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19h DAstp? Hees oD. Qe. pp / PAIKOES A oferenda obliqua Imaginemos um sabio, Especialista na andli- se dos rituais, ele se apropria desta obra,’ a menos 7 Uin "conte" deterniaado consti aqulo tema ou o niclea desas que, ninguém jamais o sabérd, ela the tenha sido oferecida. Em todo caso, ele faz dela coisa sua, acredita reconhecer nela o desenrolar ritualizado de uma ceriménia, ou até mesmo de uma liturgia, e isso se torna um tema para ele, um objeto de | anélise. O rito, por certo, nao define um campo. | HA rito por toda parte. Sem ele, nfo hé sociedade, no ha instituigdo, nao hé histéria. Nao importa’ quem possa ser especialista na andlise dos rituais, pois esta no é uma especialidade. Esse sabio, digamos, esse analista também pode ser, por exemplo, um sociélogo, um antropélogo, um i se quiser, um critico de arte ou: de algum grau, gracas & experiéncia e de modo mais ou menos espontineo, cada um-de n6s pode desempenhar o papel.de-analista ou de critico dos ritos, ninguém est totalmente livre disso. Alias, para desempenhar. um papel ‘nessa obra, para desempenbar um papel'onde quer. que seja, & preciso estar inscrito nia légica do rito &, do mesmo tempo; justamente para proceder bem, para evitar 08 erros e as transgréssdes, set capaz de analisé-la até certo ponto. E preciso compreender suas notmas ¢ interpretar suas regras.de funcionamento: Entre 0 auttor,€ o' analista, seja qual for a distancia, sejam quais forem as diferencas, a fron- teira parece, portanto, incerta. Sempre permedvel. Ela deve mesmo ser transposta num certo ponto para que haja uma andlise-e também para que haja um comportaniénto adequado e normalmente.ri- tualizado. Mas um “leitor ctitico” (critical reader) obje- taria, com razdo,-que nem todas as andlises sao equivalentes: ndo haveria uma diferenga essencial entre, de um lado, a anélise daquele ou daquela que, a fim de participar comme il faut de um rito, portanto, deve compreender suas normas, e uma anilise que no visa se adequar ao rito, mas sim explicé-lo, “objetiva-lo”, dar conta de seu principio e de seu fim? Mais exatamente, uma diferenca titica? Talvez, mas o que € uma diferenga critica? Pois, afinal, se ele deve analisar, ler, interpretar, o participante deve, ele também, manter uma cera posicao critica. E, de certa maneira, “objetivante”. Embora sua atividade muitas vezes se aproxime da passividade, sendo da paixdo, o participante realiza atos criticos e criteriolégicos: requer-se uma discriminacao atenta por parte de quem, por ‘uma azo ou outta, se torna parte interessada no processo ritual (o agente, 0 beneficiério, o padre, o sacrificante, o aderecista, até mesmo 0 excluide, a vitima, 0 vildo, ou o pharmakos, que pode ser 2 propria oferenda, pois a oferenda jamais é uma simples coisa, porém jé um discurso, ao menos a idade de um discurso, o inicio de uma simbolicidade). O participante deve fazer esco- has; distinguir, diferenciar, avaliar: Deve realizar alguma kringin. O proprio “espectador”, aqui o tor, neste volume ou fora dele, encontra-se nesse sentido na mesma situagao. Em vez de opor © critic 20 nao-critico, em vez de escolher ou decidir entre critico no-critico, a objetividade e seu contrério, seria preciso, portanto, de um lado, marcat as diferencas entre os criticos e, de outro, situar 0 nfo-critico em um lugar que j& nao seja oponivel, talvez.nem mesmo exterior ao critico. Por certo, 0 critico € 0 no-critico nfo sao idénti- cos, mas talvez permanegam, no fundo, a mesma coisa, Em todo caso, participam disso. Suponhamos, portanto, que esta obra seja apresentada (entregue, oferecida, dada) 2 um leitor-analista preocupado com. a objetividade. Esse analista talvez esteja entre nés: nao importa © destinatério ou o destinador deste livro. Pode- mos imaginar isso sem abrir um crédito ilimitado a tal leitor. Em todo caso, 0 analista (evidentemen- te, escolho esta palavra pensando no uso que dela faz.Poe)' estaria certo, talvez por imprudéncia, de aqui estar diante do desenrolar codificado, previ- sivel e prescrito de uma ceriménia. Ceriménia | seria provavelmemte a palavra mais certa e mais rica para reunir todas as caracteristicas do evento. Portanto, como eu poderia, como voces poderiam, como nés poderfamos, como eles poderiam nao ser cerimoniosos? O que é, exatamente, uma ceriménia? Ora, eis que, na descricfo e na andlise do ritual, em seu deciframento ov, se preferirem, em sua leitura, surgiria de repente uma dificuldade, uma espécie de disfungio, outros diriam uma ctise, traduza-se: um momento critico. Talvez. ele jf estivesse afetando o proprio desenrolar do processo simbdlico. Que crise? Ela era previsivel ou imprevisivel? E-s@’a crise mencionada fosse concernente ainda a0 proprio conceito de crise ou de critica? Os fil6sofos encontram-se reunidos nesta obra segundo procedimentos académicos € edito- fais que nos sio familiares, Sublinhemos a deter- mina¢io critica, impossivel posto que aberta, aberta vocés, justamente, por este pronome pessoal: quem. é “nés”, quem.somos nés, a0: certo? Esses filésofos, -universitérios de diferentes pafses, so conhecidos ¢ se conhecem: quase todos’ aqui deveria seguir-sé uma descrigao detalhadade cada um deles, de seu tipo e de sua especificidade; de seu grupo sexual — uma tnica mulher—, de sua nacionalidade, de seu status socioacadémico, de seu passado, de suas publicagdes; de seus interes- ses etc.). Portanto, haviam combinado; pela inicia- tiva de um deles, que:ndo pode ser qualquer um € cujos interesses com certeza ndo'so desinteres- santes, reunir-se e- participar.de'um livro cujo niicleo (relativamente: determinado, portanto in- determinado, poder-se-ia dizer secreto, até certo ponto — e 2 crise permanece por demasiado aberta para ainda merecer este nome de crise) sera este ou aquele (relativamente determinado etc., 10 relativamente identificével, em principio, por seu trabalho, suas publicagdes, seu nome proprio, suas assinaturas, Deixemos “assinaturas” no: plu- ral, pois é imposstvel; de saida, e ilegitimo, se bem que legal, excluir.a multiplicidade delas). Ora, se uma dificuldade critica se apresenta neste caso e, embora ainda nao. esteja:certo, corre o risco de colocar em dificuldade os programas do rito ou de sua anilise, ela nao diz respeito necessariamen- te ao contetido, as teses, as avaliagSes positivas ou negativas, quase sempre sobredeterminadas 20 infinito, em-suma, & qualidade dos discursos de uns e outros, aquilo que traduzem ou aquilo que fazem de sua relacao com o titulo, com.o pretexto 10.do livro, Ela diz respeito ao fato de que se acreditou dever perguntar, propor, oferecer (por razdes que podem ser analisadas) a0 suposto: signatério dos textos que estio no niicleo do livro (“eu", pois nao?) intervir, como se “contribuiz”, o que significa trazer seu tributo, mas fazé-lo livremente,. no livro. Quanto ao grau dessa liberdade, logo mais. teremos algo a dizer, a questio € quase toda esta, O editor da obra, chefe de protocolo ou inestre-de-ceriménias, David Wood, havia sugerido que 0 livro fosse aberto aqui mesmo por um texto de algumas paginas que, sem responder de fato a todos os outros, pudesse figurar sob © titulo significativo de “A oferenda obliqua” (An oblique offering). O qué? De quem? Para quem? (a seguir). Ora, de repente, diziamos, o desenrolar do tito corre o risco de nao mais estar conforme com u sua automaticidade, quer dizer, com a primeira hipétese do analista, H4 uma’ segunda hipétese. Qual? Em um determinado lugar no sistema, um dos elementos do sistema (um “eu”, ainda que nem:sempre, e um “eu” “sem-ceriménia’’, nfo sabe mais 0 que deve fazer. Mais precisamente, sabe que deve fazer coisas contraditérias e incom- pativeis. Contradizendo-se ou contrariando-se a si propria, esta dupla obrigagao corre o risco, con- seqiientemente, de paralisar, de desviar ou de colocar em perigo a'realizacao bem.sucedida da cerim6nia. Mas a hipstese desse risco iria de encontro ou, pelo contratio, ao encontro do desejo dos participantes, supondo-se que no haja m: do que um, que haja‘um tinico desejo comum a todos ou que cada um tenha em si apenas-um desejo nao-contraditério? Pois € possivel imaginar que um ou mais participantes, até mesmo'o pré- prio mestre-de-ceriménias deseje, de alguma ma- neira, 0 fracasso da mencionada ceriménia. De maneira mais ou menos secreta, 6bvio, e € por isso que ser preciso que digamoso segredo, que no © revelemos, mas, com. base no exemplo dese. segredo, que nos pronunciemos sobre © segredo em geral. © qué é um segredo? Certamente, mesmo se esta obra no corres- ponder em nada a uma cerim6nia secreta, imagi- na-se que n&o haja cerim6nia, por mais ptiblica e exposta que seja, que nfo gire em torno de um segredo, mesmo se for o segredo de um n&o-se- gredo, ou ento, o que se chama em francés um 12 “segredo de polichinelo”, um segredo que nao € segredo para ninguém. Na’ primeira hipétese do analista, a ceriménia se desenrolaria normalmente, conforme o rito; ela atingiria seu fim ao prego de um desvio ou de um suspense, que, além de no a ter ameacacio em nada, talvez também a tivesse confirmado, consolidado, aumentado, suavizado ow intensificado por uma expectativa (desejo, primicia de seducao, prazer preliminar do jogo, preltidio, aquilo que Freud chama Vorlusi). Mas 0 que aconteceria na segunda hip6tese? Talvez seja essa a pergunta que, & guisa de resposta ¢ em sinal de infinito reconhecimento, eu mesmo gostaria de fazer, por minha vez logo de infcio, a todos os que tiveram a generosidade de contribuir para esta obra. Tanto na amiizade quanto na cortesia, haveria um duplo dever. no seria exatamente evitar, a qualquer prego, 4 linguagem do rito e também a linguagem do dever? A duplicidade, 0 ser-duplo desse dever no se conta como 1+ 1=2,oul+ 2, mas, pelo contratio, se aprofunda em abismo infinito. Um gesto “de amizade” ou “de cortesia” no seria nem amigdvel nem cortés se obedecesse pura’e simplesmente a uma regra ritual. Mas esse dever de fugir & regra da conveniéncia ritualizada pede também um comportamento além da propria \guagem do dever, Nao se deve ser ami | cortés por dever. Aventuramo-nos tal proposi¢ao, | provavelmente, contra Kant. Haveria, pois, um ! dever de nao agir segundo o dever em conformi- dade; nem com o dever, diria Kant (pflichtmdssig), nem mesmo por dever (aus Pflich#)?:Como um tal dever, um tal contra-dever, nos endividaria? Com | relago.a qué? Com relagio a quem? ! essa hipétese em forma de | te para provocar vertigem. Ela faria tremer, poderia também paralisar & beira do abismo, ali onde vocé estaria s6, completimen- | te 86, ou jé requisitado por um corpo a corpo com “outro, um outro que procuraria em vao deté-lo ou precipité-lo no vazio, para, salvé-lo ou para perdé-lo. Supondo-se, voltaremos a isso; que al- guma vez se tenha escolha a esse respeito. Uma vez que jé corremos 0 tisco de no saber mais onde poderia nos levar a evidéncia, ousemios dizer, 0 duplo axioma implicado na hipétese ou na questo pela qual foi preciso, efetivamente comegar. Provavelmente seria gros- seiro parecer fazer um gesto, por exemplo, res- pondendo um convite, porsimplesdever. Tampouco seria amistoso responder a um arhigo por dever. Nao seria melhor responder a um convite ou aum amigo em conformidade com o dever, pflichth- massig (de preferéncia por dever, aus Pflicht, citamos outra vez a Grundlegung zur Metaphysik der Sitten, de Kant, nosso “critical reader’ exem- plar, devedores que somos, como herdeiros, com relagao a0 grande filésofo da critica). De fato, isso somaria & caréncia essencial uma falta a mais: acreditar tornar:se irrepreensivel, 20 jogar com a aparéncia, ali onde faz a intengao. Quanto ao “é preciso” da amizade, assim como ao da cortesia, nao basta dizer que ele ndo deve ser da ordem do 4 dever. Ele nem mesmo deve assumir a forma de uma regra, ‘menos ainda de’ uma regra ritual. A partir do momento em que se submetesse 2 ne- cessidade de aplicar a um caso a generalidade de um preceito, o gesto de amizade‘ou de cortesia destruir-se-ia a si proprio. Setia vencido, abatido e destrufdo pela rigidez regular da regra, em outras palavras, da norma. Axioma do qual nao se deve deduzir que somente se chega 2 amizade ou & cortesia (por ‘exemplo respondendo 20 convite, ou mesmo ao pedido ou 4 pergunta de um amigo) transgredindo todas as regras e indo contra todos os deveres. A contra-regra também é uma regra. Um leitor eritico talvez ficasse surpreso 20 ver aqui a amizade e a cortesia regularmente associadas, ambas diferenciadas de uma sé vez do comportamento ritualizado. Pois aqui a hipétese disia respeito, no caso da cortesia, no caso. da determinagdo aguda desse valor, quer ela esteja ligada ou nao a uma ou a outra tradi¢ao cultural (ocidental ou no), a0 que tem por injungo agir além da regra, da norma e, portanto, do rito. A contradigao interna do conceito de cortesia, como de todo conceito normative que ele exemplificas- se, € que implica a regra e a invengao sem regra, Sua regra € que se conheca a regra, sem nunca se ater a ela. falta de cortesia ser apenas cortés, ser cortés por cortesia. Portanto, aqui temos uma regra —e essa regra recorrente, estrutural, geral, isto 6 singular e exemplar a cada vez — que pede que se aja de maneira a no fazé-lo apenas de acordo com a regra normativa nem mesmo, em virtude da regra mencionada, em respeito a ela. ‘Vamos direto ao assunto:’ trata-se do concei- to de dever, e de saber se, ou até que ponto, pode-se confiar nele, naquilo que ele estrutura na ordem da cultura, da moral, da politica, do direito, até da economia (sobretudo quanto & relagao entre a divida e o dever)’; quer dizer, se e até que ponto pode-se confiar naquilo que o conceito de dever, ordena em todo discurso responsivel sobre a decisao sesponsavel, em todo discurso, toda légi- ca, toda ret6rica' da responsabilidade. Ao falar de discurso responsdvel sobre 2 responsabilidade, j4 implicamos que 0 proprio discurso deve'se sub- meter As normas ou a lei da qual: fala. Essa implicagao parece inelutavel, mas continua des- concertante: qual poderia ser a.responsabilidade, a qualidade ou a virtude da responsabilidade, de um discurso conseqiiente que pretendesse ‘de- uma responsabilidade nunca pode- sem equivoco e sem contradicao? que a autojustificativa de uma decisio é impossivel e nao poderia, a priori e por razdes estruturais, de maneira alguma responder por si propria? Dissemos: "n'y allons pas par quatre che- ‘mins’ llocugdo francesa quase intraduzivel, que © cruzamento dos caminhos, 0 quatro e a forquilha da encruzilhada (quadrifurcum) para dizer: procedamos direta- TT eipressio comespondente em francés & Ny allons pas par quare ‘chemins eset corneriada no pardgrafo segulete pelo aut. QV) mente, sem desvio obliquo, sem artimanha.e sem trata-se do conceito de |...) e de saber se © que supde uma palavra de ordem tio imperativa? Que se possa e que se-deva abordar de frente um conceito ou um problema de maneira n&o-obliqua. Haveria um conceito é'um problema Gisto ou daquilo, do dever, por exemplo, pouco importa por enquanto), isto é, alguma coisa deter= mindvel por um saber (‘trata-se de. saber se”) que se encontra 2 frente de vocés, af na frente (problema), in front of you; dai a necessidade de abotdar de frente ou de-cara, de modo ao mesmo tempo direto, frontal e -capital, aquilo que se encontra em frente dos olhos, da boca, das mios (e nfo as costas) de vocés, af na frente, como um objeto pro-posto ou pré-posto, uma questio a ser tratada, um sujeito proposto, portanto, da mesma forma (isto é, entregue, oferecido: em principio se. oferece sempre em presenca de, nao é mesmo? em principio). Seguindo a semintica de problema, tratar-se-ia. também de um ob-sujeito adiantado como um quebra-mar ou como o promontério de um cabo,‘ uma armadura ou-uma vestimenta de protecao. Problema também diz, em certos con- textos, as desculpas apresenttadas para se esquivar ow se desculpar, mas ainda uma outra coisa qué aqui talvez nos interessasse mais: por metonimia, por assim dizer, problema pode vir a designar /aquele que, como se diz em francés, da cobertura, endossando a responsabilidade de um outro ou se fazendo passar pelo outro, falando em nome do outro, aquele que se coloca & frente ou atras de quem alguém se dissimula, Estamos pensando 7 aqui na paixio de Filoctetes, em Ulisses, 0 obliquo —e na terceira pessoa’(terstis),.a6-mesmo tempo testemunha (testis) inocente; ator-— participante, mas também atorao.qual se:faz desempenhar um papel, instrumento e delegado, agindo: por repre- sentagdo, a saber, a ctianga problemdticd, Neo t6lemo.> Desse ponto. de vista, a.responsabilidade) seria problemdtica 2 medida suplementar que poderia serAs vezes, talvez mesmo sempre; aquela que'se assume no por si; em sew proprio nome e ‘frente ao outro (a mais.classica definicao metafisi- ca da responsabilidade), mas aquela.que se deve assumir por um outro, nolugar,em nome do outro ‘ou em seu nome como outro, frente.a um outro, eum outro do outro, a.saber,o inegéyel' mesmo da ética, “A medida suplementar’, diziamos, mas devemos ir mais longe: medida que a responsa- bilidade nfo: apenas”.ndo diminui, mas,: pelo contrério, surge snuma. estrutura ‘que também: é suplementar, Ela é sempre. exercida, em-meu nome como em nome. do outro; e isso-em nada afeta sua singularidade, .Esta,secoloca.e deve tremer no equivoco-e na inseguranga exemplar desse “como”. Se a experiéncia da résponsabilidadle nao se reduzisse & do dever ou da divida; se 0 “fespon- de:” da responsabilidade nao mais se anunciasse em um conceito sobre o qual seria necéssirio “saber se..";-8e tudo’ isso desafiasse 0 espagd do problema e voltasse nao aperias do'lado dec da forma pro-posicional da resposta como ‘também do lado de cf da forma “questdo" do pensamento 18 ou da linguagem, entio 6 porque, desse modo, jé no é ou ainda nao.€ problematica ou questiond- vel, portanto critica, isto é, da ordem da decisiio judicativa, e nao mais poderiamos, sobretudo néio deveriamos abordi-la de modo direto, frontal, brojetivo, ou mesmo tético ou tematico. Esse “nao- offazer”, esse “sobretudo-no-dever”, que parece se retirar do, problema, do projeto, da questo, do tema, da tese, da critica, absolutamente nao seria uma caréncia faltosa, um enfraquecimento ‘no igor légico ou demonstrativo, muito pelo contré- tio Gupondo, aliés, que o imperative do rigor, siricto sensu, do mais estrito rigor, esteja ao abrigo de qualquer questo)’. Houvesse caréncia, tanto no que se refere-A justiga quanto .leitura, ela sobreviria antes do lado em que se quisessé fazer comparecer um Certo “nio-o-fazer’, “sobretudo- nao-dever-fazé-lo" perante algum tribunal filos6- fico ou moral, isto é, perante uma instancia 20 mesmo tempo critica e juridica. Exigir mais fron- idade, mais tese ou mais tematizacao, supor que aqui se tenha a medida, nada parece 20 mesmo tempo mais violento e mais ingénuo. Como esco- Iher entre a économia ou a discrig&o da elipse & qual se credita uma escritura, e uma a-tematicida- de, uma explicitagao insuficientemente tematica, da qual se cré poder acusar um filésofo? { i r Em vez de abordar a questo ou 0 problema de frente, de modo direto, sem. rodeios, 0 que provavelmente seria impossfvel, inapropriado ou ilegitimo, deverfamos proceder, obliquamente? Jé © fiz muitas vezes, chegando a r quidade pelo nome,’ confessando-o mesmo, al- guns pensariam, como uma falta a0 dever, uma vez que se associa com freqiiéncia a figura do obliquo & falta de franqueza ou de retidao. provavel que tenha sido pensando nessa fatalida- de, uma tradi¢o do obliquo na qual de algum modo estou inscrito, que, para me com encorajar ou me obrigar a participar deste volume, | David Wood. me propés intitular estas poucas paginas de “A oferenda obliqua’ (An oblique offering). Ble até ja havia impresso 0 titulo anteci- padamente. no. projeto da Table of Contents do ‘maniuserito geral, antes que eu tivesse escrito uma linha deste texto.? a Saber-se-4 algum dia se esta “oferenda” é a minha ou a dele? Quem assurne essa responsabilidade? A questao é tio séria e intratavel’ quanto a responsabilidade pelo nome dado ou pelo nome usado, pelo nome que se recebe, ov pelo nome que se dé. Perfilam-se aqui os paradoxos infinitos daquilo que se chama com tanta tranqiiilidade de narcisismo: supde que X, alguma coisa ou alguém (um rastro, uma obra, ca), use o teu nome,” ingénua ou fantasma comum: deste teu nome a X, portanto tudo aquilo que retorna 2 X, de modo direto ou indireto, em linha direta ou obliqua, retorna a ti, como um-beneficio para’ teu nari sismo. Mas como ndo és teu ‘nome nem teu ti e que, como:0 nomie’ou 0 titulo, X passa mito bem semi ti, e sem tua vida, a saber, sem'o local para onde alguma coisa pudesse retornar,’ como af estio a definigao e a propria possibilidade de ‘qualquer rasiro, de qualquer nome e de qualquer tulo, teu narcisismo fica frustrado @ priori quanto aquilo de que ele se beneficia ou espera se beneficiar, Inversamente, supde que X recuse teu nome ou'teu titulo; supSe que, por uma razio qualquer, X selivre dele e escolha para sium outro nome, fazendo uma espécie de desmame reitera- do do ‘desmame original; entao, teu narcisismo, 7 Opie, nse paleo, elo uso log do pono psiessvo meagan pests gy, pu ear pes aiglacey, Froveestae poo uso do pronoak ponesivo ns treks penton GO Rngoar OF) duplamente: ferido,’ ficasd:pon isso’ mesmo ainda mais enriquecido:.aquele que-usa, usou; ou tera usado teu nome parece bastante livre, -poderoso, criador e aut6nomo para viver sé e radicalmente passar bem sem-tie sem tev nome. Retorna a teu nome, no mais secreto de teu nome, poder desa- parecer, em teu nome. E, portanto, nao voltar a si, 0 que € a coridigao do dom (por exemplo, do nome) como também de toda expansio de si, de toda elevagao de si, de toda auctoritas. Nos dois casos dessa, mesnia paixio dividida, é impossivel dissociar o maior beneficio.e a maior privagio. Conseqiientemente, € impossivel construir um conceit nio-contradit6rio ou coerente do narci- sismo, ¢, portanto, dar um sentido unfvoco ao eu. lo, como “eu” e, segun- do arexpressio de Baudelaire, “sem-ceriménia”. £ © segredo do arco ou da corda instrumental (newra) conforme Filoctetes, conforme a paixio segundo Filoctetes: a crianga € 0 problema, sempre, eis a verdade. Refletindo bem, o obliquo nao parece Ser a melhor figura para todos'os procedimentos que tentei qualificar assim. Sémpre me senti pouco & vontade com relagao a essa palavra que uti porém, com tanta freqiiéncia. Mesmo se o fiz de maneira sobretudo negativa, antes para romper do que para’ prescrever, para evitar ou dizer que se deveria evitar,'e com a qual, aliés, nfo se poderia deixar de evitar © enfrentamento ou o confronto direto, 2 abordagem imediata. Portanto, confissio ou autocritica: dever-se-ia sortir’ hipdtese da mais hiperb6lica hybris, a saber, a hipétese de que esse leitor critico” (critical reader) seria,.em suma, um leitor autocritico* (autocritical reader) (critica de si, mas critica de quem,’ a0 certo? A quem 0 refletido remeteria aqui?), um leitor que se porta € se transporta por si*mesmo,:sobretudo j& nio precisando de.“mim” para isso, de um eu que,ele proprio, ja nao precisaria de ninguém para fazer todas as perguntas ou todas as objegdes criticas que se queira. (Aliés, ria sintaxe de “K: um leit critico”, sempre sera dificil saber quem € 6 leitor de quem, quem é 0 sujeito, quem é 0 texto, quem €0 objeto, e quem oferece o que — ou quem — a quem.) Hoje, 0 qué seria :preciso criticar no obliquo € provavelmente a figura geométrica, 0 compromisso ainda mantido com a primitividade do plano, da linha, do Angulo, ‘da diagonal. e, pottanto, do Angulo: reto entre a vertical e a horizontal. © obliquo permanece comio a escolha de uma -estratégia ainda frustrada, obrigada a cuidar do mais urgente, um cAlculo geométrico para desviar 0 quanto antes tanto a abordagem frontal quanto @ linha reta: 0 caminho suposta- mente mais curto de um ponto.a outro. Até sob sua forma ret6rica e nessa figura de figura que se chama a oratio obliqua, esse deslocamento parece ainda muito direto, linear, econémico,.em suma, em conivéncia com 0 arco diagonal. (Alusao late- ral a0 fato de que.um arco as vezes esti estendido dizer que um car, conforme o contexto, que sua corda esté esticada e pronta para propulsar a arma, a saber, a flecha mortifera, ou ry9 que ele €:oferecido, dado, entregue,. enviado; handed on, over to). Portanto, esquegamos o obli- quo. Seria uma manéird de nfo responder a0 convite de David!’ Wood € de totlos os que ele representa aqui? Eu deveria responder-lhe? V4 saber. O que € um convite? © que é responder a um convite? Isso representa o que; para quem? Um convite deixa livre, sem o que se torna obrigagao. Nunca deveria subentender: vocé tem obrigagao de'vir, vocé deve, é preciso.:Mas 0 convite deve ser insistente, no indiferente. Nunca deveria su- bentender: vocé tem a liberdade de no vir e se no Vier, azar, no importa. Sem a pressio de um certo desejo — que ao mesmo tempo diz “vena” e deixa 26 outro, contudo, sua liberdade absoluta —, 0-convite imediatamente volta atrés e se torna inospitaleiro. Portanto, ele deve desdobrar-se e se redobrar ao mesmo tempo, ao mesmo tempo deixar livre e tomar.como refém: golpe duplo, golpe redobrado. £ possivel um convite? Acaba- mos de vislumbrar as condigdes em que ele existiria, caso exista, e mesmo que exista; alguma vez se apresenta de fato como tal, atualmente? Aquilo que vislumbramos do convite bém do apelo em geral) aciona de um s6 “golp a légica da resposta, da resposta ao convite e da resposta simplesmente, Aquele que meditar sobre 8 do conceito de responsabilidade niio pode deixar de se perguntar, a um dado momento, o que quer dizer “responder” e “respon- siveness’, palavra preciosa para-a qual no.encon- tro'um equivalente preciso’em francés: £ de se perguntar se ‘responder’ tem um oposto que consistiria,, dando crédito 20: senso comum, em nao responder. £ possivel uma decisao a respelto do “responder” e da * responsiveness”? Hoje, em muitos lugares, pode-se presenciar | um esforco simpatico.e inquiétante e idele:partici- pati para restaurar ‘a moral.e sobretudo: para tranqhilizar os que tinham sérios motivos'para se inquietar a esse respeito, Certos. espiritos, .que acreditaram ter reconhiecido em™"A” Desconstru- ¢40,, como se houvesse uma e-uma tinica, uma forma moderna de imoralidade, de amoralidade ou de irresponsabilidade (etc. discurso demasia- damente conhecido, gasto,,mas que nao acaba, no insistamos), outros, mais,sétios, menos apres- sados, com melhor disposicdo para com:A Dita Desconstrucdo, pretendem hoje 0 contririo. ‘Eles desvendam sinais,encorajantes ¢.cada vez: mais numerosos (8s vezes, devo. confessar, ‘emvalguns textos meus) que seriam testemunhas dé uma atengio permanente, extrema, direta ov obliqua, em todo caso cada vez mais intensa, com relagao a essas coisas que se cré poder identificar sob os belos nomes de “ética”, “moral”, “responsabilida- de”, “sujéito” etc. Antes de voltar ‘i nao-résposta, seria preciso declarar, da mansira mais direta, que, se 0 senso do dever ¢ da responsabilidade’ fosse respeitado, ele ordenaria o rompimento com esses dois moralismos, com essas duds restauragbes da moral, incluindo af, portanto, a re-méralizacao da 6 desconstrugio, que parece;naturalmente mais ten- tadora do que aquilo a que ela justamente se opée, mas (que- corre 0risco, a cada instante, de se tranqiillizar para tranqhillizar 0 outro, e de obse- quier,o.consenso com um-novo sono dogmatico. E que.ninguém se-apresse'a dizer que € em nome de uma responsabilidade mais alta e de uma exigéncia moral mais intratével que se declara pouco gosto, por.desigual que-seja, em relagio a esses dois moralismos, Provavelmente, é sempre com base na afirmac3o de, um certo excesso que se pode:pressentir a imoralidade bem conhecida, até-a hipoctisia recusativa,dos moralismos, mas nada permite garantir que.os-melhores nomes ou as figuras mais justs para essa afirmagio sejam a ética, 4 moral, a politica, a responsabilidade, o sujeito. Alids, séria moral e responsavel agir mo- ralmente porque se tem o senso justamente (subli- nhemos também esta palava) do dever e da resporisabilidade? # evidente que ‘ndo, isso seria facil demais e, justamente,’ natural, progfamado pela natureza: € pouco mioral ser moral (tespon- sfvel etc.) porque se tem 0 senso da moral, da inéncia da lei etc. (problema bem conhecido pela lei moral, ela propria “causa” no sentido kantiano, cujo interesse todo reside no paradoxo inquietante, gravado no cere de uma moral incapaz de dar conta da inscrigd, justamente, num afeto (GefZ) ou numa lade, daquilo que nfo deve estar af ins- ctito; ou’ que deve apenas impor o sacrificio de tudo 0 que obedeceria somente a essa inclinag4o sensivel; sabe-se que 0 sactificio ¢ a’ oferenda a esto no cetné da moral kantiana, sob seu nome (Opferung, Aufopferung); cf., por exem- plo, A critica da razdo pratica, L. I, capitulo I: sacrificével af pertence sempre & ordem do motivo sensivel, do interesse secretamente “patolégico”, que, diz Kant, é preciso “humilhar” diante da lei moral; esse conceito da oferenda sacrificial, por- tanto do sacrificio em geral, supde todo o aparato das distingSes “criticas” do kantismo: sensivel/in- teligivel, passividade/espontaneidade, intuitus dert- vativus/intuitus originarius etc; dé-se o- mesmo com 0 coneeito de paixéio;, o que se procura aqui, 2 paixfio segundo Derrida,’ seria um concéito nao “patolégico”, no sentido kantiano, da paixo). Portanto, tudo isso ainda continua aberto, suspenso, indeciso, questiondvel até mesmo para além da questo, ¢ na verdade, para usar outra figura, absolutamente aporético. O que é a etici: dade da ética? a moralidade da moral? O que € a responsabilidade? O que é 0 “oque &” neste caso? etc. Essas questOes sio sempre urgentes. De certa maneira, devem continuar urgentes ¢ sem respos- ta, em todo caso sem resposta geral e regulamen- tada, sem resposta, a ndo ser aquela que'se liga singularmente, a cada vez, ao evento de uma decisio sem regra e sem vontade, no curso de uma nova prova do indecidfvel. Que ninguém se apres- sea dizer que essas questoés ou esas proposicées (4 esto inspiradas por umia preocupacao que se pode, com justiga, chamar de ética, moral, respon- No iginal, la passton soon miot (NT) 28 sAvel etc. Poricerto; ao assim falar (“Que ninguém se apresse... etc.”), esté-se dando armas. aos fun- cionérios da antidesconstrugao, mas, ‘afinal de contas, nao’ preferivel2 constitmi¢io de uma euforia consensual ou, pior ainda, de uma comu- nidade de desconstrucionistas tranqiilizadores, tran- ghilizados, reconciliados com o murido na certeza ética, na boa consciéncia, na satisfagao do servi¢o prestado e na consciéncia do dever cumprido.(ou, com heroismo.ainda maior, a cumprir? ‘A nio-résposta, portanto. Evidentemente, sein- pre seré possivel dizer, e com raziio, que a nao- resposta é uma resposta. Tem-se sempre, dever-se-la ter sempre 0 direito dé nao responder, € essa liberdade faz parte da propria responsabilidade, isto €, da liberdade que se acredita dever sempre associar a ela, Deve-se ter sempre a liberdade de nao responder a um apelo ou a um convite — e faz bem lembrarisso, lembrar-se da esséncia dessa erdade. Aqueles que pensam que a responsabi- lade ou senso de responsabilidade seja algo bom, uma virtude primeira, até mesmo 0 proprio Bem estéo convencidos, no entanto, de que € preciso responder semipre (por si, a0.0utro, pe- rante 0 outro perante.a lei) e de que, alias, uma. no-resposta € sempre uma modalidade determi- nada no espaco aberto por uma responsabilidade Jinelutével. Portanto, nada mais haveria a dizer sobre a n&o-resposta? Sobre ela oui a seu respeito, | sendo.em seu favor? Apressemos 0 passo e, para tentar convencer | mais depressa, tomemos um exemplo, quer seja ~ valido ou no; perdnte ale. Qual-exemplo? Este aqui: Com certeza, quando digo este exemplo, jé digo mais e outra'coisa, digo’alguma coisa q. ultrapassa 0 tode ti, o este do exemplo: O prop: exemplo, enquanto tal, ultrapassa tanto sua singu; laridade quanto sua identidade-£ por isso que nag hA exemplo justamente quando’ houver' apenas isso, 6. provavel:.que''jé tenha ‘insistido demais _nisso, tomando exemplos diversos. Evidentemen- “te, a exemplaridade'do exemplo nunca é a exem- plaridade do exemplo. Jamais teremos a certeza de pér fim a essa velhissima brincadeira de crianga a qual se pegam todos os discursos, filosdficos ou nao, que alguma vez interessaram 4s desconstru- gdes, nem mesmo através da ficeZo performativa que consiste em dizer, relangando'o jogo: “tome- mos exatamente este exemplo”. Por exemplo,/se respond. ao convite ‘que me foi feito para responder aos textos aqui reuni- dose que me’ dao-a honra ou 0: obséquio-de mostrar interésse por algumas de'minhas publica- Ges anteriores,:ndo irei acumular’as faltas.e me conduzir, portanto, de maneira.irresponsével, as- sumindo as més responsabilidades? Que faltas? 1.__Inicialmente, confirmar uma situagao, subs- crévé-la e fazer como se me encontrasse & vontade mim lugar tio estianho, como se fo findo'eu considerasse normal ou na- tural tomar a palavra aqui, como se.esti- véssemos & mesa, no meio de 12 pessoas » que, em‘suma, falam*de:“mim”. ou se dirigem.a “mim’y:"Bu’, que; 20 mesmo tempo; sou 0: décimo segundo, enquanto faco: parte: do grupo,:,um dente outros, mas. também, j4, assim: redobrado ou desdobrado, 0 décimo terceiro, enquan- to nfo sou!.um-exemplo dentre outros na série dos:-12, 0” que .eu :pareceria_se pretendesse responder-a todos estes ho- meris €.a esta mulher 20 mesmo tempo, se pretendesse comecar por-responder, negligenciando; assim, 2 estratégia to sébia .tdo ‘singular, téo: generosa e tho pouco complacente: ao. mesmo tempo, to sobredeterminada, de cada um dos You 12-discursos?,Ao falar por tltimo, ‘ao: mesmo tempo como -conclusAo © introdugao;:ndo vou corter o zisco insen- sato nem, tomar.a:atitude odiosa que consistiria em tratar todos estes pensado- res como disefpulos, ou mesmo apésto- los, dentre os quais alguns seriam meus ‘preferidos, ¢, outros, malvados traidores em potencial? Quem seria Judas aqui? O _que deve fazer alguém que nao quer ser ‘@ que sabe nao ser (mas como ter certeza dessas coisas € como se Subtrair a essas matrizes?) nem um, apéstolo (apostolos, um enviado de Deus) nem Jesus nem Judas? Pois, ao contar O mimero dos participantes reunidos, exatamente 12 (ainda se espera alguém?), e depois 20 notar as palavzas "oblique offering’ © “paixio". na, carta, velo-me um pouco tarde a divida de que David Wood talvez 31 fosse-o encenador perverso de um mis- tério—e de que a“ oblique offering”, que nifo era:menos sua do:que minha, tinha de fato um sabor irdnica e sarcasticamen- te eucaristico (nenhum vegetariano — conhego pelomenos dois entre os con- vivas. — nunca. poderia romper com 0 cardter sublime do canibalismo mistico): © “este 6 meu corpo, ele vos € dado, guardai-o em meméria de mim” n&o € 0 dom mais obliquo? Nao é 0 que coment durante 0 ano,.em: Glas ou em semi tis recentes, sobre o.comer-o-outro! @ “retorica do canibalismo"? Razdes. em. demasia para nao responder. Isto no € . Se eu respondesse de fato; estaria colo- cando-me na situagag de alguém que se sente capaz de réspondén ele tem res- posta para tudo, pretende estar em con- digdes de responder a todos, a.todas as questdes, 4 toda objegio ou critica; nio percebe qué ‘cada um dos textos aqui reuniidos tem a propria forga, a propria logica, a propria estratégia singular, que seria preciso reler tudo, reconstituir a obra e 0 trajeto, os motives € os argu- mentos de cada um, a tradicao discursiva € 0 numerdsos textos piéparados etc. falta de respeito.pelo / Pretender fazer tudo, isso, ¢-fazé-lo em algumas. paginas, dependeria. de uma bybris.e:de uma:ingenuidade sem fun- damento—e,e infcio,de uma flagrante iscurso, pelo tra- balho-e. pela. oferenda do outro. Razdes em demasia para ndo responder. -"Vistumbratnos, désses dois argumentos, que uit Geitarido-resposta’ pode ser testemiuhtid dessa’ polidez (sem regra) da quall"falavdmios ‘acimia ¢, por fim, do "pelo outro, quer dizer, também respO8ta € tint Sinal dé responsabilidade. ‘Talvez. Agudrdémos, todavia. De qual- quer ‘mod6, pensase nd orgulho, na cothplacéncia, ‘na ségurar¢a elementar que haveria do responder, quando a boa cedlucagao ensina as ctlancas qué nao devem “responder” (em todo caso, no sentido e na ‘wadigo dos bon’ modos frariceses) quando (8 adultos se’ dirigem ‘a’elas fazendo-lhes repreensOes ou crea; de qualquer modo, nfo thes fazein’ perguntas, . A arrogancia;presuncosa de que ndo se dard jamaisresposta algumanio se baseia apenas'no fato.de que ela pretende se medir,pelo:discurso do outro, situd-lo, e-até-circunscrevé-lo, res- pondendo,:assim, a0 outro’e perante o 33 ‘outro, ©! respondao' supée, "tanto com leviandade’quanto ¢om-arrogancia, que “pode résponden‘aooutro'e-perante 0 outro porque, antes de’ mais:nada, ele é capaz dé responder por si'e portudo que pode fazer;dizerou escrever. Responder porssi seria aquiter a presungao de saber | tudo, que se pdde, fazer, dizer ou escre- ver, reuni-lo numa’sintese significativa e coerente, assinalé-lo:com uma tinica ea mesma chancela.(sejam .quais forem o género, o lugar ou.a da scursiva, a estratégia contextual etc), co- locar que o mesmo. “penso” acompanha todas as “minhas” representacdes, que formam, elas proprias, um. tecido siste- miatico, homogéneo e subjetivavel de “teses”, “temas”, “objetos", .“narragdes", “crticas’ waliagdes”, cuja meméria total 'e intacta, algum, “eu”, teria, cujas premissas,< ‘consequéncias,tadas algum "eu" conheceria etc;. seria, também pre- sumir que. desconstrusao seja da mes- ma ordem que. a ctitica-cujo conceito e cuja historia ela desconstréi. Por certo, nunca se, desencorajario tantas ingenui- dades dogméticas, porém sao razbes a mais para ndio'responderypara'nao fazer como se fosse’ possivel' responder a0 outro, perante 0 outro e por'si: A réplica ser: certamente; mas entéo“a nao-res- posta ainda é umd resposta, a’ mais edu- cada, 2 mais modesta; 2 mais’cautelosa, 1: ssa mais.respeitosa — com relagao a ou- trem e 2 verdade,..A. ndo-resposta seria ainda uma forma respeitavel de polidez € de respeito, tima forma responsive! do ekercicio atenio da responsabilidade. De ' qualquer’ modo, ‘isso confirmaria que naio’se pode'du nao’se deve no respon- der. .Nao, se’ pode, "nao se’ deve nada- responder: O dever'e o poder esto *“ co-implicados aqui’ de forma estranha. Seguindo os’ quatro argumentos’ preceden- tes, eu evitaria’as faltas (faltas de cortesia, faltas morais etc.) nfo-respondendo, respondendo de forma eliptica; respondendo de forma obliqua. Eu teria dito @'mim: € melhor; é mais justo, € mais devente, mais moral também; nao responder, mais respeitoso'com relac20 a0’ outro, mais responsavel perante o imperativo'do pensamento critico, hi- ceder 0 menos'possivel.aos'dogmas e &s pressu- posigGes. 'Mas-entds,"se eu seguissé todas essas boas razdes e se; acreditando ainda que a nao-res- posta seja a melhor resposta, decidisse nao res- ponder, correria riscos ainda maiores. Quais? 1, De inicio, primeira’ injiria. ou. injustiga, | -parecer.ndo levar suficientemente a sério as pessoas ¢.05,textos.que.aqui se ofe- recem, manifestar,com relagio a eles 35 36 ~brévamos acima: ‘nunca’ ‘uma ingratidao irtadmisstvel @ uma indi- ferenga censuréveli’ .. Em seguida, explorar as.“boas razoes” para nao, responder.a fim de. fazer um uso ainda estratégico do siléncio: pois ha uma arte da nfio-resposta ou da resposta diferida que € uma ret6rica da guerra, uma artimanha polémica. © siléncio po- lido pode se tornar a arma mai € a ironia mais mordaz. Sob o pretexto de esperar até que sé tenha relido, me- ditado, trabalhado para comecar.a res- ponder. com'seriedade (0 que seria de fato necessirio e poderia levar uma eter- nidade); a:ndo-resposta como .resposta adiada-ou como resposta iludivel, até mesmo absolutamente ,eliptica, sempre pode colocar. éonfortavelmente:ao abri- {go de qualquer obje¢a0..E, sob o pretex- to de no se sentir capaz de responder ao outro € porsi, ndo.se estaré minando, na teoria e na pritica, 0, conceito -de responsabilidade;,na verdade a propria esséncia do socius? ‘Ao justificar a 'no-tesposta por mieio'de todos esses argumentos, ainda se faz referéncia a regras, a normas’gerais;de- sobedece-se, portanto, 20 principio de cortesia:€ de responsabilidade que lem- acteditar de- sobrigado de qualquer divide e, por isso, niunca agir simplesmente de acordo com uma regra, conforme o dever nem mes- inda menos “por corte- mais imoral ¢ mais grosseiro. . Nada setia pior do que substituis uma resposta insuficiente, por certo, mas tes- temunha ainda de um esforco sincero, modesto, acabado, resignado, por um interminavel discurso. Este fingiria ofere- cer, em vez de uma resposta ou de uma nfo-resposta, um performative mais ou menos performante e mais ou menos metalingiistico sobre todas essas ques- tes, n0-questes ou nZo-respostas. Uma operagio desse tipo ficaria exposta as crtiticas mais justificadas, ofereceria seu corpo € entregaria, como que em sacri- © corpo mais vulneravel aos corpos sofreria de um duplo defeito, acumularia duas faltas aparente- mente contraditérias: 1. a pretensio de mestria ov de sobrevdo (meta-lingtifsti- co, meta-l6gico, meta-metafisico etc.), ¢ 2. 0 tomnar-se-obra de arte (performance ou performativo literatio, ficcio, .obra),. jogo estetizante de um discurso do-qual se esperava uma resposta séria, pensante ou filoséfica, 37 .O que fazer éntao? imposste responder agui, £ impossivel responder 2 questo: sobre # impossivel’ responder, se € neces- ‘Essa aporia sem fim fater? Mas também o que acontece, uma vez que isso nao impede que se fale, que se continue'a descrever a situagao, que haja a tentativa de se fazet ouvir? Qual a hatuireza dessa linguagem, uina ‘vez que ela nao pertence mais, simplesmente, nem W questio nem 2 resposta limites “acabamos de verificar e’ainda estamos verificando? Em'que consiste essa verificacto, que no’ acontece sem algurn sacrificio? Chamar-se-4 a isso’ testemunho, 39 em um sentido que nao seria esgotado nem pelo martirio nem pelo atestado nem pelo testamento? E com a condigao de que, como qualquer teste- munho, isso nao seje redutivel, precisamente, verificagao, & prova ou A demonstragio, em tima palavra, ao saber? Dentre outras coisas, para voltar ao infcio da cena, verificamos que o analista, aquele a quem haviamos dado esse nome, nao mais pode descre- ver ou objetivar o desenrolar programado de um rito, menos ainda de uma oferenda sacrificial, Ninguém quis desempenhar 0 papel do sacrifica- vel ou do sacrificante, e todos os agentes (padres, vitimas, participantes, espectadores, leitores), além € a. uma sociabilidade filoséfica, enquanto supde a ordem (de preferéncia circtilar) do, apelo,, da pergunta eda resposta. Alguns dirao que € 0 proprio principio da comunidade que assim se vé exposto & disrupeao. Outros dito, que a ameaca de disrupco nada ameacs, que ela sempre foi a dade vive ou se alimenta dessa vulnerab dade e é bem isso, Se o analista, de fato, encontra limites ivacdo cientifica, € bastan- desejaria analisar, pode virtualmenie af desempe- nhar (quer dizer, também’ ai arremedar) todos os r papéisi:Esse: limite d&)positivamente.a condigao de Gua’ inteligéncia; de*sua leitura, de’suas inter- prétagbes, Mas:qual'setiava:condigao dessa condi- (46? Bla:consiste'em’'que 0. préprio: leitor critico ésteja exposto a priori e sem fim a alguna lftura critica. ‘© que pode escapar a essa verificacao sacti- ficial, assegurando assim 0 proprio espago deste disctirso, por exemipl® Nenhumia questéo,nenhu- tha'resposta}nenhumstesponsabilidade.‘Digamos ite’ hialuni'segiedo af; Testeiunkiemos: bd segre- do at: Por hoje ficatem6s Aeste*ponto, mas ‘nao sénivalguim éxercicid-de andar ‘ ‘eSséncia’'é' ia: Existéncia deur apofatico aqui n’6 diz respeito‘necessatiamente A tedlogia negativa, apesar dé'também 'tornié-la pos- sivel.'Aquilo que téntamos pot 4 prova é'a’possi- bilidade;-rha'verdade}'2 impossibilidade’ de que iqualqués testertitinho fique seguro de simesmo, lo-Se sob esta Yorma’e!nesta gramética: “Testemnliniieinds qu “estemunhamos, um segredo, sem contetdo, sem contetido separivel de sua experiéncia perfor- mativa, de’seu'tracado"peitdrmative (ado ‘diremos ‘seu entinctadé pérforciative Ou de sua argumentiigaio proposiciénal, ¢ résérvamos diversas questées sobre a petformatividilde em geral). Digamos, portanto: hd. segredo:ai, Nao. se trataria de um segredo técnico ou artistico reser- vado a qualquer.um; tal como um estilo, uma artimanha, a assinavura do talento ou a marca de a genio, esse savoiryfaine que'se-acredita incomuni; céyel, : intransmissivel, .ndo-ensinavel, :inimitavel. Nao se trataria tampouco. dese segredo:psicofisi co, arte escondida nas profundezas.dayalma;hu- mana: da qual fala Kant. quando se ,refere 20 esquematismo transcendental e & imaginacao (eine verborgene Kunst in den Tigfen der menschlichen | Seale)." Ha segredo Nao se tratariacde um segredo representacao inconsciente, algum -motivo:secreto ou -misterioso, que oimoralista’’ ou.0 psicanalista des-mistificar. Esse segredo:nem mesmo, seria da ordem da subjetividade absoluta, conforme o sen- tido, pouco ortodoxo; 2 respeito di da metafisica; que Kierkegaard atribui.a, ea tudo. que} sistema, tanto, qui segredo ‘nto pertenceria. 2, nenby (estética, ética, religiosa a ou 8) distinguidas por Kierkegaard. Ele'ndo'seria‘nem’saco nem profano. desvendar, confessar, declarar, isto é, pela qual seria preciso: responder ao:prestar' conitas,e: tema- 42 consiste em:requerer’a’resposta,‘em exigir que'se reste contas'de tudo’; além disso; de preferéncia tematicamente? Pois esse segredo nao é fenome- nalizavel,,. Nem, fenomenal.. nem .numenal. ‘Nao Migs. certo disso, 2 filo- sofia, a mor 0 direito nao podem aceitar,o Tespeito, incondicional a esse segredo. 49, constituidas como instancias préprias do pedido de contas, isto é, de’respostas, de responsabilidades assumidas, f provavel que admitam as vezes seg: dod: sens 0 segredo pi em todos esses is neles o srilhayel pélas condi- goes dadas. O segredo 5 lesmente um. problema. Podge deve ser, declarado em outras uma resposta segredg torna:se. condicional..Nao ha, segredo, apenas problema para. esses saberes que’ sio, penas a filosofia, a ciéncia e a técnica, mas também a religiao, a moral, 2 politica € 0 direito, Ha segredo. Fle nao concerne nem aquilo 20 Conteddd iniciético de f Gor exemple, numa comynidade'pitagérica, pla % tOnica ou neoplaténica).:Em todo.:caso, nao. se reduz a eles,:pois-6s/torna:possiveis::O. segredo nao € mistico. ~ Ha Segredo.' Mas’ ele iid se dissimula. Hete- rogéneo em relagad a0 ésondido; a0’ dbscuro,'a0 notirno, ao invisivel, do dissimulavel, até mesmo a¢ nlo-manifesto em geral, ele no é desvendavel, Permanece inviolavel até quanido se actedita té-lo revelado. Nao que se ‘esconda bara Seimipre fiuma cripta indecifravel, ‘ot ‘atras de-um ‘véu: absoluto: Simplesmeiite’excede 6 jogo do velndar/desven- dar: dissimulagao/revelacao; “ noité/dia, esqueci- mento/andmnésid, ‘teita/eéu ete. “Portanto, nad pertence a verdade, riem'& Vetdade como homoio- sis ou adequaco, nei & Verdade' como meméria (tnémosyné, alethela), némi verdade dada, nem 2 verdade proinétida, neta 'X'verdade inatessivel relacad, rem Sua’ nido-fenomenalidade ao, ter mesmo negativa, com a fenoniendl serva nfo € midis da‘ordem ‘dd’ intimidade que gostamos’ de chamizr Secreta, do’ rhuité piéximo ow muito préprio ‘que: aspira ‘ob inspira tantos discursos profundos (0 .Gebeimnts ou, mais fico ainda, o inesgotavel Unbeimliche). - Com certeza, poder-se-ia dizer esse segredo sob outros nomes, quer sejam achados, quer sejam Ele permanece secreto sob todos os noniiés e & sua irredutibilidade ao proprio nome que o faz, secre- to, até quando on fait la verité'a seu respeito, conforme.a exptessag:t4o, original dé Agostinho. O segredo € que ‘aqui elé é‘chamado segredo, 4 colocando-o, por uma. vez, em-relagao.com todos osisegredos que tém o mesmo nome, mas que. nao se reduzem:a ele. O-segredo: seria também a homontmia;-nio tanto um: recurso oculto da ho- monimia,-masia possibilidade funcional da homo- nimia ou-da mimesis. > Ha segredo. Pode-se sempre falai dele, ¢ isso nao basta para rdmpé-lo. Pode-se falar dele ao infinito, contar historias a seu resBeito, dizer todos os discursos'que ele prépara e as hist6rias que deséncadeia ‘ou éncadela, pois muitas vezés 0 segtedo ‘faz’ périsar”em ‘histérias secretase até desperta o gosto por elas. O Ségredo permaneceré secreto, mudg,impassivel-como. arkhéra, como Khéra, estranho. a qualquer histéria, tanto no sentido de Géschichte ou de res gestae quanto no_ sentido, dé saber € de relato hist6rico’ (qpistém2, historia rerum gestarum), a qualquer periodiza- cio, a qualquer epocalizagao. Ble se cala, ndo para deixar uma palavra na reserva ou na retaguarda, mas porque permanece estrinho & palavra, sem que'se Bossa dizer} sintagiia distinto, “o segredo €0 que, na'palavra, € estranho @ palavra”. Ele nao esta na palavraltafto quanto é estfanho a ela. Nao responde & pilavra, ‘io’ diz “eu, ‘0 |segredo®, nao corresponde, fad ¥ésponde: ‘tiem por ele nema ninguém ném perafte'seja’ quem for ou perante eja 0 que for: Nao-feposta absolut, a qual nem. [mesmo sé ‘poderia’pedir'a conta ou um adianta- {mento por conta, ‘dar recibo; desculpas ou “dis- | Counts’, tants rtinianhas, sempre, para envolvé-lo | num processo fildséfico, étito, ‘politicd, juridico | 5. etc; segredo: naonda ‘lugar'« processovalgum: Nem-mesmo € um"efeito:de iségredo", Ele pode dar-lheslugar'na aparéncia (e até o: faz-sempr pode'se prestar a isso mas nunca'seirende’a:isso. ‘A ética da discussio sempre'pode nao 0 respeitar | (ela Ihe deve respeito, embora‘isso.parega: dificil | | ou contradit6rio, pois 0 segredo, € intratével), mas | nunca o submeter4, Alias, _aberta ou desenvolvida sem et ‘mos, quer no, 0 segredo fica distancia, fora, de, alcance. ,No.que.ndi déixar de respeité-lo, quer desejemos, quer. nao, quer saibamos, quer, nao, ‘Ai nao hé mais:tempo:nem lugar. , ‘Uma confidéncia, para terminar. Talvez eu apenas quisesse confiar ov confirmar meu gosto ame a literatura em ger quer que seja, por ¢ rs vezes eel que nae para, uma itha, no, fund 'seriam os livros. de levaria comigo e qi ! eles fazer literatura, a.menos que fosse 0 inverso, ¢ isso seria verdadejro a respeito dos outros livros (arte, filosofia, religiao, ciéncias humanas ou na- eito etc.), Entretanto, se, sem amar a literatura ein geral.e"por ela:mesma, amo'algumia coise:nela qué'ndo sé reduzde modo algum'a uma qualidade estética,:a uimasfonte de fruicao formal; isso’ seria em lugar do'segredo. Em lugar de-um segredo, mas nao ha ,,.m Jugar do segredo: ai, entretanto, onde tudo esta dito e o resto nada mais Jé'me acontecew:com:frequéneia: insistir na necessidade .de: distinguir ‘entre literatura e as belas-letras ou a poesia; moderna, inscreve-se em a asseguram-lhe em principio 9 direito @.dizer tudo. A literatura liga, assim, seu destino auma determinada nio-censura, a0 espago da liberdade democritica (liberdade de imprensa; liberdade de:opiniao.etc.). Nao ha de- mocracid..sem: literatura, no: hé literatura sem _ democracia. Sempre’é possivel ndo’querer saber nem.devuma ‘nem da outray:mas'ninguém deixa de passarsemelas sob:qualquer regime; € possivel nfio.as considerary'nem uma nem a outra, como bens incondicionais e direitos indispensdveis. Mas nao € possivel, .em:caso. algum, dissocié-las uma da outra, Nenhuma‘anilise seria capaz disso. Cada vez que‘uma obra literdria’é censurada, a demo- cracia corre perigo! e todo mundo est de.acordo quanto: a: isso, “A possibilidade da literatura, a autorizagio que uma sociedade lhe dé, 0 fato de levantar suspeitas‘ou terroiva seu respeito, tudo isso vai junto:—

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