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Revista Brasileira de Meteorologia, v.20, n.

2, 215-226, 2005

TENDÊNCIAS HIDROLÓGICAS DA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL

JOSÉ A. MARENGO e LINCOLN MUNIZ ALVES

CPTEC/INPE, Rodovia Dutra km. 40, 12630-000 - Cachoeira Paulista - SP

Recebido Janeiro 2004 - Aceito Março 2005

RESUMO
Este trabalho tem a intenção de analisar as sistemáticas tendências negativas detectadas nas séries históricas de
vazões e cotas do rio Paraíba do Sul desde 1920. Esta bacia abrange uma das mais desenvolvidas áreas industriais
do País em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, arrecada cerca de 10% do PIB nacional e já assume um
papel de destaque na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. As águas do rio Paraíba do Sul
abastecem aproximadamente 15 milhões de pessoas, que na sua maioria vive em regiões metropolitanas. Uma
queda sistemática nas vazões pode ter graves conseqüências sociais e econômicas, e uma das causas apontadas
pelos governos locais é uma possível queda no volume de chuvas. Uma análise estatística em séries pluviométricas
e fluviométricas apontam tendências negativas nas vazões. Entretanto, com relação à precipitação na bacia, não se
observa tendência negativa, e sim em alguns pontos a tendência tem sido ligeiramente positiva. Uma análise de
autoregressão destas séries hidrológicas mostra uma alta correlação entre as vazões em vários anos consecutivos,
sugerindo que a regularização de uso da água para abastecimento, geração de energia, e desvio de rios para usos
na agricultura podem ser os responsáveis pelas quedas sistemáticas nas vazões, e não uma mudança climática do
regime de chuva na bacia.
Palavras-chave: Vazões, mudança de clima, tendências, hidrometeorologia.

ABSTRACT: HYDROLOGICAL TENDENCIES IN THE PARAIBA DO SUL RIVER BASIN


This study is directed to an analysis of the negative river streamflow tendencies detected in the Paraíba do Sul River
series since the 1920’s. This basin covers one of the most developed and industrialized regions of Brazil in the states
of São Paulo, Minas Gerais and Rio de Janeiro, and is responsible for almost 10% of the Gross National Product,
and it has a primary role in the National Water resources Policy. The waters of the Paraiba do Sul River supply the
demands of almost 15 million people in mostly large cities; depend primarily from this water supply. Any reduction
in the volume of its waters may have large social and economical impacts, and currently the thinking on many of
the city governments across the valley is that the rains are decreasing systematically. A detailed statistical analysis
applied to the river streamflow and rainfall series in several stations in the valley detect the negative streamflow
tendencies. However, there are no signs of any significant rainfall reduction in the valley, and in fact, some stations
show small rainfall increases in time during the recent decades. Am autocorrelation analysis performed on the river
streamflow series show a large autocorrelation in consecutive years, suggesting than regulation in the operation of
reservoirs for water use (hydroelectric generation, irrigation, human consumption) are responsible for the negative
streamflow tendencies, rather than a climate change in the form of changes in the rainfall regime in the basin.
Key words: Streamflow, climate change, tendencies, hydrometeorology.

1. INTRODUÇÃO é ladeado pelas Serras do Mar e Mantiqueira. Após sua


formação, pela união dos rios Paraitinga e Paraibuna, passa
O aumento da população mundial e o comprometimento por todo o Vale do Paraíba e adentra o Estado do Rio de
cada vez maior dos corpos d’água fazem com que a escassez Janeiro, onde deságua no Oceano Atlântico, em São João da
desse recurso vital torne-se não apenas um cenário futuro Barra, depois de ter percorrido 1.180 km (Amorim e Ferreira,
sombrio, mas uma ameaça cada vez mais presente. 2000).
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul estende-se Esta bacia abrange uma das mais desenvolvidas áreas
por territórios pertencentes a três Estados da Região Sudeste, industriais do País, arrecada cerca de 10% do PIB nacional
cuja rede de drenagem ocupa uma área de aproximadamente e tem um papel de destaque na implementação da Política
57.000 km²: São Paulo (13.605 km²), Rio de Janeiro (22.600 Nacional de Recursos Hídricos.
km²) e Minas Gerais (20.500 km²). O rio Paraíba do Sul é É importante salientar que, em geral, as vazões
utilizado para fins domésticos e industriais, não só como fonte fluviais apresentam grande variabilidade sazonal. Entretanto,
de abastecimento, mas, também, como receptor de efluentes. No no Vale do Paraíba, região que usufrui os recursos do rio
seu curso natural, o rio Paraíba do Sul, em território paulista, Paraíba do Sul, as vazões apresentam certa regularidade,
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garantida pelos reservatórios de cabeceira (dos rios Paraitinga/ no uso da terra que pode afetar todo o ciclo hidrológico; (d)
Paraibuna e Jaguari). Esta situação é pouco alterada pelos mudanças gradativas no canal do rio devido à sedimentação e
afluentes do Paraíba, a jusante destes reservatórios. deposição de sedimentos que podem não ter sido considerado
O vale do rio Paraíba do Sul revela progressivo no momento de calcular vazões usando a curva chave; e,
processo de industrialização e urbanização assim como finalmente, (e) mudanças gradativas no regime e distribuição
degradação ambiental. Segundo a ANA (Agência Nacional de chuvas na bacia, decorrentes de mudanças climáticas
de Águas, 2003), o intenso uso urbano, industrial e energético regionais.
que se faz dos recursos hídricos desta bacia contribuíram Estudos prévios sobre tendências nas séries
para o aumento da demanda de água, com sérios indícios de hidrológicas do rio Paraíba do Sul (Marengo, 1995; Marengo
comprometimento da quantidade e da qualidade dos recursos et al., 1998) mostraram tendências negativas nas cotas do rio
hídricos hoje observados. Paraíba do Sul no posto fluviomêtrico de Campos-RJ. Ressalta-
As águas do rio Paraíba do Sul abastecem em torno se, contudo, que não foram feitas análises da variabilidade ou
de 15 milhões de pessoas, 87% das quais residentes em regiões tendência em outros postos fluviomêtricos no canal principal
metropolitanas. A tendência de concentração populacional nas do rio, nem tampouco uma análise da variabilidade de
áreas urbanas, como pode ser observado na Tabela 1, segue o longo prazo da chuva na bacia, ou, ainda, uma análise de
mesmo padrão de outras regiões brasileiras e é um dos fatores mudanças no uso da terra ou da água do rio que podem ser
responsáveis pelo aumento da poluição hídrica na bacia (IBGE, responsáveis pelas quedas sistemáticas nas vazões. Assim,
1996). Em toda sua extensão, há atualmente 180 municípios, neste estudo, serão analisadas séries de chuva e vazão em
onde se localizam 7.000 indústrias. Estas indústrias, por sua vários postos hidrometeorológicos na bacia do rio Paraíba do
vez, apresentam elevado potencial poluidor, cuja geração Sul, desde 1920. O principal objetivo é identificar tendências
de resíduos reverte-se em impactos negativos para cerca de hidrometeorológicas e associá-las a mudanças observadas nas
6.000 pequenas, médias e grandes fazendas que dependem vazões do Rio Paraíba do Sul.
primordialmente de suas águas.
A bacia do rio Paraíba do Sul tem sido palco para 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA BACIA
a implantação de uma série de aproveitamentos de usos 2.1. Fisiografia da bacia
múltiplos da água, visando à regularização de vazões, o
controle de cheias e à geração de energia elétrica. No trecho O rio Paraíba do Sul nasce na serra da Bocaina, no
paulista da bacia, destacam-se os aproveitamentos de potência Estado de São Paulo, a 1.800 m de altitude, e deságua no norte
instalada de Paraibuna/Paraitinga (86 MW), Santa Branca fluminense, no município de São João da Barra, percorrendo
(58MW) e Jaguari (27,6 MW). Os reservatórios de Paraibuna/ uma extensão aproximada de 1.180 km. Sua bacia tem forma
Paraitinga e Jaguari são os que apresentam maiores volumes alongada e comprimento cerca de três vezes maior que a sua
de regularização de vazões, sendo os principais responsáveis largura máxima. Distribui-se na direção leste-oeste, entre
em garantir o abastecimento da região metropolitana do Rio de as serras do Mar e da Mantiqueira, situando-se em uma
Janeiro, atendendo a uma população de mais de 8 milhões de das poucas regiões do País que apresentam relevo muito
habitantes (CBH-PS 2003). A importância política e econômica acidentado, de colinoso a montanhoso, chegando a mais de
da bacia do rio Paraíba do Sul, no contexto nacional, vem 2.000 m nos pontos mais elevados. Nesta região, destaca-
exigindo ações do Governo e a mobilização de diversos se o Pico das Agulhas Negras, no maciço de Itatiaia, ponto
setores da sociedade para a recuperação dessa bacia, a qual tem culminante da bacia, a 2.787 m de altitude.
registrado tendências decrescentes nas vazões do rio em vários Ao longo de seu percurso, o rio Paraíba do Sul
postos no canal principal desde Paraibuna-SP até Campos-RJ. apresenta trechos com características físicas distintas, as quais
Dentre as possíveis causas desta redução sistemática nas vazões podem ser divididas de acordo com a seguinte classificação:
e cotas do Paraíba do Sul, temos: (a) efeitos antropogênicos de
uso da água para abastecimento e geração de energia, com a • Curso superior: estende-se da nascente até a cidade
construção de barragens e açudes; (b) desvio de rios para usos de Guararema-SP, a 572 m de altitude, apresentando fortes
na agricultura e que pode aumentar a evaporação; (c) mudanças declives e regime de chuva torrencial, com declividade média
de 4,9 m/km e extensão de 317 km;
População 1970 1980 1991 1996
• Curso médio superior: começa em Guararema e segue
Total 3.341.854 4.096.138 4.944.056 5.246.066
até Cachoeira Paulista-SP, onde a altitude é de 515 m. Nesse
Urbana 2.197.643 3.164.317 4.231.244 4.560.231
trecho, o rio é bastante sinuoso e meandrado, percorrendo
Rural 1.144.211 931.821 712.812 685.835 terrenos sedimentares de grandes várzeas. A declividade média
% Urbano 66 77 86 87 cai para 0,19 m/km numa extensão de 208 km;
(Fonte: IBGE)
• Curso médio inferior: situa-se entre Cachoeira
Tabela 1: Crescimento populacional no Vale do Paraíba entre Paulista-SP e São Fidélis-RJ, onde a altitude é de 200-
1970 e 1996. 400 m, a declividade média é de 1,0 m/km, e sua extensão
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igual a 480 km. O rio apresenta-se encaixado e com trechos


encachoeirados;

• Curso inferior: o trecho final do Paraíba estende-se


de São Fidélis-RJ à foz, com 95 km de extensão e declividade
média de 0,22 m/km, atravessando a Baixada Campista, extensa
planície litorânea.

2.2. Clima e hidrologia

O clima da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul é


caracterizado como subtropical quente, com temperatura média
anual oscilando entre 18ºC e 24ºC. As máximas precipitações
ocorrem nas cabeceiras mineiras da bacia e nos pontos mais
altos das serras do Mar e Mantiqueira, chegando a valores
de 2.250 mm/ano. O período de verão é caracterizado como
chuvoso com precipitação acumulada entre 200 e 250 mm/mês
nos meses com máxima precipitação (dezembro e janeiro). No
inverno, o intervalo entre os meses de maio a agosto corresponde
ao período mais seco, com precipitação acumulada inferior a 50
mm/mês.
Entre os afluentes mais importantes do Rio Paraíba
do Sul, destacam-se os rios Jaguari, Paraibuna, Pirapetinga,
Pomba e Muriaé, pela margem esquerda, e os rios Bananal,
Piraí, Piabanha e Dois Rios, pela margem direita. As vazões
médias de longo termo em algumas estações fluviométricas,
situadas no rio Paraíba do Sul, consta na Tabela 2. A Figura 1
mostra o ciclo anual das vazões/cotas em vários postos ao longo
do rio Paraíba do Sul, observando-se que as máximas vazões/
cotas acontecem no período de dezembro-março, com picos em
janeiro-fevereiro.

3. DADOS E METODOLOGIA
3.1. Dados pluviométricos e fluviométricos

Neste estudo, foram utilizadas médias mensais de


chuva e vazão e/ou cotas (nível da água) do banco de dados do
DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado
de São Paulo), bem como da Agéncia Nacional de Águas

Posto fluviométrico Vazão média (m3/s)


Pindamonhangaba-SP 154
Queluz-SP 181
Itatiaia-RJ 231
Volta Redonda-RJ 283
Barra do Pirai-RJ 144
Anta-RJ 453 Figura 1: Ciclo anual das vazões e/ou cotas do rio Paraíba do
São Fidelis-RJ 627 Sul em vários postos no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro:
(Fonte: ANA) (a) Campos (cm), (b) Resende (m3/s), (c) Cachoeira Paulista,
(d) Cruzeiro (m3/s), (e) Guaratinguetá (m3/s), (f) Tremembé
Tabela 2: Vazões médias de longo termo de alguns postos (m3/s), (g) Pindamonhangaba (m3/s).
fluviométricos ao longo do rio Paraíba do Sul. (Fonte: ANA, DAEE).
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ANA, com registro no período de 1920-2000. Informações anunciado “apagão”.


sobre a rede pluviométrica e fluviométrica do DAEE, assim Pode-se afirmar que as chuvas do verão 2002/
como sobre as séries hidrometeorológicas e qualidade da 2003 tiveram um início próximo à climatologia, ou seja, as
informação, podem ser encontradas no web site do Sistema chuvas foram em torno da média de longo termo, entre os
Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São meses novembro e dezembro de 2002. Entretanto, os totais
Paulo (www.sigrh.sp.gov.br). O SIGRH é um portal de acumulados nos meses subseqüentes foram inferiores a
acesso às bases de consultas, comunicações e conhecimentos 50% da média histórica, fechando a estação com um déficit
acumulados, voltados para a comunidade de gerenciamento de significativo em dezembro 2003 (Figura 2). A Figura 2 também
Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. mostra que a média da chuva integrada, derivada da informação
Também foram utilizados dados de chuva em ponto de postos pluviométricos na bacia do rio Paraíba do Sul (MLT
de grade (0.5o-0.5o lat-lon) do Climate Research Unit CRU de 1971-2000 para o ano hidrológico outubro-setembro), é
do Reino Unido (New et al., 2000), entre o período de 1930 de 122 mm/mês (1450 mm/ano). A média sazonal na estação
e 1998. A chuva integrada da bacia foi calculada a partir de chuvosa de dezembro-janeiro-fevereiro é de aproximadamente
uma média ponderada aplicada aos dados da DAEE-ANA e 250 mm/mês, bem próxima à média sazonal da bacia derivada
o mesmo procedimento foi aplicado aos dados em ponto de dos dados de chuva da CRU e que é igual a 235 mm/mês para o
grade dos dados do CRU. Os dados em ponto de grade dos mesmo período (Figura 3). Os valores de chuva integrada para
dados do CRU foram gerados usando técnicas de interpolação a bacia, gerados pelo CPTEC (www.cptec.inpe.br/energia),
em função da latitude, altitude e elevação “thin-plate foram de 147 mm/mês em 2001-2002, 310 mm/mês em 2002-
splines” para cobrir falhas na cobertura dos dados dos postos 2003 e de 230 mm/mês em 2003-2004. A Figura 3 mostra, de
pluviométricos, considerando latitude, longitude e altitude. maneira geral que a chuva média integrada para toda a bacia
Marengo (2004) analisou a certeza da climatologia de chuva não apresenta tendência positiva ou negativa significativa.
dos dados do CRU para a bacia Amazônica, usando “cross- Entretanto, observa-se uma forte variabilidade interdecadal,
validation” e comparando com outras climatologias de chuva com precipitações reduzidas durante o período 1954-57
em ponto de grande ou em postos pluviométricos, e encontrou e, recentemente, durante 2001-2003, e acima da média no
diferenças de menos de 10% entre a média baseada em estações período 1966-68, quando houve o pico da estação chuvosa.
pluviométricas e da CRU. Segundo dados divulgados pelo Operador Nacional o
Sistema Elétrico ONS (CBH-PS 2003), a última vez que houve
3.2. Análise de tendências um armazenamento máximo na bacia foi em 1996, quando se
atingiu a marca de 98,7%. Desde então, esse volume diminui
A direção e significância estatística das tendências a cada ano, chegando até 45,2 % em 2002. Já no final de julho
nas séries de chuva e vazões foram determinadas segundo o de 2002, a situação voltou a se agravar. Diante desta situação
teste de Mann-Kendall (Press et al., 1989). Este teste tem sido de escassez, observa-se uma hidrologia desfavorável nos anos
usado extensivamente em estudos de tendências hidrológicas de 2000, 2001 e 2002, que tiveram as piores vazões em todo o
(Marengo et al., 1995; Dias de Paiva e Clarke, 1995; Chiew et período histórico, desde 1931.
al., 1993; Lettenmaier et al., 1994, Marengo et al., 1998). Porém,
este teste assume que a série não apresenta autocorrelação,
como por exemplo, na análise da chuva, entretanto, nada se
pode concluir para uma série de vazões, especialmente quando
estas séries apresentam variabilidade de longo prazo, resultado
de regularização pelos rios.

4. DISCUSSÕES

Deve-se relembrar, em primeiro lugar, que nos anos


de 2001, 2002 e 2003 (CPTEC, 2003), as chuvas no período
chuvoso (novembro a março) foram abaixo da média de longo
termo nas cabeceiras do Paraíba do Sul. Outro fato que merece
ser mencionado é a crise energética que assolou as Regiões
Sudeste e Nordeste do Brasil, em que as chuvas no verão 2000/
2001 foram inferiores a 50% da média histórica (Cavalcanti Figura 2: Precipitação média mensal na bacia do rio Paraíba
et. al., 2001) e o volume útil dos principais reservatórios do Sul desde outubro 2001 até julho 2004. As barras em tons
hidroenergéticos chegou a 15%. O fato das chuvas do período de cinza escuro representam a precipitação acumulada no mês
chuvoso 2002/2003 terem se iniciado durante as primeiras e em tons de cinza claro representa a média de longo termo.
semanas de novembro (Marengo et al., 2001) evitou o tão Unidades em mm/mês.
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Figura 3: Vazão e/ou cotas na bacia do rio Paraíba do Sul durante o período 1930-98. Unidades em m3/s (vazão) e cm (cotas).
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No final de 2003, a situação refletia ainda um Campos-RJ, e do rio São Francisco, no posto de Juazeiro-
quadro preocupante, no qual os reservatórios localizados nas BA. Além disso, uma análise de autocorrelação nas series de
cabeceiras do Paraíba do Sul, em território paulista, estavam Campos e Juazeiro mostraram possíveis efeitos da regularização
com cerca de 14% do volume máximo decorrente dos baixos como causa desta tendência negativa sistemática, porém, não
totais acumulados de chuva nos anos anteriores. No verão de foi feita uma análise da variabilidade ou tendências da chuva
2004, choveu próximo à normalidade na bacia e as chuvas em na bacia para verificar se, de fato, chove menos ou não nestas
março e abril corresponderam a quase 75% do normal. Ainda bacias.
assim, os meios de comunicação (Jornal Vale Paraibano, 21 Existe, ao longo da bacia do Paraíba do Sul, um
março 2004) informaram que o nível do Paraíba do Sul atingiu grande número de postos fluviométricos. Entretanto, é
a sua menor média histórica, e que, controlado pelas represas, importante destacar que vários postos apresentam falhas (de
o fluxo de água do rio foi alterado com o objetivo de elevar, instrumentação ao longo do tempo) em seus registros, e alguns
até abril, a capacidade dos reservatórios de cabeceira de 39% foram desativados e outros começaram a ser operacionalizado
para 42%. Em julho de 2004, o nível dos reservatórios alcançou recentemente. Desta forma, ressalta-se a grande dificuldade
entre 30%-45% em Paraibuna e Santa Branca. em identificar tendências hidrometeorológicas baseadas
unicamente em séries de vazões ou cotas dos rios. As Figuras
4.1. Tendências das vazões 3 e 4a-4e mostra as séries mensais de vazões e cotas em
vários postos na bacia do Paraíba do Sul nos Estados de São
Diversos estudos usaram vazões de rios como Paulo e Rio de Janeiro. Observam-se períodos com falhas
indicadores da variabilidade climática (Dettinger et. al., 2000) na informação em Tremembé e Queluz, após de 1970, em
em várias regiões do mundo. Para o Brasil, uma analise de Cruzeiro, desde 1980 e em Cardoso Moreira depois de 1955.
tendências nas vazões dos rios Negro, na Amazônia, São As séries analisadas no posto de Campos (Figura 4)
Francisco, no Nordeste (Marengo et. al., 1998), e Piracicaba, mostram uma queda sistemática nas cotas, o que sugere uma
no Sudeste (Moraes et. al., 1996), mostram que as séries de tendência negativa que já foi identificada por Marengo et al.,
vazões dos rios apresentam correlação serial ou autocorrelação (1998). A falta de água nos reservatórios esta provocando uma
em alguns casos, o que muitas vezes acontece em bacias com mudança no gerenciamento dos mesmos, inclusive com uma
grande capacidade de armazenamento de água no solo ou redução na vazão das usinas. Conseqüentemente haverá um
com regularização devido às estruturas hidráulicas. Estudos menor fluxo de água para os rios e menor vazão. Ressalta-se
preliminares (Marengo et al., 1998) mostraram tendências que as medidas efetuadas em Campos são as últimas medidas
negativas nas cotas do rio Paraíba do Sul, no município de antes do rio desaguar no Oceano Atlântico.

Figura 4: Série temporal das vazões e/ou cotas do rio Paraíba do Sul em alguns postos no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro.
Unidades em m3/s, e cm.
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As Figuras 3 e 4, que mostram as séries hidrológicas


de alguns postos na bacia do Paraíba do Sul, permitem concluir Posto Pluviométrico Período Parâmetro Significância
que os valores mais elevados de vazão e/ou cotas, em relação de Mann- estatística
à média de longo termo, são observados no período de 1966- Kendall
1970. É possível observar, ainda, que os menores valores Resende-RJ 1930-2000 -0,166 *
ocorreram entre 1952 e 1957, período este correspondente Cachoeira Paulista-SP 1932-2000 -0,156 *
a grande estiagem de 1955 (Marengo, 1995). É evidente,
Pindamonhangaba-RJ 1961-2000 -0,229 **
ainda, que as séries de vazão dos postos de Queluz e Cruzeiro
mostram valores sistematicamente baixos após 1970 e 1960- Campos / 1923-2000 -0,277 **
Ponte Municipal-RJ
80, respectivamente. Em comparação com outras séries
hidrológicas, a diminuição não parece estar associada a fatores Paraíba do Sul-SP 1968-2000 -0,100 NS
climáticos e sim a fatores na regularização das vazões do rio. Guaratinguetá-SP 1926-1986 -0,114 *
As séries de Cardoso Moreira, Campos e Queluz mostram (FONTE: DAEE, ANA)
valores baixos durante a estiagem de 2001. Estas quedas podem
estar associadas a três fatores: (a) mudança na curva chave; Tabela 3: Postos fluviométricos usados para detectar tendências
(b) mudanças na instrumentação do posto; (c) gerenciamento nas vazões e/ou cotas do rio Paraíba do Sul durante o período
no uso da água pelo controle das represas para elevar a de máximas vazões (dezembro-fevereiro). A tabela mostra o
capacidade útil dos reservatórios. Entretanto, estas mudanças período de registro, o parâmetro de Mann-Kendall indicando
não pareceram estar associadas a tendências de chuva na bacia, a direção da tendência e o nível de significância estatística:
como mostrado na Figura 3. sem significância estatística (NS); (*) e (**) indica o nível de
Segundo a ANA (2003), a região que compreende significância de 5% e 1%, respectivamente.
o Vale do Paraíba (desde a região de Cruzeiro e Queluz, no
trecho paulista da bacia, até a região de Vassouras, no trecho 4.2. As tendências decrescentes nas vazões do Paraíba do
fluminense), principalmente entre o rio Paraíba do Sul e a Sul estão associadas à mudança natural ou antropogênica
rodovia Presidente Dutra, é uma das mais críticas quanto do clima?
à ocorrência de erosão acelerada, com muitas ravinas e
voçorocas ao longo das íngremes encostas que são cobertas por O relatório do IPCC (2001) mostra que, na Região
ralas pastagens. O volume de sedimentos transportados para Sudeste do Brasil, durante o período 1901-1995, as chuvas
o rio, nessa região, é incalculável, e os resultados podem ser apresentaram um aumento inferior a 20%, porém, devido
observados na turbidez do rio e nos problemas de assoreamento à baixa resolução dos dados de chuva usados no estudo do
dos reservatórios de Funil e do Sistema Light, que recebe as IPCC, não há um detalhamento maior para a bacia do Paraíba
águas do Paraíba do Sul desviadas em Barra do Piraí. Tal do Sul. A Figura 5, foi elaborada com a mesma fonte de
situação pode ter alterado a curva chave, e, conseqüentemente, informação de chuva que o IPCC usou (CRU), porém com
pode ter provocado erros sistemáticos nas séries, o que uma resolução espacial maior (0,5º-0,5º lat-lon, ao contrário
determinam as aparentes tendências negativas detectadas em do IPCC que usou os dados com uma resolução menor, 5º-5º
alguns dos postos fluviométricos da região. lat-lon), mostra uma ligeira tendência positiva que não alcança
A Figura 4 mostra as séries de tempo das vazões e significância estatística.
cotas do rio Paraíba do Sul em alguns postos entre SP e RJ Uma análise pontual da chuva em alguns postos
durante o pico da estação (dezembro-fevereiro) de 1930 a 2000. pluviométricos na bacia alta e média (Figura 6), nos Estados
Os seis postos hidrológicos apresentam tendências negativas de SP e RJ, confirma que não há tendências significativas,
sistemáticas com valores bem menores nas décadas 1990-2000, positivas ou negativas, durante a estação chuvosa dezembro-
em comparação com as décadas de 1960-70. A Tabela 3 mostra fevereiro na bacia para o período da análise (1930-2000).
que as tendências negativas detectadas nas séries da Figura 4 Nesta figura, os resultados obtidos através da análise subjetiva
são estatisticamente significativas considerando os níveis de das séries são confirmados quantitativamente pelos resultados
5% ou 1% no teste de Mann-Kendall. da Tabela 4, que mostra uma análise das tendências nas séries
Considerando que o abastecimento de água para de chuva em alguns postos pluviométricos na bacia. Ainda que
população para o uso industrial e geração elétrica dependem a tabela apresente valores positivos ou negativos do parâmetro
das vazões do rio, se estas tendências negativas são reais, de Mann-Kendall (indicador da direção das tendências), estas
então estaríamos frente a uma grave crise hidrológica nos tendências não apresentam significância estatística. Neste
anos futuros, talvez como a ocorrida em 2001. A recuperação sentido, a análise de tendência de chuvas, em vários postos
do nível dos reservatórios depende das chuvas. Assim, fica a da bacia, evidência que as tendências negativas observadas
dúvida se esta tendência negativa observada nas vazões do rio nas vazões e/ou cotas (Tabela 3, Figura 5) podem ter causas
Paraíba do Sul estaria associada à diminuição gradativa das de outra natureza, não associadas às variações sistemáticas da
chuvas na bacia ou a fatores antropogênicos. chuva na região.
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Figura 5: Variabilidade de longo termo das vazões do rio Paraíba de Sul durante o período dezembro-fevereiro (DJF) em alguns
postos fluviométricos, para o período 1930-2000. A linha continua em cada painel mostra a tendência linear das vazões no período
observado. Unidades em m3/s e cm.

Figura 6: Variabilidade de longo termo da chuva da bacia do rio Paraíba de Sul durante o período dezembro-fevereiro (DJF) em
alguns postos pluviométricos, para o período 1930-2000. A linha contínua em cada painel mostra a tendência linear das vazões no
período observado. Unidades em mm/mês.

Conforme já mencionado, o teste de Mann-Kendall especialmente na bacia sul da Amazônia, onde uma estação
tem sido aplicado para detectar tendências em séries de vazões seca, excepcionalmente intensa, pode afetar a recuperação
e chuvas. Este teste assume que a correlação serial nos registros do volume armazenado na estação seca do ano seguinte e
hidrometeorológicos é muito pequena, o que funciona para conseqüentemente afetar as vazões do rio (Hodnett et al.,
dados de precipitação. Entretanto, em algumas bacias, podem 1996; Marengo et al., 1998).
existir outros fatores que invalidam esta afirmação, limitando a É importante considerar que tendências crescentes ou
aplicabilidade deste teste. Em bacias de grande porte, como a decrescentes nas vazões e/ou cotas de rios, durante a estação
bacia Amazônica, as séries podem apresentar grande correlação chuvosa, podem ser também explicadas por influências
devido à grande capacidade de armazenamento da bacia, a humanas. Um aumento na capacidade de armazenamento
qual pode aumentar a correlação serial. Isto foi observado ou perdas, devido à irrigação, pode explicar as tendências
Agosto 2005 Revista Brasileira de Meteorologia 223

observadas e pode, também, gerar uma correlação serial grande, Posto Período Parâmetro de Tendência
de modo a afetar os resultados do teste de Mann-Kendall. Por Mann-Kendall
outro lado, os registros de chuva geralmente apresentam baixa
Cachoeira Paulista-SP 1933-2000 -0.061 NS
correlação serial e não afetam os resultados do teste de Mann-
Kendall. Desta forma, este teste pode ser aplicado nas séries de Caçapava-SP 1930-2000 +0.045 NS
chuva para confirmar os resultados obtidos através da análise Guararema-SP 1929-1995 +0.547 NS
das tendências nas vazões e/ou cotas do rio Paraíba do Sul. Ponte Alta-SP 1938-1995 +0.057 NS
Coeficientes de autocorrelação foram calculados para São Luiz Paraitinga-SP 1937-1997 +0.087 NS
as séries de vazão/cotas em alguns postos fluviométricos no
Resende-RJ 1942-1994 -0.008 NS
rio Paraíba do Sul (Figura 7). As séries de Cachoeira Paulista
Barra Mansa-RJ 1942-1996 -0.018 NS
e Paraíba do Sul mostram que o coeficiente de autocorrelação
entre dois anos consecutivos é baixo, sugerindo uma baixa Rio das Flores-RJ 1942-1994 -0.095 NS
correlação serial e garantindo que o teste de Mann-Kendall Pindamonhangaba-SP 1933-1995 +0.093 NS
é adequado para a análise nestas duas séries. As vazões em (FONTE: DAEE, ANA)
Campos, Resende, Guaratinguetá e Pindamonhangaba mostram
tendências negativas significativas aos níveis de 5% e 1%, e, Tabela 4: Postos pluviométricos usados para detectar
segundo a Figura 7, também mostra uma alta correlação entre tendências na bacia do rio Paraíba do Sul durante o período de
dois anos consecutivos, podendo sugerir importantes efeitos máximas precipitações (dezembro-fevereiro). A tabela mostra
na operação do sistema ou no armazenamento de um ano para o período de registro, o parâmetro de Mann-Kendall indicando
outro, além de gerar tendências negativas que não são naturais. a direção da tendência e o nível de significância estatística: NS
Em relação a este último, a falta de água nos reservatórios está (sem significância estatística).

Figura 7: Correlogramas da série temporal de vazão/cotas durante o período de máxima vazão em: (a) Campos-Ponte Municipal;
(b) Resende; (c) Pindamonhangaba; (d) Guaratinguetá; (e) Cachoeira Paulista; (f) Paraíba do Sul. As linhas horizontais representam
os limites de confiança a 95% para a hipótese de não ter correlação serial.
224 José A. Marengo e Lincoln Muniz Alves Volume 20(2)

provocando uma modificação no gerenciamento hídrico das armazenamento das represas, divulgado pela ELETROPAULO
usinas, com a conseqüente redução da vazão dos rios. (SANEAS, 2004) mostram que os níveis de armazenamento
O teste de Mann-Kendall aplicado a registros no período de cheias vêm caindo numa proporção de mais de
pluviométricos e fluviométricos em outros postos da bacia 10% ao ano desde 1998, passando de mais de 80% em março
(não apresentados) confirmam as tendências e os resultados de 1998 para 55,8% em março 2000. Em 2001, no mês de
apresentados nas Tabelas 3 e 4. março, que é o pico anual de armazenamento, esse índice
Deve-se considerar que a função de autocorrelação era de apenas 34%. Considerando as análises de vazões e de
aplica-se a processos estocásticos estacionários. Se a série de chuvas já mostradas nas Figuras 4-6, a conclusão mais direta
tempo mostra uma tendência significativa, pode-se afirmar que é que o baixo nível das represas e das vazões do rio Paraíba
a série não é mais estacionária. Porém, neste estudo, usamos a do Sul são conseqüências de uma demanda maior que a oferta
função de autocorrelação para confirmar as afirmações teóricas possível da água e não de uma mudança climática do regime
do teste de Mann-Kendall, e não se discute ou conclue-se nada de chuva na bacia.
sobre o comportamento do processo estocástico. O teste de Mann-Kendall não parece adequado para
regiões com uso intensivo da água e não se deve aplicar
5. CONCLUSÕES exclusivamente às séries de vazões/cotas, mas, também,
para séries de chuvas na bacia. Se a hipótese nula de Mann-
Registros hidrometeorológicos da bacia do rio Paraíba Kendall é rejeitada, tem-se duas possíveis interpretações: (1)
do Sul, desde a década de 1930, foram analisados com a Existe tendência, (2) A hipótese nula não tem validade, pois a
finalidade de detectar e explicar as tendências observadas nas afirmação de que não existe correlação serial não é observada.
vazões e/ou cotas e associá-las às causas naturais ou aos efeitos Em caso da existência de uma autocorrelação alta entre as
antropogênicos. Em escalas de tempo interanual, observam- séries, como nas vazões do Paraíba do Sul, parece incorreto
se períodos de vazões extremas em anos que podem ser assumir (1). Assim, uma análise de tendência aplicado nas
caracterizados como extremos em termos de chuva: 1955 (ano séries de chuva na bacia foi feita para confirmar ou não a
seco) e 1967-68 (anos chuvosos). presença de tendências reais nas séries de vazões/cotas. Ainda
A principal conclusão do estudo é que as vazões do rio assim, é difícil explicar tendências de chuvas e vazões devido
Paraíba do Sul, observada em postos fluviométricos de SP e RJ à mudança climática regional.
mostram uma tendência negativa durante os últimos 50 anos, Uma limitação deste estudo é que as séries de vazão
que não parece estar associada às variações de chuva na bacia. e chuva não foram suficientemente longas para detectar
Uma análise de tendências e testes de autocorrelação mostram algum sinal climático acima do ruído ou “background noise”
uma correlação serial alta entre dois anos consecutivos, em da variação interna do clima. Ainda que as séries de vazões
vários postos fluviométricos, podendo isto sugerir importantes apresentem limitações para identificar mudanças climáticas,
efeitos na operação do sistema ou no armazenamento de um como aquelas já mencionadas na Seção 4, elas são apropriadas,
ano para outro, além de gerar tendências negativas que não pois representam uma importante integração das mudanças no
são naturais. Desta forma, as tendências negativas nas vazões uso da terra e no gerenciamento dos recursos hídricos, assim
sugerem um possível impacto da influência humana (na forma como da chuva.
de gerenciamento dos recursos hídricos, geração de energia,
esgotos lançados no rio, irrigação e crescimento populacional) 6. AGRADECIMENTOS
e não a uma mudança climática do regime de chuva na bacia.
Segundo a ABES (2004), a bacia possui muitos problemas Este estudo foi financiado pelo projeto do Inter
relacionados à poluição e ao desmatamento (hoje só existem American Institute for Global Change (IAI) CRN 055
11% da mata original). PROSUR, e pelo CNPq.
Estudos realizados pelo Laboratório de Hidrologia
da COPPE/UFRJ (ABES, 2004) referem-se à “rigorosa seca 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que já perdura por 7 anos no Vale do Paraiba” e que poderiam
gerar sérios problemas no abastecimento de água do Rio de ABES 2004: Paraíba do Sul. Uma fonte de vida a caminho da
Janeiro, em 2004. Nos últimos anos (2000-2003), a chuva morte. Revista Brasileira de Saneamento Ambiental-Caderno
foi abaixo da média histórica nas cabeceiras do Paraíba do Especial BIO, 29, 39-49.
Sul, com os menores valores durante a estação de 2001.
Entretanto, as chuvas foram próximas ao normal em 2004. Este
período relativamente menos chuvoso parece ser parte de uma
variabilidade interdecadal, com períodos de anos relativamente
secos e úmidos sucessivos, e não indica uma tendência
de redução sistemática das chuvas na região. Dados sobre Agencia Nacional de Águas, 2003: Projeto Paraíba do Sul
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