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O documento resume um livro sobre avaliação formativa em educação. Discutem-se três tópicos: 1) a avaliação formativa visa o desenvolvimento do aluno, não a certificação; 2) avaliar não é medir desempenho, mas um processo de negociação entre avaliador e aluno; 3) a avaliação envolve interpretação e julgamento valorativo, não apenas medição.
O documento resume um livro sobre avaliação formativa em educação. Discutem-se três tópicos: 1) a avaliação formativa visa o desenvolvimento do aluno, não a certificação; 2) avaliar não é medir desempenho, mas um processo de negociação entre avaliador e aluno; 3) a avaliação envolve interpretação e julgamento valorativo, não apenas medição.
O documento resume um livro sobre avaliação formativa em educação. Discutem-se três tópicos: 1) a avaliação formativa visa o desenvolvimento do aluno, não a certificação; 2) avaliar não é medir desempenho, mas um processo de negociação entre avaliador e aluno; 3) a avaliação envolve interpretação e julgamento valorativo, não apenas medição.
HADJI, Charles. Avaliao desmistificada. Trad. Patrcia C. Ramos. Porto Alegre:
Artmed Editora, 2001. A avaliao torna-se formativa na medida em que se inscreve em um projeto educativo especfico, o de favorecer o desenvolvimento daquele que aprende, deixando de lado qualquer outra preocupao. (HADJI, 2011, p. 20)
O livro Avaliao Desmistificada, de Charles Hadji, possui 136 pginas e
dividido em duas partes. A primeira, Compreender, possui trs captulos: Captulo 1: Compreender que a avaliao formativa no passa de uma utopia promissora; Captulo 2: Compreender que avaliar no medir, mas confrontar em um processo de negociao; e Captulo 3: Compreender que possvel responder a trs questes pertinentes. A Segunda Parte, Agir, apresenta os prximos quatro captulos, totalizando sete captulos ao todo: Captulo 4: Agir desencadeando de maneira adequada; Captulo 5: Agir observando/interpretando de maneira pertinente; Captulo 6: Agir, comunicando de modo til; e, por fim, Captulo 7: Agir remediando de modo eficaz. Como todo livro, h uma introduo que precede e uma concluso que segue os sete captulos principais. Na Introduo, intitulada Da utopia realidade: seria finalmente possvel passar ao?, Hadji discute a possibilidade de uma avaliao que seja capaz de compreender tanto a situao do aluno quanto de medir seu desempenho; capaz de fornecer-lhe indicaes esclarecedoras, mais do que oprimi-lo com recriminaes; capaz de preparar a operacionalizao das ferramentas do xito, mais do que resignar a ser apenas um termmetro (at mesmo um instrumento) do fracasso (HADJI, 2001, p. 9) seriam meios de uma pedagogia, enfim, eficaz. A avaliao serviria, portanto para levar o aluno compreenso de seus erros e no mais comet-los, e progredir, ao invs de ser tida como perda de tempo ou peso desnecessrio. nessa direo que se fala em evoluo na questo da avaliao e que Hadji prope nessa introduo a discutir em sua obra. No Captulo 1, intitulado Compreender que a avaliao formativa no passa de uma utopia promissora, Hadji declara que a questo da avaliao multidimensional, ou seja, pode ser compreendida de diversos meios, sendo que, nessa obra, a mesma ser abordada sob o ngulo das convices j sedimentadas a seu respeito. De tal modo, ser avaliada sob dois tipos de consideraes: examinando os fatos e a essncia das atividades envolvidas. Para Hadji aqueles que acreditam na necessidade de uma avaliao formativa afirmam a pertinncia do princpio segundo o qual uma prtica avaliar deve tornar-se auxiliar de outra aprender (HADJI, 2011, p. 15). Segundo Hadji, desejvel que a avaliao, em um contexto de ensino, tenha por objetivo contribuir para a construo de saberes e competncias pelos alunos e segue buscando definir o que avaliao formativa. Destaca, pois, as noes de avaliaes implcita, espontnea e instituda. Os exames escolares encaixam-se nesse perfil de avaliao instituda em detrimento, por exemplo, das avaliaes espontneas (que no repousam sobre nenhuma instrumentalizao especfica). Na sequncia, traz os conceitos de avaliao de referncia normativa (que impem normas, socialmente organizada, anunciada e executada) e avaliao de referncia criteriada (que aprecia um comportamento, um critrio ou alvo a ser atingido). Segue definindo o que avaliao prognstica, formativa e cumulativa e a avaliao formativa como utopia promissora. A avaliao prognstica , ou diagnstica precede a ao de formao e identifica certas caractersticas do aprendiz e faz um balano, mais ou menos aprofundado, de seus pontos fortes e fracos (HADJI, 2011, p. 19). A avaliao formativa tem esse nome, pois tem por funo contribuir para uma boa regulao da atividade de ensino (ou de formao, no sentido amplo) (HADJI, 2011, p. 19). A avaliao cumulativa, por sua vez, tem por funo verificar se as aquisies visadas pela formao foram feitas (HADJI, 2011, p. 19). Para o autor, uma avaliao que no seja seguida por modificaes ou intervenes por parte do educador no pode ser considerada formativa! Hadji fecha esse captulo refletindo sobre os obstculos emergncia de uma avaliao formativa. Entre os quais h a existncia de representaes inibidoras, como o caso da exigncia de certificao de seleo ou mesmo a preguia ou medo dos professores, que no ousam remediar ou intervir de modo eficaz em sua prtica pedaggica. Portanto, a avaliao formativa no mais do que uma utopia promissora, capaz de orientar o trabalho dos professores no sentido de uma prtica avaliativa colocada, tanto quanto seja possvel, a servio das aprendizagens (HADJI, 2011, p. 25). No segundo captulo intitulado Compreender que avaliar no medir, mas confrontar em um processo de negociao, o autor destaca que a avaliao no uma medida. Medida sendo compreendida como uma operao de descrio quantitativa da realidade. No entanto, pesquisas realizadas de resultados obtidos nos exames baccalaurat na Frana demonstram que a aprovao de candidatos est tambm submetida ao acaso da atribuio a uma banca (HADJI, 2011, p. 30). De tal sorte, o ponto de vista de que o exame uma cincia exata completamente rechaado, pois depender, reiteramos, de critrios subjetivos definidos pelos diferentes examinadores em questo. Portanto, as variaes de notas, para um mesmo produto, de um examinador a outro, vo bem alm do que seria apenas uma incerteza normal devido s condies locais da tomada de medida (HADJI, 2011, p. 30). Para reforar a questo, o autor cita exemplos de alunos que obtiveram notas pssimas em exames escolares, mas que em concursos nacionais foram premiados com o primeiro lugar na mesma rea! Nessa direo, necessrio corrigir os defeitos do instrumento de avaliao. Isso pode ser feito refletindo-se sobre a subjetividade do corretor. Isso implica pensar, por exemplo, nas diferentes representaes que o professor tem do aluno ou mesmo da histria escolar na qual est inserido. Portanto, o julgamento professoral no se desvincula da prtica sociohistrica e ideolgica, reiteramos, na qual se insere: fica claro que intil insistir em tomar a avaliao to objetiva quanto uma medida (HADJI, 2011, p. 32) em virtude dessa inseparvel relao avaliao/contexto histrico. Ademais, necessrio indagar sobre a exata natureza da relao avaliao/avaliado, isto , precisar com exatido o que avaliado. Sendo assim, se a avaliao no uma medida, o que seria ento? Para Hadji, a avaliao um ato que se inscreve em um processo geral de comunicao/negociao. Em outros termos, a avaliao consiste em uma negociao, uma troca entre avaliador e avaliado. Nessa troca, necessrio destacar que o aluno sofre interferncias do contexto tambm, sendo que seu desempenho ser condicionado, em certa medida, a tais circunstncias. O exame , pois, o resultado de uma interao cujo desempenho alcanado pelo aluno depende das circunstncias envolvidas no ato. Esse ato um processo complexo, pois apresenta inmeras variveis ligadas s condies sociais. Assim, do mesmo modo que o efeito de categorizao vlido para o aluno, ele tambm vale para o examinador (i.e, a percepo que o examinador tem do desempenho igualmente dependente do contexto social). diante desse entendimento que se compreende que a avaliao escolar traduz arranjos em uma dinmica de negociao: esses arranjos so o resultado de uma negociao, implcita ou explcita, entre um professor que quer manter sua turma, e alunos que querem alcanar seu objetivo (HADJI, 2011, p. 39). Fica evidente at aqui que a avaliao no um instrumento de objetividade, mas um ato de confronto entre uma situao real e expectativas referentes a essa situao (HADJI, 2011, p. 41). Assim, a avaliao uma operao de leitura da realidade constri sentidos diante do objeto; tambm orientada e que aponta em que medida o desempenho do aluno ou no adequado e por fim, a avaliao tambm uma leitura orientada por uma grade que expressa um sistema de expectativas julgadas legtimas. O captulo 3, ltimo da primeira parte do livro, intitula-se Compreender que possvel responder a trs questes pertinentes. Neste, Hadji trata de trs hipteses sobre esse processo: a primeira, em que a avaliao concebida como um ato sincrtico essencialmente baseado na intuio do avaliador; a segunda concerne ao fato de que a avaliao um ato que tem mais a funo de explicar do que de descrever; e a terceira em que a avaliar fazer agir a descontinuidade dos valores, e no a continuidade das cifras. Hadji destaca que no Canad ainda se associam medida e avaliao, ou seja, ambas so tratadas como vizinhas. Para o autor, avaliao equipara-se a julgamento; , pois, um julgamento de valor: Se avaliar significa atribuir uma qualidade, se h tanto a explicar quanto a descrever, o verdadeiro problema para o avaliador interpretar o real sobre o qual deve pronunciar- se. No simplesmente estabelecer uma constatao o que corresponderia, por exemplo, medida de um desempenho mas dar conta do que foi observado no mbito de um sistema de observao (HADJI, 2011, p. 61). O autor tambm pontua a diferena entre prova e avaliao. A prova est ligada ao conformar-se a um modelo de referncia, a um a priori de procedimentos e normas. A avaliao, por sua vez, deve-se adequar realidade dos aprendizes. Hadji traz discusses bem pertinentes tambm sobre o fato de a avaliao estar ligada (ou no) a valorar/valorizao de um objeto. Nesse sentido, no se pode recusar por completo que a avaliao implica valorizao e julgamento em certa medida. No ltimo tpico desse captulo, o autor indaga sobre a necessidade da continuidade de avaliao e pontua a avaliao no sentido estrito apenas um auxiliar da ao pedaggica. Isso significa ao mesmo tempo que ela no passa de um de seus componentes e que o importante para os professores-avaliadores ensinar, isto , ajudar os alunos a progredirem em suas aprendizagens. isso que parece afirmar de modo surpreendente, ainda que implcito, a prtica de avaliao formadora (HADJI, 2011, p. 66-67). No captulo quatro, intitulado Agir desencadeando de maneira adequada, Hadji declara que construir um dispositivo de avaliao consiste em determinar algumas condies (por exemplo se a prova ser escrita ou oral) e que tal dispositivo precisa ser mais ou menos elaborado. Segundo o autor, o dispositivo constitudo pelo exerccio de avaliao e o problema escolher pertinentemente os exerccios. Assim, sugere-se buscar em um banco de instrumentos coletneas de exerccios adequados aos professores (HADJI, 2011, p. 78). O passo seguinte determinar as questes que devem ser respondidas por meio da avaliao, sendo que no h avaliao sem pergunta feita realidade. esse questionamento que apontar o caminho que formar a avaliao. Esse questionamento deve ser orientado pelos objetivos de ensino, pautados nos documentos oficiais e institucionais que regem a disciplina em questo. Aps a aplicao e correo, deve-se determinar decises que reorientem o programa de ensino e estabelecer os espaos de observao. Os espaos so aqui definidos como cada objetivo operacional ou cada competncia especificada. Enfim, necessrio escolher os instrumentos de coleta de dados. Hadji esclarece que o ideal que o exerccio cumpra uma funo ad hoc, ou seja utilizado para fins especficos. Na sequncia, na ltima parte deste captulo, o autor traa uma arquitetura sobre a tarefa de avaliao, as quais apresentam quatro dimenses: o alvo, os critrios de realizao, os critrios de xito e as condies de realizao. Nos ltimos dois captulos, Agir observando/interpretando de maneira pertinente e Agir remediando de modo eficaz Hadji trata, grosso modo, da avaliao como meio de remediar a prtica docente. Em nossa opinio, a traduo no excelente. H muitas passagens que certamente precisariam ser revistas por outro tradutor, pois s vezes a linguagem se mostra ambgua ou incoerente e de difcil compreenso tambm, mas o contedo do livro bastante profcuo e til para aqueles que se interessam pelo tema.