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CONTAS PÚBLICAS
Não ao Judiciário
Preocupado com o risco de desequilíbrio fiscal incalculável, o governo
escala o discreto secretário do Tesouro para negar reajuste aos 100
mil funcionários de tribunais federais do país
Gabriel Caprioli
Luciano Pires
Wilson Dias/ABr
Disposto a barrar toda e qualquer iniciativa do funcionalismo por novos
aumentos salariais, o governo escalou ontem um de seus quadros mais
técnicos para tentar sepultar de vez o reajuste dos servidores do
Capa
Índice Judiciário. Em uma manifestação inédita, abandonando o estilo discreto
Política e as frases genéricas, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin,
Brasil disparou diretamente contra a proposta que prevê correções de 56%,
Economia em média, aos 100 mil empregados dos tribunais federais espalhados
Opinião pelo Brasil. A área econômica considera a reivindicação exagerada e
Mundo adverte que, se for autorizada, provocará desequilíbrios fiscais
Tecnologia incalculáveis.
Saúde CITY Sedan
Ciência EX 1.5 Flex
Cidades As mudanças nos contracheques de analistas e técnicos judiciários representariam um incremento 16V 4p Aut.
Ano: 2010
Super Esportes financeiro extra da ordem de R$ 7 bilhões anuais nas despesas com pessoal, conforme estudos R$ 58900.00
oficiais. O gasto, além de não estar previsto no Orçamento 2010, ainda deverá crescer por força de
Diversão & Arte um efeito cascata sobre outras carreiras da máquina pública. “O problema fiscal que isso vai gerar D-20 CD Lx
para este momento e para o futuro é bem forte. Sem falar no efeito sobre outras categorias. Acho S4T/Trop.
Direito & Justiça Plus/Lx 4.0
que essa questão tem que ser avaliada com muito cuidado”, disse Augustin. “Normalmente, a TB Dies
Eu estudante gente evita comentários (sobre outros Poderes da União), mas a preocupação fiscal neste caso é Ano: 1992
Informática R$ 30900.00
muito grande. Por isso, acho necessário alertar o país”, completou o secretário.
Turismo
Veículos Fiesta Street/
Divirta-se Em greve há cerca de um mês, os servidores do Judiciário acompanham com ansiedade a Action 1.0 8v
5p
Pensar tramitação na Câmara dos Deputados do projeto de lei que prevê o aumento. O texto original Ano: 2007
Super! enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) já foi aprovado pela Comissão de Trabalho, de R$ 17900.00
Revista do Correio Administração e Serviço Público. Resta o aval das comissões de Finanças e de Constituição e Justiça
Trabalho para, aí sim, ir a plenário. Pressionada, a base governista articula votar a proposta só depois das Gol (novo)
TV 1.0 Mi Total
eleições, mas o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), adiantou aos colegas que pretende Flex 8V 4p
Ano: 2009
rediscutir os valores.
360 graus R$ 24900.00
Ari Cunha
Visto, Lido e Ouvido A folha com servidores e encargos cresceu R$ 440,9 milhões entre abril e maio, totalizando R$
Brasil S/A 12,4 bilhões. A elevação ocorreu devido ao pagamento de passivos judiciais e administrativos do
Brasília-DF Poder Judiciário e do Ministério Público da União (MPU). Em relação ao crescimento nominal do
Charge Produto Interno Bruto (PIB), os gastos com pessoal apresentam queda real de 4,6%, mas o
Crônica da Cidade percentual deverá aumentar com a tendência de avanço da produção de riquezas no país para este
Desabafo ano.
Dicas de Português
Grita Geral
Memória do Correio Xadrez
Nas Entrelinhas O secretário do Tesouro defendeu os reajustes que foram concedidos de forma escalonada pelo
Sr. redator governo desde 2008. O superpacote de bondades (1) beneficiou todos os servidores do Executivo
Tantas palavras com ganhos para algumas carreiras de mais de 150%. Segundo Augustin, as mudanças são
Tome Nota “compatíveis com o ritmo de crescimento do Brasil” e ajudaram a alinhar os recursos humanos da
burocracia estatal. “Os novos aumentos é que não são”, advertiu. A terceira e última parcela da
correção será paga em julho e custará, conforme o Ministério do Planejamento, cerca de R$ 11
http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/economia/pri_eco_222.htm Página 1 de 2
Correio Braziliense 30/06/10 19:27
bilhões.
Para o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, aumentos de salários como os
exigidos pelos servidores do Judiciário devem ser evitados. “São totalmente prejudiciais para a
gestão das contas públicas. É um absurdo, do ponto de vista econômico, dar reajustes quatro,
cinco ou seis vezes acima da inflação”, ponderou. Bastante criticado por aumentar a conta de mão
de obra em 2009, mesmo em um ano de crise, o governo tem procurado agora controlar as
despesas dessa natureza. Entre janeiro e maio deste ano, os gastos com pessoal avançaram 8,4%
em termos nominais, enquanto que no mesmo período do ano passado cresceram 22,6%, de
acordo com o Tesouro Nacional.
1 - No atacado
Os reajustes salariais autorizados pelo governo federal em 2008 vêm sendo pagos aos servidores
de forma escalonada. Civis e militares foram contemplados. As categorias aguardam para este ano
a complementação do aumento. Do outro lado, partidos de oposição na Câmara e no Senado
acusam o Palácio do Planalto de aumentar as despesas fixas que terão de ser honradas pelo
próximo presidente da República.
O problema fiscal que isso vai gerar para este momento e para o futuro é
bem forte. Sem falar no efeito sobre outras categorias. Essa questão tem
que ser avaliada com muito cuidado”
Arno Augustin, secretário do Tesouro
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Mudança de postura
As reações que partem do governo contra a proposta de reajuste dos servidores do Judiciário têm
servido de recado para carreiras do Executivo que, a despeito do calendário eleitoral, se assanham em
pedir aumentos salariais neste ano. Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha dito que
não cometerá “sandices” e que o ministro do Planejamento Paulo Bernardo tenha repetido que não há
dinheiro em caixa, alguns setores da administração direta acreditam ser possível dobrar o Palácio do
Planalto.
Mas não são as pressões vindas dos ministérios as que mais incomodam a União. Recentemente, o
Legislativo aprovou planos de cargos que terão custos pesados neste e nos próximos anos. Agora, é a
vez da Justiça, que já possui, na média, salários competitivos. Tradicionalmente, o Executivo não
interfere em negociações envolvendo empregados de outros Poderes em respeito ao princípio da
autonomia. Desta vez, no entanto, é diferente. A postura mais explícita dos donos do cofre indica uma
mudança importante de comportamento. (LP)
http://www2.correiobraziliense.com.br/cbonline/economia/pri_eco_222.htm Página 2 de 2