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Processos de tratamento
e reuso de esgotos
Instituições integrantes do NURENE Universidade Federal da Bahia (líder) | Universidade Federal do Ceará |
Universidade Federal da Paraíba | Universidade Federal de Pernambuco
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia I Fundação Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde I Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
Parceiros do NURENE
- ARCE – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará
- Cagece – Companhia de Água e Esgoto do Ceará
- Cagepa – Companhia de Água e Esgotos da Paraíba
- CEFET Cariri – Centro Federal de Educação Tecnológica do Cariri/CE
- CENTEC Cariri – Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE
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- Compesa – Companhia Pernambucana de Saneamento
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- SECTMA – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco
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- SEINF – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza
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- SEMAM / João Pessoa – Secretaria Executiva de Meio Ambiente
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- SENAI / PE – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco
- SEPLAN – Secretaria de Planejamento de João Pessoa
- SUDEMA – Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba
- UECE – Universidade Estadual do Ceará
- UFMA – Universidade Federal do Maranhão
- UNICAP – Universidade Católica de Pernambuco
- UPE – Universidade de Pernambuco
Esgotamento sanitário
Processos de tratamento
e reuso de esgotos
CDD – XXX.X
Catalogação da Fonte:
Organização do guia
Professor André Bezerra dos Santos
Créditos
André Macedo Faço | Elisângela Maria Rodrigues Rocha
Fernando José da Silva Araújo | Gilson Barbosa Athayde Júnior
Marcos Erick Rodrigues da Silva | Neyliane Costa de Souza
Paula Loureiro Paulo | Renato Carrhá Leitão
Sandra Tédde Santaella | Soraia Tavares de Souza Gradvohl
Suetônio Mota
Marcos von Sperling | Silvio Roberto Magalhães Orrico
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Projeto Gráfico
Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi
Impressão
Fast Design
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Apresentação da ReCESA
Esgotamento sanitário
Referências ..............................................................................................172
Saneamento e saúde
Muitas doenças são veiculadas a partir de fezes humanas e podem ser transmitidas de uma
pessoa doente para uma sadia por meio da água ou pelo contato com o ambiente
contaminado por dejetos.
O Brasil é um país com profunda desigualdade social, que torna um desafio as ações de
promoção da saúde. Infelizmente, ainda é precário, no Brasil, o atendimento à população,
por serviços de saneamento básico, especialmente o esgotamento sanitário.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios de 2005, 67% da população da região Nordeste contava com
abastecimento de água por rede geral, enquanto este índice alcançava 79% para o Brasil.
Essa disparidade regional é mostrada na Figura 1.
Fonte: IBGE Estatcart (2004), sistematizados
por Botto (2006).
Figura 1. Domicílios sem abastecimento de água por rede geral no Brasil. 2000.
Quanto ao esgotamento sanitário, os dados são mais alarmantes. De acordo com os dados
levantados pelo IBGE, em 2005, somente 27% da população do Nordeste e 48 % da
população do Brasil contavam com esgotamento sanitário por rede geral. A Figura 2
apresenta as condições de esgotamento sanitário para cada estado do Brasil. Esgotamento
sanitário adequado nesse mapa significa a destinação dos efluentes para rede coletora
pública ou para fossa séptica corretamente executada.
Não obstante, o indicador que mais impressiona é a falta de banheiros ou sanitários. Uma
em cada quatro casas na região Nordeste não dispõe de um sanitário ou um banheiro,
condição básica para destinar adequadamente os resíduos fecais (BOTTO, 2006).
Fonte: IBGE Estatcart (2004), sistematizados
por Botto (2006).
A falta de sistemas de coleta, tratamento e destinação final dos esgotos sanitários resulta
em formas inadequadas para sua disposição, tais como: lançamento em corpos de água;
disposição em terrenos; infiltração no solo e conseqüente poluição da água subterrânea.
Com isso, favorece-se o contato, de forma indireta, das pessoas com os dejetos,
ocasionando a proliferação de doenças.
No Brasil, 17,4% das crianças e adolescentes vivem sem abastecimento de água interna no
domicílio. Como conseqüência direta da falta de água tratada, a incidência de doenças
relacionadas com a água se torna elevada, ocasionando um excessivo número de óbitos,
principalmente de crianças de 0 a 5 anos, por diarréia aguda (OPS/OMS, 2002).
Várias são as formas das pessoas terem contato com dejetos, como mostrado na Figura 3.
As principais destinações dos esgotos domésticos, tratados ou não, são os corpos de água.
O lançamento de esgotos na água geralmente contribui para a ocorrência de várias doenças,
seja pela sua ingestão, por contato com a pele e mucosas, ou quando a mesma é usada na
irrigação ou preparação de alimentos.
A disposição não controlada de esgotos no solo pode ser causa de doenças, adquiridas pelo
contato das mãos, dos pés ou de outras partes do corpo com o terreno contaminado.
A falta de higiene pessoal pode levar à transmissão de doenças pelo contato de pessoa a
pessoa (mão x mão) e à contaminação de alimentos por meio da manipulação feita por
pessoas que não lavam as mãos após o uso da privada.
As moscas e baratas encontram nos dejetos locais para reprodução e para alimentação,
podendo causar a contaminação de alimentos e do ambiente, resultando na transmissão de
doenças. A carne de animais que se alimentam de fezes pode, também, causar doenças ao
ser humano, como, por exemplo, a teníase.
Para que as doenças veiculadas a partir de dejetos não ocorram é necessário evitar-se essas
diversas vias de transmissão. Muitas doenças são evitadas com a execução de sistemas
adequados de coleta, tratamento e destinação para os esgotos sanitários, seja por meio de
soluções individuais (fossas), mais indicadas para edificações isoladas, ou seja, áreas de
baixa densidade, ou pela implantação de serviços públicos de esgotamento sanitário,
soluções mais recomendadas para as áreas urbanas.
Além disso, é importante a educação sanitária da população, para que, com a adoção de
hábitos higiênicos, evite a contaminação de outras pessoas, dos alimentos e do ambiente.
Água Irrigação
C ontato
Mãos
Solo
Pés
descalços
Dejetos de
p essoa Mãos
doente Mãos
Moscas Ambiente
Baratas
Alimentos
Carne de
Animais Ingestão
Dejetos e doenças
Várias doenças podem ser transmitidas a partir dos dejetos humanos, por diversos
mecanismos de veiculação, como mostrado na Figura 3.
A giardíase, por exemplo, tem sua transmissão pela ingestão de cistos maduros, por meio
de águas e alimentos poluídos por fezes humanas, os quais podem ser contaminados,
também, por cistos veiculados por moscas e baratas; de pessoa a pessoa, por meio de mãos
sujas, em locais de aglomeração humana e onde há má higiene das mãos ao alimentar-se.
Essa infecção é com facilidade adquirida quando crianças defecam no chão e, brincando com
outras crianças, levam as mãos à boca (NEVES, 2000).
Moraes (2000) indica que a prevalência de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura é maior
em crianças moradoras de bairros sem esgotamento sanitário.
Segundo Marques (2003), citando outros autores, vários estudos mostram risco aumentado
da diarréia e parasitoses em domicílios sem disposição adequada de dejetos, seja por rede
pública ou fossa séptica.
A cólera é uma doença que tem nos dejetos a sua origem, sendo uma infecção intestinal
aguda causada pelo Vibrio cholerae, que é uma bactéria capaz de produzir uma enterotoxina
que causa diarréia. O V. cholerae penetra no organismo humano por ingestão de água ou de
alimentos contaminados (transmissão fecal-oral). Uma pessoa infectada elimina o V.
cholerae nas fezes por, em média, 7 a 14 dias. A água e os alimentos podem ser
contaminados, principalmente, por fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. Nos
anos de 1996 a 2000 ocorreram 12.284 casos confirmados de cólera no Brasil. A forma mais
efetiva de impedir a instalação da cólera em uma localidade é a existência de infra-estrutura
de saneamento básico adequada (PEDRO et al., 2007).
Um estudo apresentado na Rio+10 pelo Pacific Institute of Oakland, indicou que o número
de mortes em decorrência do uso de água de baixa qualidade pode ultrapassar o de mortes
causadas pela pandemia global de Aids nas próximas duas décadas. Mesmo se os atuais
objetivos das Nações Unidas forem alcançados, ainda assim, 76 milhões de pessoas, a
maioria crianças, poderão morrer devido a doenças evitáveis relacionadas com a água, até
2020 (SAÚDE e TECNOLOGIA, 2002).
Fonte: http://www.undp.org
Você sabia...
A falta de acesso à água e saneamento, mata uma criança a cada 19 segundos,
em decorrência de diarréia?
Infecções parasitárias transmitidas pela água ou pelas más condições de
saneamento atrasam a aprendizagem de 150 milhões de crianças. Em razão
dessas doenças, são registradas 443 milhões de faltas escolares por ano?
De acordo com Heller (1997), é possível afirmar, com segurança, que intervenções em
abastecimento de água e em esgotamento sanitário provocam impactos positivos em
diversos indicadores de saúde. É necessário, no entanto, o aprofundamento dessa
compreensão para situações particularizadas, em termos da natureza da intervenção, do
indicador medido, das características sócio-econômicas e culturais da população beneficiada
e do efeito interativo das intervenções em saneamento e destas com outras medidas
relacionadas à saúde.
Educação Sanitária:
Sanitária O impacto das ações de saneamento básico na incidência de doenças
pode variar, dependendo do comportamento da população quanto aos hábitos de higiene.
Segundo Marques (2003), para se avançar na redução da morbi-mortalidade por diarréia e
da prevalência de parasitoses intestinais, poderão ser necessárias mudanças
comportamentais somadas aos investimentos em saneamento básico. Não há dúvidas que
uma população que conta com serviços adequados de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário tem menor risco de adquirir alguns tipos de doenças. No entanto, a
implantação desses serviços deve ser acompanhada da educação da população para a
adoção de práticas higiênicas, tais como: higiene corporal, incluindo a lavagem das mãos
após o uso da privada; evitar o contato do solo com as mãos ou com pés descalços; controle
do manuseio dos alimentos; combate a insetos vetores de doenças. O Quadro 2 relaciona a
redução de casos de doenças diarréicas com intervenções realizadas na comunidade.
INTERVENÇÃO
INTERVENÇÃO REDUÇÃO DE DOENÇAS DIARRÉICAS
ABASTECIMENTO
DE ÁGUA POTÁVEL
POTÁVEL
Fonte: http://www.undp.org
ESGOTAMENTO EDUCAÇÃO
SANITÁRIO SANITÁRIA
Para que não ocorram doenças transmissíveis por microrganismos patogênicos presentes em
esgotos sanitários (nas fezes humanas), em uma comunidade, são indispensáveis as
seguintes ações:
Para refletir
Você consegue compreender as relações entre o nível de atendimento dos serviços de
saneamento e a qualidade de vida das pessoas?
De quais maneiras você imagina que a falta de um sistema adequado de coleta e
tratamento de esgoto sanitário pode afetar a qualidade de vida das pessoas?
Exercícios propostos
Parâmetros Físicos
Cor
A presença de cor na água pode ser resultado de resíduos de origem
mineral ou vegetal, causada por substâncias como ferro ou manganês,
matérias húmicas, taninos, algas, plantas aquáticas e protozoários, ou por
resíduos orgânicos ou inorgânicos de indústrias, tais como produtos de
mineração, polpa, papel, etc. Nas estações de tratamento de água e esgoto
(que possuam efluentes coloridos), a determinação da cor é imprescindível,
por ser um parâmetro operacional de controle da qualidade da água nas
diversas etapas do tratamento, servindo como base para a obtenção dos
valores ideais das dosagens de produtos químicos quando são utilizados
processos de tratamento físico-químicos. A cor pode ser dita verdadeira ou
aparente, em que a cor verdadeira é obtida pela centrifugação ou filtração
da amostra.
.
Turbidez
Frações
a) Sólidos Totais (ST): resíduo que resta na cápsula após a evaporação em banho-maria de
uma porção de amostra e sua posterior secagem em estufa a 103-105°C até peso constante.
Também denominado resíduo total.
b) Sólidos em Suspensão (ou sólidos suspensos) (SS): porção dos sólidos totais que fica
retida em um filtro que propicia a retenção de partículas de diâmetro maior ou igual a 1,2
µm. Também denominado resíduo não filtrável.
c) Sólidos Dissolvidos (SD): porção dos sólidos totais que passa pelo filtro, Também
denominado resíduo filtrável. É obtido pela diferença entre ST e SS.
d) Sólidos Voláteis (SV): porção dos sólidos (sólidos totais, suspensos ou dissolvidos) que se
perde após a ignição ou calcinação da amostra a 550-600°C, durante uma hora para sólidos
totais ou dissolvidos voláteis ou 15 minutos para sólidos em suspensão voláteis, em forno
mufla. Também denominado resíduo volátil.
e) Sólidos Fixos (SF): porção dos sólidos (totais, suspensos ou dissolvidos) que resta após a
ignição ou calcinação a 550-600°C após uma hora (para sólidos totais ou dissolvidos fixos)
ou 15 minutos (para sólidos em suspensão fixos) em forno-mufla. Também denominado
resíduo fixo.
f) Sólidos Sedimentáveis (SSed): porção dos sólidos em suspensão que se sedimenta sob a
ação da gravidade durante um período de uma hora, a partir de um litro de amostra mantida
em repouso em um cone Imhoff.
Temperatura
A temperatura é uma condição ambiental muito importante em diversos
estudos relacionados ao monitoramento da qualidade de águas e no
tratamento de esgotos, já que interfere diretamente nas taxas de
reprodução da biota aquática e nos microrganismos envolvidos no
tratamento de esgotos. O aumento da temperatura provoca o aumento da
velocidade das reações, em particular as de natureza bioquímica de
decomposição de compostos orgânicos. Entretanto, o incremento da
temperatura diminui a solubilidade de gases dissolvidos na água, em
particular o oxigênio, base para a decomposição aeróbia.
Parâmetros Químicos
São relacionados tanto com os agentes químicos do ar e solo durante o ciclo biogeoquímico,
quanto provenientes da poluição antrópica, podendo ser de natureza orgânica ou inorgânica.
Os principais parâmetros químicos de qualidade de água são: matéria orgânica (DBO e DQO),
pH, alcalinidade, cloretos, amônia, nitrato, nitrito, fósforo total, ortofosfato, sulfato e
sulfeto, os quais serão discutidos a seguir, baseados em APHA (1998), Jordão e Pessoa
(2005) e Von Sperling (2005).
Matéria orgânica
Nas águas residuárias, encontra-se presente uma grande variedade de compostos orgânicos,
que podem estar suspensos ou dissolvidos. Estes compostos são constituídos de matéria
orgânica carbonácea (que tem como base o carbono orgânico) e microrganismos (vivos ou
mortos).
Dentre os métodos de laboratório mais empregados para quantificar a matéria orgânica num
corpo d’água, destacam-se os testes da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda
Química de Oxigênio (DQO), ambos baseados na oxidação do material orgânico. Em ambos,
a concentração do material orgânico está relacionada ao consumo de oxidante para a
oxidação. As diferenças essenciais entre os testes estão no oxidante utilizado e nas
condições operacionais de cada teste. É fundamental salientar que os compostos orgânicos
avaliados no teste podem ser divididos em dois grupos:
A DBO possui a capacidade de definir a quantidade de matéria orgânica presente que, por
sua vez, determina o grau de poluição de uma água residuária.
Atenção!!!
Note que: quanto maior é a DBO do esgoto, maior será o dano que o mesmo pode causar no
ambiente.
Atenção!!!
Note que: quanto maior é a DQO do esgoto, maior será o consumo de oxigênio nos corpos
d’água e maior o potencial de dano no meio ambiente.
A DQO sempre será maior do que a DBO. O que vai aumentar ou diminuir a relação DQO/DBO
é a presença do material biodegradável. Quanto menor o valor da relação DQO/DBO, maior a
fração de material biodegradável.
Condutividade
Definida como a medida de sua capacidade de conduzir corrente
elétrica sendo dependente do número e do tipo de espécies
iônicas nela dispersas. Este parâmetro é geralmente expresso
em bmhos/cm ou bS/cm. Águas de abastecimento e águas
residuárias domésticas têm geralmente valores de condutividade
entre 50 e 1500 bS/cm, sendo a condutividade do esgoto 2-4
vezes superior a da água. Medidas de condutividade são
importantes na prática da irrigação, aqüicultura e prevenção de
corrosão, especialmente na área do reuso de águas.
Nitrogênio
Pelo fato de o nitrogênio ser um constituinte natural de proteínas, clorofila e muitos outros
compostos biológicos, ele é um componente sempre presente nos esgotos sanitários.
Nesses, as formas predominantes são o orgânico e o amoniacal (cerca de 99% do nitrogênio
total). Para o nitrogênio amoniacal, a forma NH3 (amônia livre) é predominante em valores de
pH superiores a 11, sendo a forma ionizada NH4+ predominante em pH inferior a 8. Deve-se
salientar que a presença de amônia livre, mesmo em pequenas concentrações, é prejudicial
aos peixes.
Atenção!!!
Cloretos
Geralmente estão presentes em águas brutas e tratadas em
concentração que podem variar de pequenos traços até altas
concentrações, encontrando-se principalmente nas formas de
cloretos de sódio, cálcio e magnésio. Concentrações altas de cloretos
em esgotos podem restringir o descarte de efluentes em corpos
d’água e reuso de águas em irrigação, piscicultura e industrial. Os
métodos convencionais de tratamento de água e esgoto não removem
cloretos.
Características Biológicas
Nos esgotos sanitários, há uma imensa variedade de microrganismos, a citar as bactérias,
archaea, protozoários, fungos e leveduras, algas, helmintos, etc., cada um com um papel
diferente tanto no tratamento de esgotos, quanto nos ciclos biogeoquímicos que se
desenvolvem nos corpos d’água em decorrência da chegada de esgotos. Por exemplo, um
grupo de microrganismos é responsável pela estabilização da matéria orgânica, outro é
responsável pela eliminação de nitrogênio, outro do fósforo e assim sucessivamente.
Para helmintos, como não há indicadores que possam substituí-lo, a presença de seus ovos
é determinada diretamente na análise laboratorial através de contagem. Esse parâmetro é
importante ao se avaliar o uso da água ou esgotos para irrigação, na qual os trabalhadores
podem ter contato direto com água contaminada e os consumidores podem ingerir vegetais
crus ou com casca. Tais ovos podem ser removidos pelo processo físico de sedimentação,
que ocorre, por exemplo, em lagoas de estabilização, e por filtração.
Conseqüências da poluição
Fenômenos físicos:
- diluição: um dos mais importantes já que quanto maior a vazão do curso d’água em
relação à vazão do esgoto, maior será a sua capacidade em autodepurar-se, ou seja, de
recuperar-se. Para regiões semi-áridas, que possuem muitos rios intermitentes, esse
fenômeno é de pouca importância;
- turbulência: a absorção de oxigênio da atmosfera cresce com o aumento da turbulência;
- sedimentação: faz com que a demanda de oxigênio seja menor devido à maior deposição
de matéria orgânica no fundo;
- temperatura: influencia na concentração de saturação do oxigênio dissolvido e nas
atividades biológicas;
- luz solar: possui ação germicida e é fonte de energia no processo de fotossíntese;
Fenômenos químicos:
- reações de oxidação: respiração e nitrificação;
- reações de redução: fotossíntese e desnitrificação;
Fenômenos biológicos:
- predatismo: destruição de organismos patogênicos por outros organismos;
- aglutinação: junção de partículas arrastadas para o fundo;
- produção de antibióticos e toxinas: substâncias produzidas por microrganismos que têm
esse tipo de ação sobre bactérias patogênicas.
Rio
OD
Distância
Distância
Bact.
Aeró-
bias
A queda dos níveis de oxigênio dissolvido, por conseqüência do processo de respiração dos
microrganismos envolvidos na depuração dos esgotos, corresponde à resposta mais nociva
da poluição de um corpo d’água em termos ecológicos, cujo impacto estende-se a toda
comunidade aquática, onde certas espécies são naturalmente selecionadas em função da
redução dos teores de oxigênio. Diante desse fato, o oxigênio dissolvido tem sido
tradicionalmente utilizado para a verificação do grau de poluição e de autodepuração em
corpos d’água, onde ocorre, na verdade, um balanço entre as fontes de consumo e as fontes
de produção de oxigênio. Os principais fenômenos que interagem no balanço de oxigênio
dissolvido em um corpo d’água são mostrados no Quadro 9.
Atenção!!!
Lembre-
Lembre-se, sua participação é muito importante.
Caso você tenha dúvidas ou comentários a fazer
sobre os assuntos abordados, exponha-
exponha-os a todos
os participantes!!!!
participantes!!!!
Exercícios propostos
Operações unitárias
Várias operações unitárias podem estar presentes nos diversos processos de tratamento de
esgotos, as quais objetivam a remoção de compostos ou redução das concentrações a níveis
aceitáveis.
1. Processos físicos
físicos:
cos remoção de substâncias fisicamente separáveis dos líquidos ou que
não se encontram dissolvidas, como a remoção de sólidos grosseiros, sedimentáveis
(inclusive remoção de areia) e remoção de sólidos flutuantes. Ex: gradeamento, mistura,
floculação, sedimentação, flotação e filtração.
2. Processos químicos:
químicos há a utilização de um produto químico, sendo estes processos
raramente utilizados de forma isolada e, por via de regra, são selecionados quando apenas
os processos físicos e biológicos não atendem aos padrões a serem alcançados com o
tratamento. Podem-se mencionar as etapas de: coagulação e floculação, precipitação e
oxidação química, adsorção, desinfecção e neutralização.
3. Processos biológicos:
biológicos há a participação de microrganismos, quer sejam facultativos,
aeróbios ou anaeróbios na remoção de contaminantes ricos em matéria orgânica, nutrientes,
detergentes, etc. Ex: remoção da matéria orgânica, nitrificação, desnitrificação, remoção de
fósforo, redução de sulfato, remoção de metais pesados, etc.
Visando simplificar tal classificação, além de se tentar explicitar de forma clara o objetivo do
tratamento, foi criado o conceito de nível de tratamento, que se divide em: Preliminar,
Primário,
Primário, Secundário, Terciário e Avançado (METCALF e EDDY, 2003). Os dois últimos níveis
de tratamento são realizados apenas em algumas ETEs do Brasil. Entretanto, com limites de
descarte de esgotos cada vez mais restritivos, que forçam operadoras de saneamento e
indústrias a adotarem políticas de reuso de águas, a tendência é de se ter mais estações
realizando tratamento a nível terciário e avançado.
Remoção de
Desinfecção.
Remoção de Remoção de Degradação Remoção nutrientes de
sólidos sólidos, flutuantes de de lodo materiais não
grosseiros, e sedimentáveis. compostos biológico.
biodegradáveis e do
areia.
carbonáceos lodo.
.
Adensamento, digestão,
condicionamento,
desidratação, secagem,
etc.
Disposição
adequada.
Introdução
Os processos biológicos de tratamento de esgotos são aceitos como os de menor custo
quando comparados com os demais tipos de tratamento. Para esgotos sanitários eles
sempre estarão presentes, motivo pelo qual serão detalhados no presente item. Devido à
vasta quantidade de informação para o detalhamento dos processos biológicos existentes,
serão descritos apenas aqueles mais utilizados no Brasil.
Quadro
Quadro 12. Principais processos biológicos de tratamento de esgotos aeróbios, anóxicos, anaeróbios e
facultativos.
Tipo Nome comum Uso
Processos aeróbios
Crescimento suspenso Lodos ativados Remoção DBO, nitrificação
Lagoas aeradas Remoção DBO, nitrificação
Digestão aeróbia Estabilização, remoção DBO
Lagoas aeróbias Remoção DBO
Lagoas de maturação Remoção de nutrientes e patógenos
Crescimento aderido Filtros biológicos Remoção DBO, nitrificação
Reatores de contato (biodiscos) Remoção DBO, nitrificação
Reatores com leito fixo Remoção DBO, nitrificação
Híbridos (combinados) Filtro biológico/lodos ativados Remoção DBO, nitrificação
Processos anóxicos
Tratamento Anaeróbio
Nesse processo, parte da matéria orgânica presente no esgoto vai ser convertida em metano
(CH4) e gás carbônico (CO2) na ausência de oxigênio, sendo que o primeiro tem um enorme
potencial energético, podendo ser convertido em energia elétrica, usado para alimentar
motores de combustão interna etc. (CHERNICHARO, 2007).
São sistemas que removem cerca de 50-70% da DBO presente no esgoto em um curto tempo
de detenção hidráulica, motivo pelo qual demandam pouca área. Em relação ao lodo gerado,
tais processos produzem cerca de 5-10 vezes menos lodo do que os processos aeróbios,
além dos mesmos não requisitarem da etapa de estabilização antes de serem encaminhados
a um destino final (LETTINGA et al., 1998). O material não convertido em biogás, ou em
biomassa, deixa o reator como material não degradado.
Lagoas de Estabilização
Lodos Ativados
Conforme Von Sperling (1997), um sistema de lodos ativados pode ser classificado de
diversas formas, como:
Quanto ao fluxo: Contínuo, quando é função do espaço nas diversas unidades da ETE ou
intermitente, quando é função de tempos operacionais pré-estabelecidos.
A classificação dos sistemas de lodos ativados, bem como suas aplicações, serão detalhadas
no capítulo 10.
10
Filtro de alta carga: são sistemas em que a carga de matéria orgânica aplicada é bem
superior ao sistema de baixa carga, o que faz com que o lodo gerado e descartado necessite
de posterior estabilização. Os demais itens são similares ao sistema de baixa carga.
Biofiltro aerado submerso (BAS): são reatores preenchidos com material poroso, com fluxo
de ar ascendente, fluxo do esgoto ascendente ou descendente, porém sempre deixando o
meio suporte submerso (afogado). Em alguns BAS, vem se utilizando um decantador lamelar
para retenção da biomassa no sistema. A remoção do lodo se dá através de descarga de
fundo.
Biodisco: O meio suporte gira através de um eixo, que submete o mesmo a fases alternadas
de imersão no esgoto e subseqüente exposição ao ar. Esses discos rotatórios são projetados
para operarem em baixas rotações, para permitirem que o biofilme formado remova
satisfatoriamente a matéria orgânica, além de diminuírem os custos de implantação e
operação do sistema.
Disposição no solo
Infiltração lenta: como o próprio nome sugere, os esgotos são aplicados em baixas taxas.
Devido a isso, a maior parte da água e nutrientes nele contidos são absorvidos pelas plantas,
sendo o restante evaporado ou percolado. Os métodos mais comuns de aplicação são
através de aspersão, alagamento e da crista e vala.
Infiltração rápida:
rápida: neste método, as taxas de aplicação dos esgotos são mais elevadas, feitas
de forma intermitente para proporcionar um período de descanso para o solo. A perda por
evaporação é menor e a água que atinge o lençol freático é maior. Os tipos mais comuns são
através de percolação para a água subterrânea, recuperação por drenagem subsuperficial e
recuperação por poços freáticos.
Escoamento superficial: a distribuição dos esgotos é feita na parte mais elevada do terreno,
a partir de onde o mesmo escoa até ser coletado em valas construídas na parte inferior.
Como no método de infiltração rápida, a aplicação é intermitente. Os métodos mais comuns
de aplicação são através de aspersores de alta e baixa pressão, ou por tubulações ou canais
de distribuição com aberturas intervaladas.
46
Para refletir
Qual desses processos de tratamento apresentados você acredita ser mais facilmente
aplicável a sua região? Por quê?
Quais aqueles que você julga ser de mais fácil operação e manutenção?
Você consegue perceber as diferenças existentes nos custos de instalação e
manutenção de cada uma dessas alternativas de tratamento apresentadas?
Exercícios propostos
3. Considerando que se deseja tratar esgoto doméstico com vista ao reuso agrícola,
quais seriam os poluentes que devem ser removidos e quais devem ser conservados?
47
Destino e tratamento dos esgotos domésticos
através de soluções individuais
Introdução
Todos os tipos de privada incluídas neste tipo de solução são variantes da privada
com fossa seca que tem encontrado vasta aplicação em países em desenvolvimento,
inclusive no Brasil, em programas de saneamento básico. Em geral, esses sistemas
são mais adequados para regiões desprovidas de sistemas de esgotamento sanitário
e águas pluviais, condição não exclusiva das comunidades de baixa renda (JORDÃO e
PESSÔA, 2005).
Fossa Seca
Uma característica fundamental da fossa seca (e daí vem o seu nome) é que ela não
deve receber água de descargas, de banhos, de lavagem, de enxurrada ou mesmo
48
água do solo quando o nível da água subterrânea for muito alto. Os principais
problemas durante o seu uso são a geração de odor e a proliferação de insetos,
particularmente a mosca. Em ambos os casos, a não admissão de água na fossa
contribui para a diminuição, mas não para a extinção do problema.
49
uso de cal ou cinza. É conveniente que o recinto seja mantido em penumbra para
evitar a presença de moscas. Assim, a porta da casinha deverá permanecer fechada e
a ventilação deve ser feita através de pequenas aberturas no topo das paredes. Se,
eventualmente, surgir água na fossa, propiciando a proliferação de mosquitos
aconselha-se utilizar derivados de petróleo, sendo mais comum o uso de querosene
e de óleo queimado (FUNASA, 2006).
Baixo custo;
Simples operação e manutenção;
Não consome água;
Risco mínimo à saúde;
Recomendada para áreas de baixa e média densidade;
Aplicada a tipos variados de terrenos;
Permite o uso de diversos materiais de construção.
50
perigo de poluição de poços dos quais é retirada a água para abastecimento humano
(FUNASA, 2006).
51
Quanto ao funcionamento, basicamente, utiliza-se apenas uma das câmaras até
esgotar sua capacidade, em geral para uma família de seis pessoas, a câmara ficará
cheia em um ano, isola-se esta câmara vedando a respectiva tampa, passando a
utilizar a segunda câmara. Nesse período o material acumulado na primeira sofrerá
fermentação natural. Quando a segunda câmara atingir sua capacidade máxima, o
material contido na primeira já estará mineralizado, podendo ser removido e
utilizado como fertilizante na agricultura, e a mesma poderá ser utilizada
novamente. Assim, sempre que uma câmara estiver sendo utilizada a outra estará
em repouso. Ressalta-se que na operação de limpeza das câmaras, é conveniente
deixar uma pequena porção do material já fermentado, a fim de auxiliar o reinício do
processo de fermentação (FUNASA, 2006).
Lembre-
Lembre-se, sua participação é muito
importante. Caso você tenha dúvidas ou
comentários
comentários a fazer sobre os assuntos
abordados, exponha-
exponha-os a todos os
participantes!!!
A fossa séptica
O tanque séptico, mais conhecido como fossa séptica (Figura 10), vem sendo
utilizado há pouco mais de 100 anos. Foi a primeira unidade inventada para o
tratamento de esgotos e até hoje é a mais extensivamente empregada. Pode ser
definida como uma câmara convenientemente construída para reter os esgotos
sanitários por um período de tempo criteriosamente estabelecido, de modo a
permitir a sedimentação dos sólidos e a retenção do material graxo presente no
esgoto, transformando-os bioquimicamente em substâncias e compostos mais
simples e estáveis (CAMPOS, 1999).
52
Fonte: Chernicharo (2007).
h: profundidade útil do tanque
H: profundidade interna total do
tanque
Figura 10. Tanque séptico de câmara única preconizado pela NBR 7.229 (ABNT, 1993).
53
Digestão: tanto o lodo quanto a escuma sofrem a ação principalmente dos
microrganismos anaeróbios (já que a concentração de oxigênio dissolvido é muito
baixa) de forma a remover parte dos poluentes presentes no esgoto bruto;
Redução do volume: na digestão anaeróbia, acontece a hidrólise dos sólidos
voláteis que se sedimentam, gerando como produtos gases e líquidos. Como
conseqüência, há acentuada redução de volume dos sólidos retidos e digeridos, que
adquirem características estáveis capazes de permitir que o efluente líquido do
tanque séptico possa ser lançado em melhores condições de segurança do que as do
esgoto bruto. Entretanto, os efluentes de tanques sépticos ainda não apresentam
condições propícias para descarte sem comprometer a qualidade da água
subterrânea (FUNASA, 2006).
Esgoto Efluente
Bruto
Desprendimento de
Gases
54
Afluente
Efluente
Escuma
Afluente
Escuma Efluente
Lodo
55
Os de câmaras em série geralmente constituem um único tanque coberto, dividido
por uma parede interna vazada (fenda horizontal), formando duas câmaras em série
no fluxo horizontal. A primeira câmara é o principal reator biológico, já que recebe a
maior quantidade de lodo, ou seja, os sólidos de mais fácil decantação. Além da
remoção dos sólidos em suspensão, há também uma significativa remoção da
matéria orgânica dissolvida nos esgotos. Nessa fase, há uma considerável geração de
gases devido à decomposição anaeróbia do lodo. A segunda câmara formará pouco
lodo, mas servirá como polimento do esgoto por permitir uma sedimentação mais
tranqüila dos sólidos suspensos remanescentes, devido à menor interferência das
bolhas dos gases gerados. Este tipo de fossa séptica proporciona uma eficiência
global maior do que uma única câmara de igual volume.
Aplicabilidade e Vantagens
As fossas sépticas são indicadas para zonas urbanas ou rurais de baixa densidade
populacional e que apresentam um solo com boa capacidade de absorção.
Embora comumente aplicados para pequenas vazões, os tanques sépticos podem ser
indicados para tratar vazões médias e elevadas, principalmente quando construídos
em módulos. Os tanques sépticos são utilizados há mais de cem anos e representam
atualmente uma das principais unidades de tratamento de esgotos, dada a sua
aplicabilidade generalizada.
É uma tecnologia simples, compacta e de baixo custo. Contudo, não apresenta alta
eficiência, principalmente na remoção de patogênicos, mas produz um efluente
razoável, que deve ser encaminhado a um pós-tratamento ou ao destino final
(CAMPOS, 1999).
56
Portanto, as grandes vantagens das fossas sépticas em comparação a todas as
outras opções de tratamento de esgotos, estão na construção e operação
extremamente simples, além dos baixos custos.
Dimensionamento
No dimensionamento das fossas sépticas deve-se atentar para os seguintes
parâmetros:
• População de projeto,
projeto que representa o número de pessoas que terão seu esgoto
tratado pelo sistema;
• Contribuição per capita de esgotos,
esgotos que representa o volume de esgoto gerado
por cada pessoa em um dia;
• Tempo de detenção a ser utilizado no tratamento, que representa o tempo que
cada partícula do efluente permanecerá no sistema, sob influência das condições de
tratamento;
• Contribuição per capita de lodo fresco,
fresco que representa o volume de lodo fresco
gerado por cada pessoa em um dia;
• Taxa de acumulação de lodo fresco,
fresco parâmetro que representa a diminuição do
volume do lodo em decorrência da /digestão e da compactação. Depende do
intervalo entre limpezas (geralmente 1 ano) e da temperatura média do mês mais
frio.
Para o dimensionamento das fossas sépticas, recomenda-se seguir a NBR 7229, que
relaciona os parâmetros de dimensionamento com o volume adequado para o
tanque através da expressão:
V 1000
V= = 1000
++NN
(C(C
. T. +
T K+ .KLf)
. Lf)
Onde:
V = volume útil em litros; N = número de contribuintes, ou população equivalente; C
= contribuição de esgotos em litros por pessoa e por dia; T = período de detenção
em dias; K = taxa de acumulação de lodo (em dias), de acordo com o intervalo de
limpeza da fossa e a temperatura do mês mais frio; esta taxa considera que o
volume de lodo diminui pela ação da compactação e da digestão, correspondendo ao
volume do lodo em digestão e do lodo já digerido; Lf = contribuição de lodo fresco
em litros por pessoa e por dia.
57
Disposição do efluente líquido das fossas sépticas
Segundo a NBR – 7229 (ABNT, 1993), o volume do sumidouro deve ser estimado com
base na taxa de absorção do solo, devendo-se considerar como área de infiltração,
além da área do fundo, também a área das paredes laterais.
Os sumidouros podem ser construídos em alvenaria de tijolos, blocos, ou pedra ou
ainda por anéis pré-moldados de concreto, desde que sejam feitos furos na parede
lateral e deixado o fundo livre para permitir a infiltração. A lateral externa e o fundo
do sumidouro devem ser preenchidos com pedra britada no 4 (FUNASA, 2006).
Fonte: Nuvolari et al. (2003).
58
• Vala de infiltração: consiste em um conjunto de canalizações, assentado a uma
profundidade racionalmente fixada, em um solo cujas características permitam a
absorção do esgoto efluente da fossa conectada ao sistema. A percolação do líquido
no solo permitirá a remoção de poluentes dos esgotos antes de atingirem às águas
subterrâneas e superficiais (FUNASA, 2006).
Estes sistemas podem ser empregados quando a taxa de absorção do solo estiver na
faixa de 20 L/m2sdia a 40 L/m2sdia, como as argilas de cor amarela, vermelha ou
marrom, medianamente compactas, variando para argilas pouco siltosas e/ou
arenosas. Além disso, as valas de infiltração devem estar afastadas pelo menos 7 m
de árvores de grandes raízes, no mínimo 20 m dos poços de água de abastecimento
e no mínimo 3 m acima do lençol freático (BATALHA, 1986 apud NUVOLARI et al.,
2003).
Figura 16. Corte esquemático da disposição final do efluente através de valas de infiltração.
Abaixo, na figura 17 são mostrados uma vista em planta e em corte do sistema:
Fonte: Adaptado de Funasa (2006)
59
• Vala de filtração: constituída de duas canalizações de esgotos superpostas, com
uma camada de areia entre as mesmas. O sistema é empregado quando o solo é
pouco permeável (taxa de absorção do solo for inferior a 20 L/m2sdia) ou saturado
de água, o qual não permite adotar outro sistema mais econômico (valas de
infiltração ou sumidouros) (FUNASA, 2006); quando se requer uma elevada remoção
de poluentes; etc.
È bom lembrar que, ao contrário dos sumidouros e das valas de infiltração, a vala e
filtração é uma opção de tratamento indicado quando o destino final do efluente for
um corpo receptor. É considerado um sistema semelhante a um filtro biológico
(NUVOLARI et al., 2003).
Figura 18. Corte esquemático da disposição final do efluente através de valas de filtração.
Abaixo, na figura 19 são mostrados uma vista em planta e em corte do sistema. Fonte: Adaptado de Funasa (2006)
60
• Filtros anaeróbios de fluxo ascendente: assim como as valas de filtração, o filtro
anaeróbio de fluxo ascendente é também uma alternativa ao tratamento do efluente
das fossas sépticas, quando o destino final é um corpo d’água receptor, contudo
apresenta eficiência inferior ao primeiro. O filtro anaeróbio é um tanque em forma
cilíndrica ou retangular dotado de um fundo falso perfurado, preenchido por um
material de enchimento, que pode ser a brita no 4, bambus cortados em pequenos
pedaços, materiais plásticos, entre outros (NUVOLARI et al., 2003). A função do
material do enchimento é permitir a fixação de um filme biológico (biofilme), sendo
constituído por microrganismos predominantemente anaeróbios, responsáveis pela
degradação do material orgânico.
Figura 20. Corte esquemático da disposição final do efluente através de filtro anaeróbio de
fluxo ascendente.
Dinâmica de grupo
Divida a turma em 2 grupos:
61
Cada grupo terá 5 minutos para discutir entre seus membros e escolher a melhor
alternativa de tratamento de seus efluentes, dentre as opções disponíveis por via seca e
por via hídrica.
Em seguida, haverá 10 minutos para cada grupo explicar o motivo de sua escolha,
discutindo com o professor e com o outro grupo.
Exercícios propostos
62
Concepção e arranjos de estações de tratamento de
esgotos
Introdução
Sistemas centralizados:
centralizados: A principal vantagem está relacionada com a facilidade de
controle do processo de tratamento dos esgotos, diminuindo custos de automação e
pessoal. Porém, o transporte dos efluentes desde o ponto gerador até a ETE envolve
elevados custos de investimentos (construção de estações elevatórias e linhas de
recalque), manutenção e operação (pessoal para operar as elevatórias, peças de
reposição e energia). A prática de reuso da água e nutrientes se torna muitas vezes
inviável. Além disto, os impactos ambientais negativos no local de uma grande ETE
são significativos (FERNANDES, 1997).
63
Sistemas descentralizados: como abordado anteriormente, a principal vantagem está
relacionada com a diminuição dos custos de transporte dos efluentes decorrente da
diminuição da distância entre o ponto gerador e à ETE. Por outro lado, diversas ETEs
menores implicam, normalmente, em contratação de pessoal especializado para
controle das mesmas. Além disto, os efluentes tratados devem ser dispostos em
corpos receptores que nem sempre estão próximos do local de tratamento ou não
tem capacidade de autodepuração.
64
(a) (b)
(c) (e)
(d)
Figura 22. Componentes do sistema Ecosan, constando da separação das fezes e urina (a) e
separação das águas cinzas (b), vaso de descarga com separação da urina (c), coleta da urina
(d), vista de um banheiro ecológico e do tubo de ventilação (e).
65
Concepção de estações de tratamento de esgotos
Introdução
Estudo de Concepção
O sistema de tratamento de esgotos sanitários deve ser concebido levando-se em
conta os aspectos:
66
De uma maneira geral os sistemas de tratamento de esgoto sanitário são concebidos
tendo como unidade central um reator biológico. Entretanto, em alguns casos, pode-
se encontrar o reator biológico associado a alguma unidade de tratamento físico-
químico. O uso de uma etapa biológica torna a ETE mais econômica, pois degrada
parte da matéria orgânica em CO2 e água (sistema aeróbio) ou CH4 e CO2 (sistema
anaeróbio), que são liberados para a atmosfera, reduzindo o volume de sólidos a ser
tratado e disposto.
− Diagnóstico
Diagnóstico do sistema existente. Nesta etapa, deve-se descrever o sistema de
saneamento existente no local, abrangendo tanto a infra-estrutura de abastecimento
de água como a de esgotamento sanitário. Abastecimento de água: fonte hídrica
(incluindo possíveis problemas de qualidade e quantidade de água), características
da estação de tratamento de água, população atendida, características da rede de
distribuição. Esgotamento sanitário: características da rede coletora, população
atendida, características da(s) estação(ões) de tratamento de esgotos e corpos
receptores, levantar dados sobre o desempenho dos sistemas e citar os principais
problemas.
67
− Definição da eficiência necessária para o tratamento. A eficiência do tratamento
deve ser compatível com a classe e a capacidade do corpo receptor, visando atender
as normas ambientais vigentes.
− Definição do(s) local(is) da(s) ETE(s). Busca e avaliação do espaço disponível para
implantação da ETE, incluindo sondagens e estudos geofísicos da área.
− Definição das operações unitárias da(s) ETE(s). Cada alternativa de ETE deverá ser
mais bem detalhada para que se possa avaliar as possíveis etapas de tratamento de
forma a cumprir a legislação ambiental. Cada etapa de tratamento tem diversas
possibilidades de operações unitárias: tratamento preliminar (sistema de
gradeamento, desarenadores, desengorduradores, tanque de equalização, etc.);
tratamento primário (decantador primário); tratamento secundário (normalmente
consiste de um ou mais reatores biológicos, seguidos ou não de um decantador
secundário); tratamento terciário (remoção de nutrientes, organismos patogênicos,
outros componentes mais específicos através de reatores biológicos e/ou físico-
químicos); tratamento do lodo (Adensamento, estabilização, disposição final).
− Pré-
Pré-dimensionamento da ETE.
ETE. O pré-dimensionamento se faz necessário para
avaliar as vazões, potências de motores, custos de investimentos, operação e
manutenção da(s) ETE(s).
− Elaboração de lay out da ETE. O lay out da(s) importa para a análise dos impactos
ambientais, bem como a avaliação dos custos.
68
− Análise das condições técnicas das alternativas. Apesar da análise econômica ser
importante, muitas vezes aspectos técnicos são prioritários.
Lembre-
Lembre-se, sua participação é muito
importante. Caso você tenha dúvidas ou
comentários a fazer sobre os assuntos
abordados,
abordados, exponha-
exponha-os a todos os
participantes!!!
69
Novos materiais
(resistentes à
corrosão)
Remoção de nutrientes
Impacto visual (Idades de lodo
elevadas)
Controle de odores
Práticas modernas
(Desodorização ou
de
processos
gestão
cobertos)
Novas ETEs
Figura 23.
23. Novas concepções de projetos de Estações de Tratamento de Esgotos.
70
equipamentos têm diminuído, permitindo assim uma maior utilização dos mesmos e
diminuição dos custos com a mão de obra da estação.
71
Observações...
Este espaço é reservado para colocar as suas observações em relação ao conteúdo
abordado até aqui...
Exercícios propostos
72
Tratamento preliminar de esgotos
Introdução
Gradeamento
73
montante das Estações Elevatórias de porte mais 12,7 x 38,1
avantajado 12,7 x 50,0
Média Latinhas de cerveja, refrigerante, plásticos, madeiras, 20-40 7,9 x 50,0
papel, panos, etc. Objetivam a retenção dos sólidos 9,5 x 38,1
de porte maior que ingressam no sistema de coleta 9,5 x 50,0
através dos lançamentos domiciliares de esgoto, ou
mesmo através dos poços de visita. Aplicam-se estas
grades a todo tipo de ETEs ou EEs.
Fina Fibras de tecidos, cabelo, etc. 10-20 6,4 x 38,1
7,9 x 38,1
9,5 x 38,1
Figura 24. Exemplos das formas de instalação das grades: ângulo reto (a), inclinado (b) e
curvas (c).
74
Dispositivos de Limpeza das Grades
O material retido na grade deve ser removido o mais rápido possível, de forma a
evitar que os esgotos fiquem represados no canal de montante, elevando o nível e a
velocidade do líquido entre as barras e causando o arraste de material retido nas
grades para dentro do sistema de tratamento ou de recalque. As grades podem ser
de limpeza manual ou mecanizada (Figura 25), sendo a limpeza manual
normalmente feita com o uso de rastelo em ETEs de pequeno porte. Para ETEs de
médio e grande porte necessita-se de limpeza mecanizada, a qual pode ser feita
com o uso de cabos ou correntes, e grades cremalheiras (JORDÃO e PESSÔA, 2005).
Segundo Crespo (2003), o acionamento poderá ser feito seguindo algumas das
estratégias descritas a seguir:
75
(a) (b)
Lembre-
Lembre-se, sua participação é muito
importante. Caso você tenha dúvidas ou
comentários a fazer sobre os assuntos
abordados, exponha-
exponha-os a todos os
participantes!!!
76
Desarenação (Caixas de retenção de areia)
Figura 26. Exemplo de unidades de desarenação. A seta indica os stop-logs instalados para
controle do fluxo.
77
Tipos
Tipos e Escolha de Desarenadores
Parâmetros de Projeto
Os principais parâmetros de projeto, disponíveis em Crespo (2003), são
apresentados a seguir:
78
remanescente, ainda em operação, trabalhará com uma taxa nunca superior a 1.200
m3/m2.dia, portanto, abaixo do limite fixado na NBR.
Velocidade de escoamento:
escoamento as caixas de areia são projetadas para uma velocidade
média dos esgotos de 0,30 m/s. Velocidades baixas, notadamente as inferiores a
0,15 m/s, provocam depósito de matéria orgânica na caixa, indicado pelo aumento
da relação entre Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) e Sólidos Suspensos Totais (SST) do
material retido e que provoca exalação de maus odores devido à decomposição da
matéria orgânica sedimentada. Velocidades superiores a 0,40m/s provocam arraste
de areia e redução da quantidade retida.
Profundidade:
Profundidade as menores profundidades encontradas nos desarenadores de limpeza
manual têm ficado em torno de 0,60m, somadas de uma profundidade adicional
para acumulação de areia (freqüência de limpeza de 1 a 2 dias). Nas caixas de areia
mecanizadas, as profundidades são maiores, chegando mesmo a 2,50m.
Tempo de detenção:
detenção para média de final de plano, normalmente varia de 1 a 3
minutos.
Remoção de gorduras
79
Figura 27. Corte esquemático de uma caixa de gordura (esquerda) e vista do material retido
(direita).
Fonte:http://www.desentupidoraesgototal.
Figura 28. Limpeza de uma caixa de gordura domiciliar com.br/ limpezadecaixadegordura.html
80
• Volume suficiente para acumulação do material flutuante entre os períodos de
limpeza.
• Garantia de vedação, minimizando o contato com vetores.
Medição de vazão
A medição da vazão pode ser feita por meio de uma Calha Parshall (mais utilizada),
podendo-se também medir a vazão com rotâmetros ou vertedores (METCALF e
EDDY, 2003). Alguns exemplos de medidores de vazão são mostrados na Figura 29.
81
Os vertedores, por sua vez, têm funcionamento similar ao da calha Parshall. Esses
dispositivos consistem, basicamente, de um orifício de grandes dimensões e forma
geométrica definida, no qual foi suprimida a aresta do topo. A passagem da água
por esta abertura produz uma lâmina, que por meio da sua altura, relaciona-se a
uma vazão (VERTEDORES, 2008).
82
pelo líquido que está sendo monitorando. A vazão é calculada com base na altura do
nível do líquido em um ponto específico do canal; esta altura medida pelo
instrumento será utilizada para o cálculo da vazão instantânea, como também a
totalização desta (METCALF e EDDY, 2003).
Problemas operacionais
Gradeamento
Caixas de areia
83
3. Implantar outra unidade
de caixa de areia.
Fonte: Jordão e Pessoa (2005).
Exercícios propostos
84
Tratamento primário de esgotos
Introdução
Decantadores primários
Tipos de Decantadores
85
hidrostática. No trecho final do decantador estão posicionados um defletor, o qual
visa evitar que a escuma formada saia com o efluente, vertedores e canaletas de
coleta do sobrenadante (VON SPERLING, 2005).
86
diâmetro total do decantador. Este fluxo central permite uma distribuição uniforme
do esgoto e a dissipação da energia do fluxo de entrada é obtida pelos defletores
que circundam todo o decantador. Esses decantadores possuem a forma de um cone
invertido, onde o lodo é raspado lentamente por equipamentos mecanizados para
ser acumulado na parte inferior e central (VON SPERLING, 2005).
87
Figura 34. Imagem de um decantador circular
Atenção...
88
retangular); variação da vazão; balanço de massa; dispositivos de entrada e saída;
taxa de escoamento superficial, tempo de detenção; dimensões (profundidade,
altura, diâmetro, largura), etc. De acordo com a norma, dois parâmetros são
essenciais para o bom dimensionamento:
Decantador circular
• A faixa mais usual de diâmetros varia de 10m a 40m.
89
• A profundidade útil do tanque (parede lateral) deve situar-se entre 3,0 e 4,5m.
• A remoção do lodo pode ser por raspadores rotatórios, que dirigem o lodo para um poço
no centro do tanque, ou por mecanismos de sucção apoiados em pontes rotatórias.
• O fundo do tanque deve possuir uma declividade em torno de 1:12, no caso de remoção
do lodo por raspadores, ou ser aproximadamente plano, no caso de remoção por sucção.
• Pré-oxidação do efluente
Sedimentação • Baixa velocidade do fluxo devido • Aplicar jato d água para evitar o
excessiva no ao acúmulo de sólidos acúmulo dos sólidos;
canal de entrada
90
Em sua experiência profissional você já se
deparou com algum dos problemas operacionais
apresentados no quadro anterior? Qual foi a
Debate solução adotada?
Exercícios propostos
91
Tratamento anaeróbio de esgotos
Introdução
O tratamento anaeróbio de esgoto vem sendo utilizado há mais de 100 anos, sendo
o tanque séptico, tanque Imhoff, digestores de alta carga com 1 ou 2 estágios, filtro
anaeróbio e lagoa, os mais utilizados até o desenvolvimento dos sistemas chamados
de “alta taxa”. Todos os supracitados reatores eram desprovidos de mecanismo de
retenção de biomassa, o que significa que eram necessários grandes volumes para
se obter boa eficiência. De acordo com Chernicharo (2007), os sistemas de alta taxa
se caracterizam, basicamente, pela capacidade em reter grandes quantidades de
biomassa, de elevada atividade, mesmo com a aplicação de baixos tempos de
detenção hidráulica (TDH), possiblitando assim a retenção de sólidos por um tempo
elevado, mesmo com a aplicação de elevadas cargas hidráulicas no sistema.
92
matéria de orgânica, é uma opção bastante atraente para ser usada como núcleo em
uma estação de tratamento de esgotos (ETE) (LETTINGA et al, 2001).
Quadro 18. Principais vantagens e desvantagens dos sistemas anaeróbios quando comparados
aos sistemas aeróbios de tratamento de esgotos.
Vantagens Desvantagens
- Baixa produção de sólidos, cerca de 5 a - Os microrganismos anaeróbios, pelo seu baixo
10 vezes inferior à que ocorre nos crescimento, são mais susceptíveis a problemas
processos aeróbios, além de que o lodo de toxicidade
já se encontra estabilizado
- Baixo consumo de energia e impacto - A partida do processo pode ser lenta, na
positivo nos custos operacionais da ausência de lodo de semeadura adaptado
estação
- Baixa demanda de área - Alguma forma de pós-tratamento é
usualmente requerida
- Baixos custos de implantação, da - A bioquímica e a microbiologia da digestão
ordem de US$ 20 a 30 per capita anaeróbia são complexas e ainda precisam ser
mais estudadas
- Produção de metano, um gás - Possibilidade de geração de maus odores
combustível de elevado poder calorífico quando mal projetados e operados
- Tolerância a elevadas cargas orgânicas - Possibilidade de geração de efluente com
aspecto desagradável
- Aplicabilidade em pequena e grande - Remoção de nitrogênio, fósforo e patógenos
escala insatisfatória
- Baixo consumo de nutrientes
Fonte: Chernicharo (2007); Lettinga et al. (1998).
Digestores de lodo
Sistemas de
Tanques sépticos
baixa taxa
Lagoas anaeróbias
Reatores de leito fixo
Com crescimento aderido Reatores de leito rotatório
Reatores de leito expandido/fluidificado
Sistemas de alta Reatores de dois estágios
taxa Reatores de chicanas
Com crescimento
Reatores de manta de lodo
disperso
Reatores de leito granular expandido
Reatores com circulação interna
Tipos de esgotos tratados por processos anaeróbios
anaeróbios
Destilaria de álcool Chorume
Cervejarias Indústria farmacêutica
93
Indústrias químicas Indústria de papel
Indústrias de laticínios Frigoríficos
Esgoto doméstico Bebidas
Processamento de pescados e comidas Processamento de açúcar
marinhas
Fonte: Adaptado de Chernicharo (2007).
Ainda segundo Chernicaro (2007), nos sistemas anaeróbios, verifica-se que a maior
parte do material orgânico biodegradável presente no despejo é convertida em
biogás (cerca de 70 a 90%), que é removido da fase líquida e deixa o reator na forma
gasosa. Apenas uma pequena parcela do material orgânico é convertida em
biomassa microbiana (cerca de 5 a 15%), vindo a se constituir no lodo excedente do
sistema, o qual se encontra estabilizado. Além da pequena quantidade produzida, o
lodo excedente apresenta-se, por via de regra, mais concentrado e com melhores
características de desidratação. O material não convertido em biogás, ou em
biomassa, deixa o reator como material não degradado (10 a 30%).
94
O reator UASB é composto de várias partes, conforme listado adiante (Chernicharo,
2007; van Haandel e Lettinga, 1994):
Compartimento de
Decantação
Separador Trifásico
Partícula de lodo ou
Bolha de Gás
Manta de
Lodo Partículas de
Lodo
Leito de Compartimento de
Lodo Digestão
95
Figura 37. Vista de dois reatores UASB em formato circular.
Para refletir...
Como você associa o aumento da
eficiência dos sistemas de tratamento
biológico com o aumento da
temperatura?
Uma dica: tente imaginar isso em
termos das reações químicas e
atividades dos microorganismos...
96
produção de gás pode ser considerada um benefício, pela possibilidade de
purificação e emprego do metano como fonte de energia, mas isto não se viabiliza
facilmente. Ao contrário, o gás resultante do processo anaeróbio constitui uma das
principais limitações operacionais, devido à produção de gás sulfídrico (H2S) que,
mesmo em pequenas concentrações, pode produzir grandes incômodos pela
proliferação de mau odor. Além disso, o gás sulfídrico provoca corrosão das
instalações (CHERNICHARO, 2007). Já em relação ao metano, mesmo com a queima,
prática mais utilizada no Brasil, ainda existe a liberação de CO2 (subproduto da
queima do gás CH4) para o ambiente, que contribui para o aquecimento global.
A eficiência na remoção da DBO dos esgotos é mais baixa do que a dos processos
aeróbios, demandando tratamento complementar. Além disso, a nitrificação é
praticamente nula e a remoção de patogênicos é insuficiente (da ordem de 80%). As
associações com processos aeróbios como pós-tratamento são vantajosas,
podendo-se empregar lagoas de estabilização, lodos ativados, filtros biológicos etc.
(VON SPERLING, 2005). No contexto do Nordeste do Brasil, quando o requisito área
não é o limitante, muitas ETEs vêm sendo construídas empregando reator UASB
seguido de lagoas de polimento. Para situações de baixa disponibilidade de área,
vêm se empregando com sucesso reatores UASB seguido de biofiltro aerado
submerso.
97
Orgânicos Complexos
(Carboidratos, Proteínas, Lipídios)
Bactérias Fermentativas
(Hidrólise)
Orgânicos Simples
(Açúcares, Aminoácidos, Peptídeos)
Ácidos Orgânicos
(Propionato, butirato, lactato, álcoois)
Bactérias Acetogênicas
(Acetogênese)
98
Condições ambientais e controle dos reatores
99
um determinado tipo de lodo e avaliar a quantidade máxima de descarte de lodo,
entre outros (CHERNICHARO, 2007). Uma maneira bastante simples de executar o
teste é através do deslocamento de líquido, que pode ser adaptado às condições
locais do laboratório da ETE.
Para que estes fatores não ocorram, algumas considerações sobre o projeto e
operação desse tipo de reator são citadas a seguir:
Tempo
Tempo de detenção hidráulica (TDH) no reator:
reator: Representa o tempo médio que o
esgoto permanece no reator, numericamente igual ao quociente entre o volume do
reator e a vazão afluente. De acordo com os estudos recentes, TDHs da ordem de
apenas 6 horas, com base na vazão máxima diária de esgotos, são suficientes para
garantir uma eficiência média na remoção de DBO dos esgotos em torno de 65%
(VAN HAANDEL e LETTINGA, 1994). Tipicamente o TDH se situa entre 6 e 9 horas.
Uma vez adotado um valor, procede-se o cálculo do volume do reator pela fórmula:
Volume = Vazão x TDH.
Cargas aplicadas:
aplicadas: A carga orgânica volumétrica (COV, kgDQO/m3.dia), dada pela
carga orgânica aplicada diariamente, por unidade de volume do reator, pode
também ser o critério de projeto, possuindo relação com o TDH. Entretanto, os
esgotos sanitários são relativamente diluídos (COV na faixa de 2,5 a 3,5
kgDQO/m3.dia), fato este que faz com que os reatores UASB sejam limitados mais
pela carga hidráulica volumétrica (CHV, m3/m3.dia), que resulta em determinada
velocidade que poderá ou não ser suficiente para provocar o arraste de parte da
manta de lodo, descontrolando o processo (CHERNICHARO, 2007).
100
Profundidade do reator: Tem-se adotado alturas úteis da ordem de 4,0-5,0m, sendo
as alturas dos compartimentos de decantação e digestão, situadas na faixa de 1,5 a
2,0m e 2,5 a 3,5m, respectivamente (CHERNICHARO, 2007).
101
de gás. Na zona de decantação ocorre a separação sólido-líquido, onde o líquido
verte através de calhas e sai como efluente e os sólidos vão se acumulando até que
atingem peso para retornarem ao compartimento de digestão. Recomendam-se
velocidades de passagem abaixo de 2,5m/h (baseada na vazão média) e a inclinação
das paredes do decantador deve ser superior a 50º (CHERNICHARO, 2007).
Produção de lodo nos reatores UASB: Pode ser esperada uma produção de lodo de
0,1-0,2 kgSST/kg DQOaplicada. Esse lodo já se encontra estabilizado, possui
densidade da ordem de 1030 kgSST/m3 e concentração do lodo de descarte
aproximada de 4% (CHERNICHARO, 2007). Em ETEs de pequeno porte, o lodo
anaeróbio excedente normalmente é encaminhado para um sistema de leitos de
secagem para desidratação, e deste para um aterro sanitário. O projeto deve
contemplar a colocação de tubos de amostragem no seu interior, a diferentes
profundidades. É usual que estes tubos se situem a 0,5, 1,0 e 1,5m do fundo do
reator, indicando facilmente a concentração do lodo na manta de lodo. Estes tubos
devem ser providos de registros de esfera, com diâmetro de 50mm (CHERNICHARO,
2007).
Quadro 20. Composição típica do biogás produzido no reator UASB tratando esgoto sanitário.
Gás %
Metano, CH4 70-80
Dióxido de carbono, CO2 15-25
Monóxido de carbono, CO 0-0,3
Nitrogênio, N2 1-5
Hidrogênio, H2 0-3
Gás sulfídrico, H2S 0,1-0,5
Oxigênio, O2 Traços
Fonte: Campos (1999).
102
Fonte: Campos (1999).
O poder calorífico do biogás tratado é da ordem de 60% do que é possível com gás
natural, demonstrando assim potencialidade de uso controlado (CAMPOS, 1999). Seu
poder calorífico é muito variável, mas fica em torno de 5,9 kWh/m3, quando seco e
previamente tratado. Contudo, deve-se levar em conta sua agressividade, em termos
de corrosão, o que exige especial cuidado na concepção de sistemas de
aproveitamento e na vida útil dos equipamentos utilizados (CAMPOS, 1999).
103
anaeróbios, diminuindo o seu volume útil e consequentemente o TDH, afetando
assim a eficiência do sistema. Além desses aspectos, o acúmulo de areia leva ao
entupimento dos orifícios e ramais de distribuição do esgoto.
Quadro
Quadro 21. Principais parâmetros de projeto de reatores UASB.
Critério/parâmetro Faixa de valores, em função da vazão
Para Qmed Para Qmáx d
Carga hidráulica volumétrica (m3/m3.dia) < 4,0 < 6,0
Tempo de detenção hidráulica (h) 6-9 4-6
Velocidade superficial do fluxo (m/h) 0,5-0,7 0,9-1,1
Velocidade nas aberturas para o decantador (m/h) 2,0-2,3 < 4,0-4,2
Taxas de aplicação superficial no decantador (m/h) 0,6-0,8 < 1,2
Tempo de detenção hidráulica no decantador (h) 1,5-2,0 > 1,0
Distribuição do afluente
Diâmetro do tubo de distribuição do afluente (mm) 75-100
Diâmetro do bocal de saída do tubo de distribuição 40-50
(mm)
Área de influência de cada tubo de distribuição (m2) 2,0-3,0
Coleta de biogás
Taxa mínima de liberação de biogás (m3/m2.h) 1,0
Taxa máxima de liberação de biogás (m3/m2.h) 3,0-5,0
Concentração de metano no biogás (%) 70-80
Compartimento de decantação
Inclinação das paredes do decantador (graus) > 45
Profundidade do compartimento de decantação (m) 1,5-2,0
Coleta do efluente
efluente
Submergência do retentor de escuma ou do tubo de 0,20-0,30
coleta do efluente (m)
Número de vertedores triangulares (unidades/m2 1-2
reator)
Produção e amostragem do lodo
Coeficiente de produção de sólidos (kgSST/kgDQOapl) 0,10-0,20
Coeficiente de produção de sólidos em termos de 0,11-0,23
DQO (kgDQOlodo/kgDQOapl)
Concentrações esperadas do lodo de descarte (%) 2-5
Densidade do lodo (kgSST/m3) 1020-1040
Diâmetro das tubulações de descarte de lodo (mm) 100-150
Diâmetro das tubulações de amostragem de lodo 25-50
(mm)
Nota: Para temperatura do esgoto na faixa de 20 a 26oC
Fonte: Chernicharo (2007).
104
Critérios para a partida e operação de reatores anaeróbios
Materiais de construção
105
Nas figuras abaixo são mostrados dois UASBs feitos com material diferente. O
primeiro, figura 41, é construído em estrutura de concreto armado. Já o segundo,
apresentado na figura 42 é produzido em plástico reforçado com fibra de vidro.
Fonte:http://www.tratamentodeagua.com.br/a1
/informativos/acervo.php?chave=3015ecp=est
Figura 41. UASBs com estrutura em concreto armado
Fonte:http://www.shoppingdaagua.com.br/product.asp?pid=17
Figura 42. UASB feito em estrutura de plástico reforçado com fibra de vidro
106
Correção de eventuais problemas durante a operação de reatores UASB
107
Debate
Você já teve oportunidade de operar algum reator UASB? Caso já, foi verificada
a ocorrência de algum dos problemas operacionais descritos acima? Quais?
Qual foi (foram) a(s) solução(ões) adotada(s)?
Quais vantagens específicas para sua cidade e para a macrorregião na qual ela
está inserida você acredita que os reatores UASB possuem em relação a outras
tecnologias de tratamento? E quais desvantagens?
Exercícios propostos
108
Lagoas de estabilização
Introdução
109
Fonte: Adaptada de von Sperling (2002).
Figura 43. Processo de interação entre bactérias e algas presentes em lagoas de estabilização
e os demais mecanismos atuantes no tratamento de esgotos.
110
Lagoas Facultativas (LF): podem ser primárias, quando recebem esgoto bruto, ou
secundárias, quando recebem esgoto tratado, normalmente numa unidade
anaeróbia. Devido a uma menor carga orgânica aplicada, em relação às lagoas
anaeróbias, há um ambiente aeróbio na camada superior, decorrente da produção
fotossintetizante das algas, e anaeróbio na camada inferior. O fato de receber uma
carga orgânica relativamente baixa (100 a 400 kg DBO/ha.dia) e possuir uma
profundidade reduzida (1,5 a 2,0 m) contribui para a manutenção da camada aeróbia
(MARA, 1997). Em uma lagoa facultativa coexistem os dois processos de remoção do
material orgânico: oxidação nas camadas mais próximas da superfície e digestão
anaeróbia no fundo da lagoa. A Figura 43, anteriormente apresentada, é a
representação de funcionamento de lagoas facultativas, e a figura 44 abaixo
representa sistema composto por uma lagoa anaeróbia em série com uma lagoa
facultativa.
http://webmail.desa.ufmg.br/~marcos/index_arquivos/PowerP
oint/LagEst.pdf
Fonte:
Lagoas
Lagoas de Maturação (LM): construídas após lagoas facultativas, recebem uma carga
orgânica reduzida (≤ 100 kg DBO/ha.dia) e possuem profundidade entre 1 e 1,5m.
Em geral são projetadas para compor séries de lagoas (SILVA et al., 1996). As lagoas
de maturação possuem uma coluna líquida mais uniforme e quase que inteiramente
aeróbia. Na coluna líquida são estabelecidas condições ambientais com elevados
valores de pH, oxigênio e radiação solar, que associados a pouca disponibilidade de
matéria orgânica e predação favorecem à remoção de organismos patógenos,
principalmente bactérias e vírus (MARA e PEARSON, 1986).
111
importante ressaltar a necessidade das unidades de tratamento preliminar em
qualquer estação de tratamento de esgotos, que devem constar de gradeamento e
desarenação, além de um dispositivo de medição de vazão (JORDÃO e PESSÔA,
2005). Von Sperling (2002) destaca diferentes arranjos em sistemas de lagoas de
estabilização, conforme mostrado a seguir:
(a)
(c)
(d)
Figura 45. Esquemas freqüentes de ETEs compostas por lagoas de estabilização: (a) uma lagoa
facultativa primária, (b) uma lagoa facultativa primária seguida uma lagoa de maturação, c)
uma lagoa anaeróbia seguida de uma lagoa facultativa secundária, e (d) uma lagoa anaeróbia
seguida de uma lagoa facultativa secundária e uma lagoa de maturação.
112
Sistemas de lagoas de estabilização alcançam boa remoção de DBO, e reduções de
coliformes termotolerantes (Escherichia coli – E.coli) superiores a 99,99% (quando há
pós-tratamento com lagoas de maturação), apresentando efluentes com
concentrações inferiores a 103 coliformes termotolerantes/100 mL (MARA et al.,
2001). Também, em razão do elevado TDH, os efluentes tratados estarão
virtualmente livres de parasitos intestinais. As remoções de sólidos em suspensão e
de nitrogênio são consideradas apenas razoáveis e a remoção de fósforo é
normalmente baixa.
Debate
Você consegue entender a relação existente entre as dimensões de projeto
da lagoa (profundidade, volume etc.) e a natureza das transformações que
ocorrem com o efluente em seu interior?
a) Lagoas facultativas parcialmente aeradas – são um tipo de lagoa aerada que, por
sua vez, é uma variação dos sistemas de lodos ativados. São empregadas quando a
disponibilidade de área é insuficiente para implantação de lagoas facultativas ou
para substituir lagoas anaeróbias que apresentam problemas de sobrecarga ou mau
odor. Nesse tipo de lagoas, aeradores suprem a massa líquida com oxigênio
dissolvido.
c) Lagoas de peixes
peixes – destinam-se ao cultivo piscícola, sendo bastante empregadas
na Ásia, especialmente Índia, China e Tailândia. Os principais peixes cultivados são
Tilápia e Carpa.
113
Para refletir...
Critérios de projeto
114
Lv = 10.T + 100 (Eq. 2)
Rem. DBO (%) = 2.T + 20 (Eq. 3)
Lagoas facultativas
facultativas
O cálculo é baseado na carga orgânica superficial (Ls), expressa em Kg. DBO/ha.dia.
A temperatura média do ar no mês mais frio (oC) durante o ciclo anual é a variável
independente. A Equação 4 abaixo, proposta por Mara (1997), é empregada para
este cômputo.
O valor mínimo de TDH varia entre 5 e 10 dias (VON SPERLING, 2002). A remoção
média de DBO estimada para lagoas facultativas primárias varia entre 75 e 80%. Em
lagoas facultativas secundárias (a jusante de uma lagoa anaeróbia) pode ser
alcançada uma remoção média combinada (i.e. lagoa anaeróbia + lagoa facultativa
secundária) de 80 a 85%. A remoção de DBO pode ser referida à concentração na
amostra filtrada, comparada à amostra não filtrada do esgoto afluente. Neste caso,
séries de lagoas podem alcançar facilmente remoções da ordem de 90% (MARA,
1997).
Lagoas de maturação
Conforme declarado anteriormente, as cargas orgânicas superficiais aplicadas são
baixas (≤ 100 kg DBO/ha.dia). Recebem no máximo 75% da carga aplicada às lagoas
facultativas. O valor mínimo de TDH é de 3 dias (MARAIS, 1974; BANDA et al., 2005).
A DBO na massa líquida pode atingir valores inferiores a 30mg/L. As remoções de
DBO em lagoas de maturação são baixas (10 a 30%) e diminuem, em cada lagoa, à
medida que são incorporadas outras unidades à série. Mara (1997) declara que cerca
de 70% da DBO no efluente de lagoas de maturação é proveniente da presença de
algas. De outra forma, o conteúdo de DBO na amostra filtrada pode ser estimado
conforme sugere da Silva (2000).
Remoção de patogênicos
Remoção de coliformes
coliformes termotolerantes
Os coliformes termotolerantes são os principais indicadores da eliminação de
patógenos nas águas. Já foi afirmado nesse texto que em lagoas de estabilização, os
mecanismos envolvidos na eliminação destes organismos são: pH, oxigênio
dissolvido, predação, ação de raios solares e ausência de substrato (alimento). O
modelo representado pela Equação 6, considerando séries de lagoas, é empregado
na determinação do conteúdo de coliformes termotolerantes (Ne) no efluente final
(MARA, 1997).
115
Ne = ___________________Ni_______________________ (Eq. 6)
(1 + kb.TDH1) x (1 + kb. TDH2) ... x (1 + kb. TDHn)
Os valores de TDH na equação acima são calculados com base nos critérios de carga
já descritos. A correção da constante de decaimento de coliformes termotolerantes é
função da temperatura da água (Tágua), que pode ser obtida em função da
temperatura do ar (Tar) na Equação 7, sugerida por von Sperling (2002).
kb = 2,6.(1,15)T-20 (Eq. 8)
116
Remoção
Remoção de nutrientes
Nitrogênio
Em lagoas anaeróbias o nitrogênio orgânico é hidrolisado a amônia. Portanto, os
efluentes destas lagoas podem apresentar concentrações mais elevadas de amônia
do que no esgoto bruto (STANLEY e SMITH, 1993; SILVA et al., 1996). Em lagoas
facultativas e de maturação o nitrogênio na forma amoniacal pode ser incorporado à
biomassa de algas, mas também pode ser volatilizado em razão do pH elevado
(MARA et al., 2001).
Há pouca evidência de nitrificação em lagoas de estabilização. Isso se dá em razão
da falta de suporte físico para crescimento de bactérias nitrificantes. Uma vez que
não ocorre nitrificação, não há desnitrificação por inexistência de nitrato.
A remoção de nitrogênio total e de amônia em lagoas de estabilização pode alcançar
percentuais de 80 e 95%, respectivamente,quando há lagoas de maturação. A
Equação 10 pode ser empregada para calcular a concentração de amônia total no
efluente de lagoas facultativas e de maturação (MARA et al., 2001). Para cálculo da
concentração de nitrogênio total no efluente dessas lagoas é possível utilizar a
Equação 11, apresentada por Reed (1985). Nos dois modelos, é requerido o
conhecimento do pH na massa líquida da lagoa, que pode ser estimado a partir da
alcalinidade total (em mg CaCO3/L) do esgoto afluente à lagoa, de acordo com a
Equação 12 (MARA, 1997).
T − 20
].[ TDH + 60 ,6 .( pH − 6 ,6 )
Ce = Ci .e { − [ 0 ,0064 .( 1 ,039 ) ]}
(Eq. 11)
Fósforo
Remoção de fósforo em lagoas de estabilização pode ocorrer por assimilação pela
biomassa de algas e por precipitação química (MARA et al., 2001). Há a sugestão de
que um maior número de lagoas de maturação pode permitir remoção de fósforo,
mas que em geral não ultrapassa 30 a 40%. Cabe ressaltar que o projeto de lagoas
visa essencialmente à remoção de patógenos e de matéria orgânica.
117
Lembre-
Lembre-se, sua participação
participação é muito
importante. Caso você tenha dúvidas ou
comentários a fazer sobre os assuntos
abordados, exponha-
exponha-os a todos os
participantes!!!
O presente item visa abordar alguns dos pontos mais relevantes da construção do
sistema de lagoas de estabilização, os quais exigem conhecimentos de várias áreas
da engenharia. Uma revisão mais extensa pode ser encontrada em Cossio (1993),
Mara (1997) e von Sperling (2002).
Seleção da área: como esse sistema de tratamento demanda muita área, geralmente
a construção fica impossibilitada em locais com grande densidade populacional.
Entretanto, deve-se situar o mais próximo possível da cidade para reduzir os custos
de transporte, especialmente caso este seja via recalque, onde se somam os custos
de operação e manutenção de estações elevatórias. Além disso, é interessante que
fique situada próxima de um corpo receptor, para a minimização da extensão do
emissário de esgoto tratado.
118
seções (também 20m), de forma a cobrir toda a área da lagoa. Pode-se tanto
trabalhar com uma cota verdadeira, através do transporte da referência de nível (RN),
como com cota arbitrária, adotando-se um RN em um ponto conhecido e fazendo-se
todos os cálculos das cotas em relação a ele. Durante a construção, as cotas de
fundo e coroamento das lagoas, bem como dos seus demais dispositivos, deverão
ser cuidadosamente verificadas. A partir das curvas de nível e das cotas de fundo e
coroamento, pode-se fazer um estudo de otimização do movimento de terra (corte e
aterro), minimizando o custo com transporte de material.
http://webmail.desa.ufmg.br/~marcos/index_arquivos/Powe
rPoint/LagEst.pdf
Fonte:
Serviços de geotecnia: este tipo de estudo visa determinar a inclinação dos taludes
de montante e jusante, posto que solos mais argilosos permitem taludes mais
inclinados e solos arenosos, taludes mais suaves. Define-se também se o material
utilizado nos diques e selos será local ou transportado. Quando o material é
proveniente de empréstimo, os serviços de geotecnia compreendem a busca por
jazidas de materiais. Nestes casos, a distância até as jazidas é um item a ser
considerado em decorrência dos custos de transporte. O selo é o material do fundo
da lagoa, que é responsável pela sua estanqueidade, normalmente possuindo uma
espessura de 30 a 40cm. Todo o movimento de terra deve ter controle de
compactação, com camadas inferiores a 20cm, e seguindo rigorosamente ao grau de
compactação estabelecido pelas análises de caracterização do solo.
119
Fonte: http://www.daee.sp.gov.br/acervoepesquisa/
relatorios /revista/raee0002/parceria.htm
Figura 47. Fase de construção de um sistema de lagoas, sendo uma lagoa
anaeróbia, uma facultativa e uma de maturação (com chicanas), localizada no
município de Santa Fé do Sul, no noroeste do estado de São Paulo.
Figura
Figura 48. Vista detalhada do talude de uma lagoa de estabilização.
120