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O Poder é de Todos
John Locke (1632-1704) nasceu a 29 de agosto de 1632, no seio de uma família
de burgueses comerciantes da cidade de Bristol, Inglaterra. Quando estourou a Revolução
Gloriosa de 1648, seu pai adotou a causa dos puritanos e alistou-se no exército do
Parlamento.
O século XVII na Inglaterra ficou marcado pelos constantes conflitos entre a
autoridade real e a autoridade do Parlamento, que à esta altura representava os interesses
da poderosa burguesia inglesa. Esses conflitos assumiam aspectos religiosos, envolvendo
protestantes contra católicos, mas, sobretudo, eram expressão de interesses econômicos
divergentes.
Além das oposições entre a aristocracia medieval e a burguesia, contrapunham-se
os interesses da burguesia mercantil, protegida por privilégios de monopólio, e de novos
setores que procuravam quebrar esses monopólios, alterando as relações existentes no
comércio internacional. Ao lado dessas forças havia ainda uma nova classe de
empresários agrícolas e novas camadas urbanas, interessadas na expansão da indústria de
transformação.
O resultado dos conflitos foi a derrota final do absolutismo com a Revolução
Gloriosa. Em 1689, a Câmara dos Comuns triunfou, mandando chamar Guilherme de
Orange e sua esposa Maria, que se encontravam refugiados na Holanda. Outorgando-lhes
o poder real, o Parlamento burguês deixava claro que esse poder era derivado do seu e
nele deveria fundamentar-se.
Durante toda a vida, Locke participou das lutas pela entrega do poder à
burguesia, classe a que pertencia. Na época, isso significava lutar contra a teocracia
anglicana e suas teses legitimadoras: a de que o poder do rei seria absoluto e a de
que esse poder diria respeito tanto ao plano espiritual quanto ao temporal, o
soberano tendo direito de impor à nação determinada crença e determinada forma
de culto.

Contra o Poder Inato


A teoria do conhecimento exposta em seu Ensaio sobre o Entendimento
Humano constitui uma longa, pormenorizada e hábil demonstração de uma tese: a
de que o conhecimento é fundamentalmente derivado da experiência sensível. Fora
de seus limites, a mente humana produziria, por si mesma, idéias cuja validez
residiria apenas em sua compatibilidade interna, sem que se possa considerá-las
como expressão de uma realidade exterior à própria mente.
As teses sociais e políticas de Locke caminham em sentido paralelo. Assim
como não existem idéias inatas no espírito humano, também não existe poder que
possa ser considerado inato e de origem divina, como queriam os teóricos do
absolutismo.
Antes, Robert Filmer (1588-1653), autor de O Patriarca, e um dos defensores do
absolutismo, procurara demonstrar que o povo não é livre para escolher sua forma de
governo e que os monarcas possuem um poder inato. Contra O Patriarca, Locke dirigiu
seu Primeiro Tratado sobre o Governo Civil; depois desenvolveu suas idéias no Segundo
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Tratado. Neles, Locke sustenta que o estado de sociedade e, conseqüentemente, o


poder político nascem de um pacto entre os homens. Antes desse acordo, os homens
viveriam em estado natural.
A tese do estado natural e do pacto social também fora defendida por
Thomas Hobbes (1588-1679), mas o autor de O Leviatã tinha objetivos inteiramente
opostos aos de Locke, pois pretendia justificar o absolutismo. A diferença entre os
dois resultava basicamente do que entendiam por estado natural, acarretando
diferentes concepções sobre a natureza do pacto social e a estrutura do governo
político.
Para Locke, no estado natural "nascemos livres na mesma medida em que
nascemos racionais". Os homens, por conseguinte, seriam iguais, independentes e
governados pela razão. O estado natural seria a condição na qual o poder executivo
da lei da natureza permanece exclusivamente nas mãos dos indivíduos, sem se
tornar comunal. Todos os homens participariam dessa sociedade singular que é a
humanidade, ligando-se pelo fio comum da razão. No estado natural todos os
homens teriam o destino de preservar a paz e a humanidade e evitar ferir os
direitos dos outros.
Entre os direitos que Locke considera naturais, está o de propriedade, ao
qual os Dois Tratados sobre o Governo Civil concedem especial destaque. O direito à
propriedade seria natural e anterior à sociedade civil, mas não inato. Sua origem
residiria na relação concreta entre o homem e as coisas, através do processo de
trabalho. Se, graças a este, o homem transforma as coisas — pensa Locke —, o
homem adquire o direito de propriedade: "Todo homem possui uma propriedade
em sua própria pessoa, de tal forma que a fadiga de seu corpo e o trabalho de suas
mãos são seus".
Assim, em lugar de opor o trabalho à propriedade, Locke sustenta a tese de
que o trabalho é a origem e o fundamento da propriedade. As coisas sem trabalho
teriam pouco valor, e seria mediante o trabalho que elas deixariam o estado em que
se encontram na natureza, tornando-se propriedades.
Vivendo em perfeita liberdade e igualdade no estado natural, o homem,
contudo, estaria exposto a certos inconvenientes. O principal seria a possível
inclinação no sentido de beneficiar-se a si próprio ou a seus amigos. Como
conseqüência, o gozo da propriedade e a conservação da liberdade e da igualdade
ficariam seriamente ameaçados.
Justamente para evitar a concretização dessas ameaças, o homem teria
abandonado o estado natural e criado a sociedade política, através de um contrato
não entre governantes e governados, mas entre homens igualmente livres. O pacto
social não criaria nenhum direito novo, que viesse a ser acrescentado aos direitos
naturais. O pacto seria apenas um acordo entre indivíduos, reunidos para empregar
sua força coletiva na execução das leis naturais, renunciando a executá-las pelas
mãos de cada um.
Seu objetivo seria a preservação da vida, da liberdade e da propriedade, bem
como reprimir as violações desses direitos naturais. Assim, em oposição às idéias de
Hobbes, Locke acredita que, através do pacto social, os homens não renunciam aos
seus próprios direitos naturais em favor do poder dos governantes.
Na sociedade política formada pelo contrato, as leis aprovadas por mútuo
consentimento de seus membros e aplicadas por juízes imparciais manteriam a
harmonia geral entre os homens. O mútuo consentimento colocaria os indivíduos
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que se incorporam através do pacto, "em condições de instalar a forma de governo


que julguem conveniente". Conseqüentemente, o poder dos governantes seria
outorgado pelos participantes do pacto social e, portanto, revogável.
Hobbes achava que a rebelião dos cidadãos contra as
autoridades constituídas só se justifica quando os governantes
renunciam a usar plenamente o poder absoluto do Estado. Contra
essa tese, Locke justifica o direito de resistência e insurreição, não
pelo desuso, mas pelo abuso do poder por parte das autoridades.
Quando um governante se torna tirano, coloca-se em estado de
guerra contra o povo. Este, se não encontrar qualquer reparação,
pode revoltar-se, e esse direito é uma extensão do direito natural que
cada um teria de punir seu agressor.
Para o homem, a razão de sua participação no contrato social é
evitar o estado de guerra, e esse contrato é quebrado quando o
governante se coloca contra o povo. Mediante o pacto social, o direito
legislativo e executivo dos indivíduos em estado de natureza é
transferido para a sociedade. Esta, devido ao próprio caráter do
contrato social, limita o poder político. O soberano seria, assim, o
agente e executor da soberania do povo. Este é que estabelece os
poderes legislativo, executivo e judiciário.
Locke distingue o processo de contrato social – criador da
comunidade – do subseqüente processo pelo qual a comunidade
confia poder político a um governo. Esses processos podem ocorrer
ao mesmo tempo, mas são claramente distintos; embora
contratualmente relacionados entre si, os integrantes do povo não
estão contratualmente submetidos ao governo. É o povo que decide
quando ocorre uma quebra de confiança, pois só o homem que confia
poder é capaz de dizer quando se abusa do poder.
Com suas idéias políticas, Locke exerceu a mais profunda
influência sobre o pensamento ocidental. Suas teses encontram-se na
base das democracias liberais. Seus Dois Tratados Sobre o Governo
Civil justificaram a revolução burguesa na Inglaterra.
No século XVIII, os iluministas franceses foram buscar em suas
obras as principais idéias responsáveis pela Revolução Francesa.
Montesquieu (1689-1755) inspirou-se em Locke para formular a teoria
da separação dos Três Poderes. A mesma influência encontra-se nos
pensadores americanos que colaboraram para a declaração da
Independência Americana, em 1776.

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