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RESUMO: O texto traça reflexões sobre a e as novas concepções filosóficas trouxeram como
dualidade entre a razão e sensibilidade na prática conseqüências para a academia e a prática
assistencial da Enfermagem, a dicotomia teoria e assistencial, o repensar das práticas de cuidar,
prática, cuidado humanizado e as exigências do numa visão humanística e existencial do ser
mercado de trabalho voltado para as cuidado. Paradoxalmente a estas concepções, na
especializações, a sistematização da assistência prática laboral o surgimento de novas tecnologias
e o processo de trabalho do enfermeiro, e o modelo capitalista que prioriza a produtividade,
valorização da subjetividade do cuidado e a pressionam os profissionais da equipe de
necessidade de destreza tecnológica. A formação Enfermagem para a destreza no manuseio dos
do futuro profissional é apontado como um dos equipamentos, advindo as especializações na área
possíveis caminhos para a quebra deste hiato, e a produção com baixos salários e jornadas de
aliando novos conceitos do cuidado que trabalho estafantes.
respondem aos anseios da sociedade Estes fatos talvez expliquem, embora não
contemporânea, aos princípios científicos, justifiquem, a resistência dos profissionais em
tornando-se protagonistas da transformação da modificar seu fazer cotidiano, tecnicista e
realidade da Enfermagem. fragmentado. A falta de tempo disponível também
é a principal justificativa para a não incorporação
PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem; Cuidados em de uma metodologia de assistência que traga
enfermagem; Prática profissional. subsídios científicos e visibilidade profissional. Por
meio de uma revisão bibliográfica, este trabalho
1 INTRODUÇÂO pretende refletir as contradições características da
prática assistencial da Enfermagem, como as
A falência do modelo cartesiano, biologicista questões de poder e gênero, autonomia e a
formação profissional a dicotomia teoria-prática
fazendo um paralelo com a academia.
*Trabalho apresentado para avaliação da disciplina Enfermagem e a
Prática Profissional do Mestrado em Enfermagem da Universidade
Federal do Paraná. 2 PERCURSO DAS PRÁTICAS DO CUIDADO
**Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do
Paraná. Bolsista de Pós-graduação CAPES. Membro do Grupo de
Estudos Multiprofissional em Saúde do Adulto
As mulheres tinham a função de cuidar de
– GEMSA. seus filhos, dos idosos e enfermos desde as
***Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do Departamento de
Enfermagem da Universidade Federal do Paraná. Coordenadora do
sociedades primitivas, estes povos acreditavam
Grupo de Estudos Multiprofissional em Saúde do Adulto que a causa das doenças era espíritos e forças
– GEMSA.
****Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do Departamento de
naturais, assim quem conseguisse espantá-los,
Enfermagem da Universidade Federal do Paraná. Membro do Núcleo de conquistaria a respeitabilidade e posição de
Estudo, Pesquisa e Extensão em Cuidado Humanizado de Enfermagem
-NEPECHE
destaque. A terapêutica, segundo Mantovani;
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Silveira e Cade (1999), traduzia-se pela ação Méier(1998), relata a falta de um referencial teórico
nestas forças desconhecidas, cabendo aos magos no cotidiano das práticas cuidativas, o processo
ou feiticeiros intervirem na doença mediante de Enfermagem quando mencionado, é
práticas mágico-religiosas. Como os feiticeiros implementado de forma parcial, sendo apenas
eram do sexo masculino, a cura das enfermidades algumas etapas realizadas, como exame físico e
com todo conhecimento desenvolvido coube aos a prescrição de Enfermagem.
homens, restando as mulheres a menos valia do A não utilização do Processo de Enfermagem
cuidado como extensão do cuidado familiar. pelos profissionais, segundo Thofehrn (1999),
A identificação da Enfermagem com essas deve-se ao distanciamento muito grande entre o
atividades tidas como femininas é explicada como pensar e o fazer, entre teoria e prática,
inata à mulher, porém tal relação não passa de principalmente por não haver uma preocupação
uma construção histórico-social (PASSOS,1996). maior com a qualidade da assistência e sim com a
Esta associação do cuidar com o trabalho feminino demanda do serviço.
serviu para ocupar as mulheres com tarefas As respostas as questões propostas
consideradas de menor valor social e menos permeiam as discussões tanto acadêmicas quanto
atrativa na área de saúde, desqualificando também assistenciais, estando a dicotomia teoria e prática
o serviço de quem o exercia. no centro destas discussões. As acusações da
Estas concepções parece estarem prática que os princípios teóricos são estéreis, vem
introjetadas no profissional enfermeiro; e a menos subsidiando as reflexões na academia durante
valia de suas atividades e a dificuldade de acesso décadas. Esta dicotomia parece longe de alcançar
ao estudo por parte das mulheres, permeou toda uma solução, porém sutilmente algum impacto dos
a história profissional, acarretando um fazer referenciais teóricos na prática profissional começa
dicotomizado de teorizações e princípios a ser visualizado.
científicos. Esta carência de saber reforça as Um dos pressupostos que a academia trás à
relações de poder na área de saúde, subjugando prática é a redefinição de cuidado, considerado a
a Enfermagem à Medicina e as instituições essência da Enfermagem é relação, expressão,
empregadoras. Não podemos dissociar o fazer envolve empatia, autenticidade, aceitação, um
do pensar e o pensar do fazer. Pois o fazer produz, dispor-se, um estar sempre junto com o outro
executa, cria, torna, e o pensar nos leva a (LACERDA & COSTENARO, 1999).
raciocinar, refletir, a imaginar (LACERDA & Os pressupostos do cuidado na
COSTENARO, 1999). Enfermagem, para Rezende (1997), estão
Assim, somente com o advir de um saber embasados pelo humanismo, que propõe a
científico próprio poderemos tirar as amarras que totalidade do ser humano, ao mesmo tempo em
nos subjugam. Esta evidência parece não ter sido que o separa em corpo e alma6. Para a autora o
compreendida pelos enfermeiros assistenciais, discurso do cuidado integral em Enfermagem
talvez por esta submissão a qual fomos mostra-se falacioso na teoria e inviabilizado na
historicamente submetidos. prática. Não se podem denominar integral
Como compreender a resistência em quaisquer cuidados que vão além do meramente
incorporar subsídios teóricos nas práticas do biológico. Será este o motivo da dificuldade dos
cuidado? Por que apesar das concepções profissionais em prestar um cuidado humanizado?
filosóficas do humanismo e existencialismo, a Entretanto é nesta visão de corpo e mente,
prática profissional ainda segue o modelo segundo Sá (1999), que a Enfermagem tenta
cartesiano e biologicista? Por que apesar de desenvolver uma prática centrada em modelos não
pesquisas relatarem o reconhecimento dos convencionais como os recursos naturais (plantas
profissionais quanto a relevância da sistematização medicinais) e práticas orientais (acupuntura, do-
da assistência, esta não é implementada? in, entre outros) buscando a unicidade da ciência
Nosso parecer quanto a não implementação com o senso comum do indivíduo com o seu
de uma metodologia de assistência para a espaço, quer seja interior ou exterior.
Enfermagem é referendado na literatura, na qual Estas reflexões quanto ao holismo apesar de
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