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A revolução na alimentação fora do lar

* Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br), diretor-geral da GS&MD


– Gouvêa de Souza

Poucos se deram conta de que está em curso um processo revolucionário de


transformação no campo da alimentação fora do lar. E quem está comandando
esse processo é próprio consumidor. No período de 20 anos, a parcela de
alimentos no dispêndio das famílias em relação ao total de gastos cresceu de
19,7% para 31,1%, segundo os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar
(POF) do IBGE.

Na região Sudeste esse percentual chegou a 37,2% e ainda está fortemente


concentrado nas classes A/B, que participam com estimados 67% do total do
consumo fora do lar.

Do lado da demanda ocorreu uma mudança significativa da pirâmide social,


com aumento expressivo do potencial de consumo das classes mais baixas e a
consequente migração para segmentos mais altos, como resultado do aumento
da renda real das famílias e do nível de emprego no período, em especial nesta
última década.

Mas não foi só isso.

Do lado da oferta também têm ocorrido relevantes transformações, com


ampliação das redes; consolidação do mercado; novas marcas, formatos e
conceitos; e uma maior profissionalização e formalização envolvendo os
operadores no setor, incluindo padarias, fast food, lojas de conveniência,
supermercados, catering, restaurantes casuais e finos e outras operações
menos estruturadas.

A transformação percebida despertou o interesse de fundos e empresas de


venture capital, que têm feito investimentos no setor e contribuem ainda mais
para o processo de expansão, profissionalização e consolidação, como foi o
caso da Advent, adquirindo o conjunto de operações dos grupos Viena e RA.

Essa transformação liderada pelo consumidor tem precipitado mudanças


significativas no mercado, com a expansão orgânica das redes e a
diversificação de formatos e marcas, como é o caso do McDonald’s, Habib’s,
BFFC (operadora das redes Bob’s, BExpress, Doggis e também franqueada da
Pizza Hut e KFC) e do grupo controlador do Outback, que passou também a
operar a Starbucks no Brasil.

Mas o processo é muito maior do que se enxerga com as marcas das principais
redes, uma vez que 62% do total de estabelecimentos que operam nesse setor
são de unidades com até quatro funcionários. O segmento inclui novos
estabelecimentos sendo abertos; a significativa expansão das franquias na
área; marcas e conceitos sendo lançados; o aperfeiçoamento dessa operação
nas lojas de conveniência; a inclusão e ampliação desses negócios nos
supermercados; o desenvolvimento integrado das redes de padarias; as novas
operações de logística e abastecimento para o segmento; e o maior interesse
dos atacadistas e operadores de conceitos híbridos de atacado e varejo,
principal abastecedor dos transformadores menos estruturados.

Tudo isso desenha um cenário muito diferente, mais competitivo, estruturado,


profissional, formal e estratégico, principalmente para os fornecedores de
alimentos, bebidas e serviços nos próximos anos, que, adicionalmente, ainda
terão todo o benefício dos megaeventos esportivos que acontecerão no Brasil
nos próximos anos, como Jogos Mundiais Militares, Copa do Mundo e
Olimpíadas.

Comparativamente, o segmento de alimentação fora do lar no Brasil ainda não


é dos maiores. Nos Estados Unidos, o setor é 20 vezes maior; cinco vezes no
caso da Inglaterra; e três vezes na França. No mercado internacional, em
especial nesses países mais maduros, porém, nos últimos anos a crise
econômica e financeira reverteu a tendência anterior de crescimento da
participação da alimentação fora do lar.

No mercado americano, como exemplo, o percentual do consumo fora do lar


nos alimentos em relação ao total chegou a 51% em 2006 e recuou para os
atuais 48%. Mas existe a previsão de que, superada a fase mais aguda da
crise, como começa a acontecer, esse percentual volte a crescer, por conta de
transformações mais estruturais no comportamento dos consumidores.

Essas transformações envolvem o maior tempo dedicado a atividades fora do


lar; a incessante busca por maior conveniência e facilidade para o consumidor
moderno, que tem cada vez mais de tudo, com exceção do tempo; a maior
participação da mulher no mercado de trabalho; e os novos hábitos que vão
sendo incorporados também pela oferta de soluções em alimentação que
sejam mais práticas, a custos mais competitivos.

Quando se somam a esses fatores as transformações econômicas e sociais do


Brasil nesses últimos anos, não surpreende o crescente interesse que o setor
tem despertado, não apenas nos operadores, fornecedores e em toda a cadeia
de abastecimento já presente no país; mas também em grupos internacionais
que têm acompanhado esse movimento e se mostram interessados em
aproveitar a forte expansão que ocorreu e tenderá a se manter. O que
contribuirá para acelerar ainda mais o processo de transformação estrutural e a
representatividade do segmento na economia brasileira.

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