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76 a MEIO TECNICO-CIENTIFICO EURBANIZACAO: TENDENCIAS E PERSPECTIVAS Milton Santos Professor Titular de Geograia Humana — FFLCH-USP G fato de que 0 processo de transtor- macao da sociedade industrial em sociedade informacional nZo se completou inteira- mente em nenhum pais, faz com que vivamos, a um s@ tempo, um periado @ uma crise, e assegura, igualmente, a per- ‘cepedo do presente ¢ a presungao do futuro, desde que 0 modelo analitico adotado seja tao dindmico quanto a realidade em movi- mento e reconheca o comportamento sistémico das veridveis novas que dao uma significagdo nova a totalidade. Nesse exeroicio, 0 ponto de vista ado- tado aqui é, sobretudo, 0 de nosso campo de estudo, isto €, 0 do espaco territorial, ‘espaco humane. Mas a interdependéncia, a0 nivel global, dos fatores atuais de cons- trugio do mundo deve assegurar as propestas aqui avancadas um certo inte- resse no que toca as demais ciéneias sociais. ‘Com a globalizagao do mundo, as possibili- dades de um enfoque interdisciplinar tornam-se maiores e mais eficazes, na medida em que @ anélise fragmentadora das disciplinas particulares pode mais facil- mente suseder um processo de reintegracao ‘OU reconstTucao do todo. Nesse proceso de conhecimento, o espaco tem um papel privilegiado, na medida em que ele c liza 05 momentos anteriores @ o lugar de encontro entre o passado e@ 0 futuro, mediante as relagdes sociais do presente que nele se realizam. Desde que um ento- que particular se proponha com uma visio contextual, deve ser possivel, através da soma de estudos setoriais, recuperar a tota- lidade. E a globalizagao das relacées sociais, assim camo o carater aparentemente irre- corrivel da modernidade atual s40, por outro lado, dades que devem permitir uma visio prospectiva. Algumas idéias de base parecem, desde logo, importantes, A primeira 6 a questéo da crise, da crise nao apenas como uma transi¢éo entre periodos, mas da crise como periodo. Durante a histéria dos paises subdesenvolvides, dentro do sis- tema capitalista, esta ¢ talvez a primeira ocasiéo na qual estamos diante de um momento de crise e que tambem se carac- teriza como um periodo, na medida em que as variéveis que definem ossa crise S80 também as varidveis que chegam para ficar dando um novo cardter as realidades que nos cercam Um outro dado a sublinhar é 9 fato de que, agora, mais que em qualquer outro momento da histéria da humanidade, gra- gas & mundializagéo capitalista, ha uma Solidariedade das mutagdes em piano mun- dial; ¢ essa solidariedade 6 em grande parte, administrada. A administragdo da solidariedade, seja como colaboragao entre paises e firmas ou como nova forma de dependéncia, é um dado fundamental no ‘Comunicagao apresentada no Semindirio: Brasi Sdeulo XX), Seco “Campo-e cidade na virada da sécu 10”, UNICAMP, 04 de abril de 1989, entendimento do que se passa, sobretudo nos paises subdesenvolvidos. Em terceiro lugar, devemos salientar que as mutagoes urbanas a que assistimos, muitas delas mais qualitativas que mesmo materials, aparecem como parte das muta- cdes concomitantes da sociedade ¢ do espaco. © meio técnico-cientifico ‘A fase atual, do ponto de vista que aqui nos interessa, ¢ 0 momento no qual se constitui, sobre territérios cada vez mais vastos, 0 qué sé chamara de meio técnico- cientifico, isto é, 0 momento histérico no qual a constru¢éo ou reconstrucao do espago se dard com um conteudo de cién- sia e de técnica. O meio natural era aquela fase da his- t6ria na quel o homem escalhia da natureza aquilo que era fundamental ao exercicio da vida ¢ valorizava diferentemente essas, condigées naturais, as quais, sem grande modificacdo, constituiam base material da existéncia do grupe. O fim do século XVII e, sobretudo, 0 século XIX véem a mecani- ‘zae&o do territério; o territério se mecaniza. Podemos dizer que esse momenta 6 0 momento da criagao do meio técnico, que substitul o meio natural. Jé, hoje, é insufi- ciente ficar com essa categoria @ 6 preciso falar de meio técnico-cientifico, que tende a se superpor em todos os lugares, ainda que diferentemente, ao meio geografico. A partir sobretudo do fim da Segunda ‘Guerra Mundial, 0 territério-vai se mostrando cada dia que passa com um conteudo maior em ciéncia, em tecnolagia e em informagao. Desse mado, as remodelages qua a ele se impaem, tanto no meio rural, quanto no meio urbano, nao se fazem de forma indife- rente quanto a esses trés dados. Isso traz, em conseqiiéncia, mudangas importantes, de um lado, na composic&o > 2 técnica da territério @, de outro lade, na composigdo organica do territério, gracas & cibernética, a5 biotecnolagias, a5 novas quimicas, 4 informatica e & eletrOnica. Tudo isso faz com que 0 territério contenha, cada dia que passa, mais ¢ mais ciéncia, mais @ mais tecnologia, mais e mais informagao. Isso se dé de forma paralela a cientificiza- ¢40 do trabalho. Q trabalho se tora cada vez mais cientifico @ se da também, em paralelo, a uma informatizacao do territério. Pode-se mesmo dizer que o territério sé informatiza mais e mais depressa que a economia ou que a sociedade. Sem divida, tudo se informatiza, mas no territério esse fendmeno é ainda mais marcante namedida em que 0 trata do lerritério supde © uso da informa¢do, que estd presente também nos abjetos. Os objetos geograficos, cujo conjunto nos. da a configuracao territorial e nos define © proprio territério, so, cada dia que passa, mais carregados de informagao. E a diferen- ciagdo entre cles 6 tanto a da informagao necessaria a trabalha-los, quanto a diferen- ciag&o da informacéo que eles proprios contém, pela sua propria realidade fisica Aumenta, também, neste periodo, e exponencialmente, 0 numero de objetos. Nos Ultimos 30 anos criaram-se sobre a face da Terra mais objetos da que nas 30 mil anos anteriores. O fate de que 0s obje- tos criados so dotados de intencionalidade especitica, 0 que nao era obrigatoriamente: um fato nas periados historicos anteriores, faz com que o nimero de fluxos sobre o territério se multiplique também. Com obje- tos muito numerosos ¢ diferentes, temos, ento, um aumento do ndmero de fluxos, quo esses objetos ficam em medida de aco- Iher ou emitir, tanto do ponto de vista quali- tative quanto do ponto de vista quantitativo. ‘O territério, por conseguinte, muda de defi- niigao. Juntemos a esse um outro dado: os objetos atuais nascem com uma voca¢ao 7 78 mercantil, diferentemente dos outros obje- tos, vindes dos periodas anteriores. Da totalidade dos objetos surgidos, alguns tem uma vocacée simbdlica, mas a maior parte tem uma votagao mercantil de modo que tanto mais especulativa é a especializacao das fungées produtivas, quanto mais alto © nivel de capitalismo e dos capitais envol- vides naquela area; e ha, correlativamento, tendéncia a fluxos mais numerasos e quali- tativamente diferentes Dai uma especializagdo extrema de larefas no territério segundo uma vasta tipo- logia das producSes, que é tanto mais sutil @ necesséria porque essas produces nio sao um dado puramente técnico: toda pro- dugée é técnica mas também sécio- econdmica. Ha, por isso, uma subdivisao € diferenciacao extrema dessas produgdes. ow a E por isso que o territério nacianal tende a uma especializagao cada vez maior. Durante muita tempo se escreveu — no ¢aso brasileiro — que o campo era hostil 20 capital, um obstaculo & sua difusdo, mas 0 que nés vemos é 0 contrario, o campo nao é hostil ao capital, mas um ‘campo que acolhe o capital novo eo difunde rapidamente, a tal panto que © contagio do capital ¢ tudo 0 que ele acarrota, isto é, novas formas tecnolégicas, novas formas organizacionais, novas formas ocupacio- fais, ai rapidamente se instalam. € uma tendéncia que claramente se nota nas areas economicamente mais avancadas, mas que também jd se faz presente em subespacos menos avangados, Essas especializacées do teritério, do ponto de vista da producdo material, ¢ que so a raiz das complementaridades regionais: hd uma nova geografia regional que se desenha na base da nova divisao lerriterial do trabalho que se impée. Essas. complementaridades fazem com que. em conseqiéncia, criem-se necessidades de circulacao, que vao se tornar frenéticas den- tro do territério brasileiro na medida em que avanea 0 capitalismo; uma especializa- 40 territorial que @ tanto mais complexa quanto for grande @ numero de produtos a diversidade de sua produgao. Estamos diante de um novo patamar quanto A divisdo territorial do trabalho. Esta se da de forma mais profunda ¢ esse apro- fundamento leva a mais circulagao © mais movimento em fungao da complementari- dade necessaria. Mais circulacao € mais movimento permitem de nove o aprofunda- mento da divisdo territorial do trabalho e por sua vez, mais especializagao © circulo, nesse caso, virtuoso igso?), amplia-se. ‘© fato de o espago ser chamado a ter cada vez mais um contelda em ciéncia & técnica traz consigo uma quantidade de conseqiiéncias, a primeira das quais, certa- mente, € uma nova composi¢&o organica do espace. pela incorporacdo mais ampla de capital constante ao territério e a pre- senga maior desse capital constante na instrumentalizagao do espa¢o, a0 mesmo tempo em que se déo novas exigéncias quanto ao. capital varivel indispensavel (ins- trumentes de producdo, sementes selecionadas, fertilizantes adequados, pes- ticidas etc). Como conseqiéncia das novas condigdes trazidas pelo uso da ciéneia € da técnica na transformagao do territério, hd uma maior expressio do assalariado ‘om formas: diversas (segundo as regides) uma necessidade maior de capital adian- tado, o que vai explicara enorme expans4o do sistema bancario. O mapa respective mostra como 0 territério do Brasil se cobre cada vez mais de presenca de bancos, de tal maneira que arriscamos dizer que se Ns anos 50 0 nexo que explicava de certa forma @ expansao capitalista no territério @ a urbanizagao era 9 consumo, desde os fins dos anos 70 esse nexo é dado pelo cré- dito. De tal forma que poderiamos falar de uma creditizagdo do territério, que dara uma nova qualidade ao espaco ¢ a rede urbana Cabe, igualmente, lembrar que nesta fase se corporifica aquela antevisao de Marx, segundo a qual, quando fosse vigente © trabalho universal, iste é, 0 trabalho jelectual que 6 a forma de universaliza- @40 da produce, teriamos uma maior area de produgao com uma menor arena da pro- dugao. Isto é, a producdo em todas as suas instancias se dé em areas. maiores do terri torio, enquante 0 proceso produtive direte se da em areas cada vez menores. Essa 6 uma tendéncia facilmente assinalavel no territério brasileiro, e que se torna passivel, em boa parte, pela possibilidade agora aberta a difusSe das mensagens e ordens em todo 0 territorio nacional, através dos ‘enormes progressos obtides com as teleco- — municagSes. A creditizagae do territ6ria, a dispersdo dé uma produgao altamente pro- dutiva, ndo seriam possiveis sem a infor- matizaco do espaco brasileiro. O territério 6 hoje possivel de ser usado através do conhecimento simultaneo das acées empreendidas nos diversos lugares, por mais distantes. que cles estejam, Isso per- mite, também, a implantagdo de sistemas de coopera¢ao bem mais largos, amplos € profundos, agora associados mais estreita- mente a motores econémicos de ordem nao apenas nacional, mas também internacio- nal. De fato, os eventos sA0, hoje, dotados do uma simultaneidade que se distingue das simultaneidades procedentes pelo fata de'ser movida por um éinico conjunto motor. a mais-valia ao nivel mundial que 6, em Ukima andlise, responsavel direta ou indi- reta pela forma como os eventos se dio sobre os diversos territéries. Essa unifiea- cdo se da em grande parte através do nexo financeiro e conduz a uma reformulacéo do espaco & escala mundial. No caso do Brasil, o ajustamento do espaco as novas condicdes do periodo tem dados particulares, que 380 a0 mesmo tempo fatores de implantacdo e de acelera- ao do proceso. Um deles 6 0 modelo econémico, de qual um subtitulo é o modelo exportador que veio criar para o Pais, nas areas mais fica, a presenca de uma esta- bilidade no crescimento com a presenca de culturas agricolas modemas e que tém como paralelo uma maior estabilidade no crescimento das aglomeragdes urbanas cor- fespondentes, Esse modelo exportador agrava a sua acdo em funcao da divida, cuja influéncia aprofunda os efeites do modelo econémico precedentemente esta- belecido. Podemos dizer que no Sudeste brasi- 6, jd agora, exemplar a presenga desse icotécnico, cujo retrato tentei esbogar de forma incompleta. 719 80 Algumas caracteristicas da nova urbanizagao Tudo isso traz como conseqliéncia uma nova urbanizacao brasileira. Um dos ‘elementos fundamentais de sua explicagao 6 0 fato de que no Brasil aumentou, expo- nencialmente, a quantidade de trabalho intelectual, Nao se dir. comisso que a popu- lagao brasileira tenha se tornado culta, mas ela se tornou mais letrada. © fato de que tenha se tornado mais letrada esta em rela ao direla com a realidade em que vivemos neste periodo cientifico-téenico, onde a cién- cia e a técnica esto presentes em todas as atividades humanas, Nessas condi¢des, @ quantidade de trabalho intelectual solici- tada 6 enorme, sobratude porque a producao material diminui em beneficio da produ- 4 ndo-material. Tudo isso conduz a amplificagéo da terciarizagdo que, nas condicoes brasileiras, quer dizer também urbanizacao. Por outro lado, 0 consumo no Brasil 6 ampliado. A gama de artigos de consumo aumenta enormemente. A expansio do consumo da saiide, da educaciio, de lazer, é paralela 4 do consumo das batedeiras elé- tricas, televisores, © de tantos outros objetas: do consumo das viagens, das idéias. das informagdes, do consumo das esperancas, tudo isso buscando uma resposta concen: trada que leva & ampliacdo do fenémeno da urbanizacao, sobretudo, porque a0 lado do consumo consumptive, que se esgoia com ele proprio, criam-se no munde agri- cola formas novas de consumo produtivo. Quer dizer, ao consume consumptive que se ampliou, corresponde, também, uma ampliagéo do consumo produtivo, através dessa incorporacao de ciéncia, técnica e informagao ao territérie rural. A conjunco desse consumo consumptive e produtive amplia a escala de urbanizaeao. Na medida em que o campo se moder- niza, requerendo maquinas, implementos, a componentes, insumos materiais ¢ intelec- tuais, indispensaveis a produg&o, o Mecanismo territorial da oferta eda demanda de bens e servigos tende a ser substancial- mente diferente da fase precedente. Antes, © consume de campo ¢ das localidades pro- priamente rurais era, sobretudo, um-consumo consumptivo, tanto mais expressivo quanto maiores as sobras disponiveis, estas em func&o da import&ncia des rendimentos 2 salarios, ©, pelo contrario, tanto menos expressive quanto maior a taxa de explora- co, mais extensas as formas pré-capita- listas, mais significative © coeficiente de auto-subsisténcia. Com a modemizagao agricola, 6 consumo produtivo tende a se expandir e a representar uma parcela impor. tante das [rocas entre os lugares da produgao agricola @ as localidades urbanas. A pre- senca de agro-industrias é um fator suplementar de complexidade. © consumo consumptive cria uma demanda heterogénea segundo os niveis de renda, mas compardvel segundo as mesmas possibilidades de demanda. A arquitetura do sistema urbano tende a se reproduzir, 0 que varia é a disténcia entre 98 nlicleos do mesmo nivel, que dispdem de equipamentos mercantis comparaveis. Essa distancia sera tanto maior —e a aces- Sibilidade aos bens e servicos tanto menor = quanto for menor a demanda gerada na regio. Ao contrario, a demanda local sendo maier, a distancia entre os nucieos Provedares tenderd a ser menor, © a aces- sibilidade, portanto, maior. Oconsumo produtive cria uma demanda heterogénea segundo os subespacos. Os equipamentos mercantis so diferentes, A arguitetura dos diversos subsistemas 6, desse modo, diversa. Hd, na realidade, superposicao dos efeitos do consume con- sumplive 6 do consumo produtivo, contri- buindo para aumentar a importancia dos centros urbanos, fortalecendo-os, tanto do ponto de vista demogréfico, quanto do Ponto de vista econdmico, enquanto a divi- sao do trabalho, entre cidades se torna mais complexa. E assim que vamos ter no Brasil um numero crescente de cidades com mais de 100 mil habitantes, o novo limiar da cidade média. Ha trés ou quatro decé- nios, as cidades médias eram as que tinham cerca de 20 mil habitantes. Por outro lado o sistema urbano é modi- ficado pela presenca de indiistrias agricolas. no urbanas, freqiientemente firmas hege- ménicas, dotadas ndo sé de capacidade de adaptacdo @ conjuntura extremamente grande como da forga de transformacao da estrutura, porque tém © poder da mudanca tecnolégica, da transformaoao institucional Com forte influéncia junto ao Estado, termi- nam por mudar as regras do jogo da economia e da sociedade a sua imagem. Dotadas de uma capacidade de inovaeao que as outras nao tém, fazem com que @ territério passe a ser submetide a tensdes muito mais numerosas € profundas. pulsa- gbes que, vindas de grandes firmas, se impdem sobre o territério levando a tendén- cia a mudancas rapidas e brulais dos sistemas territoriais em que se inserem. As cidades locais mudam de conteddo. ‘Antes, eram as cidades dos notdvels, hoje se transtormam em cidades econémicas A cidade dos notaveis, onde as personalida- des marcantes eram o padre, 0 tabeliéd, a professora primaria, 0 juiz, 0 promotor, 0 telegrafista, cede lugar & cidade ecanémica, onde so imprescindiveis 0 agrénomo (que antes vivia nas capilais), 0 bancario, o pilot agricola, 0 especialista em adubos, 0 res- ponsdvel pelos comércios especializados, A.cidade torna-se 0 focus da requlagao do que se faz no campo. E ela que asse- gura a nova cooperacao imposta pela nova divisao do trabalho agricola. Porque ela é obrigada a se afeicoar as exigénoias do campo, respondendo as suas demandas cada vez mais prementes @ dando-the res- postas cada vez mais imediatas: como 0 campo se torna extremamente diferenciado pela multiplicidade de objetes geograficos que-o formam: pelo fato de que esses obje- tos. geograficos tém, contorme jé vimos, um contetido informacional cada vez mais distinto (0 que se impde porque 0 trabalho no campo ¢ cada vez mais carregado de cigneia): tuda isso faz com que as cidades locais deixem de ser a cidade no campo @ 8é transtormem na cidade do campo. No sistema urbano, as categorias con- sideradas como homélogas, os niveis tides como paralelos sSo cada vez mais diteren- clades entre si, Desse modo, os desenhos com os quais enfeitavamos os nossos traba- Ihos e cuja arquitetura faz as delicias da razo planificadora, esse design das redes urbanas, das hierarquias funcionais do sis- tema urbano, assim como aqueles circulos que tragamos em torn de: uma cidade para dizer gue até ali vai a sua zona de influén- cia, devem ser meditados segundo uma otica diferente que leve em conta os novos mecanismos goograficas. Arede urbana é cada vez mais diferen- ciada, cada vez mais complexa: cada cidade @ seu campo respondem por relacbes espe- cificas, préprias as condiches novas de realizagao da vida econdmica e social, de tal maneira que toda simplificacao no trata- mento dessa quesiao precisa ser superada. Neste periodo em que ha 0 fortaleci- mento das cidades intermedidrias ligadas 5 novas formas de producdo e consumo, um fato para 9 qual nem sempre temos vol- tado a nossa atencao, merece ser realgado; 6 que no Brasil se da, a0 mesmo tempo, uma tendéncia a metropolizacae e desme- tropolizagdo. Sao tendéncias paralelas, 0 que nada tem de extraordinario, pois a época em que vivemos é um periodo onde © paradoxo é moeda corrente. Ha redistribuicga, no territério, das classes médias e dos pobres. O fato de as classes médias se redistribuirem territorial- mente explica a importancia das cidades 81 82 intermedidirias; © por isso, desde 1960, as cidades intermedidrias praticamente cres- cem tanto quanto as grandes cidades, ainda que estas ja nao crescam da mesma Maneira. So Paulo é que passa a ter um Qfande crescimento enquanto que o Rio de Janeiro diminui relativamente sua fora de alrac3o demografica. Mas 0 crescimento das grandes cidades é também crescimento da pobreza. E dificil, pois, continuar afirmando que, no Brasil, 0 espaco é estruturado a partir da indiistria. O terntério passa a ser coman- dado a partir da capacidade de informacao 80 os fluxos-de informac&o que so esiru- luradores do espaco, superpande aquilo que, 4 maneira de Marx, chamo de circulos de cooperagae dos circuitos espaciais da producao. Os circuitos espaciais da produ- G80 criam movimento de matéria e os Gircuitos de cooperagéia criam fluxos de informagao, que 880 05 novos: estruturado- res. do espaco. Por Ultimo, diria que dentro das cida- des, sobretudo das grandes cidades, vai se dar aguila que alguns autores haviam Prematuramente visualizado nos anos 60, Propondo a nogao de “involugao urbana” @ partir do que era chamado de ruralizago da cidade, isto 6, a invasao de praxis rurais no meio urbano em virtude das numerosas @ brutais correntes migratérias provenien- tes do campo. Hoje, porém, talvez se possa falar em uma involucae metropolitana mas em outro sentido, na medida em que o grande numero de pobres urbanos cria o caldo de cultura para que nas. cidades, sobretudo nas grandes cidades, vicejem formas econdmicas menos modemas, dota- das de menor dinamismo @ com menor peso na contabilidade estatistica do cresci- Menta econémico. Sao Paulo ha muito tempo que cresce relativamente menos do que o Pais e cresce também menos do que o Estado de Sao Paula, ndo propriamente em termos absolu- = tos, mas em termos proporcianais, Este, alias, ndo ¢ apenas um fenémeno paulista. Nas regides de agricultura moderna, o cres- cimento econdmico é, por razées muttiplas, maior que nas respectivas metrépoles. Estas so lugares onde se encontram enormes estoques de capital velho, na medida em que, no campo, a substiluicao de uma com- Posicao organica do capital a uma outra compasigao organica do capital é mais faci do que, na cidade, a substituicao de uma composicao técnica a uma outra composi- Go técnica do espaco. E muito mais caro arrasar um quarteirao, fazer uma nova ave- nida, um ténel, um viaduto, do que substituir, com incentivos finanesiros e fiscais, maqui- fas, sementes @ produtos quimicos. Por outro lade, 0 fato de que os pobre vam para.a cidade e abandonam o carnpo moder- nizado leva A recriac3o no urbano de condicdes para utilizacao de infra-estrutu- ras econémicas envelhecidas. A urbanizagdo também aumenta por- que cresee a quantidade de agricultores residentes na cidade. O Brasil é um pais que praticamente nao conhecia ofenémeno de village. Pode-se dizer que as primeiras aldeias brasileiras nascem modernas, neste mesmo periado, com acolonizacao na Ama- z6nia e no Centro-Ceste. © Brasil é também um pais onde vamos ter rapidamente uma populacae agricola maior que a populacao ural; a populacae agricola se torna maior que a rural exatamente porque uma parte da populagao agricola é urbana em residén- cia. Um complicador a mais para nossas velhas teorias de cidade-campo. A essa divi- so social do trabalho ampliada, que leva uma divisdo territorial do trabalho ampliada, soma-se 0 fato de que as diferenciagses regionais do trabalho também se ampliam Para Durkheim havia duas nocdes importantes para entender a chamada mor fologia social (a denominagao que ele queria atribuir & Geografia, como parte da Sociologia), as nocées de densidade mate- > rial @ densidade moral. A densidade mate- rial é dada pela densidade de populacdo & pela densidade das obras dos homens, quer dizer, a materialidade. E a densidade moral é dada pela freqiiéncia dos intercur- 308 entre as pessoas, das inter-relacdes entre os homens; e ele chama também essa densidade moral de densidade dina. mica. A luz do nosso tempo, essas duas categorias. continuam importantes para a compreensio da divisdio territorial do traba- Iho, sem a qual ¢ dificil falar de Geografia regional. Ora, as cidades locais se especializam tanto mais quanto na area respectiva na possibilidades para a divisdo do trabalho, tanto do ponte de vista da materialidade quanto do ponte de vista da dindmica inter- pessoal. Quanta mais intensa a diviséo do trabalho numa area, tanto mais cidades sur- gem e tanto mais diferentes sao umas das outras, Dentro do que freqtientemente consi- deramos como lacalidades do mesmo nivel ha uma diferenciagao cada vez mais mar- cada, acompanhada de uma divisdo intorurbana do trabalho. & 0 que se verifica no Brasil em boa poreao dos estados do Sudeste © Sul, com @ distribuigao de fun- ces produtivas entre as cidades. 150 é possivel porque os transportes se difundi- ram e & criago de grandes autopistas se soma, nas regides mais desenvolvidas, uma criagao tao grande ou maior de estra- das vicinais; desse modo, a circulagao se torna facil ¢ 0 territério fluido. E essa fiui- dez do territério tem come consealiéncia uma acessibilidade (fisica © financeira) maior dos individuos. Na medida em que essa acessibilidade financeira é maior, os precos tendem relativamente a baixar e a parte disponivel do salirio tende relativa- mente a aumentar. Quanto maior a divisio territorial do trabalho, maior a tendéncia a consumir, a tendéncia a produzir, a tendén- cia ao movimento, e a mais criacdo de riqueza, Nas zonas onde a divisdo do trabaino é menos densa, em vez de especializacbes urbanas, ha acumulagao de fungdes numa mesma cidade e, conseqiientemente as loca- lidades do mesmo nivel, incluindo as cidades médias, 520 mais distantes umasdas oulras. A “aissolugo" da metrépole Houve, ao longo da histéria, quatro momentos do panto de vista do papel e da significacao das metropoles. Quando 0 Bra- sil urbane era um arquipélago, pela auséncia de comunicagées faccis entre as metrapo- les, estas apenas comandavam uma fracao do territirio, sua chamada zona de influén- cia. Num segundo momento, hé luta pela formac3o de um mercade tinico como uma integragao territorial apenas no Sudeste e na Sul. Um terceire momente ¢ quando um mercado Gnico nacional se constitu, ¢ © quarto momento, 0 alual, conhece um ajustamento a crise desse mercado, que é um mercado Unico, mas segmentado: Unico e diferenciado, urn mercado hierarquizado © articulado pelas firmas hegemdnicas, nacionais e estrangeiras que comandam 0 territério com apoio do Estado. Nao é demais lembrar que mercado e espago, mercado © tertitério, so. sinénimos. Um nao se entende sem o outro 83 84 Neste momento, a metropole esta. pre- sente em toda parte, e no mesmo momento. A definicgo do lugar é, cada vez mais, no periodo atual, a de um lugar funcional & -sociedade como um todo. Os lugares seriam, mesmo, lugares funcionais de uma metro- pole. E, paralelamente, através das metro- poles, todas as localizagoes tornam-se hoje funcionalmente centrais. O vaticinio de André Siegiried (Asp cts du XXéme siécle} vendo em cada lugar o centre do mundo, ter-se-ia realizado. Antes, sem duvida, a metropole estava presente em partes do Pais. Digamos que © nicleo migrava para o campo e para a periteria, mas o fazia com defasagens e perdas, com dispersdo das mensagens & ordens. Se ao longo do tempo, o espaco se tomava mais & mais unificado @ mais fluido, todavia faltavam as condicdes de ins- lantaneidade ¢ de simultaneidade que somente hoje se verificam. Mas ao contrario do que muitos foram levados a imaginar e a escrever, na socie- dade informatizada atual nem o espaco se dissolve. abrindo lugar apenas para o tempo, ner este se apaga. O que ha € uma verda- deira demultiplicagao do tempo, devido a uma hierarquizacZo do tempo social, gra- cas a uma seletividade ainda mai das novas condieSes de realizado da vida social. Com isso, uma nova hierarquia se impge entre lugares, uma hierarquia com nova qualidade, a partir de uma diferencia- cao muitas vezes maior de que aquela entre os diversos pantes do territ A simultaneidade entre os lugares nao 6 mais apenas a do tempo fisico, tempo do relégio, mas do tempo social, dos momentos da vida social. Mas o tempo que esta em todos os lugares é 0 tempo das metrépoles, que transmitem a tode o territé- rig 0 tempo do Estado eo tempo das mult nacionais © das grandes empresas. Em cada outro panto, nodal ou nao, da rede urbana ou do espago, temos tempos subal- temos ¢ diferenciados. marcados por domindneias especificas, Nenhuma cidade, além da metrépole, “chega”” a outra cidade com a mesma cele- ridade. Nenhuma dispée da mesma quantidiade e qualidade de informacées que a metropole. Informagées virtualmente de igual valor em toda a rede urbana no so igualmente disponiveis em termos de tempo. Sua insergéo no sistema mais global de informagées de que depende o seu préprio significado — depende, na maior parte das vezes, da metropole. Esta ai o novo princi- pio da hierarquia, pela hierarquia das informagées... a um novo obstaculo, a uma inter-relagao mais frutuosa entre agiomera- Ges do mesmo nivel, uma nova realidade do sistema urbano. Os momentos que, no mesmo tempo do relégio, s4io vivides por cada lugar, solemn defasagens © se submetem a hierarquias (em relacdo a0 emissor e controlador dos fluxos diversos). Porque ha defasagens, cada qual desses lugares 4 hierarquica- mente subordinado. Porque as detasagens so diferentes para os divorsos varidveis ou fatores, ¢ que os lugares sdo diversas. As quastdes do centro-periferia, como precedentomente colocadas, @ a das regies polarizadas. ficam, assim, ultrapassadas. Hoje. a metropole esta presente em toda parle, no mesmo momento, instantanea- mente. Antes, a metrépole ndio apenas nao chegava ao mesmo tempo a todos os luga res, como a descentralizacao era diacrénica: hoje a.instantaneidade & socialmente sincré- nica. Trata-se, assim, da verdadeira “‘dis- solugSo da metrépole’’, condic&o, alids, do funcionamento da sociedade econdmica @ da sociedade politica. Temos, agora, diante de nés, o fend- meno da ‘metrépole transacional” de que fala Helena K. Cordeiro. Esta ¢ a grande cidade cuja forea essencial deriva de poder de controle sobre a economia e © territario, de atividades hegemonicas nela sediadas, capazes de manipulagaéo da informacao. da qual necessitam para o exercicio do pro: p n " \) cesso produtive em suas diversas etapas. Trata-se de um fato novo, completamente diferente da metrépole industrial © dado organizacional é 0 espaco de fluxos estruturadores do territério e nao mais, como na fase anterior, um espago onde os tluxos de matéria desenhavam o esquelete do sistema urbane. No caso brasileira, vale a pena insistir sobre essa diferenca, pois em ambos os momentos a metropole é a mesma: S40 Paulo. Nas condicdes de passagem de uma fase. outra, somente a metropole industrial tem as condieSes para instalar as novas condigdes de comande, beneficiando-se dessas pré-condicoes. para mudar qualitati- vamente. Ametropoie informacional assenta sobre a metropole industrial, mas j4 nio & a mesma metrépole. Prova de que sua forca nao depende da indtstria é que aumenta seu poder organizador ao mesmo tempo em que se nota uma desconcentrago da atividade fabri Estamos diante do fenémeno de uma metrépole onipresente, capaz, a0 mesmo tempo, pelos seus velores hegeménicos de desorganizare reorganizar, ao seu talante © om seu provelto, as atividades periféricas impondo novas quest6es para 0 processo de desenvolvimento regional. Em busca de novas horizontalidades Consequéncia do que antes foi visto tema de grande interesse ¢ a relagao ‘entre territério e mercado @ como corolario a quesiao de saber se existe ainda a reg como escalao intermediario. Sera a regiao algo que nés mantemos no vocabulério por- que as coisas velhas séo tenazes? Ou s6 existiria 0 nivel nacional e 0 local? Sem duvida, a nogao de regio pode permane- cer gracas, de um lado, a dados infra- estruturais @, do outro lado, a dados supra- estruturais. Dados infra-estruturais: toda a materialidade preexistente que tem um certo papel de comando, conforme ja vimos, pak BE 38 sobre a isao do trabalho. Dados supra- estruturais: as iconografias que mantém a idéia de regiao atraves da nogao de territo- rialidade, que une o8 individuos. herdeiros de um pedace de territério; uma determi- nada fragéia de espaco. Mas ¢ verdade também que, no Bra- sil, aquelas firmas oligopélicas, em niimero cada vez menor, que comandam a territério, de alguma forma fragmentam o territorio em mado “vertical’”, porque a zona de mer- cado da grande firma nao se integra por um processo de difusaa por contigiidade, exceto numa parte do territério a que cha- mamos de regiéo concentrada do Brasil. No resto do Pais a sua drea de mercado alcanga certos pontos ou manchas de meio técnico-cientifico. Fora desse mercado privi- legiado para_as firmas hegemdnicas, 0s intersticios 840 ocupados pelas zonas de mercado das firmas n&o hegeménicas. A area concentrada, onde o meio técnico-cien- tifico ¢ contiguo, ¢ formada pela maior parte dos estados do Sudesie © do Sul © parte do Gentro-Oeste; ha manchas desse meio técnico-cientifico, como 0 cerrado de Brasi- fia, tendencialmente o centro-oeste da Bahia, partes do Nordeste, e ha pontos do meio técnico-cientifico em todos as estados e nas cidades, sobretude as médias. Ha, pois, um recorte caprichoso da area preferencial de mercados das grandes fimas, que acompanha os grandes eixs de circulacio fora da area concentrada. deixando para as outras firmas os intersticios. De modo que haveria uma reparti¢ao vertical e néo horizontal do territorio, uma espécie do segmentagao vertical do mercade enquanto territério € uma segmentagae vertical do territério. enquanto mercado, na_ medida em que os diversos agentes Sociais 6 cco- némicos nao utilizam 0 territério de forma igual. Isso representa um desafio as planifi- cagées regionais, na medida em que as grandes firmas que controlam a informacao @ a redisiribuem ao seu talante, tém um papel entrépico em relacdo as demais dreas © somente elas podem realizar a desejada 85 86 neg-entropia. O espaco ¢ assim desorgani zado e reorganizado a partir dos mesmos polos dindmices. © fato de que a forca nova das grandes firmas neste periodo cien- tifieo-téenice traga come conseaiiéncia uma segmentacae vertical do territério, supée que Se redescubram mecanismos capazes de levar a uma nova horizontalizagao das relagdes que esteja ndio apenas ao servi¢o do econémico, mas também do social. Haveria, pelo menos, duas formas de se chegar la: uma, através da intervencao sobre 0 cotidiana, seja 0 cotidiano dos indi- viduos nas suas relagées interpessoais, Seja 0 colidiano da producéo. Na medida em que, nas areas agricolas, o territério se especializa do ponto de vista produtivo, hd ento uma certa restauragde da horizon- talidade das rela¢des torritoriais. mas em beneficio dos atores hegeménicos da eco- nomia. E ha outra forma de restaurar a horizontalidade das relacdes territoriais, isto @, através do poder. No caso do Brasil, nds ‘ssabemos, porém, que haverd talvez apenas dois estades capazes de uma agao regio- nal auténtica: So Paulo e 0 Rio Grande do Sul. Os outros estades por intermédio dos poderes neles conslituides s8o pratica- mente incapazes de regionalizacao. Como pensar, através de uma nova regionaliza- 80 do poder, uma realizacio eficaz do poder politico no sentide de superar a frag- mentagao vertical, e, através de uma horizontalidade recuperada, atribuir as por- Ses do territério desse modo atingidas um contetido n&o apenas econdmico mas também social? Em paises como o nosso, ‘© progresso técnico © as suas condicdes sécio-politicas modificam as regides. em beneficio de alguns atores hegemdnicos, responsaveis por novas relacées territoriais conde 05 nexos distantes primam sobre os exes prdximos € o interesse econdmico sobre o interesse social. Para reverter a ten- déncia, uma politica territorial adequada Ga supée a regulagdo social da atividade eco- némica. Por exemplo, 0 fato de que no Brasil uma nova Constituieao tenha consa- grado uma nova distribuigdo de ingresso fiscal entre as diversas entidades territoriais (Unido, estados e municipios) deve ser apro- veitada, a partir dos ensinamentos historicos, para a instalagéo de uma sociedade mais redistributiva. ‘A América Latina sempre foi, desde os inicios de sua historia européia, um con- tinente aberto aos ventos do mundo, enormemente permeavel ao novo, em todos os momentos. Dai a sua vulnerabilidade © a sua forca. A accitagao mais facil e mais pronta dos modelos de moderizagao the tem permitido saltar etapas, percorrendo ‘em muito menos tempo caminhos que ao velho Continente exigiram uma lenta evolu- 80. Per outro lado, esse proceso de integracao se tem dado a custa de enor mes distorcdes do ponto de vista territorial, econémico, secial e politico. O periodo téc- nico-cientifice comeca a se implantar no cantinente Sob esses mesmos signos, ajun- lando novas distorgdes as herdadas das fases anteriores. Pode-se, todavia. imagi- nar, neste nave periado histérico, que é a fase das organizacbes e, também, a fase da inteligéncia, que sera possivel reverter essa tendéncia? Ai esta, sem divida, um grande desafio para os povos latino-ameri- Canos @ os seus intelectuais, voltados a pensar o futuro a partir das realidades do presente. O ponto central nao é apenas a escolha das novas varidveis histéricas, num mundo em que a modernidade se tornou irrecusdvel, mas a dosagem de sua combi- nae&o, n&o mais a partir dos imperatives da técnica, que se tornou subordinada & economia, mas a partir dos valores, 0 que ensejaria uma nova forma de pensar um porvir onde o social deixaria de ser resi- dual e 8 economia seria atribuido um papel 0 subardinado, em beneticio do maior ndmero,

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