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O BIBLIOBURRO e O JEGUE-LIVRO

Todo fim de semana, Luis Soriano pega os seus dois burros, Alfa e Beto,
enche sacolas de livros, coloca uma placa com a palavra Biblioburro e sai para
áreas rurais e afastadas da Colômbia. Ele vai passando de vila em vila, onde
pára para ler para as crianças, e aqueles que sabem ler podem pegar os livros
emprestados do seu biblioburro. Soriano é professor primário e faz este ritual há
mais de dez anos.

A idéia do biblioburro surgiu de sua crença de que ler livros ajudam as


pessoas a melhorar sua vida, a região em que moram, enfim, o país. Soriano
começou com 70 livros. Hoje tem quase 5.000. Seu projeto já foi aclamado
nacionalmente na Colômbia, virou artigo de primeira página do New York Times
e vai virar documentário em seu país.

A luta de Soriano com os livros nunca foi fácil. Ele feriu uma das suas
pernas quando ia descer de um dos burros, o que o deixou manco. Também já
foi vítima de ladrões, que vendo que ele não tinha dinheiro, resolveram amarrá-
lo em uma árvore e levaram somente um livro: Brida, de Paulo Coelho!

Paulo Coelho, aliás, é o autor favorito dos leitores do Biblioburro. Agora já


são aproximadamente 300 leitores que pegam livros emprestados regularmente.

A Venezuela tem sua versão do biblioburro. Lá, recebe-se o nome de


bibliomula. A biblioteca móvel da Venezuela partiu de um projeto da Universidad
Valle del Momboy, e assim como a colombiana, a bibliomula leva a leitura à
lugares mais isolados, onde mulas e burros são o meio de transporte ideal.

No Brasil, também temos uma versão do Biblioburro. Numa pequenina


cidade do Maranhão, chamada Alto Alegre do Pindaré, uma professora de
português teve uma idéia parecida com o do senhor Soriano da Colômbia: levar
a leitura para áreas mais isoladas. Uma vez por mês, um jegue é carregado de
livros e, com a ajuda das escolas e voluntários, um grupo sai com a missão de
formar novos leitores.

O Jegue-Livro, que já existe por mais de um ano, ganhou o Prêmio Viva


Leitura em 2006, na categoria biblioteca, com direito a comemoração solene no
auditório do Memorial JK, em Brasília.

A biblioteca móvel vai para os povoados e pára nas praças. Uma lona é
estendida no chão, e livros, revistas, dicionários, são colocados sobre ela para
que as pessoas possam ler e escolher à vontade.

Ações individuais ou populares, como as biblioteca móveis, tentam


incentivar a leitura em pontos mais isolados, onde o acesso a livros e à
educação em geral são precários. Um boa dose de sacrifício para poder dar
oportunidade de acesso à leitura a crianças e adultos. São ações que nos fazem
refletir: Sabemos aproveitar as bibliotecas que nossa cidade nos oferece?
Quando foi a última vez que visitamos ou levamos nossos filhos para uma visita
à biblioteca pública de Araxá?

Denise Maria Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers


College Columbia University (Nova York) e professora de português como
língua estrangeira. dmdcame@yahoo.com

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):

Osborne, D. (2009, August 07). O Biblioburro e o Jegue-livro. Clarim, Ano 14,


n. 680, p. A2.

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