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Lordelo é obra?

Director: Miguel Correia


Web: pcplordelo.blogspot.com
PROLETÁRIOS DE TODO O MUNDO UNI-VOS!

Boletim político,
social e cultural
editado pela

Organização da
Freguesia de JULHO 2010
Lordelo do PCP Série II, N.º 3

Lordelo, 05 Junho 2010


Manifestação contra o PEC
Rua do Beleza - Falta de postes de iluminação pública, cabos eléctricos amarrados aos ramos das
árvores é o cenário perigoso desta rua que liga o lugar do Agrelo à Zona Industrial de Lordelo.

Estrada Nacional 209, junto aos antigos Correios - Já conhecido como o “triângulo das Bermu-
das”, esta obra prometida para antes das últimas Eleições continua neste estado deplorável.

Equipa sénior Aliados 1974/75. Em cima: Adriano, Machado, Zé Costa,


Recordar a nossa terra... Tropa, Tone Barros, Floresta, Lamas, Geraldinho, Manuel Feio. Em baixo:
Vermelho, Serafim, Amadeu, Osvaldo, Toni, Pacheco, Fernando Leal
ENTRAVES E DESAFIOS DO SECTOR DO MOBILIÁRIO
3, 4, 5 Setembro 2010
Quinta da Atalaia, Amora, Seixal
Há excursões - Contacto: 914 343 330 - Compra já a tua EP - 19,50 Euros

ENVIE AS SUAS SUGESTÕES, CRÍTICAS e REFLEXÕES: Email: pcplordelo@gmail.com /Telm.: 964783409


2 A FARPA / Julho 2010 / 2.ª Série / N.º 3 A FARPA / Julho 2010/ 2.ª Série / N.º 3 7
EM CIMA... Miguel Correia questiona Joaquim Mota na Assembleia de Freguesia
EDITORIAL Os Expansivos – Esta associação completou 30
Ainda que tenha havido um crescimento do sector dos anos de actividade no passado dia 17 de Junho. A última sessão da Assembleia de Freguesia de Lordelo, 9) O Clube de Natação dos SSCMP – Serviços Sociais da
serviços, a nossa cidade assenta ainda a sua economia no Nascido da vontade de um grupo de jovens que realizada a 28 de Junho, ficou mais uma vez marcada Câmara Municipal de Paredes/Rota dos Móveis conta
se propôs a manter viva as tradições da nossa pela irritação do presidente da Junta face à intervenção com 18 atletas, cerca de metade são jovens lordelen-
sector do mobiliário. Esta actividade continua a absorver
região, através das suas danças e cantares, inte- do deputado da CDU, Miguel Correia. No período antes des que treinam natação de competição alternadamen-
uma fatia considerável da mão-de-obra local, mas já teve da ordem do dia, o representante comunista abordou te nas Piscinas de Lordelo e Rebordosa. Este clube já
melhores dias. Na verdade, a actual crise juntamente gra desde 1980 a Federação de Folclore Portu-
guês e há cerca de 15 anos criou o Grupo de um conjunto de situações e pediu esclarecimentos ao levou alguns dos seus atletas a participarem em tor-
com alguns problemas crónicos nas estruturas das nos- Executivo, das quais destacamos: neios regionais de Juvenis e Juniores. Todo este traba-
Cavaquinhos e Música Tradicional Portuguesa
sas empresas, bem como a ainda incipiente formação “Vir’agora”. A dança, a música, o teatro e a divul- 1) Qual o ponto de situação dos prometidos novos lho tem sido encabeçado pela treinadora Isabel Leite,
teórica e técnica de empresários e operários puseram gação dos valores tradicionais devem muito à Pólos Educativos? Qual será o destino das instalações que deixou de receber qualquer remuneração desde 01
ainda mais a nu as fragilidades do sector. Uma dessas dedicação dos seus dirigentes e sócios. Parabéns! das actuais Escolas e Jardins de Infância? de Setembro de 2009 (dez meses de salário em atraso)
fragilidades é a desequilibrada relação laboral, em que 2) O Parque Infantil em frente aos Bombeiros possui por parte do Pelouro do Desporto da CM Paredes. Esta
os operários, os assalariados saem a perder, vendo-se Bombeiros de Lordelo - Nascida em 11 de Maio várias anomalias que põem em perigo as crianças que o professora vive actualmente numa situação de deses-
forçados a auferir um menor vencimento ou a ter que de 1970, a Associação Humanitária dos Bombei- frequentam. Quando é que a Junta de Freguesia vai pero, pois inclusivamente paga os custos do seu trans-
ros Voluntários de Lordelo (Douro) são uma insti- resolver o problema? porte desde Gaia, onde reside, até Lordelo ou Rebordo-
emigrar para outros países.
tuição de uma importância primordial para a nos- 3) Porque é que obras junto aos Correios Velhos estão sa, mas não quer deixar a meio o trabalho realizado
Esta edição versa sobre os entraves colocados ao desen- paradas? Que resolução pretende dar ao facto de uma com prejuízo para os atletas. Esta equipa de natação
volvimento da indústria do mobiliário e desafios que o sa freguesia, bem como para as freguesias vizi-
nhas. Parabéns pelos seus 40 anos! loja comercial ficar “entalada” entre dois muros sem corre o risco de terminar a sua actividade. Tinha conhe-
sector enfrenta, não numa perspectiva de colocar condições de boa acessibilidade? cimento desta situação e o que pretende fazer?
empregadores contra empregados, mas com o objectivo 4) A rua Antero Ferreira Leal precisa de urgente requa- Respostas de Joaquim Mota às questões da CDU:
de promover a necessária reflexão sobre uma realidade
que diz respeito ao nosso presente e ao nosso futuro.
EM BAIXO… lificação. Há troços desta via esburacados, com grelhas
das caixas das águas pluviais completamente inadequa-
1 - Já arrancaram as obras do Pólo Educativo da Campa
e já foi efectuada a compra de terreno para o Pólo Edu-
Se é certo que a estratégia de desenvolvimento terá de Aliados – É triste mas é a realidade. O Aliados das – que inclusive já causaram acidentes. Não há pas- cativo de Corregais. Sem adiantar pormenores, as
assentar na formação e qualificação profissional dos corre o risco de desaparecer e com isso uma par- seios, os caixotes do lixo junto à berma obstam a circu- actuais instalações das Escolas e Jardins de Infância
te da “alma lordelense”. As múltiplas reuniões e lação de pessoas e viaturas, há zonas – sobretudo em serão entregues às associações de Lordelo.
empresários e operários e no desenvolvimento de com-
assembleias até podem salvar o Aliados por mais algumas curvas - de grande perigo que necessitam de 2 – Sem dar uma resposta concreta, criticou o deputa-
petências para fazer face a um mercado de trabalho cada algum tempo, mas só a consciência que o tempo medidas urgentes, como por exemplo colocação de do da CDU por não especificar quais são as anomalias
vez mais exigente, é imperioso também a urgente eleva- de viver acima das possibilidades terminou é que barreiras de protecção. Para quando o inicio das obras do Parque Infantil junto aos Bombeiros.
ção da consciência política e ideológica dos trabalhado- pode levar a um projecto de futuro. há muito prometidas? 3 – As obras estão paradas devido a desavenças de
res, a esmagadora maioria não sindicalizados. 5) A rua EN209 na zona da Escola EB2,3 e Secundária vizinhos, fruto da permuta de terrenos entre um dos
A consciência de classe e a luta dos trabalhadores são as Joaquim Mota – A crítica em relação ao deputado de Lordelo continua com deficiências assinaláveis. É proprietários e a Junta, o que levará a que a loja comer-
armas mais eficazes contra os baixos salários, a precarie- da CDU Miguel Correia de este nada ter feito em necessário arranjar os passeios junto à estação do CTT cial fique com a sua entrada entalada entre dois muros.
dade e os abusos do patronato. prol do meio ambiente em Lordelo, repetida na e à farmácia, há falta de lugares de estacionamento, O presidente da Junta admitiu que a permuta pode não
Consciente da necessidade da defesa dos interesses dos última Assembleia de Freguesia, constitui uma falta sinalização e passadeiras, nomeadamente junto à ter sido a melhor solução, mas disse que o acesso à
trabalhadores, a Organização Sub-Regional do Vale do mentira e uma calúnia. É certo que a Junta, nos estátua Ribeiro da Silva e no cruzamento da antiga Stop habitação com loja comercial fica salvaguardado e não
últimos tempos, tem colaborado na limpeza das (Rua Ribeiro da Silva). Para quando a resolução de considera que isso prejudique o pequeno negócio da
Sousa do PCP criou o Sector do Mobiliário do PCP. Este
margens de rio Ferreira juntamente com a asso- todas estas situações? família.
organismo denunciou vários casos de abuso patronal ciação Moinho. É caso para dizer “mais vale tarde 6) A rua do Cabo, entre Parteira e a Levadinha, encon- 4, 5 e 6 – Joaquim Mota não adiantou qualquer tipo de
junto das entidades públicas, nomeadamente na Assem- do que nunca”, pois nem sempre assim foi. Os tra-se numa situação deplorável, aliás que foi alvo de prazo para intervenção nas ruas referidas, dizendo que
bleia de República através dos deputados comunistas dirigentes e sócios desta associação ambientalista uma reportagem de um jornal regional em meados de não é possível nesta altura do mandato que as obras
eleitos pelo distrito do Porto e realizou várias distribui- não esquecem dos tempos da discriminação que Maio. É uma rua com partes em terra batida, esburaca- prometidas estejam efectuadas.
ções de documentos e acções de contacto com os traba- foram alvo por parte de Joaquim Mota. O presi- da, com um escoamento insuficiente para as águas 7 – Estima que a taxa de cobertura de saneamento se
lhadores à saída das fábricas nos concelhos de Paredes e dente da JF ficará para a história por ter negado pluviais e sem saneamento, quase intransitável que situe entre 75% a 80% e informou que teve reuniões
Paços de Ferreira. O objectivo é alertar para as dificulda- apoio nas primeiras acções de limpeza realizadas limita fortemente a circulação de viaturas, nomeada- “duras” com a VEOLIA para resolver situações compli-
des dos trabalhadores do sector – desemprego, aumento pela Moinho, onde Miguel Correia teve um con- mente a ambulância dos Bombeiros. Para quando a cadas.
da exploração e precariedade laboral -, apresentar as tributo inestimável, até porque é um dos criado- resolução deste problema? 8 – Disse que o presidente da Câmara tem estado aten-
res e dirigentes da associação. O discurso de que 7) Qual a taxa de cobertura do saneamento básico em to a esta questão e que os monumentos referidos farão
propostas do PCP para uma ruptura patriótica e de
Lordelo está acima dos interesses político- Lordelo e como avalia o trabalho da VEOLIA desde que parte da Rota do Românico.
esquerda e dinamizar a luta contra o agravamento das partidários que Joaquim Mota gosta de utilizar tem a concessão da água no concelho? 9 – Visivelmente incomodado por ter sido surpreendido
condições de vida dos trabalhadores e do povo. não passa de palavreado oco, tudo porque o pre- 8) Existiu algum contacto entre a Junta de Freguesia e a com a situação, afirmou a sua disponibilidade para
Algumas das acções do Sector do Mobiliário do PCP tive- sidente tem uma ânsia enorme de protagonismo, Rota do Românico do Vale do Sousa criada pelo Plano receber a pessoa em causa.
ram lugar em Lordelo, tais como: acções de distribuição de “aparecer na fotografia” à custa dos trabalhos de Desenvolvimento Integrado do Vale do Sousa A sessão ficou marcada por um ataque insultuoso diri-
de documentos na Zona Industrial de Lordelo ou a desfile dos outros. (PROSOUSA)? gido a Miguel Correia por parte de um conhecido cida-
realizado no passado 5 de Junho, no âmbito da campa- A ponte românica de Penhas-Altas e a Torre dos Alcofo- dão afecto ao PSD, no período dedicado à intervenção
nha nacional do Partido “500 acções contra o PEC – Pla- Celso Ferreira - Afinal o polémico mastro com a rados não deveriam estar integrados no conjunto de do público, sem que isso merecesse qualquer reparo
bandeira portuguesa já não vai ser construído. monumentos do roteiro, com todas as vantagens que por parte de Duarte Meneses, o presidente da Assem-
no de Estabilidade de Crescimento”.
Prometer é fácil, o pior é cumprir. daí decorrem para a nossa cidade? bleia de Freguesia.
6 A FARPA / Julho 2010 / 2.ª Série / N.º 3 A FARPA / Julho2010/ 2.ª Série / N.º 3 3
Num sector onde o número de
trabalhadores sindicalizados é
Só a unidade dos trabalhadores pode quebrar o "ciclo
vicioso das crises, em que o patrão atemoriza os traba-
Do patrão ao empresário
muito reduzido, torna-se impe- lhadores, e estes não defendem os direitos que já pos- A crise com a qual o país se debate é real, e obriga É preciso urgentemente inverter a forma aleivosa e
rioso que o trabalhador se suem e não lutam por melhores condições de trabalho. todos a uma reflexão cuidadosa, séria, e fundamental- ardilosa com que grande parte dos patrões, escudando-
informe dos seus direitos. O medo que existe nos trabalhadores do mobiliário fá- mente de diálogo entre todos os agentes sociais, no se numa crise, que é real, lhes dá azo a cometer as mais
"Essa informação deve ser pro- los serem pouco exigentes. Eles não se sindicalizam sentido de criar sinergias que possam minimizar os diversas tropelias, algumas não passando de meros
curada no seu sindicato. Todos para que não sejam alvo de perseguição», conclui o efeitos da actual conjuntura. A minha aposta no diálo- caprichos de quem se julga dono de meia dúzia de tos-
os trabalhadores que têm pas- sindicalista. go resulta de uma análise sedimentada no terreno ao tões. Se querem passar de patrões a empresários, na
sado pelo Sindicato sentem-se longo da minha vida profissional. Julgo imperioso, e verdadeira acepção da palavra, é tempo de reflectir
ajudados, na medida em que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Madeiras, inevitável, estabelecer esta premissa como forma de sobre estes problemas. Não julguem que é com este
José Gomes dar a volta ao actual contexto. Hoje mais do nunca, os tipo de atitudes que se vai conseguir debelar os proble-
seu problema, na maior parte Mármores, Pedreiras, Cerâmica e Materiais de
das vezes é resolvido, pela via do diálogo com o empre- Construção do Norte desafios que a globalização nos impõe, exige uma mas endémicos com que a nossa indústria se debate.
sário ou pela via judicial. Só que esses casos de sucesso Rua Santos Pousada, 611 mudança radical da actuação de todos os intervenien- Flexibilizar as leis laborais, tem sido um tema de um
não são notícias, não chegam ao conhecimento da opi- 4000 - 487 Porto tes na procura de soluções partilhadas, tendo sempre amplo debate no seio da nossa sociedade, no entanto,
nião pública». Tel./Fax 225 390 044; stcmnv@clix.pt em linha de conta a obtenção de um futuro mais está- eu pergunto: flexibilizar o quê na indústria do mobiliá-
vel. Não podemos continuar a actuar da forma como o rio? Não me venham com balelas. Se flexibilizar consis-
temos feito, sob pena de claudicarmos o futuro das te marcar férias antes um mês, e alterar as mesmas
Lordelenses desesperam pela requalificação da Rua Antero Ferreira gerações vindouras, e com isso caminharmos para uma semana antes, não é necessária nova legislação,
pois isso já nós estamos habituados, ser obrigados a
situações de ruptura, onde todos sem excepção saímos
A convite dos moradores, o eleito da CDU na Assem- Depois de ouvir as reclamações de alguns moradores, a perder. Julgo necessário acabar com um certo autis- alterar feriados? Outra grande novidade, como não se
bleia de Freguesia de Lordelo Miguel Correia visitou o deputado comunista abordou este assunto na última mo que vigora de forma desajustada entre todos os fizesse isso cá por estas bandas há largos anos. Ser
esta rua, uma das maiores da nossa cidade, com pro- sessão da Assembleia de Freguesia. agentes produtivos, onde em surdina, se vai dizendo à obrigado a trabalhar semanas inteiras, treze ou catorze
blemas diversos que muito prejudicam os lordelenses. (Ler página seguinte). boca cheia, que a culpa de todos os males é sempre do horas diárias sem qualquer compensação? Minto, por
outro, sabendo de antemão vezes estas são declaradas à segurança social
que se tivermos a coragem bastando que para tal um contabilista manho-
de escalpelizar a origem des- so dizer que dá jeito. Não vou estar aqui a enu-
tes, chegaremos rapidamen- merar a quantidade de trafulhices que grande
te a uma conclusão óbvia, a parte de vós comete, pois nunca mais acabava
culpa é de todos, pese o artigo, e se calhar, seria um caso de polícia.
embora, proporcional às No entanto, continuais a entender que é assim
funções que cada qual que deve ser, porque quase todos o fazem, e
desempenha. Nos dias que no final do ano todo amealhado dá para com-
correm temos vindo a assis- prar uma "máquina nova" e tirar uns dias no
tir a um agudizar desse autis- quentinho sem gastar tusto. Como estais erra-
mo devido ao clima de insta- dos se pensais que os outros não reparam e
bilidade que nos atormenta. comentam, mas vós julgais que é essa a vossa
No entanto, é precisamente função social, que vos dá estatuto. Que logro!
nestas alturas que o diálogo Isto são coisas do passado, hoje é mais impor-
se torna mais premente, e a tante que todos se qualifiquem, e não sintam a
única via que nos pode aju- empresa como um feudo, mas antes um local
dar a suplantar os obstáculos com que hoje nos deba- onde todos devem sentir-se parte integrante, e onde a
temos. Entender isto pode até não ser a solução para distribuição de riqueza seja feita de forma mais justa e
tudo, também corroboro da mesma ideia, mas que vai equitativa, só assim na minha perspectiva lograremos
contribuir de forma decisiva para que todos possam minimizar os efeitos que a competitividade nos exige
remar para o mesmo lado, disso tenho a certeza cate- nos dias que correm.
górica. Não se pode continuar a manter o actual estado Não é minha intenção com este artigo generalizar, ou
de coisas, onde o livre arbítrio é usado como arma de sequer ostracizar o trabalho de alguns empresários,
arremesso contra os mais fracos, onde actos persecutó- honra lhes seja feita, que ao longo da sua carreira se
rios eivados de ilegalidades se tornem prática corri- nortearam por princípios éticos, e valores opostos aos
queira, onde a coação e a arrogância do quero, posso e que foquei nesta minha abordagem. Para esses, uma
mando, substitui, o bom senso, o respeito pelo ser, e palavra de apreço, e a minha forte convicção de que
acima de tudo a dignidade humana. Julgo serem alguns estão no rumo certo, e o futuro embora sempre tortuo-
dos aspectos a rever por parte de quem tem a respon- so lhes dará razões para sorrir.
sabilidade de gerir e rentabilizar os recursos humanos. Pena que sejam tão poucos, e que ainda por cima
Não vale a pena continuar com tais práticas, pois todos tenham que lutar contra a concorrência desleal por
sabem que é um caminho errado, o que por si só, leva à parte de muitos outros que não passam de meros can-
Piso degradado, caixotes do lixo nas bermas, falta de passeios, falta de sinalização, grelhas inadequadas no
desmotivação e à degradação do ambiente de trabalho cros da indústria do mobiliário.
pavimento, falta de barreiras de protecção são alguns dos muitos problemas da rua Antero Ferreira Leal
em qualquer tecido produtivo. Vítor Leal
4 A FARPA / Julho 2010 / 2.ª Série / N.º 3 A FARPA / Julho 2010/ 2.ª Série / N.º 3 5
Estima-se que sejam poucas empresas que recorrem "Em tempos recuados, as pessoas trabalhavam sem
Entraves e desafios do sector do mobiliário aos meios de financiamento de modernização, e
daqueles que recorrem são poucos os que aproveitam
definição de horários e à peça. Depois, a partir de certa
altura com os direitos adquiridos com o 25 de Abril,
Durante muitos anos foi uma terra essencialmente agrí- No entanto, o quadro das indústrias da madeira e de forma eficaz. muitas empresas para não cumprirem com esses direi-
cola e só há cerca de 100 anos começaram a aparecer mobiliário é, infelizmente, menos favorável se atentar- O CFPIMM - Centro de Formação Profissional das tos procuraram criar condições económicas para que os
as primeiras serrações de madeira com as máquinas mos no reduzido grau de consolidação das unidades Indústrias da Madeira e Mobiliário é uma instituição de trabalhadores abdicassem desses direitos para serem
movidas pela força das águas do rio Ferreira. Com o empresariais existentes (o sector caracteriza-se por referência na nossa cidade, que está vocacionada para beneficiados em dinheiro» não descontando para a
aparecimento e alargamento da energia eléctrica, enorme fragmentação, existindo no Vale do Sousa ape- a formação de quadros técnicos, mas nem sempre a Segurança Social aquilo que efectivamente recebiam.
começaram a surgir os primeiros fabricantes de cadei- nas 14 empresas nas áreas do fabrico e comercialização sua política de integração de estagiários nas empresas «O facto de o patrão não descontar para a Segurança
ras, que abriram o caminho à indústria do mobiliário. de madeiras e mobiliário com um volume de vendas da região é a mais correcta, havendo consideráveis Social aquilo que o trabalhador efectivamente recebia
Depois de uma era de expansão, esta indústria tem anual superior a 5 milhões de Euros), na inexistência do relatos de empresas que colocam os estagiários a efec- constitui um roubo ao Estado e ao trabalhador que fica
vindo a sofrer uma quebra de produção, o que tem centro tecnológico de Lordelo (falido em 2004), na difi- tuarem tarefas que nada têm a ver com a sua forma- prejudicado quando ficar doente, inválido ou reforma-
levado ao desemprego um culdade de encontrar ção. O CFPIMM já não tem ao seu lado o CTIMM – Cen- do. 90% dos patrões pagam um salário na base do salá-
elevado número de traba- uma liderança e uma tro Tecnológico das Indústrias da Madeira e Mobiliário, rio mínimo e os trabalhadores deixaram-se arrastar
lhadores. interlocução organizada extinto por decisão judicial em 2004, devido a uma neste esquema» afirma José Gomes, do Sindicato da
Como consequência, para o sector. gestão danosa. Esta instituição possuía o único labora- Construção, Madeiras, Mármores e Pedreiras do Norte,
aumentou a emigração O elevado número de tório em Portugal destinado à certificação da qualidade afecto à CGTP.
para a Europa, nomeada- associações empresariais, e segurança do mobiliário e era a entidade inspectora Para o sindicalista, "este esquema resultou e a partir
mente Espanha, França, muitas vezes dominadas de paletes de transporte de daí quando o patrão já tinha
Suíça, Luxemburgo e Ingla- pelos interesses particu- mercadorias a nível nacional o trabalhador na mão, as
terra, mas também para lares dos seus dirigentes, e ainda um organismo de negociações colectivas do
outros países não euro- é um entrave ao desen- normalização sectorial liga- contrato de trabalho arrasta-
peus, como Angola ou volvimento do sector que do ao Instituto Português de ram-se durante anos, com
Argélia. necessita de uma estraté- Qualidade (IPQ). No âmbito aumentos miseráveis porque
Existem, ainda, um consi- gia comum para se afir- da criação do Cluster do os trabalhadores não tinham
derável número de peque- mar no mercado interna- Mobiliário, o Governo, em força para exigirem nas
nas oficinas de produção cional. parceria com as associações negociações um contrato
e/ou acabamento de De facto, basta lembrar do sector, prometeu a reac- digno».
mobiliário a laborar em que o sector das madei- tivação do CTIMM, medida Consciente que estamos
condições precárias, muitas vezes, provocando sérios ras tem duas Associações Empresariais nacionais (a que se reveste de especial atravessar uma crise sem
incómodos às pessoas das habitações vizinhas. A maior AIMMP -Associação das Indústrias da Madeira e Mobi- importância para o sector. precedentes no sector do
parte dos proprietários destas oficinas não têm condi- liário de Portugal e a APIMA - Associação Portuguesa mobiliário, o dirigente sindical considera que "terá que
ções de mudar as suas instalações para outras zonas, das Indústrias de Mobiliário e Afins) e duas associações O trabalhador é o elo mais fraco haver uma mudança de mentalidades que passa pela
nomeadamente para Zona Industrial de Lordelo, actual- empresariais de âmbito local (a AEFP -Associação A falta de pagamento das horas extraordinárias ou o criação de grandes empresas com meios tecnológicos
mente com os preços dos terrenos exorbitantes, e por- Empresarial de Paços Ferreira e a ACIP - Associação pagamento abaixo daquilo que a lei determina, os des- para poderem concorrer com países europeus muito
tanto, inacessíveis. Comercial e Industrial de Paredes) que parecem viver pedimentos forçados, as perseguições psicológicas, a avançados nesta área e pela criação de empresas voca-
No entanto, existe um pequeno número de empresas divorciadas umas das outras, sendo a sua interligação existência de “dois salários”– o oficial ou o “da folha”, cionadas para o comércio do mobiliário com pessoal
cujos proprietários apresentam, pelo menos aparente- necessária com vista a conjugação de esforços para normalmente o salário mínimo e outro paralelo, “por especializado», sendo de crucial importância a criação
mente, uma boa situação económica. Apesar da crise, a promoção e desenvolvimento do sector. fora” sobre o qual não há qualquer tipo de retenção de condições salariais, de higiene e segurança nas
nossa região é aquela que possui mais automóveis de Esta interligação não está dissociada do apoio governa- para o Estado, o facto de muitos empresários recorre- empresas para que os trabalhadores possam estar
alta cilindrada em contraste com os baixos salários dos mental que muitas vezes tem faltado com as verbas rem a trabalhadores em situação de desemprego para motivados a colaborarem nas transformações necessá-
trabalhadores. necessárias para a concretização de projectos que “dar umas horas” sem descontos para a Segurança rias. A formação profissional é um dos vectores que
visem a organização e inovação do sector. Continuam a Social e sem seguros de trabalho são situações que tem deve ser aperfeiçoado, até porque "muitos empresá-
Obstáculos e perspectivas do sector do mobiliário existir atrasos na devolução do IRC e no financiamento aumentado na nossa região a pretexto da crise. rios cultivam a filosofia da formação, mas colocam os
As micro e pequenas empresas, que empregam cerca de projectos de modernização. Por exemplo, os atrasos Se é correcto que há alguma conivência do trabalhador estagiários em lugares que nada tem a ver com aquilo
de 90% da população activa da nossa freguesia, enfren- das verbas relativas à participação das empresas nas com este tipo de práticas, não deixa de ser o trabalha- que aprenderam. Conheço uma empresa que tinha dois
tam o desafio da associação e de modernização tecno- Feiras ou eventos internacionais (Madrid, Paris, Milão, dor o elo mais fraco neste conjunto de situações. estagiários mas estão no recibo como indiferenciados
lógica de forma a tornarem-se mais competitivas. O etc) ultrapassam os dois anos. Também a introdução de As empresas da região pagavam salários superiores aos quando trabalham em máquinas computorizadas. Eles
sector do mobiliário não assistiu a perdas de produção portagens nas SCUT é mais um entrave ao desenvolvi- declarados "na folha". Agora com o argumento da cri- não recebem por aquilo que efectivamente fazem».
e de postos de trabalho como aconteceu nas indústrias mento do sector. se, os patrões estão apenas a pagar o salário declarado, São estas contradições que levam José Gomes a fazer a
do vestuário e do calçado, que sofreram muito com o É preciso uma maior intervenção das autarquias: cria- fazendo com que muitos trabalhadores recebam distinção entre "empresário" e "patrão": «Enquanto o
fenómeno do encerramento de multinacionais estran- ção e melhoria das Zonas Industriais (que não estejam menos 200 ou 300 euros por mês. Nada pode dizer patrão pensa que é dono dos trabalhadores e das suas
geiras, que vieram instalar-se em Portugal em momen- submetidas à pura lógica do mercado para que os ter- quando acaba o “segundo salário”, o tal pago “por famílias, "quero, posso e mando", o empresário tem
to determinado do seu processo de deslocalização. renos estejam disponíveis para a instalação do maior fora” ou constituído pelas horas extraordinárias que outra perspectiva e dá condições de trabalho ao operá-
Com maior dificuldade em chegar a mercados alarga- número de empresas), beneficiação da rede viária, entretanto deixaram de existir, vendo-se de um rio».
dos do que as indústrias têxtil ou do calçado, a indús- consciencialização dos empresários para as questões momento para outro confinado ao salário mínimo. Aliás, o sector do mobiliário é constituído por muitos
tria dos móveis está também, por isso, mais abrigada, ambientais e informação dos mecanismos disponíveis Mas o problema das relações laborais desequilibradas "patrões" que se servem da crise para abusarem dos
tendo mais algum tempo para a sua reorganização. para a obtenção de fundos. não é de agora. direitos dos trabalhadores.

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