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DR. ARTHUR FREEMAN E ROSE DEWOLF 10 BOBAGENS MAIS COMUNS QUE AS PESSOAS INTELIGENTES ee) a E TECNICAS EFICAZES PARA EVITA-LAS Ls PERFECCIONISMO Desde a mais tenra cia_aprendemos a buscar a perfei Por exem- plo: de quem sio os trabalhos que a professora expde no mural da escola? Aqueles feitos pelos alunos que deram as respostas certas, claro. Quem costuma ser elo- giado? Quem costuma ser admirado? Aqueles que fazem tudo a perfeigao — ou a0 menos é 0 que parece. Quem quer que tenha cunhado a frase “ninguém é perfeito”, porém, nao podia ter sido mais perfeito. Sim, ha certas ocasides que parecem perfeitas. Determinados esforgos, tais como a sua prova de ortografia da quinta série, si avaliados como tendo sido perfeitos. Na vida, contudo, via de regra, existe 0 bom, existe o 6timo, existe o quase perfeito — mas perfeigao, mesmo, nao. Em estatistica, esse conceito é representado por uma curva em forma de sino, cujas extremidades estendem-se para o infinito. E 0 grafico que representa a lei da probabilidade ¢ do acaso. Se, por exemplo, despejassemos uma certa quantidade de contas sobre uma grade, de modo que todas as contas tivessem igual probabilidade de cair a direita ou a esquerda, acabariamos com uma pi- Iha de contas em forma de sino. A maioria delas iria parar no centro, com quan- tidades menores de um lado e do outro. O formato do sino assim desenhado nunca é perfeito, isto ¢, nunca é possivel localizar com precisao a sua extremi- dade, porque, a menos que tenhamos reunido todas as contas da ‘Terra, nunca poderemos saber ao certo como cada uma vai cair. Na vida, como na estatisti PERFECCIONISMO — 151 para uma misica sobre conservacaio de agua durante a Segunda Guerra Mun- ,) No entanto, 0 que parecia ser a mais perfeita campanha publicitaria ja concebida acabaria reduzindo as vendas nos anos 1950, quando a classe média ‘americana floresceu, os refrigeradores dobraram de tamanho e as compras passaram a ser semanais. As pessoas compravam uma diizia de mais ou laran- jas, mas apenas trés bananas porque, afinal, elas “jamais” deveriam ser guarda- “das na geladeira. A empresa ainda tentaria durante anos desfazer a mensagem do jingle, mas acabou desistindo. A perfeicao pode envolver a imperfeicao Imagine que vocé esté no World Series ¢ os dois melhores times de beisebol profissional de suas ligas esto disputando 0 campeonato. Fo ultimo periodo, possivelmente o ultimo tance, 0 placar esta 3x2 ¢ 0 jogo est equilibrado. Ima- gine, ainda, que 0 langador lance uma bola “perfeita”. O batedor, porém, tam- bém faz um trabalho perfeito e acerta a bola, e 0 ouffielder também se sai & per feicao e pega a bola. Qual o resultado de tanta perfei¢ao junta? O time do ba- tedor perde 0 jogo. Do seu ponto de vista, isso nada tem de perfeito. Se ele tives- se feito um home run, a jogada do langador nao seria considerada perfeita, por melhor que fosse. Claro que os apreciadores de beisebol podem muito bem achar “perfeita” essa situacao imperfeita porque é o suspense de esperar para ver como 0 jogo se desenrola que 0 torna tao interessante de assistir. Porfeigio demais pode néo ser bom. Eis aqui um ponto crucial, Assim como se pode incorrer num excesso de autoconfianga, uma perfeicao exagerada também nao é boa. Os sindicatos br tanicos ligados ao setor de transportes fizeram um étimo uso desse fato para contornar uma lei que os proibe de entrar em greve ~ e chegaram a solugio perfeita, chamada de “trabalhar segundo as regras”. Em vez de abandonarem o trabalho quando as negociagdes relacionadas a um novo contrato chegam a um impasse, os profissionais da area trataram de seguir cada um dos t6picos do seu manual de trabalho ~a perfeigao. Cada uma das regras devia ser observada de maneira meticulosa, impecavel e ao pé da letra. Por exemplo, se uma regra determinava que o engenheiro deveria certifi- car-se de que todas as portas estivessem fechadas para que o trem pudesse dei- m2 — AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. xar a estagao, ele saia fisicamente do trem e examinava atentamente cada porta ~ em vez de limitar-se a colocar a cabeca para fora da janela e olhar para tras. Nenhum trem deixava as estacées de portas abertas — mas nenhum deles tam- pouco conseguiu sair da estacao no horario. A mera obediéncia estrita as nor- mas ja levou, mais de uma vez, o sistema de transito britanico ao mais absoluto Ser exigente pode ser bom Espere ai um instante, vocé pode estar pensando. O que vocés esto reco- mendando é a total auséncia de padrdes? Quem é que gostaria de ser operado isa conferir os instrumentos, por um neurocirurgiiio que diga: “Nao, nao pre provavelmente esto todos ai?” Ou de ser representado por um advogado que admitisse desconhecer os procedimentos daquele tribunal? Ninguém, claro. Entretanto, alguém que muito simplesmente nao esta preo- cupado em fazer um bom trabalho e nao liga a minima para uma preparagio pade.em fazer um bom trabalho ¢ nao liga a minu u cuidadosa ¢ muito diferente de alguém que, sentindo-se na obrigacgao de ser perfeito, acaba paralisado pelo medo de fazer qualquer coisa errada. Ninguém vai querer ser operado por um neurocirurgiao que esteja a beira de um ataque de nervos. Por outro lado, em certas profiss6es ocorre uma busca mais constante da perfeigao que em outras. O cortador de diamantes ¢ 0 dentista, assim como 0 cirurgido, precisam seguir parametros rigidos. Um bom contador sera meticu- loso na preparacao de uma auditoria. Um bom jornalista verifica os fatos ¢ escritos corretamente. O confere se os nomes citados nas suas matérias est trapezista necesita de um timing preciso para agarrar o parceiro em pleno ar. Mesmo nesses campos, contudo, o perfeccionismo pode causar problemas. O trapezista, por exemplo: claro que o artista no pode se sair coma frase “puxa, foi por um triz”, mas também nao adianta nada se, em sua busca pela perfei- 40, ele treinar vinte horas sem parar e, na hora do espetaculo, 0 cansago aca- bar prejudicando a sua concentragao. Nesse caso, 0 perfeccionismo ser con- traproducente. Ademais, tamanho nivel de perfeicdo pode ser dispensa mo- mentos da vida. Nosso trapezista pode adotar padroes mais relaxados e menos PERFECCIONISMO — is rigorosos ao encontrar os amigos para uma partidinha de golfe. E_o nivel de perfeigtio que tanto almejamos ¢ admiramos dificilmente seré atingido se nfo jc sarmos primeiro por um_periodo de treinamento. Mais longe da perfeicio, impossivel. Trapezista nenhum vai conseguir dar um mortal quadruplo logo na primeira tentativa. Em suma, do esforgo por padrées mais elevados, acontece o erro do feccionismo quando este é levado ao extremo. Perfeigao na dose certa Infelizmente, por sermos ensinados desde a infancia a aspirar a um ideal ilusbrio, quase sempre vemo-nos metidos num cabo-de-guerra entre aquilo que achamos que devemos fazer ¢ aquilo que efetivamente podemos fazer, Conhe- cemos muitos casos de pessoas que alcangaram o sucesso porque se recusaram a conformar-se com o segundo lugar. Ouvimos falar na capacidade de motiva- gio do desejo de realizar 0 irrealizavel. Tudo isso é verdade — até certo ponto. A busca da perfeigdo, todavia, esta sujeita ai do retornio ecrescent® por mais mo ela pode acarretar exatamente o contrario, levando a_uma insatisfagao constante, 4 ao fracasso, a desisténcia, a rastinagao — individuo simplesmente abre mao de tentar. Como escreveu o poeta francés Alfred de Musset, no século XTX: reender a perfeicdo é o auge i subla ¢ o mais perigoso tipo de Joucura.” © perigo é que, com muita freqiiéncia, quando insistimos na perfeigao BAS. Sempre que colocamos as coisas nesses termos, em geral acabamos sem nada. a. Ambicionar pos- % Se concluimos que nao dé para chegar a perfeigdo, nem hd por que tentar; talvez seja até melhor ndo fazer nada. Vejamos 0 caso de Ted, por exemplo. E, um sujeito inteligente e capaz, que sempre obteve os melhores resultados na escola. Seus pais enchiam a paciéncia dos vizinhos com sua eterna ladainha sobre a capacidade do filho de conseguir 154 AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. “qualquer coisa que enfiasse na cabeca”. Recentemente, Ted decidiu desenvol- ver um curso de dois dias para os novos funcionarios do departamento de marketing da sua empresa. Naturalmente, ele quer que 0 projeto seja brilhante, pois deseja tanto impressionar os novos empregados quanto chamar favoravelmente a aten- G&o dos seus superiores. Seu _desejo é t4o intenso que ele fica paralisado. Todas as idéias que lhe ocorrem parecem-lhe que poderiam ser melhores, Suas tentativas de colocar seus pensamentos no papel sto bloqueadas por uma sensaciio de nao serem “boas osufis menos pi iente”, Assim, Ted acaba ocupando-se de outros projetos, que envolvam sso. Continua jurando que 0 curso ficard pronto a tempo, mas, sim- plesmente, nao tem a menor intengao de entregar qualquer coisa. Tem que ser o melhor. Tudo 0 que ele precisa fazer (como seus pais bem lhe lembrariam) é se concentrar. Infelizmente, porém, o chefe do departamente de Ted nao valoriza muito a sua determinagao de realizar um trabalho perfeito porque, do seu pon- to de vista, ele simplesmente nao fez nada. Tudo 0 que ele produziu foi uma série de promessas indcuas. Vale lembrar, entretanto, que 0 perfeccionismo nao esta relacionado ape- nas a questdes profissionais: também em situagGes sociais. Se vocé é de opiniito que, se néio encontrar uma cara-metade capaz de corresponder 4s suas especificagies até o iiltimo detalhe, prefere ficar sozinho(a), é melhor vocé se habituar @ sua prépria compankia. em de ser da mesma Cheryl sabe de cor como deve ser a sua alma gémea: raga ¢ religidio que ela, um pouquinho mais velho (mas nao velho demais), bo- nito, bem-sucedido profissionalmente ¢ ter senso de humor, “Estou ficando ve- Iha a cada dia que passa”, ela costuma repetir, “logo, nao ha por que perder 0 meu tempo com alguém que nao constitua uma perspectiva real de relaciona- mento duradouro.” Os candidatos de carne e 0380, contud, sio rarissimos, pois Cheryl confere sua lista ¢ elimina quase todos. Sam parecia 0 mais proximo de atender as suas especificagdes — mas, infelizmente, explicou ela, “esta comegan- do a ficar careca”. Se vocé insistir em adiar a conclusto de um projeto, a realizagao de uma festa ou de uma viagem ou a tomada de uma decisito até aparecerem a hora certa e o plano perfeito, provavelmente tera de esperar para sempre =. samy) PERFECCIONISMO Pode ser dificil simplesmente escolher uma data qualquer e dizer: “Pronto. O meu re ro melhor que puder ser feito até tal e tal dia — nao o * melhor que poderia ser feito ivesse toda_acternidade.” Ha vezes em que a capacidade de conciliagao, de adotar uma decisdo que nao é a melhor © meu referencial s (mas quase), de desenvolver um plano alternativo ou simplesmente deixar que o acaso decida para onde iremos ¢ inestimavel. Mary ¢ Steve resolvem ir tomar sorvete. Como nao hé lugar para estacio- nar, Mary sai para comprar as casquinhas enquanto Steve espera no carro, “Que sabor vocé quer?”, ela pergunta. “Qualquer um. Baunilha, se tiver.” Nao tem. Mary, entao, hesita, vacila, titubeia e nfo consegue decidir que sabor Steve poderia querer. Creme? Chocolate? Chocolate com menta? Ela nao quer levar 0 sabor errado — tem de ser a opsio correla, Enquanto isso, ele, esperando no carro, comeca a se aborrecer. Por que Mary esta demorando tanto? Outros clien- tes, que entraram na sorveteria depois dela, j4 sairam. Quando reclama da demora, ela fica magoada com a incapacidade dele de dar 0 devido valor a sua preocupaciio em agrada-lo — ¢ 0 que era para ser um passeio agradavel torna- se uma fonte de atrito para o casal. ee Se vocé acha que tem de ser perfeito em tudo aquilo que fizer, pode acabar, perdeds \ seu tempo com detalhes, quando suas energias poderiam ser investidas de mani 1a mais sabia. —_——_— Stan ainda precisa terminar um trabalho para concluir seu mestrado. Era um trabalho pequeno, mas Stan encontrou algumas dificuldades e nao ficou satisfeito. Assim, solicitou ao professor uma prorrogacio do prazo para terminé-lo. Como o pedido significava que ele nao se formaria no tempo previsto, o professor supds que Stan fizera a solicitagao por estar doente. No entanto, Stan apenas estava decidido a nao aceitar um B logo no seu tiltimo trabalho depois de tirar A em todos os outros ~ ainda que a nota nao fosse afetar em praticamente nada a sua nota final. Claro que tirar um B no tal trabalho seria muito menos prejudicial para a sua futura carreira que o atraso na conclusao do curso, mas Stan nao estava pensando na situago como um todo, Tudo o que ele queria era pot parieito naquele trabalho, 156 — AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. Por que é tao dificil ceder O que leva um perfeccionista a desejar tio ardentemente fazer tudo certo? Em parte, medo. Em parte, fantasia. O medo é de ser desmascarado — de, se uma vez sequer fizermos algo que nao seja maravilhoso, extraordinario, sur- preendente, perdermos o respeito dos demais. Nosso critico interno vai come- gar a reclamar. O célebre “todo mundo” vai nos reprovar. O perfeccionismo manifesta-se como um desejo de evitar constrangimen- tos. Podemos pensa © fim” — ¢ essa idéia logo se torna: “Melhor eu nem tentar fazer esse discurso, : “Se eu esquecer uma palavrinha do meu discurso, vai ser porque posso errar alguma coisa ¢ vai ser uma humilhagao.” Esse raciocinio pode nos levar a achar que € melhor nao fazer nada do que ser pego e “passar vergonha”, Nao fazer nada possibilfta que nos agarremos & ‘\WSWantasia reconfortante de que “Teria sido perfeito — se eu tivesse feito”. Com efeito, certas pessoas preferem mesmo a faniasia, Max, por exemplo, é garcom, dos bons. No entanto, ele gosta de dizer as pessoas que também é escritor — ¢ conta que est escrevendo 0 maior romance de todos os tempos em seu tempo livre. Ja mostrou 0 material para algum editor? “Ainda nao”, explica ele, “ainda nao estou pronto. Ainda estou burilando, Eu vou saber quando estiver termina- do”. Ora, Max esta s6 se divertindo. Esse livro nunca sera concluido, se é que foi comegado de fato. Sua tinica razdo de ser é melhorar a imagem do seu su- posto autor, Nao ha imite para a “perfeigao” do seu romance, ja que a fantasia nao tem limites mesmo Abrindo caminho para mudangas Entretanto, a gente sabe se uma fantasia de perfeicdo é satisfatoria ou nao. Sabemos se 0 nosso perfeccionismo esta nos fazendo mal ou bem, Podemos até nao nos importar se os outros reclamarem do nosso preciosismo e atengao a detalhes se estes nos ajudarem a atingir os nossos objetivos. Se, contudo, os ni contudo, os nos- sos estiverem nos induzindo ao erro, a postergacdes, a ¢ prazos ou nos condenando a solidao, pode ser melhor ‘Talvez vocé nao ache possivel, “Eu sou assim mesmo”, vocé pode pensar, “no da para ser diferente”. Entretanto, ao admitir que ¢ assim mesmo voce ja PERFECCIONISMO, — 157 esta dando o primeiro passo para conseguir mudar. Agora, ja da para dizer: “Para. Estou sendo perfeccionista outra vez, ¢ isso nao est4 me ajudando em nada.” Aonomear o que est acontecendo torna-se possivel tomar alguma providéncia arespeito ~ assim como um médico precisa primeiro emitir seu diagndstica antes. de definir o tratamento mais eficaz. E possivel que estejamos incorrendo nao s6 em perfeccionismo, mas, também, ao mesmo tempo, em outros erros mentais. Nao importa. Basta identificar um deles — ¢ tomar as medidas necessarias para superé-lo — para deflagrar o processo de obtencao de controle. O ponto de vista da “perfeigio” Pode ser muito titil tomar consciéncia de,como o perfeccionismo nos afeta. Antes de mais nada, examine como vocé se sente a respeito do perfeccionismo alheio, Sera que vocé ja disse uma destas frases? + “Eles usam padrdes mais baixos ¢ se dao bem — mas s6 porque eles fa zem isso, a coisa nao fica aceitavel para mim.” + “Eles podem dar uma mancada de vez em quando porque so muito bem-sucedidos (ou adorados ou fabulosamente ricos), mas eu nao.” + “Se eles fazem tudo tao perfeito, eu também consigo.” + “Nao espero nada menos que a perfeicao dos meus filhos (ou funciond- rios, cOnjuge, amigos) s6 porque quero o melhor para eles. Estou apenas procurando motiva-los para que sejam o melhor que podem ser.” Vamos examinar essas atitudes mais de perto, porque nao raro os perfeccionistas tém problemas por causa delas. Sim, certas pessoas seguem padres inferiores ~ ¢ algumas parecem nao seguir padrao nenhum ~ e se saem bem com eles, Nao estamos sugerindo que vocé se nivele por baixo, mas talvez nfo seja essa a questo. As perguntas que vocé deve se fazer so as seguintes: * “Sera o fe ee cafastar 0 minimo que seja do meu _padrao signi- fica que devo abandona-lo por completo?” “Sera que 0 fato de os outros se desviarem o minim que sia do meu pax | dds ¢ anna UandRibiae dscns pees > 168 = AS 10 BOBAGENS MAIS COM A resposta para essas duas interrogacées é no. Aceitar o fato de que vez por outra é possivel fazer algo que fique aquém do seu melhor — por falta de tempo, recursos ou conhecimento para fazer melhor dessa vez — nao significa terminado projeto ou experiéncia. Sim, seria timo fazer um trabalho perfeito. As vezes é preciso adaptar nossas metas para um de- Hi ocasides, entretanto, em que cumprir um prazo ~ mesmo que isso implique apresentar um resultado menos que perfeito ~ pode constituir um objetivo mais importante. Isso no quer dizer que estejamos rebaixando os nossos padrées, outra, Naturalmente, talvez seja pre- ciso que os outros também atenuem determinads parametros a fim de atingir mas apenas que, neste caso, A objetivos especificos. Sem diivida, ¢ muito mais facil dar mancada e ser perdoado quando se é bem-sucedido, popular e, ainda por cima, fabulosamente rico. Claro que cometer um erro que custe dez mil délares sera menos significative para alguém que possua um capital de um milhao de délares do que para outro que s6 tenha 10.001 délares. Contudo, lograr éxito, mesmo ficando abaixo do ideal de per- feigiio, nao € um luxo de que alguns privilegiados apenas podem desfrutar, mas sim algo que esta ao alcance de todos. Em outras palavras, 0 fato de algumas pessoas contarem com uma mar- gem de manobra maior que outras nao € prova de que vocé nao possui nenhu- ‘ma. Esse, alias, € mais um exemplo da sindrome do tudo ou nada: 0s outros tém tudo ea gente, nada, Mas raramente isso é verdade. \“Eles fazem tudo perfeito.” Vocé pode até achar que tudo que “eles” (quem quer que sejam) fazem € perfeito — mas como pode ter tanta certeza? Vamos repetir 0 que ja dissemos no inicio deste capitulo: ninguém ¢ perfeito. E altamente improvavel que esses ou- tros que vocé tanto admira nao errem nunca... ou sempre tenham realizado com essa mesm: igo aquilo que parecem fazer perfeitamente hoje. Nossa ten- déncia é olhar com 6culos cor-de-rosa aqueles de quem gostamos e que admira- mos. Os outros parecem levar a cabo coisas dificcis sem a menor dificuldade ou esforgo. Entretanto, nem sempre isso ¢ verdade — e certamente nao se aplica a ~~ tudo o qui fazem. PERFECCIONISMO — 159 Se for possivel trocar algumas palavras com tao eminente modelo, experi- mente perguntar-Ihe se ele nunca cometeu um deslize, nunca enfrentou uma situagdo embaragosa, nunca ficou com a segunda ou terceira melhor op¢io; vocé provavelmente vai ouvir uma confisstio bem-humorada, Muita gente ado- ra contar suas aventuras nos Mares da Humilhagao — agora que sao dguas pas- sadas, claro. © que as pessoas que cumprem seus objetivos fazem de melhor é nao se dei- sar abater pelos contratempos, Bom, cometi uns errinhos no discurso. Para falar averdade, foi um verdadeiro desastre. Mas sera que isso significa o fim da mi- nha carreira como orador? De jeito nenhum. Ainda posso procurar alguém para me ajudar, ensaiar mais ou escolher melhor o assunto da préxima vez; assim, em vez de encarar essas imperfeig&es como se fossem falhas de carater, posso consideré-las uma oportunidade de aprendizagem. “Nao espero dos outros'nada aquém da perfeigéo.” Ao exigirmos perfeigao dos outros, estamos pedindo que déem o melhor de siou que facam mais do que esta ao seu alcance fazer? Sera que estamos dispos- tos a pagar o prego que a exigéncia de perfeicao dos outros requer? Gabriel alega que s6 esta tentando motivar seu filho, Ben, quando o castiga por nao haver feito um gol ou nao ter 100% de aproveitamento na sua prova de aritmética. S6 que Ben nao se sente motivado; perde o prazer de jogar futebol e nao vé por que esforgar-se para tirar 98 se ja sabe que 0 pai nao vai se satisfa- zer com nada menos que a perfeigao. Pior, mesmo que fique com 100 na prova ele sabe que o resultado talvez passe despercebido para Gabriel, pois este tam- bém nao € perfeito. Assim, Ben percebe que, mesmo fazendo tudo certo, no necessariamente recebera 0 devido crédito — e, portanto, simplesmente para de psa Os pais pressionam os filhos para que sejam perfeitos por muitos motivos além do desejo bastante compreensivel de vé-los lograrem éxito. Muita gente vé seus filhos como uma extensao de si mesmos (“Se meu filho se sair bem, isso significa que eu mesmo terei me saido bem”). Para alguns, os filhos constituem uma oportunidade de acertar velhas contas (“E vocé achava que eu nao era bom o bastante para casar com a sua filha; agora, veja s6 que filho brilhante eu te~ nho”). Outros, ainda, saio dominados por uma necessidade de competir em to- dos 0s sentidos (“Meu filho precisa ser melhor que todas as outras criangas”)— e, 160 — AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS... se os filhos acharem que ndo conseguirdo atender os desejos dos pais, podem, como Ben, desistir, ou passar a vida procurando agradar (e sofrendo, mesmo muito tempo depois de os pais estarem mortos ¢ enterrados, porque jamais con- seguirao corresponder a tao impossiveis expectativas). Ha uma diferenga entre uma presséio que motiva e outra que esmaga; infe- lizmente, nem sempre professores, orientacores pedagégicos e mesmo pais S80 v “ capazes de enxergacla, Eis um outro exemplo em que 0 excesso de perfeccionismo gera resultados muito imperfeitos. Don € workaholic. Passa seis dias da semana no escritério, as vezes sete. Faz hora extra, da duro e nao consegue entender por que os outros nao sao tao dedicados quanto ele. Assim, acaba chegando a conclusao de que 08 outros nao passam de um bando de preguicosos, 0 que o enche de ressenti- mento ¢ 0 impede de fazer amigos no trabalho ~¢ ele se ressente disso também. Existe em algum lugar um espaco intermedidrio entre dar um bom exem- plo estabelecer padrées irreais — e nem sempre é facil delimitar esse terreno. Uma possibilidade é escrever uma lis 6s ¢ contras em se fazer tudo a nossa mancira, Don, por exemplo, percebe que seus colegas de trabalho ficam incomodados com 0 conceito baixo em que ele os tém; dai ndo terem uma ati- tude amistosa a seu respeito, 0 que, conforme Don ja constatou, é um proble- ma. E mais que uma simples questo de ficar sem companhia na hora do almo- G0; sempre que ele precisa da ajuda dos colegas num projeto, eles alegam estar ocupados. Talvez achem: “Jé.que ele me acha um incompetente mesmo, nao tem por que cu me esfalfar por causa dele.” Ademais, sendo 0 perfeccionista adepto do tudo ou nada que é, Don pode ter juntado todos os seus companheiros no mesmo saco. Se experimentar avalié-los um por um, numa escala, digamos, de | a 10, pode acabar chegando & conclusio de que é possivel, afinal, relacionar-se com alguns deles pelo menos (senaio com todos). Claro que ele também pode refletir bastante ¢ chegar a conclusao de que prefere abdicar da boa vontade dos colegas — todos eles — em nome das suas préprias opiniées acerca de como 0 trabalho deve ser feito, Todavia, é preciso 3& er consciéncia da permuta que esta fazendo, a é pensar: “Estou cien- te das conseqiiéncias, mas escolho este caminho apesar de tudo”; outra muito diferente é ter de dizer, mais tarde: “Nao pensci isso — devia ter ima- inado o que ia acontecer,” PERFECCIONISMO — 161 Estabelega os seus padrées Cada um de nés precisa determinar a importincia que atribui ao seu pax drao de perfeigao pessoal. So podemos chegar a um veredicto, porém, depois de considerarmos as razies das nossas escolhas — ¢ ai nto se incluem as razdes que nos forem dadas pelos nossos critics, externos ou internos. es {0 gue sr precio sacrificar para fazer tudo certo? Seré que vale a pena??\ Joanna e Margaret sao duas irmas que herdaram as j6ias de sua mae apés asua morte, A mie nao lhes deixou instrugdes acerca de como proceder a divisio, mas ambas acreditam saber do que a mae gostaria. Infelizmente, elas t¢m pontos de vista divergentes. Tanto uma quanto a outra acha, por exemplo, que deveria ficar com 0 colar de pérolas. No entender de Joanna, Margaret est sendo avarenta ¢ teimosa ao insistir em ficar com a joia, quando tudo o que ela quer é fazer 0 que é certo. Para Joanna, concordar com uma divisto das jéias que nao seja perfeita constituiria uma afronta a memoria da mae. Infelizmente, Margaret pensa exatamente 0 mesmo — s6 que ao contrario. Poderiam fazer um sorteio, vender o colar e repartir o lucro, dar de presente para uma sobrinha que ambas adoram ~ mas essas seriam concessdes. Para os perfeccionistas, ceder Para os perfeccionistas, ceder € muito dificil; ceder significaria admitir que aquilo em que acreditamos talvez AAR niio seja a tinic: ssivel e perfeita. Entretanto, o entrevero por causa do colar causa uma profunda tensao em ‘Joanna, Margaret e suas respectivas familias. Em algum momento, elas terao de parar para se questionar: “Sera que para possuir o colar de mama vale a pena acabar com a paz da familia?” Ha muitos principios pelos quais vale a pena lutar com obstinagao, a todo custo, Se vocé acredita estar numa batalha dessas, siga em frente. Mas é melhor para vocé (¢ todos que 0 cercam) parar para enumerar os prés € os contras, 0 custo da vitéria em comparago ao prego do fracasso. E tomar uma decisio bem pensada. Nao raro os perfeccionistas compram brigas por causa de um desejo auto- matico de ganhar — um sentimento bastante natural — sem parar para pensar duas vezes se vale realmente a pena. As vezes acabamos nos esquivando de finalizar um projeto ow iniciar uma nova relacao por acharmos que o outro nao nos considera perfeitos o bastante. Acontece que [achar nao € saber\Pode ser que o que nds consideramos menos que o nosso melhor seja considerado fantastico pelos outros. A perfeigdo, conforme mencionamos antes, ¢ uma questio de opiniao. As- sim, a resposta de um nao servira necessariamente como indicador das respos- tas de todos. O que uma pessoa recusa, outro pode aceitar de bom grado. Pode ser preciso beijar varios sapos até encontrar o scu principe, ¢ varios nobres po- dem considera-la um sapo até o seu principe finalmente encontrar vocé. .2.A tinica maneira Xk possivel ¢ empenhando-nos ao maximo e correndo 0 riscos Sim, isso gera ansieda- de. Sim, gera um certo desconforto. Entretanto, ha ocasides em que é necessa- Como descobrir que julgamento os outros fazem de nd: rio “partir para cima”, Nao da para vencer uma disputa ém que sequer entra- mos. Nao da para nos apaixonarmos por alguém que nao conhecemos, Nao da. para ganhar clogios por um trabalho que nao foientreguc. Em algum momen- to, sera preciso partir para cima mesmo. Mas, vocé pode perguntar, ¢ se aquilo que consideramos imperfeito for vis- to pelos outros do mesmo modo? Vocé gostaria de fazer 100%, mas sente que 75% & 0 maximo que esta ao seu alcance no momento, ¢ esse rendimento é considerado insuficiente. Parta dai. Vocé aprendeu alguma coisa. Muito provavelmente, agora voce ja sabe quais so as lacunas que 0 outro esta vendo, e que talvez nao coincidam com as que vocé havia detectado. Nao é nada facil aprender por tentativa e erro, chegar a lugar algum. Uma pesquisa recente revelou que 0 diagnéstico de depressio escapa aos médicos em 78% dos casos ¢, aos psiquiatras, 50% das vezes. Sao ntimeros desanimadores (nesses casos, seria bem melhor um padréio um pouquinho mais proximo da perfeigaio), mas os profissionais de satide mental encaram essa esta- tistica apenas como um sinal da necessidade de desenvolver melhores instru- mentos de diagnéstico ~ nao que devam devolver suas licengas e se esconderem de vergonha. PERFECCIONISMO — 163 Com freqiiéncia dizemos: “Estou morrendo de vergonha” ~ mas sera que estamos morrendo mesmo? Vocé se lembra da tiltima vez que sentiu vergonha? O efeito foi duradouro? O segredo é enxergar além do possivel constrangimen- to inicial ¢ olhar para a frente, para metas a longo prazo como aprender, apri- morar-se, permanecer no emprego, encontrar_o verdadeiro amor. O segredo consiste em dizermos para nés mesmos: “Vou correr este risco, mesmo nao ten- do certeza se vai dar certo ou nao, porque a tinica maneira de descobrir se vou dar conta disto ov nao-é-tentando.” SSerd que estou sendo justo comigo mesmo ao repudiar os comentérios positivos d yutros?” = Ha quem reconhega: “Eu sou meu pior critico.” Muita gente € assim. “Obrigado, mas na ii lo nosso severo Alguém nos elogia: “Nossa, que 6timo”, ¢ respondemos verdade nem foi tao bom assim.” Quando c qritico interno, os comentarios alheios parecem-nos indignos de crédito por estarem mal fundamentados ou porque os outros “estao falando sé pot educagao”. As vezes é isso mesmo. No entanto, se vocé perceber que anda rejeitando as opinides positivas dos outros, provavelmente sera por estar se baseando em padrées injustos ¢ pouco realistas, que vao deixa-lo sempre com um gosto amargo de insucesso ¢ incompeténcia na boca ~ que, como voc’ jé deve ter constatado, muito mais desestimula do que incentiva. “Serd. que nto estou sendo duro demais comigo mesmo? Nao dé para encontrar nada que mereca um elogio?” Os perfeccionistas tendem a ver o copo sempre meio vazio, em vez. de meio cheio. Por exemplo, 0s livros ¢ artigos de Michael, um psicélogo, sempre sao recebidos com criticas favordveis. Costumam ser saudados como contribuicgdes liteis, convenientes, valiosas — mas nunca eruditas. Ele sempre quis ganhar re- nome como académico, mas s6 consegue ser aclamado como clinico. Sera que cle deve passar a vida torturado pelo fato de nao ser considerado crudito pelos colegas? Nao seria melhor ficar satisfeito com 0 fato de que seu trabalho é res- peitado sob outros aspectos? 164 AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. Como ser flexivel Os perfeccionistas costumam ter problemas porque definem a perfeicao como acertar 100% em 100% das vezes, quando um repertorio de “estilos de perfeicao” poderia ser-lhes muito mais util. Sim, é uma 6tima idéia reler aquela proposta de negocios a fim de verificar a ortografia € a pontuagao, porque vocé nao vai querer que o seu cliente em potencial ache que vocé é desleixado no trabalho. Vocé quer que essa primeira impressao seja boa ~ uma impressao correta. Quando o projeto ja estiver em andamento, porém, talvez a resposta mais adequada para uma pergunta do cliente seja escrever a informacao solicitada 4 mao mesmo no proprio papel enviado pelo cliente e remeté-lo de volta imediatamente por fax. Nesse_caso, ito significa “limpo e rapido”, e esperar que a sacretaria digitasse a sta. para que ficasse com um aspecto melhor talvez_ndo_constituisse uma solugdo tao _adequada. Analogamente, nem sempre precisamos manter o mesmo nivel de perfei- ¢4o num relacionamento. Quando ainda estamos conhecendo a pessoa, quere- mos que a primeira impresstio seja, por assim dizer, impactante. Mas, se nao relaxarmos nunca, se nunca permitirmos que as nossas imperfeigdes venham & tona, o outro nunca vira a nos conhecer tal como realmente somos ~ e jamais nos permitiremos vir a conhecer de verdade a outra pessoa, 0 que tornara a relag&o muito restrita. Do mesmo modo, se vocé trabalha num campo em que a exigéncia de per- feig&o é considerdvel (tal como um cientista que conduz um experimento ou um engenheiro responsavel pela montagem de instrumentos delicados), os padrdes vigentes no local de trabalho nao precisam ser impostos em casa também. Os perfeccionistas costumam admirar a filosofia celebrizada por Frank inatra: “l z. tudo do meu jeito” (“I did it my way”). Pode ser que vocé tenha razao € 0 seu jeito seja de fato o melhor ~ mas também pode ser que nao. Nessas horas, vale a pena perguntar: “Sera que este € 0 tinico jeito?”. Em geral, sabemos que existem varias maneiras de fazer determinada coisa; sabemos como fulano ou beltrano fazem. Entretanto, rejeitamos todas as PERFEGCIONISMO. 165 alternativas que nao seja a nossa. Ser flexivel significa refletir a respeito dosméctodos 4. adotados pelos outros. Assim, podemos experimentar apenas um aspecto do estilo de alguém, ou 0 jeito de alguém fazer determinada coisa pode funcionar melhor em certas circunstancias, ao passo que o nosso da mais certo em outras. As vezes, enfiamos uma idéia na cabeca que simplesmente nao esta correta. Ha quem acredite — por haver visto em algum filme — que, quando 0 sexo ¢ feito do jeito “certo”, ouve-se o repicar de sinos ou relampagos riscam 0 ar. Quando isso nao acontece, partimos do principio de que sé pode ser por uma falha qualquer nossa ou de nosso(a) parceiro(a). Assim, acabamos impossibilitados de desfrutar de qualquer parte do processo por estarmos demasiado ocupados reparando em suas imperfeigdes. Nesse caso, seria muito proveitoso pesquisar um pouco as respostas sexuais, 0 que talvez nos ajudasse a redefinir nossas expectativas e compreender que nao existe uma tnica forma “certa” de experimentar a satisfagao sexual. Digamos que Max, o gargom, decida realmente publicar seu livro e presu- ma que nao vai conseguir mostré-lo para nenhum editor enquanto n&o 0 hou- ver finalizado e burilado a perfeigao. Ele entdo se langa em sua busca, sozinho. Se, porém, conversasse com outros escritores, ou lesse a respeito do processo de publicagao de livros, descobriria que a pratica consagrada consiste em procu- rar um agente literario ou editor depois de escrever apenas alguns capitulos ¢ um resumo. Assim, o autor tem a oportunidade de beneficiar-se de recomenda- G6es profissionais desde 0 comego do projeto, o que tende a gerar um produto final mais bem-acabado. Se n ararmos para perguntar_se_o “nosso jeito” € 10 0 tinico, talvez jamais venhamos a descobrir thor” opgao. {todos melhores, € muito menos a “me- # “Nao seria melhor fazer isto do jeito do outro desta vez, sé para agradé-lo, s6 para massagear 0 seu ego um pouco, 6 por ser uma solugdo pratica para a situagao atual?” a O editor do jornal em que Debbie trabalha acredita que ela tem tudo para ser uma profissional brilhante. “Ela ¢ inteligente, sabe fazer as perguntas certas, escreve muito bem, mas...” — esse “mas” é um problema sério. Ele reclama que Debbie nao consegue cumprir prazos. Ela nado consegue entregar suas reportagens enquanto nao estiverem perfeitas. A questao é que a pontualidade 166 — AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. € fundamental num jornal diério. A matéria que deixa de entrar na pauta de hoj ~um furo ~ pode acabar sendo publicado por outro jornal ou transmitido pela televisaio. HA pessoas que si meter-se ao planejamento alheio por rai- va, por estarem decididas a afirmar seu controle ~ “Vou fazer quando eu bem entender e quiser.” Dificilmente, porém, é isso que acontece com o perfeccionista. manha, seré noticia velha. Ou o que o jornal noticiaria em primeira mio Ademais, Debbie nao esta zangada, apenas pretende proporcionar a si mesma € ao seu trabalho a melhor apresentagao possivel. Entretanto, seu editor quer que as coisas sejam feitas a sua maneira —o que significa entregar matérias que podem até ficar aquém da perfeico (entrevistar apenas seis pessoas em vez de sete, reescrever 0 texto somente trés vezes em vez de dez) mas que sejam entre- gues fgje, no amanha ou na semana que vem. Debbie tem trés alternativas: 1. Pode continuar fazendo tudo a sua maneira * embora isso signifique que muitas de suas reportagens jamais chegarao a ser publicadas; + conquanto seu chefe fique aborrecido com ela e pare de The passar as melhores matérias. 2. Pode pedir demis tolerante com a sua necessidade de dedicar-se ao aprimoramento do texto - do atual emprego e procurar outro que seja mais quem sabe uma publicagao de periodicidade mensal, em vez de diaria? —, mui- to embora essa iniciativa sé va funcionar se for de fato de mais tempo que ela esteja precisando. Se a sua busca por perfeicao levi-la a perder também os pra- 208 mensais, nao vai adiantar nada mudar de emprego. 3. Ela pode concordar em agradar seu chefe, entregando pelo menos algu- mas matérias ao estilo dele + ainda que ela julgue que ele esté errado; * mesmo detestando ver seu nome num trabalho que ela considera abaixo da critica; * embora esteja absolutamente convencida de que 0s leitores sero preju- dicados se receberem menos que 0 seu melhor. Nao é nada facil fazer as coisas do jeito dos outros, como nao é facil dizer: “Isto é 0 melhor que eu posso entregar, mesmo nao sendo o melhor PERFECCIONISMO 167 que eu poderia fazer se dispusesse de mais tempo.” As vezes, contudo, é muito proveitoso para nds fazer algo em favor do outro. Seja generoso. Deixe o outro ganhar, desta vez As vezes nao é facil nem limitarmo-nos a observar os outros fazendo algo do jeito “cerrado”. Fran nao para de resmungar enquanto observa sua sogra lavan- do a louga. “Vocé tem de lavar os copos antes dos pratos”, insiste. “Assim, eu You te mostrar.” Sua sogra nao gosta nada das novas ordens. “Eu ja lavava lou- Ga antes de voce nascer € até hoje ninguém morreu envenenado por comer nos pratos lavados por mim”, reclama ela, irritada, Fran tem duas escolhas: 1. Pode fornecer a sogra livros sobre praticas domésticas que compro- vem que ela est certa com relagéo a ordem em que os pratos devem ser lavados * mesmo que tal atitude va abalar o scu relacionamento com a sogra; * embora isso va aborrecer seu marido. 2. Pode fazer vista grossa e deixar que a sogra faca as coisas a sua maneira + mesmo estando convicta de que ela est errada. Vocé pode até optar por fincar 9 pé em defesa de determinado principio mas nesse caso devera estar disposto a pagar o preco (aborrecer o chefe, desen- tender-se com um ente querido, despender as suas energias no combate). Se Debbie quiser ser bem-sucedida como reporter, vai ter de aprender a fazer as coisas de outra forma; tera de incorporar a sua propria definigao de perfeigao a preocupagao de seu editor com os prazos, 0 que talvez lhe ocasione um certo incémodo ao entregar suas reportagens, mas provavelmente nao tanto quanto perder 0 emprego. Caso Fran queira manter a amizade da sogra, de quem gosta sinceramen- te,vai ter de resolver se vale a pena comprar uma briga com ela acerca da melhor maneira de lavar a louga. Se vocé acreditar que nao ser perfeito significa nao dar o melhor de si, tal- vez isso Ihe provoque uma crise de consciéncia. Vivem lhe dizendo (e vocé acre dita) que se deve sempre almejar 0 maximo, nunca se contentar com menos. Nao obstante, hd ocasides em que a melhor politica é segui i i Nao sempre, apenas as vezes, Busque o topo daquela curva em forma de sino — pelo menos desta vez. 168 — AS 10 BOBAGENS MAIS COMUNS. Mais uma vez, pode ser titil classificar 0 projeto em questo numa escala de 1. 10, Qual a importancia de esta tarefa especifica sair perfeita? Ou desta pes- soa? Por acaso este € 0 projeto mais importante da sua vida? Sera o momento de um projeto entre muitos? Sera que esta pessoa, que talvez. nao seja aquele alguém perfeito por irada, o ponto crucial da sua trajet6ria? Ou nao pas: quem se apaixonar, nao pode ser um acréscimo interessante ao seu circulo de amigos? Se o ni le importancia de ser perfeito desta vez nao passar de um juatro ou cinco, se preocupar tanto? Abordagem passo a passo Optar por ser menos que perfeito pode implicaé ter de conviver, pelo me- nos durante algum tempo, com um certo desconforto. A sensagao de nao ser perfeito pode acarretar uma certa ansiedade. O resultado final, contudo, sera lose menor de incémodo e ansiedade quando vocé perceber que esta rea- lizando, na verdade, mais do que no passado. Pode ser preciso avangar passo a passo.Gomecefazendo deliberadamente algo de maneirai ita, Faga a cama sem esticar a colcha com a mao no final. Ou lave todos 0s pratos, menos um. Qu lave 0 carro, mas nao limpe os para-choques. Nao importa o que vocé vai escolher fazer de forma imperfeita, A idé acaso vocé esta sendo apontado na rua? Algum dos seus entes queridos é fazé-lo e depois avaliar o resultado, Vocé sobreviveu, nao foi? Por abandonou? Pode até parecer que estamos fazendo piada com um assunto sério. Nao estamos. Se vocé ¢ desses que se sentem na obrigacao de levar tudo a cabo de modo impecavel, é porque ld no fundo vocé esta convencido de que coisas ter- tiveis ao acontecer caso vocé nio seja perfeito. Vocé teré de provar para si juenas coisas — que nao é bem assim. Nos discutimos a necessidade de colocar as nossas percepgoes & prova ¢ tomar me- \pitulos anteriores, didas intermediarias que possam nos sugerir idéias para solucionar os proble- mas. Essa abordagem pode ser importante aqui também. A adogao de um método gradual para atingir qualquer tipo de meta vai ajuda-lo a alcanga-la, ¢ talvez nem seja necessario reduzii rametros para tal, Gom freqiiéncia, o que talvez parega impossivel realizar de maneira PERFECCIONISMO — 169 perfeita quando olhamos na integra pode revelar-se plenamente vidvel quand: abordado com um passo de cada vez. As vezes sentenciamos que “E, impossivel finalizar este projeto como tem de ser com o tempo de que disponho” — ¢ ai perdemos um tempo precioso, que poderiamos dedicar_ao projeto, choramingando. Talvez até seja verdade que nao é possivel finalizar o projeto “como tem de sex” no tempo disponivel. Por outro lado, a melhor maneira de descobrir é divi dislo em etapas menores, bem mais faceis de levar a cabo a contento. Entao, € s6 dedicar-se a uma parte de cada vez, até o trabalho estar concluido. E, possivel que vocé se surpreenda com o quanto pode dar certo. Digamos que vocé resolva escrever um artigo, mas fica empacado por nao conseguir pensar na introdugdo perfeita. Ora, a introdugaio ndo passa de um. ar para hima parte em que vocé tenha pedaco de um todo. Experimente p: mais facilidade de trabalhar e finalize-a. Talvez Ihe ocorra alguma boa idéia para uma conclusao. Elabore-a melhor. Se vocé dispuser de muito material, que ainda tenha de ser organizado, escreva um esbogo rapido acerca de cada topi- co, que poder reunir mais tarde, burilar depois. A introdugao pode sair dai. Pense em termos de um processo, nao de atos isolados: es nao do todo. E. mais facil realizar bem algo pequeno — que poder em seguida ser usado para i ior, O mais importante é fazer alguma coisa, comecar por algum lugar, em vez de deixar que a possibilidade assustadora de que o resultado final nao fique perfeito nos paralise antes mesmo de comegarmos. Diz-se que a maneira “melhor” e “mais rapida” de passar 1m lugar para outro é pela via direta. Nem sempre esse é 0 caso, contudo. Se voeé tentar esca- lar uma subida ingreme e escorregadia, pode acabar escorregando para tras 0 tempo todo, sem nunca atingir 0 topo ~ ou talvez sé chegue ao alto depois de diversas tentativas frustradas. Suponhamos, porém, que vocé consiga escavar uma série de degraus nessa encosta. Cada um lhe proporcionaria um ponto de apoio firme, e, um passo de cada vez, vocé acabaria chegando exatamente onde pretendia. a = AS 10 BOBAGI NS MAIS COMUNS. Alguma coisa é melhor que nada Enquanto nos ativermos a idéia de tudo ou nada, perfeigao ou nada, do “meu jeito” ou de jeito nenhum, matar todos os coelhos de uma cajadada 86, havera uma grande probabilidade de acabarmos frustrados ¢ sentindo-nos derrotados. Se, todavia, comegarmos a pensar em termos de aprimoramento, descoberta, adaptagao dos nossos pontos de vista a um objetivo maior — que deve ser a conclusao, nao a perfeigio — nossas chances de avangar serio bem deve ser_a conclusio, nao a perfeicao — nossas chances de avangar serdio ber maiores. Tudo fica bem maisfacil se pensarmos em_termos de uma aproximacao paulatina das nossas metas, em vez de sua consecugio fi im, ¢ dificil resistir habitos mentais de uma _vida inteira, mas a (mica manei

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