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REFORMADOR

ISSN 1413-1749
REVISTA DE ESPIRITISMO CRISTÃO
FUNDADA EM 21-1-1383
ANO 115/ JANEIRO, 1997/ Nº 2.014
Fundador: Augusto Elias da Silva

INTERNET INTERNET
PÁGINA NA WEB: E-MAIL:
http://www.febrasil.org.br feb@febrasil.org.br

Editorial 20 Anos da Campanha Permanente de


Exortação de Bezerra de Menezes Evangelização Espírita infanto-Juvenil
2 16

A Unidade Doutrinária O direito de não fumar


Juvanir Borges de Sousa Marcos F. Moraes
3 19

Aos trabalhadores do Evangelho A FEB e o Esperanto — Zamenhof —


Cruz e Souza Benfeitor da Humanidade
4 Affonso Soara
20
Fechar as portas
Richard Simonetti Novos Cursos de Esperanto na FEB —
5 Rio de Janeiro
21
Construir a Liberdade
Dalva Silva e Souza Monismo, Materialismo e
6 Espiritualismo
Paulo de Tarso São Thiago
"Nada pode deter a marcha da 22
Doutrina Espírita"
Bezerra Estudo Sistematizado da Doutrina
Propriedade e orientação da
8 Espírito
FEDERAÇÃO ESPÍRITA 24
Exercitando o Evangelho — Adultério
BRASILEIRA
no coração Frederico Fígner — Cinqiientenário de
Inaldo Lacerda Lima DIREÇÃO E REDAÇÃO desencarnação
10 Rua Souza Valente, 17 25
20941-040 - Rio - RJ - Brasil
Consciência, o espelho da alma FEB — Conselho Federativo Nacional
Marcelo Paes Barreto — Reunião Ordinária de 1996
12 26

Ano Bom Seareiros que Retornaram à Pátria


Passes Lírio Espiritual — Cenyra de Oliveira Pinto
13 30

A proposta do Cristo Fundada a Associação de Editoras


Warwick Mota Espíritas
14 31

Esflorando o Evangelho Seara Espírita — Fatos em Notícia


Sigamos até lá 32
Emmanuel
15
Editorial

Exortação de
Bezerra de Menezes
---- A atuação persistente no bem é a
garantia para que a Mensagem Espírita
autêntica seja levada a toda parte, conforme
no-la legaram os Espíritos Superiores.
---- Expande-se o Movimento e nada
pode deter o conhecimento da Doutrina,
nem mesmo os que, dizendo-se adeptos,
optaram pelo trabalho destrutivo, disfarçado
de dedicação à Causa.

A
o terminarem os trabalhos do Con-
selho Federativo Nacional, no dia 10 ---- Os passos dos verdadeiros obreiros,
de novembro do ano findo, pronun- na Terra, devem servir de roteiro para os
ciou-se Bezerra de Menezes, psicofonica- que terão a incumbência de continuar a
mente, através da mediunidade de Divaldo obra.
Pereira Franco, em memorável exortação
aos trabalhadores presentes e ao Movimen- ---- Não guardemos ressentimentos, nem
to Espírita. nos deixemos entristecer, nem desani-
memos, eis que a tarefa demanda valor,
Essa palavra, de grande lucidez e de alta coragem, estoicismo, assinalados pelo
significação nos tempos de transição que o amor.
mundo atravessa, tem importância especial
para os seguidores da Terceira Revelação, ---- Avancemos unidos. O ideal da
razão pela qual, além de sua publicação Unificação vem do Alto para a Terra.
integral nas páginas de REFORMADOR, ---- As dificuldades devem ser discutidas
vamos resumir aqui determinados conceitos em paz, com respeito mútuo, com frater-
transmitidos pelo benfeitor espiritual que nidade, com dignificação dos indivíduos e
todos admiramos. das Instituições. Se não formos capazes de
Eis os principais pontos da mensagem: assim proceder, que exemplo vamos
oferecer ao mundo?
---- Os tempos atuais são de dificuldades
e desafios, mas a obra do bem permanece e ---- A criatura humana no seu encontro
precisa ser sustentada. com o Cristo, através da fé raciocinada, é o
campo onde o bem deverá se instalar, como
---- Os discípulos da verdade devem célula do organismo social.
permanecer fiéis, vivenciando os princípios
que os norteiam, com o que obviarão os ---- Confiemos na casa construída sobre a
óbices externos e internos do Movimento rocha, no ideal que nos conduz à plenitude.
Espírita. A nós, os trabalhadores da última hora ,
---- Assim como não podemos impor a cumpre acatar o pensamento lúcido do
Mensagem Libertadora da Doutrina, não grande amigo espiritual, para o nosso pró-
devemos aceitar as imposições de vária prio bem e pelo bom direcionamento do
procedência. Movimento que nos congrega.

---- ‘‘A grande luta deste momento se


travará no país da consciência de cada
discípulo de Jesus.’’
---- Precisamos manter a serenidade, por
maior seja a morbidez a nós direcionada.

8 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 - 2


A Unidade Em lugar da prática do
bem, do esforço natural para
entender a finalidade da Dou-
trina, que é a preparação do
Doutrinária adepto tanto em conhecimen-
tos, sempre mais amplos, quan-
to em moralidade, muitos se
entregam às discussões infin-
JUVANIR BORGES DE SOUZA dáveis em torno de questões
secundárias.
Adotam certas interpretações
o tempo em que o Codificador se dedicava à conso- pessoais e julgam que a Doutri-

A lidação dos princípios estabelecidos em ‘‘O Livro


dos Espíritos’’, dando prosseguimento à obra, em seus
desdobramentos, que durariam até seu decesso, em 1869,
na lhes dá inteiro respaldo.
Citam Allan Kardec, invo-
cam os Evangelhos, valem-se
de autoridades nas mais diver-
surgiram divergências diversas que afetaram a unidade sas questões, mas nunca abrem
doutrinária. mão de suas interpretações pes-
Os Espíritos reveladores, sempre atentos à base sobre soais.
Esquecem-se, porém, da prá-
a qual se levantaria a Doutrina Consoladora, disseram a tica do bem. Criam atritos, dis-
Allan Kardec que não se inquietasse com as possíveis di- cutem, caluniam, ofendem, in-
vergências, que partiam tanto de entidades encarnadas juriam, e pensam que estão
quanto de desencarnadas e que a unidade se estabelece- ‘‘defendendo o Espiritismo’’.
ria, apesar de algumas oposições que o tempo se incumbiu de Há os que conhecem a Dou-
trina Espírita, admiram-na, mas
afastar. não seguem seus princípios, op-
tando por seguir seu próprio pa-
recer, num subjetivismo que

V
amos transcrever parte ou as condições normais da contrasta flagrantemente com a
dos ensinamentos dos existência futura, o objetivo fi- filosofia e a moral do Cristo,
Espíritos a Kardec, no nal é um só: fazer o bem. Ora, não que é a mesma do Espiritismo.
que concerne à unidade e à ten- há duas maneiras de fazê-lo.’’
tativa muito comum de se intro- (‘‘O Livro dos Espíritos’’ ----
duzir cunhas divisionistas na Conclusão IX ---- edição FEB.)
Doutrina e nos movimentos
dela oriundos.
Palavras sábias que serviram ‘‘O argumento supremo
de orientação ao Codificador e deve ser a razão. A
‘‘(...) Se o vosso mundo fosse que continuam elucidativas e moderação garantirá
inacessível ao erro seria perfei- aplicáveis a todos os movimen- melhor a vitória da
to, e longe disso se acha ele. tos que se formam em torno da verdade do que as
Ainda estais aprendendo a dis- Doutrina.
tinguir do erro a verdade. Fal- diatribes envenenadas
Em nossos dias ainda se le-
tam-vos as lições da experiência vantam celeumas em torno de pela inveja e pelo ciúme’’
para exercitar o vosso juízo e
fazer-vos avançar. A unidade se questões secundárias que se
produzirá do lado em que o bem tornam irritantes. Há certos O Movimento se ressente
jamais esteve de mistura com o adeptos que se esquecem de desse fenômeno humano ----
mal; desse lado é que os ho- seus compromissos com o ‘‘espíritas’’ que não seguem os
mens se coligarão pela força bem, com os princípios doutri-
mesma das coisas, porquanto ditames da Doutrina, e sim o
nários fundamentais, com a que lhes parece certo, o que
reconhecerão que aí é que está
a verdade. necessidade de praticar a cari- corresponde ao seu subjetivis-
‘‘Aliás, que importam algu- dade e a fraternidade, a come- mo, para não dizer personalis-
mas dissidências, mais de forma çar pelos irmãos mais próximos, mo intolerante.
que de fundo! Notai que os prin- deixando de praticar a humil- Querem um exemplo, uma
cípios fundamentais são os mes- dade e a solidariedade, em comprovação? Leiam determi-
mos por toda parte e vos hão de
unir num pensamento comum: o
uma palavra, de praticarem a nadas publicações ditas espíri-
amor de Deus e a prática do parte moral da Doutrina, a qual tas.
bem. Quaisquer que se supo- está toda contida na Mensa- Constatarão exatamente o
nham ser o modo de progressão gem do Cristo. antiespiritismo: ataques e acu-

3 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 7


sações a companheiros e insti-
tuições; defesa de idéias pes-
soais, travestidas de Kardecis-
Aos trabalhadores do Evangelho
mo, como se Allan Kardec esti-
vesse sempre de plantão para
atender a quantos lhe invocam o Há uma falange de trabalhadores,
Espalhada nas sendas do Infinito,
nome respeitável.
Desde as sombras do mundo amargo e aflito
O resultado é a confusão, a
Aos espaços de eternos resplendores.
pregação aberta do divisio-
nismo, a falta de sensibilidade
É a caravana de batalhadores
quanto ao mal que causam
Que, no esforço do amor puro e bendito,
especialmente aos que não se Rompe algemas de trevas e granito,
firmaram conscientemente so- Aliviando os seres sofredores.
bre os princípios da Doutrina,
entre os quais sobressai o da Vós que sois, sobre a Terra, os companheiros
fraternidade, o do amor e da Dessa falange lúcida de obreiros,
compreensão entre as criatu- Guardai-lhe a sacrossanta claridade;
ras.
Espírita que calunia, que Não vos importe o espinho ingrato e acerbo,
detrata, que divide, que des- Na palavra e nos atos, sede o Verbo
respeita a si mesmo e ao pró- De afirmações da Luz e da Verdade.
ximo, está cumprindo seus
elementares deveres de se-
guidor da Doutrina e do Cris- CRUZ E SOUZA
to? (Do livro ‘‘Parnaso de Além-Túmulo’’, psicografado pelo médium
Ora, se é certo, como diz Francisco Cândido Xavier, pág. 248, 14a ed., FEB.)
Kardec, que entre os seguidores
do Espiritismo existem os que
divergem de opinião sobre cer-
tos pontos teóricos, não menos
certo é que todos estão de acor- agrada, a crítica acerba ao que ‘‘O argumento supremo deve
do quanto ao que é essencial, não compreende, o azedume ser a razão. A moderação ga-
fundamental. permanente contra tudo que não rantirá melhor a vitória da ver-
A unidade há que se fazer dade do que as diatribes enve-
reza por sua cartilha interpreta-
em torno do que é fundamental. nenadas pela inveja e pelo ciú-
tiva.
No tocante ao secundário, há me’’, eis o pensamento do Co-
Não pode ser considerado
necessidade de tolerância, soli- dificador, que todos os refor-
dariedade, compreensão. espírita quem simplesmente co-
nhece a Doutrina, mas, sim, mistas, cismáticos, ‘‘donos da
É a prática da liberdade, que
quem a estuda atentamente e se verdade’’ teimam em ignorar,
precisamos cultivar para nós
mesmos e respeitar no procedi- esforça por praticá-la, especial- preferindo as ofensas, os ata-
mento alheio. mente na sua feição moral. ques pessoais e a irresponsabili-
O espírita verdadeiro não É evidente que o Espiritis- dade diante da liberdade de que
odeia, nem fere, nem foge de mo não veio ao mundo ape- abusam.
suas responsabilidades maiores nas para informar sobre fatos Escribas e fariseus não existi-
perante as leis divinas do amor, novos, nem somente para ex- ram somente ao tempo de Jesus,
da justiça e da caridade. quando o Mestre era perseguido
plicar as comunicações entre
Infelizmente, no mundo im- e atacado por não concordar com
vivos e mortos, nem tampou-
perfeito e atrasado em que vive- o erro não percebido por seus
co para explicar filosofica- opositores.
mos, não é pelo fato de se dizer mente a razão das coisas co-
espírita que o homem se trans- Escribas e fariseus existiram
muns ou transcendentes, mas em todas as épocas. Fazem par-
forma para melhor.
Se não toma a si o dever de veio sobretudo para tornar te da paisagem do mundo áspe-
porfiar contra suas mazelas melhor o homem, tal como o ro em que vivemos.
morais, dentre as quais sobres- fez o Cristo com seu Evange- Dentro dos movimentos es-
saem o egoísmo e a vaidade, lho, que a Nova Revelação píritas não poderia deixar de
tudo o leva ao interesse pes- procura reviver, nesse esforço medrar também o joio da male-
soal. O resultado é a inconfor- que alguns espíritas ainda dicência, da incompreensão e
mação ante o que não lhe não conseguem compreender. do personalismo.

8 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 4


Fechar as portas
esde as culturas mais re- repouso; não o encontrando,

D motas encontramos refe-


rências à influência exer-
cida por seres invisíveis.
RICHARD SIMONETTI

cariamente dos efeitos.


Mas há um detalhe:
diz:
---- Voltarei para minha ca-
sa, donde saí.
Na antiga Grécia eram os deu- E, ao chegar, acha-a deso-
ses que interferiam no destino Nem sempre estamos às vol- cupada, varrida e adornada.
humano, de conformidade com tas com vingadores. Então ele vai, e leva consigo
seus humores e caprichos. Nem sempre essa pressão mais estes Espíritos piores do
Na Idade Média consa- envolve motivação passional. que ele, e ali entram e habitam.
grou----se a idéia do demônio, São Espíritos presos à vida O último estado daquele ho-
ser rebelado contra Deus, espe- material, aos seus vícios e inte- mem fica sendo pior que o pri-
ciali- zado em atazanar os ho- resses. Sofrem por isso um meiro.
mens, induzindo suas vítimas à adensamento do corpo espiri- A casa a que se refere Jesus
perdição. tual. Isto os leva a viver como é a mente humana, habitada por
Sabemos hoje que os invisí- se fossem encarnados, sentindo nossos pensamentos.
veis são as almas dos mortos, necessidades relacionadas com A estrutura, organização e
homens desencarnados, que agem alimentação, abrigo, sexo, ví- disposição dependem do mora-
de conformidade com suas ten- cios... dor ---- a vontade.
dências e desejos. Daí ligarem-se aos homens, Uma casa escura ---- morador
O chamado plano espiritu- nutrindo-se de seu magnetismo, deprimido.
al é apenas uma proteção da e satisfazendo seus anseios nos Uma casa abafada ---- mora-
crosta terrestre. Começa exata- domínios das sensações. dor pessimista.
mente onde estamos. Boa par- Esses ‘‘hóspedes’’ não inten- Uma casa em desordem ----
cela dos defuntos aqui per- tam nos prejudicar. morador confuso.
manece, exercendo sobre nós A expressão mais correta se- Uma casa iluminada ---- mo-
ampla e insuspeita pressão psí- ria explorar. rador feliz.
quica. Exploram nosso psiquismo, Uma casa arejada ---- mora-
Na questão 459, de ‘‘O Li- servem-se dos fluidos densos dor animado.
vro dos Espíritos’’, os mento- que lhes possamos oferecer.
res que assistiam Kardec nos É uma associação perturba-
fornecem a notícia de que essa dora, porquanto nos sujeita aos
influência é tão grande que seus desajustes. E nos exaure
não raro eles nos dirigem. psiquicamente, já que eles agem ‘‘Quem se empenha
Algo para se pensar, não é como autênticas sanguessugas em servir e tem certeza
mesmo, caro leitor? espirituais. da proteção divina
resguarda a casa mental
contra malfeitores e
urante seu apostolado

M
uitas pessoas, nos Cen-
tros Espíritas, são in-
formadas de que seus
problemas estão relacionados
D houve freqüentes conta-
tos de Jesus com tais Es-
píritos, chamados por seus con-
Uma casa bem arrumada ----
com a presença de inimigos es- temporâneos imundos, impuros,
maus... morador organizado.
pirituais que as assediam bus-
cando desforra por passadas Vezes inúmeras os afastou
ofensas. de suas vítimas, usando de sua or que Espíritos desajus-
Em princípio está certo.
Problemas físicos e psíqui-
cos que resistem aos recursos
irresistível força moral.
E o Mestre antecipava o co-
nhecimento espírita, ao dizer,
P tados nos envolvem e in-
fluenciam tão facilmente?
Podemos responder com a
da Medicina podem originar- textualmente (Mateus, 12:43- velha pergunta de algibeira:
-se dessa influência, com a pos- -45): Por que o cachorro entra na
sibilidade de se tornarem crô- Quando o Espírito impuro Igreja?
nicos, porquanto os médicos ig- tem saído dum homem, anda Ora, entra porque a porta
noram as causas. Cuidam pre- por lugares áridos, procurando está aberta!

5 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 9


Exatamente o que acontece
com essas entidades.
Aproximam-se de nós, en-
volvem-nos, invadem nossa ca-
CONSTRUIR
sa mental porque, segundo a
omos Espíritos imortais, de que as pessoas não estão sa-
expressão evangélica:
Está desocupada ---- vazia de
ideais superiores, de motivação
existencial.
S mas, quando encarnados,
estamos sujeitos às limita-
ções do corpo físico e presos às
tisfeitas com suas vidas. Há
uma fome interior que não con-
seguem satisfazer, e isso ocorre,
leis que regem a matéria. Não mesmo que sejam pessoas reali-
Está varrida e adornada ---- obstante esses limites, a possibili- zadas profissionalmente e te-
atraente para os invasores, re- dade de adquirir conhecimentos nham suas famílias bem cons-
ceptiva às suas sugestões. cria para nós infinitas oportunida- tituídas. Percebe-se que a ques-
A intervenção dos benfeito- des de crescimento. Somos, além tão do anseio por mais liberdade
res desencarnados e os recursos disso, capazes de utilizar os po- está presente aí como uma das
mobilizados no Centro Espírita tenciais da imaginação para con- causas da insatisfação íntima. O
promovem seu afastamento. ceber novas formas de estar no estudo espírita mostra que a li-
Todavia, isso não é o bastan- mundo, por isso sonhamos com berdade é um sonho realizável e
te. um futuro diferente, com dias temos procurado destacar isso,
Fundamental que aprenda- mais felizes. Nesse sonho de feli- já que a informação poderá fun-
mos a nos defender, que tenha- cidade projetado, para o amanhã, cionar como fator de motivação
mos cuidado, porquanto pode incluímos a liberdade. Não pode- importante, para que as pessoas
ser que eles resolvam voltar e mos pensar em felicidade sem li- iniciem um trabalho necessário
venham acompanhados de ou- berdade. e enriquecedor do seu cotidiano,
tros iguais ou piores. O estrago Quando refletimos mais pro- mas propor a viabilidade da rea-
será maior. fundamente sobre esse anseio de lização de um anseio não tem
liberdade, percebemos a com- sido suficiente. Surge a necessi-
Necessário, portanto, fechar dade de responder às indaga-
a porta, impedir seu acesso. plexidade desse tema. Em pri-
meiro lugar, precisamos analisar ções: 1) Que tipo de liberdade é
Na questão 469, de ‘‘O Li- essa que podemos construir, en-
se é viável esse sonho, ou se es-
vro dos Espíritos’’, Kardec per- quanto encarnados num mundo
taremos gastando energia impro-
gunta aos mentores espirituais de provas e expiações? e 2)
dutivamente, por ser impossível
como podemos fazer isso. Qual o meio de fazê-lo?
libertar-nos, enquanto estiver-
A resposta é bastante eluci- mos presos à necessidade de O estudo das questões liga-
dativa: vestir corpos materiais para evo- das à liberdade traz à lembrança
‘‘ ---- Praticando o bem e luir. Segundo o ensino dos Espí- um pensamento oriental inspira-
pondo em Deus toda a vossa ritos, a liberdade é uma lei dor de profundas reflexões:
confiança (...).’’ divina, porque sem ela o homem ‘‘O mundo inteiro ambiciona a li-
Quem se empenha em servir seria apenas uma máquina mo- berdade, porém cada criatura ado-
e tem certeza da proteção divina vida ao sabor de circunstâncias ra os próprios grilhões. Este é o
resguarda a casa mental contra alheias à sua vontade1. Uma pri- principal e o mais inextricável pa-
malfeitores e desocupados do meira resposta já se delineia radoxo da natureza humana.’’ (Shri
Além. com essa informação: é possível Aurobindo)2
ao homem construir sua liberda- Ambicionar a liberdade e ado-
de. Podemos, pois, não só sonhar rar os grilhões constitui um para-
com a liberdade, como também doxo, sem qualquer sombra de
trabalhar para conquistá-la. A dúvida. Em avaliação mesmo su-
ma pergunta que deve-

U
partir dessa primeira resposta, perficial percebemos a veracida-
ríamos formular a nós podemos analisar mais de perto de da ambição de liberdade. Isso
mesmos: o assunto. Será possível traçar é algo verdadeiramente perti-
Que tipo de gente recebemos um caminho para essa conquista nente ao ser humano, indepen-
em nossa casa mental? tão fundamental? dentemente de raça, credo ou
Não é difícil definir. Em reuniões para reflexão e nacionalidade. Todos nós deseja-
Basta analisar como estamos, estudo habitualmente realizadas mos a liberdade de realizar todo o
nossas emoções e sentimentos. nas Instituições Espíritas, o con- nosso potencial; desejamos a li-
Talvez seja preciso despejar vívio com um público diversifi- berdade de usar plenamente as
hóspedes indesejáveis e convi- cado permite-nos a percepção
dar outros mais recomendáveis, 2. LEITE, Celso Barroso. ‘‘O Livro das
em favor de nossa paz. 1. KARDEC, Allan. ‘‘O Livro dos Es- Citações’’. Rio de Janeiro: Tecnoprint S.A.
píritos’’, Parte 3a, cap. IX. s/d.

10 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 6


A LIBERDADE contingências determinadas pe-
las leis que regem a vida, mas
os limites originários dessas
leis que marcam a nossa expe-
riência na Terra não inibem a
DALVA SILVA SOUZA nossa liberdade essencial. O
oportunidades que a vida nos a angústia da escolha. Para esca- que limita essa liberdade é a
oferece; desejamos a liberdade de par a essa angústia, tenta livrar- nossa maneira de interpretar os
incorporar aquilo que seja bom e -se dessa liberdade. Nega, então, acontecimentos da vida, a ideo-
nos afastar de tudo o que cause suas possibilidades, procura exi- logia que inadvertidamente as-
sofrimento e dor. Mas, de pronto, mir-se das suas responsabilida- similamos no contexto cultural
é difícil atinar com os fatos que des, ilude-se com o pensamento em que vivemos.
levaram o sábio oriental a perce- de ter um destino irremediável. Para construir a liberdade
ber que a criatura humana adore Cai em má-fé. Definiu ele dois ti- com que sonhamos, portanto,
os seus grilhões. Teria havido al- pos de comportamento de má- precisamos deslocar o foco da
gum engano na formulação des- -fé: o primeiro, quando nos com- nossa atenção. Até hoje, estive-
sa proposição? Teria o sábio portamos como seres-em-si, isto mos olhando as amarras que es-
observado erradamente o ho- é, objetos, e deixamos que os tão fora de nós, lutamos contra
mem? outros escolham por nós; e o se- correntes exteriores, mas os ver-
De tempo para cá, o mundo gundo, quando representamos o dadeiros entraves estão em nós
ocidental começou a admirar a papel que os outros designaram mesmos. Afirmou Jesus com mui-
sabedoria nascida nos longínquos para nós, pela necessidade de ta propriedade: ‘‘Se permanecer-
países do Oriente, pela proprie- prestígio social. Sartre lutou des nas minhas palavras, sereis
dade de suas proposições em con- contra as ideologias que mini- meus discípulos, e conhecereis a
traposição ao pragmatismo das mizavam o poder da consciên- verdade, e a verdade vos fará
filosofias que proliferam em nos- cia humana, como as que nas- livres’’. A meditação mais pro-
sa cultura. A milenar filosofia ceram do irracionalismo filosó- funda sobre essa proposição do
oriental não deriva suas proposi- fico ou do conhecimento do in- Cristo poderá trazer-nos a chan-
ções do nada, elas se fundamen- consciente psicanalítico. Ele es- ce de construir a liberdade com
tam no conhecimento profundo tava convencido do poder da que, por enquanto, apenas so-
do ser humano e na meditação consciência humana, afirmava nhamos.
madura sobre a vida. Devemos que somos totalmente livres ‘‘Permanecer na sua pala-
portanto tentar, também, ampliar para escolher e que nos escolhe-
vra’’ significa considerar com
nossa concepção de mundo, pelo mos a nós próprios a cada mo-
seriedade seus ensinamentos, e,
estudo e pela meditação, para al- mento. Segundo ele, as circuns-
temos que convir, até mesmo
cançar o entendimento mais pro- tâncias materiais que marcam
fundo desse paradoxo que foca- isso fica difícil, sem a chave
nossos limites constituem a base
lizamos aqui. Muitos pensadores sobre a qual deveremos exercer que o Espiritismo proporciona.
já se detiveram na análise desse nossa escolha livre. É quando consideramos a sobre-
assunto. Jean-Paul Sartre, filóso- vivência da alma ao fenômeno
Nessa análise rápida do pen-
fo francês do nosso tempo, por samento filosófico de Sartre, já da morte física, sua possibili-
exemplo, tem uma contribuição a surpreendemos a confirmação dade de comunicar-se com o
dar a esse tema. do que afirma o sábio oriental: mundo material e a reencarna-
Analisando o ser humano com o ser humano adora seus pró- ção, que alcançamos o entendi-
o propósito fundamental de al- prios grilhões. É certo que o mento mais preciso das re-
cançar a compreensão das ques- existencialismo sartreano parte comendações de Jesus. Suas pa-
tões e problemas que agitam a da premissa da não existência lavras passam a fazer sentido
Humanidade, Sartre afirmou que de Deus, com a qual não con- e descortina-se-nos o roteiro
há dois modos fundamentais de cordamos, mas ele, não obstan- que Ele trilhou na exemplifi-
ser: o da consciência humana te, alcançou uma percepção que cação da fraternidade. Fazendo-
que é pura transcendência, é o a Doutrina Espírita corrobora, -nos seus discípulos, no esforço
ser-para-si; e o das coisas mate- quando menciona a liberdade contínuo de seguir esse exem-
riais que é pura imanência, é inerente ao ser humano. Como plo luminoso impresso na histó-
o ser-em-si. O ser-para-si é Espíritos, somos dotados do li- ria da sua vida, iremos atin-
pura indeterminação, é radical- vre-arbítrio, somos inteiramente gindo o burilamento necessário
mente livre, mas, ao experimen- livres, para decidir e escolher à visão clara da verdade que
tar a liberdade, experimenta tam- nossos caminhos de desenvolvi- nos libertará de todas as amar-
bém uma angústia característica: mento moral. Estamos sujeitos a ras.

7 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 11


‘‘Nada pode deter a marcha
Mensagem do Dr. Bezerra de Menezes aos membros
do Conselho Federativo Nacional exortando-os a
avançar unidos, pois ‘‘o ideal de unificação vem do
mundo espiritual para a Terra’’
Meus Filhos: Já que não nos é lícito impor a pro-
permaneça conosco a paz do Senhor! posta espírita libertadora, não nos preo-
cupemos com as imposições que nos

R
ecrudescem as lutas. chegam.
Os anunciados tempos de tran - Todos estamos informados dos fins
sição chegam e fragorosas bata - dos tempos e o egrégio Codificador da
Doutrina asseverou-nos que o mundo de
lhas são travadas. provas e de expiações cederia lugar ao
É indispensável a aferição de valores mundo de regeneração.
que devem caracterizar os combatentes. Através dos tempos se tem informado
Dificuldades e desafios apresentam- que essa modificação se dará por meio
-se no planeta em todas as áreas do co- de fenômenos sísmicos dolorosos; atra-
nhecimento e do comportamento. vés de lutas cruentas, em guerras inter-
As estruturas mal construídas do pas- mináveis; mediante os conflitos huma-
sado esboroam-se ante o fragor das de- nos. No entanto, se observarmos a His-
molições incessantes. tória encontraremos todos esses aconte-
A árvore que não foi plantada pelo cimentos assinalando períodos de tran-
Bem é derrubada, e as casas edificadas sição.
sobre as areias movediças ruem desas- A grande luta deste momento se trava-
trosamente. Mas a obra do bem perma- rá no país da consciência de cada discí-
nece suportando os vendavais, enfren- pulo de Jesus. As convulsões serão de
tando todos os desafios. natureza interna. A batalha mais difícil
Não nos preocupemos com esses mo- será da superação das más inclinações,
mentos que nos chegam, estabelecendo administrando-as e direcionando-as pa-
entre as criaturas o desequilíbrio e esti- ra o bem.
mulando à debandada. Por mais difíceis se nos apresentem as
Os discípulos da verdade devem per- acusações, e por mais terrível seja a
manecer fiéis aos postulados que abra- morbidez direcionada para impossibili-
çam vivenciando-os. tar-nos o avanço, mantenhamos a sere-
Não seja pois, de estranhar, que a in- nidade.
compreensão sitie os nossos passos e Que receio nos podem proporcionar
obstáculos imprevistos apareçam pela aqueles que apenas falam contra nós?!
senda que percorremos. Atuando no bem e sabendo confiar no
Devemos contar com a consciência ili- tempo, levaremos a mensagem de liber-
bada e nunca aguardar o aplauso da in- tação da Doutrina Espírita às diferen-
sensatez. tes Nações da Terra, pulcra, conforme
Nosso modelo é Jesus, para Quem não no-la legaram os Espíritos por intermé-
houve lugar no mundo. dio de Allan Kardec e dos seus discípu-
O Codificador igualmente seguiu-Lhe los mais dedicados.
as pegadas e soube arrostar as conse- O Movimento expande-se; nada pode
qüências do messianato a que se entre- deter a marcha da Doutrina Espírita,
gou, incorruptível e tranqüilo. nem mesmo aqueles que, se dizendo
Lamentamos que as maiores dificul- adeptos da palavra do Codificador, er-
dades sejam intestinas em nosso Movi- guem-se para zurzir-nos com as expres-
mento, mas compreendemos que as cria- sões destrutivas, utilizando-se das ar-
turas se demoram em diferentes pata- mas da impiedade disfarçada de dedi-
mares de consciência, possuindo a ópti- cação à Causa.
ca própria para observação dos fatos e O servidor da verdade permanece-lhe
interpretação da mensagem. fiel, não divulgando o mal, mas apresen-

12 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 8


da Doutrina Espírita’’
tando o bem; mesmo do erro tirando a contro com Jesus através da fé racional,
melhor parte, aquela que serve de lição clara e nobre, é o campo onde o bem
para não se voltar ao engano ou não se se instalará em definitivo, como célula do
estabelecerem novos compromissos ne- organismo social. E dessa criatura trans-
gativos. formada teremos a sociedade melhor
Confiai, filhos dedicados! que o Espiritismo deve construir.
Vossos passos na Terra devem deixar Fiquem, no passado, todos os proble-
sinais que possam servir de roteiro mas-desafio.
para os que vierem depois. Fiquem, no silêncio das nossas pala-
O nosso compromisso é com Jesus, o vras e no verbo das nossas ações edifi-
Amor, e com Allan Kardec, a razão, cantes, os nossos propósitos de servir,
para que a religião cósmica da verdade
domine os corações humanos, restau- confiando que a casa construída na rocha
rando no planeta a era da legítima fra- sobreviverá aos fatores externos que,
ternidade. aparentemente, a ameaçam, e o ideal so-
O Espiritismo vem desempenhando o brepairará conduzindo todos ao imenso
papel para o qual foi codificado. fanal da plenitude.
Não nos detenhamos na análise dos
impedimentos, dos erros, mas examine-
mos a extensão dos benefícios que hoje
conduzem milhões de vidas que se nor-

S
teiam para o Bem. enhor de nossas vidas, prossegue
Não guardemos qualquer ressenti- conduzindo-nos.
mento, nem nos deixemos entristecer ou
entibiar, quando as forças parecerem Ovelhas tresmalhadas que somos do
diminuídas. Teu rebanho, apiada-Te da nossa tibieza
Não nos permitamos desanimar, por- de caráter, da nossa fragilidade moral e
quanto o nosso é um trabalho pioneiro, conduze-nos com a Tua paciência de
a nossa é uma tarefa caracterizada Pastor multimilenário, que nos aguarda
pelo estoicismo. pelas trilhas da evolução.
Nossa jornada deve estar assinalada Despede-nos, Excelente Filho de Deus,
pelo amor, e é natural que ainda não enriquecidos de paz e de entusiasmo, na
haja lugar para ele entre muitos Espíri- certeza de que nunca nos deixarás a
tos que se encontram em níveis de evolu- sós, mesmo quando, por qualquer cir-
ção diferentes. cunstância, nos resolvamos afastar de
Avancemos unidos. O ideal de unifica- Ti, concede-nos então uma outra oportu-
ção vem do mundo espiritual para a nidade, permanecendo conosco por todo
Terra. o tempo.
Se não formos capazes de discutir as Que assim seja!
nossas dificuldades idealísticas em cli-
ma de paz, de fraternidade, de respeito
mútuo, de dignificação dos indivíduos e
das Instituições, que mensagem podemos
oferecer ao mundo e às criaturas estúr-

M
dias deste momento?! uita paz, meus filhos.
Tem-se a medida do valor moral do Que o Senhor permaneça conos-
homem pelas resistências que vive nas co, são os votos do servidor hu-
lutas que trava. mílimo e fraternal de sempre,
Os ideais tornam-se grandiosos pelo
que provocam nos inimigos gratuitos do BEZERRA *
progresso.
A Doutrina Espírita, repitamos, é Je- * Revisada pelo Autor.
sus, meus filhos, em nova linguagem
perfeitamente compatível com os arrou- (Mensagem psicofônica recebida pelo mé -
bos da Ciência e os fatos demonstrados dium Divaldo P. Franco ao encerramento da
pela experimentação de laboratório, as- Reunião Ordinária do Conselho Federativo Na -
sim como pelas conquistas tecnológicas. cional, da Federação Espírita Brasileira, na
Mas, a criatura humana, que é o labora- manhã do dia 10-11-1996, na sua sede, em Bra -
tório da própria evolução, no seu en- sília-DF.)

9 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 13


EXERCITANDO O EVANGELHO

ADULTÉRIO NO CORAÇÃO
‘‘ (...) do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.’’ Jesus (MATEUS, INALDO LACERDA LIMA
15:19).

oração, nesse ensinamento quer no bem quer no mal. Aí está outros, na busca de um caminho

C do Mestre, simboliza, como


órgão da vida, a sede do
sentimento da alma.
por que profundamente correta é
a expressão do Mestre divino ao
afirmar que ‘‘do coração proce-
superior para o bem, para a luz.

É importante não esquecer- dem os maus pensamentos, mor-


dulterar é também mentir,
mos que essa simbologia tem um
fundamento lógico muito antigo,
em que se acreditava que todo
sentir humano partia do coração.
tes, adultérios, prostituição, furtos,
falsos testemunhos e blasfêmias’’.
Porque o sentimento do homem
obscurecido pela imperfeição e
A é trair a boa-fé ou confian-
ça daqueles que acreditam
em nós, é querer fazer prevalecer
A imagem, portanto, é perfeita e os seus pontos de vista; é tam-
pela ignorância do bem sempre bém difamar, enganar, mascarar
se tem feito registrar em todas as foi responsável por toda a treva
línguas vivas e mortas por artis- a verdade.
que tem marcado de sombrias to- O mundo, indiscutivelmente,
tas, poetas e filósofos. nalidades o cenário social desta
Eis como se expressa o poeta caminha para a perfeição, em que
nossa sofrida morada planetária. pese os obstáculos impostos por
Augusto dos Anjos em seu lin- Como tem podido o homem
díssimo soneto do livro ‘‘Eu e todos aqueles que se contrapõem
cometer, ainda em nossos dias, ao progresso. Pois a hora da co-
Outras Poesias’’, que ele intitu- ações tão iníquas se de Deus ele
lou Vandalismo: lheita chegou. Em 1862, em Pa-
é filho? Será por cegueira espiri- ris, dizia o Espírito de Verdade,
tual ou ignorância de sua origem numa mensagem dirigida aos
‘‘Meu coração tem catedrais divina? Não! Nem uma coisa
[imensas, obreiros do Senhor: ‘‘Mas, ai da-
nem outra. A História nos dá queles que, por efeito das suas
Templos de priscas e lon- conta de que em todas as épocas
[gínquas datas, dissensões, houverem retardado
da vida do homem nunca lhe fal- a hora da colheita, pois a tem-
Onde um nume de amor, em tou a intuição do bem e do mal,
[serenatas, pestade virá e eles serão levados
ou a presença daqueles que se no turbilhão! (...).’’ Essa mensa-
Canta a aleluia virginal das incumbiam de o ensinar e orien-
[crenças.’’ gem encontra-se no vigésimo ca-
tar. É o abuso do livre-arbítrio pítulo de ‘‘O Evangelho segundo
que tem conduzido o homem à o Espiritismo’’.
Ou como verseja o poeta Ana- prática do mal, segundo os im-
creonte (VI século antes de Cris- O espírito do Evangelho so-
pulsos do coração. freu ao longo dos séculos muitas
to), numa feliz tradução do poeta Ao falar de adultério no cora-
português Antônio Fernandes de adulterações por causa da letra.
ção, não nos pretendemos situar, Não obstante a advertência do
Castilho de um de seus poemas simplesmente, num comportamen-
que foi possível preservar ---- A Apóstolo das gentes dirigida aos
to licencioso e sensual. Quere- coríntios de que a letra mata
Andorinha:
mo-nos referir a todo e qualquer (2 Cor. 3:6), em função dela, os
tipo de ação imprópria ao bom homens traíram tremendamente o
‘‘São tais seus clamores,
que às vezes abalos senso e que possa gerar o mal, espírito dos ensinos de Jesus.
de raiva me dão; permitindo-se o homem a condu- Vejamos um exemplo simples
mas tantos amores... zir-se por pensamentos estranhos do perigo a que a letra pode con-
Como hei-de lançá-los a sua natureza de criatura de duzir a quem quer que dela não
do meu coração?’’ Deus. separe o espírito. Certa feita,
Prevenir contra o assédio aproximando-se o Mestre de Ce-
Em todos os tempos e em mental responsável por qualquer saréia de Filipe, perguntou aos
qualquer parte de nosso Orbe, o forma de adultério é tarefa de seus discípulos sobre o pensa-
coração sempre foi o símbolo quem quer que assuma o com- mento dos homens a seu respei-
perfeito do sentimento humano, promisso de educar ou instruir os to. E eles responderam que, para

14 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 10


uns, era ele João Batista, outros, mas só das que são dos homens.’’ ocorrera com Pedro, quando cen-
supunham-no Elias, ou Jeremias, (Mateus, 16:22-23.) surou o Cristo; com Judas Isca-
ou algum dos profetas. E Jesus Que é isso?! Tão logo foi no- riotes, quando tenta ludibriar a
indaga-lhes, ainda: ‘‘---- E para meado guardião das chaves do gente do Sinédrio convencido de
vós, quem sou?’’ Pedro, como Céu, já é repudiado como Sata- que nunca poriam as mãos sobre
que tomado de uma força supe- nás?! Claro que não é ao homem aquele Mestre que ele, Judas,
rior, adianta-se e fala: ‘‘Tu és o Pedro que o Divino Amigo se di- efetivamente amava; ou com os
Cristo, Filho do Deus vivo.’’ E o rige, mas ainda à sua mediunida- dois discípulos mais jovens ----
Mestre exclama, então: ‘‘---- Bem- de, agora, instrumentalmente ne- João e Tiago ---- quando disputa-
-aventurado és, Simão, filho de gativa. vam, com os outros, lugares de
Jonas, porquanto não foram nem Não houvessem as letras do primazia ao lado do Cristo. As
a carne nem o sangue que isso te Evangelho sofrido as conseqüên- intenções são sempre boas na
revelaram, mas meu Pai, que está cias do adultério no coração do aparência!...
nos céus. E eu te digo que és Pe- homem, milhares de fogueiras Se nos apraz, efetivamente, a
dro e sobre esta pedra edificarei a não teriam sido acesas nas trevas condição superior, mas não mui-
minha igreja.’’ (Mateus, 16:13-20.)* da Idade Média para queimarem to fácil, de trabalhadores da últi-
Pedra, aí, na voz do Senhor, corpos vivos, num atentado infe- ma hora, na conceituação dos
não é o homem Pedro, mas a re- liz à lei magna do Senhor do Espíritos em ‘‘O Evangelho se-
velação do Altíssimo através da Universo, no seu 5o Mandamen- gundo o Espiritismo’’, mantenha-
mediunidade de Pedro. A igreja to: Não matarás. mo-nos atentos e vigilantes contra
do Senhor é a integração de to- Tudo isso é passado... Esta- o adultério no coração. Ele nos
dos os seguidores do Evangelho. mos, hoje, no início de uma penetra, tendenciosamente, pela
Não estabelecia Jesus que fosse Nova Era. Importa que nos posi- janela da vaidade, pelas brechas
Pedro, filho de Jonas, o chefe de cionemos, agora, evangelicamen- do orgulho, pelas chaminés da
uma instituição que somente no te, no bem, e atentos ao espírito ambição, pelas frestas da adula-
ano 400, no Concílio de Toledo, das determinações do Pai de infi- ção ou por quaisquer outras cica-
designava o título de Papa ao bis- nito amor, tudo esquecendo e trizes que nos manchem a epiderme
po de Roma. perdoando, sem que os postula- da alma.
Aí está, apenas como exem- dos do Consolador sejam infrin- Ser guardião do Evangelho,
plo, a primeira adulteração im- gidos. da Doutrina Espírita e das verda-
posta ao Evangelho do Cristo e des eternas é missão que se con-
fundamentada na letra que mata. quista através do desenvolvimento
Mais tarde, um pouco antes da daquelas três condições assinala-
promessa do Consolador, ele,
‘‘Enquanto estivermos das pelo Espírito Verdade ao
Jesus, assim se expressara: ‘‘Um vinculados ao processo Professor Rivail, antes ainda de
novo mandamento vos dou: que reencarnatório assinar-se Allan Kardec: humil-
vos ameis uns aos outros; como cometeremos erros e dade, modéstia e desinteresse.
eu vos amei a vós, que também sofreremos as suas Será que julgamos sofrer de
vós uns aos outros vos ameis. conseqüências. Por isso miopia o Cristo de Deus, que não
Nisto todos conhecerão que sois somos, sempre, perceba os nossos erros, deslizes
meus discípulos, se vos amardes ou falsidades no cumprimento
aprendizes do Evangelho’’ das determinações do Pai celes-
uns aos outros.’’ (João, 13:34-35.)
Logo depois daquela confis- tial? Atentemos na advertência
são de Pedro (filtrando o pensa- do Espírito Verdade àquele que
mento divino), quando Jesus viera para coordenar, pela Dou-
passou a anunciar a sua morte, o trina-Luz, a reforma do mundo
Há uma tendência terrível na inteiro: ‘‘Para o teu triunfo não
que teria de sofrer dos homens,
alma imperfeita dos homens ao basta a inteligência.’’
Pedro censura o Mestre: ‘‘Se-
nhor, tem compaixão de ti; de erro e à adulteração das coisas
modo nenhum te acontecerá is- puras e verdadeiras. E não é por
so.’’ Diz o texto que o Mestre se acaso que encontramos homens
uando o coração corre ris-
volta para ele, exclamando com
autoridade: ‘‘Afasta-te de mim
Satanás, tu me és motivo de es-
cândalo, pois que não tens a
valorosos nos arraiais do Espiri-
tismo com inclinações ao confli-
to ou a acomodações estranhas à
influência de outros, obscurecen-
Q co de perverter-se por sin-
tomas de adultério, seja
ele qual for, constitui isso um in-
dício natural de carência de vigi-
compreensão das coisas de Deus, do a verdade, traindo os bons lância em nossa fé, que se pode
princípios e tentando semear a corrigir pelo hábito da oração.
*Igreja: Assembléia do povo, conforme cizânia na vinha do Senhor. O fe- Oração e vigilância são colunas
o latim ecclesia. nômeno é mera repetição do que seguras de nossa sustentação. Pou-

11 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 15


co importa o nível que já tenha-
mos alcançado na meta evolutiva.
Enquanto estivermos vinculados ao Consciência, o espelho da alma
processo reencarnatório cometere-
mos erros e sofreremos as suas con- espelho reflete a imagem
seqüências. Por isso somos, sempre,
aprendizes do Evangelho.
Atentemos na sublimidade de
cada frase e de cada termo do lumi-
O da pessoa postada à sua
frente, tal qual esta se lhe
apresenta no momento em que ali
MARCELO PAES BARRETO

em seu patrimônio íntimo, o que


equivale dizer que passa a haver
noso Prefácio de ‘‘O Evangelho se- se coloca, oportunidade na qual
novo comando!!!
gundo o Espiritismo’’, e no nome pode visualizar a sua situação físi-
de seu autor; em seguida, consulte- ca, podendo, se quiser, retificá- -la
mos nossa própria consciência. ou deixá-la como está.
Atentemos, ainda, nas pala- ‘‘À medida que o ser
Nele, porém, não pode visuali- encarnado passa a se
vras do Codificador do Espiritis- zar a sua situação interna, ou seja,
mo ao concluir a Introdução ao conscientizar da sua
livro ‘‘A Gênese’’, em seu penúl- a sua vida interior, fato somente realidade, da verdade e das
timo parágrafo: possível através do exame da cons- leis naturais, perceberá,
ciência. diante do espelho da alma,
‘‘Os mesmos escrúpulos havendo A consciência passa, então, a
presidido à redação das nossas uma figura desprovida de
ser o espelho da alma, retratando,
outras obras, pudemos, com toda manchas e de maldade’’
verdade, dizê-las: segundo o Es- através do registro dos atos realiza-
piritismo, porque estávamos certo dos ou mesmo idealizados, as coi-
da conformidade delas com o en- sas boas ou más das quais o Espíri-
sino geral dos Espíritos. O mes- to é portador.
mo sucede com esta, que podemos, É nesse momento que surgem
por motivos semelhantes, apre- Quando o indivíduo passa a ob- os institutos da cautela, da prudên-
sentar como complemento das servar-se através do espelho da cia e da análise dos fatos e atos de
que a precederam, com exceção, alma, assume, conseqüentemente, sua vida, objetivando o acerto dos
todavia, de algumas teorias ainda a postura da responsabilidade, vi-
hipotéticas, que tivemos o cuida-
passos para um rumo melhor, o
do de indicar como tais e que de- giando-se para não deixar que no- que deverá propiciar tranqüilidade,
vem ser consideradas simples vos erros ou enganos aconteçam
opiniões pessoais, enquanto não
forem confirmadas ou contradita- e até alegria, ao se olhar no espelho
das, a fim de que não pese sobre interno da própria alma.
a doutrina a responsabilidade de- coração. Por isso, vale a pena
transcrever as orientações do Es- Trata-se, na verdade, tal pro-
las.’’ (Grifo do original.)
pírito Verdade ao nosso ínclito cesso, do ‘‘Vigiai e Orai’’ e do
Eis a prudência fecunda do Codificador (‘‘Obras Póstu- ‘‘Conheça-te a ti mesmo’’, propi-
Codificador. Comparamo-la com mas’’, pág. 283): ciando a ponderação racional antes
aquela do apóstolo Paulo: ‘‘Aque- da tomada de qualquer atitude.
le, pois, que pensa estar em pé, ‘‘(...) Para lutar contra os ho- Assim, à medida que o ser en-
veja não caia.’’ (1 Cor., 10:12.) mens, são indispensáveis cora-
carnado passa a se conscientizar da
O missionário da Terceira Re- gem, perseverança e inabalável
firmeza. Também são de necessi- sua realidade, da verdade e das leis
velação, que tinha consigo, a seu naturais, trazidas ao mundo de for-
dade prudência e tato, a fim de
lado, o Espírito Verdade, pelo conduzir as coisas de modo con- ma concreta pelo Cristo Jesus, per-
menos uma vez por mês, durante veniente e não lhes comprometer
quinze minutos (‘‘Obras Póstu- ceberá, diante do espelho da alma,
o êxito com palavras ou medidas
mas’’, 13a ed., FEB, pág. 274), intempestivas.’’(...)
uma figura desprovida de manchas
poderia ter liquidado de uma vez e de maldade, sem pesos que atra-
determinadas questões. Se não o No trato das coisas espirituais, vancam a própria caminhada.
fez é porque, certamente, não temos que ser em tudo prudentes. A partir disso, torna-se, então,
chegara o momento... Às vezes necessário se faz citar de verdade, um arauto do bem, que
A verdade é, pois, coisa seriís- ou mencionar determinados acon- busca, em todas as oportunidades
sima que, quando invigilantes ou tecimentos, mas sem fundo críti- da vida, realizar coisas que ajudem
muito convencidos, pode gerar co ou censura: apenas como lem- a edificar uma vida plena de luz,
argueiro nos olhos ou pedrinhas brete oportuno na pedagogia des- alegria e progresso.
incômodas nos sapatos de muitos se manancial de luz e manual de
de nós, levando-nos a correr evolução espiritual, que é o Evan-
amargos riscos de adultério no gelho.

16 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 12


seja, é que não realizamos o ideal

ANO BOM da Bondade em nós mesmos.


Não nos fazendo bons nem me-
lhores, coisa alguma de bom e me-
chamos admirável a dispo- PASSOS LÍRIO lhor poderemos amealhar na caixa

A sição de ânimo das criatu-


ras que se saúdam à en-
trada de cada Novo Ano, augu-
Ele será bom, tanto quanto o
desejamos, não pelo que receber-
mos, mas pelo que dermos; não
forte de nossas riquezas e aquisi-
ções.
Não sabendo demonstrar valor
rando votos de felicidades umas às diante das situações difíceis com
pelo que os outros nos fizerem, mas
outras. que nos vemos a braços, estas se
pelo que fizermos aos outros; não
É ainda uma das belas praxes nos afigurarão adversas, madrastas
pelo que eles forem para nós, mas
cultivadas pelo espírito humano, e inarredáveis.
pelo que formos para eles, isto é,
abstração feita ao caráter meramen- Não revelando tolerância, faltar-
todo Ano-Novo será necessaria-
te protocolar que, em alguns casos, nos-ão elementos para suportar e
mente Ano Bom, se bons nossos
possa oferecer. compreender os outros.
pensamentos e atos, se boas nossas
Isso ameniza um pouco as aspe- Não manifestando espírito de dis-
palavras e atitudes.
rezas da trajetória terrena e dá novo ciplina, as coisas mostrar-se-nos-ão
Manifestações de coisas ótimas
alento ao trato social, que se reveste tumultuadas e incontroláveis.
são também novidades ótimas.
assim de mais beleza e atrativo. Não demonstrando boa vontade,
Transmissão de notícias alenta-
Quem realiza semelhante prodígio tudo nos parecerá penoso, difícil,
doras.
de cordialidade e delicadeza nas estranho, anormal, anômalo, in-
Anúncio de acontecimentos pro-
manifestações dos sentimentos? compreensível.
missores.
quem responde por esse clima de Não nos esforçando por progredir,
Divulgação de mensagens salu-
amenidade de que nos damos conta as maravilhas da Evolução manter-
tares.
dentro e fora dos ambientes domés- se-ão distantes e ausentes, ocultas e
Surpresas agradáveis.
ticos? quem contribui, assim, de inapreensíveis, sem que possamos
Lembranças carinhosas.
maneira tão decisiva, para que as vê-las, senti-las e alcançá-las.
Impressões estimulativas.
coisas, de um final de ano ao Não trabalhando com afinco, as
Impulsos de cordialidade.
começo de outro, mostrem-se a- melhorias de condições de vida re-
Expansões de sadio bom humor.
brandadas, cativantes, impregnadas trair-se-ão ao nosso contato.
Delicadas demonstrações de senti-
de um quê de radiosidade envol- Não estudando com real aplica-
mento gratulatório.
vente e penetrativa? ção, o Conhecimento e a Cultura
Expressões de gentileza.
E a resposta é - o Tempo, única e permanecerão alheios à nossa pre-
Apresentação de maneiras discre-
exclusivamente o Tempo, esse pa- sença.
tas, distintas, corretas e nobres.
trimônio comum de todos e deno- Não nos dedicando ao fiel
Tudo que possa contribuir para
minador comum de renovação de cumprimento dos nossos deveres
edificar e expandir o Bem, de que
tudo, tal como o entendia Padre humanos e espirituais, as verdadei-
dermos autênticos testemunhos, se-
Germano, que situava nele alcan- ras alegrias e venturas da existência
rão como que parcelas de nós mes-
doradas esperanças de grandiosas não darão acordo de si à passagem
mos que se entranharão na Alma do
realizações e grandes realidades. de nossos corações.
Tempo, refletindo nela Luz e Bon-
Quando empregamos as expres- Não nos conduzindo bem, as boas
dade de nossa própria alma.
sões "Ano Novo" e "Ano Bom", coisas não se apresentarão em nos-
Tudo que, por nosso intermédio,
para qualificar um outro ciclo do so caminho, nem se farão sentir em
caracterizar e definir o Belo, cara-
Calendário, temos - talvez sem o nós e por nós, estrada afora.
cterizará e definirá gemas e precio-
perceber - a idéia de que o Tempo é Um Ano é Bom quando bons nos
sidades do nosso relicário íntimo, já
uma das maiores e mais exuberan- fazemos em todo o seu decurso,
por si mesmo embelezado.
tes bênçãos com que o Criador nos evidenciando a presença de Deus
Assim, se, ao término de um
felicita na experiência planetária. em nossas vidas.
"Ano", acharmos que ele não foi
Todo Ano poderá ser Bom, ainda
"Bom", como esperávamos que o
que nossas impressões sejam em
fosse e sempre esperamos que o
contrário.

13 - REFORMADOR, JANEIRO, 1997 17


A proposta do Cristo
eria impossível mensurar- O envolvimento fluídico na

S mos a grandeza dos ensi-


namentos do Mestre Jesus,
mas podemos afirmar que a
WARWICK MOTA

o Filho do homem veio procurar


e salvar o que estava perdido’.’’
questão é tão patente, que bas-
taram alguns momentos em con-
tato com o Mestre para que se
Sua proposta é nortear o com- processassem profundas modifi-
portamento individual de cada O diálogo, aparentemente sim- cações morais em Zaqueu, não
um de nós, proporcionando- plista, revela grandes ensinamen- apenas pelo compromisso pú-
-nos ensinamentos que provo- tos, por muitos ainda desper- blico de restituir quadruplamen-
cam profundas reflexões e en- cebidos, mas que destacam o en- te (segundo a lei de Moisés),
sejam orientações que desper- sinamento moral e o ensinamento àqueles a quem prejudicou, mas
tam para o desenvolvimento espiritual. O fato de Zaqueu pro- por despertar nele o sentimento
espiritual. curar uma melhor forma de ver de caridade e desprendimento,
Para lograr objetivos, a men- Jesus revela predisposição à mu- levando-o a doar aos pobres me-
sagem do Evangelho fundamen- dança dos atos, pois a simples tade dos bens que lhe perten-
ta-se em dois grandes aspectos: a presença do Rabi Galileu provo- ciam.
autoridade moral e a autoridade cava profundas reflexões. Outro A autoridade espiritual de Je-
espiritual. A primeira refere-se à ponto indiscutível é que a mu- sus se faz presente, ao afirmar:
exemplificação dos ensinamentos dança de Zaqueu já fazia parte ‘‘A salvação entrou nesta casa,
através dos atos; a segunda, inte- dos objetivos do Mestre, tanto porque ele também é filho de
ragente com a primeira, além de que, ao entrar em Jericó, perce- Abraão. Com efeito, o Filho do
denotar a grandeza moral do Cris- be-o facilmente em cima de uma homem veio procurar e salvar o
to, que transcende aos atos e pa- árvore ansioso por um olhar, ao que estava perdido’’. Não obstan-
lavras, faculta a modificação do que Jesus corresponde, demons-
ser, pelo envolvimento fluídico te demonstrar claramente que co-
trando profundos conhecimentos nhecia as mazelas que marcavam
que provoca a Sua superioridade de psicologia transpessoal: levanta
espiritual. A exemplo disso nos o caminho espiritual de Zaqueu,
o olhar e a ele se dirige dizendo: percebia nos seus pensamentos a
narra Lucas (19:1-10) a passa- ‘‘Zaqueu, desce depressa, pois
gem de Jesus por Jericó: vontade de mudar. Se não fosse
hoje devo ficar em tua casa’’. verdade estaria Jesus interferindo
‘‘E tendo Jesus entrado em Jericó, O vocábulo casa, neste caso, no livre-arbítrio daquele, modifi-
ele atravessava a cidade. adquire outra conotação, visto cando-o intimamente contra a sua
Havia lá um homem chamado que vem antecedido de uma afir- vontade.
Zaqueu, era rico e chefe dos pu- mativa verbal ---- ‘‘pois hoje devo
blicanos. Ele procurava ver quem A receptividade de Zaqueu às
ficar em tua casa’’. Na frase, o
era Jesus, mas não o conseguia sugestões fluídicas do Mestre mo-
verbo devo é aplicado no sentido
por causa da multidão, pois era difica instantaneamente seu com-
de certeza e não de hipótese. En-
de baixa estatura. Correu então à portamento para com Deus, para
tendemos, com isso, que o Mes-
frente e subiu num sicômoro para
tre se refere à casa mental de com o próximo e para consigo
ver Jesus que iria passar por ali. mesmo, salvando aquela encarna-
Quando Jesus chegou ao lugar, Zaqueu, pois a hospedagem que
desejava Jesus não era apenas no ção e por conseguinte reformando-
levantou os olhos e disse-lhe: -se pela conversão, através de atos
‘Zaqueu, desce depressa, pois hoje lar físico, mas principalmente no
devo ficar em tua casa’. Ele des- seu coração, a fim de que este se e não de promessas.
ceu imediatamente e o recebeu modificasse. Convém ressaltar a É oportuno recordarmos que a
com alegria. À vista do aconteci- imensa facilidade com que Jesus passagem de Zaqueu é de grande
do todos murmuravam, dizendo: manipula os fluidos, pois suben- alcance e importância na condução
‘Foi hospedar-se na casa de um tende-se que ele altera a psicosfe- de nossas ações. Subir no sicômo-
pecador!’ Zaqueu, de pé, disse ao ra pessoal de Zaqueu, permitindo ro representa a predisposição para
Senhor: ‘Senhor, eis que dou a a mudança, que funciona como
metade de meus bens aos pobres,
que este compreenda a mensa-
e se defraudei alguém, restituo- gem de natureza espiritual na sua agente facilitador da reforma ínti-
-lhe o quádruplo’. Jesus lhe perfeita essência. E ele a entende, ma, reforma esta que se constitui
disse: ‘Hoje a salvação entrou como se Jesus a propusesse: ‘‘Des- no preparo da morada de nossos
nesta casa, porque ele também é ce depressa, pois hoje devo ficar corações, onde o Cristo com certe-
um filho de Abraão. Com efeito, em teu coração para sempre.’’ za pedirá pousada.

18 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 14


Esflorando o Evangelho EMMANUEL

SIGAMOS ATÉ LÁ

‘‘Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras esti-


verem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será
feito.’’ ---- Jesus. (JOÃO, 15:7.)

Na oração dominical, Jesus ensina aos cooperadores a necessidade


de observância plena dos desígnios do Pai.
Sabia o Mestre que a vontade humana é ainda muito frágil e que
inúmeras lutas rodeiam a criatura até que aprenda a estabelecer a união
com o Divino.
Apesar disso, a lição da prece foi sempre interpretada pela maioria
dos crentes como recurso de fácil obtenção do amparo celestial.
Muitos pedem determinados favores e recitam maquinalmente as
fórmulas verbais. Certamente, não podem receber imediata satisfação
aos caprichos próprios, porque, no estado de queda ou de ignorância, o
espírito necessita, antes de tudo, aprender a submeter-se aos desígnios
divinos, a seu respeito.
Alcançaremos, porém, a época das orações integralmente atendidas.
Atingiremos semelhante realização quando estivermos espiritualmente
em Cristo. Então, quanto quisermos, ser-nos-á feito, porquanto teremos
penetrado o justo sentido de cada coisa e a finalidade de cada circunstân-
cia. Estaremos habilitados a querer e a pedir, em Jesus, e a vida se nos
apresentará, em suas verdadeiras características de infinito, eternidade,
renovação e beleza.
Na condição de encarnados ou desencarnados, ainda estamos cami-
nhando para o Mestre, a fim de que possamos experimentar a união glo-
riosa com o seu amor. Até lá, trabalhemos e vigiemos para compreender
a vontade divina.

(Do livro ‘‘Pão Nosso’’, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, Capítu-
lo 59, págs. 129 e 130, ed. FEB.)

15 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 19


20 anos da Campanha Permanente de
Entrevista com Francisco Thiesen, que fala, da Espiritualida-
de, sobre o significado da Evangelização, através da psicogra-
fia de Divaldo Pereira Franco
1) Qual a sua avaliação geral sobre esses vinte 2) Considerando-se que a Evangelização Infanto-
anos de atividades da Campanha? -Juvenil tem objetivos a longo prazo, é possível de-
tectar até agora alguns resultados positivos no to-
Inspirados pelos Bons Espíritos, que são os inter- cante ao interesse dos Evangelizadores, dos pais e
mediários de Jesus, o Mestre por Excelência, foi-nos dos alunos?
possível desenvolver um programa de atividades es-
píritas-cristãs direcionado à Infância e à Juventude Vive-se, na Terra, o momento da grande transição
com o êxito esperado. anunciada pelo Evangelho libertador. Nunca houve
Tomando o solo virgem dos corações infanto-ju- tanta violência, agressividade e desequilíbrio entre as
venis, ensementamos a palavra de vida eterna, ofere- criaturas, como nos dias atuais. Concomitantemente,
cendo o conhecimento como luz libertadora e o amor jamais existiu tanto amor trabalhando pelo ser huma-
como alicerce de segurança para a felicidade. no como na atualidade. Quase num paradoxo, o ho-
Compreendendo que a criança e o jovem encon- mem que conquistou as estrelas rasteja em lamentável
tram-se em formação, na atual existência, não ficou desequilíbrio, por esquecimento proposital das Leis
esquecido o postulado da imortalidade, demonstran- de Deus, das quais tem procurado fugir, como reação
do que, embora a forma física em fase de desenvolvi- aos ditames ortodoxos das religiões do passado, que
mento, ela reveste o Espírito experiente e vivido em o limitaram, que o afligiram. Não obstante, para onde
muitas etapas, nas quais deu curso aos instintos quer que fuja encontra a realidade divina advertindo-o e
em predomínio como à razão em crescimento. As- despertando-o para a Vida. Cansado dessa evasão da
sim sendo, as atividades desenvolvidas alcançaram as
realidade, constatando, frustrado, a ineficácia e inex-
metas objetivadas, porque penetraram no âmago do
pressividade das conquistas logradas, volta-se para
ser despertando-o para as realidades novas, com ma-
dentro e redescobre o Bem, deixando-se conduzir em
turação em torno das conquistas passadas e superação
processo de renovação e de identificação com o
dos compromissos negativos ainda em prevalência.
Vencendo os obstáculos naturais, que toda idéia Amor. Somente então compreende que a sua viagem
nova enfrenta, foi gerada uma consciência lúcida de para fora não resolveu os problemas que o aturdem,
que a Infância e a Juventude são o campo fértil a la- porque Deus está aguardando-o no seu próprio cora-
vrar, preparando a sociedade do futuro. ção.
Certamente ainda permanecem alguns bolsões de A Evangelização Infanto-Juvenil vem produzindo
ignorância em torno do relevante assunto, que nos es- resultados positivos e relevantes na família, em face
tão exigindo maior soma de cuidados e, sobretudo, da preparação das crianças e dos jovens que se dispõem
de perseverança, que nos emulam ao prosseguimento aos enfrentamentos com estrutura mais bem trabalhada,
sem descanso. despertando nos pais e nos evangelizadores o justo
Superando a acomodação ancestral a respeito da júbilo que não pode ser medido pelos métodos con-
preparação das gerações novas, a Campanha vem vencionais, já que têm caráter qualitativo-quantitati-
sensibilizando as pessoas responsáveis pelo progres- vo, com pesos específicos de significado vertical para
so da Humanidade, nas Casas Espíritas, despertando Deus e não apenas horizontal na direção da socieda-
novos e interessados trabalhadores, que compreen- de.
dem a urgência da educação espírita-cristã, à luz do Já se podem observar esses resultados, acompa-
Evangelho e da Codificação. nhando-se aqueles que ontem estiveram nas classes
A socialização da criança e do jovem através da da Campanha e agora, alcançada a idade adulta, per-
Campanha de Evangelização Espírita é fundamental severam nos ideais espíritas e trabalham com entu-
para a construção de uma mentalidade livre de pre- siasmo em favor de uma nova ordem de valores, de
conceitos e equipada de recursos superiores para o uma sociedade equilibrada e feliz. Dignificados pelo
enfrentamento dos desafios no mundo moderno, no conhecimento e vivência dos postulados espíritas-cris-
qual as mudanças se fazem com muita rapidez. tãos que aprenderam na Infância e na Juventude, en-
Sob esse e muitos outros aspectos doutrinários, frentam melhor os desafios que os surpreendem,
psicológicos e humanos, a atividade vem preenchen- ricos de esperança e de paz, sem se permitirem afligir
do, com excelentes resultados, os objetivos para os ou derrapar nas valas do desequilíbrio, da agressivi-
quais foi criada. dade, da delinqüência.

20 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 16


Evangelização Espírita Infanto-Juvenil
3) Por que uma Campanha de tal envergadura com ensandecida, não triunfará no futuro em madrugada
tantas possibilidades no campo da transformação permanente de felicidade.
moral dos homens encontra tantas dificuldades para
ser realizada? 5) Que ações realizadas pelos encarregados da
sua execução no plano físico conseguiram mobilizar,
Toda proposta de dignificação humana encontra de maneira mais efetiva, os espíritas em geral em fa-
resistência naqueles que se comprazem no erro, na vor da Evangelização?
ignorância da verdade, no comodismo. Reagindo
contra os fatores que promovem a libertação, os anta- A qualidade dos conteúdos propostos na Campa-
gonistas do progresso investem com violência, bran- nha responde pela excelência do seu programa, des-
dindo as armas do ressentimento e malquerença, a pertando interesse e empenho em todos aqueles que
fim de obstaculizar-lhe o avanço. amam a Doutrina e que se interessam pelo bem da so-
Sempre foi assim e, por largo período, ainda per- ciedade, compreendendo que o melhor método de
manecerá dessa forma, em razão de as consciências construir o futuro é dignificar o presente e equipá-lo
adormecidas preferirem o letargo ao discernimento, a com valiosos instrumentos de conhecimento, amor e
sombra à luz, o prazer ao dever dignificador... trabalho direcionado para as criaturas do amanhã.
A figura impoluta de Jesus permanece na alça-de- Ao mesmo tempo, a dedicação e a perseverança
mira dos inimigos do Bem e a Sua Doutrina de amor dos pioneiros na atividade da Evangelização espírita-
tem sido manipulada de forma que atenda às paixões cristã, pelo alto significado do seu esforço, consegui-
servis dos dominadores de um dia, que passam dei- ram sensibilizar os espíritas em geral, que ora apóiam
xando sombras e amarguras, infelizes, também eles, o labor relevante e precursor de uma nova mentalida-
que rumam na direção da sepultura. de espírita.
Por outro lado, estamos em um grande enfrenta-
6) Vimos realizando ao longo desse período inú-
mento, que se caracteriza pela oposição das forças do
meros cursos, encontros, reuniões, com o propósito
mal, que laboram em favor do desvario na Terra,
sempre interessadas nas lides perversas das obsessões de não só dinamizá-la como, principalmente, manter
de demorado curso, que se encarregam de inspirar os seus objetivos, algumas vezes ameaçados em seus
rumos.
aqueles que lhes dependem da hospedagem, para se
Qual a sua opinião sobre estas realizações?
levantarem contra os nobres labores em favor da Hu-
manidade. É necessário que sejam mobilizados todos os re-
Não houvesse essa resistência forte, que procede cursos disponíveis, a fim de que a Campanha prossi-
do atavismo animal da criatura humana, sempre ar- ga no seu rumo iluminativo, abrindo novas portas e
mada contra tudo que é novo e nobre, e já nos encon- mantendo aquelas que facultam o trabalho, que está
traríamos em mundo de regeneração, que não é o em fase de crescimento e tem por meta melhorar a
caso do planeta terrestre neste momento. qualidade do ensino espírita-cristão às gerações no-
Graças a essa teimosa obstinação, na qual perma- vas.
necem alguns companheiros que combatem o traba- Estimulando os evangelizadores, os pais e os diri-
lho iluminativo direcionado à Infância e à Juventude, gentes espíritas para que se mantenham engajados no
somos estimulados à perseverança, à renovação, ao projeto da Campanha, conseguiremos atingir os obje-
prosseguimento da luta, tendo como modelo Jesus e tivos mediatos que nos estão reservados.
como guia Allan Kardec. O nosso é um trabalho que não cessará, porquanto
estaremos sempre apresentando propostas novas e
4) Por que esta Campanha, que, temos certeza, foi adequadas a cada época, sem fugirmos às bases do
inspirada e é dirigida pelo Plano Superior, sofre tan- programa estabelecido, que são os pensamentos de
tas interferências negativas que dificultam a sua Jesus e da Codificação, conforme no-la ofereceu Al-
marcha? lan Kardec.
Pelas mesmas razões que levaram o Messias Divi- 7) Hoje, já com uma visão mais dilatada, é possí-
no a ser traído por um amigo, a ser negado por outro vel avaliar se esses esforços são positivos e se estão
companheiro; a sofrer o repúdio da multidão que tan- alcançando os propósitos desejados?
to Lhe devia em misericórdia e amor; à cruz infaman-
te; à morte vergonhosa que Ele transformou em uma Os nossos Benfeitores da Vida Maior nos afirmam
perene madrugada de imortalidade. Não tivéssemos que estão sendo alcançadas as metas mais rapidamen-
aqueles transtornos da loucura coletiva que tomou te do que seria de esperar-se. Um trabalho de tal en-
conta de quase todos que O cercavam e não desfruta- vergadura ---- que pretende remodelar e substituir
ríamos da glória da Ressurreição. paradigmas culturais deteriorados pelo caruncho de
Assim também, toda obra de engrandecimento da certas Doutrinas religiosas do passado, assim como
Humanidade que não experimentar o testemunho, a do materialismo perverso ---- desenvolve-se com mui-
deserção de cooperadores, a calúnia, a perseguição to vagar, porque deve eliminar os vestígios do preté-

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rito e colocar bases novas para a construção do futu- moralização espírita, formando homens e mulheres
ro. Assim sendo, os propósitos em pauta estão sendo dignos desde a infância.
conseguidos com elevação e sabedoria.
10) Como despertar os Evangelizadores para a
8) Considerando a missão atribuída ao Brasil, de necessidade do estudo da Doutrina Espírita, meta
Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, qual a que ainda não conseguimos conquistar?
sua opinião relativamente à realização do 1o Curso
Internacional de Evangelização Espírita Infanto-Ju- Somente a conscientização individual conseguirá
venil, realizado em julho de 1984 sob sua presidên- despertar os Evangelizadores para o estudo da Dou-
cia? trina Espírita, porque compreenderão que não se po-
a) Houve resultados positivos? dem ocupar de uma atividade para a qual não se
b) Haveria indicação de nova realização nes- encontram preparados. É difícil sensibilizar a mente
se sentido? infanto-juvenil e transmitir-lhe conhecimentos doutri-
c) Como poderíamos ajudar os países da nários se o Evangelizador não estiver sinceramente
América Latina a desenvolverem a tarefa de Evange- tocado pelo conteúdo que pretende transmitir.
lização? Para que se consiga esse desiderato, torna-se in-
dispensável o trabalho fraternal de persuasão, de dou-
Os resultados fizeram-se imediatamente, quando trinação, a fim de que seja afastado o anestésico da
países, nos quais não se realizava a Evangelização es- preguiça mental que domina muitas criaturas ainda
pírita-cristã passaram a adotá-la, iniciando uma etapa distraídas da realidade do Espírito imortal, embora
de alta relevância na divulgação da Doutrina Espírita informadas pelo Espiritismo.
e na construção de uma Infância feliz e uma Juventu-
de saudável. Graças àquele labor valioso, a Campa- 11) Como os dirigentes espíritas poderão colabo-
nha atingiu a finalidade de despertar consciências rar no incentivo aos Evangelizadores e na criação de
fora do Brasil para o compromisso com as gerações condições mais favoráveis ao trabalho nessa área
novas. tão importante, por suas próprias características no
a) Sem dúvida os resultados foram muito positi- Movimento Espírita?
vos, transformando-se em flores e frutos abençoa-
dos. Ao dirigente espírita cabe a tarefa de propiciar aos
b) Seria ideal se pudéssemos voltar a reunir-nos Evangelizadores todo o apoio necessário ao bom êxi-
com os diferentes países que hoje trabalham na Evan- to do empreendimento espiritual. Não apenas a con-
gelização espírita-cristã direcionada às crianças e tribuição moral de que necessitam, mas também as
aos jovens. Porém, a decisão cabe aos queridos condições físicas do ambiente, o entusiasmo doutri-
companheiros que hoje administram a Casa de Is- nário atraindo os pais, as crianças e os jovens, facili-
mael. tando o intercâmbio entre todos os participantes e,
c) Mediante correspondência constante e troca de por sua vez, envolvendo-se no trabalho que é de to-
experiências, seria possível auxiliar os demais países dos nós, desencarnados e encarnados.
da América Latina a desenvolverem o programa da Compreendendo que a tarefa da Evangelização es-
Evangelização. Igualmente propondo a criação da ati- pírita-cristã é de primacial importância, o dirigente da
vidade onde não exista e continuando a enviar o ma- Casa Espírita se sentirá envolvido com o labor nobili-
terial pedagógico traduzido. tante, dispondo-se a brindar toda a cooperação neces-
sária ao êxito do mesmo, o que implica em resultado
9) Que pensar de tendências existentes no Movi- positivo da sua administração, que não se descuida
mento Espírita da atualidade, de introduzir na Evan- dos tarefeiros do porvir, já que a desencarnação a todos
gelização Espírita correntes de pensamentos filosóficos, espreita, e particularmente aos que seguem à frente
pedagógicos e metodológicos desvinculados do Espi- com a faixa etária mais avançada.
ritismo? Contribuir, portanto, para que a Campanha de
Evangelização Infanto-Juvenil atinja os seus objeti-
O nosso compromisso é com a Doutrina Espírita vos é compromisso de todo espírita responsável e
conforme se encontra exarada na obra magistral da disposto ao trabalho do Bem, particularmente aqueles
Codificação. Todo o tempo disponível deverá ser que dirigem as Casas Espíritas, conduzindo-as con-
aplicado na sua divulgação através dos métodos mais forme os postulados exarados na Codificação.
compatíveis com a psicopedagogia infantil. A intro-
dução de novos conteúdos que não estejam vincula- 12) Que mensagem daria aos Evangelizadores no
dos ao Espiritismo, em nosso modo de ver, seria sentido de estimulá-los a permanecerem na tarefa
tomar o espaço e o tempo preciosos ---- insuficientes com o mesmo entusiasmo das primeiras horas e na
que são para as necessidades doutrinárias ---- para am- certeza de estarem contribuindo para a obra de re-
pliação de conhecimentos gerais que pertencem à denção da Humanidade?
grade escolar, fugindo-se do objetivo essencial da
Evangelização. É claro que, no programa da Campa- A sementeira de amor é precioso legado de Jesus-
nha, as propostas filosóficas e outras se encontram -Cristo para as criaturas que O amam e que desperta-
embutidas, sem, no entanto, desfrutarem de campo ram para o dever inadiável de contribuírem em favor
específico, porque o nosso objetivo, repetimos, é a do mundo melhor do futuro. Trabalhadores da última

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hora, sois herdeiros da oportunidade feliz para repa- Permanecei, desse modo, dedicados e fiéis até o
rardes o passado mediante a construção do porvir. fim, mesmo que as dificuldades repontem em forma
Não é o acaso que vos reúne no campo da ação es- ameaçadora de dor e sombra. Quem anda na luz não
pírita-cristã. Tendes compromisso com o pensamento receia a treva e quem faz o bem não sofre solidão
de Jesus, que adulterastes anteriormente e que apli- nem desajuste.
castes em favor de interesses mesquinhos quão per- Perseverai, pois, alegres e confiantes na vitória fi-
turbadores. Renascestes para vos liberardes do ontem nal.
pernicioso mediante o presente rico de amor e de Jesus vos abençoe!
bênçãos.
Não desanimeis! Jesus vela por vós e os Seus Salvador, 31 de agosto de 1996.
Mensageiros vos acompanham, inspirando-vos e con-
duzindo-vos pela estrada nobre do dever. FRANCISCO THIESEN
Não vos importem as dificuldades momentâneas
que fazem parte do programa de ascensão. Pensai no
amanhã e preparai-o através das estrelas que puder-
des deixar pelos caminhos percorridos, a fim de que
aqueles que venham depois encontrem luz apontan-
do-lhes rumos de segurança.
Assumistes compromissos superiores com os
Mensageiros do Mundo Maior, e por isso fostes con-
vocados à tarefa enriquecedora da Evangelização da
criança e do jovem, trabalhando-os para Jesus. Não
vos surpreendais com o desafio, nem o abandoneis a
qualquer pretexto. Hoje é a oportunidade ditosa para
depositardes sementes no solo dos corações; amanhã
será o dia venturoso de colherdes os frutos da paz.

O direito de não fumar


primeira lei brasileira que seja um dos aspectos mais impor-
A define regras sobre o fumo
representa, sem dúvida, um
importante avanço na caminhada
MARCOS F. MORAES

fumantes e não-fumantes, preser-


tantes da lei, porque protege es-
pecialmente crianças e adoles-
centes, alvos principais da propa-
em direção ao controle do taba- vando a opção dos que não dese- ganda.
gismo no Brasil. Por isso, ela é jam se expor aos malefícios do A lei representa mais um
bem recebida pelo Instituto Na- fumo. Se levarmos em conta que passo em direção ao apoio aos tra-
cional de Câncer (Inca), institui- 96% da fumaça produzida pelo balhos educativos sobre o fumo. É
ção do Ministério da Saúde res- cigarro não passa pelo filtro, sen- o início de um processo que busca
ponsável pela coordenação das do, portanto, mais tóxica do que a proibir totalmente a propaganda de
ações de controle do tabagismo inalada pelo fumante, atentare- cigarros no Brasil, como já é feito
no país, que, há dez anos, vem mos para a importância de garan- em outros 27 países. Os fumantes
estimulando a criação de leis que tir o direito de ‘‘não fumar’’ a um (e os não-fumantes também) preci-
respaldem as ações educativas universo de pessoas muito maior sam saber que o cigarro é um dos
nessa área. É importante deixar que o de fumantes. principais responsáveis pelas duas
claro, porém, que o objetivo não Controlar o tabagismo é, na
é declarar guerra ao fumante. A primeiras causas de morte por
verdade, interferir em hábitos, doença no mundo: doenças cardio-
maior prova disso é que, de acor- comportamentos, atitudes enrai-
do com levantamento realizado vasculares e câncer. Trinta por
zadas há muito tempo. É alertar,
pela Organização Mundial da Saú- por meio de campanhas educati- cento de todos os tipos de câncer e
de (OMS) em países latino-ame- vas, que o fumante não irá ao su- 90% dos cânceres de pulmão são
ricanos, inclusive o Brasil, 60% cesso, não terá um raro prazer causados pelo cigarro. O fumo
dos que fumam apóiam as medi- nem será mais livre porque fuma causa mais mortes prematuras no
das restritivas da lei. esta ou aquela marca de cigarros. mundo do que a soma de todas as
Ao proibir o fumo em lo- Por isso, a nova lei brasilei- mortes provocadas por Aids, co-
cais fechados, a atenção está vol- ra traz embutido um avanço fun- caína, heroína, álcool, acidentes de
tada muito mais à proteção da damental em relação à regu- trânsito, incêndios e suicídios.
saúde dos não-fumantes do que lamentação da propaganda de ci-
propriamente aos fumantes. garros. A proibição de associar o
Visa, sobretudo, a buscar fumo a atividades esportivas e ao (Transcrito da Folha de São
uma convivência respeitosa entre bom desempenho sexual talvez Paulo, seção Opinião, de 2-8-1996.)

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ZAMENHOF ---- BENFEITOR DA HUMANIDADE
ázaro Luís Zamenhof nasceu após assistir uma agonizante ido-

L em 15 de dezembro de 1859,
na pequena cidade de Bialis-
tok, Polônia, então anexada ao Im-
AFFONSO SOARES

---- Autoro de Esperanto’’ ----, al-


guns nobilíssimos aspectos de sua
sa, juntamente com quatro outros
colegas, recusa-se a receber da fa-
mília polpudos honorários, consi-
pério Russo. derando que a doença culminou
Sua nobre missão já se mostra- personalidade, evidenciados nos com a morte da paciente. Zame-
va nas atitudes superiores da crian- atos comuns de uma vida toda te- nhof sempre se dedicou a seus
ça preocupada com os sofrimentos cida de sacrifícios, abnegação e clientes pobres, proporcionando-
que advêm das diferenças entre as devotamento. lhes até o fim de sua carreira dois
criaturas, as quais, a seus olhos, Em uma das melhores biografias dias da semana para consultas
eram todas iguais e deviam amar-se do Dr. Esperanto ---- senão a melhor gratuitas, pedindo a seu filho
umas às outras. ---- Marjorie Boulton, mestra, es- Adam, igualmente médico, que
Em 1887 lega à família humana critora, poetisa de grande sensibi- continuasse essa prática.
o instrumento ideal para as comu- lidade do inglês e no Esperanto, Nos mínimos gestos e atitudes
nicações entre seus membros, põe em relevo aqueles traços revelava-se a nobreza de seu cará-
engolfados numa consternadora que, comuns à personalidade dos ter. Em Boulogne-sur-mer, França,
multiplicidade de línguas e diale- Espíritos verdadeiramente supe- por ocasião do 1o Congresso Uni-
tos a entravar-lhes a marcha do riores, também adornavam o ca- versal de Esperanto, comparece,
progresso. Surge o Esperanto, im- ráter do criador do Esperanto: o
embora judeu, a uma missa do cul-
pregnado dos elevados ideais de humanitarismo, a solidariedade, a
to romano. A uma fervorosa espe-
justiça e fraternidade entre os po- tolerância, a afabilidade, a com-
rantista que lhe pede um autógrafo
vos, e logo se espalha pelo mundo, paixão, numa palavra, a caridade.
no recinto da igreja Zamenhof sus-
atraindo corações de boa-vontade Zamenhof era médico e no exer- surra: ‘‘Com muito prazer, minha
para um movimento cuja finalida- cício de sua profissão agia sob o senhora, mas eu lhe peço que seja
de precípua é a construção de uma impulso do desprendimento, não em outro lugar ---- aqui é um lugar
ponte através da qual se aproxi- obs- tante haver permanecido sem- sagrado.’’
mem os homens, separados por pre pobre. Dos camponeses jamais
exigia honorários, chegando mes- Os pequeninos, os sofredores e
milenares barreiras culturais, reli- particularmente aqueles que atra-
giosas, raciais e lingüísticas. mo a dar-lhes dinheiro e a pedir de
fazendeiros ricos auxílio para o so- vessavam a prova da cegueira de-
Os adeptos, encantados pela dicavam entranhada veneração pelo
força unificadora do Esperanto, corro de sua clientela sem recurso.
Certa ocasião, após atender a crian- bondoso oculista de Varsóvia, e
rendem-se à autoridade irresistível quando Zamenhof visita Cambrid-
ças gravemente feridas num incên-
do grande missionário, cujos talen-
dio, inteirou-se de que o fogo havia ge, para os festejos do 3o Congres-
tos de pensador profundo, intelec- so Universal, encontra-se com
destruído a propriedade de seus
tual vigoroso, artista inspirado e muitos cegos esperantistas prove-
pais, reduzindo-os a absoluta misé-
condutor inato sustentaram a causa nientes de outros países, todos alo-
com tal genialidade que nenhuma ria. Zamenhof deu-lhes todo o di-
nheiro que possuía, não cuidando jados numa mansão às expensas
força, interna ou externa, poderá de outro grande pioneiro esperan-
jamais destruí-la. em reservar algum para o regresso
ao lar em longa viagem. Recorre, tista, Théophile Cart. Zamenhof
E são esses talentos do gênio de para esse fim, a um rico cliente das cumprimentou cada um à parte,
Bialistok que anualmente, no mês redondezas, para que lhe empreste encorajou-os ao otimismo e de to-
de dezembro, os esperantistas evo- o necessário para o regresso. De ou- dos recebeu ardorosos agradeci-
cam em homenagens sinceras tra feita, no caminho que habitual- mentos pelo idioma que lhes
prestadas nos milhares de núcleos mente fazia entre Vejseje e proporcionava uma pequena clari-
do generoso movimento espalha- Kovno, encontra um carroceiro dade em seu mundo sem luz. Mas
dos pelo mundo. em prantos pela morte do seu ca- os cegos lhe pediram outro privilé-
Também nos associamos às ho- valo, esgotado pelos esforços gio: queriam tocá-lo com as mãos,
menagens que, em 1996, recorda- numa estrada coberta de lama. Za- conhecer melhor aquele que nunca
ram os 137 anos de seu nascimento, menhof oferece-lhe 50 rublos para poderiam ver. E suas mãos que, de
mas dessa vez procuramos focali- que o pobre homem tenha com forma tão extraordinária, traduzem
zar, com o auxílio da excelente obra que comprar outro animal e as- pensamentos e emoções, tocavam
de Marjorie Boulton ---- ‘‘Zamenhof sim assegurar o seu sustento. E, respeitosamente o corpo pequeno

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e frágil, a barba, os óculos de len- de nacional e racial. Quando o dou em seu quarto, sob um cruci-
tes ovais, a larga calva do genial convidaram para a festa de fun- fixo, uma fotografia de Zamenhof.
missionário polonês. Marjorie Boul- dação de uma sociedade judaica Aos visitantes ela costumava mos-
ton supõe que naquele momento internacional em Paris, ele res- trar esse retrato, dizendo: ‘‘Ele
Zamenhof talvez pensasse nas pondeu: nunca pecou!...’’
crianças judias cujos olhos foram
barbaramente vazados durante um ‘‘Estou profundamente convenci-
‘‘pogrom’’ na sua cidade natal de do de que todo nacionalismo repre-
senta tão-somente um grande pre- o nobre Espírito de Lázaro
Bialistok.
O ano de 1908 viu a explosão
de um escândalo nas hostes espe-
rantistas, provocado pela traição
juízo para a Humanidade, sendo
de opinião que o objetivo princi-
pal de todas as criaturas deveria
ser a criação de uma Humanidade
A Luís Zamenhof, em nome
da família espírita, no
seio da qual seus ideais e sua ge-
de um adepto em quem Zamenhof harmônica. É certo que o nacio- nial criação naturalmente encon-
depositava absoluta confiança. Sob nalismo dos oprimidos ---- como tram fervorosa acolhida, o
o comando daquele infeliz adepto, reação natural de autodefesa ---- é agradecimento pelos sacrifícios
Zamenhof, até o fim de sua vida, muito mais desculpável do que o com que pôde ser transplantada
receberia de alguns outros apósta- nacionalismo dos opressores. Mas, no seio da sociedade a nobre cau-
se o nacionalismo dos fortes é vil, sa do Esperanto e do Esperantis-
tas insultos e calúnias vis. A tudo o nacionalismo dos fracos é im-
porém respondeu com tolerância, mo.
prudente, ambos se engendram
perdão verdadeiramente cristão, e se sustentam reciprocamente,
dando aos seguidores da grande dando lugar a um círculo vicioso
causa o luminoso exemplo da mag- de infelicidades, do qual a Huma-
nanimidade diante do erro. Em nidade jamais sairá se cada um de
Dresden, alguns esperantistas des- nós, fazendo o sacrifício de seu
pedem-se de Zamenhof após o amor-próprio grupal, não tentar o
Congresso Universal de 1908, en- encontro num terreno absoluta-
mente neutro.
tre eles Julius Glück, Théophile Eis por que, apesar dos pungen-
Cart e Eduard Myls. Este último tes sofrimentos de minha raça,
comenta com seus co-idealistas: não quero aderir a um nacionalis-
mo judeu, preferindo trabalhar
‘‘O que vocês pensam que Zame- apenas para uma absoluta justiça
nhof vai fazer agora? Ele preten- entre os homens. Estou profunda-
de viajar ao encontro de B..., o mente convencido de que assim
seu falso amigo de outrora, a proporciono a meus irmãos maior
quem confiou a representação de soma de bem do que se aderisse a
sua obra e que traiu sua amizade! um movimento nacionalista.’’
Zamenhof quer fazer a longa via- Mas a mais expressiva home-
gem ao encontro de B... para per- nagem, por nascer do coração de
doar o traidor!...’’
uma alma simples, foi a que lhe
Um dos grandes ideais de Za- fez a velha criada da família Za-
menhof era dar aos religiosos de menhof. Ela era católica romana,
todas as correntes um fundamento mas durante toda a sua vida guar-
neutro concreto para que se apro-
ximassem em nome do bem da
Humanidade. Seu desejo era de
que os livros sagrados de todas as
NOVOS CURSOS DE ESPERANTO NA
religiões fossem vertidos para o FEB ---- RIO DE JANEIRO
Esperanto. Ele próprio traduziu
o Velho Testamento. Dizia o gran- Terão início, no mês de março próximo, os cursos gratuitos da Lín-
de missionário: gua Internacional Neutra, nos níveis elementar e de aperfeiçoamento,
bem como serão reiniciadas as reuniões para a prática do idioma atra-
‘‘Se todos os fundadores de religiões
pudessem encontrar-se pessoal- vés do estudo de obras vertidas para o Esperanto.
mente, eles se apertariam as mãos As inscrições deverão ser feitas na Av. Passos no 30 ---- 1o andar, no
reciprocamente, como amigos, por- horário comercial.
que todos tiveram um único objeti- ---- Curso Elementar: Quintas-feiras às 17h;
vo: fazer com que os homens se
tornassem bons e felizes.’’ ---- Curso de Aperfeiçoamento: Sextas-feiras às 17h;
O ideal esperantista fê-lo pai- ---- Grupo de Estudos Espíritas em Esperanto: Segundas-feiras, das
rar acima de sua própria identida- 15h30min às 16h45min.

21 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 25


Monismo, Materialismo e Espiritualismo
o proceder a ligeira arru- utilizara especialmente no senti-

A mação em meu escritório


doméstico, encontrei dez
exemplares da revista Revelação,
PAULO DE TARSO SÃO THIAGO

Ora, precisamente a esta uni-


do de doutrina moral, ética e
comportamental, dentro de uma
concepção finalística que proma-
escondidos atrás de alguns livros. cidade é que Cristian von Wolff na de Deus, o Criador.
Peguei um deles ao acaso e fo- (filósofo alemão, que viveu entre Dizia Cousin que espiritualis-
lheei-o. Era um exemplar corres- 1679 e 1754), batizou de monis- mo é uma doutrina ‘‘que ensina a
pondente aos números 3, 4, 5 e 6, mo. Ele identificava como mo- espiritualidade da alma, a liber-
ano XI, Março-Junho-1970. nistas os filósofos que admitem dade e a responsabilidade das ações
Logo na página 4, deparei-me um único gênero de substância, humanas, as obrigações morais, a
com um interessante artigo do compreendendo nessa categoria virtude desinteressada, a dignida-
meu saudoso avô, Arnaldo S. seja os materialistas, seja os idea-
de da justiça, a beleza da carida-
Thiago, intitulado Monismo ver- listas.
A posição contrária ao monis- de, e, além dos limites desse
sus Espiritismo. mundo, ela mostra um Deus, au-
Sobre este assunto tecerei a mo é o dualismo, defendida por
Wolff. De acordo com o ‘‘Dicio- tor e modelo da Humanidade...’’.
seguir algumas considerações, já Percebe-se logo que não é este
que a questão continua de trans- nário de Filosofia’’, de Nicola
Abbagnano (Ed. Mestre Jou, São o conceito de espiritualismo, no
cendente atualidade, em virtude âmbito da Codificação Karde-
do rumo filosófico que o espiri- Paulo), o monismo ‘‘foi constan-
temente monopolizado pelos ma- quiana. Diversos autores espíri-
tualismo vem tomando atualmen- tas, desde Kardec, identificavam-
te. terialistas; quando usado sem ad-
jetivo designaria o materialis- -no com a demonstração empí-
Antes, porém, gostaria de es- rica e racional da existência da
clarecer, a quem não sabe, que mo’’.
Em toda exposição que se alma ou espírito, independente
essa revista foi fundada em 1906,
faça, utilizando-se a palavra es- do corpo físico. Léon Denis usa-
em São Francisco do Sul, Santa
crita, e especialmente em assun- va comumente as expressões es-
Catarina, por meu bisavô Joa-
tos de certa transcendentalidade, piritualismo moderno e espiri-
quim S. Thiago. Posteriormente,
em virtude da pobreza e das limi- tualismo experimental, para dife-
após alguns interregnos, teve como
tações da linguagem humana, é renciá-la do espiritualismo teóri-
diretores-responsáveis o meu avô preciso que certos termos sejam
Arnaldo e, a seguir, meu tio José co e dogmático. Este último, pro-
definidos com clareza. Senão, fessado por algumas religiões,
Antônio de S. Thiago que, depois corre-se o risco de os leitores
de algum tempo, transferiu a ad- dispõe o problema da existência
compreenderem de forma diversa e sobrevivência da alma sob uma
ministração e a redação para Flo- o que o autor quer exprimir.
rianópolis. Por motivos diversos, ótica imprecisa e nebulosa.
Reporto-me especificamente às Já o Espiritismo, como espiri-
especialmente escassez de recur- expressões materialismo, idea-
sos, não pôde continuar a ser pu- tualismo moderno por excelência,
lismo, espiritualismo. apóia suas construções teóricas em
blicada. O último número é de Nos tratados de filosofia, o
1971. sólidas bases empíricas e racio-
conceito de materialismo é visto
O citado artigo do meu avô nais. Não só considera lógicos seus
quase sempre como oposto ao de
é uma espécie de rebate-crítica a postulados relativos ao Espírito
idealismo, permanecendo o espi-
escritos de certo espírita mexica- ritualismo como uma visão parti- imortal, como os tem demonstra-
no, o qual defendia a idéia da cular do Mundo, pouco relacio- do, através da observação e do
unicidade da substância. Quer nado com os dois primeiros. método experimental.
isto dizer que, no Universo, tudo A definição mais aceita atual- Sob esta ótica, espiritualismo
o que existe proviria, sem exce- mente de espiritualismo, entre seria antagônico ao materialismo,
ção, de um elemento primordial. os filósofos, é a ‘‘doutrina que compreendido este como a dou-
Esse elemento, por transforma- pratica a filosofia como análise trina que admite a existência ex-
ção, diferenciação e especializa- da consciência ou que, em geral, clusiva da matéria no Universo.
ção, teria dado origem tanto à pretende extrair da consciência Tudo o mais seria dela derivado.
matéria como ao espírito, enten- os dados da pesquisa filosófica Reportando-se, porém, ao pen-
dido este como princípio espiri- ou científica’’. A expressão foi samento dos filósofos e aos com-
tual, em consonância com a cunhada por Victor Cousin (filó- pêndios de filosofia, observa-se
terminologia da Codificação Es- sofo francês ---- 1792-1867), em que as conceituações são díspa-
pírita. meados do século passado, que a res.

26 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 22


Têm sido aceitos e adotados, Podemos, sem provocar dis- O materialismo histórico, por
ao longo da História, os seguin- torções importantes nas idéias outro lado, afirma que os fatores
tes conceitos de materialismo: e no pensamento, considerar em econômicos, traduzidos nas con-
1 ---- Materialismo metafísico único bloco as concepções de dições de produção e nas relações
ou cosmológico, cujas teses cen- materialismo até aqui expostas, de trabalho, têm um peso prepon-
trais são o ‘‘caráter originário ou exceção feita à segunda acep- derante na História. O modo de
inderivável da matéria que prece- ção, pelos motivos já vistos. produção da vida material condi-
de qualquer outro ser e é a causa Assim sendo, compõem a filo- cionaria a vida social, política e
deste’’; estrutura atômica da ma- sofia materialista a unicidade da espiritual.
téria; a independência e moto substância que se reduziria à Retornando à linha de raciocí-
próprio, desde toda a eternidade, matéria; a subordinação dos atri- nio que vínhamos desenvolven-
dos átomos que a compõem; a butos mentais, intelectuais, mo- do, esclarecemos que, em opo-
negação de um finalismo ou pro- rais e espirituais ao elemento sição ao materialismo, conforme
pósito no Universo; a redução material, o qual seria o móvel e a foi conceituado, apresenta-se o
dos poderes espirituais humanos causa de tudo, e a casualidade e idealismo, doutrina filosófica que
à sensibilidade. Esta concepção ausência de propósito no Universo. admite ser a idéia, o pensamento,
de materialismo provém de De- Sendo os corpos e objetos a vontade os móveis e propulso-
mócrito e Leucipo e mantém nos materiais perecíveis por nature- res de tudo. A matéria e os cor-
dias atuais um certo fôlego. za, a existência humana indivi- pos seriam apenas conseqüência
Ainda que, teoricamente, o dual seria um acontecimento for- ou resultado.
monismo possa ser aceito, tanto tuito, fugaz, destituído de objeti- O idealismo, embora tenha
por materialistas como por idea- vos e que finalizaria no não-ser, permanecido o mesmo em sua
listas, na prática, porém, o que se no nada. essência, desde Platão, passan-
observa é que o materialismo, es- Por incrível que possa parecer, do por Kant, Hegel, Fichte e
pecialmente o cosmológico, como esta absurda filosofia continua Schelling, sofreu mudanças de
exposto acima, tem dele se apro- muito em voga ainda e, por ni- forma, em função do avanço
priado. ilista, perniciosa e anti-social, nos conhecimentos e do pro-
2 ---- Materialismo metodoló- gresso científico. A confronta-
está a merecer decisivo combate
gico, concebido por Hobbes, e ção materialismo versus idea-
por parte dos que auguram para a
cuja tese fundamental ‘‘consiste em lismo continua, porém, presen-
Humanidade um porvir mais ra-
julgar que a noção da matéria, te.
dioso, na senda da evolução.
isto é, de corpo e de movimento, Do nosso ponto de vista, con-
Antes de prosseguir em nos-
é o único instrumento disponível sideramos, contudo, mais impor-
para a explicação dos fenôme- sas elucubrações, é preciso abrir tante e digno de atenção o em-
nos’’. Na prática, esta acepção um parêntese, em nome da cla- bate entre materialismo e espiri-
acaba incorporando-se à primeira, reza e da caracterização das coi- tualismo, porque do seu resulta-
podendo-se considerá-las em con- sas, para observar que existem do final dependerá, como frisa-
junto, para fins de raciocínio. duas categorias de materialismo mos há pouco, o futuro da Hu-
3 ---- Materialismo prático, que não consideradas até aqui, por manidade.
‘‘reconhece no prazer o único não apresentarem muita relação Monismo e materialismo, uni-
guia da vida’’. Na verdade esta com o tema central deste arti- dos, permeiam as ciências físicas
expressão pertence mais à lin- go. Referimo-nos ao materia- e biológicas, na defesa da unici-
guagem comum do que à filosó- lismo dialético e ao materia- dade da substância, reduzida esta,
fica. Filosoficamente ele iden- lismo histórico. em última instância, à matéria
tifica-se com o hedonismo e com Estreitamente vinculadas en- propriamente dita, considerada a
o epicurismo. Por ter pouco a ver tre si, as expressões foram cunha- matriz universal.
com concepções a respeito do ser das por Marx e Engels, em Nas próprias fileiras do Mo-
e do Universo, não o levaremos meados do século XIX. O mate- vimento Espírita, há quem profes-
em consideração, em nossas elu- rialismo dialético poderia ser se, de forma explícita, o monismo,
cubrações. chamado, mais apropriadamente, com outras denominações. Di-
4 ---- Materialismo psicofísico, de dialetismo naturalista e versas obras consideradas
que advoga a total e estrita de- apresenta a idéia central da com- espíritas, que têm sido publica-
pendência da atividade espiritual penetração dos opostos, como das, expõem modelos cosmo-
humana da matéria. Para Carlos mecanismo intrínseco das mu- lógicos nitidamente unicistas,
Vogt, em escrito de 1854, o ‘‘pen- danças incessantes que se verifi- segundo os quais os princípios
samento está para o cérebro na cam na natureza. É a filosofia de material e espiritual teriam ori-
mesma relação em que a bílis Heráclito de Éfeso (século V gem comum, isto é, engendra-
está para o fígado e a urina para a.C.) adaptada aos tempos mo- dos a partir de um tipo único de
os rins’’. dernos. substância. Ora, essas idéias,

23 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 27


em última análise, desembocam trutura atômica, como também se derivariam grandezas secun-
no materialismo e estão em desa- pela nova e revolucionária con- dárias, como força de energia.
cordo com o que consta nas obras ceituação de matéria. Hoje, cada vez mais se aceita que
básicas da Codificação Karde- Já se conhecem mais de du- é a energia a grandeza primária,
quiana. zentas ‘‘partículas’’ classifica- sendo a massa uma manifestação
Basta consultar ‘‘O Livro dos das como hádrons e que com- dela. A solidez e a impenetrabili-
Espíritos’’, para confirmar isso. põem o núcleo atômico, entre as dade dos corpos materiais são
No capítulo II da Parte 1a ---- Dos quais se incluem prótons e nêu- apenas aparentes.
Elementos Gerais do Universo ----, trons. Descobriu-se que os há- Com a rapidez com que a
no tópico Espírito e matéria, ques- drons não são ‘‘partículas’’ ele- Ciência avança, as incógnitas
tão 27, pode-se ler o seguinte: mentares, mas constituídas por que ainda existem a respeito da
‘‘---- Há então dois elementos quarks, estas sim indivisíveis e matéria logo serão decifradas.
gerais do Universo: a matéria e indestrutíveis.
Incluímos entre elas as formas
o Espírito? O que mantém essas ‘‘partí-
energético-materiais denomina-
---- Sim e acima de tudo Deus, culas’’ coesas entre si é uma po-
o criador, o pai de todas as coi- derosa força fundamental da na- das fluido cósmico universal,
sas. Deus, espírito e matéria tureza a que os cientistas cha- ectoplasma, perispírito e outros
constituem o princípio de tudo o mam de força ou interação nu- tipos de ‘‘fluidos’’ revelados pela
que existe, a trindade universal clear forte, milhares de vezes Doutrina Espírita, nos últimos
(...).’’ mais intensa que as forças gra- cento e quarenta anos.
Vê-se aí o dualismo expresso vitacional e eletromagnética. Esta Já o princípio espiritual, este
com toda a clareza. O princípio última provém da dinâmica de ainda é um completo desconheci-
material e o princípio espiritual ‘‘partículas’’ fundamentais de- do dos homens e da ciência terre-
são diversos, em sua essência, nominadas léptons, entre as quais na. Talvez pela imperfeição dos
embora interajam entre si e se se inclui o elétron, que vibra e nossos recursos sensitivos e inte-
complementem, de acordo com se movimenta em torno do nú- lectuais e pela total ausência dos
os desígnios do Criador. cleo atômico. instrumentos capazes de detec-
Acreditamos que a Ciência A física moderna, apoiada tá-lo.
terrena já conheça bastante a sobretudo nas teorias quântica Algumas tentativas entre au-
respeito do princípio material. e relativística, transformou ra- tores espíritas foram feitas pa-
No século XX, avanços signi- dicalmente ou derrubou alguns ra estabelecer modelos teóricos
ficativos foram obtidos nesse conceitos classicamente aceitos. convincentes a respeito do prin-
sentido, não só pela ampliação Um deles é de que a massa é cípio espiritual e do Espírito.
dos conhecimentos sobre a es- uma grandeza primária da qual São todos, porém, modelos ana-
lógicos que partem da estrutura
material. Apesar de interessan-
Estudo Sistematizado da tes, esses modelos não compro-
vam nada e têm a desvantagem
de apresentar similitudes com o
Doutrina Espírita velho monismo de Demócrito e
com o materialismo-unicismo
moderno.
Nova turma na Sede Seccional ---- Rio de Janeiro Muita água ainda correrá e de-
vemos ter a certeza, conforme
Com muita alegria anunciamos que estão abertas as inscrições nos revelaram os Espíritos Supe-
para a formação, em 1997, de um novo grupo dedicado aos estu- riores, de que o princípio espiri-
dos da Doutrina Espírita, nos moldes do programa sistematizado
adotado pela FEB. tual, como princípio inteligente
O novo grupo funcionará às terças-feiras, no horário de 17h às que é, nada tem em comum, do
18h30min, sob a coordenação da Dra. Regina Lúcia de Souza B. ponto de vista estrutural, com o
Rodrigues, com início na primeira semana de fevereiro. princípio material. Este é regido
As inscrições devem ser feitas na Secretaria, na Av. Passos no sempre pela lei da inércia, a qual
30, no horário comercial, e as apostilas com o Programa I estarão reza que todo corpo só muda sua
à disposição dos interessados na Livraria, no mesmo endereço. situação dinâmica por ação de
Ainda em fevereiro, na primeira sexta-feira, terão continuidade os
trabalhos do grupo formado em 1995, devendo iniciar-se os estu- uma força externa. E esta sem-
dos da matéria contida no Programa IV, relativa ao aspecto filosófico pre é a do princípio espiritual,
da Doutrina Espírita. seja em sua forma dispersa ou
em sua forma individualizada.

28 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 ---- 24


FREDERICO FÍGNER
Cinqüentenário de desencarnação
m 19 de janeiro de 1947 par- cordato, tanto assim que não dei- nheiro admirável. Convivi com

E tia deste mundo aquele judeu


espírita que o então presiden-
te da Federação Espírita Brasileira,
xou nenhum adversário ou inimi-
go.
Do seu matrimônio com D. Es-
ele, epistolarmente, durante de-
zessete anos consecutivos. Dele
recebi as maiores provas de abne-
A. Wantuil de Freitas, considerava ther de Freitas Reys, em 1897, nas- gação que um amigo pode dar a
um vencedor da prova da riqueza. ceram seis filhos. A desencarnação outro.’’
Nascido em 2 de dezembro de da filha primogênita Raquel, em
1920, levou-o a conhecer a notável Comunicava ainda o Chico o le-
1866, na cidade de Milevsko, gado de cem mil cruzeiros que
Tchecoslováquia, filho de pais ju- médium de materializações, Ana
Prado, de Belém, Pará, por inter- Fígner lhe deixara em Obrigações
deus, emigrou, ainda muito jovem, de Guerra ---- talvez sua última
para os Estados Unidos da Améri- médio da qual foi obtida a materia-
lização do Espírito Raquel, além vontade ----, legado que o médium
ca do Norte, passando depois para recusou receber, pedindo o transfe-
o México, América Central e, fi- de uma série de diferentes outras
manifestações, assistidas por mui- rissem para as obras do Departa-
nalmente, chegou ao Brasil, onde mento Editorial da FEB.
se naturalizou brasileiro. tas pessoas gradas da sociedade
paraense, tudo sendo enfeixado no O escritor Viriato Correia,
Muito pobre, teve que lutar bas- membro da Academia Brasileira
tante para vencer na vida, até che- livro ‘‘O Trabalho dos Mortos’’,
do Dr. Nogueira de Faria, edição de Letras, amigo de muitos anos
gar a uma estabilidade econômica de Fígner, dedicou-lhe extenso pa-
invejável. FEB.
negírico no diário carioca A Noite,
Espírito muito ativo, ingressou Compreendendo a importância de 27-2-47, do qual extraímos este
no ramo de gravação de músicas do livro, custeou a edição de muitos, trecho:
em discos fonográficos, tornando- e em 1946, juntamente com outros
companheiros febianos, dava a sua ‘‘E ele não era poeta, nem prosa-
-se também o distribuidor no Bra- dor, nem pintor, nem escultor,
sil de máquinas de escrever. Veio a contribuição monetária para o levan-
tamento do Departamento Editorial nem cientista, não era nada do
ser, com o correr do tempo, prós-
pero negociante, amealhando não da FEB, em São Cristóvão. que se pode incluir no rol de
pequena fortuna, jamais, porém, se Mantinha Fígner, no Correio da qualquer modalidade intelectual.
esquecendo dos menos aquinhoa- Manhã, então um dos maiores diá- Era apenas um homem de profun-
dos, aos quais sempre abria a porta rios do País, uma seção de crônicas da sinceridade, de radiosa, como-
larga do seu coração. sobre Espiritismo, algumas das vedora e dinâmica capacidade de
Em fins do século XIX vários quais foram postumamente reuni- ternura humana.’’
acontecimentos o levaram ao Espi- das no livro ‘‘Crônicas Espíritas’’, Um ano após sua desencarnação,
ritismo, e já em 1903 freqüentava a publicado pela FEB, e hoje esgota- Fígner retornaria ao convívio dos es-
Federação Espírita Brasileira, na do. píritas. Através do médium Chico
Avenida Passos, doando o seu tra- Fígner foi tesoureiro e vice-pre- Xavier, sob o pseudônimo Irmão
balho junto aos sofredores, inclusi- sidente da Federação Espírita Bra- Jacob, brindava-nos com a excelen-
ve como médium passista, já que sileira e, depois, membro do seu te obra ---- VOLTEI, patenteando
se desenvolvera nele a mediunida- Conselho Fiscal, função que exer- ‘‘aos irmãos de ideal e serviço’’ a
de curadora. Inúmeros foram os ceu até à desencarnação. Presiden- realidade que nos espera além da
casos de pessoas curadas através te de honra do Grupo Espírita morte: ‘‘É para vocês ---- membros
dele, sendo muito procurado pelos Bittencourt Sampaio. da grande família que tanto desejei
enfermos, aos quais se dedicava Logo após a sua desencarnação, servir ---- que grafei estas páginas,
com verdadeiro amor cristão. o hebdomadário A Noite Ilustrada, sem a presunção de convencer!’’
Tornou-se, assim, um espírita do Rio, consagrou-lhe duas pági-
modelar, exemplificando pela ação nas de encômios, considerando-o
a Doutrina que pregava pela pala- ‘‘o mais brasileiro de todos os es-
vra escrita e falada. Consagrou trangeiros, o cidadão dos mil ami-
grande parte de sua vida a tarefas gos, o protetor dos necessitados,
de beneficência e assistência social filantropo dos mais legítimos e de-
junto a um sem-número de neces- dicados’’.
sitados e de Instituições. Na gripe Francisco Cândido Xavier, em
espanhola de 1918, chegou a abri- carta de 30-1-47 a Wantuil de Frei-
gar 14 doentes em seu próprio lar. tas, dizia-lhe1:
Contrariamente à primeira im-
pressão que causava, de aparente as- ‘‘A partida do nosso inesquecível 1. Suely Caldas Schubert, ‘‘Testemu-
pereza no trato, era extremamente amigo Fígner encheu-me de gran- nhos de Chico Xavier’’, FEB, 2a ed., 1991,
humilde, sincero, leal, disciplinado e des saudades. Ele foi um compa- p. 124.

25 ---- REFORMADOR, JANEIRO, 1997 29


CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL
REUNIÃO ORDINÁRIA DE 1996, REALIZADA NA
SEDE DA FEB, EM BRASÍLIA
Reuniu-se o Conselho Federativo Nacional na sede da
CAMPANHA DE DIVULGAÇÃO
Federação Espírita Brasileira, em Brasília, nos dias 8, 9 e 10 de DO ESPIRITISMO
novembro do ano passado, com a presença do Presidente, de
Vice-Presidentes e Diretores da FEB; dos representantes das 27 O Presidente Juvanir teceu
Entidades Federativas Estaduais e das 3 Entidades considerações sobre a importância
dessa Campanha preparada pela
Especializadas de Âmbito Nacional (Associação Brasileira de FEB, com o apoio das Federativas
Divulgadores do Espiritismo, Cruzada dos Militares Espíritas e Estaduais, que apresentaram inú-
Instituto de Cultura Espírita do Brasil). meras sugestões com vistas à
Importantes assuntos de interesse da Doutrina e do Movi - elaboração dos folhetos e carta-
mento Espírita foram tratados, destacando-se a aprovação e lan - zes. O Vice-Presidente Nestor Jo-
çamento da CAMPANHA DE DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO, ão Masotti apresentou o Plano de
que tem por objetivo tornar a Doutrina Espírita cada vez mais Ação a ser observado na sua
implantação e desenvolvimento.
conhecida e melhor compreendida pelo público em geral. Recebida e discutida com mui-
tembro e continuaram aumentando to entusiasmo, a Campanha de Di-
ABERTURA DOS TRABALHOS no mês de outubro; a FEB está se vulgação do Espiritismo foi aprova-
E EXPEDIENTE preparando para ser provedora, o da por unanimidade, tendo por di-
que trará grande benefício para as retrizes:
A Reunião Ordinária do Conse- Objetivo: Tornar a Doutrina Es-
lho Federativo Nacional da FEB, Federativas Estaduais e o Movi-
mento Espírita, visto que teremos pírita cada vez mais conhecida e
do ano de 1996, foi aberta às 9 melhor compreendida pelo público
horas da manhã do dia 8 de a oportunidade de ingressar na
comunicação de massa sem per- em geral.
novembro pelo Presidente Juvanir Público alvo: 1. As pessoas de
Borges de Souza, que proferiu a der o nosso rumo. Finalizou com a
referência a algumas verdades, todos os níveis e condições sociais
prece preparatória do ambiente e e culturais que ainda desconhe-
saudou os presentes. que afirma serem óbvias, mas que
precisam ser repetidas: o Espiri- cem a Doutrina Espírita. (Slogan:
Na Palavra do Presidente fez Conheça o ESPIRITISMO, uma
importante pronunciamento sobre tismo fundamenta-se na Codifica-
ção de Allan Kardec; a moral espí- Nova Era para a Humanidade.) 2.
o Movimento Espírita e suas difi- Os espíritas em geral: dirigentes,
culdades, afirmando que estamos rita é a moral do Evangelho; e a
Doutrina Espírita, baseada na ra- trabalhadores e simpatizantes, in-
aqui para enfrentá-las e vencê-las, teressados e participantes nas ta-
pois que o trabalho na seara espí- zão e na realidade transcedente,
não se compadece com as extra- refas de estudo, difusão e prática
rita é sempre sacrificial. A divulga- da Doutrina Espírita. (Slogan: Di-
ção do Espiritismo ganha nova vagâncias do mundo. O texto inte-
gral da Fala do Presidente será vulgue o ESPIRITISMO, uma Nova
dimensão mas também enfrenta Era para a Humanidade.)
problemas com o avanço da publicado em nossa próxima edi-
ção. Meios: 1. Ampliar a divulgação
tecnologia nos setores do livro, do
Na parte do Expediente, foi da Doutrina Espírita através de
jornal, da televisão, do vídeo e do
feita a análise da ata da Reunião todos os veículos de comunicação
áudio; no que respeita ao livro
realizada no período de 4 a 6 de possíveis, tais como: cartazes, fo-
espírita, precisamos estar atentos
novembro de 1994, publicada em lhetos, vídeos, rádios, TV, jornais,
à proliferação dos livros repetitivos
REFORMADOR de março, abril e outdoors, adesivos, etc. 2. Promo-
e daqueles que deturpam a
maio de 1995, e da Reunião de 4 ver, de forma mais ampla e mais
Doutrina com meias-verdades,
de outubro de 1995 (durante o adequada, o atendimento a todos
cabendo-nos defender o
período do 1º Congresso Espírita os que procuram as Instituições
Movimento Espírita através do
Mundial), sendo ambas aprovadas. Espíritas em busca de esclare-
esclarecimento geral, como será o
cimento, orientação e assistência.
caso da Campanha de Divulgação
do Espiritismo a ser apreciada pelo ORDEM DO DIA
CFN nesta Reunião. Sobre a CONGRESSO ESPÍRITA
Em clima de muita compreen- BRASILEIRO
presença da FEB na Internet
são e fraternidade, os assuntos da
informou que: dentro em breve
Ordem do Dia foram analisados, Foi aprovada a proposta da
todas as obras da Codificação
discutidos e aprovados pelos Federação Espírita do Estado de
Kardequiana estarão disponíveis
membros do CFN nos dias 8, 9 e Goiás para a realização do 1º Con-
nos idiomas português, inglês,
10, destacando-se os seguintes: gresso Espírita Brasileiro, sob pro-
francês e espanhol; as consultas à
moção da FEB, em outubro de
Home Page da FEB, que somaram
1999, em Goiânia (GO), com
680 em agosto, dobraram em se- apoio de infra-estrutura daquela

30 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 - 26


Federativa Estadual. Será come- novo currículo, ou melhor, uma quiana. Referiu-se ao plano de
morado nesse evento o Cinqüên- nova versão do Currículo já exis- renovação do parque gráfico da
tenário do Pacto Áureo. tente, aos companheiros que labo- FEB, com a futura compra de uma
ram nas atividades com crianças e máquina rotativa.
CAMPANHAS PERMANENTES jovens. Revista REFORMADOR: O Vi-
O Projeto Vinte Anos será ava- ce-Presidente Altivo Ferreira tece
A Vice-Presidente Cecília Ro- liado como satisfatório pelo grau considerações sobre os critérios
cha falou sobre as Campanhas de envolvimento das Federativas de editoração de REFORMADOR,
Permanentes mantidas pela Fede- Estaduais e dos Centros Espíritas que está a serviço da Doutrina e
ração Espírita Brasileira e desen- na realização das ações que enfo- do Movimento Espírita, embora
volvidas pelas Federativas Estadu- quem a Campanha no sentido de seja, também, o órgão informativo
ais e Instituições Espíritas de seus sua maior dinamização. da FEB na divulgação dos livros
territórios, expressando-se nos ter- de seu Departamento Editorial e
mos abaixo: Campanha de Estudo Sistematizado de outras atividades. Apelou para
da Doutrina Espírita os representantes das Federativas
Campanha Permanente de Evange- e das Entidades Especializadas no
lização Espírita Infanto-Juvenil Com referência à Campanha sentido de remeterem notícias de
de Estudo Sistematizado da Dou- seus eventos e estimularem os
Essa Campanha completa 20 trina lembramos três grandes Centros Espíritas a fazerem cam-
anos de ação no próximo ano. eventos realizados, que muito con- panhas de assinatura de REFOR-
Essa afirmativa não significa que tribuíram para a sua dinamização: MADOR.
antes de outubro de 1977, quando o Encontro Nacional de coordena-
foi lançada, não se estivessem dores do ESDE realizado em
multiplicando as Escolas para cri- Goiânia de 23 a 25 de julho de COMISSÕES REGIONAIS
anças e as juventudes espíritas, 1993 e os cursos regionais, que O Coordenador das Comissões
nas Instituições Espíritas do País. ocorreram em Curitiba (1995) e Regionais do CFN, Nestor João
É que se desejava com essa em Salvador (1996), além dos en- Masotti, fez considerações sobre
Campanha, vitoriosa até hoje, dar contros estaduais realizados em os trabalhos dessas Comissões e
novo impulso ao trabalho, pelo quase todos os Estados brasi- informou sobre o pedido de trans-
envolvimento de mais companhei- leiros. ferência de região, do Norte para o
ros na tarefa e aprimoramento de Reportou-se ainda, aos progra- Nordeste, feito pelo Maranhão, o
programas, métodos e procedi- mas de estudos oferecidos pela que foi aprovado. Em seqüencia,
mentos didáticos adotados. FEB que foram revistos, recebe- os Secretários das Regiões Norte
Grande foi o progresso dela re- ram nova apresentação gráfica e (Alberto Ribeiro de Almeida), Nor-
sultante, que pode ser facilmente que estão à disposição do Movi- deste (Francisco Bispo dos Anjos),
constatado através, ao longo des- mento Espírita. Centro (Umberto Ferreira) e Sul
se tempo, dos inúmeros cursos, Informou, também, que novas (Luiz Alberto Zanardi) apresenta-
seminários, confraternizações de apostilas que subsidiam a apli- ram relatório sobre as atividades
juventudes, entre outros eventos, cação dos Programas de Estudos das respectivas Comissões nos
realizados em todos os Estados do estão à disposição dos interes- anos de 1995 e 1996 e a progra-
Brasil. sados, tais como as técnicas de mação para 1997.
O objetivo maior das comemo- ensino, recursos didáticos e plane-
rações a serem desenvolvidas, jamento do ensino, em moderna
que recebeu o título de Projeto MOVIMENTO ESPÍRITA
apresentação gráfica.
Vinte Anos, é de reforçar o ânimo INTERNACIONAL
e o entusiasmo de todos os traba- ATIVIDADES EDITORIAIS O Presidente Juvanir fez consi-
lhadores da Evangelização e cha- derações sobre a fundação e o
mar a atenção dos Dirigentes Es- Difusão e defesa do Livro Espí- funcionamento do Conselho Espíri-
píritas para essa grande responsa- rita: O Presidente Juvanir enfati- ta Internacional, enfocando a fide-
bilidade do Movimento Espírita zou a necessidade de divulgar o lidade desse órgão à codificação
que é, sem dúvida, a evangeliza- bom livro espírita, combatendo-se Kardequiana em seu tríplice as-
ção das novas gerações. o mau livro mediúnico ou de pecto. Disse da importância do
A Campanha dirige-se especial- autores encarnados através do Evangelho no trabalho espírita e
mente aos evangelizandos, aos estudo da Doutrina e do esclare- do ressurgimento do Movimento
dirigentes e pais espíritas, poden- cimento aos dirigentes e freqüen- Espírita na Europa.
do ainda atingir os espíritas em tadores dos Centros Espíritas. Nestor (Secretário-Geral da
geral. Mencionou a defesa dos direitos Comissão Executiva do CEI) e
A programação gira em torno autorais como forma de preserva- Altivo(representante da FEB em
de materiais de divulgação tais ção do patrimônio doutrinário e Buenos Aires) relataram as ativi-
como: cartazes, folders, mensa- falou sobre a Associação de Edito- dades desenvolvidas na 3ª Reu-
gens alusivas à Campanha, entre- ras Espíritas, em fase de funda- nião Ordinária do Conselho Espí-
vistas, artigos em REFORMA- ção, entre cujos objetivos está o rita Internacional, realizada de 3 a
DOR, culminando com um grande procedimento ético dos seus mem- 5 de outubro em Buenos Aires
encontro de envangelizadores em bros na preservação dos direitos (Argentina), as quais estão publi-
Brasília, em outubro de 1997. Nes- autorais e da pureza doutrinária, cadas em REFORMADOR de de-
sa oportunidade será oferecido um com base na Codificação Karde-

27 - REFORMADOR, JANEIRO, 1997 31


zembro de 1996, nas páginas 380 março deste ano, as sugestões Museu do Espiritismo, organizado
a 383. que consideraram oportunas. sob a orientação de Geraldo Cam-
2. Mensagens mediúnicas no petti Sobrinho e instalado no ter-
ATIVIDADES DAS início dos trabalhos: José Raul ceiro piso do novo prédio (em fase
FEDERATIVAS E ENTIDADES Teixeira, presente no início da de acabamento). Documentos e
ESPECIALIZADAS Reunião, dia 8 pela manhã, psi- fotos históricos, livros e peças ra-
cografou durante os trabalhos uma ras, móveis que pertenceram a
As Federativas Estaduais e as mensagem do Espírito Sebastião Bezerra de Menezes e Wantuil de
Entidades Especializadas de Âm- Affonso de Leão e a poesia Rumo Freitas são alguns dos compo-
bito Nacional apresentaram relató- ao Cristo, do Espírito Sebastião nentes do seu acervo.
rios por escrito sobre as atividades Lasneau, que serão publicadas em Em singela mas comovente so-
desenvolvidas no período de no- edições futuras de REFORMA- lenidade, o Presidente Juvanir de-
vembro/94 a outubro/96, os quais DOR. clarou inaugurado o Museu e as-
foram distribuídos à Presidência, à 3. Próxima Reunião do CFN: sinou o Livro de Presença, que
Secretaria e aos integrantes do Dias 7, 8 e 9 de novembro de recebeu, também, as assinaturas
CFN. Além disso, seus Represen- 1997, na sede da FEB, em Brasília das demais pessoas ali presentes.
tantes informaram, em Plenário, (DF). A FEB apela para as Institui-
as realizações mais significativas ções Espíritas e os espíritas em
do período em referência. ENCERRAMENTO geral no sentido de ofertarem ao
Museu livros, documentos e obje-
ASSUNTOS DIVERSOS No encerramento da Reunião, o tos raros, que venham enriquecer
Presidente da Federação Espírita o seu acervo.
Entre outros assuntos da reu- do Amapá, Luiz Gonzaga Pereira
nião destacam-se: de Souza, proferiu palavras de PALESTRAS
1. Atualização do Regimento In- agradecimento e despedida, em
terno do CFN: O Conselho apro- nome de todos os membros do Foram realizadas, como ativi-
vou por unanimidade essa medida CFN. O Presidente da FEB res- dade doutrinária complementar à
proposta pela FEB. Foi designada saltou o significado de mais aquele Reunião do CFN, as seguintes
uma Comissão formada por Már- encontro das representações do palestras:
cia Regina Pini de Souza (Rondô- Movimento Espírita Brasileiro, on- Dia 8 - Sexta-feira, às 20h
nia - Região Norte), José Raimun- de reinaram a paz e a operosidade 30min: José Raul Teixeira, no
do de Lima (Paraíba - Região fraterna. Convidado para transmitir Salão de Conferências (Cenáculo),
Nordeste), Marcelo Paes Barreto o seu pensamento e fazer a prece para o público em geral.
(Espírito Santo - Região Centro) e de encerramento, Divaldo Pereira Dia 9 - Sábado, às 20h30min:
Gerson Simões Monteiro (Rio de Franco recebeu, por via psicofô- Divaldo Pereira Franco, no auditó-
Janeiro - Região Sul), coordenada nica, a mensagem do Dr. Bezerra rio do Prédio Unificação, para o
pelo Presidente do CFN, para de Menezes, que publicamos nes- público interno (membros do CFN
elaborar o anteprojeto de um novo ta edição. e os colaboradores da FEB).
Regimento Interno do Conselho Dia 10 - Domingo, às 16h: Di-
Federativo Nacional, que será en- MUSEU DO ESPIRITISMO valdo Pereira Franco, no Salão de
caminhado à consideração do ci- NA FEB Conferências (Cenáculo), para o
tado Conselho em sua próxima público em geral.
reunião de 1997. As Entidades que No final da tarde de sábado, dia
integram o CFN deverão encami- 9, os participantes da Reunião do
nhar a essa Comissão, até 31 de CFN assistiram à inauguração do

32 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 - 28


SEAREIROS QUE RETORNARAM À PÁTRIA ESPIRITUAL
CENYRA DE OLIVEIRA PINTO
Desencarnou Cenyra de Oliveira atividades da Instituição e logo se imprensa e de atores, como Jardel
Pinto. Era conhecida de todo Mo - tornou uma de suas trabalhadoras. Filho.
vimento Espírita principalmente pela Em 1964, junto de um grupo de Quando completou 80 anos de
autoria de músicas espíritas, entre amigos, entre eles, Luiz Antonio idade declarou à imprensa espírita: -
elas “Quanta Luz”, e pelos livros que Millecco, fundava o “Movimento Assis - ”Para mim é como se estivesse com
escreveu. Nasceu na cidade de São tencial Rosa do Amor”, com o objetivo vinte anos! A velhice não me assusta.
Fidélis, RJ, e era filha de Benedicto de auxiliar mais de perto os grupos Dou meu tempo em trabalho, pen -
Pereira de Oliveira e Emília Pereira de socialmente carentes. Além do aten - sando na felicidade de meus irmãos
Oliveira. Casou-se com José Pinto e dimento individual, o “Movimento” em humanidade. Não me preocupo
desde cedo manifestou suas tendên - auxiliou várias instituições como o com a idade. Interesso-me pela vida;
cias para a literatura. “Uma Voz no “Centro Espírita Filhos de Deus”, na sou alegre e agradeço ao Pai Celestial
Silêncio”, “Levanta-te e Anda” (na 8ª Colônia de Curupaiti, na Colônia de de todo o meu coração e de toda a
edição), “Vem”, “Eu sou o Caminho”, Itaboraí, ambas para hansenianos, a minha alma. Tenho em Jesus meu
“A Verdadeira Vida”, “Conversa com a “Ação Cristã Vicente Moretti”, em Mestre e sou grata a Deus por con -
Vida” e “Momentos de Reflexão” são Bangu; e ainda o Hospital do Pênfigo, servar-me a saúde, a disposição e a
alguns de seus livros mais vendidos. em Uberaba, MG. lucidez da mente. Sou feliz!”
Todos os trabalhos eram mantidos Cenyra de Oliveira Pinto nasceu no
Na década de 40 sofreu uma série
com o auxílio de doações, venda de dia 25 de novembro de 1904 e sua
de problemas físicos e após visitar
livros e ainda com a montagem de desencarnação ocorreu no dia 14 de
vários médicos e não conseguir
peças teatrais espíritas. Vale a pena setembro de 1996, no Rio de Janeiro.
resultados satisfatórios foi aconse -
recordar que “Nos Domínios da
lhada a visitar a “Congregação Espírita
Mente”, com 33 personagens, contou
Francisco de Paula”. Os resultados Transcrito do SEI, nº 1489, de
com participação de bailarinos do
não tardaram a surgir com sua 12-10-96)
Teatro Municipal do Rio de Janeiro,
frequência assídua às reuniões. Com
merecendo crítica favorável de toda a
seu dinamismo envolveu-se nas

29 - REFORMADOR, JANEIRO, 1997 33


Fundada a Associação de Editoras Espíritas
m Assembléia Geral reali- gilo Júnior e Hércio Marcos Conselho Deliberativo ----

E zada no dia 30 de no-


vembro de 1996, na sede
do Instituto de Difusão Espírita,
Cintra Arantes; Federação Espí-
rita Brasileira ---- Juvanir Bor-
ges de Souza, Altivo Ferreira e
Presidente: Paulo Roberto Pe-
reira da Costa (FEB); Vice-
Presidente: Paulo Rossi Seve-
em Araras (SP), foi fundada a Paulo Roberto Pereira da Costa; rino (Folha Espírita); Amélio
Associação de Editoras Espíri- Folha Espírita Editora Jornalís- Fabrão Fabbro Filho (USE);
tas, cujas finalidades principais tica Ltda ---- Paulo Rossi Se- Antônio Borges da Silva (CEC);
são: verino e Luís Carlos Gomes dos Luiz Eduardo Almeida Vieira
I ---- Promover e divulgar o Santos; União das Sociedades Barbosa (L.E.C. Schutel). Dire-
Livro Espírita, CD-Rom, video- Espíritas do Estado de São Pau- toria Executiva ---- Presidente:
cassete e outras obras espíritas lo ---- Attílio Campanini e Amé- Salvador Gentile (IDE); Wilson
dessa natureza, dentro dos prin- lio Fabrão Fabbro Filho; Comu- Frungilo Júnior (IDE); Secre-
cípios da Doutrina Espírita codi- nhão Espírita Cristã ---- Antônio tário: Eliseu Florentino da Mota
ficada por Allan Kardec; Borges da Silva; Lar Escola Júnior (Casa Editora O Clarim);
II ---- incentivar e apoiar, por Cairbar Schutel (Editora Alvora- Tesoureiro: Aparecido Onofre
todos os meios idôneos, a ex- da Nova) ---- Abel Glaser, Luiz Belvedere (C.E. O Clarim);
pansão dos locais de divulgação Eduardo Almeida Barbosa e Conselho Fiscal ---- Titulares:
do Livro Espírita, CD-Rom, vi- Haércio Suguimoto; e Centro Luiz Eduardo Almeida Vieira
deocassete e outras obras espíri- Espírita Amantes da Pobreza Barbosa (L.E.C. Schutel), Altivo
tas dessa natureza, dentro e fora (Casa Editora O Clarim) ---- Ferreira (FEB) e Attílio Campa-
do Movimento Espírita, no país Carlos Vital Olson, Aparecido nini (USE); Suplentes: Haércio
e no exterior; Onofre Belvedere, Eliseu Flo- Suguimoto (L.E.C. Schutel),
III ---- defender os princípios rentino da Mota Júnior (que pre- Nestor João Masotti (FEB) e
da ética e o respeito aos direitos sidiu a Assembléia) e Laudicéa Luís Carlos Gomes dos Santos
autorais das suas associadas, na Tereza Torquato Lucca Belve- (Folha Espírita). Espera-se que
edição, produção, distribuição e dere. Participaram das reuniões outras Editoras venham integrar-
divulgação do Livro Espírita, preparatórias, tendo justificado a se à Associação de Editoras
CD-Rom, videocassete e outras ausência na Assembléia de fun- Espíritas. As interessadas deve-
obras espíritas dessa natureza, dação, as editoras: Centro Espí- rão dirigir-se à sede da Entidade,
no país e no exterior, em juízo e rita União (CEU), Instituto de no endereço do IDE: Av. Otto
fora dele, desde que solicitada. Divulgação Editora André Luiz Barreto, 1067 ---- Caixa Postal,
Participaram da Assembléia, (IDEAL) e o Grupo Espírita 110 ---- Telefo-ne (0195) 41-
como fundadoras da Associa- Emmanuel S/C Editora (GE 0077 e Fax (0195) 41-0966 ----
ção, através dos seus represen- EM). Foram eleitos e empossa- CEP 13600-970 ---- Araras
tantes, as seguintes Editoras: dos os componentes dos órgãos (SP).
Instituto de Difusão Espírita ---- de administração da Associação:
Salvador Gentile, Wilson Frun

13 - REFORMADOR, JANEIRO, 1997 17


ICEB COMEMORA ANIVERSÁRIO
SEARA ESPÍRITA
FATOS EM NOTÍCIA O Instituto de Cultura Espírita do Brasil,
que, passa por uma fase de estruturação e
dinamismo, comemorou no dia 7 de
dezembro último, na sede da Rua dos
UNICAMP: III SEMANA ESPÍRITA Inválidos, 182, Rio de Janeiro, o seu 39º
aniversário em reunião solene de encer -
O Grupo de Estudos Espíritas da ramento da sua programação anual.
UNICAMP (Universidade de Campinas) rea -
lizou sua III Semana Espírita, no período de
11 a 14 de novembro do ano passado, •
através de um Ciclo de Palestras com os
seguintes temas e expositores: “Aspectos PORTO RICO: CONGRESSO ESPÍRITA
da reencarnação” - Cyro José Fumagalli
(USE-Campinas); “A ciência espírita” -
Silvio Seno Chibeni (UNICAMP); “A família Será promovido pela Escola de Conselho
em nossos dias” - Antonio Cesar Perri de Moral de Porto Rico (P. O. Box 360592 - San
Juan de Porto Rico 00939-0592 Porto Rico), de
Carvalho (UNESP-Araçatuba); e “Jesus e o
27 de fevereiro a 2 de março, o Congresso
Espiritismo” - Márcio Roberto Silva Correa
Espírita de Porto Rico, com o objetivo de
(USP-São Carlos).
intensificar o estudo sistematizado da Doutrina
Espírita naquele país e contribuir para o
• Movimento da Unificação Espírita portorrique-
nho. O tema central será: “Ante os Pequenos e
MONTE ALTO (SP): LIVRO ESPÍRITA GANHA Grandes Dilemas da Vida... O Espiritismo
ESPAÇO EM PRAÇA PÚBLICA Responde!”. Telefone para informações: (787)
751-4872.
Através de lei aprovada pela Câmara
Municipal de Monte Alto e sancionada pelo •
Prefeito, foi concedido à União Espírita de
Monte Alto o espaço junto à Praça Dr. Luiz
PERNAMBUCO: ENCONTRO DE COMUNI-
Zacharias de Lima, durante o mês de
CADORES
dezembro de cada ano, para a realização da
Feira do Livro Espírita, já tradicional há 15
anos. A Federação Espírita Pernambucana
promoveu em sua sede, nos dias 9 e 10 de
novembro do ano passado, o 2º Encontro
• Estadual de comunica-dores do Espiritismo.
O tema central - “Identificação com os
ALAGOAS: ENCONTRO DE JOVENS Canais de Comunicação para divulgar o
ESPÍRITAS Espiritismo” - foi amplamente debatido
pelos comunicadores espíritas participan -
A Federação Espírita do Estado de Ala - tes do evento.
goas estará promovendo de 23 a 26 do
corrente mês, no Lar São Domingos, bairro
de Mangabeira, o Décimo Terceiro Encontro

de Jovens Espíritas do Estado de Alagoas
(XIII EJEEAL), tendo como tema central: “O PARAÍBA: CURSOS PARA EVANGELIZA-
DORES
Ser perante a Consciência”.
A Federação Espírita Paraibana realizou em
• João Pessoa um curso de formação e outro de
reciclagem para 120 evangelizadores da Infân-
ALEMANHA: ENCONTRO FRATERNO DAS cia e da Juventude, com a participação do
CASAS ESPÍRITAS Departamento de Infância e Juventude da FEB.

Sob o patrocínio do Grupo Berlinense de •


Estudos e Divulgação da Doutrina Espírita,
realizou-se em Berlim o Primeiro Encontro
COLÔMBIA: ATIVIDADES DA CONFECOL
Fraterno das Casas Espíritas da Alemanha,
nos dias 14 e 15 de setembro de 1996, com a
participação de três grupos espíritas, diante da A Confederación Espiritista Colombiana
impossibilidade de outros comparecerem. elegeu e empossou sua nova Diretoria para
Foram tratados através de diálogos, troca de o exercício 1996-97, com a seguinte
experiências e estudo em grupo os seguintes constituição: Presidente - Fábio Villarraga
assuntos: Movimento Espírita, A Casa Espírita, Benavides; Vice-Presidente - Álvaro Velez
Divulgação Espírita e Estruturação do Movi- Pareja; Secretária - Dolores A. de Moscoso;
mento Espírita. Foram utilizados textos das Tesoureiro - Arturo Moreno; Vogais - Ernes -
apostilas do Estudo Sistematizado da Doutrina to Carlos Martelo, José Ramiro Flórez M. e
Espírita e da Revista REFORMADOR, ambas Ruth Suárez. Entre as atividades já pro -
da FEB, transcritos no folheto que divulgou a gramadas destacam-se os preparativos
Programação do Encontro. para o 7º Congresso Espírita Colombiano,
que se realizará na cidade de Santa Marta.

36 REFORMADOR, JANEIRO, 1997 - 32

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