Вы находитесь на странице: 1из 26
ACCAO EXECUTIVA E CASO JULGADO Pelo Prof. Doutor J. Lebre de Freitas Introducao 1. Constitui uma vexata quaestio da doutrina processualis- tica mais avangada ('), enquanto que entre nés nao tem passado de alguns ligeiros afloramentos (°), a questo de saber se a acgdo exe- cutiva da, ou pode dar, lugar a uma decisio que, como a sentenga proferida na acco declarativa, seja dotada da forga de caso julgado material. O problema coloca-se no ambito da acgdo executiva pro- priamente dita, mas também no das acgOes e incidentes declarati- vos que a ela funcionalmente se subordinam. Dum ponto de vista légico, a acco executiva, dirigida, como é, a finalidade da reparagao efectiva dum direito violado (), pres- (°) A questéo, encarada ha varias décadas pelas doutrinas italiana e alema, é hoje habitualmente tratada, com maior ou menor aprofundamento, nos manuais de processo executivo desses dois paises e tem conhecido recentes desenvolvimentos em varios estu- dos a ela especificamente dedicados. ©) _E.0 caso das referéncias que Ihe fazem ANSELMO DE CASTRO e CASTRO MENDES e que adiante sero mencionadas. Mas a nossa doutrina nunca encarou o tema duma maneira sistemdtica. Trata-se, porém, duma questo central do processo executivo, ©) Com ela se passa da formulacao concreta da norma juridica para a sua actua- $40 prética, mediante o desencadear do mecanismo da garantia, o que postula o emprego, efectivo ou potencial, da forga por parte dum érgo do Estado dotado de jus imperii. 226 J. LEBRE DE FREITAS supée a prévia solucdo da divida que possa haver sobre a existén- cia e a configuragao do direito exequendo e, sem deixar de ter na sua base um conflito de interesses (*), assenta na existéncia dum titulo que, constituindo um documento portador de eficdcia proba- t6ria (5), corporaliza um grau de superacao do estado de diivida que a lei reputa razoavelmente suficiente para, com base nele, atribuir 0 direito de acg4o executiva (*). A declaragao ou acertamento do direito subjectivo, que é o ponto de chegada da acgao declara- tiva (7), constitui assim, na acg’o executiva, o ponto de partida (*), de onde decorre que 0 processo executivo, embora sempre dotado de autonomia estrutural e funcional, se coordena com 0 processo declarativo no ponto de vista funcional sempre que por ele € pre- cedido. Esta constatagao podera levar a pensar que, dada a intima ligagdo entre a definigdo do direito e a produgao do caso jul- gado (°), este é uma figura estranha & natureza da acco executive Mas a consideragao de que, quando o titulo executivo é extrajudi- I, © processo executivo nao é precedido dum processo declara- tivo que resolva todas as eventuais dtividas sobre o direito exe- quendo e de que, mesmo quando se executa uma sentenga, as ©) Come todo o proceso civil de natureza contenciosa. Sobre a colocagao do con- flito de interesses na base do proceso, em lugar da sua configuragdo como elemento mate- rial do seu objecto, vejam-se as breves referéncias que fizemos em A confissdio no direito probatério, Coimbra 1991, p. 34, nota 28. () A eficdcia probatcria do titulo nem sempre chega para explicar a sua exequibi- lidade, como demonstra © caso da sentenga de mera apreciagdo, que acerta sem ser exe- quivel; mas‘o titulo executivo é sempre um documento probatério. (*) Das duas situagdes (diividu e violagdo) que, na base do conflito de interesses, originam o processo civil (CASTRO MENDES, Direito processual civil, Lisboa 1980, 1, p. 31), apenas a violagdo tem a ver com a génese do proceso executivo (art. 4.°-3 CPC). (C) Ao lado do acertamento de outro tipo de situagdo juridica, ou dum facto juri- dico (art. 4.°-2-a CPC), e sem prejufzo de a declaragio do direito poder fundar um juizo de condenacdo (também ele logicamente pressupondo a violagdo, mas podendo antecedé- -la ou visando preveni-la: arts. 4.°-2-b e 662.° CPC) ou a modificacao jurfdica propria da sentenga constitutiva (art. 4.°-2-c CPC). (@) MANDRIOLI, Corso di dirito processuale civile, Torino 1987, Ill, p. 18. () A norma de comportamento imposta as partes pelo caso julgado baseia-se no prévio acertamento das respectivas situagbes juridicas (ver as referéncias que fazemos em A confissdo, Coimbra 1991, p. 291, nota 67). ACCAO EXECUTIVA E CASO JULGADO 227 situagGes juridicas das partes podem ter sofrido alteragées apés 0 seu proferimento (art, 813.°-h), leva a questionar se, ao satisfazer 0 direito do exequente. o tribunal nao est4 implicitamente a dar como verificadas a sua existéncia e contetido a data da satisfagao, tendo assim a decisio final do processo executivo um alcance para- lelo ao da sentenga declarativa, com a inerente e definitiva preclu- sao de toda a discussio sobre 0 direito exequendo. Por outro lado, o entendimento negativo da producao deste efeito de caso julgado nao resolve a questao de saber se, tendo tido lugar embargos de executado fundados em oposigdo de mérito, a sentenga que os decida projecta a sua eficdcia para além do ambito do processo executivo. E 0 mesmo problema se colocaré quanto aos embargos de terceiro em que se decida sobre a posse do ter- ceiro ou sobre o direito de fundo do executado (ou do proprio ter- ceiro) respeitantes ao bem penhorado, quanto ao apenso de verifi- cagdo e de graduagdo dos créditos reclamados e até quanto a decisdo proferida no incidente de liquidagao, designadamente quando a execugio se extinga por causa diversa da satisfagaio do direito do exequente. Numa breve andlise e tentativa de solugio destes problemas a luz do direito positivo portugués (de acordo com o esquema das nossas ligdes sobre A accdo executiva, recentemente publicadas, das quais retiramos varios excertos), comegaremos por analisar a questao que mais tem ocupado a doutrina, que é a da produgao do caso julgado nos embargos de executado. Seguir-se-4 a considera- ¢40 dos embargos de terceiro e depois a do apenso de verificagao e graduagao de créditos. Por fim, seré encarada a questao da pro- dugao de caso julgado na acciio executiva Propriamente dita e, com ela, a da sua produgdo no incidente de liquidagao. I Os embargos de executado Diversamente da contestago da acgaio declarativa, a oposica0 por embargos de executado constitui, do ponto de vista estrutural, algo de extrinseco A acgao executiva, tendo o carécter duma 28 J. LEBRE DE FREITAS contra-acgao ("°) tendente a obstar 4 produgao dos efeitos do titulo executivo e (ou) da acgao que nelé se baseia (''): quando tem um fundamento processual, o seu objecto € uma pretensdo de aceria- mento negativo da falta dum pressuposto processual da acgao exe- cutiva, que, por isso, sendo a oposi¢ao procedente, é reconhecida como inadmissivel; quando veicula uma oposi¢ao de mérito a exe- cugdo, 0 seu objecto € uma pretensao de acertamento negativo da situagdo substantiva (obrigagao exequenda), de sentido contrario ao acertamento positivo consubstanciado no titulo executivo Gudi- cial ou nao), cujo escopo é obstar ao prosseguimento da accao exe- cutiva, mediante a eliminagao, por via indirecta, da eficdcia do titulo executivo enquanto tal ('). No primeiro caso, a circunscrigio () No direito germénico, sugestivamente: Volistreckungsgegenklage (acco de oposigo 2 execug’o), ou, na terminologia do § 767 ZPO alema, Vollstreckungs- abwehrklage (acco de defesa da execugdo). Diversamente dos nossos embargos de executado, limita 0 seu objecto 2 pretensio negativa da existéncia actual do direito exe- quendo (sem prejuizo de, nos casos dos §% 781-785 ZPO e 1489 II BGB. veicular certos fundamentos de opasigao do executado & penhora), © que a exclui como meio pelo qual se possa fazer valer a violagdo duma norma processual, designadamente por instauragdo da execugao com falta de pressupostos processuai () ANSELMO DE CASTRO, A acgdo execuriva singular, comum e especial, Coimbra 1973, p. 47 («do titulo ¢ da acgdo). Quando o titulo executive € uma sentenga, esta nfo € atacada em si mesma, como seria no caso de se interpor recurso de revisdo (art 771.°), mas apenas na sua exequibilidade (HELLWIG, System des deutschen Zivilprozessrechts, |, Leipzig. 1968, p. 278). (8) MANDRIOLI, L'azione esecutiva, Milano 1985, ps. 417-421; BRUNS- -PETERS, Zwangsvollstreckungsrecht, Minchen 1987, p. 93. Autores ha que, levando mais longe a incidéncia da procedéncia da oposigao no plano da exequibilidade, negam que ela tenha por objecto a apreciagao da subsisténcia da obrigagao titulada, afirmam que 6 combater directamente a exequibilidade do titulo, mediante a declara- ‘do da inadmissibilidade da execugdo nele fundada, e consequentemente defendem a natu- reca constitutiva da sentenca que a julgue procedente. Neste sentido: BREHM, Zeitschrift ‘fir Zivilprozess, 101, p. 453. ROSENBERG (Tratado de Derecho procesal civil, Buenos Aires 1955, III, ps. 107-108, 114 e 116) e BROX-WALKER (Zwangsvollstreckungsrecht, Kiln 1990. ps. 702-703) tém-na como acco constitutiva processual, nao afectando pro- priamente 0 titulo, mas a admissibilidade da execugdo nele fundada, e por isso nao sendo de mera apreciagdo (a execugdo foi correctamente fundada no titulo; mas, tornando-se inadmisstvel, deixa de poder ser fundada nesse titulo). Semelhantemente em JAUERNIG, Zwangsvollstreckungs- und Konkursrecht, Miinchen 1990, ps. 48 e 53, que, porém, embora afirmando que 0 seu objecto nao é o bem-fundado da pretensio titulada, reconhece que as excepedes (Peremptorias) em que a oposigao se funda se dirigem contra essa pre- tenso e sé indirectamente contra a execugao baseada no titulo. Em SCHLOSSER, Zivi ACCAO EXECUTIVA E CASO JULGADO 229 da eficdcia da sentenga dos embargos ao processo executivo nao é duvidosa, uma vez que a senten¢a mais nao produz do que um caso julgado formal (art. 672.° CPC). O segundo caso, porém, leva a equacionar a questdo da formagao dum caso julgado material ('3), Na falta duma disposigo como a da lei espanhola ('*), a dou- trina divide-se entre aqueles que circunscrevem ao processo executivo, baseado num titulo executivo determinado, a eficdcia do caso julgado formado na accao de oposigdo ('5) e os que atribuem A decisao da oposigdo de mérito eficdcia de caso julgado material ('*). processrecht Il, Miinchen 1984, ps, 84-85, ¢ defendida a naturera constitutiva da aego

Вам также может понравиться