0 оценок0% нашли этот документ полезным (0 голосов)
38 просмотров3 страницы
Enquanto a indústria se preocupa em mostrar que não oferece apenas produtos, mas que resolve problemas do dia a dia dos consumidores, torna a vida mais simples e/ou mais divertida e está presente nos bons momentos, qual é a linha de comunicação seguida por nove entre dez varejistas? Preço baixo. Isso fideliza?
Enquanto a indústria se preocupa em mostrar que não oferece apenas produtos, mas que resolve problemas do dia a dia dos consumidores, torna a vida mais simples e/ou mais divertida e está presente nos bons momentos, qual é a linha de comunicação seguida por nove entre dez varejistas? Preço baixo. Isso fideliza?
Авторское право:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Доступные форматы
Скачайте в формате RTF, PDF, TXT или читайте онлайн в Scribd
Enquanto a indústria se preocupa em mostrar que não oferece apenas produtos, mas que resolve problemas do dia a dia dos consumidores, torna a vida mais simples e/ou mais divertida e está presente nos bons momentos, qual é a linha de comunicação seguida por nove entre dez varejistas? Preço baixo. Isso fideliza?
Авторское право:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Доступные форматы
Скачайте в формате RTF, PDF, TXT или читайте онлайн в Scribd
Um estudo divulgado na semana passada pelo Reputation Institute avaliou a
reputação de marcas globais, levando em conta aspectos como admiração, confiança e bons sentimentos em relação a cada empresa. Google, Sony e Disney ocuparam o pódio como as marcas de melhor reputação corporativa do mundo e, na lista das 28 empresas mais bem colocadas, aparece apenas uma varejista: a sueca Ikea, na oitava posição.<br /><br /> Chama a atenção o fato de que, enquanto há apenas a Ikea entre as 28 companhias de maior reputação, há 14 empresas de bens de consumo, cinco empresas de tecnologia, quatro montadoras de automóveis e duas companhias de entregas expressas.<br /><br /> A forte presença da indústria e a quase ausência do varejo em um estudo que fala de reputação corporativa é parcialmente explicada pelo fato de que Procter & Gamble e Nestlé, para citarmos apenas dois exemplos, são empresas reconhecidas mundialmente, muito mais do que, digamos, Walmart, Carrefour e Tesco. Isso decorre da própria metodologia da pesquisa: o levantamento mediu primeiro a reputação das 600 maiores companhias globais em seus países de origem e depois avaliou a reputação global das 54 empresas mais bem colocadas, o que excluiu empresas com presença internacional tímida.<br /><br /> Colocar a culpa no juiz, no estado do gramado ou na bola, porém, não explica completamente. O fato é que empresas como Apple, Samsung, BMW e FedEx (todas na lista das 28 melhores) conseguem fixar atributos claramente identificáveis, desejados por seus clientes e entregues com eficiência. Apple é inovação e <i>design</i>, é ser <i>cool</i>. Samsung é tecnologia. BMW é sofisticação com esportividade e elegância. FedEx é o produto entregue no lugar certo, rapidamente, em qualquer lugar do mundo. E o varejo?<br /><br /> Enquanto a indústria se preocupa em mostrar que não oferece apenas produtos, mas que resolve problemas do dia a dia dos consumidores, torna a vida mais simples e/ou mais divertida e está presente nos bons momentos, qual é a linha de comunicação seguida por nove entre dez varejistas? Preço baixo.<br /><br /> Evidentemente, todo mundo quer pagar o mínimo possível por um produto, o que torna preço a moeda de entrada no jogo. Entretanto, a indústria também concorre em preço com seus competidores, e nem por isso inunda os comerciais de TV, rádio, jornal, internet, redes sociais etc dizendo que seus produtos são mais baratos que os dos concorrentes. A publicidade de um chocolate não mostra o preço, mas transmite a cremosidade do produto, a sensualidade e o momento de prazer de mordê-lo e fazer uma pausa na correria cotidiana. A publicidade reforça: é uma delícia comer chocolate!<br /><br /> É uma comunicação multissensorial e emocional.<br /><br /> Agora analise a comunicação do varejo. Salvo raras exceções, o roteiro é: uma enxurrada de produtos com ofertas, promoções, parcelamento em infinitas vezes, preço, preço, preço. Existe outro diferencial? Se existe, sumiu do <i>briefing</i> das agências em algum ponto do processo.<br /><br /> No Brasil, a bandeira de supermercados Pão de Açúcar foge desse paradigma, dizendo que “aqui é lugar de gente feliz” e integrando múltiplas ações em redes sociais, marketing, patrocínio a eventos esportivos e shows, buscando fazer parte da vida do consumidor em outros momentos que não sejam somente aqueles em que é preciso abastecer a geladeira. Isso cria reconhecimento da marca, um senso de personalidade e lealdade.<br /><br /> Outro caminho é oferecer soluções. É por isso que a Ikea está na lista das empresas com melhor reputação do mundo. A varejista sueca, com 301 lojas em 37 países, não descuida do preço baixo, mas o foco de sua comunicação está em resolver os problemas de seus clientes. Não à toa, seu slogan é <i>“affordable solutions for better living”</i>, ou “soluções para uma vida melhor que cabem no seu bolso”. A empresa não diz ter os móveis mais baratos do mercado, ou a menor parcelinha. Ela afirma, o tempo todo, de maneira consistente em seus múltiplos canais de contato com os consumidores, que está ali para ajudar o cliente a arrumar sua casa. Seja qual for a personalidade desse cliente, a Ikea oferece ideias, sugestões, produtos e ambientes para criar um lar.<br /><br /> Preço é importante? Com certeza. Afinal, se o preço estiver muito fora do que a concorrência pratica, é muito mais difícil obter sucesso. Preço é a única coisa importante que pode ser comunicada ao mercado? Não, muito pelo contrário. O consumidor toma, como premissa, que a loja tem preços competitivos. Por conta disso, é possível, importante e necessário ir além do binômio preço e prazo, investindo na criação de ligações emocionais com os clientes.<br /><br /> Dirigir um carro é emocionante, lidar com tecnologia é excitante e usar um barbeador torna o homem mais homem, mas por que, ao ir ao supermercado ou à loja de eletrônicos, o consumidor precisa deixar de lado a emoção e utilizar apenas uma calculadora? Faz algum sentido?<br /><br /> Que tal, em vez de oferecer apenas o menor preço, oferecer mais valor pelo preço praticado? Que tal utilizar os tabloides de ofertas para apresentar soluções (como receitas e dicas de uso de produtos) e não apenas preço baixo? Que tal mostrar que a loja não é um mero entreposto de produtos, mas um lugar prazeroso onde é possível resolver os problemas do cotidiano e conhecer coisas novas?<br /><br /> À primeira vista é difícil sair do básico-básico, mas é possível ter vida inteligente no <i>branding</i> do varejo.