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oe ALAIN DUCELLIER CUMICHBLKAPLAN BERNADET@OE MARTIN Coma Msisniaci de Francoise Micheau ‘\ IDADE BIZANCIO. Eo ISLAO MEDIA DOS py ‘0S tee) PL leg 1X0 ORIENTE é ait a a es ee PUBLICACOES DOM QUIXOTE ALAIN DUCELLIER MICHEL KAPLAN BERNADETTE MARTIN com a colaboragio de FRANCOISE MICHEAU A IDADE MEDIA NO ORIENTE BIZANCIO E O ISLAO DOS BARBAROS AOS OTOMANOS Tradugao de Lujs de Barros PUBLICACOES DOM QUIXOTE Peep) 1 Ole oa Indice Preficio ° Introdugio ee co TT ano Panto, Energnde do Prine Ont mali onsen Po 1. Bixos de relew «grandes itinerdros.. 26 2. © nascimento do Império Bizantino de Consantino a Justiniano (390565) suv $1 5. O Império Pers sassinida (SEs, WM) sarnnenonnsnsnnn 37 4 Trocas e relacdes no Préximo Oriente (565.10) wenn . om 5 Invasdes ¢ mudancas de domingo (fins sé. ves. 1 6 0 Impéro Bizantino da morte de Justiniano 2 nubida a0 ono de Leo HI (565.717) swoon sous 90 72. 0 Império Arabs dos Omfadas (661-780) vn nnn 10) Lvno 8:00. Afogen th Primo Orete medic us 8. © Império Bizantino de 717 a 1081 se sn 16 8. 0 mundo mucuimano sob os Abéssidas Aspectospolticas etertitorais (78-055) ssn Laat 10, A vida rural (ss. YD 161 1, © coméicio avida urbana ($8. YM) ssn sens 88 12. Os novs sper do mundo oleae x vrgeo 80 ee 209 : 13. A vida intelectual e artistica do Proximo Oriente. soe 228 amo Tuncrino, Ficers madanga no Prvimo Orient, seennannne 247 14. Um eclipse paral do Oriente nos sécs. x x . 218 1 As muancas econémicas © totals do 68. ssn 262 16. As transformagées poitias¢ culturais do Pr6ximo Oriente nos sé. XH € Xin 278 17, O amundo rural entre os sés. xm €3v: os progresss da dependéncia 204 t 18 Gidades ¢ actividades comerciais no final da Idade Média, os os 311 19. Adancas potas e novasfronteiras nos ss. x 33 20, Ramo um encerramento cultural do Oriente. senna, 34 367 371 Prefacio Em 1973 eram publicados os primeiros volumes da coleccio Hachette-Université «Initiation & VHistoires. Decortidos cerca de vinte anos, impunhs-se uma refundicio que levasse em linha de ‘conta as novas necessidades dos leitores e as aquisigdes da investigacio. s primeitos ciclos das universidades conhecem, de alguns anos a esta parte, uma afluéncia eres cente. Dos jovens estudantes exige-se a pritica de exercicios os mais variados ~ resumos de leituras, explicacdes de documentos, dissertacbes, constituigo de dossirs~ sem que para tanto estes posstam lum bom conhecimento dos métodos apropriados. A saruragio das bibliotecas nao Ihes permite rea- lizar a indispensivel pesquisa bibliogrifica, 0 exame atento dos livros e das revista, algo que devia cconstituir uma parte essencial do trabalho pessoal. O estudo de questbes especializadas de historia pressupde uma larga base de conhecimentos, 0 que nem sempre é assegurado. Quanto aos estu- dantes de grau avancado, envolvidos na preparagio dos concursos de admissio (lugares de agrega- dos, CAPES!), séo:thes totalmente necessarios sinteses e guias, de manejo acessivel, para poderem reparar as provas extracurriculares, E a todas estas necessidades que desejam responder 0s colaboradores desta coleccio, Estes pro: ‘curam, acima de tudo, ajudar os estudantes a adquirirem métodos que Thes permitam ordenar os seus conhecimentos. Para isso, aqui contribuem com o fruto de uma longa experiéncia pedagégica, Com a natureza de guias, estas obras apresentam as grandes coleceées, recolhas de textos, revis tas, atlas, cuja consulta é indispensivel. Flas indicam, com a juda de exemplos renovados, e de natu- reza diversa consoante os volumes, © mado como conduzir uma explicacao de documentos, wi ‘exposigio, uma dissertagio, Fornecem, além do mais, para cada questio tratada, uma bibliografia ponderada e fazem o compute dos conhecimentos. Resumos histéricos, estes mantis mostram como abordar numa breve sintese os grandes temas de estudo de um periodo © dio um apanhado dos principais problemas, mas nao de todos. ‘Uma apresentago clara ¢ estruturada do texto, mapas de ficil manuseamento, reunidos aus atlas hist6rico, numerosas anotacdes 4 margem comportando elementos de vocabullirio histérico, curtas biografias, desenhos, referéncias cronologieas fazem destes manvais eémodos instrumentos de trabalho. Nao pretendem ser mais do que isso. Mictter Baar " Covet d’Apainade Pitaggiqued UEnseignement Secondaire (Cexiicado de Aptidao Pedagégica para o Ensino Secundirio). (N. de T) Introducao O estudante que aborda a histéria do Préximo Oriente medicoal mostra-e @ partida confuso Tratase de wm mundo novo de que ignorafrequentemente a pripria geografia; de povos powca conhe- ios, cujo passado e até mesmo o presente sao para ele obscures, e que se exprimem em linguas gue desconhecel acresce que nao tém aan aplicacio muitos dos concitos habituais da céncia histirca A primeira difculiade é pos, a mudanca de meio. A segunda provim da diversidade. Contraste entre 0 Impirio Bizantino asta e 0 império Pasa e, depois, o mundo muulmano. Contaste mesmo no interior desses dois mundos: ha, por ert, wma diferenca maior entre as margens do Daniibio ¢ as confinsorientais da Asia Menor no que toca a Bizincio, entre a Hispania e a Asia Central quanto ao mando mugulmano, do que entre a Mesopotamia bizantina # a Mesopotimia drabe. O Império Bizantino apresenta, no plano politic, uma indiscutivel unidade, mas esa desaparece a estudar-se «economia, a sociedade ow, mesmo, a religido com as suas inumerdves heesias. No que respeita ao ‘mundo mugulmano, depressa dia aparecr fortes particularismos regionai, que as dvises religi sas ¢ atraccies diversas pelos mundas exterines aprafundam, E sie ds diversidades inteiores do Prximo Oriente juntamse as dos mundas erifricos: estes influem no Proximo Oriente medieval direcamente pelos incessantes movimentos de invasio ou indirecamente por trocas mais pacifcas ~ religiosas, comerciais, ete. O principal ero a evitar é portanto a generalizacdo ¢ 0 esfoco primordial 4 desenvolver & 0 de captar eta espantasa diversidade. Uma tercera dificuldade decor da relative urentude dos estudoscientifias relatives co mundo arientale, mais ainda, aos mundos penfricas. O estudante no dever, pois, admirarse de encontrar menos cerzas do que hipitees, mais problemas Irvantades ou sugeridos do que problemas verdadeiramente resovides. Una das vantagens que retard do estuo do Oriente medieval provém justamente desta necessdria reflex, Os autores tentaran, & cet, forneer av estudante a maior quenidade possve de sinteses ede aperecanmentes, mas o xorg de recuo ede aprofendamento do estudante é sempre neces. 0 valor metodolégico do estuda do Priximo Oriente medicual é portanto indubitdvel. A impor tancia do sew conteido nao 0 é menos: muitas das evoturdes actuais, muitos dos conflitos mais com- temporiincos tem as suas raies na époea medieval, cujacompreenséo explice 0 mundo de hue. B esta 4 a-verdadeira-voeagio do historiador 1. A bibliografia ~ P. VIDAL DE LA BLACHE, L. GALLOIS, Géographie Universelle:t. VIL — La Méditerranée ot les peninsules méditerranéennes, 2 vols.;t. Vit ~ Asie occidentale. Haute Asie; 1929. 1 Instrumentos de trabalho e revistas © conhecimento do quadro natural do Proximo Oriente é absolutamente indispen- sivel para a compreensio da sua evolugio historica. O estudante pode recorrer a trés obras: "A existénca de vrios sistemas de transerigio do Jrabe e do nareo para portugues, explica a exstencia, para a mesma palavra, de diferentes grafia, todas Jualmente acetivein =P. BIROT, J. DRESGH, La Méditerranée et le Moyen-Orient, 2 vols., Paris, 1956-1964 ~ X. DE PLANHOL, Les Fondements géogra- phiques de Uhistoire de U'Islam, Paris, 1968, Para o perfodo elissico, importantes ele- ‘mentos bibliogréficos em C. CaHEN, A. DUCEL- i LER, «Le point sur les mondes byzantin et musulman du début du VII, au milieu du XIF, sidcle», Historiens et Géographes, n.° 270, Seternbro-Outubro de 1978. Quatro atlas hist6ricos sto preciosos: Westermanns Atlas zur Weltgeschichte, U1, Mittelalter, Berlim, 1956, Grosser Historisher Weltatlas, 11, Mitielalter, Munique, 1970. An Historical Atlas of Islam, ed. W. C. BRICE, Leiden, 1981, Atlas de VAntiguité Chrétiewne, Paris Bruxckas, 1960. Para o final do periodo, pode igualmente utilizarse: D. E. PITCHER, ‘An Historical Geography of the Ottoman Empire, from earliest times to the end of the sixteenth cen- ‘tury, Leiden, 1972 Os clementos de cronologia sio forne- cidos por V. GRUMEL, La Chronologie, Traité d'Etudes Byzantines, I, Paris, 1958, H. G. CATTENOZ, Tables de concordance des éres chrétienne et hegi- rienne, 2 ed., Casablanca, 1952. C. E. BOs. WORTH, The Islamic Dynasties, Edimburgo, 1967. ‘Trés obras fundamentais dizem respeito mais particularmente ao Isli0, mas sio titeis, para 0 conjunto da hist6ria oriental: C. CAHEN, Introduction & Uhistoie duu monde musulman méditoal, VIP-XV siéle, Méthodologie ct déments de bibliographie, Paris, 1983; € a obra de referéncia insubstituivel. A Eno dlopédie de Uslam, que existe em duas edi- des: a primeira (E.L./1), publicada de 1914 1942 em 4 volumes ¢ um suplemento, foi reeditada em Leiden em 1987, em 8 volu- mes e um suplemento; a segunda (E.L./2), em curso de publicacdo desde 1960, com- porta ja 5 volumes e varios fasciculos (até M) do 6: volume. J. D. PEARSON, Index Istamicts, Cambridge: € uma colectinea dos artigos arespeito do Islio e classificados por temas. jo em 1958 (para os artigos de 1906 foi seguido de quatro suplemen- tos publicados, sob 0 meso titulo, em 1962, 1968, 1972 ¢ 1976. Um quinto suplemento, aparecido em 1983, compreende duas par- tes: uma colige os artigos, a outra - é uma novidade ~ os livros, aparecidos entre 1976 € 1980. O Quarterly Index Islamicus da segui- 12 mento a esses volumes sob a forma de fas- ciculos trimestrais © estudante deve habituarse a utilizar diversas revistas especializadas em historia oriental. As mais correntes em historia bizan- tina so Byzantion, Byzantinische Zeitschrift, Byzantinoslavica, Dumbarton Oaks Papers, Revue des Etudes Byzantines (ex-Echos d’Orient). Travaux et Mémoires du Centre de Recherches a Histoire et Civilisation Byzantine, Vizantijskij Vremennik, Para a historia muculmana: Ara- ica, Der Islam, Journal Asiatique, Journal of the Economic and Social History of the Orient, Revue des Etudes Islamiques, Studia Islamica Ha alguns anos, uma casa editora publica ‘em Londres, sob o titulo de Variorum Re- prints, obras que sio colectineas de artigos de um mesmo autor sobre um tema bastante vasto. O recurso a esses volumes dispensa, com utilidade, 0 emprego de certas revistas. Alguns dos principais artigos de C. CAHEN poderao, por outro lado, ser con sultados em C. CAHEN, Les Peuples musul- ‘mans dans histoire médiévale, Damasco, 1977. Diversos congressos € revistas, normal- mente consagrados a problemas de histé- ria geral ou ao estudo da Idade Média oci- dental, apresentam por vezes interesse, por certas comunicagées ou artigos, para o Proximo Oriente medieval. E 0 caso de: ‘Actes des Congris Internationaux des Etudes Byzantines, Settimane di studio del Centro Tialiano di studi sull'alto Medio evo (impro- priamente chamadas Semaines de Spolete) 1 Grandes colecedes historicas Gertas grandes colecedes histéricas per- mitem situar a hist6ria do Préximo Oriente medieval no conjunto da Idade Média: = Peuples et Civilisations (Halphen et Sagnac, PUF), t. V, R. Fotz, A. GUILLOU, L. Musser, D. SOURDEL, De !Antiquité au monde médiéval, Paris, 1972, t. vt, G. Duby, R, MANTRAN, LBurasie, XP-XIIP, siécles, Patis, 1982. = Histoire générale des sciences, tt, La Science antique et médiévale, Paris, PUF, 1966, publi- cada sob a direcgio de R. TATON. = Histoire générate des techniques, t. 1, Les Onigines de la civilisation technique, Paris, PUP, 1962, publicada sob a direccio de M. DAU- MAS. Obras gerais Uma obra recente apresenta em para: elo as civilizagées ocidental, bizantina muculmana: R. FOSsIER € col., Le Moyen Age, 3 vols., Paris, 1982-1983, a) Mundo cristéo oriental The Cambridge Medieval History, vol. 1, The Byzantine Empire, Parte 1, Byzantium and its neighbours, Parte 2, Government, Church and Civilization, 2.4 ed., Cambridge, 1966- -1967. L. BREHIER, L¢ Monde byzantin, 3 vols.. Paris, col, «Evolution de I'Humanité», reed. 1969-1970, ¢. 1, Vie et Mort de Byzance, t. 2, Les Institutions de UEmpire byzantin, t. 3, La Civilisation byzantine. G. OSTROGORSKY, Histoire de UEtat aantin, trad. franc., Paris, 1956 (a 3." edicao alema de 1963 compor- ta uma actualizagio), reed. franc., 1968, D, OROLENSKY, The Byzantine Commonwealth, Londres, 1971. A. GUILLOU, La Civilisation byzantine, Paris, 1975, col. «Les grandes civi- lisations», Arthaud. A. DUCELLIER, Le Drame de Byzance, idéal et échec d'une société chrétienne, col. «Le temps etles hommes», Patis, 1976. A estas obras ja antigas, acrescentar-se-4 agora: A, DUCELLIER, Byzance et le monde Orthodoxe, Paris, 1986. Obras gerais foram publicadas em colecgdes de bolso. Alem dos trés volumes de L. BREHIER, pode citarse: P.LEMERLE, Histcire de Byzance, Paris, 3. ed. 1956, col. «Que saisje?». A. DUGELLIER, Les Byzantins, Histoire et Culture, col. «Points Histoire, n.° 99, Paris, 1988. J. FERLUGA, Bisanzi, scieta e stato, Florenca, 1974 (com tum importante dossier de textos). H. AHR WEMLER, LTdéolog’e politique de (Empire byzan- tin, Paris, 1975. b) Mimdo mugulmano Ha obras recentes em francés que todo © estudante deve conhecer: C. CAHEN, L'lsiam, des Origines au début de Empire otto Inrodugto ‘man, Patis, 1970; R. MANTRAN, L'Expansion ‘musulmane (VIF.-XF. siécles), Paris, 1969, col. «Nouvelle Clio», PUF, A. MIQUEL, L'Islam at sa Civilisation, Paris, 1968, col. «Destins du monde», Colin, D. ¢ J- SOURDEL, La Civilisation de (Islam classique, Paris, 1968, col. «Les grandes civilisations», Arthaud; reed, em formato de bolso, 1983. N. ELIS: SEEF, L‘Orient musulman au Moyen Age, Paris, 1977. L. GaRDET, Les Hommes de Uslam, col. «Le temps et les hommes», Paris, 1977. D. SOURDEL, LIslam médiéval, Paris, 1979. Em inglés, uma importante sintese apre- senta pontos de vista originais: M. A, SHA. BAN, Islamic History: @ new interpretation, €¥ 600-750, t. 11, 750-1055, Cambridge Univer- sity Press, 1971-1976. M. REKAVA, LIslam. Religion et civilisation. Son expansion du VIF. au XV. siécle, Paris, 1978, oferece uma escolha sucinta de textos. Obras um pouco mais antigas apresen- tam também interesse: L. GARDET, La Cité musubmane, Paris, 1954; e L Islam, religion et communauté, Paris, 1967. G. L. VON GRU NEBAUM, L'Tslam médiéval, wad. franc., Paris, 1962. Deve, finalmente, conhezer-se: The Cam: bridge History of iam, em do's volumes. T. 1, The Central Islamic Lands, «. 2, The further islamic lands. Islamic society and civilization, Cambridge, 1970, c) Mundos periféricos ou pré-islamicos {to 20 mundo iraniano, as obras fun- damentais sio: A. CHRISTENSEN, [Tran sous les Sassanides, Copenhaga, 1936. The Cam- bridge History of Iran, vol. 3 em 2 tomos: The Seleucid, Parthian and Sassanian Periods, Cambridge, 1975. J. D. PEARSON, A Biblio- graphy of Pre-Islanic Persia, Londres, 1975. Quanto ao mundo eslavo: A. DVORNIK, Les Slaves. Histoire et Civilisation de UAntiquité aux débuts de Vépoque contemporaine, tad. franc., Paris, 1970. R. PORTAL, Ls Slaves: peu- ples et nations (VIP.-XX. siéces), col. «Destins ‘du monde», Paris, 1965. A. P. VLASTO, The Entry of the Slavs into Christendom, Cambridge, 1970. 13, Quanto ao mundo das estepes ¢ 0 Extremo Oriente: L. MUSSET, Les Invasions: le second assaut contre l'Europe chrétienne (VIF-XP. siéeles), Paris, 1965, col. «Nouvelle Clio», PUR. E. D. PHILLIPS, Les Nomades de Ia steppe, Paris, 1966. J. GERNET, Le Monde chinois, Paris, 1972, col, «Destins du monde», Gi Quanto ao mundo ocidental, o estudante tem a sua disposicio M. BALARD, J.-Ph. GENET, M, ROUCHE, Le Moyen Age en Occident, Paris, 1990, ¢ J. VERGER, Naissance et Premier Essor de U'Occident chrétien, V.-XIIP. siéeles, Paris, 1975 Wl Aspectos regionais ¢ institucionais Certos grandes problemas da hist6ria do Oriente cristio estéo na origem de obras importantes, H. AHRWEILER, Byzance et la Mer. La Marine de guerre, la Politique et les Institutions ‘maritimes de Byzance aux VI-XV. siécles, Paris, 1966, G. DAGRON, Naissance d'une capitale, Cons. tantinople et ses institutions de 330 a 451, Paris, 1974, A GRABAR, L’Empereur dans Uart byzan- tin. Recherches sur Vart officiel de Vempire Orient, Paris, 1936, reed. Variorum Reprints, 1974. ‘A organizagio do poder no isle pode ser abordada nas obras de A. K. S. LAMB. TON, State and Government in Medieval Islam, 1980. S. D. GOITEIN, Studies in Islamic History and Institutions, Leiden, 1966; € na obra mais breve de M. WATT, Islam Political Thought, 1958. Encontrarse-io certos aspectos regio~ nais em: Histoire de la nation égyptienne, sob a direccao de G. HANOTAUX, vols. 31, Paris, 1931-1937, G. Wier, Précis d'histoire de 'Egypte, Cairo, 1932; P. HITtt, History of Syria, inclu- ding Lebanon and Palestine, Londres, 1951; C. CAMEN, La Turquie préottomane, Istambul- Paris, 1988. A. BON, Le Péloponnése byzantin jusqu'en 1204, Paris, 1951; W. BARTHOLD, ‘Turkestan down to the Mongol invasion, 4 Londres, 1928; B. SPULER, Iran in frith-isla smischer Zeit, Wiesbaden, 1952; R. GROUSSET, Histoire de UArménie, Paris, reed. 1973; Ch- A. JULIEN, Histoire de UAfrique du Nord, t. 1 3, 2." ed., Paris, 1968; A. LAROUI, Histoire du Maghreb. Essai de synthése, Paris, 1970; G. MARCAIS, La Berbérie musulmane et Orient, Paris, 1948; Histoire du Maroc, sob a direc- ‘cdo de J. BRIGNON, Paris, 1967. E. LivEPRO- vENCAL, Histoire de UEspagne musulmane, 3 vols., Paris, 1944-1953; G. I. BRATIANU, La Mer Noire, des origines @ la conquéte ottomane, Munique, 1969. Varios estudos relativos a geografia his- t6rica do mundo bizantino foram publica~ dos por H. AHRWEILER, Byzance: les pays et les territoires, Variorum Reprints, 1976, Para um bom estudo regional, ver J. FERLUGA, L'Amministracione bizantina in Dalmazia, 1978. Quanto as ilhas: E. MALAMUT, Les Iles de UEmpire byzantin, VIIF-XIF. siécles, Paris, 1988. Relagdes entre os mundos bizantino mugulmano: problemas comuns No conjunto, hé muito poucos estudos gerais sobre este (ema. Os aspectos marit mos das relacdes entre Bizantinos ¢ Mucul- manos sio estudados em A. R. Lewis, Naval power and trade in the Mediterranean AD 500- “1100, Princeton, 1951, ¢ em F. EICKHOFF, Seekrieg und Seepolitik zwischen Islam und Abendland, Das Mittelmeer unter byzantinischer ‘und arabischer Herrschajt, Berlim, 2.* ed., 1966. 1a) Sobre os problemas militares A. A. VASILIEV, Byzance et les Arabes, trad. franc. refundida sob a direccdo de H. GRE- GOIRE, t.1, La Dynastie d’Amorium, Bruxclas, 1935, t. tt, 1, La Dynastie macédonienne, t,t, 2, Extraits des Sources arabes, Bruxelas, 1950. E, HONIGMANN, Die Ostgrense des byzantinis chen Reiches von 363 bis 1071 nach griechis. chen, arabischen, syrischen und armenischen Quelten, Bruxelas, 1935. J. LAURE: niie entre Byzance et Uslam depuis la conguéte arabe jusqu'en 886, Paris, 1919. LeArmé- ) As Cruzadas constituiram para os dois mundos um problema fundamental. O es dante pode abordé-las em K. M. SETTON, A History of the Crusades, t. 1, The first hun- dred years, tt, The later Crusades, 1189-1311, Filadélfia, 1955-1962; eS. RUNCIMAN, A History of the Crusades, 8 vols., Cambridge, 1951-1955. C, CAHEN, Orient et Occident au temps des Croisades, Paris, 1983, ¢ M. BALARD, Les Croisades, Paris, 1988. Diversos aspectos das relagdes entre os dois mundos foram estudados por M. CANARD, Byzance et les musulmans du Proche Orient, Vario rum Reprints, 1973, Wi Aspectos econdmicos e sociais a) Quanto ao mundo bizantino P, LeMERLE, «Esquisse pour une histoire agraire de Byzance: les sources et les pro- blemese, Revue Historique, 1958, 12 219 ¢ 280. G. OSTROGORSKY, Pour Uhistoire de Ia feobalité byzantine, Bruxelas, 1954; Quelques problemes Whistoire de la paysannerie bzantine, Bruxelas, 1956; e «Recherches sur le régime agraire A Byzance», Cahiers de civilisation mnédiéval, 1959. P. CHARANIS, Soil, ecomo- Inic and political life in the Byzantine Empire, Variorum Reprints, 1973. N. SVORONOS, Etudes sur Vorganisationintérieure, a soci et Véconomie de Uempire byzantin, Varioram Reprints, 1973, H. AMRUEILER,Budes sur les siricures administrative et socates de Banc, Variorum Reprints, 1971, T, BERTELE, Numis- matique byzantine, Wetteren, 1979, M. F. Henbv, Studies in the Byzantine Monetary Pcoomp, c. 300-¢. 450, Cambridge, 1985, Duas obras recentes: Homies et Riches dans Vampire byeantn. tty TVoVIE. sibs, Paris 1989, obra colectiva comportando 21 con- tribuigdes sobre a populapto ea organizagio fio espaco, as trocas, as Finangas, a fiscal- dade e a moeda, que renovam completa- mente estes temas, M. KAPLAN, Lev Homes (ta Teed Byzance du VP. au XP. sie pro- pri et exploitation ds so, Pris, 1990. b) Quanto ao mundo mugulmano, a melhor visio de conjunto é a que é dada —————————— Tnveotugio por C. CAHEN em «L’évolution sociale du monde musulman face a celle du monde chrétien jusqu’au XI. siécle», Cahiers de Civilisation médiévale, 1958 © 1959. Elementos titeis de reflexio sio dados por M, ROBINSON, Islam et capitalism, Paris, 1966, Dever ser utilizada com prudéncia a obra péstuma de M. Loa@arp, Lslam dans sa premiére grandeur (VIIF-XE. siédes), Paris, 1971. Recorrase de preferéncia 4s suas im- portantes colectineas de artigos: Monnaie e histoire d’Alexandve a Mahomet, Paris, 197) Espaces et Réseaux du haut Moyen Age, Paris, 1971, O velho livo de W. HED, Histoire du ‘commerce du Lrvant au Moyen Age, 2 vols, reed. 1967, continua a ser uma obra de referencia Wi Aspectos religiosos 2) O perfodo & dominado pela organi- zacio da lgreja Crist e 0 comero do Islao Sobre o primeiro ponto, os tomos 4a 14 dda Histoire de CEgise,publicada sb a direc fo de A. FLICHE € V. MARTIN, si0 Gte ainda que muito pormenorizados. De acesso mais facil €a Nouvelle Hisive de Tlie, «1, Des Onigines saint Grégoire le Grand, J. DANIELOU, Hel, MARROU € €. 2, Le Moyen Age, D- KNOWLES, J. OROLENSKY Paris, 1965- “1968, O estudante pode utilizar facilmente dois pequenos los de O. CLEMENT, Byzance ttle Chrstianisme, Paris, 1964, ¢ L'Esor ia Chnistianisme oriental, Pars, 1964. Um livro recente: A DUCHLLIER, LE gle bonting, ente pouvoir ot esprit, Pacis, 1990. b) Sobre o Iskio 0s seus desenvolvi- mentos Le Conan, trad, R. BLACHERE, 3 vols., Paris, 1947-1950. 1. GOLDZIER, Le Dogme et la Loi de Vslam, wad, franc.,1920. 1. LAoust, Les Schismes dans Uslam, Paris, 1963. L. GARDET ‘eM. ANAWAIL, Introduction & la théologie musul- ‘mane, essai de théologie comparée, Paris, 1948, P. CRONE € M. COOK, Hagarism. Making of the Islamic World, Cambridge, 1977. s contactos estabelecidos entre Cristios do Oriente e Muculmanos sio apresenta- dos por A. DUGELLIER, Le Miroir de Uslam, 15 Musulmans et Chrétiens d'Orient au Moyen Age (VIF-XP. siéces), Paris, 1971, col. «Archives». E ainda possfel recorrer a A. T. KHOURY, Polemiquetycantine contre Ustam (VI -XIP. siedes), Leiden, 1972; ¢ Les Théblagiens bpan- tins et Uslam, textes et auteurs (VIIF.-XIIP. sié- des), Leiden, 1969. Wi Aspectos culturais e artisticos P. LeMERLt, Le Premier Humanisme byzane fin, Paris, 1971. B. TATAKIS, La Philosophie Dyzantine, Patis, 1949. P, LEMERLE, Le Style tyzantin, Paris, 1943. A. GRaBaR, La Peinture byzantine, Genera, 1958. C. DELVOYE, L'Art Iyzantin, Paris, 1967. H. STERN, L’Art byzan- tin, Paris, 1966, A. GRABAR, Le Premier Art chritien (200-395), © L’Age dior de Justinien, Paris, 1966. C. PELLAT, Langue et Littérature arabes, Paris, 1970. H. CORBIN, Histoire de la philosophi islamique, Pavis, 1964. K. A. C, CRES- ‘wert, Larty Muslim Architecture, 2 vols, Oxford, 1982, 1940. G. MaRCAIS, L’Art musulman, Paris, 1962. K. Orro-DoRN, L’Art de Uslam, Paris, 1967. R. ETUINGHAUSEN, La Peinture arabe, Genebra, 1962. M. BERNUS-TAYLOR, LiArt en terres slam, Paris, 1988. B. GRAY, La Peinture persane, Genebra, 1961. 1m Fontes a) Quanto ao mundo oriental cristio Uma rapida apresentacio das fontes & feita por K. KRUMBACHER, Geschichte der byzan- linischen Literatur (527-1453), Munique, 1897; por H. G. BECK, Kirche wnd theologische Literatur im byzantinischen Reich, Munique, 1959; € por G. Moravestk, Byzantinoturcica tI, Die byzan- tinischen Quellen der Geschichte der Tiirkudher 1.2, Sprachreste der Pirkilker in den byzanti- nischen Quelle, Berlim, 2 ed. 1958. A obra supracitada de G, OSTROGORSKY, Histoire de (Etat tyzanin, comporta, em cada capitulo, todas as indicagdes Geis para os diferentes periodos estudados. © estudante encontraré uma iniciacio ‘mais ou menos aprofundada em certos tipos 16 de fontes em H. LONGUE, Introduction a la numismatique byzantine, Londres, 1961; € G. SCHLUMBERGER, Sigillographie de UEmpire byzantin, Paris, 1884, As principais fontes da historia do mundo oriental cristio esto editadas em algumas grandes colecgdes. O Corpus soriptorum histo- ‘ae byzantinae, Bona, 1828-1897, 50 volumes; muitas vezes chamado, por comodidade, Conpus de Bona, & actualmente objecto de uma reedicio. A Patrologie Greapue (abreviadamente PG), 81 volumes, 1856-1867. Jus graecorma- num, ed. P.¢ J. ZEPOS, 8 vols., Atenas, 1931. Corpus scriptorum christianorum orientalium, Paris, Roma, em curso desde 1903. Recueil des historiens des cvoisades. Documents arméniens, sgrecs. Historiens occidentaux. Historiens orien- taux. Lois, 16 vols., Paris, 1841-1906. Ao lado destas mais antiga, esto em curso ‘edigdes recentes, como as Actes de Athos ‘Algumas comportam uma tradueio em fran- cés, 0 que as torna mais fiteis para 0 estu- dante. E 0 caso. da «Collection byzantine», publicada sob a direcedo da Association Guillaume Bude, Paris, e da coleegao «Sources Chrétiennes», Paris, Editions du Cerf HA muito poucas colectineas de textos Citar-se-io: E. BARKER, Social and Political Thought in Byzantium from Justinian Ito the last Palaeologus, Oxford, 1957. A. DUCE LIER, Le miroir... citado acima. A. A. VASt- LIEV, Byzance et es Arabs. também ja citado, 0. J. GEANAKOPLOS, Byzantine Church, Society ‘and Civilization through contemporary eyes, Chicago, 1984. Sobre a queda de Constan- tinopla, ver os textos reunidos por A. PER- ust col,, La caduta di Costantinopoli, 3 vols., Florenca-Bolonha, 1976-1984. ) Quanto ao mundo mugulmano Sobre as fonts arabes, o estudante poder orientar-se pelas indicagdes fornecidas por ©. CAHEN, Introduction..., supracitada, Podera ler, com proveito, os extractos traduzidos por J. SUVAGET, Historiens ara- bes... Paris, 1946, reed. 1988, bem como a tradugio do grande cronista At-TABARI (na realidade, tradugao da versio persa), publi- cada em Paris, Sindbad, 1980-1984. * Iauroducio 2. Exemplo de explicagao de texto A proclamacao do califa Radi Logo que Qiihir foi destituido, na quarta-feiva, 6 Jumadé I 322 (24 de Abril de 934), nesse mesmo dia (...] 08 Hujartas e os Séjitas fizeram sair do seu retiro Mohamed b. Mugtadir billéh Abjil’Abbas ¢ sua mée [...] Os soldados colocaram-no no trono ¢ proclamaram-no caifa do seu Proprio movimento com total unanimidade e sem que aquele tivesse conspirado com eles a tal res- ppeito[...]. Nese dia [..] 0 principe [..], antes de adoptar o titulo de Radi bila, enviowme ‘uma mensagem em que me convidava a facerthe chegar uma lista de nomes susceptiveis de serem ‘adopiados como epitetos ¢ qualificativos do califa{...]. Remeti-the um bilhete onde tinha inserito Arinta nome [..]. O nome de Rédi billah (Que esté contente com Deus) tornow-se oficial ¢ a pres- agi de juramento prosseguiu durante todo o resto da jomada. 0 califa mandou imediatamente procurar Abuthassan Alt b. 'Isd, para que tomasse a direc- cio do governo. Propis 0 vizirado a AU, mas este escusow-se,pretextando a sua idade avancada ¢ fraqueca fisica, ¢ sugeriu a nomeacio como vizir de seu irmao Abdarrahmdn, que teria o titulo as insignias da fungdo, enquanto ele proprio dirigiia os negécios do império, teria autoridade sobre pessoal adininistrativo e 0 encargo de arvecadar os impostos (J. Foi assim até ao momento ‘em que [..} foi recebida uma carta de Abii Ali b. Mugla, garantindo-the gue encontraria meios de ihe fornecer imediatamente 500 000 dinares para distribuir ds tropas em comemoracéo da ssubida ao trono [...]. Radi convocou imediatamente Alf b. ‘sé ¢ dewtha a ler. «O Emir dos Grentes, disse Ali, em necessidade, neste momento, de wn homem rico que the possa fornecer ime- diatamente esta soma. Eu nem sequer uma parte dela the poderia dar. E, pois, justo, se este homem. tem esse dinheiro & sua disposiedo, que Vossa Majestade the dé o poder e 0 fara seu ministro.» Mohamed ben Yahya AL-SULI, Akhbar ar-Radi ccesa de Marius CANARD, Argel, 1946, pp. 49-54. tradugio a partir da trad, fran- Introdugao Natureza do documento. O texto, datado exactamente de 24 de Abril de 934, € extraido de uma obra de tipo literario que se pode definir como as memérias de um. cortesio que conheceu os reinados de qu tro califas — Muqtadir, Qahir, Radi ‘Muttaqi. O conjunto esta significativamente agrupado sob o titulo de «Kitab alawraq» («Livro das Fothas»). Pode desde jé dedu- zirse daqui o principal defeito de uma tal compilacio ~ parcialidade e estreiteza de vistas -, mas também a sua inegavel quali- dade — testemunho ocular e preciso. © amtor. Abii Bakr Mohamed al-Sali é 0 descendente de um principe turco do Jurjan, ao sul do Cispio; descende, por outro lado, de um missionario abassida. Nasceu, sem diivida, cerca de 260 da Hégira (873), pro- vavelmente em Bagoré, no Baixo Traque, onde vive a sua familia e para onde se ret rard em 334 da Hégira’ (945). Homem de grande cultura, cuja erudigao se estende a quase todos os dominios, foi preceptor do futuro califa Radi e de seu irmio Havin. Andlise Em 24 de Abril de 934, os guardas huja- ritas e sijitas destituem Qihir e fazem subir ao trono Mohamed b. Muqtadir. De ime- diato, o principe pede a Suli uma lista de ‘cognomes ¢ escolhe o de Radi billah. Depois confia 0 vizirado a Ali b. 'Isa, que aceitara VA Heégira (ck pp. 72.73) €0 ponio de partida do calendério mugnlmano, Para estabelecer a concor- dancia dos calendrios muculmano € cistio, cfr as obras de V. Gabel e H. G, Cartan, citadas p. 12 7 PT as fungdes com a condicio de 0 titulo ser entregue a seu irmao Abdarrahman, Acaba, porém, por ser substituido por Ibn Mugla, que entretanto prometera pagar os 500 000 dinares exigidos pelas tropas por ocasiao do levantamento, Contexto histérico Em 934 0 califado absssida esta em plena desintegragiio: o Irdo e a Transoxiana estio nas maos dos Samanidas desde 0 comeco do século, enquanto a Siria ¢ a Alta Meso- potimia sio dominadas pelos Hamdanitas xiitas € o Egipto, que em 905 voltara a ficar sob a sua autoridade directa, recupera autonomia a partir de 969, sob o califado rival dos Fatimidas. O califa, que portanto 86 € senhor do Iraque, vé mesmo aqui o seu poder contestado pelo exército - com- posto sobretudo de estrangeiros, geralmente turcos, ¢ contra o qual o califa Qahir ten- tara em vio reagir -, ao mesmo tempo que 08 rendeiros do imposto, como Ibn Ra’ik ‘ou a poderosa familia dos Baridi, entram em dissidéncia, agravando ainda mais o vario endémico do Tesouro. Estamos nas vésperas da apari¢iio dos Grandes Emires (Emir alumard’), que passardo a ter 0 cali- fado sob tutela. Comentario do texto Trés elementos essenciais devem ser salientados: 1. © desenvolvimento de uma revolta palaciana. Trata-se de uma prova de forca: 6 califa Qahir € violentamente destituido (quando um califa ndo pode deixar de rei- nar, em teoria, sendo por morte ou por efcito da propria abdicacao), e é0 pela sol- dadesca undnime, irritada pela sua politica de restauracdo do poder supremo. Entre esses soldadlos, dois corpos desempenham, ‘um papel determinante: 0s Hujaritas (/ujar riya), escravos guardas do servigo de segu- ranga, alojados em locais especiais, sob a autoridade do Grande Eunuco, e os Sajitas, antigos soldados da quadrilha de Yasut b. Abissaj, que se passaram para o servigo do 18 califa apés a morte daquele, em 927. Depois de terem ajudado Qahir a combater revol- tosos, tinhathes sido prometido um aumento de soldo que posteriormente Ihes foi recusado. f de notar a atmosfera de des- confianga que reina no palicio: 0 novo califa sai do «seu retiro», 0 que quer dizer que vivia com a familia em residéncia vigiada ~ destino comum de todos os principes ab: sidas, émulos potenciais do soberano rei- ante, 2. A proclamagdo de um califa. Na apa- réncia, s6 08 militares instituem o califa, a quem instalam no trono e proclamam sobe- rano, sem participagio da Corte nem dos funcionarios civis. No entanto, o golpe de forca dissimula-se por tras do respeito das regras formais de acesso 20 trono. Primeiro, 6 legitimismo abassida est tao solidamente ancorado que ninguém imagina procurar ‘um candidato fora da familia reinante: Radi €o filho do califa Muqtadir (908-932), de quem Qihir (932-934) era irmao. Por outro Iado ~ como manda a tradigao = a procla- magao faz-se em dois tempos: a homer gem prestada pelo exército corresponde 3 bay'a privada, teoricamente prestada pelos aeleitores» investidos no «poder de ligar ¢ de desligar», vindo em seguida uma longa sesso de prestaao de juramento, ou bay'a piiblica, durante a qual todos os membros do governo central e da corte desfilam perante © novo soberano. Sempre em vir- tude da tradicao, a primeira ceriménia basta para instituir o califa: 0 termo «prestagio de juramento» mostra claramente que, uma vez proclamado pelo exército, o soberano esté na plena posse do poder e tem, por- tanto, a prerrogativa de exigir obediéncia. Finalmente, a escolha do titulo de reinado € importante: desde 0 primeiro tergo do séc, IX que este «cognome» (lagab) subli- nha a relagdo particular que o calif man- tém com Deus, no quadro de um reforco sempre crescente da teocracia: 0 sentido do nome Radi billih (Que esta contente com Deus), que € de bom augiirio, permite pois esperar um reinado feliz. O facto de uum mesmo lagab nao poder ser utilizado por mais de um califa explica 0 cuidado que é posto na sua escolha, envolvendo con- sulta ao erudito Sali 3. Constituigéo do governo. Uma ver proclamado, 0 califa nomeia um vizir que vai, de facto, ser encarregado da realidade do poder: politica geral («negécios do impé- rio»), autoridade administrativa suprema e mao nas Financas permitem-the efectiva- mente controlar tudo, O candidato de Radi € um homem experiente, Alb. ‘Isa b. Da’ad b. akjarrah, iraquiano de origem persa, que foi varias vezes vizir, mas que, em 934, apés ter caido em desgraca durante 0 reinado de Qahir, ji tem 7 anos. O seu competi- dor, 0 caligrafo e secretario Tbn Mugla, é seu inimigo de longa data, tendo partici- paclo em numerosas conspiragdes: inicial- mente ministro de Qahir, traiuo em seguida € apoiou os Sijitas para provocar a sua queda. Se Ali b. sé recusa o titulo de vizir, € porque este cargo, que aparentemente confere 0 poder absoluto, se tornara muito fragil no séc. X: tal como o proprio califa, © vizir esta entdo nas maos do exército de quem pode recear tudo. Por outro lado, os soldados exigem, em cada subida ao trono, uma enorme distribuicao de dinheiro (mat ‘abbay’a ou «bens da bay'a»): 0 que outrora era um gesto de boa vontade do ealifa tor- = Tnwoducto narase, desde finais do séc. VI, uma con- dicdo prévia a tomada efectiva do poder. Com 0 Tesouro vazio, os califas véem-se pois reduzidos, como mostra o texto, a esco- Ther os scus ministros mais em funcao da Fiqueza do que da competéncia, 0 que con- tribui para desprestigiar ainda mais a fun- ‘clo viziral. Conclusio Sublinhar o interesse evidente de temunho ocular que nos pet vivo, a profunda decadéncia da instituicao califal. Joguete das intrigas da corte € das necessidades financeiras, 0 califado achava- se sobretudo confrontado com uma mili- tarizagao cada vez mais incontrolivel. Dentro em breve, um califa fantoche, reduzido ape- nas as fungdes religiosas ¢ representativas, cedera a realidade do poder a um sultao todo-poderaso, de esséncia militar. nite capt Referéncia bibliogratica Consultar a excelente traducio de M. Canarp, citada, a qual inclui uma intro- dugio e notas abundantes. Ver também a Encyclopidie de Uslame D. SOURDEL, Le Vizirat 4G Vepoque abbésside (citado p. 160). 3. Um documento arqueolégico ——— Santa Sofia de Constantinopla Apresentagio do monumento Plano € elevacio da igreja catedral de Constantinopla, situada a oriente da cidade, abrindo sobre o Auguste, praca para a qual dao igualmente 0 Senado, 0 Hipédromo e © Grande Palacio e donde parte a princi pal artéria da cidade, a Mésé. A igreja é precedida de um dtrio (patio rodeado por pérticos); mede 71 m. de norte a sul (em largura) € 77 m. de oeste a leste (comprimento); a nave tem 30 m. de largo e cada um dos colaterais cerea de 15 m, A igreja € ainda antecedida de dois narti- ces ~ 0 natice exterior (exonartice), com 6m. de profundidade ¢ 0 interior (eso- nartice), com 10 m. A capula é, evidente- mente, 6 fendmeno principal, com os scus 61 m, de altura sob a abébada: sustentada por quatro pilares, é contrafortada por duas, semi-cipulas, cada uma das quais assen- tando sobre dois pilares secund: Especificagao 1. A historia do edificio. A primeira bast lica, construida em 360 € remodelada em 415, foi destruida por um incéndio em Janeiro de 532, aquando da sedi¢ao de Nika. Justiniano decide construir uma grande 19 basilica de ciipula; nao regateando meios, confia a responsabilidade da obra nao a arquitectos, mas a dois cientistas, 0 ge6- metra Antémio de Trales € 0 fisico Isidoro de Mileto. O problema era, com efeito, essencialmente matematico: calcular 0s coeficientes de seguranga que permitiriam suportar uma etipula ascendendo a 61 m. de altura sobre um quadrado de 30 m. de ado, garantindo ao mesmo tempo uma ilu- mina¢io 6ptima a partir do cimo. ‘A igreja é consagrada em 27 de Dezembro de 587; todavia, a ctipula, aba- Jada pelo wemor de terra de 6 de Dezembro de 557, abate-se em 7 de Maio de 558; é reconstrufda com a mesma altura, mas sobre ‘uma base ligeiramente alargada, por Isidoro de Mileto, € novamente inaugurada em 26 de Dezembro de 562. Apesar de alguns danos parciais, ela resiste aos numerosos tremores de terra da regido gracas a leveza da construgao, unicamente de tijolos 2, Lugar do edificio na historia da arqui- tectura das igrejas bizantinas. Ap6s a rapida cristianizagdo do Oriente, este reveste-se de um manto rosado (cor do tijole) de igre- jas: 0S instramentos para esse imenso esforco ‘de construcdo de templos foram forneci- dos pela arquitectura do Império Romano. Efectivamente, a igreja é, antes de tudo, um lugar de assembleia (ekklesia), ¢ adopta o plano do edificio romano previsto para esse feito, a basilica, com as suas trés ou cinco naves separadas por pilares ou colunas, nui- tas veres terminadas por absides. O cristia- nismo orienta a basilica para leste (0 Sol nascente); a abside é dotada de uma abébada em nicho', simbolo (evidentemente parcial) da abébada celeste; é esta abside, precedida pelo altar, situado & entrada da nave, que atrai o olhar de quem entra na igreja A partir do séc. 1V, 08 colaterais sao dominados por tribunas, enquanto a igreja € precedida de um nartice, de onde os cate- ciimenos € 0s penitentes seguiam os off- “Abaada em forma de quarto de esfera, que se ‘encontra geralmente na cabeceira de uma abside, A basilica, edificio oblongo, nao é 0 mnico tipo de plano das igrejas paleocris- ‘Algumas, nomeadamente as martiria, adoptam o plano central (rotunda, oct6- gono) dos mausoléus. Outras sie edifica- das sobre um plano em cruz livre (cujos bracos se revelam no exterior), tanto mais quanto o culto da Cruz se difunde: € 0 caso da igreja construida em torno do témulo de Sio Joao, em Bfeso. Ja atestado nos mau- soléus pagios do séc. ill, o plano em cruz inscrita (num quadrado), ou cruz «grega>, ‘encontra-se na Palestina desde finais do séc. V. A cfipula ainda ndo tinha aparecido. Explicagio 1. A ciipula. a) Significagdo: em ver de olhar para a abside, quem entra em Santa Sofia tem a vista imediatamente atraida pela cipula, imagem da esfera celeste. A sensa- do mistura o esmagamento que decorre da finitude humana ¢ a elevacao progres- siva do olhar c da alma para o Reino de Deus. Além disso, a iluminagao vem do alto: das 40 janelas que rasgam a base da ctipula e das janclas abertas nos muros altos dos arcos formeiros que sustentam o quadrado da cipula a norte € 2 sul. Vinda do cimo, a claridade é a0 mesmo tempo um simbolo da luz celeste e um convite a olhar para o céu. 0) Consequincias arquitectonicas: a cipula € pesada e circular, espalhando o seu peso uniformemente em todas as direegdes, inch sive a leste ou a oeste onde nao se previa que a basilica tivesse paredes de sustenta- cdo. Dado que nao se aguentaria sobre madeiramento, obriga a abobadar a basi- lica. Os Bizantinos alcangaram uma grande pericia na técnica das abobadas, construt- dias com eficdcia ¢ leveza com tijolos dis- postos circularmente de modo progressivo, apés a prévia armacio dos arcos de volta inteira. Quanto a capula, também era sim- ples: sobrepéem-se as camadas horizontais Taree formelro ou de forme: arc stuado fina dos pésdirltos de uma absibada, paralelo a0 seu cixo rndo-a inferiormente, transmitinde o respective ‘as paredes exteriores.(N. T) 21 € circulares de tijolos em voltas leves ¢ suces- sivas até ao cume, que é fechado com um. quadrado de tijolos dispostos de canto. Mesmo de tijolo, a cipula suscita pro- blemas de peso. Para os resolver, o mais simples é centrar a0 maximo a cipula sobre esse edificio oblongo. Por isso, Santa Sofia € quase tio larga quanto comprida. Dai a introdugio do atractivo de um plano radiante sobreposto ao plano basilical que, a vista, € de longe o que mais se impoe. Primeiro, a nave alargase a dimensio da cipula ¢ os colaterais tém tendéncia para se retrair; a vontade de dispor de gran- des colaterais em Santa Sofia, para acolher 1m grande miimero de fiéis, obrigou a edi: ficar as duas semicdpulas em contrafor gem. Depois, sendo a capula redonda & estando dispostos em quadrado os pilares destinados a suportar o essencial do seu peso, era necessario pasar do redondo ao quadrado, o que foi aqui efectuado pelo triangulo esférico ou pendente, ¢ nao pela construcio de um quarto de capula no Angulo, ou trompa de dngulo; no caso das grandes cipulas € sempre esta a solugao adoptada. © peso tangencial distribuido pelos quatro pontos cardeais recai assim nos quatro pilares noroeste, sudoeste, sudeste € nordeste. (© peso suportado pelos pilares explica a sua grande espessura; s6 por si, eles cons- tituem grandes edificios. A habilidade dos arquitectos consistiu ~ entalhé-los, ao perfuré-los de areadas e a0 criar dentro deles verdadeiros pequenos compartimentos ~ em torné-los quase invi- siveis do interior da basilica; 0 mesmo quanto aos pilares, mais pequenos, que suportam as semiciipuilas, Deste modo, ainda que 08 arcos formeiros, que contrafortam a ctipula na sua base nos quatro cantos car dais, sejam suficientemente grandes ao ponto de formarem verdadeiras abbadas, secundarias, as suas paredes verticais pude- ram ser largamente rasgadas com janelas. Finalmente, somos tocados pela relativa eveza, para néo dizer finura, das paredes, tendo em vista a massa que essas paredes tém de sustentar no plano da elevacao. No solo, as aberturas sio largas: abobadas € mmeadamente a0 22 cGpulas anexas assentam muitas vezes em. simples pilares: a circulacao interior € muito facil ¢ 0 espaco interno afigura-se nico € imenso, com um volume central incompa- rivel. 2. Arquitectura e vida religiosa. a) Situagdio inicial: a arquitectura corresponde a distri- buicdo dos papéis povo-clero e ao desenro- lar dos oficios. Numa basilica, a nave cen- tral esté encerrada numa espécie de = dcitado, onde a circulagio se faz de modo continuo do colateral norte ao nartice € a0 colateral sul, ou inversamente; depara-se ‘com a mesma coisa no andar das tribunas. O lugar de cada um est claramente deter- minado: 0 clero no coro ¢ em torno do altar; os homens cristios plenamente praticantes na nave central; as mulheres, os catectime- nos € os penitentes no nartice e nos cola- terais, O clero, em procissio, atravessa a multidao dos figis; no comeco do oficio, esta agrupado na abside do colateral sul, no dia cénico; fa2 0 trajecto dos colaterais para ir buscar © Sacramento 3 abside norte (pr thésis), apés 0 que volta A nave central, qué percorre inteiramente, para se dirigir 20 altar, £ assim, pelo menos, nos dias em que ‘0 Imperador e a Corte nao estio presentes. }) A evolugéo da basilica de cipula: assiste- -s¢ a um duplo fenémeno. Primeiro, 0 altar, que se vira projectado para longe na nave, passa a situarse a entrada da abside, no intervalo das traves da semicéipula oriental A prothésis ¢ 0 diacénico aproximam-se da abside central ¢ comunicam directamente ‘com o lugar reservado ao clero da catedral Assim, 08 elementos do culto, locais reser~ vados aos elérigos, fecham-se um perto do outro, o que assinala uma tendéncia para a separacio radical e para o distanciamento do clero e dos leigos. Este fendmeno € acen- tuado pelo aparecimento dessa espécie de antecoro, que € 0 espaco suplementar entre a abside € as traves da capula. O corte é reforcado pela sobrelevacio do coro, € depois pelo aparecimento de um cortinado estendido entre 0 coro ¢ a nave, que em breve se tornara numa verdadeira parede com designacao prépria: a iconostase. O espaco entre as traves da cfipula torna- “se numa antecimara do santuatio, para mostrar aos figis os objectos sagrados, Ai, 0 reino de Deus revelase sob duas formas: a ciipula, que é a imagem do Reino, e 0 corpo de Cristo através do Santo Sacramento. Na basilica de cipula, o santuario esta unifi- cado, mas nunca se aproxima da massa de fiis; torna-se num perimetro fechado onde 9 padres rodeiam o altar. 8. A igreja imperial. «) A ceriménia: Santa Sofia é o lugar onde se efectua 0 encontro entre o Imperador e o clero da catedral, a comecar pelo patriarca. Nos dias em que 0 Imperador participa na ceriménia, o povo relegado para os colaterais e o nartice. © encontro entre 0 Imperador € 0 clero dise nos diferentes momentos da cerimé- nia, Os dois poderes entram em conjunto; © Imperador, seguido da Corte, ocupa 0 seu lugar na nave, espaco imperial; 0 clero instala-se no seu, 0 coro. O clero aparece, seguidamente, para trazer 0 Sacramento, para a leitura da Escritura, para 0 sermio ¢, finalmente, para dar a comunhao a0 Imperador. Os figis nao véem grande coisa, tanto mais quanto o Sacrificio se pratica fora da sua vista, tal como da do Imperador. O importante é a simbélica. 1) A simbélica, O altar esti, portanto, invi- sivel; a missa é um tal mistério que o povo nao vé sendo o seu efeito: a comunhio. Assim se traduz na arquitectura a concep- cio simbélica do clero, separado, pela sua condicio, do resto dos fiis: s6 0 clero e 0 Imperador sio cristaos de corpo inteiro. O Imperador tem o direito de entrar no santudrio, Mas, na maior parte do tempo, VL permanece na igreja, sob a cipula, onde se situa 0 seu lugar de representante de Deus. As suas relagées com 0 clero so igual mente o simbolo do acordo perfeito, onto- logico, entre o representante de Deus e os servidores deste que sio os clérigos. Santa Sofia é assim simbolo da int raccio entre o Imperador € 0 clero, Ashi rarquias secular ¢ eclesidstica so inunda- das, conjuntamente, pela luz divina que vem da etipula, do centro do céu, e se espa- Iha sobre o clero, o patriarca e 0 Imperador. ‘A organizacio espacial, a luz € a cor (a dos ‘mosaicos) fazem parte de uma mesma con- cepcio ideolégica, compreensivel para todos: as relagies entre o reino dos Céus ¢ © reino da Terra Concluséo Ao construir Santa Sofia, Justiniano tinha um primeiro objectivo, expressa- mente manifestado: erguer a Deus um templo maior ¢ mais belo do que o de Salomio, Adoptando um modelo arqui- tecténico, o da basilica de eGpula, que vai impor-se, durante algum tempo, na cons- trucio dos edificios de grande dimensio (cf. Santa Sofia de Tessalonica), o Impe- rador desencadeia uma dupla evolugao: arquitect6nica, primeiro, por uma cen- tragem do edificio que redundara, trés séculos mais tarde, no triunfo da cruz grega; eclesiologica, depois, acentuando a distancia entre 0 clero € os ficis. Referéncias bibliograficas R. KRAUTHEIMER, Early Christian and Byzantine Architecture, Londres, 1975. 23. EMERGENCIA DO PROXIMO ORIENTE MEDIEVAL Livro primeiro Capitulo 1 Eixos de relevo e grandes itinerarios Capitulo 2. O nascimento do Império Bizantino: de Constantino a Justiniano (330-565) Capitulo 3 © Império Persa sassinida (sécs. -v) Capitulo 4 Trocas e relagdes no Proximo Oriente (sécs. 1-7) Capitulo 5 Invasdes © mudangas de dominagio (finais sécs. viv) Capitulo 6 © Império Bizantino da morte de Justiniano subida a0 trono de Ledo II (565-717) Capitulo 7 © Império Arabe dos Omiadas (661-750) 1 Eixos de relevo e grandes itinerarios Entre 0 mundo mediterrinico 0 mundo eriental, 0 Préximo Oriente medieval interpie um con- junto geogréfico complexo, dotado pela natureva de eixos de circulagdo que 0 wnem ds suas margens ‘¢ aos mundes periferics. Por esses grandes itinerérios naturais, os impérios sedentéries bizantino ¢ ‘sassdnida, herdeiros dos velhos mundos romano ¢ aqueménida, viram chegar populagies até entéo ignoradas ou mal conhecidas ~ turco-mongéis, eslavas, drabes -, cwja instalario duradoura modifi- cou a organizagéo do esparo. ae opto pe wr tia cm rare Bald ans mip cider fia dete se, fre OD B Através dos Baleas, as rotas sofreram a influéncia de | Constantinopla € dos seus lagos historicos com Roma ¢ 0 Ocidente. A peninsula abre-se largamente ao norte com a vasta planicie do Daniibio: pela Panénia, a oeste, sio ficeis as relacées com a Europa Central, enquanto, a leste, ‘0 mundo das estepes é imediatamente acessivel. A sul do Daniibio, os Carpatos curvam-se para formar o Balcd; a este, os Alpes prolongam-se pela costa do mar Adridtico através dos Alpes Diniricos (Dalmacia), afastam-se para 0 interior com as montanhas da Albania que protegem a Durazzo = Dyrrachium (em latim) | haixa planfcie litoral de Durazzo ¢ expandem-se através Dyrrachion (em rego) | da Grécia peninsular: a cordilheira do Pindo prolonga-se pelo mar através de uma série de ilhas (Negroponte) ¢ de arquipélagos (Espérades ¢ Giclades). O istmo de Corinto liga a Grécia o velho macico do Peloponeso. Alpes Cérpatos deslocaram as terras altas centrais da Macedonia: (© Morava e o Vardar desenham af um sulco natural norte- -sul, enquanto o Marits drena a planfcie da Tricia entre © Baled € 0 Rédope. Negroponte = Eubeia A rota terrestre mais eurta entre Constantinopla, & ia da Tracia, ¢ a costa adristica é a Via Benatia, que, por Tessalonica e Ocrida, abre em Durazzo as portas de Italia, rota de Constantinopla a0 Danio é a principal via continental para o Ocidente: atravessa a Tricia por ina ‘Andrinopla, depois por Sérdica ¢ Naisso, atingindo Sin- = seta gidunum no Danabio, Nela se enxertam vias secundarias ee No entanto, € 0 sulco Morava-Vardar, entre o Danibio | e Tessalonica, que forma 0 eixo nortesul mais impor- | tante, 26 Asia Menor @ Para dos estreitos comeca a Asia Menor, cujo ele- vado planalio estépico interior se opée as cordilheiras que contornam, A parte ocidental, fragmentada em cadcias Separadas por vales, orientase para o mat Egeu, onde uma série deilhas a protongam, © planalto da Anata, a 1000- 1500 m, estendese desolado e seco, com zonas de vida junto aos rios ~ o Sangitio com Dorileu, © sobretudo 0 Hilis com Cesareia e Scbastia - ou em bacias fechadas: Teénio. A cadeia pOntica bordeja-o a norte. Para leste, a sua travessia torna-se cada vez mais diffcl e mostra-se pouco propicia a via maritima, salvo em Sinope e TTreblzonda, A sul, o sistema do Tauro comeca por solar 6 planalto do mar, depois inflecte para o interior: € a bat- reira natural na qual esbarraré a expansio arabe, pois 86 se deixa atravessar por estcitas passagens que do acesso a planice litoral da Cilicia, ela mesma protegida a sul pelo ‘Amano, O Tauro também se pode contornar mais a norte, mas a jé ele se desdobra, aproximando-se das cadeias pon. ticas ¢)a partir do Eufrates, as duas cordilheiras confun- dem-se com o planalto central para formar 0 alto macigo | anménio. A rede viéria, complexa no pormenor, organizase em torno de alguns grandes eixos cuja confluéncia, na regido de Calced6nia, aumenta 0 valor estratégico de Cons: tantinopla: via central por Dorileu, Ancira e Sebastia, em direccao ao Alto Eufrates; via egeia, que segue com difi- culdade o litoral até atingir Ataleia, porto que dé acesso a Chipre c & Siria; via transversal por Dorileu ¢ Te6nio até A Cilicia e 4 Siria; Ieénio est4, por outro lado, ligado a Ataleia e, por Cesareia, a Sebastia ¢ Melitena. O tinico grande cixo nortesul é 0 que deixa ver o Eufrates a leste: a partir de Trebizonda, a estrada passa por Teodosi6polis, Melitena e depois por Antioquia ¢ a Siria, ou entio por | Edessa ¢ a Mesopotamia, Arménia Prolongando a Anatélia, a Arménia forma uma -¢agua dominada a nordeste pela Gc6rgia, drenada em parte pelo Kur, ¢ a sudoeste pela Mesopotimia do Tigre € do Eufrates, O planalto interior, dificil de controlar, atravessado por ui dorsal que separa da bacia de Van as regides de Ani, Kars, Dvin ¢ Artixata; por ai passa o grande cixo que, pelo suleo Alto Eufrates-Araxes, permite alcan- sar, a partir da Asia Menor, o mundo georgiano com Tiflis e o mundo iraniano com Tabriz. A Arménia tem, assim, uma posicao estratégica. xo de rleo grandes itineriios Sangisio Hislis Cesarcia Sebastia Teénio ‘Ancira = Aneara ‘taleia = Ancalia Melitena = Maliti is = Erzerum Dein ¢ Artéxata sinuamse na | regito da actual Erevan | “Tiflis = Thilisi 7 oy cidade stata nto on | ge da actual Teerdo. Oxo = Amudiria Taxartes = Siediria alk = Bictria A bacin do Tarim, ou Sin Kiang actual, forma 0 Tur questio chings 28 Para o Norte, destacase uma cadeia que corta a Geérgia em duas, para se juntar ao Céucaso, barreira natural que apenas cede ao longo do Cispio, onde a planicie de Derbend da acesso as estepes do Norte. WIrio Do macigo arménio destacam-se para sul duas cadeias que, divergindo, delimitam ¢ enquadram o planalto ira- | niano. A norte, para lé da regio de transicio do Azerbaijio, 0 Elburz (5678 m) separa o Irao da depressio do Cispio; depois, a cadeia perde em altura ¢ inflecte para sudeste nas montanhas e planaltos do Jurassa, com férteis bacias longitudinais; a seguir, ergueinse os elevados planaltos de Cabul, que se ligam a0 Hindu-Kuch € ao Pamir. A oeste, 0 Zagros separa o Irio da Mesopotamia Espesso,cortado por desfiladeiros e ves, prolongese pr meiro pelo Fars, sem abertura para o Golfo Persico que mnargina, e depois por um conjunto de cadeias que, para 1 de Gandhara, sc liga ao Hindu-Buch: assim se fecha 0 quadro montanihoso que individvaliza o mundo iraniano, Grcenteo, regido alta e macica, por vezes cortada por dor- sais (Kirman) ou por bacias (Sitio), € um vasto deserto estépico, As eidades encontramse na petiferia: Hamadan, a partir da qual se atinge Bagdade através do Zagros, Rey entre Tabriz e as cidades do Jurassi ~ Nishapur e Merv na rota da Asia Central, e Harat na da india, por Cabul @ Asia Central ‘A norte do mundo iraniano, a Asia Central comeca por ser uma zona de depressio, ocupada pelo mar de Aral E atravessada pelo Oxo e o Taxartes. & a Transoxiana medieval, chave das comunicagdes entre os impérios seden- tarios do Oeste e 0 mundo chinés, No curso inferior do Oxo, © Quaresma tira a sua fertilidade da irrigagio, que | faz também a prosperidade da Bactriana, no contacto do Jorassi com Balk; da Sogdiana, no centro, com Samar- anda e Bucara; da Fergana, no laxartes, com Tachken Estas regides, com fronteiras variévei, foram disputadas pelos sucessivos senhores de planalto iraniano 3s popu- Tages némadas vindas da Alta Asia através das passagens do Pamir, que delas fizeram uma parte do Turquestio. | WM Extremo Oriente, Alta Asia | Para além do Pamir, « bacia do Tarim é uma depres: | so desértica entre 0 Tibete, a0 sul, ¢ 08 Tian-Chan, 20 | norte, que protegem, a seus pés, uma cadeia de ofsis, ctapas para o rio Amarelo e a China. Mas a nordeste dos Tian-Chan comeca outro universo: cordilheira do Altai, regides montanhosas ¢ ervosas do alto Jenissei, bacia do’Selenga e do Orkhon rica em florestas e pas- tagens, estepes dridas do deserto de Gobi, que prolonga, sem interrupel0, a bacia do Tarim e desemboca a sul dda grande curva do rio Amarclo... Tal é pais de or- | gem dos povos némadas turco-mongéis, a actual Mon- gélia. Ld Se faziam e desfaziam confedcracdes de tribos ameacadoras para o mundo chinés, apesar da Grande | Muralha, e para a rota do Tarim. Entre Tian-Chan e 0 Altai, a passagem de Zungéria abrialhes a rota das | estepes. i Estepes eurasidticas e mundo russo @ A norte do lago Balcach, do mar de Aral e do Cis uma faixa de estepes ervosas estende-se até ao Daniibio ¢ aos Carpatos. A norte do Ponto Euxino, ela corta os gran- des cixos norte-sul, desenhados pelos rios russos, Volga ¢ Kama, Dniepre, A sua subida através da floresta permite, para além da linha de divisio das 4guas, o encontro com © Lovat, o Volkhov e 0 Dvina, as vias de acesso 20 mundo baltico: € 0 itinerario que, em sentido inverso, foi seguido | pelos Varegues. Arabia [A Peninsula Arabica inscreve entre o mar Vermelho, co oceano Indico € 0 golfo Pérsico uma vasta meseta desér- tica, cercada de altas montanhas, No centro, a8 terras altas do Nedjed acolhem raras chuvas, aproveitadas em nibeiros ou uadis transversais (Wadi Rumma) que cons- tituem um eixo possivel de circulagdo leste-oeste. Mas clas sio envolvidas por duas zonas deprimidas de «ergs, totalmente desérticos e indspitos:o Rub akKhali a sudeste © anorte, o Nefud, que protonga 0 deserto da Siri Esta meseta € Timitada a veste pelo Hejaz, barreira monta: fnhosa desolada ao longo do mar Vermelho, que se eleva ¢ larga a sul, no Iémen e no Hadramaute, onde caem, no Estio, as chuvas da moncio, Orsi balizam 0 revers0 | interior das montanhas: Nadjran, Taif, Meca, Medina, Khaibar, Tabuk.. No Sudeste, as montanhas, cortadas do interior pelo Rub alKhali, orientam o Oman para o mar | a seguir, 0 longo do golfo Pérsico, o rebordo monts- nnhoso di lugar a degraus que prolongam o Nedjed: € 0 Bahrein. isos de see grandes iineririos Toros urcomongéix os Tu | Con apace cramente nt Tasha no stem) coven fis (ovrgidos no sic. x ‘percrindes pls a ings ongem laine cron ce fos cron so dice de gure eo dw conic Pe 30 1 Mesopotamia, Siria, Palestina O Tigre ¢ o Eufrates, a0 sairem da Arménia, enqua- dram uma plataforma que prolonga o planalto da Siria setentrional: é a Alta Mesopotamia ou Jezira, com Edessa. ‘A seguir, a depressio cava-se, os rios aproximam-se, mis- turam os seus aluvides e formam um imenso delta: € a Baixa Mesopotamia ou Iraque. Entre 0 deserto sirio ¢ as cordilheiras iranianas, na encruzilhada da Asia Menor, da Arménia, da Arabia, do Irdo, esse longo eixo norte-sul de circulagdo prolonga-se pelo golfo Pérsico, via maritima para a India ¢ a China. Foi ai que se fixaram as grandes, capitais: Ctesifonte, Bagdade, no né das rotas terrestres e maritimas entre 0 Mediterraneo ¢ 0 mundo oriental Na orla do deserto, entre a Arabia e a Anatlia, a Siia forma uma ponte: 0 relevo € 0 de um foswo enquadrado por duas faixas de terras alts, Mas a sul, os altos degraus ta Palestina e as cordilheiras do Libano e do Antilibano tornam a penetracio dificil e repelem para o deserto a circulagio nortest ‘Na Siria Setentrional, pelo contratio, oacesso a partir do litoraléfaciltado por passagens, e o planalto sitio pro- longese, por Alepo, a ao Eufiates. Na regio de Antioquia @ Alepo eruzam se, deste modo, a grande via de passagem do Mediterrineo para a Mesopotamia e um eixo norte- ‘sul entre a Asia Menor e a Arabia, por Damasco. 1 Egipto Longo ofsis entre dois desertos, o Egipto abre-se direc- tamente sobre o Mediterraneo. Uma faixa desértica rela- tivamente estreita separa-o do mar Vermelho, controlado nna sua safda para 0 oceano Indico pelo lémen e a Etiépia. Para lé das cataratas do Nilo e do antigo reino da Nubia, ergue-se um conjunto de elevados planaltos que se abai- xam por socalcos até ao mar Vermelho. Aqui, a volta de ‘Axum e do seu porto de Macud, organizouse o reino da | Etidpia, que controla acesso ao mar Vermetho ¢ o comeé! cio por caravana da Africa Oriental. 2 O nascimento do Império Bizantino: de Constantino a Justiniano (330-565) A transferéncia por Constantino da capital do Império Romano para o Oriente, na sequéncia da divisdo estabelecida pelo sistema tetrarquico de Diocleciano, basta para individwalizar administrati- ‘vamente a parte oriental do Império mas nao cria um estado novo. A perda progressiva do Ocidente ‘em proveito das Bérbaros — a despeito da tentativa de reconguista por Justiniano — ¢ a crescente assi- tmilacéo dos elementos crstios e orientais é que criam em trés séculos 0 Império Bizantino, até porque (0 choque das invasées é sentido menos intensamente nesta parte do velho mundo romano. E era aqui {que se encontravam as forcas vivas, como 0 testemunham a pripria fundasao ¢ 0 rapido desenvolvi: mento de Constantinopla, 1. Invasées barbaras e reconquistas 0 império do Oriente ¢ os invasores godos e hunos Os Visigodos. Os Godos sio um povo germanico que habitou © Alto Vistula até meados do séc. 11. Iniciaram nessa altura um movimento para o Sul, que os levou a ins- talarse no séc. IV entre © Dandbio € 0 Dniepre. Entao dividiram-se: os Visigodos na Dacia (a actual Roménia), 60s Ostrogodos no Baixo Dniepre | Os Visigodos, que obtiveram o estatuto de federados | em 882, sio contidos na margem esquerda do Dantbio cerca de 370. A pressio dos Hunos além-Dniepre leva 0s | Visigodos a atravessar em massa 0 Dantibio no Outono de 376. O imperador Valente tenta instalé-los pacificamente, mas ¢ obrigado a combaté1os quando eles pilham a Tracia: © exército romano é esmagado em Andrinopla e Valente € morto (378) Teodésio consegue estabelecer 0s Visigodos no Império, fi-los entrar em grande niimero para o exército ¢ chama para seu conselheiro 0 godo Estilicdo; o seu filho casa com a filha de um dignitario visigodo. Enquanto uma parte da opinido romana vé com bons olhos este afluxo de mao-de-obra assim sujeita 4 sua assimilagao, a outra parte insiste no perigo que corre a romanidade ortodoxa perante estes barbaros arianos. A reaccio de rejeicio acaba 31 fe por se impor e os Visigodos trocam o Hirico pela Italia ‘Avangam, assim, até & Peninsula Ibérica, Os Hunos. Afastados 0s Visigodos, eis que os Hunos se apresentam no Danibio. Sao, primeiro, contidos pelo pagamento de um tributo, Mas, em 441, Avila atravessa 0 Danibio e aproximase de Constantinopla. O imperador entregathe 6000 libras de ouro pela compra dos pris nieiros pagadhe um wibuto, que viia a triplicar, de 21 000 libras por ano, sem com isso impedir Atila de desenca dear razias na Grécia. Mas 0 chefe huno prefere uma presa | mais ficil, o Ocidente, onde € é severamente batido no Campus Mauriacus (451); Marciano pode, entio, recusar © pagamento do tributo: € o fim do problema huno para 0 Oriente, Os Ostrogodos. Os Hunos tinham empurrado 4 sua frente, e depois ultrapassado, os Ostrogodos, instalados no Império, na Panénia, desde meados do séc. v. Os impera- dores procuraram utilizar as rivalidades entre os diferen- tes ramos dos Ostrogodos, apoiando-se no rei dos Amalos, Teodorico. Zeno promove-o a consul ¢ generalissimo instala-o a sul da foz do Dantibio. Mas em 478 Teodorico marcha sobre Gonstantinopla. Zenao atribuilhe entio 0 titulo de «chefe das milicias» e envia-o a conquista de Italia, dominada por Odoacro desde 476, a fim de a governar em nome do Império. Teodorico conquista a Italia em quatro anos (489-493) e mantém af uma administracao romana, a0 mesmo tempo que o imperador the concede o titulo de rei, O reino ostrogodo de Italia é o melhor exemplo da colaboracao ambigua entre Constantinopla € os reis bar- baros: 0 Império considera que Teodorico governa a Italia ‘em seu nome; Teodorico considera-se rei em parte inteira, aliado do Império Bizantino mas conduzindo no Ocidente | sua politica pessoal. Esta ambiguidade vira a dar pretexto | a Justiniano para a reconquista. i WA reconquista de Justiniano | Aideia de reconquista. A idcia de reconquista nao é expressa enquanto tal, mas € inerente a concepgao bizan- tina da ordem do mundo: toda a regio que alguma ver tenha sido romana € tida por inalienavelmente romana. Mais tarde, este princfpio foi alargado aos paises cristia- nizados, Para Justiniano, ocidental latinéfono, que encon- tra as fronteiras orientais mais ou menos intactas, 0 Ocidente é 0 primeiro objectivo. © nascimento do Impéso Bzanine: de Cousin a Juwiniano (850565) veis peta sua frota, senhora do Mediterraneo Ocidental; além disso, sio arianos fandticos que perseguem os Romanos ortodoros. Justiniano servese do primeiro pre- texto, na ocorréncia «a usurpagio» de Gelimero (580), para enviar Belisirio a Africa com 20 000 homens, apesar do parecer dos generais, pessimists, e dos financeiros, | Smet winds ow poupados. Em alguns meses, 0 reino vindalo é aniqui- | hovtus he wren Ae lado. A Africa tornase uma prefeitura do pretério, de que dependem seis provincias, Permanecera durante um sécutlo © meio uma prospera regio bizantina, mas sem que @ influéncia de Bizincio penetre profundamente no inte rior do territério. A Itélia. Teodorico, morto em 526, nao encontra em. ‘Atalatico um sucessor a sua medida. Quando Teodato manda prender Amalasumta, vitva de Atalarico (585), Justiniano agarrao pretexto ¢ envia Belisério com 12 000, homens; este reconquista a Sicilia, Napoles e Roma. Os Ostrogodos substituem Teodato por Vitiges, mais en gico. Mas Belisirio consegue conter esta manobra ofen- siva, repele os Godos para o Norte do P6, apoderase de Ravena, de Vitiges e do seu tesouro. A conquista parece terminada, Belisirio reentra em Constantinopla em 540. onduzidos por Tétila, os Godos recomecam imedia- tamente a luta e recuperam metade da Itilia, Roma (546), mesmo a Sicflia (550). Justiniano tem de enviar Narses, com forcas consideriveis, para resolver definitivamente 0 problema godo em ués anos de uma guerra devastadora, (852-554). Também em 554, os Bizantinos reconquistam 6 Sul'da Hispania, penetrando até Cérdova. Areconguista: um erro? Assim, em 554 o Mediterraneo voltou a ser um ligo romano, se exceptuarmos os litorais da Gilia'e do Leste da Peninsula Ibérica. Mas por que preco! Salvo no que respeita a Africa, o mapa é impres Sonante, masa realidade nio o € tanto, Em Italia, nomea- dlamente, as terms conquistadas estio devastadas ¢, por muito tempo, improdutivas; as estruturas sociais sio mais Subvertidas do que ao longo de um século de uma ocupa- (ao barbara, no fim de contas superficial As conquistas sao de pouca monta se se tiver em vista © investimento,-Foi necessirio armar ¢ pagar esses exér- citos, cu :ndo era possivel nos paises que eles proprios devastaram.JFoi preciso pagar aos Persas um pesado tribute para se garantir uma paz intermitente nas fronteiras orientais. Portanto, 0 imperador cobrou, nos campos dizimados pela peste de 542-543, impostos pesa- ssimos até cerca de 550. Justiniano dedicou somas enor- mes a fortificar essas novas fronteiras, em prejuizo das dos Balcis face aos Eslavos, ¢ das do Oriente face aos Persas, en Ocideut, p26 Sie proteases wer pp 3940 33 | onde, no entanto, se jogava se jogari o destino do 9, Assim se desenha um traco da politica bizantina que se revelard muitas vezes, sempre que a vida do Império nao esteja imediatamente ameacada: sacrificar a defe: das regides vitais para Constantinopla a perseguicao de uma ideia, de um sonho: o Império Universal 2. O Império Romano continuado 1 O imperador ‘As regras de sucessio a0 trono instituidas por Diocleciano nao sio, em teoria, modificadas: o impera- dor reinante, com 0 titulo de Augusto, designa um Gésar chamado a sucederthe. Mas constatase que os Césares | sio na maior parte dos casos escolhidos na familia do imperador; que por veces faz falta a designacao de um sucessor; ¢, enfim, que a tendéncia para a usurpacio frequente. A yerdadeira regra da sucessio € a relagao de forcas, A sucesso de Constantino. Constantino nao tinha pre- visto a sucessio, Os seus trés filhos ~ Constantino Il, Constante e Constincio I~ dividem entre si o Império; Constincio Il impée-se a pouco € pouco pela forea. Em | 361, um dos Césares, que entretanto se revoltara, Juliano, acede ao poder supremo. A sua morte no campo de bata- Tha (363) abre um periodo de incerteza, que vé sucede- rem-se Joviano (363/364) e, depois, Valentiniano ¢ seu | irmio Valente, Em 376, 0s dois filhos de Valentinian, Graciano e Valentiniano Il, sucedemthe no Ocidente, Valente encontra a morte na batalha de Andrinopla (378). Graciano designa como seu sucessor Teoddsio, que reu- nifica por breve periodo o Império, novamente repartido, apés a sua morte, em 395, entre Arcédio (Oriente) ¢ Honério (Ocidente) A partilha efeetuada por morte de Teodésio ficou céle- bre, Em si, no trouxe nada de novo, ja que se mantinha conforme ao sistema de Diocleciano e a pratica do séc.1v. | De resto, a partilha pretendia-se puramente administra- tiva: a unicidade do Império era mantida. Muitas vezes, a existéncia de dois Augustos nao passava de uma ficcao, fosse porque um deles prevalecia nitidamente sobre o outro, fosse porque 0 poder estava ainda mais fragmen- tado por usurpadores em zonas afastadas. Mas nao havia | dois impérios ¢ a divisio de 395 fez-se de acordo com essa © nascimento do Impl Bianino: de Constantino a janine (380-565) ideia. A sua importincia nao foi entendida na ocasido, ‘mas impdsse mais tarde, porque essa partilha fora defi- | nitiva: nao houve reunificagio, tornada impossivel pela ripida desagregacio da parte ocidental sob 0s golpes dos Barbaros, de que 0 saque de Roma em 410 é 0 primeiro sinal grave. De Teodésio II a Zenao. O longo reinado do filho de Arcadio, Teodésio I (408-150), é sobretudo marcado pela influéncia das duas imperatrizes ~ sua irma Pulquéria € sua mulher, Eudécia. £ por desposar Pulquéria que o off- cial Marciano sobe ao trono (450-457). Ja sob Marciano se manifesta a influéncia do alano Aspar, a quem o Seriado chega a oferecer o trono (457); este acaba por ser ocupado por Leao I (457-474), seu protegido € primeiro impera- dor do Oriente a receber a coroa das maos do patriarca de Constantinopla. Ledo desembaracase de Aspar, apoian- dose no isauro Zenao, a quem faz seu genro, permitindo- che aceder ao trono em 474, ap6s alguns meses de rei- nado de seu filho Leao II, Expulso, por pouco tempo, do trono por Basilisco, Zenao volta a ocupé-lo por quinze anos (476-491), ao tempo em que Roma cai nas maos de Odoacro. Passa a haver apenas um imperador, mas pri vado de toda a autoridade, que nio seja te6rica, sobre o Ocidente. Justiniano (527-565). Na morte de Zenio, o Senado escalhe um funcionirio de talento, Anastisio (491-518), | que desposa a vitiva do antecessor. Veve que a ligagdo dindstica comeca a sobreporse aos principios insituci nas Falecido Anastasio, 0 Senado, aparentemente Festa: | belecdo nas suas prerrogativas ecolhe um obscuro oficial | macedénio, Justino (518-527), cujo sobrinho, Justiniano, txerce os poderes imperias mesmo antes de The suceder | (627-565) 0 grande imperador, com obra externa, admi- nistrativa €legislativa tio consideravel, quando nao dura- doura, dnha ama posiglo interna relativamence frag ‘Asim, aquando da sedigao Nika (Janeiro de 582), levan- taramse contra ele as forcas vivas da populacio de Cons. tantinopla Justiniano apenas a superou gragas A energia de Teodor e de Belisiro. Foi a mais grave crise, mas no Com efeito, a politica de Justiniano descontentava toda agente. Apoiando-se no seu prefeito do pretorio, 0 enér~ gico Joao da Capadécia, o imperador tentou reformar ‘uma administracio corrompida, com o que atraiu a des confianga dos funcionarios. Quis conciliar ortodoxia € | monofisismo ¢ foi atacado por uma ¢ outra parte, sem contentar nenhuma. A popula¢io resmungava perante 0 peso de imposios muitas vezes injustos, cobrados com rigor ‘mesmo nas provincias dizimadas 35 onan Ti Cpa: wpa Mestre dos ofiios:chefe dos | sersicos adiinistrativos (of ios) de Constansinopla. Sart: vr A vida interna do Império conheceu uma acalmia de perto de dez anos apés a sediga0 Nika; este periodo cor- | Fespondeu aos mais brilhantes sucessos externos. Mas, em 541, Justiniano foi obrigado a demitir Joao da Capadcia Em 348, Teodora morren. A agitacio religiosa ampliava- | -se, 0s motins e as rixas entre fac¢des multiplicavam-se nas | cidades. Apesar da entrada em fungdes de um novo pre- | feito do pretorio de qualidade, Pedro Barsimés, apesar das redugdes de impostos (553), de novas reformas admi- nistrtivas (556), do Conettio dos «Trés Capitalos= (598), | a atmosfera adensava-se: em 562, uma conjura anddina falhou 0 derrube de Justiniano, cuja morte em 565 foi | acolhida com alivio, Durante 0 perfodo que separa a morte de Constantino da de Justiniano, 0 poder imperial nio € ainda estavel: a concepcao constantiniana ndo mudara, a concepeao bizantina ainda nao fora forjada. E a fragili- dade € 0 reflexo nao de uma fraqueza do poder central, | apoiado numa administraco sélida, mas das crises exter~ has ¢ internas que se exprimem em oposicdes religiosas | mas sio, de facto, mais profundas. WA administracao central | (© mestre dos oficls. O reinado de Constantin € mar- cao por uma relorma fundamental, que retra ama grande | farteldas suas atrbuigdes ao prefeto do pretorio, tomado Chefe da administracao provincial (v. infra). O poder passa | para o mestre dos oficios (magisteroffiioru). Como 0 rome indica, cate esti A cabeca dos afica, antepassados do sda, nt 6, dos servigos administrativs da capital; Controla, portanto, toda a administracao central, e mesmo | saministrugio provincial, gracas a esses verdadcirosins- Fane ere acae bn ebus mais de 1000 func | irion no aée.v, autentico servico de informagées inte Vindo quer sobre a populagie quer sobre 0 pessoal sulministrativ, Desde 0 final do sée. Iv que © mestre dos Gficios asumira 0 controlo do Correio (cursus publics), cu seja da difuedo das ordens e mensayens imperais © | dds relagdes com 0 estrangeiro. No proprio Palacio, ele joga em dois tabuleirox:chefe da guarda (schol), ¢ tame Hee crienre de ceriménas c, nesa qualidade, recebe | os embaixadores Todas as actividacles juridicas ~ da redaecio das leis & administragio da Justica ~ so da competéncia do ques tor do Palicio Sagrado (quaestor sacri palati). Mais pré- ximo do imperador, testemunha da importancia que este vai ganhando, ao ponto de tudo se passar nos seus apo- Sentos, bem colocado sempre que o Imperador € fraco, 0 encarregado dos sagrados aposentos (pracpositus sacri cubi | ——_—_—_—_—_—_—_—_—_—_—_—_—— (0 awit do Impérto Buartno: de cul) desempenha, enfim, um papel financeiro, porque os | tendimentosdecertos bens imperais, nomeadamente na Capadocia, he cheyam directamente | 0 prefeito do pretri, © que rea ento, aos pre = — feitos do pretorio, a quem tantas atibuigaes foram ret rads, mas que ~ a histria prova-o ~ continuam a desem- penhar um papel decisive na politica imperial, como | Imostra © higar ocupado pelos de Justiniano ~ Joao da Capadécia e Pedro Barsimés? Os prefeitos do pretrio | converteramse nos chefes centrais das administragdes pro- | tincias, Com 0 Império dividido em varias prefeituras, [refed pretre:simuta- | neamente chefe das adminis trates province prin [Storer ao impede | duas das quais na parte oriental ~ a prefeitura do Oriente © a do Ilirico =, s6 a imensidao da primeira Ihes assegu- | rava a supremacia € dava aos detentores desse cargo um | lugar eminente na vida do Império, Os prefeito do pre- trio tornaram-se funciondrios exclusivamente civis. | A administragao provincial @ As provincias sio divididas reduzidas a dimensoes mais modestas: no séc. v, 0 Império do Oriente conta com ‘uma cinquentena de provincias, estando estas agrupadas | ‘em dioceses confiadas a um vigario. Deparavase, assim, ‘com cinco dioceses na prefeitura de Oriente (Tracia, A Ponto, Oriente, Egipto) e com duas no Hirico (Macedéni ¢ Dacia) principio da separagio dos poderes civis e militares, com 0s primeiros confiados aos governadores civis e os segundos a um dus muitas vezes 4 cabega de varias pro- | vincias, foi mantido durante muito tempo. Mas a tendéncia ara a confustio, que se concretizaria na criacao dos «exar- cados» ¢ dos «temas», faz-se ji sentir na grande reforma de Justiniano (535-536): o Imperador tenta agrupar pro- [seat 2 Towa: or 9 | wincias sob a direccio de proconsules ou de pretores ditos | jestinianos», aos quais atribui poderes civis, militares, © por vezes fiscais, Esta tentativa nao dura mais do que uma ‘qainzena de anos, mas é reveladora: 0 imperador procura aerescer a autoridade dos governadores de provincia, cor ‘Sestada pela aristocracia local. ‘A praga que Justiniano pretende combater 6 0 ppadeendo. A partda, este constitu uma reaccao contra B eagéncias excessivas do Estado; 0 padrociro é aquele (que permite a individuos ou a grupos de indivduos esea- par Esrespectivas obrigacSes. E muitas vezes um alto fun- Ciondrte, governador ou soldado, ou mesmo um curial da | cidade, que usa dese modo a parcela de autoridade que Gdetém, Em troca da sta proteceio contra os agentes do “fiseo, adquire autoridade sobre os homens © cobrathes r 37 {© strata dos gerentes dos bens ‘dos poderosos. Mas eis que a ver jgonha nos obriga a constatar a in- Solencia com que entram em todo O sitio, como sio servidos por uma nica armada e sdados por uma ‘ulti inumersvel, Todos piham sem qualquer contencio.» # JusTINaNo, Novela 30 (586) sobre a Capadécia Res privata (Foreuna , Dumbarton Oaks Papers, 13, 1959, | pp. 87-189. Quanto a Siria, J. P. SopIst, G. TATE ¢ col. Dehés (Siria do Norte, Campos FIl (1976-1978) Recherches sur 'habitat rural, Syria, 51, 1980, pp. 1-308. Quanto as cidades, A. H. M. JONES, The Cities of the Eastern | Roman Provinces, Oxford, 1971, ¢ mais recentement J. M. SPIESER, Thessalonique et ses Monuments du IV. au VF. | ‘idee, AtenasParis, 1984, Sobre as mudancas econdmicas f sociais: eft. pig. 15; P. CHARANIS, «Social Suucture of the Later Roman Empires, Byzantion, 17, 1944, pp. 39-57. | 3 O Império Persa Sassanida (sécs. IV-Vvil) No principio do sé. 1,0 mi parta Axtabano V oi batido por Andachir que se fez cvoar rei em Cuesifonte, em 226: fundava assim o Império Persa Sassanida, que pretendia renowar as tradicies ‘aqueménidas. Em resultado de wma série de guerras, sobretudo contra as Romanos, a fronteira foi sstabelecida no Eufrates ¢ a0 sul do Caspio. Duas zonas ficaram mais indefinidas: a teste, 0 Império Cuxana, sob a presso dos povos turco-mongéis, tendia a empurvar a sua propria fronteiva cada vex anais para ocidente, enquanto, a noroese, a Arménia se recusava a acetar a revolucdo sassinida. ‘Dois noves problemas apareceram na sé 0 estabelecimento em Constantinopla da capital de Império Romano aproximou de Cuesifonte 0 adversério ocidental por outro lado, 0 Império Romano adoptou, como religito oficial, 0 cristianismo, que jd possuia numerosos adeptos na Mesopotimia persa, e que {fo iguatmente adoptado na Arménia 1. Consolidagao do Império (sécs. 1v-v) O problema das fronteiras @ ‘A paz com Constantinopla, Uma série de guerras com | Annacu descends de ssn, ‘0s Romanos resultou, em 395 ou 399, num tratado de paz. _sacerdote de wm templo de ‘A sua cléusula principal previa a partitha da Arménia, cujo || Sti em Beride, que se dt territério oriental se tornou parte integrante do Império || aveienidas, Sassinida, A despeito de periodos de tensio provocados ‘Aavembaldas: dinastia persa por problemas religiosos, a paz com 0 Ocidente duraria 3801.6. praticamente todo 0 séc. ¥. Dario Xerxes. As ameacas orientais. A pressio ¢ a infiltragio de tri- bos turcas constrangeram 0s reis persas a desencadear numerosas expedicdes contra os Cuxanas, mas o problema agudizou-se quando, cerca de 440, estes tiltimos foram substituidos pelos Hunos Heftalitas. A batalha travada em 484 por Peroz contra os Hunos foi uma catéstrofe: dizi mado 0 exército persa, os Hunos avangaram até Mery € (1am | Harat e impuseram um tributo anual a Pérsia que entrou | seiner roan) | masdeismo ou zoroastrismo, nascido de uma reforma do assim numa onerosa dependéncia, Sspor It (389388) Bahram 1V (388390) (399-420), ick v 20498) © zoroastrismo, religido de Estado M | Yaniaguan (38s) Horm Ll (157459) Os Sassiinidas estabeleceram como religiio oficial 0 || Pevoz (asi) {alas (si) 87 ee antigo politeismo indo-europeu por Zoroastro. Os textos | sagradlos (Avesta), conservados em raros exemplares, foram compilados pelos Sassinidas que aprovaram uma cépia oficial, com aditamentos cientificos. © culto compreen- | dia sobretudo a adoragao do Fogo, em pireus; estes tem- | plos existentes a dimensio da eas, da ada, do cantio, da provincia, erguiamse por (odo 0 reino. Trés de entre eles estavam ligados aos ts corpos soiais insttuidos pels | ‘dinastia: 0 Fogo dos padres, o Fogo dos guerteiros ou Fogo real co Fogo dos agrieultores. © clero,orginalmente recratado numa tibo meds, | |sssequrava 0 culo, a diego moral eo ensino do povo | Estamos tegen compreendi a se co Mardeismo: do nome de | | distritos eclesidsticos, Na cipula, 0 mobadan mobad tina Aura Manda que, no came | | direccio suprema dos assumtos religiosos. O clero inter- | demundodivina rmsoire | | visa em todos os actos da vida do individuo: assim 0 ;nde Mobad tornow-se progressivamente numa das pr ddownil,eaos.eusdeménios. | | meiras personagens do Império. Zonossino (ou ZaraTeste) oma zy Saverdote de uma connie © masdefsmo nao fazia propaganda exterior, mas asp | derural da Corda gue te | | p22 um dominio absolut no interior das fronteiras. No tia wri cetea de 600 ce, I, 08 magos tinham conseguido afastar a ameaca Pica! temple comportande | | 8c Wh 08 magos tinh: esol 6 jim dit ogo ¢ fee opae a Ahtiman, principe ‘maniquieia. Mas os cristaos, da Mesopotamia ou da Arménia, Nitesujado porumscipuis. | | Ievantavamlhes outros problemas porque, além das suas © calto emohia a aimenta. | | diferengas religiosas, eram sempre suspcitos de simpatia indo og com ades®- |_| para com Constantinopla, A sa situa fo assim funcio eee | das relacdes entre Persas ¢ Romanos. Gracas & paz de 399, seein castes de | | algreja da Pérsia pode organizar-se: adoptou 0 nestoria- srapoes nismo em 486, 0 que afastou todo © problema politico. | SeoGieoy mean |) Armenia fl objecto de vrs tetas pouco fra Aiyenciado pela dvatisna ir || sas para implantat aio culto do Fogo. Nesta regido 0s pro- | blemas foram atenuados pela acop¢io do monofisismo | pelos Arménios, 0 poder real Ardachir I tinha rompido radicalmente com a tradi- ae | edo parta, introduzindo uma firme centralizacao ¢ tendo Vaspuhrs: aistocracia fundis- | | na mao os governadores de provincia. Mas os grandes vas ria de remota origem. ‘pubrs nao renunciaram As suas prerrogativas e 0 clero quis — controlar uma monarquia que, desde © principio, pre- tendeu retirar o seu poder de uma investidura divina. A fraqueza dos sucessores de Sapor IIe a auséncia de | uma tradicio definida em matéria de suces ram aos nobres € ao clero controlar 0 pode: tornouse numa espécie de monarquia electiva na familia dos Sassinidas. A eleigao pertencia aos mais altos digni- tarios do Estado e, em iltima instancia, dependia do See rn ee Grande Mobad. A sua politica anticrista ocasionou difi- culdades com Constantinopla e sobretudo uma grande revolta da Arménia em 450. © Império suportava longos sforcos financeiros impostos pelas guerras orientais, secas ¢ fome. E entio que ocorre a grande derrota de 484 perante os Hunos. Um pesado tributo anual agravou as dificuldades do pais e praticamente nio existia exército | quando, em 488, chegou ao poder o filho de Peroz, Kavad: as suas boas relacdes com os Heftalitas, entre os quais tinha sido criado, eram um bom augitio, 2. Organizagao do Império Eran-Spahbadh; Chefe dos 7 Geneon Tina ipa Os primeiros Sassinidas tiveram de ter em considera- 3 ‘ho de minisro da guerra, co- | cio a altissima nobreza dos vaspuhrs, A sua politica con- mandante em chete e nego- sistiu em apoiarem-se na classe dos médios proprietirios | | aor da puss o excrete fundidrios para constituirem uma administracio estivel | | traduziase esenclalmente nw ligando a provincia 4 capital. ma eavaaria couragada, com pletada por topas auxiliares Teerutadas n0s confins do Ine | ae perio A administragao central Eran Dibherbadh: Govern. Tia grande poder © Grande Mobad, provavelmente nomeado pelo rei, |_| Sobre ossecretirias de Estado, aconselhavaco em todos 0s casos em que se tratasse da reli: |e decoenhoam wm pe iio e podia inspirar largamente a sua politica. O grio- | | Yu, vmilesel« ca ve ‘vizir dirigia a administragdo central, mas a extensfo do seu poder & mal conhecida. Trés outros grandes digait Fos tinham importantes fungdes: 0 chefe dos Guerveiros, |_| £5 precsas justia, end © chefe da Burocracia ¢ 0 chefe dos Agricultores ¢ dos |_| Mens do Império, da come | Artesios, responsivel pela cobranca do imposto predial | | (arse don ples doe da capitacdo. A contribuiczo predial, paga pelos campo- |_| go, das obras pias. neses, estava escalonada em fungao da fertilidade da terra, ‘Vastryoshbadh: Chefe dos fe do | em politica e em poesia; sete [foie seeseosernen gue o rendimento global variava muito de um ano para | | pySln conuolans cobresnde | 0 outro. A capitagao era paga por todos, salvo os nobres, | |e inancar do lmperia 0s padres, os soldados ¢ os funcionérios. Os rendimentos || Ctesifont:conjmto de da do Império compreendiam, além disso, contribuigées || de emohde por muraias | extraordinérias para a guerra, os donativos do costume, | | fertadasnssduasmaryens os rendimentos dos dominios reais, os direitos alfande- | | Sovn"ctetgae Pr cu sitios. tnonte die shuaveee na mar gem exquerda tendo, Lest, O palo real TayeKesa, Na A administragao das provincias @ | Sit ie ie ‘da recone e centro de Os Sassinidas preocuparamse em ligar cuidadosamente |_| umcomércio activo. Duasou- | a provincia & capital, Materialmente, um bom servico de | | pequenas cidades com- | correios assegurava as comunicacées. | Lneeram ete conjnto | 39

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