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O documento descreve a evolução do conceito de humanitas na Roma Antiga. O conceito grego de paidéia foi adaptado por Cícero e passou a significar as relações sociais e culturais de um cidadão romano. Posteriormente, humanitas também passou a significar a condição humana superior dos romanos versus os bárbaros. A educação romana evoluiu de responsabilidade familiar para políticas estatais com o Império, visando romanizar as províncias conquistadas.
O documento descreve a evolução do conceito de humanitas na Roma Antiga. O conceito grego de paidéia foi adaptado por Cícero e passou a significar as relações sociais e culturais de um cidadão romano. Posteriormente, humanitas também passou a significar a condição humana superior dos romanos versus os bárbaros. A educação romana evoluiu de responsabilidade familiar para políticas estatais com o Império, visando romanizar as províncias conquistadas.
O documento descreve a evolução do conceito de humanitas na Roma Antiga. O conceito grego de paidéia foi adaptado por Cícero e passou a significar as relações sociais e culturais de um cidadão romano. Posteriormente, humanitas também passou a significar a condição humana superior dos romanos versus os bárbaros. A educação romana evoluiu de responsabilidade familiar para políticas estatais com o Império, visando romanizar as províncias conquistadas.
Aps a resistncia inicial do sistema educacional romano, principalmente por
parte do Senado que temia a perda e o enfraquecimento dos ideais e tradies romanos, os costumes gregos foram adaptados ao ideal romano. Dessa maneira, o conceito grego de paidia foi adaptado as particularidades lingusticas e culturais romana, alinhadas a seus interesses e passou a ser denominado humanitas. O principal responsvel pela traduo do conceito grego que expressava o melhor modelo de formao para a criana, afim de faze-la crescer, tornar-se um homem e adquirir a plenitude de suas potencialidades fsicas, intelectuais e espirituais, atingindo o ideal de perfeio humana foi Ccero (106 - 43 a.C.), poltico e orador da Roma antiga. O significado de humanitas dado por Ccero em um primeiro momento representava as relaes pessoais da vida de um cidado romano, vida social, poltica e jurdica, e tambm das relaes militares com outros povos e culturas subjugados por Roma, adquirindo um significado similar a clemncia, misericrdia, filantropia, mansido. O termo tambm assumiu um segundo significado, relativo a condio humana, como um estilo ou forma de vida superior em comparao aos povos considerados brbaros. Nesse sentido a humanitas do homem civilizado e humanizado pela cultura (homo humanus) encontrava total oposio a immanitas dos brbaros. Assim, a diferena entre o romano e brbaro est muito mais relacionado a cultura que a prpria raa. Por fim, uma ltima definio atribuda ao termo, com sentido de doctrina/eruditio um meio de transformar o rude e tosco (rudis) em polido, culto, erudito (eruditus). Isto posto, o objetivo humanitas era atingido atravs de um longo processo que envolvia sobretudo intimidade com a cultura, com a literatura, com os costumes gregos adaptados e assimilados ao mundo latino, ligados as tradies, costumes, as leis e ao prprio conceito de educao romana.
O ESTADO ROMANO E A POLTICA ESCOLAR
Apesar da longa durao da Repblica Romana (509 a 27 a. C), no foram
adotadas polticas educacionais. Em comparao com a Grcia, onde o tema da educao era assunto de grande interesse para o Estado, o mesmo no acontece com o Estado romano, que atribua a responsabilidade da educao primeiramente a famlia e depois a iniciativa privada. Apenas com o advento do imprio (27 a.C. a 476 d.C.) Roma assume uma nova atitude em relao a educao. Com a expanso do imprio, o modelo de educao romano tambm ir se espalhar por diversas regies, o que cria a necessidade da adoo de uma poltica de interveno e patrocnio das escolas por parte do Estado romano. O fomento e criao de instituies educativas de gramtica e retrica responsveis por difundir junto aos povos conquistados os costumes romanos cria uma unidade no Imprio. A partilha da mesma lngua (grego e latim), dos mesmos textos e obras literrias, do estudo das leis, dos direitos e deveres acabam por aproximar e romanizar diferentes etnias, religies, costumes e lnguas, formando principalmente um elo comum e profundo principalmente entre as classes dirigentes das provncias. Assim, o sistema educacional pblico adotado pelo Imprio torna-se um dos alicerces de unificao do mesmo. Muitos imperadores, levados pela crescente preocupao com a educao advinda da Grcia, estabeleceram incentivos e benefcios para incentivar o desenvolvimento da educao romana. Entre alguns destacamos as isenes fiscais para mestres estrangeiros (gregos) adotadas por Csar e Augusto, o estabelecimento de ctedras oficiais de retrica latina e grega por Vespasiano, fundao de instituies alimentares e imobilirias para beneficiar os jovens estudantes, por Trajano. Porm, vale lembrar que apesar das iniciativas acima citadas, o Estado no tinha a pretenso de assumir a educao. E exerciam muito mais um papel de marketing do que propriamente um servio pblico. Somente no final do sculo IV, com o aumento do clima favorvel a educao ao ponto de perceber-se necessrio que cada grande cidade mantivesse uma escola pblica, mantida com oramento do estado, passou a se chamar municipalis. Apesar da expanso do ensino pblico em Roma, nem todas as escolas chegaram a condio de oficiais, j que dividiam o espao com o ensino privado. O imperador Antonino comeou a intervir cada vez mais frequentemente buscando que as autoridades municipais se interessassem por ter uma escola. Com o crescimento do cristianismo no imprio o imperador Juliano, na tentativa de impedir que o ensino fosse tomado e usado para propagar a doutrina crist, passou a nomear professores, assumindo a superviso do ensino em todo o imprio e pela primeira vez intervindo na educao de modo oficial e regular. A interveno do Estado foi aumentando, chegando ao ponto alto com Teodsio e Valentino, que estabeleceram o monoplio estatal proibindo qualquer iniciativa diferente. Os professores escolhidos cuidadosamente pelo imperador eram comparados ao exrcito, onde tanto os oficiais quanto os professores serviam e defendiam os interesses do Estado. A medida que o exrcito avanava, os retores fundavam suas escolas a fim de espalhar a ideologia do Imprio, docilizar e romanizar os inimigos externos conquistados com o intuito de evitar e desestruturar movimentos rebeldes. Com o fortalecimento do pensamento e da moral judaico-crist, e a legitimao poltico-religiosa sob Constantino, o campo educativo romano comea a ruir. Os cristos depreciam a retrica e acultura pag em geral, que transmitem valores contrrios aos evanglicos, porm se usam das formaes de tcnicas oratrias e filosficas, atualizando o conceito de paidia ao mundo cristo. No sculo IV, o choque entre os dois modelos culturais ser frontal e a cultura pag ir sucumbir.
MODELOS E FIGURAS DA EDUCAO ROMANA
Durante os sculos da civilizao romana e do desenvolvimento de seu sistema
de educao, alguns docentes se destacaram por suas ideias e posies. Na fase da educao familiar Marco Prcio Cato (234-149 a.C.) defendia o papel do pai como exemplo, guia e autoridade, fixando a dignidade, a coragem, a firmeza, a obedincia, a honestidade, a prudncia e a seriedade como virtudes ideais e valores mximos. Tambm defende o ensino da oratria para criao do homem virtuoso com formao moral e tambm literria. J na poca da repblica, com a educao sob influncia da cultura grega Marco Tlio Ccero (106-43 a.C.) nascido em uma famlia rica, formou-se em Roma, em contato com a cultura grega, e depois terminou seus estudos superiores diretamente em Atenas e Rodes na Grcia. Prope a retomada da noo grega de paidia aplicada a Roma, defende a ideia da formao de um orador, preparado para a vida poltica, reunindo em si a capacidade da palavra riqueza cultural e protagonismo na vida social. Durante o Imprio, destacam-se principalmente Lcio Aneu Sneca (4 a.C 65 d.C) e Marco Flvio Quintiliano (35-96 d.C), ambos espanhis romanizados. Sneca conhecido como filsofo e grande literato, dedicou a vida a estudar aspectos da vida moral, como a ira, a clemncia, o cio, etc. e pensa a educao como mtodo para se autodirigir e reconhecer-se como parte de um todo, para alcanar o domnio de si mesmo. Defende a necessidade de conhecer a individualidade do educando. Quintiliano foi o mais famoso pedagogo romano, detentor da ctedra de retrica criada por Vespasiano. Seus escritos sobre retrica foram durante muito tempo considerados o manual por excelncia, chegando a serem usados at o Renascimento. Prega uma educao com carter literrio com base moral e cvica, defende a educao domstica que deve comear desde o primeiro dia no seio da famlia. Sobrepe a educao pblica privada, considerando demasiado branda a educao no ciclo domstico. Revela-se contra castigos corporais e defende a capacidade imitativa das crianas.