurança social e a construção civil, representam quase 50% do emprego, tendo sido
nos dois últimos sectores que se registaram maiores aumentos.
O grande crescimento verificado nestes sectores vem de algum modo atenuar/relativizar o acréscimo nas fileiras em
estudo. No caso da fileira agricultura, importa realçar que se entre 1995 e 2000 a tendência foi de crescimento do
emprego, nos cinco anos seguintes o número de pessoas ao serviço diminuiu. Tal como será apontado posteriormente,
a mecanização associada à expansão de alguns tipos de culturas tem mudado, não só a paisagem agrícola deste
território, como tem libertado uma larga parte da mão-de-obra permanente associada a este sector.
Quadro 18 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Segundo as Fileiras e Evolução 1995-2000 e 2000-2005
1995 2000 2005 1995-2000 2000-2005 1995 2000 2005
Sector de Actividade
(n.º) (¨%) (%)
Agricultura 6.475 7.583 7.141 17,1 -5,8 16,4 14,5 11,9
Agro-indústria 2.909 2.707 3.107 -6,9 14,8 7,4 5,2 5,2
Turismo 2.993 4.127 4.500 37,9 9,0 7,6 7,9 7,5
Fileira
2 Foram consideradas as duas fontes, sendo que ambas apresentam vantagens e inconvenientes diferenciados. Relativamente ao RGP, este apresenta a desvantagem
dos seus valores se reportarem ao local de residência dos activos e não aos locais do emprego. Por outro lado, a informação mais actual remete para o ano 2001, o
que é manifestamente insuficiente no presente estudo. Tem contudo a vantagem de conseguir dar uma dimensão mais real da actividade agrícola e dos serviços
públicos, sectores que apresentam uma cobertura menos abrangente na informação do MTSS. Assim, no que diz respeito à informação disponível no MTSS, a sua
principal desvantagem é não permitir conhecer o universo de empregados e daí poder desvirtuar a leitura decorrente da estrutura sectorial. Porém, a utilização desta
última fonte é fundamental, pois permite conhecer com algum detalhe as características do emprego e das empresas a este associado e ter acesso a informação
actualizada.
No âmbito das dinâmicas positivas, cabe salientar o acréscimo sentido nos serviços de apoio ao sector produtivo, bem
como nos serviços colectivos, sociais e pessoais, sectores com pouco peso, mas cujo crescimento indicia o
aparecimento de novas actividades no “Espaço Alqueva”. As áreas do ambiente e inovação continuam a ser residuais,
quer pelo facto do emprego associado a estas actividades não ser fácil de identificar estatisticamente, quer pelo facto
de ser efectivamente reduzido no espaço em estudo.
Figura 15 - Pessoal ao Serviço nas Fileiras, no Espaço Alqueva, por Concelho, 2005
A comparação da estrutura do “Espaço Alqueva” com a Região NUTS II Alentejo evidencia a sua semelhança e mostra
ainda que o território em estudo representa cerca de 1/3 do emprego no Alentejo, embora nos domínios da agricultura e
da água, os valores sejam superiores. Todavia, o seu contributo para o emprego nacional é bastante diminuto (apenas
2,0% em 2005), com excepção da fileira agricultura, onde atinge os 13,7%.
Quadro 19 - Pessoal ao Serviço na NUTS II Alentejo, Segundo as Fileiras e Evolução 1995-2000 e 2000-2005
1995 2000 2005 1995-2000 2000-2005 1995 2000 2005
Sector de Actividade
(n.º) (¨%) (%)
Agricultura 15.050 17.946 17.718 19,2 -1,3 12,9 11,6 9,8
Agro-indústria 9.562 10.585 12.389 10,7 17,0 8,2 6,8 6,9
Turismo 7.303 10.209 11.451 39,8 12,2 6,3 6,6 6,3
Fileira
Assim, se olharmos para a estrutura do emprego do Continente, existem três aspectos que distinguem o “Espaço
Alqueva”: maior peso da agricultura, o reduzido peso dos sectores industriais, nomeadamente dos sectores intensivos
em trabalho e a fraqueza dos serviços de apoio ao sector produtivo, que no Continente registam valores francamente
superiores ao do espaço em estudo.
Quadro 20 - Peso do Pessoal ao Serviço e Estabelecimentos do Espaço Alqueva no Total da NUTS II Alentejo e do Continente, 1995,
2000 e 2005
Alentejo Continente
Pessoal ao Estabelecimentos Pessoal ao Estabelecimentos
Sector de Actividade
Serviço (%) (%) Serviço (%) (%)
1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005
Agricultura 43,0 42,3 40,3 50,1 48,2 46,6 19,3 18,9 13,7 23,9 21,8 12,7
Agro-indústria 30,4 25,6 25,1 40,9 40,9 39,1 3,3 3,2 3,3 5,4 5,8 5,4
Turismo 41,0 40,4 39,3 37,8 39,0 38,6 2,2 2,4 2,2 2,8 3,2 3,0
Fileira
Energia 34,0 31,2 33,9 39,0 40,0 47,2 3,0 2,4 2,8 5,5 4,2 4,2
Água 0,0 14,3 59,3 0,0 40,0 46,7 0,0 0,5 4,6 0,0 2,7 3,6
Ambiente 0,0 0,0 13,1 0,0 0,0 23,5 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 1,6
Inovação 36,0 48,2 10,3 45,8 41,1 45,3 0,8 1,2 0,3 1,6 1,7 1,4
Total Fileiras 38,4 37,1 35,1 44,9 44,0 42,8 4,6 4,5 3,9 6,9 6,7 5,6
Primário (excepto fileira agricultura) 19,5 13,2 13,0 18,7 18,7 20,5 4,4 2,7 2,1 3,2 3,4 3,2
Ind. transformadora em sectores tradicionais* 24,1 19,7 18,6 30,0 28,4 33,2 0,4 0,3 0,3 0,8 0,8 0,8
Indústria transformadora nos restantes sectores (excepto agro-ind.) 23,7 26,1 21,9 31,9 31,6 30,6 0,9 1,2 1,1 1,5 1,7 1,6
Outras Actividades
A dinâmica do emprego está associada à dinâmica dos estabelecimentos, que é também de crescimento. A agricultura
regista 2.113 estabelecimentos, constituindo o segundo sector a seguir ao comércio, surgindo o turismo e a construção
com um peso similar em terceiro e quarto lugar. Contudo, em termos relativos, a fileira agricultura perdeu importância
no total, à semelhança do que aconteceu com os efectivos.
Quadro 21 - Estabelecimentos no Espaço Alqueva e na NUTS II Alentejo, Segundo as Fileiras, 1995, 2000, 2005
Espaço Alqueva Alentejo
Sector de Actividade 1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005
(n.º) (%) (n.º) (%)
Agricultura 1.550 1.876 2.113 23,4 20,1 18,6 3.095 3.890 4.533 18,5 15,9 15,3
Agro-indústria 282 332 402 4,3 3,6 3,5 689 812 1.029 4,1 3,3 3,5
Turismo 666 1.044 1.237 10,1 11,2 10,9 1.763 2.677 3.208 10,5 10,9 10,8
Fileira
Ind. Trans. em sectores tradicionais* 311 406 426 4,7 4,3 3,8 975 1.286 1.394 5,8 5,3 4,7
Elec.+Gás+Agua
Construção 341 880 1.089 5,2 9,4 9,6 1.117 2.668 3.183 6,7 10,9 10,7
2.161 2.747 3.103 32,7 29,4 27,4
Comércio (excepto activ. ligadas à fileira turismo) 5.493 7.372 8.360 32,8 30,1 28,2
Transportes e Comunicações 106 191 367 1,6 2,0 3,2 327 646 1.133 2,0 2,6 3,8
Serviços apoio ao sector produtivo 463 771 985 7,0 8,2 8,7 1.186 2.068 2.620 7,1 8,5 8,8
Administração Pública, Defesa e Seg. Social 303 506 780 4,6 5,4 6,9 772 1.183 1.768 4,6 4,8 6,0
Serviços colectivos, sociais e pessoais 209 332 539 3,2 3,6 4,8 484 816 1.339 2,9 3,3 4,5
Total Outras Actividades 4.072 6.052 7.530 61,6 64,7 66,4 11.070 16.956 20.728 66,2 69,3 69,9
Total 6.613 9.351 11.344 100,0 100,0 100,0 16.730 24.456 29.641 100,0 100,0 100,0
* fileira Têxtil, vestuário e calçado, madeira e mobiliário
Fonte: MTSS, vários anos
Outra característica da actividade económica do “Espaço Alqueva” é a reduzida dimensão média dos estabelecimentos,
inferior ao valor médio do Continente. Em 2005, a dimensão média no território em estudo era de 5,3 pessoas,
enquanto no Alentejo e no Continente os valores eram de 6,1 e 7,8 pessoas, respectivamente. De realçar a
reduzidíssima dimensão média nas fileiras agricultura e turismo, sendo que, no último caso, os novos projectos em
curso ou em perspectiva, introduzirão uma ruptura na estrutura existente.
Quadro 22 – Dimensão Média dos Estabelecimentos no Espaço Alqueva, NUTS II Alentejo e Continente, 1995, 2000 e 2005
Espaço Alqueva Alentejo Continente
Sector de Actividade 1995 2000 2005 1995 2000 2005 1995 2000 2005
(n.º)
Agricultura 4,2 4,0 3,4 4,9 4,6 3,9 5,2 4,7 3,2
Agro-indústria 10,3 8,2 7,7 13,9 13,0 12,0 16,9 14,7 12,6
Turismo 4,5 4,0 3,6 4,1 3,8 3,6 5,6 5,3 5,1
Fileira
Energia 15,0 14,6 14,1 17,2 18,7 19,7 27,7 25,5 21,6
Água 5,5 23,7 14,0 15,4 18,7 32,7 27,7 18,7
Ambiente 5,0 67,0 7,8 9,0 12,7 10,6 9,0
Inovação 4,1 7,7 2,2 5,2 6,6 9,9 8,5 11,1 9,6
Total Fileiras 5,1 4,5 4,0 5,9 5,4 4,9 7,6 6,7 5,8
Primário (excepto fileira agricultura) 16,0 7,7 5,0 15,3 10,9 8,0 11,6 9,6 7,7
Ind. transformadora em sectores tradicionais* 12,1 7,4 5,9 15,1 10,7 10,6 25,0 19,4 17,0
Indústria transformadora nos restantes sectores
11,6 12,1 10,7 15,6 14,7 14,9 19,0 17,2 15,1
Outras Actividades
(excepto agro-ind.)
Elec.+Gás+Agua (incluída nas fileiras)
Construção 7,4 7,4 6,8 8,2 7,3 7,0 9,4 7,5 7,6
Comércio (excepto activ. ligadas à fileira turismo) 4,5 4,4 4,2 4,6 4,5 4,4 5,6 5,4 5,1
Transportes e Comunicações 15,7 8,4 5,5 14,0 9,0 6,7 19,9 13,8 9,5
Serviços apoio ao sector produtivo 6,3 5,3 5,2 6,2 5,3 5,7 10,5 9,2 9,3
Administração Pública, Defesa e Seg. Social 10,1 10,2 11,3 10,2 10,6 11,4 10,8 10,5 10,9
Serviços colectivos, sociais e pessoais 3,6 4,3 4,9 4,2 4,2 4,4 6,6 6,1 5,6
Total Outras Actividades 6,5 6,2 6,0 7,5 6,7 6,6 10,6 9,0 8,3
Total 6,0 5,6 5,3 6,9 6,3 6,1 10,1 8,7 7,8
* fileira Têxtil, vestuário e calçado, madeira e mobiliário
Fonte: MTSS, vários anos
Uma análise das pessoas ao serviço segundo a composição do capital social permite verificar que os activos
se encontram maioritariamente em empresas com um capital social inferior a €50.000, designadamente nas
fileiras inovação (95,5% em 2005), agricultura (63,4% em 2005) e turismo (59,8% em 2005). A agro-indústria
apresenta uma estrutura organizacional predominante diferente, em que as empresas com capital social
superior a €250.000 empregavam 46,9% das pessoas ao serviço em 2005, subindo esse valor para 67,3% se
consideramos as empresas com mais de €50.000. Entre 1995 e 2005, verifica-se uma diminuição clara das
pessoas ao serviço em empresas com um capital social inferior a €5.000 em todas as fileiras e actividades
analisadas.
Quadro 23 – Pessoal ao Serviço por Actividade Económica do Estabelecimento Segundo a Composição do Capital Social (103€) no
Espaço Alqueva, Segundo as Fileiras, 1995, 2000, 2005*
1995 2000 2005
Sector de Actividade 50- 250- 50- 250- 50- 250-
<5 5-50 <5 5-50 <5 5-50
250 5.000 5.000 250 5.000 5.000 250 5.000 5.000
Agricultura 45,3 15,6 20,4 18,7 0,0 40,9 25,0 15,7 18,3 0,0 0,7 62,7 19,7 15,7 1,2
Agro-indústria 24,4 20,7 10,7 44,3 0,0 17,4 27,2 11,7 42,5 1,2 0,3 32,4 20,4 24,7 22,2
Turismo 43,8 22,5 12,1 21,6 0,0 44,8 14,3 21,1 19,8 0,0 0,1 59,7 14,7 13,8 11,7
Fileira
Energia 0,2 0,0 0,0 0,0 99,8 0,0 0,0 0,0 99,4 0,6 0,0 0,4 0,0 2,2 97,4
Água 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 0,0 33,1 65,7
Ambiente 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 20,0 80,0 0,0 0,0
Inovação 39,4 6,1 6,1 48,5 0,0 28,2 7,6 0,0 64,1 0,0 0,0 95,5 1,5 3,0 0,0
Total Fileiras 34,8 17,7 13,9 26,9 6,7 34,2 21,2 15,3 28,9 0,3 0,4 51,3 17,5 17,4 13,4
Primário (excepto fileira agricultura) 3,7 6,4 16,5 34,2 39,2 10,5 11,4 27,6 50,6 0,0 0,0 23,9 20,1 54,1 1,9
Ind. Trans. em sect. tradicionais (fileira têxtil,
vestuário e calçado, madeira e mobiliário) 18,0 13,5 5,3 63,1 0,0 21,3 26,8 8,5 43,4 0,0 0,3 43,3 26,5 29,9 0,0
Outras Actividades
Ind. Trans. em sectores tradicionais** 12,9 14,7 14,6 57,3 0,5 15,4 44,0 15,6 25,0 0,0 0,4 59,7 10,5 14,3 15,1
Elec.+Gás+Agua
Construção 21,5 40,2 22,1 13,3 2,8 20,9 32,6 22,8 16,7 7,1 0,0 56,8 21,8 12,2 9,2
Comércio (excepto activ. ligadas à fileira turismo) 29,8 27,8 20,6 21,8 0,0 26,1 31,0 24,1 18,9 0,0 1,1 47,3 25,7 16,4 9,5
Transportes e Comunicações 1,2 3,5 8,8 14,1 72,3 3,1 12,3 10,5 16,9 57,3 0,1 15,0 23,1 10,6 51,3
Serviços apoio ao sector produtivo 11,9 9,8 11,7 23,0 43,7 24,0 13,0 13,5 24,8 24,7 0,0 38,9 20,5 12,6 28,1
Administração Pública, Defesa e Seg. Social 50,5 30,1 6,7 12,7 0,0 50,1 28,1 8,9 12,9 0,0 7,2 51,3 23,4 16,3 1,8
Serviços colectivos, sociais e pessoais 26,1 5,9 14,6 47,4 5,9 14,6 23,9 5,0 54,1 2,5 7,5 28,4 21,5 39,9 2,8
Total Outras Actividades 20,5 20,6 16,0 29,1 13,8 22,5 29,0 18,6 22,1 7,9 1,3 46,6 21,7 16,1 14,3
* exclui as empresas com capital social ignorado
** fileira Têxtil, vestuário e calçado, madeira e mobiliário
Fonte: MTSS, vários anos
No que concerne à dimensão económica dos estabelecimentos, tomando como base a informação relativa ao
volume de vendas, verificamos que o comércio representa cerca de 50% (50,2% em 2001 e 48,1% em 2005,
contra os 39,6% e 36,8%, em 2005, no Alentejo e no Continente, respectivamente) do volume de vendas das
sociedades com sede no “Espaço Alqueva”. A segunda actividade mais relevante é a indústria
transformadora, enquanto o sector primário (uma das fileiras principais em matéria de emprego e unidades
em funcionamento), como vimos anteriormente, apenas contribui com 7,9% das vendas realizadas em 2005
neste território.
Contudo, é de assinalar que, entre 2001 e 2005, a fileira agricultura conquistou reduzidos pontos percentuais,
passando de 6,4% para 7,9%. Outra fileira que regista crescimento nas vendas efectuadas pelas sociedades
do “Espaço Alqueva” é o turismo, acompanhando a dinâmica dos estabelecimentos e das pessoas ao serviço.
Também as actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados as empresas, registam um ligeiro reforço
do seu peso.
Quadro 24 - Volume de Vendas nas Sociedades com Sede no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, segundo a CAE-
Rev.23, 2001 e 2005
Continent Espaço Espaço Espaço
Alentejo Continente Alentejo Alentejo/Continente
Sector de Actividade e Alqueva Alqueva Alqueva/Alentejo
2001 2005 2001 2005 2001 2005
A+B 0,8 5,1 6,4 0,9 6,3 7,9 23,2 26,6 33,3 31,8
C 0,4 2,0 0,9 0,4 2,9 0,7 16,5 32,3 11,9 5,8
D 24,0 34,2 27,9 23,0 29,3 22,5 5,1 5,1 21,6 19,4
E 3,2 0,4 0,0 2,8 0,5 0,0 0,4 0,7 0,0 0,0
F 8,1 4,7 5,6 9,7 6,0 7,0 2,1 2,5 31,2 29,3
G 37,7 44,1 50,2 36,8 39,6 48,1 4,2 4,3 30,2 30,6
H 1,7 1,7 2,6 1,9 1,8 3,1 3,5 3,8 40,8 42,1
I 6,7 3,1 1,4 7,7 4,1 2,0 1,6 2,1 12,0 12,5
J 9,1 1,1 0,1 4,9 0,1 0,0 0,4 0,1 3,1 9,1
K 6,5 2,5 2,9 8,9 6,7 4,5 1,4 3,0 31,5 17,0
LaQ 1,8 1,1 1,9 3,1 2,7 4,3 2,3 3,4 45,0 40,5
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 3,6 4,0 26,5 25,2
Fonte: INE, vários anos
Um dado relevante das mudanças em curso no “Espaço Alqueva” é a evolução do número de sociedades constituídas.
No ano de 2001, constituíram-se mais de 950 sociedades, valor que decresceu abruptamente para 567 em 2005, sendo
os sectores da construção civil, comércio por grosso e transportes, onde mais se fez sentir essa quebra num curto
período de tempo. No conjunto do Alentejo, as quebras não foram tão acentuadas.
Quadro 25 - Sociedades Constituídas no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, Segundo a CAE-REV.2, 2001 e 2005
Continent Espaço Espaço Espaço Espaço
Sector de Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo
e Alqueva Alqueva Alqueva Alqueva
Actividade
2001 (n.º) 2005 (n.º) 2001 (%) 2005 (%)
A+B 862 180 100 480 132 76 1,9 11,2 10,5 1,9 9,3 13,4
C 103 6 5 28 0 0 0,2 0,4 0,5 0,1 0,0 0,0
D 6.180 113 70 2.127 95 33 13,4 7,0 7,3 8,4 6,7 5,8
E 54 2 1 40 3 0 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,0
F 10.422 209 128 3.266 156 58 22,6 13,0 13,4 12,8 10,9 10,2
G 10.098 328 208 6.952 381 142 21,9 20,3 21,8 27,3 26,7 25,0
H 2.582 131 78 2.270 138 51 5,6 8,1 8,2 8,9 9,7 9,0
I 5.255 334 173 915 74 27 11,4 20,7 18,1 3,6 5,2 4,8
J 174 6 2 148 8 3 0,4 0,4 0,2 0,6 0,6 0,5
K 7.492 200 134 6.476 287 117 16,2 12,4 14,0 25,4 20,1 20,6
LaQ 2.930 104 55 2.764 152 59 6,3 6,4 5,8 10,9 10,7 10,4
Total 46.152 1.613 954 25.470 1.427 567 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: INE, vários anos
A debilidade da base industrial explica que as exportações do “Espaço Alqueva” fossem, em 2006, inferiores a 1% do
total nacional, assim como as importações, o que se prende igualmente com a baixa densidade demográfica e a restrita
procura de bens e serviços. Contudo, a taxa de cobertura apresenta valores favoráveis, nomeadamente para o
comércio extracomunitário. As componentes eléctricas, os mármores (no triângulo, destacando-se Vila Viçosa) e a
componente extractiva muito contribuem para explicar esta dinâmica, mas também os produtos alimentares, são
produtos de exportação. Essa é aliás uma das perspectivas associadas ao desenvolvimento das fileiras agricultura e
agro-indústria. Outro aspecto a salientar é que a estrutura das exportações do “Espaço Alqueva” difere
consideravelmente da nacional, onde o têxtil, vestuário e calçado (embora em perda) ainda são importantes,
acompanhados por um crescimento do equipamento e componentes associados à indústria automóvel.
3A+B - Agricultura, Prod. Animal, Caça, Silvicultura, Pesca; C - Ind. Extractiva; D - Ind. Transformadora; E - Indústrias transformadoras; F – Construção; G – Comércio
por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico; H - Alojamento e restauração (restaurantes e similares); I -
Transportes, armazenagem e comunicações; J - Actividades financeiras; K - Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas; L a Q -
Administração Pública, defesa e segurança social "obrigatória", Educação, Saúde e acção social, Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais,
Famílias com empregados domésticos, Organismos Internacionais e outras Instituições extraterritoriais.
Quadro 26 - Taxa de Cobertura das Exportações no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, 1995, 2001, 2006
1995 2001 2006
Taxa de Cobertura Espaço Espaço Espaço
Continente Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo
Alqueva Alqueva Alqueva
Intracomunitária N. D 193,5 67,8 66,2 146,6 100,6 66,6 92,0 105,8
Extracomunitária N. D 141,7 92,8 49,4 220,6 261,0 59,3 179,7 580,1
Total N. D 176,1 71,6 62,0 160,3 126,9 64,8 99,9 147,4
Fonte: INE, vários anos
Como foi referido no ponto metodológico, a fileira inovação é considerada de uma forma transversal, não só pelo seu
âmbito de intervenção, mas também pela dificuldade da sua individualização em termos estatísticos. No que diz
respeito às actividades consideradas, o número de pessoas ao serviço surge fundamentalmente associado aos centros
tecnológicos, às empresas de produção de software e de serviços com incorporação de conhecimento, bem como aos
estabelecimentos de ensino superior e respectivos centros de investigação. Embora de peso reduzido, a sua
importância tem vindo a aumentar, passando de 0,1% para 0,4% entre 1995 e 2005.
Para além do emprego associado às actividades anteriormente referidas, surgem outros indicadores de natureza
diversa que mostram uma evolução positiva mas insuficiente para mudar o reposicionamento da fileira no “Espaço
Alqueva” face à média nacional.
Em primeiro lugar, refira-se a baixa representatividade do emprego em actividades TIC na estrutura das actividades do
Alentejo (cerca de metade do Continente) e do “Espaço Alqueva” em particular (apenas Elvas, Estremoz, Évora,
Aljustrel e Moura, ultrapassam a média alentejana de 1,7%). Neste domínio, cabe referir a relevância dos projectos
enquadrados no Programa das Cidades e Regiões Digitais, que envolvem vários actores/entidades da Região,
nomeadamente nas autarquias e nas associações empresariais. A montagem das plataformas e da estrutura de
informação para a montagem do SIG tem associado emprego qualificado em novas áreas.
Quadro 27 - Proporção de Emprego nos Sectores Intensivos em Conhecimento na NUTS II Alentejo e no Continente, 2002 e 2005
Concelhos com Valores Percentuais
Continente (%) Alentejo (%)
Proporção de emprego Superiores à Média do Alentejo
2002 2005 2002 2005 2005
Serviços intensivos em conhecimento no total dos Moura, Évora, Reguengos, Grândola,
39 42 28 31
serviços Alvito, Beja, Santiago do Cacém
Actividades TIC 3,5 3,2 1,5 1,7 Elvas, Évora, Aljustrel, Moura
Elvas, Évora, Viana do Alentejo,
Indústria transformadora (média e alta tecnologia) 17 18 23 20
Aljustrel
Fonte: INE, vários anos
Por outro lado, apenas em sete concelhos a proporção do emprego dos serviços intensivos em conhecimento (no total
dos serviços) ultrapassa a média da Região do Alentejo: Moura, Évora, Reguengos de Monsaraz, Grândola, Alvito, Beja
e Santiago do Cacém, mas apenas nos três últimos é que os valores rondam a média nacional.
Por outro lado, quando procuramos os concelhos onde a proporção de emprego na indústria transformadora de média e
alta tecnologia é superior à média alentejana, surgem apenas Elvas, Évora, Viana do Alentejo e Aljustrel. Naturalmente
que estes valores traduzem o fraco desenvolvimento tecnológico da estrutura industrial, assim como a escassez de
serviços intensivos em conhecimento.
No que diz respeito ao ambiente, tal como foi referido, a transversalidade desta fileira dificulta a sua individualização
estatística, mas a sua diversidade não pode deixar de ser aflorada. Em primeiro lugar, importa referir a questão da
cobertura regional de redes de infra-estruturas de abastecimento de água (89%) e saneamento (84%), que apresenta
valores significativos, embora com maior atraso no que se refere ao tratamento dos efluentes domésticos (75%).
Importa assim completar as redes e, sobretudo, requalificá-las assegurando o seu funcionamento eficiente. Esta
expansão/consolidação terá associada a criação de postos de trabalho com níveis de qualificação mais elevado,
associado à realização de controlos da qualidade da água.
Outra vertente é a que se associa aos RSU. A recolha de lixo na Região apresenta uma cobertura muito próxima dos
100% embora, essencialmente, depositados em lixeiras. Contudo, está em curso um conjunto de acções e intervenções
visando uma actuação integrada no que respeita à recolha, recuperação, reciclagem, deposição e erradicação das
actuais lixeiras no contexto de uma rede de aterros sanitários, o que perspectiva a necessidade de postos de trabalho
qualificados.
Outra área igualmente em expansão é a do tratamento de resíduos, desde os agrícolas, onde se incluem os plásticos
provenientes das estufas e das culturas, sacas de adubos e outros resíduos (ex. Empresa como a RESIAGRO), até às
actividades ligadas ao tratamento de resíduos hospitalares, ao desmantelamento de veículos em fim de vida ou à
eliminação de carcaças de animais (ex: Parque Ambiental da AMALGA ou Parque de Resíduos Recicláveis da AMCAL).
Uma outra dimensão do ambiente é a que se relaciona com a sua protecção enquanto património comum. Neste
contexto, destacam-se as Áreas Protegidas existentes - Parque Natural do Vale do Guadiana e Refúgio Ornitológico do
Monte do Roncão (Mértola e Serpa), que têm como objectivos fundamentais a preservação e valorização das paisagens
e que são igualmente geradores de emprego, altamente qualificado ou de qualificação intermédia.
O Alentejo abrange, ainda, importantes valores enquadrados na Rede Natura 2000, nomeadamente Zonas de
Protecção Especial para a conservação das aves selvagens, referindo-se Mourão/Barrancos (82.667,48 ha), Castro
Verde (79.066,15 ha) e Vale do Guadiana (76.578,14 ha). Neste contexto, é de destacar o Parque de Natureza de
Noudar, que surge na sequência da aquisição da Herdade da Coitadinha pela EDIA em 1997.
Mas a análise da fileira não pode, de forma alguma, reduzir-se à dimensão estatística disponível, uma vez que apenas é
considerado o emprego ligado ao sistema de captação, tratamento e abastecimento público de água, não se abarcando
outras valências de igual importância, como as valências agrícola e energética associada à produção hidroeléctrica,
sendo que, nestes dois casos, a avaliação estatística do emprego fica aquém da realidade e remete claramente para as
fileiras agricultura e energia.
Vejamos então alguns elementos complementares que permitem conhecer melhor a dinâmica da fileira e as suas
relações com as restantes no “Espaço Alqueva”. No que diz respeito à captação, tratamento e distribuição da água, as
mudanças vão operar-se do lado da procura (uma vez que o regadio, irá acrescer essa procura para fins agrícolas) e do
lado da oferta onde, para além do alargamento da rede, se procuram minimizar as perdas de água e melhorar a sua
qualidade. Isso terá necessariamente implicações no tipo de serviço prestado e no emprego associado.
Neste momento, o sistema de abastecimento público de água a partir do Alqueva está praticamente concluído e prevê-
se que, em 2010, a água da albufeira abasteça dois terços dos habitantes dos distritos de Beja e Évora. Ainda este ano,
a partir da Albufeira do Alvito, a água chegará com qualidade aos concelhos de Alvito, Cuba, Vidigueira, Portel e Viana
do Alentejo. Em 2009, a ligação ao Enxoé permitirá abastecer as populações de Serpa e Mértola, ao mesmo tempo que
a Albufeira do Roxo abastecerá os concelhos de Beja e Aljustrel com melhor qualidade. Por outro lado, a Albufeira do
Monte Novo permitirá o abastecimento de Évora, Reguengos (que deixará de ser abastecido pela Barragem da Vigia,
que ficará apenas a abastecer Redondo) e Mourão. Refira-se que o Alqueva, com as comportas encerradas desde
2002, armazenará 4.150 hectómetros cúbicos de água à cota máxima (152), tornando-se assim o maior lago artificial da
Europa, com uma área de 250km2 e cerca de 1.100 km de margens.
Quanto à barragem, esta está actualmente a 77,6% da sua cota máxima. A manutenção das infra-estruturas (barragens
e estações elevatórias, entre outras) é uma área a considerar em termos de geração de uma nova procura de recursos
humanos.
No que toca à valência agrícola, a actual área de regadio ronda os 8.800 ha (5.820 ha em Ferreira do Alentejo, 591 ha
em Mourão – Aldeia da Luz e 2.400 ha no Aproveitamento Hidroagrícola do Monte Novo em Évora), uma pequena parte
dos 110.000 ha previstos com a conclusão de todas as infra-estruturas de regadio até 2013. Até 2009, a EDIA conta
alcançar a meta de 53.187 ha. Para isso, terão de ser concluídos cinco blocos de rega (dois do Monte Novo, o de
Alvito/Pisão, o de Pisão e o de Alfundão) e parte dos blocos do Pisão/Roxo e Ardila, assim como as ligações entre as
albufeiras e outras infra-estruturas, como as barragens da Amoreira, Brinches e Serpa.
No que diz respeito à vertente da energia hidroeléctrica, para além da produção das centrais do Alqueva e Pedrogão
(concessionadas à EDP), prevê-se a instalação de sete pequenas centrais hidroeléctricas: Pisão (concluída), Alvito,
Odivelas, Serpa (as três, em fase de concurso para a construção), Vale do Gaio, Roxo e uma central reversível na
Estação Elevatória dos Álamos. Neste caso, a relação entre as fileiras da água e da energia é evidente, traduzindo-se
num acréscimo de emprego associado a estas infra-estruturas
Para além dos postos de trabalho que poderão surgir nesta vertente, não podem igualmente deixar de ser considerados
os postos de trabalho gerados indirectamente nos sectores da construção civil, ligados às obras em curso ou a
desenvolver até 2015 (montante), bem como outros sectores dos quais destacamos as auditorias ambientais, o controlo
de qualidade, a monitorização ambiental e a segurança (jusante).
1.2.3.2. Energia
Em 1992, foi adoptada em Nova Iorque a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as alterações climáticas.
Todavia, como nem todos os países cumpriram os objectivos de estabilização da concentração de gases com efeito de
estufa, foi negociado e aprovado, em 1997, o Protocolo de Quioto que estabeleceu as medidas de restrição das
emissões para os anos posteriores a 2000, a pôr em prática pelos países industrializados. O Protocolo de Quioto definiu
assim, o regime mundial de combate às mudanças climáticas resultantes do aquecimento global. O móbil mundial
passou então a ser produzir os mesmos quantitativos de energia, mas utilizando tecnologias limpas. Os custos
ambientais e sociais do aquecimento global passaram a ser incorporados na denominada Economia do Carbono.
Portugal, tendo em conta as previsões de um excesso de emissões de 22 milhões de toneladas de CO2 equivalente em
2010, incorporaria um custo na Economia do Carbono correspondente a um montante situado entre 0,3% e 0,5% do
PIB.
Com vista ao cumprimento do Protocolo de Quioto, a União Europeia aprovou, entre outras medidas, a criação da
directiva comunitária das energias renováveis, com o intuito de incrementar a utilização de electricidade produzida a
partir destas fontes. A directiva 2001/77/CE do Parlamento Europeu e do Conselho que diz respeito à promoção da
electricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis no mercado interno da electricidade considera, como
renováveis, as fontes não fósseis renováveis (energia eólica, solar, geotérmica, das ondas, das marés, hidráulica, de
biomassa, de gases de aterros, de gases das instalações de tratamento de lixos e do biogás).
Neste quadro de referência, o sistema nacional de produção de energia tem sido confrontado com os novos desafios
lançados pelo Protocolo de Quioto relativos às alterações climáticas. Foram delimitados valores de referência, com
metas indicativas nacionais, relativas à parte da electricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis no
consumo bruto de electricidade, para 2010. Portugal tem como valor de referência que 39% de Electricidade seja
produzida a partir de fontes de energia renováveis.
Entretanto, em 2005, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 169/2005 estabeleceu uma Estratégia Nacional para a
Energia que tem como principais objectivos: i) garantir a segurança do abastecimento de energia, através da
diversificação dos recursos primários e dos serviços energéticos e da promoção da eficiência energética na cadeia da
oferta e na procura de energia; ii) estimular e favorecer a concorrência, de forma a promover a defesa dos
consumidores, bem como a competitividade e a eficiência das empresas, quer as do sector da energia quer as demais
do tecido produtivo nacional; iii) garantir a adequação ambiental de todo o processo energético, reduzindo os impactes
ambientais às escalas local, regional e global, nomeadamente no que respeita à intensidade carbónica do PIB.
Para o cumprimento destes objectivos, o Governo apontou as seguintes linhas de orientação política: i) liberalização do
mercado da electricidade, do gás e dos combustíveis; ii) enquadramento estrutural da concorrência nos sectores da
electricidade e do gás natural; iii) reforço das energias renováveis.
Dentro da linha de orientação de reforço das energias renováveis, convém salientar a forte preocupação do Governo na
intensificação e diversificação do seu aproveitamento para a produção de electricidade, com especial enfoque na
energia eólica e no potencial hídrico ainda por explorar.
Neste contexto, é oportuno relevar que, apesar de o aproveitamento do potencial hídrico ter sido iniciado há já bastante
tempo, Portugal tem ainda hoje uma considerável margem de crescimento desta forma de produção de electricidade.
Com efeito, Portugal é actualmente um dos países onde o aproveitamento do potencial hídrico é mais baixo, estando
somente concretizados cerca de 65% do total possível, quando noutros países como a vizinha Espanha, França ou
Suiça, esses valores são, já hoje, na ordem dos 78%, 97% e 99% respectivamente. Isto significa que, para Portugal,
dos 18 TWh/ano que se conseguiriam produzir (caso todo o potencial ambientalmente viável fosse construído), apenas
11 TWh/ano está efectivamente a ser aproveitado. Uma maior exploração do potencial hídrico permite a optimização do
sistema electroprodutor português, nomeadamente: reduzindo custos de emissões, constituindo uma reserva importante
para a penetração de fontes de energia renovável intermitentes, como a eólica e reduzindo a dependência energética e
carbónica do exterior.
Convém também acentuar que a preocupação pelo incremento das energias renováveis resulta não só de aspectos
ambientais, mas também do facto de serem energias endógenas que permitirão reduzir a dependência energética do
país face ao exterior.
Nesse âmbito, importa ainda referir que se estima que Portugal, no ano 2000, tenha já ultrapassado as emissões de
carbono estabelecidas pelo Protocolo de Quioto para o ano de 2012. De facto, em 2000, as emissões tinham
aumentado 30,1% relativamente aos valores de 1990, quando o limite seria de 27% até 2012. Com efeito, é cada vez
mais premente a diversificação das fontes de energia, de forma a criar uma maior independência face às energias não
renováveis/fósseis. A aposta na produção hidroeléctrica deverá constituir um imperativo estratégico nacional, tanto
quanto em 2003 Portugal importava 85% da energia consumida e tinha dos piores níveis de eficiência energética entre
os 15 Estados Membros da União Europeia.
Neste enquadramento e alinhado com a Estratégia Nacional de Energia, o aproveitamento hidroeléctrico do Alqueva
constitui uma oportunidade para a diminuição da dependência energética e para a aproximação às metas estabelecidas
pelo protocolo de Quioto. Como principais impactes directos neste domínio, releve-se: i) o incremento da produção de
electricidade; ii) a redução de emissões atmosféricas de gases com efeito de estufa e redução do consumo de
combustíveis; iii) a contribuição para o aumento da quota das renováveis.
Tal como na fileira água, a informação estatística disponível para o período de análise também não permite a
individualização do emprego associado às diferentes fontes de produção de energia, mas reporta-se de uma forma
mais global à “Produção e distribuição de electricidade, de gás, de vapor e água quente”. Assim, olhando os valores
agregados, o registo é de decréscimo, o que se explica fundamentalmente pela reorganização e reestruturação do
sector da produção e distribuição do sector, através da automatização de centrais e a consequente libertação de mão-
de-obra. Estas mudanças explicam o decréscimo nos valores de emprego e nos estabelecimentos, verificado não só no
“Espaço Alqueva”, mas também no Alentejo e no Continente.
Quadro 30 - Pessoal ao Serviço e Estabelecimentos no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, Fileira Energia, 1995, 2000
e 2005
Unidade 1995 2000 2005 1995-2000 2000-2005 1995 2000 2005
CAE
Geográfica (n.º) (¨%) (%)
Espaço Alqueva Pessoal ao Serviço: 40 - Produção e 479 321 240 -33,0 -25,2 1,2 0,6 0,4
Alentejo distribuição de electricidade, de gás, de 1.410 1.030 708 -27,0 -31,3 1,2 0,7 0,4
Continente vapor e água quente 16.211 13.296 8.716 -18,0 -34,4 0,8 0,5 0,3
Espaço Alqueva Estabelecimentos: 40 - Produção e 32 22 17 -31,3 -22,7 0,5 0,2 0,2
Alentejo distribuição de electricidade, de gás, de 82 55 36 -32,9 -34,5 0,5 0,2 0,1
Continente vapor e água quente 585 522 403 -10,8 -22,8 0,3 0,2 0,1
Fonte: MTSS, vários anos
Os valores anteriores dizem respeito à produção, mas do lado do consumo também ocorreram mudanças. O consumo
para fins domésticos sofreu um ligeiro decréscimo em termos percentuais assim como a actividade industrial. Pelo
contrário, a agricultura registou acréscimos absolutos e relativos, facto que conjugado com o decréscimo do peso das
pessoas ao serviço, permite inferir a mecanização do sector.
Para além da informação sobre o emprego disponibilizada nas estatísticas, apresentam-se os três vectores de produção
com uma relação directa com o EFMA, vectores estes que se encontram em estruturação no “Espaço Alqueva”, mas
que traduzem a política de reorientação da produção para energias alternativas.
Os dois primeiros surgem claramente identificados no estudo de “Identificação e Localização de Centros de
Concentração Empresarial no “Espaço Alqueva” nas fileiras: agricultura/agro-indústria, água, ambiente, energia,
inovação e tecnologia e turismo” (CIDEC/NEMUS, Julho de 2006). Segundo este estudo, a fileira energia associada ao
EFMA deve-se “concentrar na exploração do potencial energético propiciado, directa ou indirectamente, pelo recurso
natural com o qual se relaciona directamente: a água” (pp.77). São por isso consideradas a energia solar, com as
Centrais Térmicas a Energia Solar, e a energia da água com a exploração das Centrais Mini-Hídricas (água),
associadas aos sete locais anteriormente apontados e identificados no “Estudo Sumário de Viabilidade de
Aproveitamentos Hidroeléctricos no Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva” (AQUALOGUS): Barragem do
Alvito; Barragem de Barras; Barragem de Odivelas; Barragem de Vale do Gaio; Barragem de Pisão; Barragem de Roxo;
Barragem de Serpa.
Quadro 31 - Consumo de Energia Eléctrica Segundo o Tipo de Consumo no Espaço Alqueva, na NUTS II Alentejo e no Continente, 1995,
2001 e 2006
Espaço Espaço Espaço
Continente Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo
Tipo de Consumo Alqueva Alqueva Alqueva
1995 (%) 2001 (%) 2006 (%)
Doméstico Normais 25,6 20,2 38,8 26,0 22,5 36,6 27,5 23,0 36,0
Dom. Nor. Peq. Consumidores 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Não Doméstico 18,4 11,7 21,5 21,9 14,8 22,9 22,5 16,0 22,7
Iluminação Int. Ed. Estado 3,9 3,5 7,8 4,4 4,5 8,3 5,2 5,2 9,1
Aquecimento c/ Contador Pp 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Indústria (Normal) 46,5 59,0 22,1 42,1 50,3 19,7 38,7 46,7 18,1
Indústria (Sazonal) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1
Tracção 1,1 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 1,1 0,8 1,8
Agricultura (Normal) 1,6 3,5 5,7 1,8 5,5 8,5 2,0 5,6 8,2
Agricultura (Sazonal) 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Iluminação Vias Públicas 2,7 2,1 4,0 2,7 2,5 3,9 3,0 2,8 4,1
Total (kWh) 28.543.551.944 1.788.577.828 519.818.916 39.413.536.451 2.315.447.612 797.364.129 46.987.489.795 2.793.700.854 1.000.139.754
Fonte: DGEG, vários anos
O mesmo estudo refere, não só as óptimas condições de insolação de todo o “Espaço Alqueva”, mas também a
importância da presença da água necessária ao arrefecimento das centrais, destacando-se nesse caso os concelhos
atravessados por adutores principais (Alcácer do Sal, Aljustrel, Alvito, Beja, Cuba, Évora, Ferreira do Alentejo, Moura,
Portel, Serpa e Vidigueira).
O terceiro diz respeito à energia produzida a partir dos biocombustíveis tendo por base culturas como o girassol, o trigo,
o milho e a colza. Entram aqui projectos como o instalado em Alvito (produção de energia a partir do bagaço de
azeitona), assim como a produção de biodiesel (cerca de 20 novos postos de trabalho) a partir de óleos alimentares
usados e a estação de vermicombustagem (mais 20 postos de trabalho).
Ainda no domínio da energia (e muito embora fora da área do Alqueva e não ligados à fileira água), importa referir
outros projectos que vêm reforçar a fileira num âmbito muito mais alargado do que o proporcionado pela “água”. São os
casos do Parque Eólico da Câmara Municipal de Almodôvar, assim como da Central Fotovoltaica da AMPER. Estes
projectos, reforçam a componente da produção energética a partir de recursos provenientes da Região e exigem
claramente recursos humanos com perfis específicos, constituindo mais um elemento a ter em conta na estrutura da
procura. Para além da relevância económica e ambiental, assinale-se que estas actividades, estando fora do “Espaço
Alqueva”, são “concorrenciais” na procura de recursos humanos qualificados relativamente às fileiras aqui estudadas.
1.2.3.3. Agricultura
A Região Alentejo - e o “Espaço Alqueva” em particular - continua a ser uma das principais regiões agrícolas do país.
Em 2002, a região detinha cerca de 55% da SAU de todo o território continental e sensivelmente 16% do VAB agrícola
nacional. No mesmo ano, as actividades agrícolas representariam cerca de 14% do VABpm regional (valor mais
elevado do Continente), com cerca de M€700, absorvendo perto de 14% do emprego do Alentejo.
A agricultura revela-se uma das fileiras fundamentais do “Espaço Alqueva”, onde se têm estado a verificar várias
mudanças na estrutura da actividade, nomeadamente após 2000, reflexo claro dos efeitos directos do empreendimento
do Alqueva. O mais evidente prende-se com o decréscimo das pessoas ao serviço na cerealicultura - mostrando o
declínio do sequeiro, bem como uma maior mecanização - e o aumento da vitivinicultura, olivicultura e a horticultura,
culturas associadas ao regadio. Com efeito, os sistemas extensivos de sequeiro, designadamente com base no
montado, estão a perder expressão no sistema agrícola alentejano em detrimento dos sistemas intensivos/super-
intensivos em regadio.
Quadro 32 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Agricultura, 1995, 2000 e 2005
1995- 2000-
1995 2000 2005 1995 2000 2005
CAE 2000 2005
(nº) (¨%) (%)
01111 – Cerealicultura 277 1.111 749 301,1 -32,6 0,7 2,1 1,2
Algumas actividades ligadas
0112=01120 – Horticultura, especialidades hortícolas e produtos de viveiro 11 34 106 209,1 211,8 0,0 0,1 0,2
01131 – Fruticultura 39 110 145 182,1 31,8 0,1 0,2 0,2
01132 – Vitivinicultura 131 256 567 95,4 121,5 0,3 0,5 0,9
01133 – Olivicultura 2 14 87 600,0 521,4 0,0 0,0 0,1
01134 – Culturas destinadas à preparação de bebidas e de especiarias 0 0 0 0 0 0 0 0
71310 – Aluguer de máquinas e equipamentos agrícolas 23 37 74 60,9 100,0 0,1 0,1 0,1
05020 – Aquacultura 0 0 7 0,0 0,0 0,0
01 - Total – Agricultura 6.475 7.583 7.141 17,1 -5,8 16,4 14,5 11,9
Fonte: MTSS, vários anos
Figura 18 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Agricultura, por Concelho, 2005
Estas alterações encontram reflexo em estratégias de produção agrícola – designadamente associadas ao olival – em
regiões onde foram construídas barragens com o aproveitamento das respectivas albufeiras para práticas agrícolas4.
Neste caso concreto, a implementação da albufeira está a permitir a reconversão de um sistema tradicional de sequeiro
para um sistema intensivo, com reflexos na produtividade e nos rendimentos médios regionais. O quadro seguinte
ilustra as produtividades e os rendimentos médios regionais dos três sistemas.
O padrão de emprego no “Espaço Alqueva” encontra-se em consonância com as mudanças nas áreas de cultura e na
extensão das áreas de regadio, igualmente associadas ao EFMA. Em Beja, Ferreira do Alentejo e Cuba cerca de 1/3 da
área agrícola é de regadio, enquanto em Serpa e Vidigueira, a área de regadio na área total agrícola oscila entre os
25%-28%. No conjunto deste território, esse valor é de 3,2%. São notórios os efeitos do aproveitamento hidro-agrícola
do Alqueva, que têm permitindo repensar as culturas de regadio a implementar na região.
Quadro 34 - Importância do Regadio na SAU e na Área Total na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho, 1999 e 2005
Explorações Regadio na Regadio na
Explorações Concelho Regadio
com SAU Área Agrícola Área Total do
Unidade Geográfica Área Total (ha) Área Total (ha) Área Total (ha)
Área Total (ha) (%) Concelho (%)
1999 2005
Alentejo 2.510.587 2.144.248 3.155.177 _ _ _
Espaço Alqueva 1.148.879 1.034.571 14.136 118.084 11,41 8,35
Alcácer do Sal 114.472 90.437 146.513 938 1,04 0,64
Grândola 55.836 44.973 80.768 0,00 0,00
Santiago do Cacém 78.533 69.495 105.977 13 0,02 0,01
Elvas 60.054 57.486 63.128 0,00 0,00
Alandroal 44.604 42.026 54.274 0,00 0,00
Évora 117.731 108.762 130.704 7.365 6,77 5,64
Mourão 28.119 27.484 27.858 585 2,13 2,10
Portel 48.087 38.835 60.122 1.245 3,21 2,07
Redondo 30.021 27.325 36.950 0,00 0,00
Reguengos de Monsaraz 40.544 38.165 46.378 0,00 0,00
Viana do Alentejo 36.123 34.182 39.364 0,00 0,00
Aljustrel 41.788 39.141 45.830 6.123 15,64 13,36
Alvito 16.607 15.615 26.482 2.795 17,90 10,55
Barrancos 14.410 13.893 16.839 0,00 0,00
Beja 97.291 90.764 114.714 36.658 40,39 31,96
Cuba 14.080 13.428 17.207 4.372 32,56 25,41
Ferreira do Alentejo 51.250 48.587 64.839 18.162 37,38 28,01
Mértola 93.737 80.865 129.287 0,00 0,00
Moura 76.973 69.118 95.847 7.141 10,33 7,45
Serpa 88.619 83.990 110.564 24.775 29,50 22,41
Vidigueira 31.158 28.401 31.596 7.912 27,86 25,04
Fonte: INE e DRAPA, vários anos
A acompanhar o crescimento do regadio, verifica-se um aumento do olival (10,9% entre 2000 e 2006), com maior
expressão em Beja, Ferreira do Alentejo e Serpa. A vinha é outra cultura que se tem reforçado no “Espaço Alqueva”,
4 A nível internacional, verifica-se uma tendência para a intensificação produtiva, sobretudo nas explorações de média e grande dimensão (produção intensiva e super-
intensiva), em zonas facilmente mecanizáveis. Com efeito, visando a optimização dos terrenos disponíveis e a mecanização da cultura, esta passou a ser instalada em
sistema super-intensivo, o que permitiu aumentar o número de árvores para cerca de 2.000/ha.
Este processo de intensificação é o resultado de uma procura crescente do azeite e da azeitona, mas também da tendência generalizada no sector agrícola para a
mecanização, especialização e optimização dos investimentos, que se está a reflectir no “Espaço Alqueva”, de modo evidente no caso da olivicultura.
sendo que a uva de mesa regista um crescimento de 36,6% e a uva de vinho um aumento de 30,1% em igual período.
A análise do quadro seguinte permite verificar que, em conjunto, o olival e a vinha representariam, em 2006, cerca de
97,6% da área ocupada pelas culturas permanentes.
Quadro 35 - Principais Culturas Permanentes no Espaço Alqueva , 2000 e 2006 e Taxa de Variação da Área Ocupada, 2000-2006
Unidade Geográfica Ano Maçã Pêra Pêssego Laranja Amêndoa Olival Uva de Mesa Uva de Vinho
2000 409,7 139,4 231,5 1.444,0 622,0 80.953,0 492,5 11.143,0
Espaço Alqueva 2006 374,7 192,0 263,0 1.392,5 421,0 89.788,0 672,8 14.500,0
-8,5 37,7 13,6 -3,6 -32,3 10,9 36,6 30,1
Resto do Alentejo (¨%) -5,2 -17,6 -51,3 -8,9 6,7 -2,4 -68,9 37,0
Alentejo sem Lezíria -7,8 16,2 -28,1 -5,2 -30,5 5,0 -0,4 32,3
Fonte: DRAPA, vários anos.
Segundo informação disponibilizada pela DRAPA, a área de olival continuou a crescer, tendo atingindo em 31.12.2007,
um total de 92.286 ha. Uma análise intra-concelhia permite verificar que os concelhos de Moura e de Serpa detinham
mais de 40% do total existente no “Espaço Alqueva”. Mas, mais do que a área total, a análise das intenções para
plantação conhecidas pela DRAPA permite retirar algumas conclusões interessantes:
Ê em primeiro lugar, cerca de 87% da área de olival a plantar em todo o Alentejo encontra-se no “Espaço
Alqueva”, um sinal evidente da relevância desta cultura para o desenvolvimento agrícola regional, claramente
associado ao projecto EFMA e à sua importância para o regadio;
Ê em segundo lugar, releve-se a concentração dos investimentos previstos no Eixo Ferreira do Alentejo-Beja-
Moura. Esta concentração encontra-se profundamente associada à disponibilidade de terrenos agrícolas, mas
sobretudo à localização/enquadramento destes concelhos no contexto da albufeira gerada pelo EFMA e da
proximidade à água que permite o regadio. Estas intenções enquadram-se no esquema de localizações
preferenciais apontado pelo Estudo de “Identificação e Localização de Centros de Concentração Empresarial
no “Espaço Alqueva” nas Fileiras: Agricultura/agro-indústria, água, ambiente, energia, inovação e tecnologia e
turismo” (2006), para a fileira agro-indústria, que destaca o eixo Ferreira do Alentejo-Beja, surgindo Moura
como uma extensão “natural” desse mesmo eixo (pág. 53);
Ê por fim, em terceiro lugar, importa destacar o caso de Ferreira do Alentejo. A área prevista para plantação é
muito próxima da área presentemente plantada, correspondendo a cerca de 27% de todo o cultivo no “Espaço
Alqueva”.
Quadro 36 - Área de Olival na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho, 2007
Intenção de
Unidade Geográfica Olival Total (ha)
Plantar (ha)
Alentejo 153.646,60 16.116,73
Espaço Alqueva 92.285,70 14.015,34
Alcácer do Sal 2.848,72 57,53
Grândola 760,07 62,79
Santiago do Cacém 2.195,76 85,09
Elvas 4.984,76 1.068,67
Alandroal 2.751,24 70,89
Évora 3.771,40 570,39
Mourão 1.934,21 1.007,89
Portel 3.911,49 613,50
Redondo 2.546,13 188,52
Reguengos Monsaraz 2.298,39 859,84
Viana do Alentejo 1.053,85 139,68
Aljustrel 1.303,38 892,61
Alvito 1.438,06 68,45
Barrancos 910,30 0,00
Beja 8.923,13 1.595,60
Cuba 941,58 400,91
Ferreira do Alentejo 4.792,85 3.742,24
Mértola 849,13 28,13
Moura 17.537,46 1.490,61
Serpa 22.333,78 856,96
Vidigueira 4.200,01 215,04
Fonte: DRAPA, 2008
As mudanças nas culturas foram acompanhadas por alterações na estrutura de comercialização e distribuição. Na
cultura do olival e da produção de azeite, o capital espanhol tem assumido grande expressão. Não existindo informação
estatística objectiva, os vários actores públicos e privados - entre os quais empresários espanhóis - entrevistados pela
Equipa estimam que cerca de 50% do novo olival foi comprado por empresas espanholas. Os efeitos deste investimento
estrangeiro são encarados sob duas perspectivas distintas: a positiva, realçando o “know how” trazido para as práticas
de produção, em particular pela introdução de novas tecnologias aplicadas ao sector do olival - que proporcionam uma
maior rapidez em todo o processo de cultivo - e pela visão mais empresarial do investimento, para além dos aspectos
benéficos no mercado de trabalho regional e no efeito de arrastamento para o investimento dos produtores nacionais -
incluindo a adaptação dos empresários do sequeiro ao regadio; a negativa, geralmente associada à aquisição daqueles
que são normalmente considerados os melhores terrenos agrícolas para este cultivo e à exploração dos recursos
regionais, com a geração de eventuais problemas ambientais no médio/longo prazo associados à produção intensiva.
A recente entrada de capital espanhol na Herdade dos Machados (concelho de Moura) corresponde a um dos casos
mais conhecidos na Região. O projecto, do Grupo Âncora, prevê a cultura intensiva em 4.200 ha de olival, com um
investimento inicial previsto de M€30, o que poderá significar o nascimento de um dos maiores produtores de azeite do
Mundo. Com uma parcela que corresponde a 50% daquela que já foi a segunda maior exploração agro-pecuária do
Alentejo, os sectores da vinha e criação de gado serão também abrangidos.
Um outro exemplo corresponde ao projecto da Alenlagar, a instalar no Monte da Oripa, em Odivelas (concelho de
Ferreira do Alentejo). A estrutura, cujo investimento deverá rondar os M€16, prevê a instalação do maior lagar do
Mundo, devendo iniciar a laboração na campanha de 2008. Com uma área de 4,5 ha, terá uma capacidade máxima de
produção de 150.000 toneladas de azeitona/ano (equivalente a 25 milhões de litros de azeite), três vezes mais do que a
produção da maior unidade em laboração, situada em Málaga, Espanha.
No caso da vinha, não tendo uma expressão em termos de cultivo tão significativa como o olival, mas que registou um
crescimento recente superior, não podemos deixar de referir a afirmação de algumas empresas de capital nacional no
contexto internacional, sendo naturalmente inevitável uma referência à Herdade do Vale da Rosa – uva de mesa – ou à
Herdade do Pinheiro – produção vitivinícola – (ambas localizadas no concelho de Ferreira do Alentejo). Tratando-se de
herdades de grande dimensão, são exemplos de empresas geridas por nacionais que facilmente se adaptaram à
passagem do sequeiro para o regadio, beneficiando directamente do efeito “Alqueva”. Incorporando as práticas
tecnológicas mais recentes – designadamente a rega controlada e a utilização de produtos fitossanitários –, estão a
colher valor acrescentado em matéria de comercialização para o mercado interno e para exportação:
Ê na Herdade do Vale da Rosa, trabalham continuamente 400 pessoas sendo que, no período da apanha, esse
número ascende a 550 trabalhadores indiferenciados. A exportação, que corresponde a cerca de 20% da
produção, é direccionada sobretudo para os mercados inglês e alemão. No mercado interno, destaca-se a
integração com as principais cadeias de distribuição e comercialização;
Ê na Herdade do Pinheiro, associada à vinha da vinho, trabalham cerca de 30 pessoas, sendo que no período da
apanha esse número ascende a cerca de 300 trabalhadores indiferenciados. A exportação assume uma
proporção interessante no conjunto da produção. Brasil, Austrália, Alemanha, Inglaterra e EUA são os
principais destinos. Ao nível nacional, verifica-se igualmente a integração com as grandes cadeias de
distribuição e comercialização como a SONAE, ITMI - Grupo Mosqueteiros, AUCHAN e Corte Inglês. A
evolução internacional das práticas vitivinícolas depende essencialmente do mercado, que actualmente é
favorável aos vinhos de qualidade e incita à concentração dos meios de produção, de forma a reduzir os
respectivos custos. Assiste-se, deste modo, a um aumento da utilização de produtos fitossanitários,
procurando proteger uma produção cujo volume vai diminuindo em benefício do valor acrescentado e também
a um aumento da mecanização.
Com menor expressão, não correspondendo aos dois tipos de cultivo predominantes no “Espaço Alqueva”, existem
também alguns investimentos de dimensão relevante noutras culturas. É o caso dos citrinos, onde a Valenciagro,
empresa de capital espanhol, encontra-se a investir cerca de M€20 na Herdade do Zambujeiro (concelho de Ferreira do
Alentejo). Com uma área de exploração actual de 115 ha, prevê uma expansão programada, até 2012, para um total de
700 ha, altura em que deverá contar com 40 trabalhadores efectivos e cerca de 500 temporários no período da apanha.
A produção destina-se em exclusivo para exportação.
Mas este não é o panorama de todas as empresas e cooperativas. Muitos produtores referem a dificuldade em
encontrar mercado para outros produtos do regadio, tais como o milho, melão, arroz e tomate, culturas apontadas como
exemplo por parte dos dirigentes associativos da Associação dos Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO).
Para além das mudanças nas culturas, alteraram-se também as necessidades relacionadas com os equipamentos e a
formação para a sua utilização. Destaquem-se aqui os sistemas de rega - sector onde o Centro Operativo e de
Tecnologia do Regadio (COTR) constitui a única unidade de apoio da região nesse domínio - bem como os tractoristas -
como resposta à mecanização do sector agrícola.
O trabalho desenvolvido pelo COTR tem várias dimensões: para além dos serviços de assistência técnica directa aos
agricultores, desenvolve um sistema de informação e acompanhamento importante para o desenvolvimento da
actividade agrícola. Cite-se o Sistema Agrometeorológico para a Gestão de Rega no Alentejo, mas muitos outros
serviços de apoio especializados podem vir a ser desenvolvidos. Estes serviços são fundamentais, pois melhoram a
capacidade de conhecimento das especificidades territoriais e climáticas adaptadas às várias culturas. Por exemplo,
alguns produtores abandonaram o cultivo da pêra devido ao excesso de calor registado na Primavera nas suas
propriedades.
Neste âmbito, importa ainda salientar a importância do desenvolvimento das análises laboratoriais (associadas à física
do solo, testes de equipamentos de rega e condições edafo-climáticas em geral), que constituirão uma oportunidade
para o desenvolvimento da Região, bem como para a criação de novos postos de trabalho.
1.2.3.4. Agro-indústria
Apesar das deficiências que persistem na transformação agro-industrial no “Espaço Alqueva”, designadamente as
associadas à dimensão económica e empresarial incipiente da maioria dos sub-ramos, o sector constitui uma das
principais actividades da indústria transformadora regional, uma das vocações do Alentejo que mais poderá beneficiar,
directa e indirectamente, com o EFMA.
A preponderância do cultivo do olival e da vinha de vinho neste território reflecte-se na estrutura produtiva associada à
agro-indústria. Com efeito, é nos sub-ramos do azeite e do vinho que se encontram o maior número de efectivos nas
actividades associadas à produção agrícola, que registaram um crescimento relevante nos últimos anos. De uma forma
indirecta, no quadro das outras agro-indústrias, cabe destacar a panificação e a pastelaria.
Quadro 37 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Indústrias Agro-alimentares, 1995, 2000 e 2005
1995- 2000-
1995 2000 2005 1995 2000 2005
CAE 2000 2005
(n.º) (¨%) (%)
15510 - Indústrias do leite e derivados 113 130 179 15,0 37,7 0,3 0,2 0,3
15310 - Preparação e conservação de batatas 0 4 1 -75,0 0,0 0,0 0,0
15320 - Fabricação de sumos de frutos e de produtos hortícolas 50 31 17 -38,0 -45,2 0,1 0,1 0,0
15331 - Congelação de frutos e de produtos hortícolas 0 0 3 0,0 0,0 0,0
15332 - Secagem e desidratação de frutos e de produtos hortícolas
15333 - Fabricação de doces, compotas, geleias e marmelada
15334 - Descasque e transformação de frutos de casca rija comestíveis 52 66 49 26,9 -25,8 0,1 0,1 0,1
15335 - Prep. e conservação de frutos e de produtos hortícolas , n.e 229 135 65 -41,0 -51,9 0,6 0,3 0,1
15411 - Produção de óleos e gorduras animais brutos
15412 - Produção de azeite 190 129 149 -32,1 15,5 0,5 0,2 0,2
15413 - Produção de óleos vegetais brutos (excepto azeite) 39 10 10 -74,4 0,0 0,1 0,0 0,0
Actividades Industriais Relacionadas
Uma leitura por concelho permite verificar a irregularidade da sua distribuição, destacando-se Reguengos de Monsaraz
(na produção vitivinícola - Herdade do Esporão) e as capitais de distrito - Beja e Évora (relevando-se, em ambos os
casos, a panificação).
Figura 21 - Pessoal ao Serviço no Espaço Alqueva, Indústrias Agro-alimentares, por Concelho, 2005
Alguns dos principais investimentos recentes e previstos para os próximos anos nos sub-ramos predominantes no
“Espaço Alqueva” foram identificados na fileira agricultura. Com efeito, os promotores apostam na cadeia de valor, pelo
que se tratam de projectos com uma lógica vertical, desde a produção da matéria-prima - olival e vinha - ao produto final
para comercialização - azeite e vinho. Tratando-se maioritariamente de investimentos recentes, estão a incorporar
métodos de produção tecnologicamente avançados, visando a obtenção de ganhos na produtividade face aos métodos
mais tradicionais.
No caso da produção de azeite, o Alentejo apresentava, em 2006, um total de 105 lagares em laboração, produzindo
176.668 hl. Assiste-se, nos últimos anos, a uma concentração da produção: apesar de uma diminuição do número de
lagares a laborar, o azeite obtido aumenta; esse aumento é particularmente visível no Baixo Alentejo, com um
crescimento de 67% (mantendo o mesmo número de lagares).
Quadro 38 - Produção de Azeite na NUTS II Alentejo e por NUTS III, 1999 e 2006
Lagares em Laboração (n.º) Azeite Obtido (hl)
1999 2006
NUTS
1999 2006 Por Grau de Acidez
Total Total
até 0,8 0,9 a 2,0 >2,0
Alentejo 148 105 133.989 176.668 65.066 82.506 29.096
Alentejo Litoral 6 4 3.242 3.382 599 1.138 1.645
Alto Alentejo 41 30 29.972 40.198 15.034 18.648 6.516
Alentejo Central 22 21 31.484 33.629 10.389 13.328 9.913
Baixo Alentejo 20 20 51.918 85.214 32.366 43.550 9.299
Lezíria do Tejo 59 30 17.375 14.245 6.679 5.842 1.724
Fonte: INE, 2008
No que se refere à produção vinícola, o território em estudo representava, em 2006, cerca de 39,5% do total do Alentejo
(sem Lezíria do Tejo, mais de 70%). Por qualidade, destaque-se o VQPRD, cuja produção corresponde a 61% do total
regional, relevando a boa qualidade dos vinhos do “Espaço Alqueva”. Reguengos de Monsaraz e Redondo são os
concelhos com a produção total mais elevada. É precisamente nestes concelhos que se regista o crescimento absoluto
mais significativo da produção entre 1999 e 2006, sobretudo no Tinto/Rosado VQPRD. Neste período, com a excepção
de Ferreira do Alentejo e de Mourão, todos os restantes concelhos com produtivos em 1999 vêem crescer a sua
produção.
Quadro 39 - Produção Vinícola Declarada Expressa em Mosto (hl.) na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, por Concelho, 1999 e 2006
1999 2006
Produção de Vinho por Qualidade (hl.)
Unidade Geográfica VQPRD Vinho Regional Vinho de Mesa
Total Total
VLQPRD Tinto/ Tinto/ Tinto/
Branco Branco Branco
Rosado Rosado Rosado
Alentejo 1.297.337 1.571.047 725 118.202 332.663 157.844 588.408 200.043 173.162
Espaço Alqueva 345.217 621.119 0 72.906 200.343 64.986 272.757 1.639 8.489
Alcácer do Sal 0 11.393 0 0 0 628 9.492 148 1.125
Grândola 522 724 0 0 0 50 310 24 341
Santiago do Cacém 2.393 4.931 0 0 0 63 240 952 3.676
Elvas 3.760 8.200 0 0 2.692 0 5.508 0 0
Alandroal 0 830 0 0 0 0 830 0 0
Évora 9.598 27.513 0 3.050 12.863 1.651 9.919 10 20
Mourão 1.928 1.744 0 80 367 83 1.169 0 45
Portel 0 12.629 0 0 0 838 11.699 92 0
Redondo 88.099 162.935 0 21.662 70.985 10.270 58.065 0 1.953
Reguengos de Monsaraz 167.212 250.443 0 28.244 87.601 28.569 105.882 30 117
Viana do Alentejo 0 26 0 0 26 0 0 0 0
Aljustrel 198 1.270 0 0 0 145 975 100 50
Alvito 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Barrancos 0 62 0 0 0 0 62 0 0
Beja 77 32.177 0 0 0 2.589 29.408 0 180
Cuba 160 2.370 0 115 560 140 1.495 40 20
Ferreira do Alentejo 6.802 3.419 0 0 0 500 2.870 28 21
Mértola 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Moura 3.621 7.623 0 410 2.752 157 3.283 158 863
Serpa 5.070 7.717 0 250 1.000 1.250 5.217 0 0
Vidigueira 55.779 85.113 0 19.095 21.497 18053 26.333 57 78
Fonte: INE, 2008
Figura 22 - Produção Vinícola Declarada Expressa em Mosto (Total) no Espaço Alqueva, por Concelho, 2006
A excelência de um amplo leque de produtos dos concelhos do “Espaço Alqueva”, muitos dos quais certificados, dos
quais se destacam o vinho (Adega Cooperativa de Redondo, Herdade das Coelheiras, Herdade do Esporão, José Maria
da Fonseca, entre outros Produtores) e o azeite (Cooperativa Agrícola da Vidigueira; Cooperativa Agrícola de Moura e
Barrancos, entre outros), é amplamente reconhecida no mercado interno e crescente no mercado externo,
representando uma mais valia para a produção agro-industrial no futuro.
No seu conjunto, os novos projectos associados ao regadio e ao desenvolvimento e crescimento destas duas culturas
em particular resultarão num acréscimo de mão-de-obra na produção agro-industrial, cujo perfil terá necessariamente
que ser adaptado aos novos processos tecnológicos relacionados com a produção. Importa, contudo, noutra
perspectiva, salvaguardar técnicas artesanais que distinguem alguns produtos e que tem crescente procura em
determinados nichos de mercado.
Noutro âmbito, o expectável aumento da produção agro-industrial - também resultado da introdução de novas culturas -,
implicará um aumento das necessidades de transformação e comercialização dos produtos. Deve relevar-se o trabalho
já desenvolvido no sentido de preparar o “Espaço Alqueva” para esta nova realidade, em particular a criação do Parque
Agro-industrial do Penique (concelho de Ferreira do Alentejo). Sendo uma parceria entre a respectiva Câmara
Municipal, a EDIA e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Ferreira do Alentejo, é seguramente um passo decisivo para
as actividades agro-industriais neste território, pelo seu cariz integrado e inovador. Com efeito, a concentração da oferta
permitirá atingir uma dimensão que justifique e possibilite a gestão equilibrada de equipamentos que assegurem a
transformação e armazenagem, mas também os mecanismos de promoção e de marketing que criem as condições
para uma melhor penetração nos mercados, componente aliás que está a ser salvaguardada pela parceria através da
realização de um Plano Estratégico específico para o Parque, que contempla a criação de uma marca própria
identificadora dos produtos regionais.
1.2.3.5. Turismo
O turismo é um dos sectores que tem vindo a ganhar importância no quadro do “Espaço Alqueva”. A capacidade de
alojamento do Alentejo cresceu 50% entre 1995 e 2006, mas foi a partir de 2001 que esta mais se reforçou,
fundamentalmente associada a uma diversificação da oferta de diferentes tipos de estabelecimentos que apontam no
sentido de uma maior qualificação. Assim, entre 1995 e 2000, crescem as pensões com restaurante (e decrescem as
sem restaurante), mas a partir de 2000, a dinâmica de crescimento é redireccionada para a criação de hotéis e outros
estabelecimentos hoteleiros com restaurante, estruturas estas mais qualificadas. Contam-se ainda o aparecimento de
parques de campismo e instalações similares.
Quadro 40 - Evolução das Actividades Turísticas no Espaço Alqueva, 1995, 2000 e 2005
1995- 2000-
1995 2000 2005 1995 2000 2005
CAE 2000 2005
(n.º) (¨%) (%)
55111 – Hotéis com restaurante 14 15 22 7,1 46,7 0,2 0,2 0,2
55112 – Pensões com restaurante 4 9 7 125,0 -22,2 0,1 0,1 0,1
55113 – Estalagens com restaurantes 3 2 3 -33,3 50,0 0,0 0,0 0,0
55114 – Pousadas com restaurante 9 8 9 -11,1 12,5 0,1 0,1 0,1
55115 – Motéis com restaurante
55116 – Hotéis-apartamentos c/ restaurante 0 1 3 200,0 0,0 0,0 0,0
55117 – Aldeamentos turísticos com restaurante 0 0 1
Hotelaria 55118 – Apart. turísticos c/ restaurante
55119 – Estabelecimentos hoteleiros, com restaurante, n.e. 0 0 15 0,0 0,0 0,1
55121 – Hotéis sem restaurante 2 8 4 300,0 -50,0 0,0 0,1 0,0
55122 – Pensões sem restaurante 15 19 24 26,7 26,3 0,2 0,2 0,2
55123 – Apartamentos turísticos sem restaurantes 0 2 1 -50,0 0,0 0,0 0,0
55124 – Estabelecimentos hoteleiros, sem restaurante, n.e. 4 7 10 75,0 42,9 0,1 0,1 0,1
552 – Parques de Campismo e Outros locais de alojamento de curta duração 8 31 43 287,5 38,7 0,1 0,3 0,4
Total do Alojamento 59 102 142 72,9 39,2 0,9 1,1 1,3
553 – Restauração 279 430 503 54,1 17,0 4,2 4,6 4,4
Restauração
554 – Estabelecimentos de bebidas 298 462 508 55,0 10,0 4,5 5,0 4,5
Total da Hotelaria e Restauração 636 994 1153 56,3 16,0 9,6 10,7 10,2
612=61200 – Transportes por vias navegáveis interiores
63220 – Outras actividades auxiliares dos transportes por água
Transportes 63300 – Agências de viagens e de turismo e de outras actividades de apoio turístico 7 14 18 100,0 28,6 0,1 0,2 0,2
711 – Aluguer de veículos automóveis 3 7 9 133,3 28,6 0,0 0,1 0,1
71220 – Aluguer de meio de transporte marítimo e fluvial
92520 – Actividades dos museus e conservação de locais e de monumentos históricos 0 1 0 -100,0 0,0 0,0 0,0
Serviços 92620 – Outras actividades desportivas 20 28 57 40,0 103,6 0,3 0,3 0,5
015 – Caça, repovoamento cinegético e actividades relacionadas 0,0 0,0 0,0
Total – Turismo 658 1.013 1.194 54,0 17,9 10,1 11,2 10,9
Fonte: MTSS, vários anos
Regionalmente, existem fortes contrastes entre diferentes áreas do território. Os concelhos do Alentejo Litoral
registavam uma elevada concentração de camas, mas nos últimos anos tem vindo a verificar-se uma afirmação
crescente dos concelhos do Alentejo Central, associada a Évora (reconhecimento pela UNESCO, enquanto Património
da Humanidade), mas também a outros concelhos onde existe um rico património cultural, como Reguengos de
Monsaraz e Redondo.
Quadro 41 - Capacidade de Alojamento, por Tipologia (Hotéis, Pensões e Outros), no Continente e na NUTS II Alentejo, 1995, 2001 e 2006
1995 2001 2006 2001 2006
Tipologia Peso do Alentejo
Continente Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo
no Continente (%)
Hotéis N. D. 1.528 104.439 2.000 106.789 3.411 1,9 3,2
Pensões N. D. 2.504 40.782 2.679 38.702 3.379 6,6 8,7
Outros N. D. 2.728 83.444 2.639 81.453 2.533 3,2 3,1
Total N. D. 6.760 228.665 7.318 226.944 9.323 3,2 4,1
Fonte: INE, vários anos
Considerando os dados relativos ao ano de 2006, os concelhos que têm maior capacidade de alojamento são Évora
(1.597), Elvas (764) e Grândola (728), onde se concentra a oferta mais qualificada, mas os concelhos onde se
registaram maiores acréscimos foram Santiago do Cacém e, menos intensamente mas de assinalar, Vila Viçosa,
Ferreira do Alentejo e Moura.
O número de dormidas tem um padrão mais concentrado, destacando-se Évora com 253.517 dormidas em 2006 e,
depois, com valores similares, rondando as 50.000 dormidas, Elvas, Santiago do Cacém e Grândola.
Quadro 42 - Dormidas (Hotéis, Pensões e Outros), no Continente e na NUTS II Alentejo, 2001 e 2006
2001 2006 2001 2006
Tipologia Peso do Alentejo no
Continente Alentejo Continente Alentejo
Continente (%)
Hotéis 16.643.942 309.183 16.729.880 425.336 1,9 2,5
Pensões 3.299.287 215.683 3.104.155 244.747 6,5 7,9
Outros 13.619.362 372.698 10.823.232 308.409 2,7 2,8
Total 33.562.591 897.564 30.657.267 978.492 2,7 3,2
Fonte: INE, vários anos
O padrão de turistas é também diferenciado. Em Évora, apenas 55% dos hóspedes são de nacionalidade portuguesa,
enquanto em Elvas, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa, os portugueses rondam 70%, e mais de 80% em Santiago do
Cacém e Grândola (82% e 93%).
Outra característica da procura turística é a sua distribuição ao longo do ano. Com excepção dos dois concelhos onde
se concentra a maior oferta de turismo de sol-e-praia (Grândola e Santiago do Cacém) que, entre Julho e Setembro
recebem mais de 50% dos seus turistas, nos restantes concelhos do “Espaço Alqueva” o período compreendido entre
Julho e Setembro atrai apenas cerca de 30% dos turistas, o que aponta para uma menor sazonalidade da procura e
uma maior sustentabilidade para o desenvolvimento de actividades associadas à fileira como um elemento gerador de
emprego na região.
Na fileira turismo, para além da hotelaria, conta-se a restauração e os estabelecimentos de venda de bebidas que, por
si só, em 2006, representavam 9% do total do emprego do “Espaço Alqueva”, muito embora a sua dimensão micro faça
com que representem apenas 5,3% das pessoas ao serviço.
Quadro 43 - Hóspedes nos Estabelecimentos Hoteleiros Segundo o País de Residência Habitual no Continente e na NUTS II Alentejo,
1995, 2001 e 2006
País de 1995 2001 2006
Residência
Continente Alentejo Continente Alentejo Continente Alentejo
Habitual
Total UE25 N. D. 0,0 0,0 0,0 90,5 93,9
Total EU dos 15 N. D. 0,0 89,8 92,0 89,6 93,5
Portugal N. D. 71,0 47,5 71,5 49,3 73,2
Alemanha N. D. 4,5 7,8 4,9 5,0 3,0
Espanha N. D. 5,0 8,0 3,9 11,2 7,3
França N. D. 3,3 4,0 3,1 3,5 2,5
Figura 23 - Pessoas ao Serviço no Espaço Alqueva, Fileira Turismo, por Concelho, 2005
Efectivamente, nos próximos anos, o turismo será com certeza um dos domínios que mais se reforçará no conjunto das
fileiras, aposta que não se restringe ao “Espaço Alqueva” mas que é transversal ao país. Os projectos PIN pensados
para o “Espaço Alqueva” são maioritariamente na área do turismo, prevendo-se a geração de 13.781 postos de
trabalho, do total dos 17.326 previstos para todo o Alentejo (AICEP, Outubro de 2008). A dimensão destes projectos
rompe com o modelo de hotelaria e restauração anteriormente vigente. Paralelamente à questão do alojamento, os
novos empreendimentos têm associada uma actividade comercial e possuem um vasto conjunto de serviços. Para além
disso, muitos destes projectos têm também uma componente imobiliária, o que exige uma elevada disponibilidade de
mão-de-obra com qualificações diferenciadas, distintas das anteriores.
Um número tão elevado de postos de trabalho indicia a necessidade de reforçar quantitativa e qualitativamente os
recursos humanos da região. A informação recolhida junto dos promotores PIN no sector do turismo permitiu verificar
que este reforço se vai processar faseadamente ao longo dos próximos anos. Na maioria dos casos, prevê-se que até
2015 os respectivos projectos atingiam a maturidade (com os valores máximos de emprego previsto), mas em algumas
situações tal só ocorrerá nos dez anos seguintes. Apesar das estimativas avançadas e dos planos de projecto
estabelecidos, é unanimemente reconhecido que a evolução do faseamento previsto está dependente de factores
externos que podem condicionar o mercado e a procura, pelo que poderá haver readaptações aos planos inicialmente
definidos.
No que se refere à estrutura do emprego, predominarão os postos de trabalho associados ao house keeping. Tratando-
se de investimentos de elevada qualidade (direccionados para o segmento de mercado médio-alto), em alguns casos
inovadores no contexto do espectro turístico actual, a formação inicial é considerada um factor essencial para o seu
sucesso, constituindo uma forte aposta dos promotores, pelo que o apoio das entidades públicas, nacionais e/ou locais,
com responsabilidades nesta matéria é apontado como uma questão de grande relevância já no curto prazo. Os planos
de formação terão que ser direccionados, em alguns casos, para áreas inovadoras, onde ainda não existe grande
experiência no contexto regional.
Quadro 45 - Postos Trabalho a Gerar nos Projectos PIN na NUTS II Alentejo e no Espaço Alqueva, Outubro de 2008
Sector de Actividade
Unidade Geográfica Total (%)
Aeronáutica Energia Químicas Turismo
Évora 569 1.033 1.602 8,8
Grândola 8.370 8.370 46,0
Moura 7 1.129 1.136 6,2
Espaço Mourão 389 389 2,1
Alqueva Redondo 79 79 0,4
Reguengos de Monsaraz 2.105 2.105 11,6
Alcácer do Sal 676 676 3,7
Total 569 7 0 13.781 14.357 78,9
Odemira 123 123 0,7
Resto do Sines 88 200 375 2,1
Alentejo Ourique 3.422 3.422 18,8
Total 0 88 200 3.545 3.833 21,1
Total Alentejo 569 95 200 17.326 18.190 100,0
Fonte: AICEP, 2008
Os novos projectos criarão condições para transformar o Alentejo num destino turístico competitivo, nomeadamente
associado ao golfe, ao turismo náutico, ao turismo de natureza, ao turismo sénior e ao turismo residencial. Neste
âmbito, prevê-se a alteração drástica do perfil dos turistas segundo a nacionalidade, passando o turismo vindo do
exterior a ganhar peso ao longo de todo o ano. Para além disso, estes projectos avançarão com novos produtos
turísticos alternativos ao turismo rural ou ao turismo cultural já existentes.
Proporcionarão, também, o desenvolvimento de um novo segmento de mercado ligado ao turismo náutico, que tem
implícita uma diversidade de actividades e serviços oferecidos (ex. passeios e/ou refeições à beira-rio, aluguer de
embarcações, etc.) e a construção de praias fluviais e respectivas marinas e ancoradouros. Para além desta actividade,
conta-se como relevante a prática de golfe, a que se pode juntar um conjunto de outras actividades desportivas e de
manutenção complementares (o ténis, ou numa vertente diferente os centros de terapia). Por outro lado, é de
considerar a alteração das amplitudes térmicas (proporcionada pelo espelho de água) que permitirá o usufruto dos
espaços exteriores de forma mais intensa que até recentemente. Por outro lado ainda, para além da hotelaria nas suas
versões mais tradicionais, desenvolver-se-ão produtos inovadores na região como os “house boats”.
Para além da componente dos serviços associados à actividade turística, existem outras actividades paralelas que se
desenvolverão necessariamente. É o caso da manutenção dos ambientes de água doce com qualidade, o que tem
implícito a presença de biólogos marítimos e de serviços de controlo e monitorização. Os novos projectos turísticos da
Região trarão ainda outras actividades como centros hípicos, bem como as actividades ligadas aos museus e à
conservação de monumentos históricos. São ainda de considerar as actividades de animação cultural e outras
relacionadas com a recuperação e promoção do património cultural edificado e imaterial. Estas gerarão novos postos de
trabalho qualificados, mas simultaneamente surgem como oportunidade de integração de uma mão-de-obra em idade
activa, com níveis de qualificação mais baixo, mas com um saber-fazer em domínios específicos (gastronomia,
construção de instrumentos musicais, recuperação de mobiliário, agro-indústrias, ...).
Efectivamente, se considerarmos a informação estatística disponível pelos Quadros de Pessoal do MTSS, verificamos
que o emprego afecto a algumas das actividades aqui referidas era praticamente nulo ou mesmo nulo (caso das
agências de viagens e outras actividades de apoio turístico, ou dos transp