Por volta de 180, em Alexandria, Panteno, um estoico que se converteu ao cristianismo,

fundou urna escola catequtica que estava destinada a encontrar seu mximo esplendor
com Clemente e Origenes. Clemente, chamado "Alexandrino" para distingui-lo do
hom8nimo "Romano" (morto em 97), nasceu em torno de 150 (em Atenas ou
Alexandria). Seu encontro com Panteno foi decisivo: tornou-se seu aluno, colaborador
e, por fim, tambm sucessor. Dele nos ficaram o Protrkptico aos gregos, o Pedagogo, os
Estromatas, urna Homilia e diversos fragmentos. Quasten, um dos maiores estudiosos
modernos de patrologia, assim caracteriza nosso autor: A obra de Clemente de
Alexandria marca toda urna poca. No seria exagero louvar nele o fundador da
teologia especulativa. (. . .) Clemente foi o iniciador arguto e feliz de urna escola que se
propunha a defender e aprofundar a f com o auxilio da filosofia ". Clemente n5o se
limita a combater a falsa gnose, nem se detm numa atitude puramente negativa. Com
efeito, ele "ope a falsa gnose uma gnose autenticamente crist, propondo-se a dispor a
servio da f o tesouro de verdade que se encerra nos diversos sistemas filosficos. 0s
partidrios
da gnose hertica ensinavam a impossibilidade de urna reconciliao entre a cincia e a
f, nas quais viam dois elementos contradit6rios.
Clemente, porm, procura demonstrar sua harmonia. E a concordncia da f (pistis) com
o conhecimento (gnosis) que faz
o perfeito cristo e o verdadeiro gnstico. A f o principio e o fundamento da filosofia.
Esta, por seu turno, da mxima importncia para o cristo desejoso de aprofundar o
contedo de sua f por meio da razo. Acrescida a f, a filosofia no torna a verdade
mais forte em si mesma, mas torna impotentes os ataques dos inimigos da verdade,
constituindo, portanto, um vlido baluarte de defesa. Contudo, para Clemente, a f
permanece como critrio da cincia. E a cincia constitui um auxilio de carter como
que auxiliar para a f.
O conceito que constitui o eixo bsico das reflexes de Clemente o conceito de
"Logos", entendido em triplo sentido:
a) principio criador do mundo;
b) princpio de toda forma de sabedoria,
que inspirou os profetas e os filsofos;
c) principio de salvao (Logos encarnado).
O Logos verdadeiramente o principio e o fim, o alfa e o mega, aquilo de que tudo
provm, e para onde tudo retorna; o Logos mestre e salvador.
E, no novo sentido do Logos, a "justa medida", que era a marca da antiga sabedoria e da
virtude grega, se integra no ensinamento de Cristo.