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‘Copyright © 2005 Cleudemar Alves Femandes ‘Todos 0s direitos reservados. Nenlnuma parte desta edigo pode ser utilizada ou reproduzida ~em qualquer meio ou forma, sea mesinicn ou eletnico, fotocdpia, gravaggoetc.—nem aproprada fou estocada em sistema de banco de dados, seim « expressa antorizagio do autor. Tustrasfo da Capa Fotomontagem de Milena d’ Ayala Valu Conselho Edicorias Braz José Coelho ~ UFC-CAC Direeo Li Catalogago -na- fonte ‘Femandes, Cleudemar Alves ‘Andlise do discurso : reflexes introdutrias/ ‘Ao Braz José Coelho, quem primeiramente Cleudemar Alves Fernandes. ~Goiinia: Trilhas ‘me apresentou a linguagem como objeto de {Ucbanas, 2005. uma ciéneia 118. ae : A Maria do Rosério Gregolin, peas constan- 1. Lingifstica. 2 Andlise do discurso 3. Discurso tea reflexes om Andlise do Discurso. 1 Titulo ISBN: 85.99139-05-3 cpu:sr't ‘Ao Toto Bésco Cabral dos Santos, por ESB AP coe saber compartilhar 0 fazer académico no cotidiano da ‘Ans meus alunos, cujas inquietagdes forne. npressono Brasit ra ited in Brazil 2005 cceram caminhos para esta esc o aed se 7 oN A nogio de discurso: discutso, ideologia ¢ efeito de sentida pal oo Clenerar Aes Fereanes Cc como o pr6prio nome da disciplina em foco ~ Anélise do Discurso ~ indica, diseurso é 0 objeto de que essa disciplina se ocupa, Como se de um campo do conhecimento cient constituido, a compreensto desse objeto d requer um rigor teérico, do qual devemos nos vestir para referirmos a discurso. Diante disso, partirem« da interrogagao: “o que se entende por discurso?” Discurso] como uma palavra cori cotidiano da ingua portuguesa, é constan utilizada para efetuar referéncia a pronunciamer politicos, a um texto construido a partir de estilisticos mais rebuscados, a um pro mareado por eloqliéneia, a uma frase proferid: 19 DO —C:COC(‘(C(....CC.._._.___i._téé#é#eéeésda..eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee forma primorosa, i retérica, e muitas outras: de uso da lingua em diferentes contextos sociais. Porém, para compreendermos discurso como um objeto do qual se ocupa uma dis especifica, objeto de investigacdo cientifica, devemos romper com essas acepgdes advindas do senso comum, que integram nosso cotidiano, e procurar compreendé-lo Tespaldados em acepgGes tedricas relacionadas a métodos de andlise. ‘afirmar quel discurso, 10 objeto da Andlise do Discurso, nio éa “Anilise do Discurso, nifo 6a, lingua, nem texto, nem a fala, mas que necess s € ideolégicos impregnados nas palavtas quando elas slo pronun- ciadas. Assim, observamos, em diferentes situages de nosso cotidiano, sujeitos em debates e/ou diver. géncias, sujeitos em oposigdo acerca de um mesmo. tema, As posigBes em contraste revelam lugares socioideolégicos assumidos pelos sujeitos envolvidos, ‘uagem é a forma material de expressiio desses Iugares. Vemos, portanto, que o discurso nao é a igua(gem) em si, mas precisa dela para ter exis ‘ncia material efow real Para exemplificar essas consideragdes, observemos o emprego dos substantivos ocupaciéio 20 (lender Ales Fernandes € invaséo em tevistas e jornais que circulam em nosso cotidiano. Tais substantivos so constantemente encontrados em reportagens e/ou entrevistas que versam sobre os movimentos dos trabalhadores rurais Sem-Terra ¢ revelam diferentes discursos que se opGem € se contestam. Em tomo do Sem-Terra, locupagao|é empregado pelos prépric por aqueles que o: designar a utilizagio d lizado, no caso, « terra] invaséo] referindo-se & ‘mesma ago, €empregado por aqueles que se opsem aos Sem-Terra, contestam-nos, ¢ designa um ato legal. considera os sem questo como ceiminosos,invasores. A: eseolhaslexicaise'senuso) _Tevelam a presenga de ideologias que se opoem, (Giseusosiyre, por sua vez, expressam a posigao de grupos de sujeitos acerca de um mesmo tema Integrante da nogio de discurso, encontra-se 4 nogio de sentido compreendida como um efeito de sentidos entre sujitos cm interlocugao (sujeitos se manifestando por meio do uso da linguagem) Assim, ocupagao e invaséio, nos discurs: supraci tados, vio além de seus significados prescritos nos icionérios. Se observarmes, por exemplo,a sig cagdo de invasdo para ambos os grupos de sujeito (0s defensores e os contestadores do Sem-Terta) Yeremos que invadic tem sentidos diferentes e pect liares para esses sujeitos. Esses sentidos, ¢ nfo o 21 Ante do scars reflexes ive ificado da palavra apenas, so produzidos em decorréncia da fdeologia dos sujeitos em questi forma como compreendem a realidade p. social na qual estéo inseridos. Para falarmos em discurso, precisamos consi- derar os elementos que tém existéncia no social, as ideologias, a Histéria. Com isso, podemos afirmar que 08 discursos niio séo fixos, esto sempre se movendo e sofrem transformagdes, acompantiam as transformagées s¢ as de toda natureza que integram a vida Acerca do discurso observado como aco social, Orlandi (1999, p, ae apalavra discurso, reurso, de correr por, de movimento, O discurso € assim palavra em \ento, pritica de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando, ideologia materializa-se no discurso que, por sua vez, € materializado pela linguagem em forma de texto, ‘Quando nos referimos A produgio de sentidos, dizemos que no discurso os sentidos das palavras nfo sio fixos, néo so imanentes, conforme, geral- ‘mente, atestam os dicionarios. Os sentidos so produ- zidos face aos lugares ocupados pelos sujeitos em EEE tos lugares ocupados pelos sujeitos em 2 interlocugio. Assim, uma mesma palavra pode ter diferentes sentidos em conformidade com o lugar socioideolégico daqueles que a empregam. Para melhor compreender essa pluralidade de sentidos de uma mesma palavra, podemos refletir sobre os Vo rerra quando enuaciado, por exemplo, pelos Sem-Terra e quando enunciado por fazendeiros integrantes da UDR (Unido Democrittica Ruralista), uma vez.que aqueles representam, de certa ma ameaga a estes (¢ vice-versa). Se lustragio 08 sentidos de terra decorcentes de) diferentes Essas reflexes per iten:afirmar que a lingua se insere na histéria (também construindo-a) para produzir sentidos. O estudo d€discurstoma xTingua > materializada em forma dg textoyforma lingiistico. histSrica, tendo o discurso Come o objeto. (Getmonunionss condic6: dem fundamentalmente os( O sentido de uma patavra, de uma expressio, de uma proposigt, etc., no existe “em si mesmo” 23 >, &determinedo pelas posigses ias em jogo no processo s6cio- A nnogio de discurso implica, nesse processo, considerar as condig6es histérico-sociais de producio que envolvem odiscurso. Ilustramos, a esse respeito, gue a palavra terra, ao ser utilizada por determinados sujeitos, integra um discurso e nfo outro tendo em vista a posigo, o lugar sécio-histérico-ideot6gico daqueles que a enunciam. uma exterioridade, impli a sua existéncia materi semisticos) estrut discurso encontra-se na exterioridade, no seioda vida social, 9 analista/estudioso necesita romper as estruturas lingti (Chnsemar Alves Fernandes aque se denomina discurso, objeto a ser focalizado para andlise. Bis que, dessa maneira, se instaura um campo de conflitos no qual diferengas sociais coexistem. Se hi diferengas, hé embates no social e, consequente ‘0. O que mara as iferentes posicdes dos sujeitos, dog grupos soc: que ocupam fernitarias antagnicos, caracterizando tais embates, & € a inscrigéo ideol6gica ii si dos sujeitos em cen. Portando, gia 6 vel para. curso, nao apenas impresci grupos: sociais em uma mesma Sociedade, dat os eonflitos] as fontradigded, pois 0 a0 mostrar-se, inscreve-se em um|espago endo em outros, enuncia a partir de Sua inscri¢ao ideoldgica; de su voz] emanam (seus cxjas existéncias camera exterioridade das estruturas Porém, 0 social eo ideoldgico que possibilitam falar em discursos, assim como o discurs. na His A unidade do discurso constitui-se por um Conjunto de enunciados efetivos produzidos na dispersio de acontecimentos discursivos, compreen- 25 Foucault (1995): como apareceu um determinado| enunciado e ndo outro em seu lugar? Essa inferrogagao faz com que busquemos compreender a producio dos discursos como elemento integrante da Hist6ria. Se pensarmos, por exemplo, 0 uso dos lexemas invasiio e ocupacao, tio recortentes em textos mi s, conforme assinaiamos acima, e procurarmos compreendé-los a partir da questio colocada por Foucault, veremos as condigdes de producto do discurso, ou seja, comprepaderemos, a partir de um olhar para a histéria, bs aspectos socioideolégicos que envolvem ico do discurso. Antes do sutgimento dos movimentos dos Sem-Terra, tais enunciados (se compreendermos esses sub: dos, face aos efeitos de sei niio circulavam na midia que integra nosso cot nao havia um f3pago histrico-social] que lhes possibilitasse a existéncia, ‘Trata-se, nesse contexto, de compreender a singularidade da existéncia do enunciado, suas condigdes de produgio. Como atesta Robin (1973), busca-se verificar, a partir de enunciados efetiva- ‘mente produzidos em determinada poca e lugar, as condigdes de possibilidade do discurso que esses enunciados integram. Isto equivale a dizer que as transformagées histéricas possibilitam-nos a compre- 26 ensio da produgto dos discursos, seu aparecimento em determinados momentos e sua dispersao. acordo com as posigdes dos sujeitos envolvidos, a enunciagdo tem um sentido ¢ nfo outro(s), conforme exemplificamas referindo-nos a0 emprego de invasdo © ocupagio em discursos em tomo do Sem-Terra, Osemtidoé um efeito de sentido da enunciagao entre A e B, 6 0 efeito da enunciacdo do enunciado. Isto, considerando que A e B representam diferentes sujeitos em interlocugao, inscritos em espagos socioideolégicos especificos. sentido de uma sequéncia 6 materialmente coneebido na medida em que se concebe esta seqléncia como pertencente necessariamente a esta ou Aquela formagao discursive de um “efeito de sentidos” entre os pontos A eB LJ Os elementos Ae B designam algo diferente da presenga fisica de organismos humanos individuais.[..] A ¢ B designam lugares deter ura de uma formagio social (Pécheux & Fuchs, 1990, p. 169) enunciadores de determinado discurso se. encontram envolve 0 contexto € a situacao e intervém a titulo de condigdes de produgao do discurso. Nao se trata a eee 4 cisceso: eertesinodais da reatidade fisica e sim de um objeto imaginétio sovioideolégico. Trata-se de alguna coisa mais forte —que vem pela hist6ria, que zo pede licenga, que vem pela meméria, plas filiagées de sentidos constitufdos em outros dizeres, om muitasoutras vozes, no gun, {que vai se histricizando[.,. arcada pel eles posioesreaiva @ pode? Orland 2.32) Isto posto, reiteramos que o discurso tem existéncia na exterioridade do ling é rico-ideologicamente, Naexterio- ©, No social, ha posigées diver- genes pois coexisténcia de diferentes discursos, isto implica diferencas quanto a inscrigo ideol6gica dos Sujeitos e grupos sociais em uma mesma sociedade, daf os conflitos, as contradigdes, pois o sujeito, 20 ‘ostrar-se, inscreve-se em um espaco socioideols. Bicoenfoem outros, enuncia a partir:tesse inscrigdo, de sua voz, emanam discursos, cujas ex encontram-se na exterioridade das es lingiisticas enunciadas, Em sintese, verificamos que, para reflexdo sobre o discurso, na perspectiva da Andlise do Discurso, nevessita-se buscar compreender conceitos como: ASeittIaD: trata-se do efeito de sentido entre Sujeitos em enunciagao; nega-se a idéia de iciar uma 28 ‘Cleudema Alves Ferrans mensagem encerrada em si; contesta a imanéncia do sentido; ~ Gmumeiagio: cfcitos de sentido entre A eB (lugares dos diferentes sujeitos em io); posi¢do ideol6gica da enuuiciacko; do lugar sécio-historico-ideolégico de onde os sujeitos dizem; ~ WaeoLBIay uma concepgdo de mundo de determinado grupo social em uma tincia histérica, Cnguagenyfe io Vinculadas, esta Materializa-T=Taquela. Tdeolo; quais) ideologia a integram:; - Conaigdesmeprodugao: aspecios bist. C08, saciais e ideolégicos gue envolvem o discurso, ou que possibilitam a produgio do discurso, ~ Sieitowiseursivosconstitudo na inverag social, ndo é o centro de seu dizer, em » Se manifestam. O sujeito é polifé- nico e é constituido por uma heterogeneidade de discursos, Esses conceitos, ¢ outros ainda ndo apresen- ‘ados, esto inter-relacionados e se implicam, Anogio 29 > cus: wees intotciss de sujeito discursivo, que exige reflexdes sobre as hogGes de polifonia e heterogeneidade, dedicamos ‘ot6pico seguinte, 16 re jaye Clade et O sujeito discursivo: Sujeito, polifonia ¢ heterogeneidade nce | (Cedemar Ales Femandoe N a Andlise do Discurso, para compreendermos anogio de sujeito, devemos considerar, logo de inicio, que néo se trata de individuos compreen- didos como seves que tém uma existéncia par isto, sueito, na perspectiva em: no é um ser humano individ m sociedade. Com isso, afirmamos que oGjGit@) mais especificamente o Anise do asco: relents ineacusas emumaindividualidade, em um “eu” individualizado, que tem existéncia em um espago cial e ideoldgicd) em um dado momento da historia FO. A voz desse sujeito revela o lugar logo, expressa um conjunto de outras vozes de sua voz iegrantes desse Paraa compreensio do sujeito nessa perspec- evificaremos como o sujeito pode ser apreendido e analisado a partir dos como a Linguist entio, contraparmos a essa perspec acepeio da va geral a ido por diferentes vozes sociais, | em geral, o sujeito, quando considerado, ora €idealizado, ora é um sujito falante, apreendido em um contexto so su Pasitivo que o sujeito, nesse caso individuo, poderé aprender e, consequentemente, tomnar-se usuitio, Em relaco 40 contexto imediato, compreendids como momento ¢ local espectfico em que se dé a comunicacio, ou seja, em que ocorre o uso de uma lingua determinada, destaca-se, por exemplo, a 4 Alves Femances organizacio ¢ estruturago do didlogo, 0 maior ou menor grau de obediéncia A pramatica padrio em conformidade com cada contexto, ete., sendo que 0 contexto, inclusive, pode determinar as formas do dizer. ‘Uma das primeiras distingSes a serem estabe- idas refere-se a dif |sujetto falando. 4 sujeito falante ionadas, ou seja, zaddo, que, dada Jada quando efpusemos a deco de discurso; refere-se a conjunto de vores sociais. Compreender o [sujeito discursivol compreender quais so a: presentes em sua voz. Isto posto, se retomarmos o emprego de invasio e ocupagdo, conforme jé expusemos, temos, pela escolha lexical, a revelagiio da inscriglo socioideoldgica do|sujeito enunciador| Ao utilizar ocupagdo, por exemplo, osujeito integra, como participe, um conjunto de sujeitos cuja natureza ideol6gica revela-o como solidétio aos movimentos dos Sem-Terra, se nfo um de seus integrantes. Esses sujeitos se opdem ideologicamente a um outro | requer SHOZESTOIBIS Ue se fazem 35 Yau’ le Ants do dscuse:reentes inracias Conjunto de sujeitos dispersos no Ambito social, invasdo. Contudo, 0 sujeito nio é homogéneo, seu discurso constitui-se do entrecruzamentode diferentes € se contradizem. Ao considerarmos um sujeito Ao considerarmos um sujeito discursivo, acerca de um mesino tema, encontramos discursive, acerca de um mesmo tema, encontramos em sua voz diferentes vozes, oriundas de diferentes discursos. A presenga dessas diferer dessa palavra, temos: poli = muit Face 4 nao uniformidade do suj desenvolvidos sobre o romance de Dost estudo dessa produgdo literdria, Bakhtin pensou sobre © funcionamento do discurso como forma de reflet @ complexidade do romance, sua estruturagéo pelos discursos, e as diferentes vozes presentes em uma Imente, encontramos nesse pensador a considerada como integrante tio que revela 0 ait, 1997, p 98), sendo que esse outro (escrito em letras minds- culas) compreende o mundo social no qual o sujeito se insere. Ao constatar que o sujeito dialoga com um amplo conjunto composto por outros sujeitos, com a realidade social que o envolve, Bakhtin reicma suas reflexdes acerca de um p ressalta a presenga da yozes no romance, ‘organizadas e relagdes sociat Os conceitos de| dialogismo|e polifonia lifonia como as diferentes as vores sio socialmente m 0 estabelecimento de tiveram originalmente o texto Titersio como objeto de estudo, mas no se 05 discursos cotidiano: ‘pessoas no mundo. O estudo do romance d supracitado poss taco da natureza heterogénea const Tinguagem e dos sujeitos. Assim, 0 sujeitoe 0 discurso resultam da{ interag%o sociallestabelecida com doo inconsciente, também, constituido “Outro” refere-se ao desejo do outro (esse"“eu” seria nguag. socialmente, 0 como constitutive do desejo do o Sujeita). Dialogismo] [polifoniale [heterogeneidade constituem @ategoriasidiseursivas que propiciam reflexdes visando A compreens&o do sujeito discursivo, Como atesta Authier-Revuz (1998, p.79), reside nessas refloxées 0 cardter nao somente complexo, mas forgosamente heterogéneo do campo em que se jogam 0 dizer e 0 sentido. Com 2 proposi¢o do conceito de heteroge- neidade discursiva, Authier-Revuz reitera o carater polifénico do sujeito discursivo e ainda chama a atengdo para o@esteitramentordorsujeito: wm implica outros “eus” e 0 outro apresenta-se como uma condigio constitutiva do discurso do sujeito, afinal, um discurso constitui-se de outros discursos sofre (trans)formagées na Histéria. As sransformagées sofridas nas condigdes sociais manifestam-se nas(Produgesidiscursivasy sempre marcadas pelo entrecruzamento de discursos € acontecimentos anteriores. Acentua-se, dessa maneira, a fragmentaco dos sujeitos, a heterogenei- oo Clendma lvesFemandes dade constitutiva dos discursos OSUjSitOWiseursiv @& plaralisto 6, 6 atravessado por uma pluralidade de ‘yo2es e, por isco, inscreve-se em diferentes formagdes discursivas e ideolégicas. Com esses apontamentos acerca da constitui- io do sujeito discursivo na/pela interagao social marcada por contrastes préprios as inscrigdes ideolégicas que se opdem, portanto préprios 20s diferentes discursos coexistentes, reiteramos que (GRMEMA sim, 2 identidade, como 0 sujeito, nao é fixa, esta Sempre em produc, encontra-se em um i processo ininterrupto de construgio ¢ é caracterizada i por miutagdes. A guisa de conclusao, reiteramos: (@PSaJsHSMonstituido por diferentes vozes sociais, € marcado por intensa_heteroge~ “neidade e contflitos, espagos em que 0 desejo se inter-relaciona constitutivamente com 0 social e manifesta-se por meio da linguagem. SFG vores, oriundas de diferentes espagos sociais ¢ diferentes constitutivas do sujeito discursivo. 43 ‘Ardlse do disuse: relents rods “Hleterogencidade formas de presenga no discurso das diferentes vozes con: do sujeito. Heterogeneidade cor ‘a jutoo presenga implicita, iio mostrada, na voz do 090 Jo" + stijelto) @ heterogeneidade| mostrada elas a (presenga explicita, marcada, na voz do sujeito), CQsujeitomaorenomageneo, o, 20 conceitus lo, referimo-nos as nogdes de formagio discursive ¢ formacao ideolégica, ¢&inter-relagto linguagem erpassada peia meméria, conceitos que lem o centro das reflexdas a serem atroladas no t6pico seguinte, Formii0 discursiva: linguagem e historia ayoillt eo aca | i i Clesemar Aes Fernandes C. - ate ny x \ | Fouceratl Quspaudoage ) | ly ikuwse: Contunle ds. wearntiods G Obie 0 acne (Aad sare, | Wor ais) a an, CUAL Liwes Maren iy ‘Perronen 77 ee ‘Arslve do disuse: eexbesinsodusias ‘Unidade e disperstio, como conceitos integran- tes da nogdo de formacao discursiva, sito marcadas por heterogeneidacles constantes no jogo das relacdes coexistem as concomitantes divergéncias icas que demarcam os campos discursivos. Os enunciados, assiin como os discursos, sfo acont “Centos que sofrem continuidade, descontinuidade, dispersio, formacao e transformaco, cujas lidades obedecem a regularidades, cujos sentidos sio incompletamenie alcangados. Os enunciados, compreendidos como elementos integrantes das inscrever-se nas situagbes me, por sua vez, provocam conseqiléncies, mas, vinculam-se, também, a iados que os precedem e os sucedem, Para los, buscamos compreender as relagdes que 0s engendram na produco de sentidos. No caso.em quese puder descrever, entre um certo rnimero de enunciados, semelhante sistema de erSTO, € no caso em que entre os objetos, os ipos de enunciagao, os conceitos, as escolhas ‘eméticas, se puder definiruma regularidade (uma ordem, correlages, posigbes e funcionamentos, ‘ansformagies), diremos, por convengao, que se trata de uma formagio discursiva. (Foucault, 1995, P.43) (Grifo nosso) Os objetos, os tipos de enunciagao, os conceitos © 08 temas obedecem a regras de formagio que 54 de coexisiéncia, de manutengio, de modificagio e de desaparecimento) em determinada formacao discursiva, hi se pela existéncie ae um Conjunto semelhante de objetos ¢ enunciados que os descrevem, pela possibilidade de explicitar como cada objeto do discurso tem, nela, o seu lugar é sua fegra de-aparigdo, © como as estratégias que a engendram derivam de um mesmo jogo de relacdes. Trata-se, contig observa Robin (1973), de compreendex as condigdes de possibilidade do discurso, como um dizer tem espago em um lugar ¢ em uma época especitica smagio discursiva resulta de um c2mpo é iguragdes que coloca em emergéncia os dizeres © 08 sujeitos socialmente organizados em um ‘momento hist6rico especifico. Porém, uma formagiio discursiva nfo se limita a uma época apenas: em seu interior, encontramos. elementos qué tiveram existéncia em diferentes espacos sociais, em outros ‘momentos histéricos, mas que se fazem presentes sob novas condigées de producto, integrando novo contexto hist6rico, e, consequlentemente, possibilitan- do outros efeitos de sentido. Como argumenta Gregolizt (1997, p. 56 interpretagdo de temas re-significados mostra que o discurso, a Hist6ria € a meméria constré de sentidos, e analisar 0 discurso implica fazer aparecer objetos e emunciagSes que aparecem 35 ee ee = Rid Fevaucn Aline do dscura:reflexdes nvrodudie e desaparecem, coexistem e transformam-se em um espago discursivo e possibilitam, ainda, verificar a presenga de certos temas em dada formagao discur- siva, Annogio de meméria discursiva nao se refe- rea lembrangas que temos do passado, a recordagées que um individno tem do que ja passou. Como atesta Pécheux (1999a, p. LI): @ estruturagao do discur- sivo vai constituir a reaterialidade de wma ceria meméria social. T.sse expaco de mem6ri condicao do fun i a existéncia de difecemtes tipos de discurso implica a existncia de diferentes grupos soci aspectos socicculturais ¢ ideolégicos, ¢ mantém-se se de em contraposigio a outros discursos. Tat erdiscursividade, refletindo materialidades que intervém na sta construgao. A titulo de ilustragao, voltemos aos sentidos do lexema terra na formagio discursiva do Sem- Terra. Em estudos espectficos sobre essa formagio discursiva, verificamos que os sujeitos denominados Sem-Terra pautam-se em experiéncias vividas no passado, que lhes fornecem formagdes socioculturais as quais procuram reconsiruir. Os sentidos de terra 56 (Clevsmar Alves Fernandes implicam um espago sociocultural rural que se ope as condigdes socioculturai cidades, que so recusadas que priorizam a vida buc portanto, sabida em tempos passados. Em se tratando de meméria discursiva, nfo esto em questio as lembrangas que cada sujeito tem do passado, mas sim a existéncia de um mundo sociocultural, com formas de tratsalho, de lazer, ete., especificas, Tsto posto, diferentes discursos coexistem e materializam-se, as vezes, por meio de enunciado: estruturalmente semelhantes, mas tém sua unidade Pelos efeitos de sentido decorrentes da inscrigao cd desis enunciados. Para Robin (1973, p. 107), os discursos sao governados por formacies ideolégicas. Como formacio discursiva reflete, também, formagao social, retoma-se uma heteroge- neidade propria & coexisténcia e “miscigenacao” das diferentes forgas sociais, Conforme assinalamos em relagao aos discur- sos do Sem-Terra, se a dominéncia de um modo de produgio representa o primado da vida econémica, mas a pobreza, por sua ve: formagio social ¢ todas as outras formagbes e transformagies até entdo assinaladas, porque na pobreza também hé lutas econ6micas ¢ politicas, Tais lutas tém seus impactos em diferentes lugares Osaspectos ide apresentam-se seman icos.e politicos, no discurso, amente relevantes, pois 37 | | a Anise do aici: reflextes nots refletem, na interagao entre os sujeitos, o lugar hist6rico-social de onde o discurso é produzido. A aciio politica, em forma de discurso, apresenta valores ideol6gicos na construgdo de determinados espagos sociais. Nessa perspectiva, as relagdes de poder constréem-se e as representagdes de poder confron- tam e alteram-se, mudando. conseqilentemente 0 lugar de onde vozes produzem enunciagdes, de onde 0 discursos so produzidos. As relagdes de poder so preenchidas politicamente por ideologia e, em conformidade com diferentes vozes ideol diferentes rumos na_ ides Sijéitos em cena, ou da transformagio dos sujeitos ha do tempo. o que implica mudaneas no espaco Na verdade, novas perspectivas pi ideol6gicas, que provocam o surgimento de um novo cendrio sociocultural, so aspectos inerentes & formagio de um discurso. Ao efetuarmos referéneia s préticas discur- sivas, referimos, também, a praticas sociais\ visto que 0 discurso envolve condigdes histérico-saciais de produgio. Essa observagdo toma oportuno refletit sobre as condigdes de produgdio dos discursos que icluem 0 contexto sécio-historico ¢ ideolégico, incluindo, igualmente, as condigdes de produgdo de bens materiais ¢ a (re)produgio das prdprias condigdes de produgdo. 58 Cleuderer Alves Ferandee A inter-relagio do discurso com suas condi- Ges de produgao envolve tudo 0 que est no campo da enunciagao, isto é 0 contexto histérico-social inerente & produgio de sentidos. A recorréncia & Historia faz-se presente na anélise do discurso, pois trata-se dos sentidos produzidos no discurso, de acordo com as condigées de produgao hi a que Pécheux (1999, p. !1) atribui a Psicologia Social manipulagdes ca interagio, ¢ em particular da interagio verbal. Nesse quadro, a “situagaio” experimental ~ construida em labor: provocada em campo ~ € uma cena fechada, a- histérica, ne qual a linguagem (falas, textos ou discurs0s) é imedistamente identificada a seqlén- cias “observaveis" de agbes (condutas, comporta- mentos) de trocas entre os protagonistas da inte- ago. Comtrapondo-se a essa abordagem a-hist6rica, a Anélise do Discurso, ao refletir sobre as condigdes fSrieosociais. que enyolvem.a.producao, do, discurso,,recome. 4 Hist6ria, visando.a analisar o ‘material em termos de produedes localizayeis emum, lugar sécio-hist6rico (lugar de produglo socioecond- o-ideol6gico e cultural). Essa perspectiva 59 rentes, conforme sintese apresentada a seguir. + Formagio discursiva: refere-se a0 que se pode dizer somente em determinada época eespaco social, ao que tem lugar e realizacao a partir de condigdes de producdo especi- enunciado tem o seu lugar e sua regra de aparigo, e como as estratégias que 0 engendram derivam de um mesmo jogo de im dizer tem espazo em um lugar e em uma época especifica, Formagiio ideolégica: conjunto complexo de atividades e de representagées que nao sdo vem nem “universais”, mas se relacionam mais ou menos direta- mente as posigdes de classes em conflito umas com as ouiras (Pécheux & Fuchs, 1990, p. 166). E segundo as posigées dos (os que os sentidos se manifestam, em relagao is formagées ideol6gicas nas quais essas posigdes se inscrevem. ~ Meméria discursiva: espaco de meméria como condigio do funcionamento discursive Os discursos exprimem uma mem coletiva na qual os sujeitos estéo inseri 60 Ferandes Trata-se de acontecimentos exteriores e anteriores ao texto, e de uma interdiscur- sividade, refletindo materialidades que intervém na sua construgao. Interdiscurso: presenga de diferentes discursos, oriundos de diferentes momentos i a his cerior de uma formagaio discursiva. Diferentes discursos entrecru- zados constitutivos de uma tormago discur- siva dada. | Reiteramos, com o até entfo exposto, que a Andlise do Discurso resulta de uma ‘diciplinari- 61

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