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Grovant CLARK Doutore Mestre em Direto Beondmico pela UPM. O MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO comes Tam" 217500107 NAO DANIFIQUE ESSA ETIQUETA Deley Belo Horizonte 2001 ace do dito ezontnico orzone "De Rey, 2001 ISBN 85-7308-459:5, 1. inanga pables. 2. Dito exonbmico, Title cop: 381.38 bv: 3517 ‘Biblisecdria erponsive: Marla Aparsida Costa Deare ‘eRD 61104? iors Arao Ove Conte Hata Pf Anenie Agu Jehe Asatia ‘DinsamagaetRovehow Bdeongto Setnica ‘evo: ailane Marine os Senos Copyright © 2001 by [LIVRARIA DEL REY EDITORA LTDA. Adninitrasse eawea 7B tora SP” Skeyspvahcomtr Nenhuna pare dese lv peers er repr, seem quai fre es mes, Pcpregsdon, som 4 permisdo, por excita, da Eire. inp no Pred in Br ‘Ao Professor Washington Peluso Albino de Souza, mestre dos mestres, que, em tempos passados, deu-me a honra instante deste trabalho, incentivou-me com seu brilhantismo intelectual ¢ marcantes ensinamentos. Sem a contribuigéo de sua fascinante pessoa, certamente esta obra nao nasceria para o mundo juridico. 148 ‘1OvANI CLARK, A intervengio indireta € um poderldever estatal confi- gurado em normas juridicas, cujo contetdo é, necessaria- mente, matéria de politica econdmica. Apregenta-se no mun- do juridico ¢ na realidade socivecondmica, independentemen- te de uma Lei do Plano Plurianual. Na esfera do Poder Local, a ago indireta no domfnio econdmico pode objetivar: o incremento do turismo para a ter- ceira idade; 0 aumento da produgio de alimentos hortifruti- granjeiros para a populagdo em geral; a construgto de mora- dia para o segmento social de baixa renda;a pesquisa e utili- zago da energia solar ou dos ventos, no processo produtivo; © incentivo & micro ¢ pequena empresa de prestagiio de servi- gos etc. 6.5 PLANEJAMENTO ~ LEIS DOS PLANOS O Texto Constitucional brasileiro de 1988, seguindo as técnicas moderas de intervengao estatal no dominio econd- mico, indica, apesar de nao obrigar, para areal tervengdo, que guaisquer tipos de iniervencio sejam precedi- das _de planejamento, isto ¢, previstas nas Leis dos Planos. Por sinal, a Carta Magna vincula a elaboragio e execugio da Lei de Diretrizes Orcamentarias ¢ da Lei de Orgamento & realizagio das metas e objetivos fixados para os Planos Plu- rianuais, a fim de dar coeréncia e racionalidade As ages esta- s, devendo 0 mesmo se estender também a0 Municipio (art. 165 da CF). Ensina SOUZA (1999) a respeito do plano como técni- ca estatal de intervengio indireta no dominio econdmico: “Convém estabelecer a diferenga de entendimento ‘Plangjamento’ ¢ ‘Plano’. O primei, que em certos imias se Genomina apenas ‘Planificasie’, constitui o ‘ato de planejar’, e prende-se essencialmente’ idéia de racionali- Zar 0 emprego de meios dispontveis pura deles retirar os efeitos mais favordveis. Seu conceito estd intimamente li- gado ao sentido do que seja o ‘econtmioo’, visto como este traduz o intuito de obter ior vanigem? do emprego de meios escass0s, para a sua consesugi, Levada adiante ‘© MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO 149 buir-the a ligagao fntima com a adogio de “planificagio’, ‘determinagio’ (4 natureza politica) de se aplicar cago" como método de inter cretizara. (377-378), Seguindo os comandos consti 48, Ile IV, 49, LX, 58, § 2.°, VI, 74, I, 84, X] e XXIII, 165 166, §§ 1.°, Il, e § 3.°, I, da CF), os planos plurianuais muni- devem ser elaborados e executados pelo Executivo Mu- ¢aprovados pela Camara de Véréadores, ap6s apiéei ¢Go_e prévio parecer de comissao para tal fim. Deve haver, ainda, o,controle interno para aValiagto de sew Gumprlnierto pelo Executivo, bem auxiliado pelo Tribunal de Contas, fiscalizando sua implanta- Ho € apreciando os relat6rios de execugdo emitidos pelo Bxe- i mente, o descumprimento das normas juridi- cas dos planos origina conseqiléncias legais para os descum- pridores ~ ou seja, os governantes. Q artigo 174 da CF determina que.o planejamento seja vinculativo para o setor publico (administraggo di vo para o setor privado. Por motivo de coerén- sulagio das agSes estatais no campo ec i © plano € determinante para os entes publicos ¢ indicat (opcionais) para a iniciativa privada, que pode a ele adet devido as miiltiplas vantagens diretas ¢ i longo, médio ou eurto prazo, em outros instrumentos legais. Os planos de-desenvolvimento econdmico ¢ social de- -yem_serelahorados_¢_aplicados_pelos.Municfpios,. Fstados- contudo objetivando que os planos regionais, estaduais ¢ metropolitanos respeitem as peculiaridades municipais ¢ as competéncias do Poder Local para legislar sobre interesse local. Bm um federalismo perver- socomo onosso, bem perto de um Estado unitério centralizador, 150 GIOVANI CLARK compatibilizaco parece, de infcio, impossfvel, de vez que tal fato somente aconteéé com @ solugio democratica dos natu- rais conflitos entre os entes da Federago e a real descentrali- zago do poder politico e econdmico. Os planos permeiam todo o Texto Constitucional, além de serem tratados no artigo 174 seu § 1.°. A Unido é impos- ta a competéncia exclusiva para “elaborar e executar os pla- nos.jacionais e regionais de ordenacio territorial e de desen- volvimento eca a plano diretor de ordenamet das cidades (arts. 30, VIN, ¢ 182 da CF) eo pl planejamento també membros para su: tufdas por agrupamentos de Municfoios limitrofes, institutdas por lei complementar (art. 25, § 3.°, da CF). Tal planejamen- to lida de perto com a realidade eas necessidades dos Municipios, nfo devenda, todavia, sufocar as Poder Local Existe da Unido sejam integrados aos planos nacionais de desenvol Vimento econémico € social (art. 43, § 1°, da CF). Tais pla- nos também atingem em cheio a vida econémica e social dos ios, inclusive a eficécia de suas politicas econdmicas, devendo 0 Poder Local exercer influéncia sobre eles. Pena jos, como em Portugal. polit cola seja planejada ¢ executada com os segmen- tos erivolvidos (art. 187 da CF). A Unido deve ainda possuir uigdo da propriedade do solo rural e desapropriagdo das terras que niio cumprem a sua fungdo social, transferindo-as para quem ne- las queira produzir, mas nfo tem condigSes de compré-las (art. 188 da CP) <6 plano? uma necessidade para a sobrevivencia do ca- ismo, visto que estrutura a economia de mercado, sendo (© MUNICIPIO EM FACE 00 DIREITO ECONOMICO 151 uma técnica de intervengio indireta adotada em quase todas as nagées para racionalizar a ago estatal_no_domfnio econd- mico, O plano, na economia de mercado, nao o substitui, mas na a atuaco dos agentes econd- micos privados = principais atores — e do Estado, direta ou indiretamente, mas dentro da lei de oferta € procura. Moder- namente, © planejamento é i indf ara a viabilizacdo de nossa dério- completar a democratizagao, a av dus metas previstas no plano ph programas de governo e dos orgamentos federai ser feita por meio de sistema pelos Poderes Legislativo, B 74, Ta Const pectos da vida nacional e influem na sua evolugdo, deman- dam 0 emprogo de mecanismos democréticos de tomada de decistes ¢ de contr igar dos tradicfonais, prefe- ridos pela burocracia pil Diferentemente, em uma economia soci mercado nem intervengao, ¢ sim planejamento, em que qua- se todos o bens de produgio esto nas m&os do Estado ¢ as necessidades individuais e coletivas so diagnosticadas e esta- belecidas via plano, estabelecendo-se, assim, os niveis de pro- dugio, circulagao, repartigao ¢ consumo. O tema plano seré novamente enfocado no préximo capt- tulo, no qual trataremos especificamente da intervencao dire- tae indireta do Municipio no dominio econdmico, em virtude de sua importancia para a racionalidade das agdes do Poder Local no campo econdmico, bem como para o fortalecimen- to sociceconémico das comunidades locais. 188 ‘GrOVAN CLARK alho conjunto do Consetho Musiipal de Desenvol- Rural ¢ um proceso simplifieado de cadastro tém levado o niimero de financiamentos é¢28, no ano de 1997, para 1.366 somente nos primeiros réemuies de 1999” (93). E preciso ressaltar ainda que, em nivel federal, tivemos no passado a implantagao do Conselho Econémico, inspirado na Carta Magna de Weimar de 1919. A titulo de exemplo, 0 ‘Texto Constitucional de 1937, em seu artigo 57,jé previa 0 Con- selho de Economia, enquanto a Constituigas bi determinou o Conselho Nacional de Economia, implementado pela Lei n. 970, de 16.12.1949, com a missfo de estudar a ivemos, em nfvel icional, o Conselho de Desenvolvimento Econ6mi- €0 (Lei n. 6.036, de 11.05.1974) e 0 Conselho de Desenvol- vimento Social (Lei n, 6.118, de 09.10.1974) para formula rem sugestdes em suas areas de agdo, No Direito Comparado, as Consti tugal e da Franga também prevéem a existéncia do Conselho Econ6mico e Social, com composigées ecléticas, para contri- buir na formiulagao da politica econdmica e social estatal. In~ clusive, na Pétria de Camées existe o Conselhe Municipal, na esfera local, praticamente com as mesmas atribuiges do Con- selho Econdmico e Social. Por 2 que 9 Conseiho Econ6mico al aumentaria 0 vinculo e o de- dos patticulares para coma 6 desen. mo tempo eit que Serta para_o fim da tarismo dos tecnocratas © Centialismo, de HOSEA S Hracionals politicas eco- ive concentrado nas Infos de uma elite pouco numerosa, est até pode, cinica- mente, se dar 0 luxo de adotar leis progesistas ¢ difundir palavras de ordem revoluciondria, Néo precisa recear a (© MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO 189 implementago destas leis nem a cobranga das palavras de ordem” (LEISINGER, 1996: 7.2 O PLANEJAMENTO MUNICIPAL planejamento, como escreve GRAU (1978), vem da ciéncia urbanistica do século XVII para orientar o cresci- mento de cidades como Paris ¢ Viena. Também foi utilizado por Taylor ¢ Fayol no século XX, para orientar racionalizando, assim, as suas Alemanha usow o planeja- mento militar e, em 1936, adotau 0 primeiro plano region: antiga Unido Soviética, comunista, adotow, em 1928, 0 pla- -jamento econdmico; a Franga optou por um plano de obras piblicas também de 1928 e apés a Segunda Guerra Mundial todos os pafses passaram, em regra, a usar o planejamento econdmico e social. nd ‘se como imprescindfveis & realizacao dos fins do desenvol- ‘mento s6cio-econ6mico. O planejamento, desde entdo, & ido com cia do proceso de de- ent senvolvimento econémico e sua nogio desprende de qual- ‘quer ideologia ou pressuposto polftico” (GRAU, 1978: 12). ortanto, o planejamento busca per- petuar_a economia de mercado, ¢ nao, acabar com ela. Como 4 falamos, trata-se de ama Weenies de intervencdo do Estado, ‘no.domsnio econdmico, sem_a qual 0 modelo capitalist se sustenta, Eni rado uma superlei e substitui o mercado, no capitalismo © coordenador das agées da economia de mercado. ‘Atualmente, Os planos fazem parte da realidade dos Bs- tados que adotam a economia de mercado € sao utilizados para, entre outras finalidades, intervirem no dominio econd- 190 GIOVANT CLARK, mico € social. Portanto, 0 planejamento € considerado, em reito Econémico, como uma técnica que pode ser adotada ou no pelos Estados, inclusive pelos Municipios. ‘Como ensina SOUZA (1999), 0 plano é 0 documento, a pega técnica que estabelece as diretrizes gérais para a inter- venciio_no dominio econémico e se transformara em Lei do Plano quando aprovada pelo Legislativo. Tratando-se de lei, cm principio, ‘possui forea juridica ¢ € Vinculante, embora haja correntes de pensamento que a consideram como lei programética e, portanto, nao vinculante. Para poder intervir na vida econ6mica de forma racio~ nal ¢ eficaz, 0 Municipio deve, necessariamente, usar a refe- rida técnica. A Lei do Plano Plurianuel seré 0 ponto de con- jungio, a viga mestra, para a politica econdmica interven- cionista do Poder Local, viabilizando os fins da Constituigio Econémica de 1988, e, logicamente, seguird seus principios normas. A Carta Magna brasileira abre a possibilidade para a Comuna, ali configurada, processar o planejamento via Lei do Plano, em seus artigos 24, I, e 174. No primeiro artigo, concede aos Municfpios a competéncia para legislar sobre Direto Econdmico, ¢ inclui em seu rol de temas a intervengZ0 e, obviamente, o planejamento (elaboragio, aprovaco, exe- ‘cugo € revistio). No segundo artigo constitucional, estabele- ce que 0 Estado, inchuindo 0 Municipio, como agente normativo e regulador da atividade econdmica, exercerd, entre outras fung6es, a de planejamento. Logicamente, o planejamento municipal destina-se a atender assuntos de interesse local. # de fundamental relevancia que a Lei do Plano Pluria- nual, em seu processo de elaboragdo © execucao, .seja per- meada pela participagao da sociedade, para realmente aten- der as necessidades e peculiaridades locais, levando a transfor- magio 0 quadro econémico € social local de acordo com os comandos constitucionais. © Conselho Econ6mico ¢ Social Municipal seria uma étima instancia alternativa de poder para contribuir na articulagdo dessa participagao, contemplada no artigo 29, XII, da Constituigao Federal, (© MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO 191 & © plano é um instrumento de mudanga social, que de- -verd enfrentar as dificuldades criadas por fatos como a conur- bagiio, a propriedade vertical, o desemprego ¢ a miséria. Nao pode, portanto, ser apenas objeto de convencimento nas cam- panhas eleitorais e depois ter sua morte decretada pelos gover- nantes, sendo luxuosamente enterrado nos modernos compu- tadores da burocracia. © Brasil possui experiéncia em matéria de plano, sobre- tudo em nfvel federal, iniciada pelos planos de obras até che- garmos aos planos nacionais de desenvolvimento econdmico © social. Deve a mesma experiéncia ser usada no Ambito lo- cal, com as devidas proporgdes, sem se esquecer, contudo, das experiéncias em nfvel municipal e, principalmente, esta- dual ¢ regional. Tais experiéncias mostraram os rumos para nao transformarmos a Lei do Plano em ume ficcio juridica rigni ém depésito de comandos para a satisfagao dos globais interesses privados, em detrimento das necessidades sociais ¢ econdmicas. 6 bom alertar que absorver experiéncias diferen- cia-se de copiar modelos de desenvolvimento, Os planos estatais tém grande influéncia nos planos do setor privado e, conseqlentemente, no comportamento des tes no Ambito econdmico e social, contribuindo, assim, para a consagragao dos fins das politicas econdmicas projetadas pe~ Jos primeiras. Contudo, no podemos deixar de admitir que a recfproca é verdadcira, ou seja, os planos do setor privado influenciam os planos estatais. Tal interpenctragdo 6 natural dentro da economia de mercado, mas torna-se perigosa quando a “fome de lucros”, como escreve DINIZ (1995), ganha mais protectio do que a modificagao de uma realidade degradante. No momento da elaboracio ¢ execugio da Lei do Plano Municipal, uma série de fatores devem ser levados em conta: cultura, clima, costumes, dados sociceconémicos, necessida- des, potencialidades, peculiaridades, caracterfsticas geografi- cas, regio, riquezas naturais e produzidas. Tendo em vista 0 fato de nosso Estado ser federal — onde diversas matérias extrapolam a competéncia do Poder Local — ¢ a necessidade de racionalizar recursos e esforgos 192 (OfOVANT CLARK para tratar de problemas comuns que nao se limitam & Comuna, por serem intermunicipais, metropolitanos, regiomis, estaduais ou federais, é necesséria a articulagao/coordenacio do plano municipal com os planos das demais esferas de poder no ter- rit6rio federado. Nesse sentido, escreve FARIA (1990): “A existéncia de planos nacionais, estaducis © mu , ‘bem como de planos federais, quer regionas, quer setorias, obriga 0 érgGo central de planejamento a sdotar mecanis- ‘mos de consulta e de participagdo dos interessados nos tra- balhos de elaboragio & na execugio dos planos e, ainda, mecanismos de coordenago de todos eles" (28-129). A Lei do Plano Plurianual é uma norma programética, ue deverd somar esforcos dos setores_piiblices e privados 10 dé executé-la e ainda sinalizar com vantagens.© e3t- s, pesterdormente incrementados, para queo setor priva- © organizagdes no governamentais fagam a op- 980 oe adetir ao plano, jé que sua execucio nfo depende apenas do Municipio, Portanto, as Leis Municipais — como — as de uso e ocupacao do solo; de incentives fiscais & pequena ‘empresa; de prémios para aumento da empregabilidade ou orgamento, entre outras ~ séo essenciais pa cia aos comandos programéticos do plano. Al no gera necessariamente, por scu tumo, a elaboragio de ou- tras normas jurfdicas. Sem adentrarmos na natureza jurfdica da Lei do Plano, com suas constantes alteragées, em face das mutagdes da rea- lidade, deve 0 Estado ser responsabilizado pelos prejufzos cau- sados a terceiros em consequié como defendem, por sinal, SOUZA (1996a), LAUBADERE (1985), SAVY (1977) € ‘outros. O plano pode mexer com os poderosos, desconcen- trando a renda e suprindo as caréncias socioccond (0 MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONGNICO 193 da Carta Magna, trazendo efeitos catastréficos e danos enor- mes a uma parcela da sociedade. Em uma sociedade pés-modema, niio se admite mais a idéia da ndo-responsabilidade do Estado por seus atos, venham eles do Poder Legislativo, do Executivo ou do Judiciétio. A Lei do Plano € uma norma juridica, devendo, entéo, o Esta- do, no caso, o Muniefpio, ser responsével pelos atos que cau- sem prejuizo a alguns em suposto beneficio de todos, Seguindo mpde a responsal paras danos causados pelo Bstid6'd terceiro 8 decorrentes dos planos e das poi hicas em geral Podem ser identificadas diversas modalidades de plano e qualquer uma delas ser utilizada pelo Municipio. Pode ser indicativo, quando apenas seduz, incita os atores econdmicos a aderirem aos seus objetivos, ou imperativo, quando os co- mandos obrigam 0 seu cumprimento. Normalmente, os pla- nos seu artigo 37, § 6°, Em relagiio ao tempo de durago, os planos podem ser a longo, médio e curto prazo. Podem ser autoritérios, ou seja, elaborados por um grupo, no contando assim com a aprova- gio do Legislativo, ou entdo, democraticos, em que se tem a O plano também pode ser elaborado apenas para cum- prir um determinado objetivo (acabar com a falta de moradias ‘populares em uma cidade, por exemplo), mas também global, quando traga diretrizes para todos os setores econdmicos & sociais ~ como os de desenvolvimento econdmico ¢ s ou setorial, quando se preocupa somente com um ou mais setores, como 0 destinado a desenvolver o turismo ecoldgico. ‘A Carta Magna brasileira de 1988, em varios artigos, refere-se aos planos, como jé dissemos neste trabalho, com maior destaque para os planos de desenvolvimento econdmico 194 ‘QIOVANI CLARK € social, ou seja, os planos plurianuais, originariamente globais, que so de fundamental importéncia para o Muniefpio junta- mente com 0 Plano Diretor. O artigo 174 da Constituigto Federal determina que os planos de desenvolvimento econdmico e social sejam indica- tivos para 0 setor privado e imperativos para o setor ptiblico. Dessa forma, a Lei do Plano Municipal — quando se tratar dos comandos gerais para o desenvolvimento econdmico, obvia- mente, para @ intervencio do Poder Local no domfnio eco- nOmico — sera opcional para os agentes privados, cidadaos e organizagdes nuio governamentais municipais, e obrigat6ria para 0 Municipio, estando qualquer tipo de interveng&o reali- zada (direta ou indireta) por este vinculada 2quela. Diferentemente do Brasil, na Franga — onde os planos pas- saram a ter grande destaque a partir do I Plano Monnet, de 1947 @ 1952, chamados aps 0 IV, de Plano de Desenvolvi- mento Econémico e Social -, os planos, atualmente, so indi- cativos tanto para o setor privado como para o piiblico, ape- sar de aprovados pelo Legislativo, como entre nés, ressalva- das algumas diferengas, A Constituigdio portuguesa de 1976 também previa, como a brasileira, o planejamento indicativo para os agentes privados e o imperativo para o setor puiblico. Com 4 Revisio Constitucional de 1989, o plano passou a ser somente indicativo, inclusive para o Estado (ineluindo os dos Municfpios portugueses). A Lei do Plano Municipal deverd basear-se em uma radiografia economics, Social, politica e cultural do Municf- pio —tirada do diagnéstico das dificuldades, problemas, pecu- iaridades e potencialidades locais e regionais ~, além de pro- por diretrizes.¢, rumos, tracar Aedes e programas ¢ fixar metas © objetivos destinados ao desenvolvimento, presente.¢ futuro. ‘a Comunidade local. “6 'plano de desenyolyimento econémigo € social deve ser genérico ¢ flexivel para atender As mutagées sociais da sociedade teenolégica comandada pelos agentes privados, mas nfo pode deixar de modelar a liberdade econdmica desses agentes aos limites das necessidades sociais e da garantia dos (© MUNICIPIO 844 FACE DO DIREITO ECONONICO 195 Direitos Humanos. Alids, tais direitos nao se restringem aos direitos civis e politicos. “Com efeito, a denegacio ou violago dos direitos econd- micos, sociais ¢ culturais, materializada, e. g., na pobreza extrema, afeta os seres humanos em todas as esferas de suas vidas (inclusive civil e politica), revelando assim de modo marcante a interrelagio ou indivisibilidade de seus direitos. A pobreza extrema constitui, em dltima anélise, a negagto de todos os direitos humanos. Como falar de direito de li- vre expresso sem 0 direito A educago? Como conceber o direito de ire vir (liberdade de movimnento) sem direito & moradia? Como contemplar 0 direito de participagao na vida piblica sem o direito & alimentagao? Como referir-se 20 dircito & assisténcia judiciéria sem eo mesmo tempo ter presente o dircito & saide? E os exemplos se multiplicam. Em definitivo, todos experimentamos a indivisibilidade dos direitos humanos no quotidiano de nossas vidas: €esta uma realidade inescapével. J4 no hé lugac para compartimen- talizaghes, impte-se uma visio integrativa de todos os di- reitos humanos” (TRINDADE, 1995: 31), A Lei do Plano de Desenvolvimento Econémico, ao tratar das politicas econémicas intervencionistas destinadas ao desen- volvimento, cogitard, certamente, da empregabilidade, do direito a0 consumo das populagdes miserdveis, da melhoria dos servi- 0s piiblicos municipais, da racionalizagao do transito, da con- centrag&o ou desconcentragao urbana, da habitagio, da ex- pansao das atividades produtivas ¢ do aumento da intervencao direta, da rentincia fiscal, das obras de infra-estrutura, do meio ambiente etc. N&o devemos confundir 9 Plano Diretor com o Plano de Desenvalviments Econdmico ¢ Social do Municipio. O Plano Diretor tem normas jurfdicas basicas de planejamento e-expansfio Wrhand © oflenta a agdo estatal © privada em seu territério. Portanto, 0 objeto do Plano Diretor é mais restrito, desenvolvimento pela ética da normatizagao da ordenagaio 196 ‘GIOvANI CLARK. iamente, diferentemente daquele, que visa orientar o desenvolvimento sociceconémico. 3S, saneanento bésico, acdes ferias; estabelece as zonas poss(veis de parcelamento ficacilo compulséria de terrenos nfo edifica por diante. © Plano Diretor deve ser também implementado por ‘outras normas municipais — como, por exemplo, os Cédigos de obras ¢ pos ‘0 que estabelece norms para 0 uso, ocu- Pagiio, expansio e ordenagéo do terri sim, influenciando, as- iretamente no desenvolvimento das cidades, importante reafirmar que, no Brasil,os planos de desen- \ento econdmico e social elaborados pelos Municfpi + aprovados pelo Legislativo; sdo, portanto, 's”, apesar de acharmos que, em nosso caso, a democracia fica restrita, quando nfo existe uma instineie altemnativa de Po- der (Conselho Econémico Social Municipal),com a participagéo social, para contribuir na sua elaboracio ¢ eiecuséo. Apesar da importdncia do planejamento municipal, uma das grandes dificuldades, no federalismo cooperado, € com- i24-lo com 9 da Unitio € dos Estados-membros. © federalismo dual era compativel com a economia de mercado, jé que praticamente o Estado rio a; te na vida econdmica, tendo em vista ¢ realidade socioeco- admica. Posteriormente, com a necessidade de 0 Estado atuar diutrnamente no domfnio econdmico, em face dos motivos J expostos, criou-se 0 federalismo coopendo, delegando ao Poder Central, a Unitio, em regra, a centralizagao da interven- cio, via plano ou nao. (© MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO 197 ‘Mesmo no federalismo cooperado da Carta Constitucio- nal de 1988, que nao limita a intervengiio & Unio, mas a es- tende aos Municfpios ¢ Estados-membros, ha tempos existe ‘choque entre a preméncia de uma certa “centralizagio” da inter- vengao econdmica nas m&os da Unido, no intuito de ela con- quistar seus proprios objetivos; e a manutengio da autonomia do Municipio — seja ela financeira, politica ou administrativa -, bem como de sua competéncia para agir na vida econémica, por intermédio de suas politicas econémicas endégenas. Quando criamos mecanismos jurfdicos modernos e de- mocrdticos de convivéncia entre Unido, Estados-membros € Municipios, preservando a autonomia dos dois tiltimos, e para a composicio dos naturais litfgios nesse tipo de federalismo, sera possfvel a harmonizagiio dos planos e das intervencdes no domfnio econdmico em geral. Em nosso abono, escreve GRAU (1978): mo, verificaremos que 0 con- to no mais se manifesta, mas, pelo contrério, os mo- demos processos € métodos de intervencdo oferecem e induzem as condigdes de reformulagto ¢ revivificagéo de novos modelos de federacio, ensejando lie zagiio &s realidades econdmicas ¢ soci: Quando dizemos que © plano estatal dita o desenvolvi- mento, é necessdrio oferecermos algumas linhas sobre de- senvolvimento, pois que ele € prioritério para os cidadaos nagdes do Terceiro Mundo, invariavelmente assolados pela ria e exploragao do “Primeiro Mund: O desenvolvimento faz parte da ideologia constitucional da Carta Magna de 1988; tanto € assim que encontramos a sua consagragao nos artigos 174, § 1.°, 182 ¢ 192 da CF, entre outros. Dessa forma, um dos instrumentos fundamentais para se atingir o desenvolvimento € 0 planejamento enquanto técnica 198. ‘GIOVANI CLARK do Estado para intervir no domfnio econdmico, imprescindt- vel para o nosso pafs em desenvolvimento, sobretudo, nos Municipios. , A nossa Constituico Federal de 1988, quando trata de desenvolvimento, vai ao encontro das normas internacionais da Epoca. O Direito ao Desenvolvimento, que faz parte dos Di- reitos Humanos dos povos, € determinado pela Carta de Direi- tos € Deveres dos Estados da ONU (Resolugio n, 45.111, edi- tada em 1972), que aponta o direito das nagdes em desenvol- vimento, ou melhor, do Terceiro Mundo, de se desenvolve- rem ~ respeitadas as suas soberanias — por meio de interven- bes no dominio econdmico e social, além de receberem aju- da internacional das nages desenvolvidas. Bxatamente 0 re- verso dos ideais e das ages praticas da globalizagio, Temos, ainda, a Declaragio do Direito a0 Desenvolvimento, Reso! do n. 41/128, de 04.12.1986, também da ONU, que orienta 6 desenvolvimento pela ética dos direitos humanos. Hoje, o desenvolvimento 6 necessariamente sustentivel, todas as ages que-visem # melhoria de vida e a pros fei ual ou social, devem_ rvacao: do'tié al, recomposicio, protegiio). Nao temos mais como dissociar as politicas econémicas de desen- yolvimento e defesa do meio ambiente, em face da importan- cia deste tiltimo para o processo produtivo, bem como para a continuagao das espécies, inclusive a humana, no globo terrestre. No desenvolvimento, tem-se uma quebra das estruturas anteriores, criando-s¢ novas, outro estégio social, nas quais 0s cidadios, em geral, adquirem uma qualidade de vida superior & anterior, diante dos renovados patamares de distribuigdo e acesso a0s bens econémicos e culturais, da participacio politica, da garantia de direitos e da preservagio da natureza.._Desenvol- vimento também no se confunde com crescimento, porque 0 ta em “desequillbrio pOsTEVO™ eo segundo, em tem-se 0 ‘equiltbrio’ das relagdes en- tre os componentes do todo, podendo haver o seu aumento ‘quantitativo ou qualitetivo, porém mantidas es proporgdes (© MUNICIPIO EM FACE DO DIREITO ECONOMICO 199 dessas relagBes. No ‘desenvolvimento’, rompe-se tal ‘equi- brio’, dé-se o ‘desequilfbri -am-se as proporgées I se verificasse em sentido negati- a recessf(o, embora também como igualmente rompida com 0 status quo ante” (SOUZA, 1999: 404 Nos paises subdesenvolvidos do Terceiro Mundo, como © nosso, é de extrema importancia que o Estado, incluindo o Poder Local, seja 0 condutor da politica econdmica de desen- volvimento, isso sem menosprezar o importante papel a ser desempenhado pelos particulares. Logicamente, em uma eco- nomia de mercado, os atores privados esto preocupados com a maximizago de seus lucros — perfeitamente compatfvel com ocrescimento econdmico ~, ndo se importando com mudangas estruturais positivas na sociedade, que podem restringir esses lucros. Para existir 0 desenvolvimento, 0 Municfpio tem que intervir no dominio economico, direta ou indiretamente, con- io por um plano, promovendo a consumo, a reforma agrdria & ubaii + * coca, Temnbiaiido-se de que, para tanto, nfo deve copiar ou O Muniefpio seré um dos agentes propulsores do ““dese- quilfbrio positive” ao impor aos afortunados cooperagao & efetivar direitos aos miseraveis, transformando, assim, as es- truturas socicecondmicas locais, Em sfatese, consagrard en- tre nds os Direitos Humanos, nos quais se insere 0 Direito ao Desenvolvimento. 7.3 A ECONOMIA COMBINADA E CONTRATUAL NOS MUNICIPIOS (3-1o-"S% comids) Como jé dissemos antes, 0 Municfpio intervém no do- minio econémico para efetivar os fins de nossa Constituicao

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