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Presença(s) de Sartre

Auditório Soror Mariana


Universidade de Évora
17 de Maio de 2005

Dança no Além…
Reflexões sobre Das Spiel ist aus de
Jean-Paul Sartre

Paula Soares
(Universidade de Évora)
Presença(s) de Sartre
Auditório Soror Mariana
Universidade de Évora
17 de Maio de 2005

Und drüben, auf der verlassenen Tanzfläche, umfassen sich die


beiden jungen Leute und beginnen zu tanzen, um das Leben neu zu
1
beginnen...
Jean-Paul Sartre, Das Spiel ist aus, p.138

Dança no Além…
Reflexões sobre Das Spiel ist aus de Jean-Paul Sartre
Paula Soares
(Universidade de Évora)

Felicito a organização pela iniciativa Presença(s) de Sartre (1905-2005) e

agradeço a oportunidade de nela participar.

Para este evento, escolhi reflectir sobre um texto de Jean-Paul Sartre intitulado

Das Spiel ist aus, texto esse que corresponde à tradução alemã do guião

publicado em 1947 no original francês sob o título Les jeux sont faits.

A escolha da edição alemã deve-se ao facto de esta ter constituído uma

Presença de Sartre junto de uma geração que vivia a sua adolescência na

República Federal da Alemanha em meados dos anos 80 do século XX.

Essa geração de adolescentes denominada Grufti, ouvia Cure e guiava-se pela

Máxima Sartriana:

1
E além, sobre a pista de dança deserta, os dois jovens abraçam-se e começam a dançar,
para, de novo, iniciarem a vida… (Tradução da autora a partir da versão alemã).

2
L’homme est jeté dans le monde. Il est condamné à être seul. Il est

responsable pour soi-même.

E tal como os amores que se vivem aos 17 anos não se esquecem pela vida

fora, também as leituras que se fazem nessa fase biográfica acabam por

moldar os percursos mentais dos seus leitores.

Deste modo, a Presença de Sartre que aqui trago hoje poderá também

constituir uma pequena homenagem à Geração Grufti que teve o seu auge nos

anos 80 do século XX em terras germânicas.

***

Após esta breve introdução, passemos então a algumas reflexões sobre Das

Spiel ist aus de Jean-Paul Sartre que a 29 de Abril de 1947, diz, a propósito,

em entrevista a Paul Carrière em Le Fígaro:

O meu primeiro filme, O Jogo terminou (Les jeux sont faits), não será

existencialista. Pelo contrário, o Existencialismo não permite que o jogo

alguma vez termine. As nossas acções perpetuam-se mesmo após a

nossa morte. Nelas continuamos a viver, mesmo se se desenvolverem

em sentidos que nós não queríamos. É uma evidência histórica. 2

(Tradução da autora a partir da versão alemã)

2
Mein erster Film, Das Spiel ist aus, wird nicht existentialistisch sein. Ganz im Gegenteil: der
Existenzialismus läβt keineswegs zu, daβ das Spiel jemals aus ist. Noch nach unserem Tod setzen sich
unsere Handlungen fort. Wir leben in ihnen weiter, selbst wenn sie sich oft ganz entgegengesetzt in
Richtungen entwickeln, die wir nicht gewolt haben. Das ist eine historische Evidenz.
Jean-Paul Sartre em entrevista a Paul Carrière, Le Figaro, 29.04.1947

3
Pelo atrás descrito, verificamos que, Das Spiel ist aus, se constitui como um

momento de excepção na obra de Sartre; trata-se de um guião, de uma história

de amor que se desenrola em dois planos, que se entrelaçam entre a Vida e a

Morte.

Num cenário de pós-guerra, Pierre, um revolucionário e Eve, uma senhora da

alta burguesia morrem no mesmo instante. Ele alvejado na rua, ela

envenenada pelo marido que pretende relacionar-se com a sua irmã. Ambos

penetram a antecâmara onde todos os recém-chegados têm de cumprir as

formalidades burocráticas necessárias para serem integrados no reino do

Além. Nesse reino do Além coabitam seres falecidos ao longo de vários

momentos da história da humanidade. Seres que comunicam entre si, que têm

a possibilidade de observar o reino dos vivos, sem, no entanto, nele poderem

actuar. Nesse contexto, Pierre e Eve encontram-se, apaixonam-se e dançam

no Além. Porém essa forma de existência não lhes permite sentirem o corpo do

outro. Contudo, a estrutura social do reino do Além prevê no seu artigo 140 o

seguinte:

Se devido a um erro, pelo qual a direcção é unicamente responsável,

um homem e uma mulher que se estavam destinados, e ao longo das

suas vidas não se tenham cruzado, estes poderão, em circunstâncias

específicas, solicitar e obter uma autorização para regressar à terra,

para aí poderem realizar o seu amor e conduzirem uma vida em

conjunto que lhes tenha sido inadvertidamente retirada. 3

3
Artikel 140: Falls auf Grund eines Irrtums, für den einseitig die Direktion verantwortlich ist, ein
Mann und eine Frau, die füreinander bestimmt waren, sich zu Lebzeiten nicht begegnet sind, so
können sie unter bestimmten Bedingungen die Erlaubnis, auf die Erde zurückzukehren, erbitten

4
Pierre e Eve dirigem-se à antecâmara onde solicitam e obtém a autorização de

regressarem à terra, alegando o artigo 140, para aí se encontrarem e

apaixonarem. A autorização é válida por 24 horas.

Ambos regressam ao contexto que tinham abandonado antes de morrer.

Ambos se procuram e encontram. No entanto, o apelo de Pierre para reintegrar

a sua vivência revolucionária é mais forte. As 24 horas concedidas passam, e

ambos regressam ao Além sem terem sido capazes de concretizar o seu

objectivo.

No parque do Além, um jovem casal dança preparando-se para solicitar o

artigo 140. E assim termina o guião:

E além, sobre a pista de dança deserta, os dois jovens abraçam-se e

começam a dançar, para, de novo, iniciarem a vida…4

(Tradução da autora a partir da versão alemã)

O mito do eterno retorno manifesta-se em Das Spiel ist aus, através da vivência

da Dança no Além perpetuada através de várias gerações que perpassam a

antecâmara para o reino do Além.

A temática central oscila entre a entrega plena ao amor e a vivência plena de

ideais de vida. Entre o objectivo de regressar à terra e a amnésia desse

objectivo. Entre a intenção e a realização que integram o circuito da vida.

Dancemos, pois, enquanto vivemos…!

(Ouve-se Cure, “Kyoto Song”, The Head on the Door, 1985)

und erhalten, um dort ihre Liebe zu verwirklichen und das gemeinsame Leben zu führen, das
ihnen unrechtmäβigerweise vorenthalten worden war. Jean-Paul Sartre, Das Spiel ist aus, p.68
4
Und drüben, auf der verlassenen Tanzfläche, umfassen sich die beiden jungen Leute und beginnen zu
tanzen, um das Leben neu zu beginnen... Jean-Paul Sartre, Das Spiel ist aus, p.138

5
Referências Bibliográficas e Acústicas

Beauvoir, Simone de (1998/1990), Briefe an Sartre, Band I, 1930-1939,

Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt Taschenbuch Verlag. Tradução do original

francês Lettres à Sartre 1930-1939.

Beauvoir, Simone de (2004/1974), Die Zeremonie des Abschieds, Reinbeck bei

Hamburg: Rowohlt Taschenbuch Verlag. Tradução do original alemão La

Cérémonie des adieux.

Cure, The (1985), „Kyoto Song“ in The Head on the Door, CD.

Rossum, Walter Van (1998), Simone de Beauvoir und Jean-Paul Sartre,

Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt Taschenbuch Verlag.

Sartre, Jean-Paul (2004/1947), Das Spiel ist aus, Reinbeck bei Hamburg:

Rowohlt Taschenbuch Verlag. Tradução do original francês Les jeux sont faits.

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